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27 PARÁ SE DESTACA NA COP27 BIOECONOMIA GARANTE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL NO PARÁ CIDADES INTELIGENTES COMBATEM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EDIÇÃO 248 NOVEMBRO BELÉM-PARÁ WWW.PARAMAIS.COM.BR R$ 19,99 ISSN 16776968 7 71677 69 6 124 98 4200

Uma das mais importantes virtudes de uma gestão pública é a sua transparência referente à aplicação dos seus recursos. Nesse quesito, a Prefeitura de Paragominas vem dando os melhores exemplos, com 100% de transparência. Por isso, acaba de conquistar o Selo Diamante 2022, a mais elevada classificação do Programa Nacional de Transparência Pública, promovido pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil. Recursos públicos usados com ética e competência ajudam a prefeitura a cuidar ainda melhor da nossa gente.

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Ivo Amaral

PUBLICAÇÃO

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES*: Aline Saavedra, Bruno Magno, C. Tyler DesRoches, Carol Menezes, Daniel Steel, Denise Soares, Jake Kuyer, Kian Mintz-Woo, Ronaldo G. Hühn, Ronan Frias, Stephanie Pappas; FOTOGRAFIAS: Bruno Cecim, Marcelo Seabra /Ag. Pará , Divulgação/Agência Pará, IISD/ENB | Ángeles Estrada, Mahendra Parikh/ Hindustan Times, ONU/Laura Quinones, ONU/Eskinder Debebe, Penny Craswell, Wikipedia,; DESKTOP: Rodolph Pyle; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
Sudoeste Paraense - Fotos Bruno Cecim - Ag.Para NESTA EDIÇÃO 247 - OUTUBRO - 2022
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ÍNDICE CAPA *
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POR FAVOR RECICLE ESTAREVISTA 24 17 COMO AS CIDADES PODEM COMBATER AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GOVERNADORES PELO CLIMA - RATIFICAÇÃO DA COALIZÃO Consórcio da Amazônia Legal firma memorandos de entendimento com BEI e ABDE 05 Pará poderá vender créditos de carbonos à Coalizão LEAF 16 Nova fotossíntese ‘artificial’ é 10 vezes mais eficiente do que tentativas anteriores 22 As alterações climáticas e a ameaça à Civilização 30 Comitiva estadual garante a captação de R$ 2,5 milhões via doação do BID ao Pará 12 A verdade no fundo do copo:
agir
proteger
biodiversidade 20 14 10 06 GOVERNADOR DO PARÁ LANÇA PLANO ESTADUAL DE BIOECONOMIA, DURANTE A 27ª CONFERÊNCIA DO CLIMA DAS NAÇÕES AVANÇOS DO PARÁ NA PROMOÇÃO DA ECONOMIA VERDE E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL SÃO DESTAQUES NA COP 27 INVESTIMENTOS EM BIOECONOMIA GARANTEM PRODUÇÕES SUSTENTÁVEIS NO PARÁ Para receber edições da Pará+ gratuitamente é só entrar no grupo bit.ly/ParaMaisAssinatura ou aponte para o QR Code
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por que as empresas devem
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Consórcio da Amazônia

Legal firma memorandos de entendimento com BEI e ABDE

Objetivo é o estímulo ao financiamento climático

Enquanto presidente em exercício do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, o governador Helder Barbalho assinou dois memorandos de entendimento durante um painel realizado ontem, 15, em meio a programação da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh. O ato ocorreu no encerramento do painel “Financiamento Climático: o papel dos bancos de fomento”, realizado no estande do próprio Consórcio, já no fim da tarde de terça. Os memorandos envolvem o Banco Europeu de Investimento (BEI) e a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).

Ambos os documentos são voltados ao combate ao deflorestamento, à promoção da bioeconomia e ao desenvolvimento de infraestruturas e tecnologias verdes como ações essenciais para um crescimento econômico sustentável.

Dentre os painelistas dessa atividade da COP 27 estavam presentes, além de Helder, os governadores Gladson Cameli (AC),

Mauro Mendes (MT), Wenderlei Barbosa (TO) e Marcos Rocha (RO). Também participaram secretários de estado, a chefe de Divisões de Operações na América Latina e Caribe do BEI, Kristin Lang; o chefe de Divisões de Bioeconomia do BEI, Felipe Ortega; Tatiana Schor, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Julio Costa Leite, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); e demais convidados.

O governador do Pará foi designado, em portaria assinada por Góes, atual presidente do Consórcio, no dia 14 de novembro a representá-lo durante toda a Conferência, já que o chefe do Executivo Estadual do Amapá não pode participar pessoalmente da COP 27 no Egito.

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Texto *Carol Menezes Fotos Divulgação/Agência Pará

Investimentos em bioeconomia garantem sustentáveisproduções no Pará

Com o lançamento do Plano Estadual de Bioeconomia, na COP 27, Governo do Estado propõe soluções baseadas na natureza para transformar a economia do Pará

Dona Maria do Rosário, de 71 anos, aprendeu cedo o trabalho na roça. Ainda criança, ia com os pais para as plantações de mandioca da família, no município de Acará, nordeste paraense. A longa experiência no campo se aperfeiçoou nos últimos anos. “Na época em que me criei e criei meus filhos, ainda usava o fogo para preparar o terreno. Eu não tinha noção que vinha esse ensinamento pra gente, de como lidar com a terra sem queimar”, compartilha.

O que a agricultora aprendeu foi uma forma de sustentar a família respeitando a natureza. Um conceito prático de bioeconomia, como explica Marjorie Azevedo, engenheira ambiental.

“Bioeconomia é gerar um valor econômico a partir da vida na produção.

Aqui, por exemplo, se respeitam preceitos bioeconômicos da sustentabilidade. Não há queimada. O plantio é preparado por máquinas.

Essa terra é de uma área já utilizada, ou seja, não contribui para o desmatamento. Também não é usado nenhum fertilizante químico, apenas o biofertilizante, como folhagens”, esclarece.

A Associação de Produtores Orgânicos de Boa Vista, no Acará, da qual a dona Maria do Rosário faz parte, emprega 52 pessoas. Mais de dez produtos, entre raízes e ervas, são colhidos e vendidos para duas empresas. Uma delas fica em Belém e é gerenciada por Joana Martins.

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Texto *Denise Soares Fotos Bruno Cecim, Marcelo Seabra /Ag. Pará Dona Maria do Rosário, da Associação de Produtores Orgânicos de Boa Vista, no Acará

“Aqui produzimos alimentos, a partir da biodiversidade que a Amazônia nos dá. A gente comercializa produtos tradicionais como tucupi, cumaru de forma tradicional e inovadora também, aliando tecnologia aos processos, como é o caso da granola de tapioca, o molho de tucupi preto, entre outros.

Quando entendemos que existia esse conceito de um negócio de impacto socioambiental aliado à bioeconomia, foi quando a gente se achou. É o que a gente sempre fez”, pontua.

O negócio da Joana tem 27 funcionários e comercializa mais de 20 produtos. Recentemente, as experiências sustentáveis da empresa foram compartilhadas em uma mesa

redonda na última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El-Sheikh, no Egito, a convite do Governo do Pará.

“Estar lá na COP foi ser voz, enquanto uma pequena indústria, liderada por uma mulher, mostrando o que a gente faz aqui, que a gente sabe que é pioneiro. Então, dá muito orgulho não só pra mim, mas para a equipe e para as comunidades que trabalham com a gente”, comenta.

Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio)

Foi na COP 27 que o Governo do Pará lançou o Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio), a primeira iniciativa a nível estadual do Brasil que prevê soluções baseadas na natureza para transformar a economia existente em soluções de baixo carbono e com valorização do conhecimento tradicional para conservar a floresta.

“O Plano de Bioeconomia é a construção do amanhã no Estado do Pará. Para que a partir da bioeconomia a gente consiga gerar emprego, renda, garantir uma solução ambiental, mas que seja inclusivo socialmente, que seja sustentável no âmbito do uso da terra, mas acima de tudo, que seja sustentável para empregar pessoas, inserir gente, para garantir renda para nossa população.

Camille Bemerguy, diretora de Mudanças Climáticas, Serviços Ambientais e Bioeconomia da Semas

Que o exemplo do estado do Pará, de compreender o seu protagonismo para o desafio do Brasil, seja a repercussão do país para construirmos a solução que concilie pessoas, floresta viva em favor do clima, em favor da humanidade”, ressaltou o governador Helder Barbalho.

O Pará tem a maior província de ferro e de outros minerais de todo o Brasil, além de possuir o quarto maior rebanho bovino e ter o maior rebanho bubalino.

O estado também é o maior produtor de cacau, dendê, açaí e pimenta do reino do país. Há, ainda, o avanço significativo de culturas como soja, milho e arroz.

O Planbio propõe o desafio de construir a conciliação dessas atividades com a sustentabilidade, ou seja, equilibrar a exploração dos recursos naturais pela sociedade, como esclarece a diretora de Mudanças Climáticas, Serviços Ambientais e Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy.

“Como premissa, a ideia é da conservação. A gente sempre fala que são três elementos importantes: a economia, as pessoas e a floresta em pé.

A gente tem que ver como conciliar tudo isso. Lembrando que é a primeira vez que se procura fazer desenvolvimento econômico com floresta em pé.

Então, o Planbio é pioneiro tanto em termo de processo, como em termo de objetivo. Foi um processo longo que trouxe muito aprendizado que se torna referência mundial. A gente quer que seja a possibilidade de transformação econômica e social, com olhar para o ambiental atento e cuidadoso”, pontua.

Ao investir nos produtos prioritários da biodiversidade para a bioeconomia, estudos estimam que pode-se alcançar R$178 bilhões até 2040.

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Joana Martins “Temos um potencial gigantesco de possibilidade de renda e qualidade de vida para o nosso povo” Cumaru, da sabor excepcional nos doces e salgados da culinária da Amazônia

O Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio) é uma política pública do Governo do Pará, coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e ancorado na Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), sendo também um dos componentes do eixo desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA).Ao todo, quase 300 pessoas participaram das oitivas etno regionais realizadas nos municípios de Marabá, Belém, Santarém e Altamira; além de 41 instituições que pertencem ao grupo de trabalho responsável pela elaboração do Plano e uma consulta pública eletrônica.

Avanços

As mais de 80 ações que compõem o Planbio perpassam por três eixos temáticos de sustentação: pesquisa, desenvolvimento e inovação; patrimônio cultural, genético e conhecimento tradicional associado; e cadeias produtivas e negócios sustentáveis.

