O ABC dos Adoçantes

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Vida Saudável Texto: celso arnaldo araujo fotos: divulgação

O ABC dos Adoçantes

O

mercado diet/light a cada dia se mostra mais robusto, com índices de crescimento de cerca de 15% ao ano. Se no passado a indústria diet/light sofria o estigma de ter como clientela principal portadores de doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos, hoje ter no rótulo a inscrição diet ou light agrega ao produto um conceito de saúde e bem-estar. Nesse mercado, uma das estrelas das prataleiras das farmácias são os adoçantes – ou edulcorantes artificiais. Em que se diferenciam os diversos tipos de adoçante? Como agem? A quem se destinam? Há riscos? Nesta matéria, especialistas da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres, a ABIAD, e a nutricionista Nairana Borim, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, tiram todas as dúvidas

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Açúcar ou adoçante? Decisão cotidiana para as pessoas em dieta ou com restrições alimentares, a escolha pelo melhor tipo de açúcar a ser consumido pode ser ainda mais complexa quando avaliamos sua composição e indicações de uso. A opção deve ser bem avaliada para garantir a boa forma, mas, acima de tudo, não comprometer a saúde. Para a Dra. Nairana Borim, nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, primeiro é importante entender que os adoçantes dietéticos são produzidos a partir de edulcorantes, substâncias naturais ou artificiais responsáveis pelo sabor doce, e que geralmente têm poder adoçante muito maior que o açúcar produzido a partir da cana-deaçúcar. Segundo ela, a indicação de adoçantes é recomendada oficialmente apenas para quem segue dietas especiais, como as


de restrição alimentar para portadores de Diabetes, ou para quem busca o emagrecimento. Para as pessoas que não têm essas preocupações, a nutricionista lembra que a ingestão do açúcar convencional é permitida, sendo necessário, contudo, evitar exageros.

Açúcar: um “vilão” com três caras

Já que falamos de açúcar, um parêntesis. Os tipos de açúcares mais utilizados hoje são o refinado, o light, o cristal, o orgânico e o mascavo. Segundo a nutricionista, os melhores para utilização são o orgânico e o mascavo, pois não passam por processo de refinamento, mantendo assim mais vitaminas e sais minerais. O orgânico ainda

tem uma vantagem sobre o mascavo por ser produzido sem aditivos químicos. Para quem precisa perder ou controlar o peso e não se adapta ao uso de adoçantes, existe a opção do açúcar light, uma mistura de açúcar refinado com adoçantes. Contudo, este deve ser evitado por diabéticos, pois tem sacarose em sua composição. Em 2008, lembra a Dra. Nairana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) decidiu reduzir a quantidade máxima da sacarina e do ciclamato (adoçantes artificiais) em bebidas e alimentos, sobretudo pela quantidade de sódio presente nestas duas substâncias. O uso da sacarina foi proibido no Canadá e o ciclamato, nos Estados Unidos, uma vez que pesquisas científicas realizadas em

camundongos, nesses países, constataram que essas substâncias poderiam aumentam o risco de câncer. Embora não tenham sido realizadas pesquisas que comprovem esse risco para humanos, a nutricionista recomenda que o consumidor restrinja a quantidade no consumo desses compostos. “Os adoçantes mais indicados atualmente são os à base de esteviosídeo e de sucralose, pois são extraídos de vegetais e frutas, portanto, naturais e sem contraindicações”, diz a Dra. Nairana.

Para facilitar o conhecimento sobre os diversos tipos de adoçante, a nutricionista lista a seguir as características de cada um: Naturais

(extraídos de vegetais e frutas)

Esteviosídeo

Tem 300 vezes mais poder edulcorante em relação à sacarose (presente no açúcar). Não tem contraindicação. Usado como adoçante de mesa, gomas de mascar, balas, bombons, bebidas, gelatinas, pudins, sorvetes e iogurtes dietéticos.

Sucralose

É uma molécula modificada da sacarose. Poder edulcorante em relação à sacarose: 600 vezes. Não deixa sabor residual, não tem contraindicação Estável sob altas temperaturas, sendo utilizado em preparações destinadas à cocção. Usado como adoçante de mesa e em preparações quentes.

