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Ano 3 Número 10 2008

R$ 10,00 € 4,00

PETROBRAS AMBIENTAL PRÊMIO BRASILEIRO IMORTAL A PESCA NA AMAZÔNIA CAVALO MARAJOARA RITUAL KUARUP

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PETROBRAS AMBIENTAL A nova etapa do Programa Petrobras Ambiental foi lançada pela Companhia, em solenidade com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; do presidente da Companhia, José Sergio Gabrielli de Azevedo; da secretária do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Marilene Ramos, e da diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano,NiédeGuidon,entreoutros...

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A VALE, A ALUNORTE E O PARÁ Com a inauguração da 3ª expansão, a Alunorte passou a ser a maior refinaria de alumina do mundo. Está localizada no município de Barcarena, no Estado do Pará, detentor de gigantesca reserva de bauxita. O presidente da Vale já está pensando na duplicação da Albras, depende principalmente emconseguiraumentaraofertaeproduçãodeenergia,paratal...

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II FÓRUM DE GOVERNADORES DA AMAZÔNIA LEGAL

Expediente

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PUBLICAÇÃO Periodo (Agosto/Setembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn

A segunda reunião do Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizada em Cuiabá, capital do Mato Grosso, resultou na criação de um conselho de governadores da região e na elaboraçãodeumaagendaprioritáriacontendo15itens...

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PRÊMIO BRASILEIRO IMORTAL E O ACORDO MMA/VALE

COMERCIAL Alberto Rocha Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Camillo Martins Vianna, Lázaro Ramos, Maria Lucia Moraes, Mauro Luis Ruffino,

A Vale e o Ministério do Meio Ambiente escolheram a Academia Brasileira de Letras (ABL), noRiodeJaneiro,queabriganomeseternos,paralançaroprêmio"BrasileiroImortal"...

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PIATAM OCEANO FIXA NOVO MARCO DO SABER SOBRE A AMAZÔNIA ATLÂNTICA

FOTOGRAFIAS Arquivo Ibama, MPEG, Piatam, Vale, UFPA, André François, Cláudio Ferreira / Agência Petrobras, Edvaldo Ferreira, Edmilson Aguiar, Edson Rodrigues/Secom MT, Elcimar Neves,Emily Holmes, Flávia Aguiar, Jefferson Rudy/MMA, Herminio Lacerd de Lima, Lara Lages, Maria Lucia Morais, Mario Vilela/Funai, Martins Garcia/MMA,Prof. Brasil, Rodolfo Oliveira

Apresentando resultados de dois anos de ações do projeto, workshop definiu bases e apontafuturodapesquisaoceânicanamargemequatorialbrasileira...

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A PESCA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA A pesca é uma das atividades mais importantes no Brasil do ponto de vista econômico e social. Aproximadamente 1 milhão toneladas de peixes são produzidos anualmente, sendo 50,2% oriunda da pesca marinha, 24 % da pesca de águas continentais e os restantes 25,9%daaqüicultura(marinhaecontinental)(IBAMA,2008)...

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CAPA Em comunidades das ilhas de Belém Foto: CARLOS MOIOLI

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro

A ILHA DE MARAJÓ, O CAVALO MARAJOARA E O MINI PURUCA

ANATEC

A Ilha de Marajó, uma das ilhas que compõem o arquipélago do Marajó, é a maior ilha flúviomarinha do mundo, com uma área de 49.606 km2 e apresentando uma grande diversidade de ecossistemas...

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RITUAL KUARUP NA ALDEIA YAWALAPITI ÉfinaldaestaçãodaschuvasemMatoGrosso.ÉépocadosíndiosdoAltoXinguhomenagear os seus mortos. É hora do Kuarup, importante ritual realizado pelos índios Yawalapiti, Aweti, Kalapalo, Kamayurá, Kuikuro, Mehinako,Trumai, eWaurá, que habitam a Região Sul doParqueIndígenadoXingu,conhecidacomoAltoXingu...

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A AMAZÔNIA INVADE NOVA YORK, COM ESTILO Até 13 de julho, um pedacinho da Floresta Amazônica vai enfeitar a Big Apple. A exposição Amazônia Brasil New York City 2008 começou desde dia 17 de abril e segue nos próximos mesesem11espaçosdametrópoleamericana...

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ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

Emais

Usina Hidrelétrica de Belo Monte (p.16) Base cartográfica da Amazônia Legal em escala 1:100.000 (p.24) Amazônia, ecossistemas, desmatamento, UC's ... (p.26) Repressão ao crime ambiental na Amazônia (p.28) Guardiões da Amazônia (p. 30) A Floresta Nacional Saracá-Taquera (p.34) Testemunhas da História (p.36) Biomassa na Amazônia (p.38) Fórum Social Mundial na Amazônia (p.56) No Fórum Global Humanitário: quem polui mais deve pagar mais (p.58) Dia Mundial da Alimentação (p.76) Antes tarde do que nunca (p.78) Wonderland. O país das maravilhas: o começo de algo extraordinário( p.80)

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nova etapa do Programa Petrobras Ambiental foi lançada pela Companhia, em solenidade com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; do presidente da Companhia, José Sergio Gabrielli de Azevedo; da secretária do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Marilene Ramos, e da diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano, Niéde Guidon, entre outros. O evento lançou o Programa para o período 2008–2012, com a destinação de R$ 500 milhões a ações estratégicas, que incluem patrocínios, fortalecimento das organizações ambientais e suas redes e disseminação de informações sobre o desenvolvimento sustentável. O Programa Petrobras Ambiental 2008-2012 tem como tema “Água e clima: Contribuições para o desenvolvimento sustentável”, o que representa uma ampliação em relação à fase anterior, cuja temática abrangia a água e sua biodiversidade. A mudança teve como objetivo adequar o programa ao cenário ambiental atual e previsto para os próximos anos. A seleção pública 2008, que contemplará os projetos a serem patrocinados até 2010, já está com inscrições abertas pela internet (www.petrobras.com.br) e destinará R$ 60 milhões às iniciativas. “Com o Programa Petrobras Ambiental, estamos celebrando o incentivo à criatividade e à defesa da vida. Acredito na conjunção de fatores como educação ambiental, consumo consciente, tecnologia, acordos com as cadeias produtivas e investimentos”, afirmou o ministroCarlosMinc. O presidente Gabrielli destacou o caráter estruturante do Programa, que, ao utilizar o sistema de seleção pública e estabelecer indicadores e metas, contribui para que as instituições interessadas se organizem. “Para concorrer aos recursos, às organizações da sociedade civil terão que se estruturar e ser eficientes na gestão desses recursos, buscando a sustentabilidade dos projetos”, disse. Na solenidade, representantes de órgãos do governo, Minc: Com o Programa Petrobras Ambiental, estamos celebrando o incentivo à criatividade e à defesa da vida

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José Sergio Gabrielli de Azevedo: “Para concorrer aos recursos, às organizações da sociedade civil terão que se estruturar e ser eficientes na gestão desses recursos, buscando a sustentabilidade dos projetos”

PETROBRAS AMBIENTAL “Água e clima: Contribuições para o desenvolvimento sustentável” Fotos Cláudio Ferreira / Agência Petrobras

organizações não-governamentais e entidades do terceiro setor assistiram à apresentação feita pelo gerente de comunicação institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, e pelo gerente de responsabilidade social, Luís Fernando Nery, que apresentaram as diretrizes e metas previstas para execução da seleção públicadaempresa Wilson Santarosa, afirmou que “o Programa Petrobras Ambiental representa a contribuição da Companhia para a construção de uma agenda ambiental brasileira e confirma o empenho da Petrobras em contribuir para a implementação do desenvolvimento sustentável, a partir do enfoque integrado dos processos produtivos e domeioambiente”. Luis Fernando Maia Nery, enfatizou que“a característica determinante do Programa Petrobras Ambiental é a

ação voluntária. Esses investimentos independem das obrigaçõesprevistasnalegislação”.

Ações estratégicas São três as linhas de atuação do Programa Petrobras Ambiental2008-2012: * Gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos, com ações voltadas para reversão de processos de degradação dos recursos hídricos e promoção e práticas deusoracionaldessesrecursos; * Recuperação ou conservação de espécies e ambientes costeiros,marinhosedeáguadoce; * Fixação de carbono e emissões evitadas, com base na recuperação de áreas degradadas, reconversão produtivaeconservaçãodeflorestaseáreasnaturais.

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Pré-Sal

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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu cautela nas discussões sobre as novas regras envolvendo a atividade de exploração e produção de petróleo e gás no país. Ele defendeu também a necessidade de que a Petrobras venha a ser fortalecida neste momento em que se discutem novas regras do setor de petróleo e gás natural no país, em decorrência da descoberta das megareservasdopré-sal. “Eu acho que a Petrobras não tem que ser enfraquecida, ela tem é que ser fortalecida. A empresa representa, no fundo, uma luta de muitas gerações e agora é necessário ampliar o seu escopo”, fortalecer a Petrobras é também fortalecer o país.“Eu tenho uma idéia muito clara disto e eu acho que qualquer tentativa de diminuir o escopo da área de atuação da Petrobras seguramente tem que ser repensado com muita cautela. Não se pode ir com muita sedeaopote.” No lançamento da nova etapa do Programa Petrobras Ambiental

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Em Tupi foram estimadas reservas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris

Artesanato projeto peixe-boi

Programa Petrobras Ambiental destinará R$ 500 milhões a ações no período 2008-2012

Atividade do Projeto Água em Unidade de Conservação

Gabrielli, disse que é necessário aprovar um marco regulatório para a exploração na região do pré-sal, até porque, certamente, a nova área precisará de novos investidores. Gabrielli não adiantou o volume de recursos que será necessário para explorar os campos já descobertos pela Petrobras, na região do pré-sal, mas afirmou que a estatal tem condições de fazer os investimentos necessários para explorar e produzir, não só na área de Tupi, mas também nas outras áreas sob concessão da empresanaregião. Até agora, há três campos confirmados com reservas no pré-sal,Tupi,JúpitereCarioca. "Temos alguns poços perfurados, alguns volumes apenas emTupi, onde foram estimadas reservas entre 5 bilhõese8bilhõesdebarris.

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A VALE, A ALUNORTE E O PARÁ

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Alunorte

Cada vez maior, cada dia melhor.

Fotos Eliseu Dias, Lucivaldo Sena e Rodolfo Oliveira/Ag Pa

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om a inauguração da 3ª expansão, a Alunorte passou a ser a maior refinaria de alumina do mundo. Está localizada no município de Barcarena, no Estado do Pará, detentor de gigantesca reserva de bauxita. O presidente da Vale já está pensando na duplicação da Albras, depende principalmente em conseguir aumentar a oferta e produçãodeenergia,paratal. Roger Agnelli adiantou, que a mineradora estuda com a Norsk Hydro a construção de uma nova unidade de alumina, que receberia o nome de Companhia de Alumina do Pará (CAP). O empreendimento tem investimento inicial previsto em US$ 1,795 bilhão e produziria7,4milhõesdetoneladasdoprodutoporano.

Para a posteridade, a inauguração da expansão da ALUNORTE

Refinaria localizada no município de Barcarena – Pará, às margens sul do Rio Pará, a 40Km de Belém

Localização da usina, fluxo de produtos e insumos Carvão Coqueria

Hidrovia do Tocantins

Coque

Bobinas e Chapas Estrada de Ferro Carajás

Minério de Ferro

Usina Siderúrgica Ferrovia Norte-Sul

UmareuniãocomopresidenteLuizInácioLuladaSilva,a governadoraAnaJúliaCarepaeaministra-chefedaCasa Civil, Dilma Roussef, selou o compromisso da Vale em antecipar em um ano, para 2012, a inauguração da fase inicial da nova siderúrgica do Pará, que será implantada nomunicípiodeMarabá,nosudesteparaense. Para isso, os governos federal e estadual se comprometeram a acelerar as obras de infra-estrutura necessárias para a viabilização do empreendimento, como as eclusas deTucuruí, a ampliação do Porto deVila do Conde e aceleração das licenças ambientais necessáriasaimplantaçãodoempreendimento. O anúncio da antecipação foi feito pelo presidente da Vale, Roger Agnelli durante inauguração de mais duas linhas de produção da Alumina do Norte Brasil S/A (Alunorte), localizada no município de Barcarena. N a o c a s i ã o Ag n e l l i anunciou ainda que até 2012 a Vale vai investir R$ 59 bilhões, dos quais R$ 20,1 bilhões no Pará em projetos de minério de ferro, bauxita, alumina, cobre, níquel, logística e geraçãodeenergia. A governadora Ana Júlia Carepa destacou que a instalação da siderúrgica

Luiz Inácio Lula da Silva, Ana Júlia Carepa, Dilma Roussef, e Roger Agnelli no momento da assinatura do acordo da antecipação

no Pará é um sonho acalantado por todos os paraenses desde que a atividade minerária iniciou no Estado. A governadora considera que o anúncio desse empreendimento é um dos mais importantes desde que elafoieleita. Durante o evento, ela anunciou que o governo do Estado vai aplicar R$ 8 milhões na revitalização do Distrito Industrial de Marabá, a fim de atrair novos investimentosparaaregião.

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Usina Termelétrica de Barcarena Com investimento total de US$ 898 milhões e geração de 5 mil empregos na fase de construção, a Usina Termelétrica a carvão mineral que a Vale pretende construir em Barcarena terá potência instalada de 600 MW.AValenãoterácomoobjetivovenderaomercadoe, sim, o de gerar energia para os seus projetos. Porém, com energia disponível, outras atividades produtivas poderão se instalar na região, propiciando um ciclo virtuoso de geração de empregos e renda. O desenvolvimento regional depende de grandes investimentosnaáreadeenergia.