Algumas dessas ações já foram previstas no Orçamento de 2023, com o restante sendo previsto para o próximo PPA de 2024-2027. Além disso, foram inseridas no orçamento estadual duas novas ações: Fomento à Bioeconomia e Implantação do Parque de Bioeconomia.

“Quanto mais gente estiver trabalhando com bioeconomia, levando a Amazônia para o mundo, mais fácil vai ser pra todo mundo fazer. Então, eu sou muito otimista. Temos um potencial gigantesco de possibilidade de renda e qualidade de vida para o nosso povo”, espera a empresária Joana Martins. De acordo com as estimativas da Semas, a bioeconomia enquanto agenda econômica, significa a possibilidade de R$5 bilhões de recursos financeiros no Pará. A solução ambiental para uma economia diversificada, justa e inclusiva, que foi

apresentada à família da agricultora Maria do Rosário, é motivo de orgulho. “Pra mim, eu aprendi a entender que a terra é como nós. Ela precisa de cuidado também. Eu aprendi tanto que hoje luto para não queimar a terra. Eu digo para os meus filhos: olha, vocês querem ser sábios, aprendam com a natureza. Eu sou muito feliz porque aprendi a respeitar a terra. Me sinto realizada. Eu aprendi a preservar”, comemora.

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A pripioca é uma erva aromática e medicinal, essências tradicionais (perfume) da região amazônica Joana Martins, tem 27 funcionários e comercializa mais de 20 produtos
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(*) SECOM

Avanços do Pará na promoção da economia verde e preservação ambiental são destaques na COP 27

Liderança do governador Helder Barbalho com ações na área ambiental foram ressaltadas pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano

Om Acordo de Cooperação Técnica para viabilizar a execução do Parque da Cidade, já considerado um dos mais importantes projetos arquitetônicos e urbanísticos para Belém, foi assinado na quarta-feira 11/11, em Brasília (DF), pelo governador do Pará, Helder Barbalho, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. A secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Nelson Chaves, participaram da audiência no Ministério da Infraestrutura.

“O Pará é uma potência não somente nacional, mas global dessa nova economia verde que está se formando. E essa potência, para ela se tornar realidade, a gente precisa de um conjunto de atores, poder público e privado, diplomacia, formulação de leis. Mas hoje a gente fala com bastante clareza e segurança que no Brasil a gente vive um momento de virada para crescer de forma exponencial e relevante toda essa agenda de serviço ambiental e economia verde”. A fala é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Gustavo Montezano, que reconheceu os avanços obtidos pelo Pará na área ambiental durante o painel “Parcerias público-privadas para a solução climática no Pará”.

O evento fez parte da programação da 27ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27), que ocorre no Egito até esta sexta-feira (18), onde também foi apresentada a Estratégia de Restauração Florestal do Pará (Restaura Pará).

O Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), criado em 2020, é o principal instrumento que reúne mecanismos distribuídos em quatro principais eixos para neutralizar as emissões de GEE até o ano de 2036. Também participaram do painel representantes das empresas Amazon, Suzano e Cozan, além da Ong The Nature Conservancy e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. No Estado, há soluções para o uso da terra que possuem alternativas que podem conciliar emprego e economia verde, aliando as vocações existentes e as novas vocações por meio da floresta viva que valorize ainda a bioeconomia, captura de carbono, serviços ambientais, entre outros.

“No Pará, temos uma fábrica de vários tipos de papeis, é uma fábrica muito relevante para a Suzano. É um estado em que a gente ainda tem uma presença pequena, mas no qual a gente tem encontrado um ambiente muito bom para a gente empreender, um ambiente de negócios muito interessante.

A gente precisa de um ambiente regulatório adequado e fazer isso de mãos dadas com o poder público. Já conversamos sobre isso com o estado do Pará, encontramos também as portas abertas e tenho certeza de que iremos conseguir resultados relevantes não apenas para o estado, como para o Brasil e como parte da solução que o mundo precisa. Queremos seguir cada vez mais conectados com o seu objetivo, que é o nosso objetivo, é um objetivo em comum”, concluiu Mariana Lisboa, Líder Global de Relações Corporativas da Suzano.

Agenda climática

Durante o painel, o governador do Pará recordou da última COP, em Glasgow, em 2019, quando se falava muito nas metas de redução de emissões. Com a lacuna posta pela pandemia da Covid-19, as urgências climáticas impulsionaram para que não mais se discutisse a redução das emissões, incrementou-se uma nova agenda de restauração de áreas por se constatar que já não mais seria possível a solução apenas de reduzir as emissões do carbono neutro.

“Isso nos colocou o desafio de nós podermos garantir com que no portfólio de cada unidade, seja do Brasil e unidades subnacionais, que nós pudéssemos reafirmar o compromisso do combate das ilegalidades ambientais, confirmar os compromissos de reduções de emissões, de podermos ser signatários e termos um plano ousado de nós

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sermos carbono neutro até 2036, mas claramente nos apresenta o desafio de, para entregar um Estado carbono neutro, que possamos ter trabalho em várias frentes. Ontem lançamos o Plano de Bioeconomia, hoje foi dada largada a construção do Plano Estadual de Restauração”, pontuou Helder Barbalho.

Maria Luiza Paiva, presidente de Sustentabilidade da Vale, afirmou que a COP aproxima cada vez mais em suas temáticas principais as questões ambientais e sociais. “Eu testemunhei ontem, aqui neste mesmo pavilhão, algo que está acontecendo na COP que acho essencial e que foi muito bom para uma COP de implementação, que foi o testemunho do líder extrativista, da líder indígena e da líder quilombola, que foi a participação ativa delas na construção do Plano de Bioeconomia do Estado. Eu acho que o que a gente tem visto na construção das COPs é que o tema social está se aproximando, está se juntando ao tema climático, e deve ser assim. Então, para uma COP de implementação, acho que o testemunho dado ontem foi muito forte, que mostrou que é viável, é possível e é relevante, porque a força do Plano de Bioeconomia do Estado vem desta coerência entre a questão climática e a questão ambiental”.

Restaura Pará

No Pará há, aproximadamente, 10 milhões de hectares de Áreas Públicas Não Destinadas, sendo aproximadamente 3 milhões estaduais e 7 milhões federais. Deste total, 30% destas florestas estão desmatadas, abrindo oportunidade enorme para restauração. O plano de trabalho do Restaura Pará será dividido em três fases: diagnóstico social, econômico e biofísico que deverá ocorrer até o mês de maio do próximo ano, consultas públicas que irão acontecer entre maio e outubro de 2023, e o lançamento do plano Restaura Pará previsto ser realizado na COP 28.

Durante a exibição da estratégia foi apresentada ainda a estrutura legal do Plano, que contém inicialmente, a assinatura do Projeto de Lei que inclui a restauração como instrumento estratégico da Política de Clima do Estado, que será encaminhado à Assembleia Legislativa para aprovação e o Decreto 2.750 de 2022, que estabelece as diretrizes do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa - Restaura Pará, já em vigor.

“Nessa parte relativa ao desmatamento, a gente tem uma grande oportunidade de restauração. A restauração pode e deve ser vista como potencial de negócios. Apenas na cadeia de sementes (coleta, tratamento e beneficiamento) há uma estimativa de 9 a 37 milhões de dólares. Nas mudas, a depender do cenário, 1 a 4 bilhões de dólares e a cadeia inteira de restauração do Pará pode chegar entre 6 a 8 bilhões de dólares. E essa aplicação tem potencial de gerar para o Estado do Pará um PIB entre 4 e 5 bilhões de dólares porque a restauração, quando ativa, movimenta empregos, cadeia de sementes, mudas, defensivos, entre outros”, explicou o secretário adjunto de Recursos Hídricos, Bioeconomia e Serviços Ambientais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Raul Protázio, ao apresentar a estratégia. Com a restauração é gerada economia, são criados empregos e faz a floresta voltar a ficar em pé prestando seus serviços ecossistêmicos.

O governador frisou ainda que o Pará não se isenta da sua responsabilidade e de que é possível construir um futuro diferente. “O Pará tem consciência da sua responsabilidade, sua ousadia e coragem de apresentar as metas que devem ser cumpridas pelo Estado, de poder restaurar 5,6 milhões de hectares até 2030, poder chegar a 7,4 milhões de hectares até 2035 e inclusive sabendo que essas metas significam boa parte da meta nacional, portanto, a presença de todos aqui para tirar do papel e que isso possa garantir efetivamente acontecer nos desafia coletivamente , de maneira plural”, acrescentou o chefe do poder executivo paraense.

Assinatura

Ainda durante o painel foi assinado entre o Estado e a Vale um Protocolo de Intenções para ações de restauração e fortalecimento da Bioeconomia no Estado. “A gente tem uma meta, entre restaurar e conservar, a gente quer proteger 500 mil hectares, e uma parte dele vai acontecer no Pará. No social, a gente quer contribuir com a retirada de meio milhão de pessoas da extrema pobreza. Isso vai acontecer no Pará, em outras regiões, mas muito no Pará. A concepção da agenda social e ambiental se dá através da bioeconomia e da restauração”, pontuou Maria Luiza Paiva.

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Comitiva estadual garante a captação de R$ 2,5 milhões via doação do BID ao Pará

Recurso na modalidade não reembolsável foi assegurado por articulação junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento

Odesenvolvimento de uma plataforma de pagamentos por serviços ambientais possibilita o desenvolvimento justo e sustentável das florestas com repartição de benefícios aos povos originários no Pará. Esse projeto garantiu a doação de R$ 2,5 milhões para o governo do Estado. O recurso chegará por meio de Cooperação Técnica não reembolsável, firmada, nesta quarta-feira (16) entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a delegação da gestão paraense na Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El-Sheikh, no Egito. “Esse é o primeiro momento, no campo dos pagamentos dos serviços ambientais, onde nós saímos do discurso e passamos para a prática.

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Com a parceria com o BID nós viabilizamos o recurso para estruturarmos o nosso modelo ao construirmos efetivamente as condições para este chamamento”, afirmou o governador do Pará, Helder Barbalho. O chefe do executivo paraense frisou ainda: “demos um passo gigantesco de construir uma nova economia, uma nova oportunidade e, inclusive, uma porta de transição para um novo modelo”.

O recurso disponibilizado pela instituição financeira em questão foi assegurado com a assinatura realizada durante o evento “Pagamento por Serviços Ambientais: o caso do Estado do Pará”. O governador do Pará apresentou aos líderes mundiais a trajetória da atual gestão em combater o desmatamento, os efeitos das mudanças climáticas e o enfrentamento de medidas com o objetivo de se alcançar uma economia de baixa emissão de carbono. Durante o pronunciamento, Helder Barbalho destacou a importância do apoio internacional na forma de financiamento por serviços ambientais relacionados à preservação e uso sustentável dos recursos naturais.