Artificiais

(produzidos em laboratório)

Sacarina

Substância derivada do petróleo. Poder adoçante em relação à sacarose: 300 vezes. Sabor residual amargo em concentrações altas. Não deve ser utilizada por pacientes hipertensos ou que tenham ten dência a reter líquidos devido ao sódio.

Ciclamato

Substância derivada do petróleo. Poder adoçante em relação à sacarose: 40. Sabor agridoce é semelhante ao açúcar refinado (apresentando um leve gosto residual). Estável sob altas temperaturas, pode ser utilizado em preparações destinadas à cocção. Deve ser evitado por hipertensos, já que costuma aparecer na forma sódica, ou seja, combinado com sódio.

Aspartame

É produzida a partir dos aminoácidos encontrados normalmente nos alimentos: fenilalanina e ácido aspártico. Poder adoçante em relação à sacarose: 200 vezes Não apresenta sabor residual amargo. Sensível ao calor, perde o seu poder de adoçamento em altas temperaturas. É contraindicado para portadores de fenilcetonuria.

Acesulfame-K

Derivado do potássio. Poder adoçante em relação à sacarose: 200 vezes. Apresenta sabor amargo em altas concentrações. Estável sob altas temperaturas.

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Dicas de consumo Açúcar:

o ideal, sempre que possível, é evitar adoçar sucos, aproveitando o açúcar natural presente na fruta. Pessoas que consomem leites com achocolatado também devem evitar adoçar a bebida, pois o produto já contém açúcar em sua composição.

Adoçantes:

quantos sachês posso consumir por dia? Agora, quem quiser calcular a quantidade de adoçante que pode ingerir diariamente sem qualquer prejuízo à saúde pode fazê-lo por intermédio do novo site da ABIAD, Associação Brasileira de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres, Diet e Light, entidade que representa o setor no Brasil. O usuário que clicar no endereço da instituição (www.abiad.org.br) deve entrar no link Adoçantes para calcular o índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA) de edulcorantes como Aspartame, Acessulfame, Sacarina, Ciclamato, Sucralose e Estévia. O cálculo estabelece o consumo destes produtos conforme o peso corporal do indivíduo. Segundo a tabela, uma mulher com 50 kg pode consumir 66 envelopes de aspartame

por dia, 20 de sacarina, 75 de sucralose e 3 de estévia (número curioso para os mais naturalistas). De acordo com Carlos Gouvêa, presidente da Abiad, o novo site objetiva atuar mais como um portal de informações do segmento diet e light e de nutrição especializada. “O consumidor atual está cada vez mais consciente da importância da nutrição como uma ferramenta de melhoria de qualidade de vida e, por isso, deve contar com ações responsáveis e de educação por parte da indústria”, diz o dirigente. Ele tem procurado, em suas entrevistas e artigos, desmistificar a ideia de que adoçantes fazem mal à saúde – mas defende o bom senso no consumo. O aspartame, por exemplo, tem sido

O mercado de

adoçantes no Brasil

alvo de algumas dúvidas sobre sua segurança. Gouvêa explica: “O aspartame é metabolizado no corpo liberando dois aminoácidos: o ácido aspártico (presente em alimentos como carnes, aves, feijão, banana, etc) e a fenilalanina. Além dessas substâncias, o aspartame libera o metanol, em dose 200 vezes inferior à considerada tóxica, isto é, mesmo índice apresentado nos sucos de laranja e de maçã e que é expelido naturalmente pelo organismo. Esse adoçante tem um poder edulcorante muito maior que o açúcar branco (é 200 vezes mais doce) e só não é indicado aos portadores de fenilcetonúria, um erro inato de metabolismo que não permite a ingestão de fenilalanina”.

Para comprovar a segurança da ingestão do aspartame – obedecendo obviamente as taxas de segurança como o Índice Diário Aceitável – IDA, que é de 40 mg por kg de peso corpóreo, o presidente da Abiad faz um cálculo:

“Pelo IDA, um adulto com 60 kg pode seguramente absorver 48 envelopes de 1 grama de aspartame ou quatro litros de refrigerante adoçados só com esse edulcorante por dia. Você conhece alguém que tome quatro litros de refrigerante light por dia? Se conhecer, mesmo assim você não precisa alertá-lo, porque ele ainda está dentro dos padrões de segurança de ingestão do aspartame.” n 30 | Revista ABCFARMA | DEZEMBRO/2011


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