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Vale Florestar

Durante o evento a Vale anunciou outras iniciativas até 2012, que vão permitir a criação do pólo metal-mecânico e de uma base de produção industrial na região

Concebido para proteger e recuperar as florestas nativas do sudeste do Pará, combinando o plantio de espécies daregiãocomárvoresdeusoindustrial,oValeFlorestaré omaiorprojetoderecuperaçãoambientaljáimplantado na Amazônia. Iniciado em 2007, o programa receberá investimentos de US$ 300 milhões até 2015, dos quais US$ 60 milhões até o fim de 2008. A área total a ser beneficiada pelo programa é de 300 mil hectares. OVale Florestar já plantou mais de 11 milhões de mudas e recuperou 40 mil hectares, sendo 15 mil plantados com eucalipto e 25 mil destinados à revegetação de mata nativa da região. Entre próprios e terceirizados, 1.250 empregados estão trabalhando no programa.

Investimentos da VALE no Pará Projetos vão gerar mais de 21 mil empregos durante implantação e serão desenvolvidos em parceria com os Governos Federal e do Estado do Pará. AVale está anunciando ações para o Pará que, somadas aos investimentos já em curso no estado e aos que serão realizados pela empresa até 2012, representam forte incentivo ao desenvolvimento sustentável da região. As medidas vão permitir a criação do pólo metal-mecânico doParáedeumabasedeproduçãoindustrial.

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Roger Agnelli, presidente da Vale, anunciando nova refinaria de alumina

no estado. Na fase de operação, serão gerados cerca de 3.500 empregos diretos e outros 14 mil indiretos. A siderúrgica terá forte impacto positivo na economia do estado e na cadeia produtiva local, agregando valor ao minério e estimulando a criação de empresas na região para fornecerem insumos e produtos acabados. Esse investimento está em linha com a estratégia da Vale de fomentar o desenvolvimento do setor siderúrgico nacional, por meio de participações minoritárias em projetoscomoCSA(RJ),CSV(ES)eCSP(CE).

Centro de Tecnologia de Bauxita e Alumina Pioneiro nas Américas, o Centro receberá investimento de US$ 10 milhões e tem como objetivo aprofundar o conhecimento dos recursos e reservas de bauxita da Vale, além de desenvolver novas tecnologias para o processamento de minérios. Os investimentos previstos para toda a cadeia de alumínio da Vale no Pará são de US$755milhõesapenasesteano. Solenidade de inauguração da expansão da Alumina do Norte do Brasil – ALUNORTE

Aços Laminados do Pará SA 10

Com capacidade inicial de produção de 2,5 milhões de toneladas/ano, a Aços Laminados do Pará, a ser construída em Marabá, sudeste do estado, prevê a produção de bobinas laminadas a quente, chapas grossas e tarugos. O investimento será de aproximadamente US$ 3,3 bilhões na primeira fase. O projeto prevê expansão futura da usina para até 5 milhões de toneladas anuais. Na implantação da primeira fase do projeto, serão criados 16 mil empregos

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(Fapespa). O edital deste ano, cuja publicação acontecerá até outubro, contemplará 85 pesquisadores, com 25 bolsas de doutorado e 60 de mestrado. O investimentodaValenesteprojetoserádeR$10milhões (US$6,2milhões).

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As áreas a serem contempladas com bolsas de mestrado são:

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Dilma Rousseff, Ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, anunciou que o governo federal vai investir em infra-estrutura

Programa de Cooperação Vale-Cefet Com o objetivo de promover a educação técnica no Pará, a Vale e o Governo Federal fecharam uma parceria para modernização e expansão da unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica de Marabá. O valor do convênio é de R$ 2,2 milhões (US$ 1,4 milhão). Serão implantados cursos profissionalizantes de mecânica, eletro-mecânica e química. O Cefet irá disponibilizar profissionais especializados para ministrar os cursos, salas de aula e laboratórios para as atividades práticas.

Programa de Fomento à Educação Superior O maior programa de qualificação profissional de nível superior já implantado no Pará prevê a concessão de 400 bolsas de estudo, de mestrado e doutorado, até 2010. A concessão das bolsas se dará por meio do Programa de Fomento à Educação Superior do Pará, que busca qualificar e fixar docentes e pesquisadores no estado. Serão lançados três editais (2008, 2009 e 2010), em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência eTecnologia do Pará (Sedect) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará

· Engenharia - elétrica, química, mecânica, civil, de minas, de materiais, metalúrgica, de recursos naturais da Amazônia · Ciências exatas e naturais - geologia e geoquímica, geofísica, química · Multidisciplinar - desenvolvimento sustentável do trópico úmido

As áreas a serem contempladas com bolsas de doutorado são: · Engenharia - elétrica, química, mecânica, civil, de minas, de materiais e metalúrgica · Ciências exatas e naturais - geologia e geoquímica, geofísica, química, física, matemática e estatística, ciência da computação · Multidisciplinar - desenvolvimento sustentável do trópico úmido, ciências ambientais, gestão de recursos naturais e desenvolvimento local na Amazônia

Pará é foco para a Vale Até 2012, a Vale investirá US$ 59 bilhões em todo o mundo, sendo que 77% desse valor serão destinados a projetos no Brasil e 23% no exterior. O Pará receberá investimentos de US$ 20 bilhões, cerca de 34% do valor a n u n c i a d o p a ra investimento em todo o mundo. Dos

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadora Ana Júlia Carepa, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o presidente da Vale, Roger Agnelli, durante a reunião que selou o compromisso da Vale em antecipar a inauguração da fase inicial da nova siderúrgica do Pará, que será implantada no município de Marabá, no sudeste paraense

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A governadora Ana Júlia Carepa agradecendo a Lula e à Vale

62 mil empregos que a Vale irá criar em todos os países em que atua até 2012, 35 mil (mais de 56%) estarão no Pará. Em 2007, a Vale investiu US$ 4 bilhões no Pará. Em projetos ambientais, a empresa investiu US$ 110,2 milhões, valor 834% superior aos US$ 11,8 milhões investidos em 2006. E os investimentos irão crescer. Para 2008 a 2012, a empresa já anunciou um planejamento de investir US$ 2,8 bilhões em meio ambiente, em todos os países onde atua. Deste total, US$ 692,5 milhões serão destinados somente ao estado do Pará. Emprojetossociais,aValeplanejainvestirUS$1,4bilhão nos próximos cinco anos, em todos os países onde está presente. Somente em 2008, a Vale irá investir US$ 98 milhões em ações de responsabilidade social no Pará.

Província Mineral de Carajás

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Blairo Maggi e Mangabeira Unger 95

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II FÓRUM DE GOVERNADORES DA AMAZÔNIA LEGAL Governadores da Amazônia criam conselho e elegem prioridades Fotos Ednilsom Aguiar e Edson Rodrigues/ Secom - MT

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segunda reunião do Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizada em Cuiabá, capital do Mato Grosso, resultou na criação de um conselho de governadores da região e na elaboração de uma agenda prioritária contendo 15 itenscomtemasdecarátersocioeconômico. Foi encerrada com a leitura da Carta de Mato Grosso, que contém a agenda estabelecida pelos governadores dos nove estados da Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, RoraimaeTocantins. Dentre as prioridades da agenda constam a implantação ou implementação do Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE) e do macrozoneamento da Amazônia, que deverão ser alcançados por meio de cooperação

técnica e financeira entre os estados e a União. Outro item enfatizado diz respeito ao fortalecimento dos institutos de terras dos estados, a fim de acelerar a regularizaçãofundiária. O ministro Extraordinário de Assuntos de Longo Prazo, Mangabeira Unger, destacou que fazer a regulamentação fundiária na Amazônia é o passo inicial para o combate ao desmatamento e para a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável. Unger sinalizou que o Governo Federal vai apoiar o fortalecimento dos institutos de terras ou estruturas correlatas e já marcou para a próxima semana, em Brasília, uma reunião com representantes desses órgãos. O ministro também marcou para o próximo dia 25 de agosto a primeira reunião plenária do Comitê Gestor do

Plano Amazônia Sustentável (PAS), integrado pelos governadores, para discutir o conteúdo dos eixos de cadaregião.

UNIÃO DE FORÇAS 10

A governadora Ana Júlia Carepa destacou que o pacto federativo só será construído se os governos unirem suas forças. Ela defendeu que seja cobrado do Congresso Nacionalaaprovação,nareformatributária,deemendas que incluam um tratamento diferenciado à Amazônia quandoàrepartiçãodetributos. Ela justificou que o custo amazônico é muito mais alto, pelas distâncias e complexidade social, por isso precisa de um tratamento diferenciado. A governadora do Pará

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defendeu também o pagamento de serviços ambientais pelo benefício que a floresta presta à humanidade, para financiar a qualidade e o modo de vida de populações tradicionais e projetos que ajudem a manter a floresta. Anfitriãodoevento,ogovernadorBlairoMaggidisseque não é possível aceitar uma visão única da Amazônia, e defendeu que os governos participem das discussões, no âmbito federal, de decisões que envolvem a Amazônia. Maggi criticou a criação do Fundo Amazônico, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) no último dia 8 de agosto, no Rio de Janeiro, sem a presença de nenhum governador da Amazônia. "Nos sentimos agredidos quando percebemos que as coisas já aconteceram sem que tivéssemos sido consultados", declarouogovernador.

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A governadora Ana Júlia Carepa assinando a Carta de Mato Grosso

Governador de Rondônia Ivo Cassol

A II reunião do Fórum de Governadores da Amazônia Legal realizada em Cuiabá, capital do Mato Grosso

Governador do Acre Binho Marques

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, enviou uma carta aos governadores felicitando pelo evento, que foi lida por Blairo Maggi. A presença do ministro não constavadaagendadareuniãodeCuiabá. O governador do Amazonas, Eduardo Braga, anunciou que o seu Estado será sede da próxima reunião do Fórum de Governadores da Amazônia, no dia 7 de novembro deste ano. Governador do Amazonas Eduardo Braga Governador do Amapá Waldez Góes

“Este pacto federativo só será construído se demonstrarmos força”, afirmou a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. Ela defendeu que é fundamental se criar ferramentas para que o Estado valorize economicamente os produtos da floresta obtidos de forma sustentável. “A responsabilidade do desmatamento não é da pobreza, e sim da riqueza, do grande consumo da sociedade. Estamos escrevendo uma nova história da Amazônia”.

“A legislação não deve ser criada por Brasília sem conversar com aqueles que administram esta região. Somos governadores eleitos diretamente pela sociedade. O Fórum deve ser político e reconhecido pelo Governo Federal”, iniciou a solenidade o governador de Mato grosso, Blairo Maggi. Ele destacou que o tamanho da região, 61% de todo o território nacional, e a própria composição geográfica já mostra a diversidade desta região. Nós não podemos aceitar uma visão única sobre a Amazônia”.

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Os governadores da Amazônia Legal com o ministro Mangabeira Unger em Cuiabá

CARTA DE MATO GROSSO Nós, Governadores dos Estados que compõem a Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, cientes da dimensão maior que deriva do mandato popular, afirmamos nossa responsabilidade histórica na condução dos destinos da região. Compreendemos a importância da variável ambiental no desenvolvimento da Amazônia que perpassa e está presente em todos os temas de forma transversal, entendendo que aspectos sócio-econômicos são igualmente relevantes. Para dar materialidade às ações de desenvolvimento regional sustentável, o presente Fórum cria o Conselho de Governadores daAmazônia Legal e destaca como agenda prioritária: 1. Instalar imediatamente a Comissão Gestora do PlanoAmazônia Sustentável (PAS); 2. Reafirmar a importância do Zoneamento Ecológico e Econômico – ZEE como instrumento estratégico para o planejamento e a integração regional, considerando que a conclusão dos ZEEs estaduais e do macrozoneamento da Amazônia é prioritária e deverá ser alcançada mediante a cooperação técnica e financeira entre os Estados e a União; 3. Assegurar, por meio de delegação, a participação autônoma dos estados na formulação das políticas ambientais (legislação, controle e monitoramento) que afetem os interesses da região amazônica; 4. Reconstruir e/ou fortalecer os Institutos de Terras ou estruturas correlatas nos Estados visando estabelecer em caráter de urgência uma política de regularização fundiária, pactuada com os estados amazônicos, mediante a cooperação técnica e financeira entre os entes federados e a União, dando aos Estados o poder da supletividade no âmbito do ordenamento territorial; 5. Instituir o planejamento estratégico compartilhado das ações de infra-estrutura de transportes, comunicações, energia e recursos hídricos, visando a integração regional. 6. Acrescentar nos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) as obras complementares dos eixos estruturantes, tais como: acessos, viadutos e arcos rodoviários; 7.Aprovar, no Congresso Nacional, um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que permita a cobrança de ICMS na geração, transmissão e distribuição de energia, bem como no consumo final; 8.Implantar um programa emergencial conjunto dos Estados e da União para suprir defasagens regionais no setor de Ciência, Tecnologia e inovação, estabelecendo metas de expansão e consolidação da infra-estrutura de pesquisa, de produção de tecnológicas sociais e de formação de recursos humanos, incluindo a duplicação do número de doutores no prazo de cinco anos; 9. Implantar um modelo diferenciado de financiamento para a região, visando a promoção da saúde, que leve em conta os grandes vazios demográficos, as distâncias, a precariedade das vias de transporte, os custos elevados para a manutenção de procedimentos e os quadros endêmicos específicos da região; 10. Efetivar as ações propostas na OperaçãoArco-Verde, em sintonia com ações dos governos estaduais; 11. Reestruturar o modelo de implementação e a operacionalização do Programa de Aceleração do Crescimento ( PAC), no âmbito do Ministério das Cidades/Caixa Econômica Federal visando autonomia para os Estados a fim de simplificar os procedimentos para agilização da execução das obras de saneamento e habitação; 12. Promover a revisão do Programa de Ajuste Fiscal (PAF), visando assegurar, no âmbito da Legislação vigente e em simetria com os demais estados, acesso ao crédito para os Estados do Tocantins e doAmapá; 13. Fortalecer os órgãos de planejamento regional, em especial a SUDAM, para que o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia PRDA seja efetivamente elaborado com os Estados, revendo a Legislação referente aos segmentos econômicos prioritários 14.Agilizar a votação no Congresso Nacional do Projeto de Lei que cria o Fundo de Participação dos Estados (FPE) – Verde. 15.As resoluções assinadas durante o encontro compõem os anexos. Este ato se firma na busca do desenvolvimento sustentável daAmazônia para aqueles que nela vivem. Cuiabá, 08 Agosto de 2008 Governador Blairo Maggi – Mato Grosso / Governadora Ana Júlia Carepa - Pará Governador Eduardo Braga - Amazonas / Governador Binho Marques - Acre / Governador Ivo Cassol - Rondônia Governador Marcelo Miranda – Tocantins / Governador Waldez Góes – Amapá / Governador José de Anchieta Júnior - Roraima / ViceGovernador Luís Carlos Porto - Maranhão