“Nós efetivamente reconhecemos o nosso desafio e protagonismo.

Não estamos omissos nesse processo, muito pelo contrário estamos agindo com força, como política de Estado em que todos estão envolvidos, inclusive os parceiros como BID, organizações não governamentais, povos originários, para que todos

possamos valorizar esse novo modelo de bioeconomia, de crédito de carbono, de serviços ambientais de monetização da floresta e de sustentabilidade social e economicamente”, disse o governador.

No documento assinado por Helder Barbalho e Tatiana Schor - Chefe da Unidade Região Amazônia do BID, consta o objetivo de estruturar um novo modelo de financiamento inovador para alcançar os objetivos de redução de emissão de carbono e desmatamento, conforme preconiza o Plano Estadual Amazônia Agora, por meio de Serviços Ambientais.

Para Schor, a cooperação assinada demonstra o diferencial e a confiança que a instituição financeira vem depositando na atual gestão paraense. “A gente enquanto banco constrói várias ações porque vemos que temos um papel importante de acreditar no Pará. Nós estamos acreditando no Pará porque precisamos de um Estado que mostre o que é preciso e que mostre que está sendo feito de forma rápida”.

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(91) 3222-4751 / 32224751 @casacontente /casacontente@casa_contente É tempo de união, paz e reflexão... É tempo de acreditar e transformar o mundo num lugar onde todos os nossos sonhos se tornem realidade. Aos nossos clientes, amigos e fornecedores desejamos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo Uma Homenagem Av. Senador Lemos, 1560 Telégrafo Padre Eutíquio, 1198. Próximo ao Shopping. Pedro Miranda, 1433. Esq. com a Barão do Triunfo.

Governador do Pará lança Plano

Estadual de Bioeconomia, durante a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas

Pará está entre os primeiros governos subnacionais da América Latina a construir um Plano de Bioeconomia

Um plano robusto que tem a face do povo paraense, que foi construído por e para os Amazônidas. Assim é o Plano Estadual de Bioeconomia do estado do Pará, lançado durante a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 27, que ocorre no Egito. O Pará é pioneiro na elaboração de um plano de bioeconomia que prevê soluções baseadas na natureza para transformar a economia existente para uma economia de baixo carbono e com valorização do conhecimento tradicional, que há milênios, sabe como conservar a floresta.

O estado nas últimas décadas foi o que mais emitiu CO2 no território brasileiro. E isto trouxe para o Estado o desafio de como construir uma solução que permitisse a transição, e o melhor uso da terra em um estado que tem a extensão territorial que compreende três Alemanhas ou Portugal, Espanha e França juntos, e que possui aproximadamente 70% do seu território preservado.

No eixo economia, o Estado é a maior província de ferro e de outros minerais de todo o Brasil, além de possuir o quarto maior rebanho bovino e ter o maior rebanho bubalino. Também no Pará está localizada a maior produção de cacau do Brasil, maior produção de açaí, dendê e pimenta do reino.

Há, ainda, presentes desde os últimos anos, culturas que avançam de maneira significativa, como a soja, o milho e o arroz.

O desafio torna-se, então, em como construir a conciliação dessas atividades com a sustentabilidade sem que seja necessário propor um colapso econômico para a reversão e a mudança do uso da terra.

Ao investir nos produtos prioritários da biodiversidade para a bioeconomia, estudos estimam que pode-se alcançar R$178 bilhões até 2040. Um valor equivalente ao atual PIB do Estado. “O Plano de Bioeconomia está pronto para ser a construção do amanhã no Estado do Pará. Para que a partir da bioeconomia a gente consiga gerar emprego, renda, garantir uma solução, seja ambiental, mas que seja inclusivo socialmente, que seja sustentável no âmbito do uso da terra, mas acima de tudo, que seja sustentável para empregar pessoas, inserir gente, para garantir renda para nossa população.

Essa experiência do estado do Pará, de poder ser neste momento a fotografia do desafio para o Brasil, mas ao mesmo tempo apresentar-se como um cartão postal da solução para esse país. E que o exemplo do estado do Pará, de compreender a sua dimensão, o seu protagonismo para o desafio do Brasil seja a repercussão do Brasil na sua dimensão e no seu desafio para o mundo, para construirmos a solução que concilie pessoas, floresta viva em favor do clima, em favor da humanidade”, ressaltou Helder Barbalho.

Ao longo do processo de construção, o Plano de Bioeconomia do Pará teve a escuta ativa dos povos da floresta que participaram do momento do lançamento da iniciativa. Estavam presentes também a representante da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (MALUNGO), Érika Monteiro, o diretor nacional do Conselho Nacional de Extrativistas do Pará (CNS), Ivanildo Brilhante, a presidente da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará, Puyr Tembé, além de José Otávio Passos, diretor da Ong The Nature Conservancy (TNC) e o secretário de meio ambiente e sustentabilidade, Mauro O’de Almeida.

Na COP da implementação, o Pará entregou o plano que teve seu período embrionário durante o Fórum de Bioeconomia, realizado na Capital Paraense, no ano passado, e um mês depois, as estratégias apresentadas durante a COP 26, em Glasgow.

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Texto

“Esse é um dia especial para o estado do Pará, para nós em particular, das secretarias envolvidas no Plano de Bioeconomia. Foi construído um grupo de 41 representantes, ouvimos mais de 300 pessoas em municípios polo do Pará na construção dessa, que é uma das ferramentas para o alcance das metas de Net Zero do estado do Pará. No momento em que vivemos a COP da implementação, chegou a hora da implementação. São 89 ações, divididas em apoio a ciência e tecnologia, cadeias produtivas sustentáveis, a criação do parque de bioeconomia, o ecossistema de centro de inovação, conhecimento, escola de saberes da floresta, tudo isso vem aí no contexto dos próximos anos de implementação. O Pará, sob a liderança do governador Helder, será exemplo de Estado que procura ser carbono neutro até 2036”, frisou Mauro O’de Almeida.

O Planbio é uma política pública do Governo do Estado, coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e ancorado na Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), sendo também um dos componentes do eixo desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA).

Pilares

As mais de 80 ações que compõem o plano perpassam por três eixos temáticos de sustentação: pesquisa, desenvolvimento e inovação; patrimônio cultural, genético e conhecimento tradicional associado; e cadeias produtivas e negócios sustentáveis.

Ivanildo Brilhante, representante da CNS destacou que junto com o plano nasce a esperança de novos horizontes onde as populações tradicionais passam a ser mais valorizadas, ouvidas e participantes das discussões.

“Pela primeira vez de fato a gente desenha uma política pública com as populações. Historicamente, as políticas chegaram para a população já desenhada. Há uma diferença entre fazer para os povos e fazer com os povos.

Há uma desvalorização dos povos tradicionais que fazem do seu modo de vida a conservação do meio ambiente e resgatar esses saberes e fazeres dos doutores anônimos que são os nossos anciãos, que se relacionam com a riqueza natural como parte da sua vida é de uma grande ousadia porque tem o tempo de elaborar a política pública e tem o tempo da participação da comunidade, então conciliando o tempo da política pública e oitiva das comunidades isso permitiu fazer algo diferente”, avaliou Ivanildo.

Érika Monteiro, representante da Malungo, disse que é preciso enxergar a Amazônia não somente por cima das árvores.

Durante a construção do Planbio a maior riqueza existente na Amazônia foi valorizada: as pessoas. “Não dá pra fazer pra nós, sem nós, por isso os quilombolas acompanharam todo o processo e foi muito importante porque nós podemos colocar as necessidades do nosso povo.

Para salvar a Amazônia é preciso saber que na Amazônia não existe só floresta e animais, tem pessoas, quilombolas e indígenas. Construir esse plano com os povos, corre um risco alto de dar certo, porque ele foi feito pra nós e conosco”, destacou.

A presidente da Fepipa elogiou o plano e afirmou sobre a necessidade de outros Estados também também construírem a política pública, pois os vários biomas no Brasil precisam ser enxergados, valorizados e protegidos igualmente como a Amazônia.

“A Amazônia por si só não se salvará, não salvará o Brasil e nem o mundo, então chamamos a sociedade, o governo, as entidades os parceiros que consigam olhar para os demais biomas que o Brasil tem. Nós precisamos não somente falar de meio ambiente, nós precisamos reflorestar a mente das pessoas, falar não somente do plano, mas falar da vida, pois estamos falando da sociobioeconomia, da vida e não apenas da planta, dos frutos, mas dos seres vivos que existem na floresta, que existe em todos os biomas brasileiros. E isso precisa ser protegido”, enfatizou Puyr Tembé.

O diretor da TNC no Brasil, elencou os pontos de destaque presentes no plano e como foi a participação da instituição na construção. “Foi muito importante pra gente participar do Plano de Bioeconomia do Pará. Três pontos são importantes para entender a importância do plano e como ele pode ser transformador no Pará e na Amazônia: primeiro é que ele foi um processo coletivo de construção, o segundo, que ele é um plano robusto, ele acerta no direcionamento que está sendo dado, e o terceiro é que agora o desafio é a implementação desse plano”, elencou. “A TNC chegou a dedicar 15 pessoas, entre as áreas de ciências, conservação e políticas públicas, além disso contamos com a CBC para a construção do plano. E tudo isso só foi possível com a ajuda do Governo Noruegues, GCF Task Force e do PNUD, por meio da janela B”, citou José Otávio.

O chefe do poder executivo chamou a atenção para a integração de todos no plano. “Quero fazer um chamamento para todos que acreditam nisso, a sociedade civil, a iniciativa privada para continuar construindo conosco e que possa vir com a gente, apostando na biodiversidade do Pará, na capacidade deste Estado de fazer do seu bioma o novo grande ativo para o desenvolvimento sustentável, chamar as instituições, como a ONU, que já tem nos ajudado, podendo garantir com que todos estejam neste momento de transição econômica em que nós possamos fazer o uso adequado da terra, sendo o ativo para as gerações de hoje , mas acima de tudo para as gerações do amanhã”, concluiu o governador do Pará, Helder Barbalho.

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(*) SEMAS <<

Pará poderá vender créditos de carbonos à Coalizão LEAF

Ao reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, o Pará poderá vender créditos de carbono

Durante a realização do painel “Do compromisso à ação: virando o jogo do desmatamento na Amazônia”, dentro da agenda do Consórcio da Amazônia Legal na 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 27) nesta quarta-feira (16), no Egito, o Governo do Pará assinou uma carta de intenções junto à Coalizão LEAF (Reduzindo Emissões por meio da Aceleração do Financiamento Florestal). “Essa carta de intenções é um passo adiante que nós assinamos em Glasgow (COP 26), que era somente um aceno, então essa carta era um passo seguinte, que demonstra que o Pará tem a intenção de comercializar créditos de carbono, de acordo com a LEAF e, portanto, poderá acessar o valor de U$$ 1,5 bilhão de doláres.