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Vamos votar na Amazônia:

www.new7wonders.com

As novas sete

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fundação New7Wonders abriu a votação para a escolha das Novas Sete Maravilhas Naturais do mundo (nos mesmos moldes da eleição pela internet que consagrou o Cristo Redentor entre as novas maravilhas domundomoderno). Desta vez, a fundação New7Wonders abriu a votação para uma pré-seleção de monumentos naturais candidatos.O Brasil tem alguns candidatos. Na lista, aparece o aruqipélago de Fernando de Noronha, as Cataratas do Iguaçu, o Pantanal, o Pão-de-Açúcar e o Rio e a Floresta Amazônica, em uma candidatura compartilhada com Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica - OTCA. Segundo os organizadores, o objetivo da nova votação global dos internautas é "fomentar a apreciação dos tesouros naturais do planeta, pois admirar a natureza é o primeiropassoparaprotegê-la". Duas vezes ao dia, o ranking das 77 primeiras candidaturas é atualizado no site www.new7wonders.com, com as votações dos internautas. Os critérios para que um espaço natural seja elegível para sua nomeação é que não tenha sido criado nem alterado significativamente pela mão do homem por razões estéticas. Não podem ser eleitos fenômenos naturais como as luzes da aurora boreal ou estrelas cadentes,porexemplo. Entre as distintas categorias que podem participar deste concurso estão os espaços naturais, os monumentos naturais, paisagens, reservas animais, cavernas, canhões, geleiras, oásis, desertos, selvas, recifes de coral, lagos, rios e cataratas, entre outros. A etapa de indicações continuará até o final de 2008. Segundo a Fundação New7Wonders, a seleção de 21 finalistas será feita por um comitê de especialistas liderado pelo ex-diretor-geral da Unesco, Federico Mayor, a partir do ranking de 77 indicados por votação nainternet. Em seguida a escolha final será aberta novamente ao voto popular e eletrônico. O resultado com a lista de NovasSeteMaravilhasNaturaisdeveráserdivulgadoem meadosde2010. A eleição para as novas sete maralilhas naturais do mundo pode ser feita pela Internet, no site http://www.new7wonders.com.

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USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE A maior usina hidrelétrica totalmente brasileira

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pesardereconheceropotencialdoRioXingu para a geração de energia elétrica, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu que a Usina Hidrelétrica de Belo Monte será a única construída no rio. A resolução determina também que a Eletrobrás realize estudos antropológicos sobre as comunidades indígenas que estão na área do aproveitamento hidrelétrico e ouça as comunidadesafetadaspeloempreendimento. O documento, assinado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, lembra que o trecho do Rio Xingu onde está prevista a construção da usina de Belo Monte tem uma queda natural e vazão significativas, que permitem a geração de energia em um único aproveitamento. Assim, a usina poderá gerar uma energia média elevada, que poderá ser integrada ao SistemaInterligadoNacional. A resolução do CNPE, publicada no Diário Oficial da

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Fotos Elcimar Neves/Ag Pa

União,ressaltaaimportânciadaregiãoparaa conservação da diversidade biológica e da proteção da cultura indígena. Segundo o Conselho, a Eletrobrás deverá continuar realizando os estudos para o desenvolvimentoeaconclusãodaUsina.

A Volta Grande do Xingu onde está prevista a construção da usina de Belo Monte

Leilão O leilão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, noRioXingu,quevaigerar11milmegawatts a partir de 2014, deverá ser no primeiro semestre de 2009, afirmou o ministro de MinaseEnergia,EdisonLobão. Para evitar mudanças no projeto de construção da hidrelétrica, como aconteceu com a Usina de Jirau, no Rio Madeira, Lobão antecipou que o edital de Belo Monte deve limitaroterrenoparaainstalaçãodausina.

"R$ 4,2 bilhões é a receita anual a ser gerada com o empreendimento. Desse total, 45% - algo em torno de R$ 59,8 milhões - irá para os cofres do Estado e outros 45% ficarão para os municípios na área de influência (Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu). O restante será dividido entre o MMA, MME e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)".

O ministro também informou que as empresas subsidiárias da Eletrobrás poderão participar da concorrência para construção da hidrelétrica do Xingu. Mas, devem ser “minoritárias” nos consórcios responsáveispelasobras. “Elas podem participar do mesmo modo que o atual, concorrendo entre si. Podem até ser majoritárias, mas preferimos que sejam minoritárias, com 40% do capital, conforme têm hoje. Acho que pode ser até um poucomaisouumpoucomenos”.

Grupo de Trabalho

No auditório do Centro Integrado de Governo

Recentemente o governo do Estado criou um Grupo de Trabalho para discutir ações do plano de d e s e n v o l v i m e n t o re g i o n a l sustentável que serão garantidas no projeto de Aproveitamento da Hidrelétrica de Belo Monte, como instrumentos de mitigação dos impactos sociais e ambientais da usina. E em reunião com a diretoria da Eletronorte, foram apresentados o Sistema Elétrico Brasileiro, o projeto de Belo Monte, os benefícios esperados e a questão sociambiental envolvida no empreendimento. Na oportunidade a governadora Ana Júlia Carepa afirmou: "Esperamos que juntos possamos identificar o que ainda existe de entraves para

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juntos superá-los, pois juntos temos muito mais Estado visando a elaboração desse PDRS e dos planos condições de fazê-lo. Defendemos este projeto, não vejo das regiões de integração LagoTucuruí e BaixoTocantins. problemas em "Os planos prevêem fornecermos energia a p a r t i c i p a ç ã o s o c i a l, "Os investimentos para a todo o país, mas o que integração das ações construção da usina, superiores a não vamos aceitar é que a públicas e promoção de uS$ 4 bilhões, prevêem ainda a energia passe por cima de atividades sustentáveis, revisão do inventário do rio Xingu, nossas cabeças sem que trazendo a participação da a avaliação ambiental integrada da sejam atendidas, sociedade civil. Assim, bacia, o estudo de natureza primeiro, as nossas consideramos as necessidades" especificidades das regiões. antropológica da área de André Farias, secretário de O PDRS não se resume à influência e o programa de Estado de Integração obra da usina, mas deverá desenvolvimento regional Regional, apresentou o observá-la",afirmou. sustentável". Plano de O diretor-presidente da Desenvolvimento Eletronorte, Jorge Palmeira, Regional Sustentável (PDRS) da região de integração destacou que a avaliação do governo do Estado sobre Xingu, a ser concluído até dezembro deste ano. A Belo Monte e outros projetos energéticos estão de Eletronorte já assinou convênio com o governo do acordo com o projeto da empresa. Disse também que a empresa vencedora do edital de licitação, fará O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão investimentos em ações sociais, antes que a usina entre emoperação.Amedidavisafazerfrenteàsdemandasdo processomigratórioesperadopararegião. Ele comentou que o potencial hidráulico brasileiro é de 260 GW, sendo que estão em operação somente 76 GW. Do total do potencial, 113 GW estão na região amazônica (ou 43%) e apenas 7 GW desses (ou 7%) estão em operação. "Das fontes principais de energia elétrica, no Brasil, quase 80% é hídrica. E da capacidade hidrelétrica inexplorada a maior parte encontra-se na bacia amazônica", exemplificou. Este cenário difere de países como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos,emqueafonteprincipaléafóssil. Segundo Palmeira, os objetivos do novo MMA, MME e Eletrobrás modelo do Sistema Elétrico Brasileiro, em fecham acordo sobre curso, é a segurança no suprimento, modicidadetarifária(compradeenergiapor Belo Monte leilões visando menor tarifa) e inserção social. No caso de Belo Monte, os estudos da bacia do rio Xingu iniciaram em 1975; o O Ministério do Meio Ambiente, o Ministério relatório final de viabilidade teve como de Minas e Energia e a Eletrobrás fecharam alternativa uma área inundada de 1.225 acordo para acelerar o licenciamento da Km2,reduzidoem1994para440Km2."Das usina Belo Monte e de outras usinas cinco quedas de curso principal do rio, hidrelétricas. Pelo acordo, serão criados previstas anteriormente, faremos apenas a grupos de acompanhamento quinzenal dos de Belo Monte, justamente para não afetar comunidades indígenas. A capacidade processos de licenciamento ambiental de instalada será de 11.181 MW e serão novas hidrelétricas, de modo a torná-los agregados ao sistema interligado brasileiro mais rápidos, mas seguindo estritamente a 4.796 MW médios (energia firme)", legislação. adiantou.

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já concluiu o processo de análise da revisão dos Estudos de Inventário Hidrelétrico do rio Xingu, realizado pela Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobrás), em parceria com as empresas Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A, Construtora Andrade Gutierrez S/A e Construtora Norberto Odebrecht, no trecho referente ao aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, no Pará. Esse é o primeiro passo para a inclusão, pelo governo, do aproveitamento de Belo Monte em futura licitação. A delimitação do inventário à região do município paraense de Altamira ratifica decisão expressa na Resolução nº 06/2008, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que definiu o aproveitamento de Belo Monte como único potencial a ser explorado no Xingu. O estudo identificou potencial de geração nesse trecho do rio de 11.187 megawatts (MW), com área de reservatório equivalente a 440 quilômetros quadrados (km²).

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“Não vamos aceitar é que a energia passe por cima de nossas cabeças sem que sejam atendidas, primeiro, as nossas necessidades”

Eletronorte

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"Se compararmos a usina hidrelétrica de Belo Monte à de Tucuruí, Belo Monte, irá gerar mais energia em uma área menor a ser inundada, o que reduz os riscos de impacto socioambiental. Enquanto que a usina instalada no rio Tocantins, com a potência de 8.125 MW, inundou uma área de 2.430 km², a de Belo Monte, no rio Xingu, terá a potência de 11.181 MW e inundará 440 km²". Jorge Nassar Palmeira, diretor-presidente da Eletronorte

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Prêmio Brasileiro Imortal e o acordo MMA/Vale

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Fotos Martim Garcia/MMA e Arquivo Vale

Vale e o Ministério do Meio Ambiente escolheram a Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, que abriga nomes eternos, para lançar o prêmio "Brasileiro Imortal". O projeto vai possibilitar que seis brasileiros tenham seus nomes perpetuados ao batizar seis novas espécies botânicos descobertas na Reserva NaturalVale, emLinhares(ES). Realizada no Salão Nobre do PetitTrianon, a solenidade contou com a participação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, do presidente da Vale, Roger Agnelli, do presidente da ABL, Cícero Sandroni, da secretário-geral da ABL, Ivan Junqueira, de Demian Fiocca, diretor executivo de gestão e sustentabilidade, da secretária de Cultura do Rio, Adriana Rattes representandoogovernadordoRio,SérgioCabral. AatrizLetíciaSabatellaabriuacerimônialendoumtexto lembrando duas frases de imortais: "Para as rosas o jardineiro é eterno", de Machado de Assis, e "Viver é sinônimo de etcetera", de Guimarães Rosa. "O lançamento de um prêmio nesta casa é significativo porque a ABL é a Casa da Memória, a trasmissão do espíritodenossagenteparaofuturo.Pelaprimeiravezse abre a uma empresa e é com satisfação que a ABL oferece a casa ao lançamento deste prêmio", disse Sandroni. Segundo Fiocca, o prêmio foi lançado para valorizar brasileiros que lutam pelas condições de conservaçãodomeioambiente. A escolha dos premiados será por eleição aberta ao público no site www.brafileiroimortal.com.br. Os vencedores terão seus nomes imortalizados junto com a ilustração da espécie através de um selo criado pelos Correios. Serão duas premiações: uma nacional e outra regional, para cada uma das cinco regiões brasileiras. Em cada categoria, haverá três candidatos. Desta forma, serão 18 concorrentes ─ três por cada região e três na disputa nacional. O internauta, em qualquer parte do país ou no exterior,

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Já foram catalogadas na Reserva de Linhares 2.650 espécies botânicas, 7.200 tipos de insetos e 100 mamíferos

deverá votar, primeiramente, em um nome nacional e, em seguida, em pelo menos um candidato regional. Os candidatos que farão parte do prêmio estão sendo escolhidos por uma comissão de especialistas formada por pessoas que atuam na área de sustentabilidade. O principal critério adotado pela comissão para a escolha dos nomes é o de que sejam brasileiros representativos, cujas atividades nas áreas social e ambiental tenham real importância para o desenvolvimento do país, apresentando benefícios e resultados comprováveis às comunidades, cidades, Estados ou regiões em que atuam. O presidente da empresa, Roger Agnelli, é o representante único daVale nessa comissão. Os demais membros são BetoVeríssimo (Imazon, Belém), Amelia Gonzalez (O Globo), Ricardo Young (Instituto Ethos), Maria Dalce (Associação MineiradeDefesadoMeioAmbiente),MarceloAndrade (Instituto Pró-Natura), Eduardo Martins (ambientalista,

ex-presidente do Ibama) e Celso Schenkel (Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas). A Vale pretende divulgar dentro de dez dias os nomes dos 18 concorrentes, iniciando-se a partir daí a votação pela internet. A mineradora deverá anunciar o resultado na segunda quinzenadeoutubro. Espécies que terão os nomes perpetuados são descobertas na Reserva Natural Vale, localizada em Linhares,nonortedoEspíritoSanto. Roger Agnelli ressaltou que a reserva de Linhares é a maior reserva genética de jacarandá, espécie mais valiosa do mundo. O metro cúbico do jacarandá custa hoje US$ 10 mil. Segundo a Vale, a Reserva Natural é reconhecida pela Unesco como Sítio do Patrimônio Natural Mundial da Costa e detém o maior viveiro de mudas da América Latina, com produção anual de 55 milhões de unidades de mais de 800 diferentes espécies tropicaiseáreadeênfasenamataatlântica.

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Roger Agnelli lançando o prêmio Brasileiro Imortal 0


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A assinatura do acordo entre o MMA e a Vale

MMA assina acordo com a Vale No termo de compromisso, a Vale se compromete a vender minério para produtores de ferro gusa que utilizem em sua cadeia produtiva apenas produtos certificados Cícero Sandroni, Carlos Minc e Roger Agnelli

Ainda na ABL, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente da Vale, Roger Agnelli, assinaram, termo de compromisso pelo qual aVale se compromete a fornecer minério de ferro apenas para seus clientes que comprovemalegalidadedamadeiraedocarvãovegetal utilizadosemsuacadeiaprodutiva. Durante a cerimônia de assinatura, o ministro do Meio Ambiente destacou que essa é uma das ações do ministério para o envolvimento de diferentes setores produtivos na fiscalização de práticas ilegais e no incentivodeaçõessustentáveis. Segundo Carlos Minc, a legalidade ambiental não é inimiga da produção e do emprego. "Quem quiser se ajustar terá nosso apoio e crédito, quem insistir na ilegalidade faz concorrência desleal e suas atividades serão embargadas", disse o ministro, lembrando que já assinou acordo semelhante com a Associação Brasileira deProdutoresdeÓleosVegetais. Mais outros três foram assinados, em Belém, o MMA firmou termo de compromisso com a Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará. E nos próximos meses, os frigoríficos e a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) também se comprometem. Por esses instrumentos, os produtores, compradores e fornecedores garantem que não vão comprar matériaprimaoriundadeáreadesmatadanaAmazônia. E para terem condições de fiscalizar a cadeia produtiva, o ministro anunciou que os sites do Ibama e do Ministério Carlos Minc: “Quem quiser se ajustar terá nosso apoio e crédito”, na Academia Brasileira de Letras,no Rio de Janeiro

do Meio Ambiente vão disponibilizar os dados das empresas legalizadas e das embargadas. "As empresas, não só a Vale, as da soja, do gado, da madeira não vão poder dizer que não sabem quem é legal e quem não é", ressaltou. Com esses acordos, o Ministério do Meio Ambiente se compromete a apoiar e a promover o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) de diferentes biomas, especialmente o da Amazônia. O MMA também se propõe a trabalhar para a implementação do cadastro e licenciamento ambiental das propriedades rurais, em

conjunto com os órgãos estaduais, além de apoiar projetosdereflorestamentodeáreasdegradadas. Tambémpeloacordo,aValesecomprometeasuspender o fornecimento de produtos ou prestação de serviços para empresas que não forem caracterizadas como "ambientalmente legais". Para receberem minério de ferro, os produtores de ferro-gusa deverão apresentar licença ambiental, plano de suprimento sustentável e documentaçãodaorigemdocarvãovegetal. Segundo o presidente daVale, Roger Agnelli, a iniciativa vai estimular os guzeiros a se regularizarem e não mais retirar carvão de mata nativa. "Os guzeiros têm que plantar floresta. A Vale como um importante elo na cadeia produtiva pode induzi-los a se regularizar", afirmou Agnelli. Ele ressaltou que as grandes empresas precisamlideraroprocesso. O documento assinado reconhece que o uso responsável da madeira e do carvão vegetal é necessário para o desenvolvimento sustentável e para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Reconhece também que tanto as esferas governamentais como a iniciativa privada têm papel relevante para resolver o problema do desmatamentodasflorestasbrasileiras.

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A Reserva Natural Vale, em Linhares, recebeu em dezembro de 1999, da Unesco, o órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, o reconhecimento como sítio do patrimônio mundial natural da costa do descobrimento. Um reconhecimento da ONU ao seu estado de preservação, conservação e características ecossistêmicas. Desde que foi adquirida pela Vale, nos anos 50, até os dias atuais, já foram catalogadas na Reserva de Linhares 2.650 espécies botânicas, 7.200 tipos de insetos e 100 mamíferos. Neste período, foram identificadas ainda 369 espécies de aves, que correspondem a 25% das aves brasileiras e 5% das aves de todo o mundo. Através das pesquisas sobre a flora, foram descobertas na reserva 96 novas espécies botânicas, inclusive gêneros, ainda não catalogados pela ciência. Outras 32 espécies, também até então ignoradas pela ciência, tiveram sua descoberta anunciada recentemente. Isso permite imaginar o quando de vida a devastação imposta aos ecossistemas brasileiros extinguiu desde o descobrimento. Hoje, a Reserva Natural Vale é um banco genético e um centro de pesquisas em silvicultura tropical respeitável e de reconhecimento internacional.

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Reserva Natural Vale, em Linhares 0


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ázaro Magalhães

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PIATAM OCEANO FIXA NOVO MARCO DO SABER SOBRE A AMAZÔNIA ATLÂNTICA Apresentando resultados de dois anos de ações do projeto, workshop definiu bases e aponta futuro da pesquisa oceânica na margem equatorial brasileira

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eunindo mais de 100 participantes a Petrobras lançou, no Museu Paraense Emílio Goeldi –MPEG, em Belém, o workshop "Síntese do Conhecimento sobre a Margem Equatorial Amazônica" encerrando a primeira fase de ações do projeto Piatam Oceano apresentando resultados, produtos e perspectivas que estabelecem um novo marco para o conhecimento sobre a zona atlântica da Amazônia. A partir de agora, as pesquisas sobre a área oceânica equatorial brasileira ganham um referencial fundamental para se entender claramente o que já se conhece e quais as próximas lacunas do saber quepodemserpreenchidaspelaspesquisasnaregião. Organizado em um banco de informações com referências geográficas, e apresentado para a

comunidade científica através de uma coleção de discos digitais de seis volumes - a caixa de DVDs "Síntese do ConhecimentosobreaMargemEquatorialAmazônica", o mais atual e completo resumo do conhecimento gerado sobre a região oceânica da Amazônia já permite outros desdobramentos, como reinterpretações das informações reunidas, facilitando combinações entre áreas disciplinares diversas e gerando mais conhecimento. Um exemplo disso é o cruzamento de dados de áreas

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Imagens revelam fundo oceânico da Amazônia

Na costa oceânica da Ilha de Marajó (PA)

Projeto Piatam Oceano exibiu o primeiro 'passeio' em 3D pelo relevo submarino da Foz do Amazonas.

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como as oceanografias biológica e geológica: sobrepondo-se informações levantadas sobre localizações de depósitos submarinos de carbonato e os dados sobre os mais freqüentes pontos de pesca da lagosta no Atlântico Amazônico, notam-se coincidências que apontam para uma possível relação entre as duas informações. Padrões como esses serão cada vez mais claros – e úteis - nos acervos digitais interativos do Piatam Oceano. Eles compilam numa única fonte, pela primeira vez, dados que estavam dispersos em relatórios, dissertações, artigos, teses e bancos de dados de diversas instituições de pesquisa.

Marco "A reunião desses dados pelo Piatam Oceano é de valor inestimável. Agora temos uma base para ir atrás de mais conhecimento em áreas específicas e dar uma grande contribuição para a discussão sobre os níveis de sensibilidade ambiental nos oceanos,

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Belém (PA) sediou a primeira exibição pública de uma peça audiovisual que finalmente permite a pesquisadores, estudantes e leigos vislumbrarem a aparência das cadeias de montanhas submarinas, cordilheiras, vales, desfiladeiros e outros detalhes do relevo do fundo oceânico do Atlântico amazônico. Construídas através de reproduções digitais em três dimensões, as imagens integram a coleção DVDs "Síntese do Conhecimento sobre a Margem Equatorial Amazônica", lançada no workshop realizado pelo projeto Piatam Oceano. Além de aspectos da Plataforma Continental Brasileira na região da Foz do Amazonas, o vídeo com imagens modeladas em 3D da Amazônia submarina permite observar outras formações oceânicas do Atlântico, como a Cadeia de Barbados, a Cordilheira Mesoatlântica, o Cone do Amazonas e o seu canyon submarino, o Platô de Demerara e a Cadeia Norte-Brasileira. Com cerca de dois minutos de duração, o passeio virtual é resultado de trabalho de mestrado orientado pela doutora em oceanografia geológica e especialista em levantamento ambiental de áreas marítimas Heloísa Vargas, coordenadora do Piatam Oceano. O vídeo é resultado de modelagem desenvolvida por Tomás Peixoto (UFF), Marcello Gorini e Simone Milach (UFF), além de fisiografia produzida por Heloísa Vargas (Petrobras), Cleverson Guizan (UFF) e João Batista de Lellis Françolin (Petrobras). O material foi dirigido, roteirizado e editado por Ivanil Ribeiro e Ralph Lopes Peixoto (Petrobras). (L.M.) 10

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Imagens da coleção de discos digitais lançados pelo Piatam Oceano 0


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Pesquisadores em ação em laboratório

Pesquisadores em ação, na praia

O objetivo do Piatam Oceano é compilar, organizar e re-interpretar dados ambientais disponíveis nas bacias da margem Equatorial Brasileira e disponibilizar em banco de dados georeferenciado, permitindo maior conhecimento dos ecossistemas oceânicos e dos níveis de sensibilidade ambiental na área das atividades de exploração, produção e transporte de petróleo e derivados. Coordenado por pesquisadores das Universidades Federais Fluminense (UFF) e do Pará (UFPA), o projeto agrega uma equipe multidisciplinar de professores, pesquisadores, estudantes e técnicos de diversas instituições de ensino e pesquisa, que estão empenhados na coleta e organização de informações nas áreas de biologia marinha, geologia marinha, oceanografia física e química, meteorologia, geofísica e sensoriamento remoto.

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Os pesquisadores em ação, na praia e em laboratório, são do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia, GEMAM

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Baleia encalhada na região de Câmara

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Observando, anotando...

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um tema que até hoje é carente em todo o mundo", avaliaram os coordenadores Heloisa Vargas (CenpesPetrobras) e Cleverson Guizan, da Universidade Federal Fluminense(UFF)duranteoworkshopemBelém. "As implicações do Piatam Oceano para os negócios da Petrobras são muito claras. Temos ativos de exploração na região e há grande necessidade de informações caso ela seja necessária", ressalta, por sua vez, o geólogo Fernando Pellon, coordenador geral dos projetos da famíliaPiatampeloCenpes-Petrobras. Coordenado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Pará (UFPA) e pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes-Petrobras), que também é financiador dos estudos, o Piatam Oceano (Projeto Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia - Região Oceânica Equatorial Brasileira – Bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e Barreirinhas) foi iniciado em 2006. A sua segunda etapa prevêexpediçõesoceanográficasentre2008e2010. A iniciativa abrange hoje pesquisadores do Instituto de

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Paisagem amazônica

Em entrevista

Superciliaris

Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), das universidades Federal RuraldaAmazônia(UFRA),Federal(UFMA)edo Estado do Maranhão (UEMA), Federal do Rio de Janeiro (COPPE-UFRJ), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e do Centro de Hidrografia da MarinhadoBrasil(CHN). A meta do projeto é caracterizar ecossistemas e definir níveis de sensibilidade ambiental nas águas de 20 a até 3.500 metros de profundidade da porção oceânica da Região Norte do Brasil. O Piatam Oceano abrange as áreas das bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e Barreirinhas, entre a foz do Oiapoque, no Amapá, ao Norte, e a foz do Parnaíba, no Piauí. Para saber mais sobre o projeto e seus dados, bastaacessarosite www.piatamoceano.uff.br.