Então, o Estado, à medida que for mostrando sua performance, reduzindo as emissões globais de gases de efeito estufa, passa a ter a disposição de vender créditos de carbono para a Coalizão LEAF”, explica Mauro O’de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

O Memorando de Entendimento (MoU) junto à Emergente e à Coalizão LEAF foi assinado pelo governador do Estado, Helder Barbalho, durante a COP 26, em Glasgow, na Suécia, ano passado.

O propósito era atrair recursos a partir da redução do desmatamento na Amazônia, com isso, as organizações expressaram interesse mútuo em cooperarem institucionalmente, para facilitar possíveis futuras transações entre os estados da Amazônia Legal e os participantes da

Coalizão Leaf, com vistas à redução de emissões de carbono. Participaram do painel o diretor da Iniciativa Internacional do Clima e Florestas da Noruega (NICFI); VK Kishore, vice-presidente e chefe global de Sementes Vegetais para Pequenos Proprietários e Sustentabilidade da Bayer, e James Mulligan, chefe de Neutralizador de Carbono da Amazônia.

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(*) CPH <<

Governadores pelo Clima - Ratificação da Coalizão

Dando continuidade aos compromissos na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), este ano, realizada na cidade de Sharm El Sheikh, no Egito, o governador do Pará, Helder Barbalho, participou do Encontro dos Governadores pelo Clima - ratificação da coalizão e do lançamento do consórcio Brasil Verde, nesta segunda-feira (14). O encontro foi realizado pelo Centro Brasil no Clima (CBC), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade.

Participaram como painelistas Guilherme Sirkis, diretor executivo do Centro Brasil no Clima; Fábio Feldmann, consultor sênior em Advocacy do Centro Brasil no Clima; Sérgio Xavier, articulador político do Centro Brasil no Clima; Marina Silva, deputada estadual, ex-senadora e ministra do Meio Ambiente; Renato Casagrande, governador do Estado do Espírito Santo; e Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente de governos brasileiros, também, outros governadores do Brasil. A carta de compromisso assinada por mais de 15 Estados e que propõe uma nova economia que seja efetivamente regenerativa e inclusiva foi debatida durante o painel. Nela, o CBC propôs a implantação de laboratórios para desenvolver essas novas cadeias regenerativas.

“Em Alagoas, por exemplo, está sendo criada uma pequena associação, com pequenos produtores, de crédito social. estamos testando a possibilidade de unir milhares de agricultores da agricultura familiar que preservaram suas áreas e que possam ter acesso ao mercado de carbono. são modelos econômicos realmente inovadores que nós podemos trabalhar em vários biomas”, exemplificou Sérgio Xavier, articulador político do Centro Brasil no Clima.

Para o governador do Pará, Helder Barbalho, o momento é muito especial para a discussão não apenas a respeito do clima mas para um posicionamento do Brasil, sendo esta a oportunidade para a construção de uma fortificação do pacto federativo do envolvimento da sociedade civil e da relação de todos os agentes que possam colaborar para que o país exerça plenamente o seu protagonismo.

“Hoje pela manhã fui perguntado se um posicionamento de um novo governo pode ofuscar o protagonismo dos Estados subnacionais e a minha resposta foi pelo contrário. Tudo que nós queremos é somar forças, somar energias, trabalhar para mostrar que o Brasil tem responsabilidade ambiental e com a pauta climática. Com a preservação da floresta. Nosso país quer discutir floresta em pé, o nosso país quer discutir floresta viva. Uma floresta que esteja em pé, mas que valorize, prestigie os saberes das comunidades tradicionais e que possa gerar renda”, avaliou o governador paraense. A peculiaridade de cada Estado também foi pontuada durante o painel. É necessário buscar a solução climática respeitando a realidade local, inclusive as suas colaborações.

São Paulo, por exemplo, exerce um protagonismo, com suas fábricas, com um outro viés que vai buscar fazer da sua indústria uma indústria de baixa emissão, o que não tira o seu protagonismo.

“Neste mosaico que representa o Brasil, que todos nós possamos cumprir com o nosso papel, valorizando nossa gente, preservando o meio ambiente e construindo no presente o futuro que a nossa sociedade espera. Que os Estados da Amazônia legal possam juntos solidificar cada vez mais uma agenda de um Brasil altivo, para a construção de um novo tempo de sustentabilidade e acima de tudo conciliando gente e floresta como os principais ativos que nós temos no nosso território, no nosso país”, finalizou Helder Barbalho.

Painelistas

• Guilherme Sirkis – Diretor Executivo do Centro Brasil no Clima

• Fabio Feldmann – Consultor Sênior em Advocacy do Centro Brasil no Clima

• Sérgio Xavier, Articulador Político do Centro Brasil no Clima

• Marina Silva – Deputada Estadual, Ex Senadora e Ministra do Meio Ambiente

• Renato Casagrande – Governador do Estado do Espírito Santo e Presidente do Governadores pelo Clima e do Consórcio Brasil Verde

• Helder Barbalho -Governador do Estado do Pará

• Outros Governadores (TBC)

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(*) SEMAS <<
No Encontro dos Governadores pelo Clima, realizado pelo Centro Brasil no Clima (CBC), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade Durante o pronunciamento do Governador helder Barbalho

COP 27 discutiu financiamento para redução de emissões florestais e adaptação

As florestas são uma poderosa solução baseada na natureza para a mudança climática com o potencial de absorver quatro gigatoneladas de carbono por ano. Evento do UN-REDD buscou mobilizar fundos para alcançar um gigatonelada de reduções anuais de emissões de florestas até 2025, e anualmente depois disso. Outro evento focado nas principais descobertas do Land Gap Report destacou que existe uma enorme lacuna entre a quantidade de terra necessária para atender às promessas da NDC e a terra disponível para esse fim

OPrograma das Nações Unidas sobre Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (UN-REDD) e o Green Gigaton Challenge têm como objetivo mobilizar fundos para alcançar uma gigatonelada de reduções anuais de emissões de florestas até 2025, e anualmente depois disso. Este foi o foco de um evento paralelo na Conferência de Mudanças Climáticas de Sharm el-Sheikh (UNFCCC COP 27), que discutiu as conclusões do relatório intitulado “Making Good on the Glasgow Climate Pact: A Call to Action to Achieve One Gigaton of Emissions Reduções de Florestas até 2025”.

Durante o evento de 11 de novembro , Susan Gardner, do Programa Ambiental da ONU (PNUMA), destacou que as florestas são uma poderosa solução baseada na natureza com potencial

para absorver quatro gigatoneladas de carbono por ano, citando a Declaração

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Cooperação climática internacional por meio de mercados de carbono que incluem florestas tropicais pode resultar em quase o dobro das reduções de emissões Desbloqueando o primeiro gigaton de abastecimento (etapa crucial), o objetivo do Desafio Gigaton Verde na próxima década, deve haver ampla oportunidade de entregar US$ 50-100 bilhões em ações públicas e internacionais combinadas com apoio privado para REDD+ dos Líderes Mundiais de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra . Fotos IISD/ENB | Ángeles Estrada, Mahendra Parikh/Hindustan Times

Ela enfatizou a necessidade de se comprometer com um preço mais alto para o carbono e um financiamento justo e baseado em resultados para estabelecer um mercado de carbono funcional e garantir a integridade das reduções de emissões. Maggie Charnely, Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial, Reino Unido, destacou a criação da Forest and Climate Leaders Partnership na COP 27, que busca deter e reverter a perda de florestas e a degradação da terra até 2030, ao mesmo tempo em que oferece desenvolvimento sustentável e promove uma transformação rural inclusiva. Dirk Nemitz, Secretariado da UNFCCC, destacou três ações necessárias: criar impulso político para lidar com o desmatamento, traduzindo as promessas de proteger as florestas em ação no terreno; uma perspectiva de longo prazo sobre o financiamento baseado em resultados, na qual os mercados têm certeza de que os pagamentos estarão disponíveis; e métricas que asseguram a prestação de contas das promessas. Os palestrantes também enfatizaram que os Povos Indígenas devem

ser incluídos na formulação de políticas, programação e gerenciamento de projetos e implementação, e que o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu proteger os Povos Indígenas. Outro evento paralelo , organizado pela Griffith University, em colaboração com a Lund University, concentrou-se nas principais conclusões do Land Gap Report , que explora as lacunas entre os planos climáticos dos governos e a falta de terra para cumprir promessas e compromissos. O relatório mostra que as contribuições determinadas nacionalmente (NDCs) refletem uma dependência irreal da remoção de carbono baseada na terra e que existe uma enorme lacuna entre a quantidade de terra necessária para cumprir as promessas da NDC e a terra disponível para esse fim, com a mudança de uso da terra já excedendo limites planetários. A governança multinível como catalisadora do financiamento da adaptação no nível local foi o tema de um evento , convocado pela Secretaria da Rede Global do NAP, que abordou as lições aprendidas e as melhores práticas na criação de vínculos estratégicos

com os processos do Plano Nacional de Adaptação (NAP) que apresentam uma oportunidade estabelecer mecanismos para canalizar o financiamento aos níveis locais. Representantes da África e da América Latina compartilharam suas experiências com planejamento e implementação de adaptação local. Anne Hammill, Secretaria da Rede Global do NAP, Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), descreveu as áreas de trabalho da Rede Global do NAP , incluindo: suporte técnico de curto e longo prazo para os países; intercâmbio e aprendizagem entre pares Sul-Sul; e mobilização de conhecimento que inclui a plataforma NAP Trends , que fornece resumos das informações em documentos do NAP e análises de tendências entre os países. Outro evento concentrou-se na necessidade e potencial de abordagens sensíveis ao gênero para construir resiliência climática em contextos de vulnerabilidade, insegurança alimentar e conflito entre mulheres agricultoras na África e na Ásia. O Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) organizou o evento.