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A Amazônia é um tapetão verde 95

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Amazônia,

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Unidades de Conservação

ão é sem motivo que a Amazônia está quase diariamente no noticiário. Ela é alvo de atenção de organismos brasileiros e internacionais por representar uma das últimas grandes florestas tropicais do mundo, o que implica alto índice de biodiversidade ainda bastante desconhecido. O desmatamento, que voltou a crescer sobre o bioma, coloca essa riqueza em risco, mas também ajuda a acelerarumoutroproblemabastanteemevidência-oaquecimentoglobal. A derrubada da Amazônia coloca o Brasil como o quarto maior emissor de gás carbônico do mundo. Mas, além de ser um grande estoque de carbono, a floresta tem um papel importante na regulação da temperatura e no próprio seqüestro do gás. A verdade é que quanto mais estudos são feitos, mais se percebe o quanto ela impacta o clima. Isso não significa, no entanto, que seja a única vegetação a ter importância. O Brasil tem outros cinco grandes biomas (conjunto de vida constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação, segundo a definição do IBGE) continentais, além dos ecossistemas costeiros, que não apenas apresentam uma grande biodiversidade, como também colaboramcomumasériedeoutrosserviçosambientais. Com exceção da mata atlântica que, por estar com pouco mais de 7% da vegetação original, conta com a preocupação do governo e da sociedade e está com relativa freqüência na mídia, os demais biomas (caatinga, cerrado, pantanal e pampa) vêm amargandoaquasetotaldesatençãodosmaisdiversosórgãos. Um dos principais indicativos disso é a pouca presença de unidades de conservação (UC) em todos eles. Nenhum atinge a meta de 10% prevista pela Convenção sobre Biodiversidade Biológica, das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário. O Pantanal, por exemplo, tem apenas 1,1% do território protegido por áreas federais. Os ecossistemas costeiros não têm nem 0,5% resguardado. Mas a perda de vegetação no

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Principais ecossistemas brasileiros 10

Pantanal pode comprometer o suprimento de água de toda a Bacia do Rio Prata. A devastação marinha prejudica diretamente o abastecimento de peixes das populações. Os números de UCs são inversamente proporcionais ao grau de devastação. Enquanto o cerrado tem somente 3,3% do território protegido por unidades federais, a perda da vegetação já pode ter sido de 55%, de acordo com números da ONG Conservação Internacional (CI). Conhecido como floresta de cabeça para baixo, porque a biomassa está mais concentrada na raiz do que nos troncos e folhas, o bioma tem um alto potencial de seqüestrarcarbono.

De olho no desmatamento Para Maria Cecília Wey de Brito, secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, parte da deficiência histórica se deveu à dificuldade de visualizar em alguns biomas o que de fato foi desmatado. "A Amazônia é um tapetão verde, então quando ocorre uma alteração, fica mais fácil de ver, porque fica um buraco lá. Já cerrado e caatinga são mais difíceis de serem monitorados nesse

sentido, porque está nas características dessas vegetações perder folhas nos períodos de seca. No pampa, distinguir uma gramínea nativa de uma produzida também não é tão simples. Mas agora temos metodologias mais refinadas, achamos que serámaisfácil." Quantoàdiferençadosnúmerosdedesmatamento fornecidos pelas ONGs e pelo MMA (em geral os oficiais tendem a ser menores), Maria Cecília explica que o governo optou por considerar nos números de vegetação remanescente trechos que, apesar de afetados por interferência humana, têm condições de recuperar par te de sua biodiversidade. "É claro que ela nunca vai voltar a ser o que era, mas estamos considerando aquelas áreas que podem ser elevadas a um estágio superior ao que estão hoje ou que, ao menos, são capazes de manter os serviços ambientais que semprefizeram",afirma. Em algumas áreas, ela admite que pode haver um choque de interpretação - para o MMA ainda existe 27% de mata atlântica, por exemplo. "Mas acho que, se o território de áreas remanescentes é maior no nosso mapa, isso também aumenta a responsabilidade do governo sobre áreas a serem preservadasourecuperadas." Em Cabo Orange no Amapá

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Em território brasileiro, os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de 368.989.221 ha, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente, o equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas e o maior banco genético do planeta. Contém 1/5 da disponibilidade mundial de água doce e um patrimônio mineral não mensurado.

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O fogo ardendo ... 95

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Repressão

ao crime ambiental na Amazônia

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m meio a um cenário desolador de devastação da Floresta Amazônica nos municípios paraenses de Altamira e Novo Progresso, operação de repressão ao crime ambiental comandada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, terminou com a apreensão de 3,2 mil m3 de toras de madeira nobre, apreensão de 4.000 cabeças de gado de corteemultassomandoR$10milhões. A operação, no chamado Arco do Desmatamento, no Distrito Florestal da BR 163, contou com a participação de cerca de 200 agentes da Polícia Federal, das polícias Militar e Civil do Pará, do Ibama e do Instituto Chico Mendes. Num sobrevôo de helicóptero pela área devastada, a partir da base militar de Cachimbo, o ministro ficou chocado com o que viu: grandes extensões de desmatamentos, queimadas e ocupação irregulardegado. "Vamos enfrentar a realidade, a verdade é essa: o desmatamento. É necessário intensificarmos as operações de repressão, mas também dar alternativas econômicasparaapopulaçãodaregião",disseMinc.

Sudoeste do Pará. Ali, tendo ao lado o presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, e o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, Minc presenciou a apreensão de 3,2 mil m3 de toras de madeiras de até 1,5 metro de diâmetro, de árvores como angelimduro,jatobá,cedroeperoba.

O ministro anunciou então a doação da madeira apreendida à Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará, para que seja vendida e a verba revertida para operações de fiscalização contra desmatamentos. As toras foram encontradas estocadas em esconderijo, e ninguém apareceu para reclamar sua propriedade. O

Durante apreenção de madeiras no distrito de Castelo de Sonho

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Em Castelo dos Sonhos A operação comandada pelo próprio ministro começou por volta das 10h, com o pouso de um helicóptero da FAB em Castelo dos Sonhos, distrito de Altamira, no

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O ministro ficou chocado com o que viu

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governo estadual espera arrecadar R$ 2 milhões com a vendadamadeiraapreendida. Ao todo, reunindo uma grande quantidade de madeira apreendida recentemente no Pará, não só em Castelo de Sonhos, mas em Belém e Tailândia, o governo estadual pretende arrecadar R$ 20 milhões com sua venda, que serão revertidos para fortalecer as ações de combate ao crimeambiental. Após protesto de um grupo de 50 pessoas que reclamavam do alto índice de desemprego na região, que vivia em torno do corte de madeira, com o início da Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal, Minc acabou aplaudido quando afirmou que o governo federal pretende dobrar, já em 2009, a oferta de madeira certificada, originada de cortes controlados em florestas nacionais, a partir do estabelecimento de planos de manejo.

Na Fazenda São Sebastião Em seguida, a equipe que acompanhava o ministro, inclusive 14 jornalistas, seguiu de helicóptero para a Fazenda São Sebastião, em Novo Progresso, dentro dos limites da Floresta Nacional de Jamanxim. Segundo investigações, a fazenda pertence a José Carlos da Silva, que mora em Mato Grosso, e foi arrendada por Sérgio Aparecido da Silva, que ali cria irregularmente 4 mil cabeçasdegado.

O Ibama calcula que dos 1,3 milhão de hectares dessa unidade de conservação, o responsável pela fazenda tenha devastado 3 mil hectares de floresta. O gado foi apreendido e o fazendeiro multado em R$ 10 milhões, por dano a uma unidade de conservação, por desrespeito a um embargo da área, no ano passado, por desmatamentos e queimadas. Além disso, Sérgio da Silva foi intimado a retirar o gado da região em 30 dias. Caso não cumpra o determinado, o gado será apreendido e, mais tarde, vendido em leilão pelo governofederal. Além do desmatamento e do gado pastando, a fazenda apresentava vários focos de incêndio. Por pouco, as labaredas não atingiram o helicóptero da comitiva ministerial, que teve que levantar vôo rapidamente para escapardofogo. Ao comentar os índices de desmatamento na Amazônia, Minc alertou, que não dá para descansar: "Se a gente pararpratomarfôlego,estamosfritos,carbonizados". O ministro voltou a repetir que não se combate o desmatamento na Amazônia apenas com ações repressivas, mas principalmente incentivando-se alternativas econômicas para o sustento da população da região, para que seja estimulada a manter a floresta empé. Por isso, em curto discurso improvisado no distrito de Castelo de Sonhos, ele anunciou que o governo federal está investindo R$ 70 milhões para a elaboração de

planos de manejo de 16 florestas nacionais - sendo seis na região do Distrito Florestal da BR 163, como a Flona de Jamanxim -, para que possa haver a exploração sustentáveldemadeira. Esses planos deverão ficar prontos em 2009, e o governo espera arrecadar R$ 120 milhões com as concessões para a venda de madeira certificada. "Sem planos de manejo não há solução para a Floresta Amazônica", avaliouCarlosMinc. Ocupação irregular de gado na Amazônia

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Guardiões da

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Fotos Hermínio Lacerda de Lima

auditório do Museu Nacional República, com 702 lugares, ficou lotado durante lançamento da Campanha Guardiões da Amazônia, que visa despertar a população para o consumo consciente e alertar as pessoas de que, mesmo sem querer, elas podem estar contribuindo para o desmatamento ilegal. Um balão inflado exibia a logo da Campanha Guardiões da Amazônia (a logo tem o formato de olho, desenhado com parte de um losango amarelo e um círculo azul com formas de árvores em verde no seu interior, como se refletidas numa íris) e chamava a atenção de quem percorria o Eixo Monumental, uma das principais avenidas de Brasília, Operação Guardiões da Amazônia

na altura do Museu Nacional. As primeiras 50 pessoas puderamfazervôocativonobalão. A campanha prevê ao longo do ano várias ações voltadas para a educação ambiental e o estímulo ao consumo consciente, como complemento às operações de fiscalização referentes ao Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, ora em curso no país sob o mesmo nome da campanha. A meta é engajar toda a sociedade brasileira na luta que o governo trava contra a destruição da maior floresta tropical do planeta, sensibilizando a população sobre as mazelas do desmatamento ilegal e sobre a importância de as pessoas se certificarem de que a madeira que compram, por exemplo, para construir uma casa tem origem legal. “Não queremos deixar de cumprir nosso dever, mas cumprir (o dever) melhor ainda com mais recursos”, disse o ministro do Meio Ambiente, CarlosMinc.

O evento, com duração de mais de cinco horas, reuniu ainda autoridades ligadas à proteção ambiental, como o presidente do Ibama, Roberto Messias e o diretor de Proteção Ambiental do órgão, Flávio Montiel, bem como personalidades e artistas identificados com a causa do

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Guardiões da Amazônia do Boi Garantido

Arnaldo Antunes na divulgação da Guardiões da Amazônia

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Não sonhamos da terra do nunca Mas lutamos pela terra sem males Amazônia rica e bela, é da nossa pátria amada Amazônia nosso santuário Amazônia rota de corsários Povos indígenas pintam-se para a guerra E tocam suas flautas sagradas cablocos ribeirinhos Da várzea e da terra firme Assobiam suas utopias Remanescentes quilombolas Rufam os tambores da liberdade Somos guardiões da Amazônia E ninguém levará nossas riquezas

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Somos curupiras, somos curupiras Guardiões da Amazônia Guardiões da Amazaônia

Meio Ambiente, entre os quais Lucélia Santos, Saulo Laranjeira, o grupo Sons do Cerrado e Arnaldo Antunes. Os três últimos realizaram apresentações, usando seu prestígio pessoal para divulgar a campanha Guardiões da Amazônia, os esforços do governo para conservação ambiental na Amazônia e a causa da proteção ao meio ambiente e do desenvolvimento sustentável e responsável. Também estiveram presentes o presidente da Funai, Márcio Meira, e os representantes da Casa Civil Johannes

Zoneamento Econômico Ecológico nos estados da Amazônia Legal, a certificação de produtos de madeira acabados, como móveis, o incentivo aos órgãos ambientais estaduais, o Fundo Amazônia para incentivar atividades sustentáveis na região, e a garantia de preço mínimo para os produtos do extrativismo. Com relação ao corte de créditos aos ilegais, o ministro disse que“esseéomomento,comosucessodessasoperações, de estender o corte aos outros biomas”. E mandou recado a quem insistir em manter gado em áreas

Grupo Sons do Cerrado

Eck e do diretor geral da Polícia Federal, Álvaro Palharini, e das ONGs Instituto Sócio Ambiental - ISA, Adriana Ramos, e do Grupo de Trabalho Amazônico -GTA, RubensPalácio. Minc foi ovacionado pela platéia, ao anunciar diversas medidas adotadas pelo governo para dificultar a vida dos desmatadores e melhorar as condições de vida das comunidades ribeirinhas. Entre as medidas figuram a manutenção do impedimento de financiamento agrícola por bancos públicos para os responsáveis pela destruição ilegal da floresta, apoio à conclusão do

embargadas e Unidades de Conservação:“boi pirata vai virarchurrascoecológicodoFomeZero”. O presidente do Ibama, Roberto Messias, chamou a atenção para o início da época de seca em que se usa fazer queimadas em todo o país e sobre os danos e riscos dessas práticas. Contou uma história sobre um incêndio na Serra da Canastra, no qual uma tamanduá bandeira, animal ameaçado de extinção, morreu vítima do incêndio, mas salvou seu filhote ao usar o próprio corpo para proteger a cria. Com esse exemplo, mostrou que “cada pequena parte dessas cadeias de vida tem a sua

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importância”, e no caso da Amazônia, na sua vastidão territorial, mesmo uma pequena parte tem grande importância na manutenção do equilíbrio da vida na região. O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, abriu o evento expondo o histórico dos dados sobre o desmatamento e a queda dos índices em 59% verificada desde o início das operações do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, de 2004 até 2007. Ele comentou o crescimento do desflorestamento no final do ano passado e início de 2008: “não devemos nos sentir derrotados ao encarar esses números, mas unir forças nesse momento. Derrotados foram aqueles que prenderam Mandela, derrotados foram aqueles que mataram Chico Mendes”, afirmou. Segundo Montiel, é preciso que a sociedade se conscientize das suas opções de consumo, pois para a conservação da Floresta Amazônica é necessário que os cidadãos cobrem de forma consciente a origem legal dos produtos florestais que consomem, frisando a importância dos sistemas eletrônicos de controle, como o Documento de Origem Florestal - DOF, desenvolvido pela Diretoria de Florestas do Ibama, para viabilizar o controle pela sociedade. O diretor aproveitou para enaltecer a dedicação dos cerca de mil fiscais do Ibama de todo o Brasil que estão atuando em sistema de rodízionasaçõescontraodesmatamento. Debates Entre as ações previstas na campanha Guardiões da Amazônia estão várias discussões públicas, veiculação de peças da campanha pelos meios de comunicação e a realização de outros eventos socioculturais voltados para a sensibilização da população. O cantor Arnaldo Antunes no meio do show lembrou que os recursos naturais são finitos e fez um apelo“não vamos pensar só nos nossos netos, mas também nos bisnetos, tataranetos…” Com o tema "Desmatamento ilegal é crime, e você pode estar sendo cúmplice mesmo sem querer", o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente lançaram a campanha GuardiõesdaAmazônia. Com o foco na conscientização ambiental da população, a campanha conclama a sociedade a ser parceira dos governos no combate ao desmatamento consumindo produtosdeformaconsciente.

O cheirinho da Amazônia a seu dispor

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Fotos IBAMA

A floresta pública a ser licitada no 2º lote de concessão florestal acontecerá na Floresta Nacional do Saracá-Taquera, localizada nos municípios de Faro, Oriximiná e Terra Santa, entre os rios Trombetas e Nhamundá, no oeste do Estado do Pará,. O lote abrange quatro unidades de manejo florestal com total de 215 mil hectares.

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pós realizadas as audiências e consultas públicas nos municípios onde se encontra a Flona Saracá-Taquera, com o objetivo de ouvir a população e os setores ligados à área que será manejada sobre os critérios que vão definir a melhor proposta de concessão florestal, o prazo para ApresentaçãodasPropostasseráaté 26/09/08.Atéessa data, as populações vizinhas à Flona Saracá-Taquera poderão conhecer o texto da minuta do edital e se manifestar sobre seu conteúdo. Haverá ainda reuniões técnicas para apresentar e debater o conteúdo do préedital com representantes da sociedade civil, órgãos governamentais e especialistas ligados à área ambiental,empresarialetrabalhista.

Saracá-Taquera AFlorestaNacionaldeSaracá-Taqueraéumaunidadede conservação de uso direto. Possui oficialmente 429.600

população à área para que essa continue exercendo suas atividades. Em contrapartida, as comunidades devem seguir as regras de acesso à área, em especial aquelas relacionadasàsegurançadotrabalhador. No contrato de concessão são especificados os produtos deusodacomunidadelocalquesãoexcluídosdalistade produtos que o concessionário pode explorar ou que têmrestriçõesespeciaisdeuso. No caso da Flona Saracá-Taquera, o palmito, o fruto do

ha e um grande potencial de recursos naturais renováveis (madeira, castanha-do-pará e outros produtos não-madeiráveis), além de minérios (bauxita) eimportânciaecológicasignificativa. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é o responsável pela gestão da área da Flona. O Serviço Florestal Brasileiro será o responsável pelagestãodolotesubmetidoàconcessãoflorestal.

Direito das Populações Tradicionais A Lei de Gestão de Florestas públicas (11.284/2006) foi elaborada tendo como um de seus princípios básicos o respeitoaodireitodaspopulaçõestradicionais. Além disso, em uma área de concessão, caso existam produtos que sejam tradicionalmente explorados pelas comunidades do entorno, o direito de coleta destes produtos continua sendo assegurado. Neste caso, o ganhador da concessão deve garantir o acesso da

Fazendo Inventario Florestal

açaí e a castanha-do-pará são de uso exclusivo das populações locais e concessionário não poderá explorálos. Já o óleo de copaíba, semente e óleo de andiroba, resina de breu, cipó titica e látex da seringueira só poderão ser exploradas pelo concessionário mediante prévia autorização do Serviço Florestal que avaliará a compatibilidade do uso comercial com o uso tradicional dacomunidade. Cachoeiras Alto Nhamundá

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Disposição das Unidades de Manejo Florestal da Florestal Nacional de Saracá-Taquera

Área das unidades de manejo Na Flona Saracá-Taquera as unidades de manejo foram divididas da seguinte forma: uma unidade de manejo pequena com 19,7 mil hectares, duas médias, uma de 25,5 mil ha, outra de 33,4 mil ha, e uma grande de 137 milha. As áreas onde estão as comunidades locais, assim como asáreasindígenas,sãoexcluídasdoslotesdeconcessão.

Manejo florestal sustentável x desmatamento Uma das mais importantes inovação da Lei de Gestão de Florestas Públicas é a valorização do manejo florestal sustentável - modelo de conser vação e desenvolvimento, por meio do qual a própria floresta gera sua conservação.Trata-se de uma atividade oposta aodesmatamento.

No desmatamento, a floresta é totalmente retirada para que a terra tenha outra finalidade. Já no manejo florestal sustentável, só é retirada da floresta uma quantidade de produtos q u e n ã o p re j u d i q u e m s u a recuperação (em geral, cinco a seis árvores - das mais de 500 presentes em um hectare de floresta - a cada 30 anos). Podem ser explorados, além da madeira, frutos, sementes, resinas, óleos, ser viços, etc. Isso é sustentabilidade, mais conhecida como a "economia da floresta", que gera a renda que garante que a floresta continue existindo e prestando os serviços essenciais à vida no planeta, como regulação do clima, lazer, fornecimento de alimentoseprodutosmedicinais.

Flutuante móvel na Saracá-Taquera

Araras com as asas cortadas Observação de tartaruga-daamazônia recém nascida

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Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa)

Samaumeira, plantada em 1896, pelo botânico suíço Jacques Huber

Testemunhas da História Fotos Edvaldo Pereira, Maria Lúcia Morais, Agência Museu Goeldi e Elcimar Neves/Ag Pa

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a nobreza colonial às autoridades locais, nacionais e internacionais da atualidade, diversas personalidades do passado e do presente deixaram sua marca para as gerações futuras, através do plantio de árvores de espécies amazônicas no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, que completou 113 anos dia 15 deagostop.p. Príncipes, princesas, presidentes, ministros, autoridades civis, militares e eclesiais. Personalidades locais, nacionais e internacionais. Descendentes dos primeiros habitantes do Brasil. Ilustres visitantes que, em algum momento da história, deixaram registrada a sua visita ao Museu Paraense Emílio Goeldi, a instituição de pesquisa mais antiga da Amazônia, através do plantio de mudas de espécies florestais no Parque Zoobotânico da instituição,emBelém(PA). Testemunhas da História, essas árvores, de diferentes espécies, idades, tamanhos, usos e perfumes, encantam os visitantes e servem de abrigo às aves que buscam refúgio no Parque, como garças, guarás e corujas. Uma das mais antigas e frondosas é a Ceiba pentandra, Samaumeira plantada, em 1896, pelo botânico suíço Jacques Huber, fundador do Herbário do Museu e que sucedeuEmílioGoeldinagestãodoMuseuParaense,até o ano de 1914, quando veio a falecer precocemente. Localizada em frente ao Aquário do Museu Goeldi, o exemplar floresceu pela primeira vez em 1932 e hoje contacomquase40metrosdealtura. Outro belo exemplar é o Visgueiro (Parkia pendula)

plantado, em 1937, pelo botânico Adolfo Ducke, um dos maiores botânicos do Brasil e notório estudioso da flora amazônica. Tanto Huber quanto Ducke trabalharam no Museu Paraense ao lado do naturalista suíço Emílio Goeldi e deram importantes contribuições para pesquisa botânica na Amazônia e para enriquecimento dafloradoParque.

Pomar O visitante poderá conhecer in loco o Cumaru (Dipteryx odorata) plantado, em 1936, pelo príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança; o Babaçuzeiro (Orbignya phalerata)

plantado, em 1938, pelo professor Max Burret, botânico alemão especialista em palmeiras; e o exemplar de Patauá (Oenocarpus bataua), também plantado em 1936, pelo Ministro da Suíça, Alberto Gerischa, todos devidamente identificados com plaquinhas; ou passar pelos exemplares de Jarina (Phytelephans macrocarpa) e de Pupunharana (Syagrus inajai) plantados em 1939, pelas princesas portuguesas Maria Francisca e Thereza MariadeOrleanseBragança,respectivamente. Esseseoutrosexemplareshistóricosforamplantadosno Pomar das Palmeiras, palmarium iniciado na década de 30 por Carlos Estevão, à época diretor do Museu Goeldi.

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Visgueiro, plantado, em 1937, pelo botânico Adolfo Ducke

Pomar das Palmeiras

presidente do Banco Mundial James Wolfensohn e pelo D i re t o r d o B a n c o Mundial no Brasil,Vinod Thomas. O ano de 2002 também foi marcante para fortalecer ainda mais os laços entre o Museu Goeldi e as populações indígenas. No dia 4 de dezembro, índios Ticuna de diferentes tribos da Amazônia Brasileira e Lago das vitórias-régias Colombiana plantaram Localizado no terceiro quadrante do Parque, entre o mudas de Caroba (Jacaranda copaia), única espécie do Espaço Raízes (Bambuzal) e Lago das Vitórias-Régias, o gênero Jacaranda amplamente distribuída na Palmarium abriga uma variedade de palmeiras, dentre Amazônia; além de exemplares de Sabonete (Sapindus as quais o buriti, que além do fruto, fornece as hastes saponaria), Pitomba-das-guianas (Melicocca bijuga) e utilizadas na fabricação dos famosos os brinquedos de Iperana(Crudiabracteata). miriti,tãorepresentativosdaculturaparaense.Opatauá, Em 2007, durante visita ao Brasil, o secretário-geral das o babaçu, o inajá e o urucuri são ainda exemplos de Nações Unidas, Ban Ki-moon, acompanhado da expalmáeas presentes na cultura das populações Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, conheceu o amazônicasqueembelezamesseespaçodoParque. Museu Goeldi e deixou plantada uma muda de Caiauê Outraspersonalidadeshistóricasquetambémdeixaram (Elaeis oleifera), espécie conhecida como Dendê-doregistrodesuapassagempeloGoeldiforamopresidente Pará ou “a planta que anda”. Durante a visita, Marina da República Getulio Vargas, com exemplar de PauSilva, plantou uma muda de Ipê-amarelo (Tabebuia Brasil (Caesalpinia echinata), de 1940; e o General alba),umadasmaisbelasárvoresnativasdopaís. Cândido Rondon, com uma muda de Urucuri (Scheelea Já o plantio de mudas de espécies ameaçadas de phalerata)plantadaem1938. extinção marcou o lançamento do Programa “Extinção Zero”, que oficializou a lista de espécies ameaçadas do Extinção Pará. Durante a cerimônia, ocorrida em fevereiro deste Dentre as mais recentes destacam-se as mudas de ano, a governadora do Estado do Pará, Ana Júlia Carepa, Mogno (Swietenia macrophylla) e de Freijó (Cordia o Secretário Executivo de Meio Ambiente do Pará goeldiana) plantadas em 2002, respectivamente, pelo (SEMA), Valmir Ortega, e o biólogo José Maria Cardoso,

Vice-Presidente de Ciências para a América do Sul da ONG Conservação Internacional, acompanhados da Diretora do Museu Goeldi, Ima Vieira, plantaram no Parque três mudas de espécies regionais ameaçadas de extinção: o Pau-rosa (Aniba rosaedora Ducke), o Ipêroxo (Tabebuia impetiginosa) e o Mogno (Swietenia macrophyllaKing).

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Ban Ki-Moon e Marina Silva no MPEG plantando um Dendê-do-Pará ou “a planta que anda”

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nserido neste contexto de mudanças climáticas, a busca por sustentabilidade no manejo dos recursos naturais é o assunto da vez. A procura por fontes de energia renováveis é objeto de pesquisas de instituições no mundo inteiro que pretendem encontrar alternativas ao uso dos derivados do petróleo, que têm contribuídoparaaemissãodecarbononaatmosfera. Pensando nisso, o Grupo de Energia, Biomassa & Meio Ambiente (EBMA), do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, passou a desenvolver projetos voltados para a geração de energia limpa a partir de biomassa vegetal. Criado em 2001, é composto por professores das Faculdades de Engenharia Mecânica, sede do Grupo, de Engenharia Sanitária e de Engenharia Química, e está sob coordenação do professor Gonçalo Rendeiro e sob liderança do professor AugustoBrasil. “Ao utilizar a biomassa nós estamos dando um novo destino a resíduos e, ao usar a sua energia, nós estamos utilizando menos energia de fontes não-renováveis como o petróleo”, justifica o engenheiro mecânico

Esquema simplificado dos processos de queima da biomassa por combustão

Augusto Brasil, mestre em Engenharia Ambiental e doutor em Engenharia Mecânica. Para ele, a importância dos trabalhos desenvolvidos está justamente em como transformar a biomassa em fonte energética, conciliando com a sustentabilidade ambiental. O EBMA já executou mais de 20 projetos de pesquisa em parceria com órgãos governamentais, tanto na esfera estadual quanto federal, e com empresas públicas e privadas. Atualmente o trabalho do grupo está focado na otimização de dois processos de geração de energia, combustão e gasificação de biomassa, com ênfase na queima de biodiesel e óleos vegetais. Realizam também trabalhos de medição das emissões de poluentes atmosféricos, análises da biomassa amazônica e instalação de unidades de geração de energia em comunidadesamazônicasisoladas.