Durante o Forests and Climate Leaders’ Partnership (FCLP) – novo fórum político com governos e parceiros para trabalhar na implementação de soluções que reduzam a perda florestal, lançado na Cúpula inaugural de Líderes Florestais e Climáticos, – uma parceria voluntária de 26 países comprometidos com a entrega, responsabilidade e inovação sobre Florestas e Uso da Terra

A verdade no fundo do copo: por que as empresas devem agir para proteger a biodiversidade

Beber uma cerveja pode não parecer uma atividade dependente da natureza, mas é. Como inúmeras outras compras de consumo, de roupas a telefones celulares, muitos dos insumos de que os cervejeiros precisam para fazer cerveja derivam do mundo natural. Na verdade, a economia de mercado pode ser pensada como um sistema de criação de riqueza aplicando a engenhosidade humana aos dons que a natureza nos oferece, colhendo as dádivas da natureza e trazendo-as ao mercado para negociar com lucro

a cerca de metade da economia global que está explicitamente ligada ao meio ambiente. Amplie a definição de “valor” e o número real pode ser ainda maior.

A perda de biodiversidade não é apenas uma questão ambiental – embora seja de vital importância – mas também econômica. Uma grande quantidade da riqueza criada pela economia não depende apenas do meio ambiente, mas também está em risco onde a natureza é vulnerável - e a natureza enfrenta uma série de ameaças, incluindo mudanças climáticas, uso da terra, poluição, espécies invasoras e mais -Extração.

Como a tecnologia e outros processos tornaram o processo de criação de riqueza mais eficiente, eles também aumentaram a aparente distância entre a economia e o meio ambiente. Mas aprofunde-se o suficiente em qualquer cadeia de valor e, eventualmente, você terminará onde começamos: transformando recursos ambientais em estados que facilitam o consumo humano.

Na verdade, a biodiversidade – a variedade de vida na Terra, dos genes aos ecossistemas – sustenta a economia em uma escala de £ 44 trilhões, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. Números tão grandes tendem a ser difíceis de relacionar, mas isso não é uma hipótese, mas, na verdade, uma medida da atividade econômica equivalente

Esta compreensão da biodiversidade como um componente fundamental da criação de riqueza está impulsionando um rápido despertar nas atitudes e atividades das empresas em resposta à perda de biodiversidade, e não são apenas os setores que obviamente dependem mais do meio ambiente, como a agricultura ou o turismo, mas as empresas em quase todos os setores por meio de suas cadeias de valor estendidas.

De fato, existem iniciativas em andamento para incluir informações relacionadas à natureza crítica dos negócios nas divulgações financeiras da empresa, tornando-as uma preocupação explícita sobre a qual a administração deve agir.

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Lúpulo, cevada, fermento e água Texto *Jake Kuyer Fotos Divulgação, Unsplash, Wikipédia

Isso reconhece que o impacto de uma empresa na natureza e sua dependência da natureza estão intrinsecamente ligados à viabilidade financeira e comercial de suas atividades comerciais.

Então, de volta àquela cerveja. A cerveja é feita de lúpulo, cevada, fermento e água. O lúpulo é uma flor e a cevada é um grão. Além de fazerem parte da própria biodiversidade, eles exigem solo bom, ciclos de água suficientes e polinizadores para crescer, enquanto o fermento também é um componente biológico. A água é necessária para a própria cerveja, bem como para várias partes do processo de fermentação – e um suprimento regular de água limpa depende da natureza. Muito disso pode parecer óbvio.

Mas e o transporte para levar a cerveja até o bar? Os pneus podem ser feitos de borracha natural, e os metais para os componentes eletrônicos do painel extraídos de ambientes sensíveis. As estradas necessárias para distribuir os barris podem estar sujeitas a inundações, agravadas pela remoção de florestas a montante. Talvez a areia para fazer o copo de cerveja seja proveniente de praias fósseis ou leitos de lagos. O bar em si? Talvez seja feito de madeira. Que tal aqueles pássaros cantando nas árvores do jardim dos bares? A lista poderia continuar.

Alguns aspectos podem parecer exagerados ou de preocupação relativamente pequena, mas, considerados de forma agregada em toda a economia, não são.

As diferentes maneiras pelas quais os ecossistemas apoiam o bem-estar humano, inclusive por meio da economia, costumam ser chamadas de serviços ecossistêmicos. Esses serviços ecossistêmicos são fornecidos gratuitamente pelo meio ambiente. No entanto, sem um custo financeiro associado, muitas vezes são tratados como ‘sem valor’ e, portanto, não são devidamente incorporados à tomada de decisões. Uma maior consideração do valor que a biodiversidade oferece contribuirá muito para garantir que ela seja protegida.

Como ponto de partida, os gerentes de negócios devem considerar como sua cadeia de valor está vinculada ao meio ambiente, que impacto eles têm sobre ela e que exposição eles têm a diferentes tipos de riscos.

Não apenas porque eles se preocupam com o meio ambiente (espero que sim), mas porque é uma preocupação material do negócio. Nem sempre será óbvio: as vulnerabilidades podem vir de lugares inesperados a vários passos do negócio, seja em setores específicos em locais específicos expostos a riscos específicos. Uma empresa voltada para o futuro vai querer considerar não apenas como é esse impacto e exposição hoje, mas como provavelmente será daqui a cinco, 10, 20 ou mais anos.

A próxima Conferência de Biodiversidade da ONU (COP15) faz parte de um processo muito necessário para reunir governos, empresas e outras partes interessadas para aumentar a conscientização e facilitar a coordenação na abordagem da biodiversidade. O desafio exigirá que várias partes interessadas atuem em conjunto, e os líderes empresariais devem compartilhar o mesmo nível de urgência em relação à perda de biodiversidade que está se tornando cada vez mais a norma para questões relacionadas às mudanças climáticas.

É um imperativo econômico e ambiental. Da próxima vez que você estiver bebendo uma cerveja ou desfrutando de qualquer outro produto da economia, reserve um momento para considerar todas as maneiras pelas quais a natureza pode ter contribuído para aquele momento e talvez oferecer um “saúde” à biodiversidade!

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Cadeia de valor da Cerveja, vinculada ao meio ambiente Possibilidades e valor que a biodiversidade oferece Oferecer um “Brinde” à biodiversidade
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(*) Diretor Associado de Economia e Sustentabilidade da Oxford Economics

Nova fotossíntese ‘artificial’ é 10 vezes mais eficiente do que tentativas anteriores

Um novo método de fotossíntese artificial pode levar os humanos um passo mais perto de usar o maquinário das plantas para produzir combustíveis. O novo sistema é 10 vezes mais eficiente do que os métodos anteriores de fotossíntese sintética. Enquanto a fotossíntese natural permite que as plantas transformem dióxido de carbono (CO2) e água em carboidratos usando o poder do sol, o método artificial pode transformar dióxido de carbono e água em combustíveis densos em energia, como metano e etanol. Isso poderia fornecer uma alternativa aos combustíveis fósseis extraídos de rochas antigas.

“O maior desafio que muitas pessoas não percebem é que nem mesmo a natureza tem solução para a quantidade de energia que usamos”, disse Wenbin Lin, químico da Universidade de Chicago, um dos autores do novo estudo .

A fotossíntese natural, embora suficiente para as plantas se alimentarem, fica aquém de fornecer a quantidade de energia necessária para abastecer nossas casas, cidades e nações.

“Teremos que fazer melhor do que a natureza, e isso é assustador”, disse ele.

Os pesquisadores têm trabalhado para pegar emprestado o maquinário da fotossíntese para criar seus próprios produtos químicos desejados há anos, mas ajustar a fotossíntese para atender às necessidades humanas não é fácil.

O processo é complicado e envolve duas etapas: primeiro, separar a água e o CO2 e, segundo reconectar os átomos em carboidratos. Lin e sua equipe tiveram que criar um sistema que produziria metano, ou CH4, que é um carbono cercado por quatro moléculas de hidrogênio.

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Um novo método de usar o maquinário da fotossíntese para produzir metano é 10 vezes mais eficiente do que as tentativas anteriores. Descoberta da UChicago cria combustível de metano a partir do sol, dióxido de carbono e água
Um estudo de seis químicos da Universidade de Chicago mostra um novo sistema inovador para fotossíntese artificial que é mais produtivo do que os sistemas artificiais anteriores em uma ordem de grandeza. Acima, uma ilustração artística do processo Close de um cloroplasto, o maquinário natural que as plantas usam para realizar a fotossíntese. Pesquisadores desenvolveram um método de fotossíntese artificial que é 10 vezes mais eficiente do que as tentativas anteriores Texto *Stephanie Pappas Fotos Ed Reschke, Nature Catalysis, Wenbin Lin

Embora a combustão desse metano sintético ainda leve a emissões de gases de efeito estufa, os pesquisadores também estão trabalhando no uso da fotossíntese artificial para produzir combustíveis de hidrogênio , que liberam apenas vapor de água e ar quente.

Para fazer isso, eles começaram com uma estrutura metal-orgânica – uma teia feita de átomos metálicos carregados ligados por moléculas orgânicas. (Moléculas orgânicas contêm carbono.) Eles submergiram camadas únicas dessa estrutura metal-orgânica em uma solução de cobalto; este elemento é bom para pegar elétrons e movê-los durante as reações químicas. Então os pesquisadores fizeram algo que não havia sido tentado antes. Eles adicionaram aminoácidos, os blocos de construção moleculares das proteínas, à mistura.

-

O sistema resultante foi 10 vezes mais eficiente do que os métodos anteriores de fotossíntese artificial, relatou a equipe na revista Nature Catalysis. No entanto, isso ainda não é eficiente o suficiente para produzir metano suficiente para uso humano como combustível.

“Onde estamos agora, seria necessário aumentar em muitas ordens de magnitude para produzir uma quantidade suficiente de metano para o nosso consumo”, disse Lin.

Mas, disse ele, a equipe conseguiu determinar como o sistema funciona em nível molecular, que nunca havia sido totalmente compreendido antes.

Compreender o processo é uma etapa crucial antes que eles possam ampliar o processo. Se atualmente o sistema não é eficiente o suficiente para abastecer carros ou aquecer residências, já pode ser viável para outros usos que não exijam um volume tão alto de produto. Por exemplo, disse Lin, um método semelhante poderia ser usado para produzir produtos químicos básicos para produtos farmacêuticos.

“Muitos desses processos fundamentais são os mesmos”, disse Lin.

“Se você desenvolver bons produtos químicos , eles podem ser conectados a muitos sistemas”.

A equação da fotossíntese oxigenada é: 6CO2 + 12H2O + Energia luminosa → C6H12O6 + 6O2 + 6H2O Aqui, seis moléculas de dióxido de carbono (CO2) se combinam com 12 moléculas de água (H2O) usando energia luminosa. O resultado final é a formação de uma única molécula de carboidrato (C6H12O6, ou glicose) juntamente com seis moléculas de oxigênio e água Se você desenvolver bons produtos químicos , eles podem ser conectados a muitos sistemas
aminoácidos aumentaram a eficiência de ambos os
CO2 e
recons
truindo-os como metano.
O futuro do planeta Terra dependerá de energia renovável
Esses
lados da reação, quebrando o
a água e

Como as cidades podem combater as mudanças climáticas

As temperaturas globais estão aumentando – 1,1 graus Celsius desde a era pré-industrial e devem continuar aumentando – com consequências terríveis para as pessoas e a vida selvagem, como inundações intensas, ciclones e ondas de calor. Para conter o desastre, os especialistas recomendam restringir o aumento da temperatura a 1,5 graus, o que significaria reduzir as emissões de gases de efeito estufa, até 2050, para zero líquido – quando a quantidade de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera é igual à quantidade removida.

Mais de 800 cidades ao redor do mundo, de Mumbai a Denver, se comprometeram a reduzir pela metade suas emissões de carbono até 2030 e atingir zero líquido até 2050.

Essas são contribuições cruciais, porque as cidades são responsáveis por 71% a 76% das emissões globais de dióxido de carbono devido a edifícios, transporte, aquecimento, refrigeração e muito mais.

E a proporção de pessoas que vivem em cidades está projetada para aumentar, de modo que cerca de 68% da população mundial será citadina até 2050.

“As áreas urbanas desempenham um papel vital na mitigação das mudanças climáticas devido à longa vida útil dos edifícios e infraestruturas de transporte”, escrevem os autores de um artigo de 2021 sobre cidades com zero líquido na Revisão Anual de Meio Ambiente e Recursos. As cidades são densamente construídas ou se espalham? Os cidadãos dirigem para todos os lugares em carros particulares ou usam transporte

público eficiente e verde? Como eles aquecem suas casas ou cozinham seus alimentos? Esses fatores afetam profundamente as emissões de carbono de uma cidade, diz o coautor da revisão Anu Ramaswami, professor de engenharia civil e ambiental e estudos da Índia na Universidade de Princeton.

Ramaswami tem décadas de experiência na área de infraestrutura urbana – edifícios, transporte, energia, água, gestão de resíduos e infraestrutura verde – e ajudou cidades nos Estados Unidos, China e Índia a planejar a sustentabilidade urbana. Para que as cidades cheguem a zero líquido, ela diz ao Knowable , as mudanças devem tocar em inúmeros aspectos da vida da cidade. Esta conversa foi editada por questões de duração e clareza.

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Para reduzir suas emissões para zero líquido
As atividades urbanas – pense na construção, transporte, aquecimento, refrigeração e muito mais – são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa. Hoje, um número crescente de cidades está se esforçando para reduzir suas emissões para zero líquido – eis o que elas precisam fazer
Texto

Por que os esforços das cidades são importantes? Que papel eles desempenham na redução de emissões?

As cidades são onde vive a maioria da população. Além disso, 90% do PIB global (produto interno bruto) é gerado em áreas urbanas. Todas as infraestruturas essenciais necessárias para um assentamento humano – energia, transporte, água, abrigo, alimentação, materiais de construção, espaços verdes e públicos, gestão de resíduos – se reúnem nas áreas urbanas. Portanto, há uma oportunidade de transformar esses sistemas.

Você pode pensar em chegar a zero líquido de uma perspectiva do lado da oferta – usando energia renovável ou verde para fornecimento de energia e transporte – que é o que acho que domina a conversa.

Mas para chegar a zero líquido, você precisa também moldar o lado da demanda, ou do consumo: reduzir a demanda por energia. Mas não fizemos pesquisas suficientes para entender quais políticas e projetos urbanos ajudam a reduzir a demanda nas cidades.

A maioria dos planos nacionais concentra-se principalmente no lado da oferta. Você também precisa criar maneiras de criar sumidouros de carbono: ou seja, remover carbono da atmosfera para ajudar a compensar as emissões de gases de efeito estufa da queima de combustíveis fósseis.

Esses três – fornecimento de energia renovável, redução da demanda por meio de design urbano eficiente e mudanças de estilo de vida e sumidouros de carbono –são as estratégias amplas para chegar ao zero líquido.

As áreas urbanas desempenham um papel vital na mitigação das mudanças climáticas

O carbono é liberado e absorvido dentro e ao redor das cidades, tanto por atividades naturais quanto por atividades humanas (antropogênicas). A pegada de carbono de uma cidade constitui mais do que o que acontece dentro de seus limites (setas azuis escuras).

Como uma cidade pode atender à demanda?

A redução da demanda por energia pode ser feita por meio da eficiência — usando menos energia para os mesmos serviços. Isso pode ser feito por meio de um melhor planejamento do uso da terra e por meio de mudanças de comportamento e estilo de vida.

O transporte é um grande exemplo. Muita energia é gasta na movimentação de pessoas, e a maior parte dessa mobilidade pessoal acontece nas cidades. Mas um melhor planejamento urbano pode reduzir substancialmente as viagens de veículos. Mitigar a expansão é uma das maiores maneiras de reduzir a demanda por viagens e, assim, reduzir as emissões de viagens. Na Índia, por exemplo, Ahmedabad planejou melhor reduzir a expansão urbana, em comparação com Bangalore, onde a expansão é enorme. O compartilhamento de caronas bem projetado e dinâmico, como as piscinas Uber e Lyft nos EUA, pode reduzir o total de milhas do veículo em 20 ou 30 por cento, mas você precisa das políticas certas para evitar que veículos vazios circulem e esperem para pegar pessoas, o que pode realmente aumentar as viagens.

Estas são grandes reduções do lado da

demanda. E então você adiciona transporte público e bairros caminháveis. A eletrificação do transporte – o lado da oferta – é importante. Mas se você pensar apenas na eletrificação do veículo, está perdendo a oportunidade de eficiência.

Sua resenha fala sobre a necessidade de mudar para aquecimento e cozimento elétricos.

Por que isso é importante?

Há muita ênfase no aumento da eficiência de dispositivos e sistemas para reduzir essas grandes fontes de uso de energia e, portanto, emissões – aquecimento, transporte e culinária. Mas para chegar ao zero líquido, você também precisa mudar a maneira como fornece aquecimento, transporte e cozimento.

E na maioria das cidades, aquecimento e cozimento envolvem o uso direto de combustíveis fósseis.

Por exemplo, o aquecimento da casa

é uma grande coisa em climas frios. Neste momento, usamos gás natural ou óleo combustível para aquecimento nos EUA, o que é um problema porque são combustíveis fósseis que liberam gases de efeito estufa quando são queimados. Com muitas concessionárias de energia elétrica se comprometendo a reduzir as emissões da geração de energia para quase zero, as cidades poderiam eletrificar o aquecimento para que o sistema de aquecimento ficasse livre de emissões de gases de efeito estufa.

Cozinhar é outra. Algumas cidades nos EUA, como Nova York e outras na Califórnia, adotaram políticas que restringem a infraestrutura de gás natural para cozinhar em novos prédios públicos e empreendimentos de bairro promovendo assim o cozimento elétrico. O cozimento eletrizante permite que ele seja livre de emissões de carbono se a fonte da eletricidade for líquida de emissão zero.

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Uber elétrico

Muitas estratégias exigem mudança de comportamento dos cidadãos e dos setores público e privado – como passar de veículos movidos a gasolina para veículos de baixa emissão e transporte público. Como as cidades podem incentivar tais comportamentos?

As cidades podem oferecer estacionamento gratuito para veículos elétricos. Para locais que são muito populares, eles oferecem carregamento de veículos elétricos e estacionamento bem na frente. Mas, mais do que veículos particulares, as cidades têm influência sobre veículos públicos e frotas de táxis. Muitas cidades estão se concentrando em mudar seus ônibus para elétricos.

Na Austrália, Canberra está a caminho de converter toda a sua frota de transporte público em ônibus elétricos. Isso conscientiza as pessoas, porque a falta de ruído e a falta de poluição é muito perceptível, e benéfica.

O governo indiano também está oferecendo subsídios para patinetes elétricos. E algumas cidades ao redor do mundo estão permitindo que os táxis verdes cheguem ao início da fila. Outro incentivo são os subsídios: os EUA estavam oferecendo créditos fiscais para a compra de carros elétricos, por exemplo, e algumas empresas subsidiam caronas, caminhadas ou transporte público.

Em Princeton, se eu não dirigir até o campus, recebo algum dinheiro de volta. O principal é reduzir a mobilidade motorizada privada, fazer com que os ônibus sejam elétricos e levar as pessoas a uma mobilidade ativa – a pé, de bicicleta – ou transporte público.

As cidades que se esforçam para descarbonizar profundamente e alcançar o zero líquido terão que adotar três grandes estratégias em paralelo, dizem os estudiosos. Eles devem reduzir a demanda por energia, mudar para fontes de energia verde e criar maneiras (como o plantio de árvores) para absorver o dióxido de carbono da atmosfera. (*Valorização do carbono: a reutilização química do carbono em ambientes industriais).

Quão bem as cidades estão lidando com a mudança para o zero líquido?

As cidades estão fazendo planos em prontidão. Na cidade de Nova York, como mencionei, as habitações públicas recém-construídas terão cozimento elétrico e muitas cidades da Califórnia adotaram políticas semelhantes para o cozimento elétrico.

Em termos de mobilidade, a Califórnia tem um dos maiores proprietários de veículos elétricos do mundo. Na Índia, a Ola, uma empresa de táxi semelhante à Uber, prometeu eletrificar sua frota. O governo indiano estabeleceu metas para eletrificar seu setor de veículos, mas as cidades precisam pensar em onde colocar estações de recarga. Muitas cidades têm feito transições de baixo carbono, com sucesso misto. Baixo carbono significa reduzir o carbono em 10 a 20 por cento.

A maioria deles se concentra inteiramente em eficiência e conservação de energia e contará com a descarbonização da rede, mas isso não é rápido o suficiente para chegar a zero líquido em 2050. Mostrei em um de meus artigos que, mesmo no melhor dos casos, as cidades reduziriam emissões de carbono em cerca de 1% ao ano. O que não é ruim, mas em 45 anos, você obtém uma redução de cerca de 45% e precisa de mais de 80% para chegar a zero líquido.

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A cidade de Copenhague, na Dinamarca, tem o objetivo de se tornar neutra em relação ao clima até 2025

Isso significa eliminar o uso de gás/ combustível fóssil em mobilidade, aquecimento e cozinha, e criar materiais de construção que não emitem carbono durante a fabricação ou podem até absorver ou armazenar carbono.