Processos de Transformação O espaço de pesquisa do EBMA é de aproximadamente 2.000 m². No laboratório de vapor há uma planta de potência, para a transformação de biomassa por meio da combustão. A biomassa é colocada numa correia transportadora que a distribui pelos silos de armazenagem. Desse sistema de armazenamento, os resíduos são colocados numa fornalha, parecida com as utilizadasnostrensavapor,ondesãoqueimados.Ocalor produzido aquece a água dos tubos que revestem a fornalhaeessaáguaétransformadaemvapor. “Quando água se transforma em vapor ela expande umas mil vezes em volume. Essa expansão, como ela é retida, aumenta a pressão e fica o vapor sob pressão na caldeira.Quandoeralánalocomotivaantigamente,esse vapor entrava nos pistões e fazia a roda girar, o que acontece aqui é que esse vapor vem para turbina que está acoplada a um gerador de energia elétrica que por sua vez distribui a energia produzida”, detalha Augusto Brasil. Para o Prof. Brasil, o problema da utilização de

Arquivo Pessoal

UFPA desenvolve estudos sobre a utilização de resíduos orgânicos para a produção de energia

Arquivo do Prof. Brasil

{Por}

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Professor Augusto Brasil

termelétricas como essa é que a energia ainda não tem como ficar armazenada.“Não se pode apagar a fornalha, é preciso utilizar o vapor porque estamos queimando a biomassa,entãoelaprecisaficaremfuncionamento”. Esse sistema é experimental e, por isso, todas as atividades são controladas por sensores e analisadas por um computador, como a rotação da turbina, a pressão e a temperatura. Com isso conseguem pensar em estratégias para a melhor maneira de produzir energia comabiomassanessesistema. No laboratório de gasificação, desenvolvem projetos de otimização de gasificadores. Além disso, com colaboração internacional, desenvolvem o projeto Biomass Energy Platforms Implementation For Training in Latin America Network – BEPINET – cuja finalidade é a capacitação de profissionais nacionais com o ensino de técnicasmodernasdeutilizaçãodebiomassa. No laboratório de caracterização de combustíveis é onde caracterizam a biomassa, quanto ela vai gerar de energia, quais as suas propriedades. No laboratório de motores de combustão interna verificam desempenho,

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Lara Lages

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Área onde fica o laboratório de vapor do Grupo EBMA, no prédio de Eng. Mecânica Lara Lages

Arquivo do Prof. Brasil

Desenho esquemático de um gasificador

qualidadedaenergiaeconsumoespecíficodosmotores. Além disso, verificam as emissões atmosféricas de motores diesel, consumindo combustíveis alternativos aosderivadosdepetróleo.

O Cenário Amazônico SegundooprofessorBrasil,amatrizenergéticabrasileira é muito boa porque suas bases estão em energia renovável. Do total de energia elétrica consumido no país, 77,1% vêm de hidrelétricas; 8,3% de importação; 4,1% de gás; 3,9% de biomassa; 2,8% de derivados de petróleo; 2,2% de energia nuclear e 1,6% de carvão mineral. “MasnósestamosaquinaAmazônianumcenáriomuito interessante. A região tem baixíssima densidade demográfica. Para termos idéia, esse Brasil que tem baixa densidade populacional tem a hidrelétrica de Tucuruí, mas vive com um motor diesel”, lembra o professor. O que se observa, portanto, é que, apesar da região possuir hidrelétricas, ela não está integrada ao sistema de distribuição de energia e precisa utilizar termelétricas a diesel. Chama-se a isso de isolamento elétricoouenergético. O grupo pensou, então, na implantação de geradoras de energia em comunidades isoladas. Através do CNPQ,

instalaram uma usina de geração de energia numa comunidade na Ilha do Marajó. A equipe do professor Gonçalo Rendeiro entrou em contato com a comunidade e desenvolveram um projeto para gerar energia, integrado ao processo produtivo deles. Foi construído em Breves, no Marajó, não só uma usina de geração de energia, mas também uma fábrica de óleo vegetal, uma câmara frigorífica para o pescado e uma fábrica de gelo para atender os barcos pesqueiros. “Essa comunidade na concepção viveria de produzir a sua energia com biomassa local, fabricar óleo porque já tinha energia suficiente para agregar uma fábrica, fabricar gelo e vender para os barcos pesqueiros da região, além de ter uma câmara frigorífica para o pescado e os frutos locais”. Está sendo instalado em outra comunidade do Marajó um projeto parecido. Essa comunidade mais a

Lara Lages

Mapa do Sistema de Distribuição Energética do brasil Turbina de geração de energia

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Os silos de armazenagem

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www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf

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oeste da Ilha tem características diferentes já que produz mais madeira e é mais organizada. O grupo pretende depois comparar as duas e observar de que forma levar energia e aproveitar os recursos energéticos localmente pode potencializar a economia e os benefícios sociais dessaspopulações. O coordenador Gonçalo Rendeiro, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e mestre em Engenharia Mecânica, pela experiência da dificuldade de levar o equipamento para montar nas comunidades pensounaestratégiademontartodooequipamentoem uma balsa em Belém. Essas balsas podem ser fixas, somenteemumacomunidade,outemporárias,seguem itinerante por várias comunidades até que melhore o processoprodutivodeles. Segundo Rendeiro, a“Eletrobrás soube dos trabalhos e já nos encomendou mais duas unidades flutuantes que nósvamosimplantaremduascomunidadesemMuaná, também com o mesmo perfil, levando energia e renda. Nesse caso especifico é uma unidade de 50 KW e mais umaunidadedeextraçãodeóleo”.

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Processos de Conversão da Biomassa

Arquivo Gonçalo Rendeiro

O maior entrave para um maior uso de biomassa é o custo. Para Brasil,“quanto mais biomassa eu tenho localmente, mais fácil é utilizar localmente, porque quanto mais eu tenho que transportá-la, mais custos eu estou aplicando e mais cara é a energia produzidaemmaioresdistâncias”.

Biodiesel A Eletrobrás fez uma parceria com o Grupo EBMA para a construção de uma usina para produzir biodiesel e um laboratório para testes com motores. “Aí se vê que a biomassa passa a ter uma nova análise que é pensar em produzir outro tipo de combustível que seja um pouco mais nobre em termo energético”, enfatiza Augusto Brasil.

Parcerias

CENBIO – Centro Nacional de Referência em Biomassa; FINEP– Financiadora de Estudos e Projetos,; Mecatron Ltda.; Albrás S.A.; Alunorte S.A.; Brascomp Compensados S.A.; Emapa –Exportadora de Madeiras do Pará Ltda.; Madenorte – Madeiras do Norte S.A.; Montex Comercial Ltda.; Laboratório Merck S.A.; Nordisk Timber Ltda.; Clean Service ServiçosLtda.; Cidade Limpa Ltda.

Estrutura do laboratório de Vapor montado pelo Grupo

O que é Biomassa, afinal? O termo biomassa abarca muitos significados. Para a ecologia, por exemplo, é a quantidade de matéria orgânica existente num determinado ecossistema. Já para a produção de energia, compreende os resíduos oriundos de material orgânico renovável utilizados como combustíveis, não sendo considerados, portanto, os combustíveis fósseis. A relação da humanidade com a biomassa é bem antiga. Há cerca de 12 mil anos, com a chamada Revolução Neolítica (denominada assim pelo arqueólogo inglês Gordon Childe), o homem passou a se fixar em um local, transformando sua relação com a natureza. Foi aí que iniciou a utilização da biomassa de modo mais intenso. Ao queimar resíduos orgânicos, seja para se aquecer, seja para movimentar motores, o homem transforma biomassa em energia.

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auro Luis Ruffino*

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A N A C S E P A

A I N Ô Z A AM ILEIRA S A BR

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Surubim - Pseudoplatystoma fasciatum

A Pesca

A pesca é uma das atividades mais importantes no Brasil do ponto de vista econômico e social. Aproximadamente 1 milhão toneladas de peixes são produzidos anualmente, sendo 50,2% oriunda da pesca marinha, 24 % da pesca de águas continentais e os restantes 25,9% da aqüicultura (marinha e continental)(IBAMA,2008). Podemos classificar as pescarias na Amazônia de acordo aos seus objetivos, magnitudes, dimensões e relevâncias econômicas e sociais em relação à

sustentabilidade,como: a) Pesca de Subsistência: aquela praticada pela população ribeirinha, explorando uma grande diversidade de espécies,sendoopescadoaprincipalfontedeproteína; b) Pesca Comercial: praticada em tempo integral ou parcial, destinada ao consumo humano e de onde os pescadoresobtêmaparteimportantedeseusingressosanuais.Podeser: i) monoespecífica - cujas espécies alvo são principalmente os Siluriformes como dourada Brachyplatystoma rouseauxii, piramutaba B. vailantii, piraíba B. filamentosum, os surubins e caparari Pseudoplatystoma tigrinum e P. fasciatum, pirarara Phractocephalus hemiliopterus e o mapará Hypophythalmus spp. A pesca destas espécies assume características industriais na foz do Rio Amazonas e artesanal ao longo dos rios Amazonas e Solimões, e a atividade está ligada principalmente à indústria pesqueira, representada pelos

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frigoríficos; e ii) multiespecífica – que explota principalmente espécies migradoras como jaraquis Semaprochilodus insignis e S. taenirus, pacus Myleus sp., Methynis sp. e Mylossoma sp., tambaqui Colossoma macropomum, matrinxã Brycon cephalus e curimatá Prochilodus nigricans. A maioria são espécies bastante influenciadas pelo ciclo hidrológico, influenciando diretamente os ciclos reprodutivo e migratório, e conseqüentementeapesca; c) Pesca Esportiva: geralmente exercida por turistas que provêm dos centros urbanos de fora da região e de outros países. A pesca esportiva é atualmente uma das maiores indústrias turísticas no Estado do Amazonas cuja espécie alvo principal é o tucunaré (Cichla spp.) e a principalregiãodepescaéabaciadomédioRioNegro;e d) Pesca Ornamental: voltada para a captura de pequenos peixes usados em aquariofilia. Cerca de 800 espécies de peixes são registrados no rio Negro, mas

apenas 60 são exploradas para fim ornamental (Chao, 2001). O cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi) é a espécie alvo representando 76 a 89% do total de peixes exportados por ano (Chao, 2001). O médio Rio Negro é a principal região no Brasil, onde a pesca é artesanal, com a utilização do rapiché, cacurí e armadilha (Leite & Zuanon,1991). As pescarias de água doce na Amazônia são Evolução as mais produtivas do dos volumes p a í s, co nt r i b u e m significativamente para a produção de animais aquáticos no Brasil, representando 17% do total produzido pela pesca marinha, dulcícola e aqüicultura e 69,7 % de toda a produção pesqueira de água doce no Brasilentre1996e2006(Tabela1).

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Tabela 1 - Produção (toneladas) de pescado na bacia Amazônica brasileira 1996 BRASIL PESCA TOTAL PESCA DE ÁGUA DOCE AMAZÔNIA - Água-doce Pesca Aqüicultura Total água doce AMAZÔNIA - Marinha Pesca Aqüicultura Total marinha AMAZÔNIA TOTAL PESCA TOTAL AQUACULTURA PRODUCÃO TOTAL

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2006

646.518 732.090 727.833 744.598 843.377 939.756 1.006.869 990.272 1.015.914 1.009.073 1.049.539 193.845 178.871 173.680 185.472 199.159 220.432 239.416 227.551 246.101 243.435 251.241 107.789 97.965 92.101 2.079 3.447 6.580 109.868 101.412 98.681

102.003 112.429 133.306 148.302 5.987 8.196 13.682 15.719 107.990 120.625 146.988 164.021

133.377 140.963 14.085 17.532 147.462 158.494

135.596 19.707 155.303

147.931 22.100 170.031

43.977 0 43.977

98.702 130 98.832

97.273 324 97.597

89.683 278 89.961

84.335 250 84.585

225.279 19.985 245.264

232.266 22.350 254.616

38.204 30 38.234

38.667 30 38.697

105.147 102.480 108.882 140 150 78 105.287 102.630 108.960

151.765 136.168 130.767 200.705 217.575 235.785 257.183 2.079 3.477 6.610 6.117 8.336 13.832 15.797 153.844 139.645 137.377 206.822 225.911 249.617 272.980

A produção de pescado em água doce na Amazônia em 2006 foi de 147.931 toneladas. O Estado do Pará é o maior produtor da região norte com 48,6% do total, seguido do Estado do Amazonas com 38,7% (Tabela 2). Analisando os desembarques de pescado no período de 1996 a 2006, a média é de 122.614 toneladas/ano, sendo os maiores produtores os Estados do Amazonas e

Pará com 45,4% e 42,4% dos desembarques, respectivamente (Tabela 2). A composição de espécies das capturas desses dois estados é diferenciada, com predominância da captura de caracídeos no Amazonas e debagresnoPará. A captura total de peixes na Amazônia pode ser até três vezes maior que os valores compilados pelo IBAMA, pois

93.625 242 93.867

230.649 234.588 14.409 17.774 245.058 252.361

ascapturasnãoregistradasemáreasruraispelapescade subsistência (incluindo cidades com menos de 50.000 habitantes) por exemplo, pode totalizar 113.000 t/ano só no Estado do Amazonas, o que, se somado aos desembarques informados triplicaria a captura total deste Estado e provavelmente o elevaria ao posto de maiorprodutordepescadodoBrasil.