Essa é a mudança sistêmica que vai contribuir para chegar a zero líquido, que definimos em nosso documento de Revisão Anual de Meio Ambiente e Recursos como uma redução de pelo menos 80%. Os 20% restantes poderiam ser economizados por meio de estratégias para capturar e armazenar dióxido de carbono do ar, como o plantio de árvores, embora a persistência das árvores a longo prazo seja altamente incerta.

Eles até mediram a energia usada na criação de materiais de construção, que é outra coisa que a comunidade do net zero precisa pensar. Net zero não é apenas sobre o que acontece dentro de sua cidade. É também sobre o carbono incorporado em materiais que você traz para sua cidade e o que você exporta de sua cidade.

Denver estava monitorando quanto cimento estava sendo usado, quanto dióxido de carbono era necessário para produzir aquele cimento, chamado carbono incorporado; quais as emissões provenientes de carros, caminhões, SUVs e uso de energia em edifícios. Eles mediram tudo isso antes de fazer qualquer intervenção.

Denver vem cobrindo a maioria dos setores. Algumas cidades cobrem apenas transporte e uso de energia em edifícios, mas Denver realmente quantificou setores adicionais.

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Existem estudos de caso notáveis de cidades que você poderia discutir?
Denver reduzirá suas emissões em 80% até 2050

Reduzir a pegada de carbono de uma cidade envolve uma contabilidade repetida e detalhada das emissões de gases de efeito estufa de diferentes fontes, juntamente com o rastreamento das emissões antes e depois das intervenções, diz Anu Ramaswami.

Aqui são mostradas as emissões contadas em 2005 para a cidade de Denver. Uma contagem cuidadosa como essa permitiu que a cidade percebesse que precisaria dobrar suas intervenções. A cidade também fez um ótimo trabalho na transição de metas de baixo carbono (por exemplo, uma redução de 10% em um período de cinco anos) para metas de descarbonização profunda de reduzir as emissões em 80% até 2050. planejamento de carbono em 2010, eles contaram o impacto de várias ações em cada um desses setores para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 10% abaixo das linhas de base de 1990, por meio de medidas de eficiência de construção, eficiência energética e promoção do trânsito, e foram bem-sucedidos em atingir suas metas iniciais.

Denver também é um bom exemplo de como acompanhar as intervenções e mostrar que atingiu seus objetivos. Se a cidade fazia uma campanha de eficiência energética, ela registrava quantas casas foram alcançadas e que tipo de mitigação aconteceu como resultado.

Mas eles perceberam que nunca chegariam a zero líquido porque, embora a eficiência e a conservação reduzam o uso de gás para aquecimento e o uso de gasolina para viagens, isso não pode levá-los a zero. Então, em 2018, eles decidiram que agora farão mais mudanças sistêmicas para tentar reduzir as emissões em 80% até 2050 e monitorá-las da mesma maneira.

Isso inclui mudanças sistêmicas para aquecimento por meio de bombas de calor elétricas e mudança para carros elétricos à medida que a rede elétrica também descarboniza.Então, está contando as atividades novamente: quantos veículos elétricos existem? Quantas bombas de calor você está colocando nas casas que podem ser movidas por eletricidade em vez de queima de gás? Quantas pessoas adotam essas medidas? Qual o impacto da adoção?

O que você está dizendo é que essa contabilidade antes e depois de uma intervenção ser imple- mentada é muito importante. É muito desafiador para as cidades fazer esse tipo de contabilidade?

É como um hábito institucional – como ir ao médico para um check-up a cada dois anos ou algo assim. Alguém na cidade tem que ser encarregado de fazer a contagem e, muitas vezes, acho que isso simplesmente sai do radar. Isso era o que era bom em Denver – e trabalhamos com eles, demos a eles uma planilha para rastrear todas essas atividades.

Embora poucas cidades tenham feito antes e depois, Denver não é a única. Há outras 15 cidades apresentadas pelo ICLEI, uma organização que trabalha com cidades para fazer a transição para a energia verde. Trabalhei com o ICLEI-EUA para desenvolver protocolos sobre como relatar e medir as emissões de carbono.

Uma das questões-chave é: Quais setores estamos rastreando e descarbonizando? Como mencionei no início, a maioria das cidades concorda em lidar com o uso de energia em operações de transporte e construção e as emissões de gases de efeito estufa do gerenciamento de resíduos e águas residuais.

O ICLEI tem sido líder no desenvolvimento de protocolos contábeis, mas cidades e pesquisadores estão percebendo que as cidades podem fazer mais para lidar com materiais de construção – por exemplo, influenciando a escolha entre cimento e madeira, que pode até armazenar carbono nas cidades a longo prazo. Participo do comitê consultivo do ICLEI-EUA para atualizar os protocolos de medição de emissões de carbono das cidades e recomendo que as cidades também considerem o carbono incorporado em materiais de construção e alimentos, para que possam agir também nesses setores.Mas ainda não temos as ferramentas certas para quantificar todos os principais setores e todos os caminhos para o líquido zero com os quais uma cidade pode contribuir. Esse é o próximo passo na pesquisa: maneiras de quantificar todas essas coisas, para uma cidade. Estamos desenvolvendo essas ferramentas em uma calculadora de carbono zero para cidades.

(*) Jornalista em Bangalore, Índia, escrevendo sobre meio ambiente, mudanças climáticas, conservação e ciência.

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Com o objetivo de descarbonizar o grande estoque de edifícios da cidade até 2050 ICLEI, uma organização que trabalha com cidades para fazer a transição para a energia verde
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As alterações climáticas e a ameaça à Civilização

Em um discurso sobre as mudanças climáticas de 4 de abril deste ano, o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou “as promessas vazias que nos colocam no caminho de um mundo inabitável” e alertou que “estamos no caminho mais rápido para o desastre climático”. Embora duras, as declarações de Guterres não eram novidade. Guterres fez comentários semelhantes em ocasiões anteriores, assim como outras figuras públicas, incluindo Sir David Attenborough, que alertou em 2018 que a inação sobre as mudanças climáticas poderia levar ao “colapso de nossas civilizações”. Em seu artigo, “World Scientists’ Warning of a Climate Emergency 2021” – que agora tem mais de 14.700 signatários de 158 países – William J. Ripple e colegas afirmam que as mudanças climáticas podem “causar interrupções significativas nos ecossistemas, sociedade e economias, potencialmente tornando grandes áreas da Terra inabitáveis”

Como a civilização não pode existir em lugares inabitáveis ou inabitáveis, todos os avisos acima podem ser entendidos como afirmando o potencial da mudança climática antropogênica para causar o colapso da civilização (ou “colapso climático”) em maior ou menor grau. No entanto, apesar de discutir muitos impactos adversos, a literatura científica do clima, sintetizada, por exemplo, pelos relatórios de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), tem pouco a dizer sobre se ou sob quais condições as mudanças climáticas podem ameaçar a civilização. Embora exista um corpo de pesquisa científica sobre casos históricos e arqueológicos de colapso, as discussões sobre os mecanismos pelos quais as mudanças climáticas podem causar o colapso das civilizações atuais têm sido principalmente o domínio de jornalistas, filósofos, romancistas e cineastas. Acreditamos que isso deve mudar.

Aqui apelamos para o tratamento dos mecanismos e incertezas associados ao colapso climático como um tópico criticamente importante para a investigação científica. Fazer isso requer esclarecer o que significa “colapso de civilização” e explicar como ele se conecta a tópicos abordados na ciência do clima, como o aumento dos riscos de eventos climáticos extremos de início rápido e lento. Esse tipo de informação, afirmamos, é crucial para o público e para os formuladores de políticas, para quem o colapso climático pode ser uma preocupação séria.

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As consequências das mudanças climáticas provavelmente serão terríveis – e, em alguns cenários, catastróficas. Os estudiosos precisam começar a discutir os mecanismos pelos quais as mudanças climáticas podem causar o colapso real das civilizações As mudanças climáticas podem causar o colapso das civilizações atuais Texto *Daniel Steel, C. Tyler DesRoches e Kian Mintz-Woo Fotos Flickr/Spencer, Jeff Vanuga/Getty, Reuters, Unnsplash, Wikipedia

Nossa análise se baseia nas pesquisas mais recentes, incluindo Kemp et al. ‘s PNAS Perspective, que chamou a atenção para a importância de explorar cientificamente as maneiras pelas quais os resultados climáticos podem impactar sistemas socioeconômicos complexos.

Vamos mais longe ao fornecer mais detalhes sobre o colapso social, por exemplo, distinguindo três cenários progressivamente mais graves. Além disso, enfatizamos evitar o viés de condenação e recomendamos estudar os mecanismos de colapso em conjunto com adaptação e resiliência bem-sucedidas, vendo-os como dois lados da mesma moeda.

Cenários de Recolher

Definimos o colapso da civilização como a perda da capacidade da sociedade de manter as funções essenciais de governança, especialmente a manutenção da segurança, o estado de direito e o fornecimento de necessidades básicas, como comida e água. O colapso da civilização nesse sentido pode estar associado a conflitos civis, violência e escassez generalizada e, portanto, ter efeitos extremamente adversos no bem-estar humano.

Esses colapsos podem ser de escopo mais amplo ou mais restrito, por isso consideramos três cenários representativos. Além disso, enfatizamos evitar o viés de condenação e recomendamos estudar os mecanismos de colapso em conjunto com adaptação e resiliência bem-sucedidas, vendo-os como dois lados da mesma moeda. No primeiro, a mudança climática causa colapso em locais específicos e vulneráveis, enquanto a civilização em outros lugares é amplamente capaz de se adaptar aos impactos climáticos. Chame isso de colapso local.

A guerra civil síria foi sugerida como um exemplo de colapso climático em escala local. Simulações de modelo indicam que o tipo de seca implicado na guerra era duas vezes mais provável de acontecer devido às mudanças climáticas antropogênicas. Este exemplo ilustra que o colapso climático não precisa ser determinado apenas por fatores ambientais: outras causas, como conflito político preexistente e governo incompetente, podem ser cruciais. O exemplo também ilustra as terríveis consequências para o bem-estar humano que o colapso pode ter e que os colapsos locais podem contribuir para a instabilidade política em lugares não colapsados, como ilustrado pelo crescente populismo de direita na Europa em resposta ao influxo de refugiados sírios.

Em nosso segundo cenário, os colapsos urbanos e, às vezes, até nacionais são generalizados, mas alguns grandes centros urbanos e governos nacionais ainda existem.

Esses centros existentes sofrem impactos climáticos negativos, como escassez persistente de água e alimentos. Em seu livro que discute a ética e a política de um mundo pós-apocalíptico em potencial, o filósofo Tim Mulgan se refere a esse tipo de cenário como o mundo quebrado; adotamos seu rótulo aqui. O mundo quebrado difere do colapso local em seu escopo mais amplo e no funcionamento prejudicado em todo o mundo de lugares não colapsados. Preocupações de que as mudanças climáticas possam tornar “grandes áreas da Terra inabitáveis” sugerem um resultado pelo menos tão ruim quanto o mundo quebrado. Em nosso terceiro cenário, que chamamos de colapso global, todas as grandes áreas urbanas em todo o mundo estão virtualmente abandonadas, os estados-nação em funcionamento não existem mais e a população mundial sofre um declínio significativo. Essa situação catastrófica é talvez o que a frase “colapso da civilização” evoca para a maioria das pessoas.

Colapso da civilização é a perda da capacidade da sociedade de manter as funções essenciais de governança
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No entanto, é útil ver o colapso global como uma extensão do mundo quebrado, em que os estados e centros urbanos restantes que não entraram em colapso, que então se tornaram altamente vulneráveis, são empurrados para o limite por mais impactos climáticos. O colapso climático, então, pode não ser um evento abrupto, mas sim um processo extenso que começa pequeno e se desenvolve ao longo de um século ou mais.

Representar o colapso climático como um processo extenso aumenta as complexidades éticas e científicas. Do lado ético, alguns lugares estão em risco mais iminente de colapso do que outros. Assim, o que é considerado uma mudança climática catastrófica pode diferir de acordo com a localização. Por exemplo, as Maldivas podem ver o aumento médio da temperatura global de 1,5°C como um risco de colapso intolerável, enquanto o Canadá não. Assim, embora o colapso climático possa ameaçar uma catástrofe global compartilhada, pode criar questões éticas difíceis sobre como equilibrar interesses conflitantes.

Do lado científico, os casos de colapso estudados por historiadores e arqueólogos foram locais, enquanto cenários de colapso climático mais severos, como o mundo quebrado ou o colapso global, seriam fenômenos mundiais. Consequentemente,

Mecanismos de Recolhimento

Os cenários descritos acima não são previsões. Uma importante questão inicial é se existem mecanismos plausíveis pelos quais cenários como o mundo quebrado ou o colapso global podem ocorrer e, em caso afirmativo, o que pode ser feito para neutralizá-los. Vários mecanismos que podem causar colapso global ou um mundo quebrado foram discutidos. Nós os agrupamos em três tipos: impactos diretos, feedbacks socioclimáticos e vulnerabilidade a choques exógenos.

Mecanismos de impacto direto levantam a hipótese de que impactos climáticos severos e compostos – elevação do nível do mar, seca, inundações, calor extremo e assim por diante – podem minar a agricultura, a disponibilidade de água e outras bases essenciais da civilização. Esses mecanismos geralmente envolvem feedbacks climáticos ou pontos de inflexão nos quais, por exemplo, um aumento da temperatura global de 2°C desencadeia o colapso rápido e irreversível das camadas de gelo da Antártida, liberações de metano do permafrost ou morte das florestas.

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Aumento da temperatura global de 2°C desencadeia o colapso rápido e irreversível das camadas de gelo da Antártida Vulnerabilidade a choques exógenos

Em contraste, os mecanismos de feedback socioclimático propõem que os impactos adversos das mudanças climáticas, especialmente na produção de alimentos, podem causar conflitos e disfunções políticas que prejudicam a capacidade de adaptação ao mesmo tempo em que levam a ações, como proibições à exportação de alimentos ou guerras, que espalham a desestabilização e aceleram colapso.

Por fim, os mecanismos de vulnerabilidade a choques exógenos sugerem que as mudanças climáticas podem enfraquecer as capacidades adaptativas por meio de processos descritos nos dois primeiros tipos de mecanismos, deixando a sociedade global vulnerável ao colapso desencadeado por outros tipos de choques, como guerras ou pandemias.

Pesquisas históricas e arqueológicas sugerem que colapsos sociais passados raramente foram o resultado de perturbações climáticas diretas, mas foram mais comumente atribuídos a uma combinação de estressores.

No entanto, isso não significa que o risco de colapso climático seja exagerado. Ao contrário, sugere que o colapso pode resultar de impactos climáticos aos quais a civilização global pode ter se adaptado. Essa é, de fato, a mensagem dos mecanismos de feedback socioclimático e vulnerabilidade de choque exógeno: o risco para a civilização não é apenas dos impactos climáticos diretos, mas sim dos impactos que ocorrem em conjunto com feedbacks sociais disfuncionais e outros fatores desestabilizadores.

Finalmente, a raridade do colapso como resultado direto de mudanças climáticas no passado pode ser um mau guia para um futuro fora do clima estável do Holoceno médio.

As conexões profundas entre os mecanismos de colapso climático e a literatura científica sobre aspectos sociais, econômicos e políticos das mudanças climáticas são bastante limitadas. Além disso, discussões sobre feedbacks socioclimáticos e mecanismos de vulnerabilidade a choques exógenos tendem a se concentrar em riscos de colapso sem considerar casos históricos de adaptação bem-sucedida a desafios ambientais de magnitude semelhante a alguns impactos climáticos potenciais.

Casos de elevação do nível do mar relativo devido à subsidência, por exemplo, muitas vezes não resultaram no abandono de centros urbanos, mas na construção de grandes defesas marítimas e na extensão das costas. Da mesma forma, discussões sobre mecanismos de colapso raramente discutem fatores econômicos, especialmente custos decrescentes de energia eólica e solar, que podem fornecer incentivos para uma rápida transição para longe dos combustíveis fósseis. Diante do exposto, oferecemos duas recomendações sobre como a pesquisa sobre o risco de colapso climático pode prosseguir de forma mais frutífera. Em primeiro lugar, sugerimos que mais esforços científicos sejam dedicados ao estudo de feedback socioclimático e mecanismos de colapso climático de vulnerabilidade a choques exógenos.

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Futuro fora do clima estável do Holoceno médio Especialistas estimam que as emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem precisam ser cortadas pela metade até o final da década e eliminadas até a metade do século, a fim de manter o aquecimento abaixo de 2 graus até 2100

Entre outras coisas, isso envolve maior atenção aos caminhos pelos quais os impactos climáticos diretos podem interagir com fatores sociais, econômicos e políticos para ameaçar o colapso da sociedade. Em segundo lugar, os mecanismos de colapso devem ser sistematicamente examinados em conjunto com os processos causais envolvidos na adaptação bem-sucedida aos desafios ambientais, bem como forças econômicas e políticas que podem impulsionar uma transição verde. Consideração da complexa interação de fatores sociais, ambientais. O desafio é trazer o estudo dos mecanismos que podem causar o colapso da civilização atual a esse padrão de rigor científico.

Riscos sérios?

Alguns podem objetar que níveis de aquecimento capazes de produzir cenários de colapso severo, como o mundo quebrado ou o colapso global, não merecem consideração séria. Por exemplo, alguns argumentam que os cenários de emissões de alto nível considerados pelo IPCC pressupõem aumentos no uso de carvão ao longo do século 21 que são implausíveis, dados os custos decrescentes das energias renováveis.

E um artigo publicado recentemente na Nature conclui que as atuais promessas climáticas, se todos forem totalmente implementadas dentro do cronograma, podem manter o aquecimento global abaixo de 2°C.

Embora os custos decrescentes das energias renováveis e as promessas de neutralidade de carbono sejam sinais bem-vindos, achamos que é muito cedo para deixar de lado as preocupações sobre o mundo quebrado ou o colapso global. Ambas as vias de alta emissão consideradas no relatório mais recente do Grupo de Trabalho I do IPCC contêm aumentos de 4°C na faixa “muito provável” de 2081 a 2100, um nível de aquecimento que muitos cientistas consideram uma ameaça significativa para civilização. Além disso, a experiência passada sugere que as promessas climáticas podem não se traduzir em políticas efetivas e oportunas e, sem esforços conjuntos dos governos, não há certeza de que as forças do mercado levarão a uma eliminação gradual dos combustíveis fósseis com rapidez suficiente para evitar o colapso climático.

Os mercados de energia são muitas vezes difíceis de prever, como ilustra o ressurgimento do uso de carvão para um recorde histórico em 2021. Enquanto isso, o caminho mais alto de concentração de gases de efeito estufa do IPCC, RCP 8.5, permanece próximo das observações e pode permanecer assim se os ciclos de feedback negativo, como as emissões do derretimento do permafrost e a morte das florestas, ocorrerem mais cedo do que o esperado.

Finalmente, os cenários de baixa emissão considerados pelo IPCC envolvem mais do que uma eliminação progressiva dos combustíveis fósseis: eles também assumem emissões negativas sustentadas a partir de meados do século que podem não ser tecnologicamente ou economicamente viáveis.

Uma avaliação sóbria do risco de colapso climático e dos caminhos pelos quais ele pode ser mantido sob controle, sugerimos, pode ajudar a acalmar os nervos e estimular a ação.

Não há, em suma, nenhuma base sólida no momento para descartar o mundo quebrado e o colapso global como muito improváveis para merecer uma consideração séria. Dada a importância moral e prática desses cenários, acreditamos que a ciência deve se esforçar para aprender mais sobre os mecanismos que podem levar a eles. Como um tema de preocupação urgente para a humanidade, o risco de

colapso climático exige uma investigação científica cuidadosa. E pesquisas sobre tópicos intimamente relacionados – como casos passados de colapso, limites à adaptação e risco sistêmico – tornam difícil argumentar que o colapso climático é impossível de estudar cientificamente. Ainda assim, alguns podem se preocupar que a busca de estudos científicos sobre o colapso climático cause ansiedade e incentive o desengajamento emocional da ação sobre as mudanças climáticas.

Nós discordamos. Alertas sobre o colapso climático emitidos por cientistas e figuras públicas cientificamente informadas já estão presentes no discurso público, enquanto dados de pesquisas sugerem que as mudanças climáticas são uma fonte de preocupação e ansiedade pública generalizada. Contra esse pano de fundo, o estudo científico cuidadoso do colapso climático pode funcionar como um contrapeso às discussões sobre o colapso climático que são sensacionalistas ou tendenciosas para pressagiar a desgraça. E, dependendo dos resultados da pesquisa, pode servir de refutação aos céticos que se recusam a levar a sério a possibilidade de um colapso climático. Uma avaliação sóbria do risco de colapso climático e dos caminhos pelos quais ele pode ser mantido sob controle, sugerimos, pode ajudar a acalmar os nervos e estimular a ação.

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Emissões do derretimento do permafrost na região ártica de Svalbard, Noruega.
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