Tabela 2 – Desembarques (toneladas) da pesca comercial de água doce na bacia amazônica brasileira no período de 1996 a 2006, por estado da federação. 1996

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2003

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2006

Média

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins

2.053 3.829 57314 144 40.357 3.283 809

4.450 1.314 48.270 119 36.485 5.652 1.675

3.937 2.397 45.621 118 33.567 5.088 1.374

4.469 1.514 48.423 121 38.307 7.770 1.399

4.285 1.699 55.726 201 42.901 6.146 1.471

4.432 1.662 60.528 250 58.225 6.681 1.528

4.396 1.537 66.581 262 67.199 6.712 1.615

4.352 1.633 59.926 349 59.079 6.376 1.663

3.854 1.610 56.696 420 62.543 11.146 1.696

2.329 1.488 55.413 783 6.853 13.009 1.722

2.241 1.413 57.316 721 71.950 12.664 1.626

3.709 1.827 55.619 317 51.951 7.684 1.507

TOTAL

107.789 97.965 92.101 102.003 112.4 29 133.306 148.302 133.377 137.963 135.596 147.931 122.614

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Piramutaba – Brachyplatystoma vailantii

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Recentes estudos genéticopopulacionais para dourada e piramutaba sugerem que há uma única população com grande padrão de migração, ao longo de toda a calha e tributários do rio Amazonas e os afluentes devem ser vistos como verdadeiros berçários para essas espécies, por serem os locais de desova e também por contribuírem com uma boa parcela da diversidade genética para todo o grupo

Cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi)

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Com relação a peixes ornamentais, atualmente o Brasil exporta 1% de volume (em número) dos peixes ornamentais no mercado mundial. Dentro deste percentual, mais de 81% vem dos Estados do Amazonas (52,5%) e Pará (28,5%) do total exportado (Tabela 3). Uma só espécie, o cardinal tetra, constitui mais de 80% do volume de peixes ornamentais comercializados na baciadoRioNegro.

Tabela 3 - Exportações estaduais de peixes para fins ornamentais em US$. UF

2003

AMAZONAS

2.525.721,002.785.376,002.395.980,002.402.735,002.527.453,0052,51 52,51

2004

2005

2006

Média

%

%Acumulada

PARA CEARA

984.031,00 1.511.306,001.572.615,001.435.694,001.375.911,5028,58 81,09 311.466,00 372.425,00 366.176,00 438.020,00 372.021,75 7,73 88,82

SAO PAULO

92.293,00

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276.655,00 299.165,00 102.086,00 192.549,75 4,00 97,23

PERNAMBUCO 113.783,00 148.588,00 202.193,00 126.845,00 147.852,25 3,07 91,89 RIO DE JANEIRO 58.763,00 55.595,00 34.349,00 109.292,00 64.499,75 1,34 93,23 Outros

173.559,00 159.559,00 109.945,00 90.333,00

Total

4.259.616,005.309.504,004.980.423,004.705.005,004.813.637,00100,00 -

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133.349,00 2,77 100,00

Dourada- Brachyplatystoma rousseauxii

Aracu - Schizodon fasciatus

Aindústriapesqueirada mazônia está Cadeia de Alocalizada em três pólos comerciali- (Belém, Manaus e Santarém) responsáveis zação pelo processamento, agregação de valor e geração de emprego e divisas. Existem três sub-cadeias de integração das cadeias produtivas locais (Batista et al., 2007): i) Belém que é abastecida com peixes marinhos, estuarinos e do Rio Amazonas pelas frotas de Belém, Abaetetuba e Santarém, em ordem decrescente de importância e cuja frota não abastece outros portos, uma vez que Abaetetuba e Santarém são abastecidas

pelas suas próprias frotas; ii) Manaus que recebe peixes de escama de primeira (tambaqui, tucunaré, pescada) oriundos dos centros produtores do entorno de Manaus, incluindo as calhas dos rios Madeira, Purus e Negro, e Solimões-Amazonas até a região de Coari-Tefé; e iii)Tefé até Tabatinga relacionadas à comercialização dos bagres, mas que abrange também Coari, podendo chegar a Santarém, fazendo com que o peixe-liso capturado ao longo do rio seja direcionado para Tabatinga/Letícia. AcadeiaprodutivadepeixesornamentaisdoRioNegroé composta pelos coletores, intermediários, exportadores, importadores, atacadistas, varejistas, aquariofilistas e aquáriospúblicos(Prang,2001).

Matrinxã - Brycon sp

Jaraqui - Semaprochilodus sp

Mapará - Hypophthalmus spp Pacu - Mylossoma sp

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O quantitativo de pescadores artesanais atuantes na Amazônia soma mais de 175 mil pessoas, representando Geração de 30,6% em relação ao total de pescadores do país, com emprego e destaque para os Estados do Pará e Amazonas que juntos renda da pesca somam84,3%dospescadoresdaAmazônia(SEAP,2008). comercial Parente et al. (2005) registraram que a renda bruta da pesca de bagres na Amazônia foi cerca de R$ 121,9 milhões, com uma oferta de mercado de trabalho para cerca de 16.000 pescadores na região. Dois centros se destacam na atividade pesqueira de bagres: o Estado do Pará com 28 empresas que juntas têm capacidade de estocagem para 7.852 toneladas de pescado e 6.832 toneladas de gelo; e Letícia, na Colômbia, que movimenta cerca de 10 mil toneladas/ano de pescado, com produção destinada aos mercados de Bogotá, Cali e Medelin. Almeida (2004) estimou que R$ 472 milhões são gerados pelo setor pesqueiro, sendo 48% pelos frigoríficos, 18% pelos pequenos pescadores artesanais e 16% pelos pescadores comerciais. As feiras abertas são responsáveis por 9% da renda. Em termos de emprego, o setorempregadiretamente155.042pessoas/ano. Estima-se que aproximadamente 10.000 turistas participam da pesca esportiva na Amazônia e que a indústria emprega diretamente por volta de 1.000 pessoas por temporada. Segundo a FAO (1998), o valor da pesca esportiva na Amazônia brasileira seria (incluindo custos diretos e indiretos) de mais de US$400milhões. Já o comércio de peixes ornamentais movimenta entre US$ 2-3 milhões/ano só no estado do Amazonaseempregandomaisde10milpessoas (Chao, 1993). A quantidade de peixes ornamentais exportados tem variado ao longo dos anos, sendo de 13 a 17 milhões nos anos 80 a cerca de 25 milhões nos recentes anos (IBAMA,1999,2007).

O Consumo de pescado: a representação do pescado amazônico

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O pescado é destacadamente a principal fonte protéica na alimentação das populações ribeirinhas amazônicas, sendo o consumo direto estimado em torno de 134,7 a 292 kg/pessoa/ano (Isaac et al., 1998; Fabré & Alonso, 1998). Estes são os maiores valores de consumo de pescado já registrados no mundo, refletindo a forte relação do amazônidacomospeixesdaregião.

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Rios e lagos da Bacia Amazônica

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Pirapitinga - Piaractus brachypomus Leporacanthicus cf. galaxias

Avaliação de estoques tradicional de algumas espécies de peixes importante comercialmente tem sido realizada nos últimos anos utilizando métodos baseado em comprimentos e taxas de crescimento e mortalidade. Os resultados indicam espécies de grande porte e crescimento lento como tambaqui e surubim, (Isaac et al., 1998), dourada e piramutaba (Fabré & Barthem, 2005) estão sobrexplotados. Os estoques de curimatá ainda não estão sobrexplotados, mas considerando sua ampla utilização no nível da bacia, recomenda-se um continuo monitoramento (Freitas et al., 2007). Para espécies com estratégia de vida mais oportunística (r-estrategistas), tais como a pescada, os fatores ambientais, como velocidade e intensidade das enchentes, explicam o sucesso ou falha do recrutamento, e conseqüentemente a captura total, melhor do que a intensidade do esforço de pesca (Merona, 1993). Para as duas espécies de jaraqui as análises indicam sobrepesca, mas como essas espécies são r-estrategistas a manutenção da produção pode ser resultante do ciclo de vida curto. Assim, anos atípicos com fraco recrutamento, adicionado ao regime de sobrexplotaçãopoderálevarosestoquesaocolapso(Freitasetal.,2007).

Situação atual e perspectivas da pesca comercial

Políticas de manejo e promoção da sustentabilidade da pesca

Hypancistrus sp.

As medidas mais comuns de regulamentação são: regulamentação dos apetrechos de pesca, estabelecimento de proibição temporária da pesca (defeso), restrição da entrada de pescadores, e limitação do esforço de pesca pelo número deembarcaçõeslicenciadas. Aequidens pulcher

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Nos rios amazônicos vive o maior número de espécies de peixes do mundo. Já foram descritas 1500, mas estima-se que exista pelo menos o dobro

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O manejo comunitário tem evoluído para acordos de pesca resultantes reuniões comunitárias onde pescadores artesanais (profissionais e/ou de subsistência) e ribeirinhos definem, em conjunto, regras de uso e normas específicas, regulando assim a pesca de acordo com os interesses da população local e da sustentabilidadedorecurso. Almeida et al. (2003) analisando a produtividade da pescaemlagosmanejadosenãomanejadosverificaram uma produtividade significativa e consistentemente mais elevada nas comunidades com acordo de pesca, demonstrando que o manejo ao nível das comunidades é um instrumento efetivo de ordenamento pesqueiro paraaAmazônia. Como resultado de demandas das comunidades locais e do envolvimento de diferentes projetos e instituições na região, as ações de manejo dos recursos pesqueiros sofreram grandes transformações nas últimas décadas, permitindo a institucionalização de mecanismos participativos e de descentralização das ações de gestão ambiental e no controle político e social exercido pelos usuários, com o por exemplo, os acordos de pesca (Raseira et al., 2006). A região amazônica é considerada um grande laboratório de experimentos sócioambientais e ações alternativas para o desenvolvimento sustentável e este sistema alternativo desenvolvido na região têm servido de exemplo para outras regiões do país. Porém, o manejo deve ser sempre considerado “adaptativo”, monitorando-se as mudanças e corrigindo-se os desvios em uma dinâmica interativa

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entre sociedade, cientistas e tomadores de decisão. Por isso, estas experiências precisam certamente ainda ser aprimoradas e ampliadas para uma escala continental, incluindo acordos internacionais para o manejo de espécies migradoras, tendo os princípios do manejo adaptativo como norteadores das políticas públicas e comaçõessuficientementeflexíveis.

Diretor de Ordenamento, Controle e Estatística (DICAP) da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR) – Esplanada dos Ministérios – Bloco D – Ed. Sede – 2º Andar – Sala 238 – Brasília, D.F. – Cep. 70.043-900 – E-mail: mauroruffino@seap.gov.br

Tambaqui- Colossoma macropomum

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Referências Bibliográficas Almeida, O.T. 2004. Fisheries management in the Brazilian Amazon. PhD Thesis. Imperial College, London, 176 p. Almeida, O. T.; Lorenzen, K. & McGrath, D.G. 2003. Commercial fishing sector in the regional economy of the Brazilian Amazon. The second International Symposium on the Management of Large Rivers for Fisheries: Sustaining Livelihoods and Biodiversity in the New Millennium. Phnom Penh , Kingdom of Cambodia, 15-24. Batista, V.S.; Chaves, M.P.S.R.; Junior, C.H.F.; Oliveira, M.F.G.; Silva, A.J.I. & Bandeira, C.F. 2007. Caracterização socioeconômica da atividade pesqueira e da estrutura de comercialização do pescado na calha Solimões-Amazonas. pp. 19-57. In: ProVárzea (Ed.). O setor pesqueiro na Amazônia: análise da situação atual e tendências do desenvolvimento da indústria de pesca. IBAMA, Manaus, 122 p. Chao, N.L. 2001. Fisheries, Diversity, and Conservation of Ornamental Fishes of the Rio Negro Basin, Brazil – A Review of Project Piaba (1989-1999). pp. 161-204. In: Chao, N. L.; Petry, P.; Prang; G.; Sonneschien, L. & Tilusty, M. (orgs.). Conservation and Management of Ornamental Fish Resources of the Rio Negro Basin, Amazonia, Brazil – Projeto Piaba. Editora da Universidade do Amazonas, Manaus. 309 p. Chao, N. L. 1993. Conservation of rio Negro ornamental fishes. Tropical Fish Hobbyist 61(5): 99-114. Fabré, N. N. & Alonso, J.C. 1998. Recursos ícticos no alto Amazonas: sua importância para as populações ribeirinhas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, sér. Zoologia, 14: 19-55. Fabré, N.N. & Barthem, R.B. 2005. O manejo da pesca dos grandes bagres migradores: piramutaba e dourada no eixo Solimões/Amazonas. Manaus: IBAMA. 114 p. FAO. 1998. Amazon: Fisheries and Aquatic Biodiversity Management Desk Study. FAO/World Bank Cooperative Programme. FAO Report Nº 98/055 CP-RLC. 55 p. Freitas, C. E. C.; Nascimento F. A. & Souza, F. K. S. 2007. Levantamento do estado de explotação dos estoques de curimatã, jaraqui, surubim e tambaqui. pp. 76-100. In: ProVárzea (Ed.). O setor pesqueiro na Amazônia: análise da situação atual e tendências do desenvolvimento da indústria pesqueira. IBAMA, Manaus, 122 p. IBAMA.1999. Relatório de Exportação de Peixes Ornamentais [1998]. IBAMA, Manaus IBAMA. 2007. Diagnóstico geral das práticas ligadas à exploração, captura, comercialização, exportação e uso de peixes para fins ornamentais e de aquariofilia. Brasília, IBAMA. 214p. IBAMA. 2008. Estatística da Pesca 2006: Brasil e grandes regiões e unidades da federação. Brasília, IBAMA. 147 p. Isaac, V.J.; Ruffino, M.L. & McGrath, D. 1998. In search of a new approach to fisheries management in the middle Amazon. pp. 889-902. In: Funk, F.; Heifetz, J.; Ianelli, J.; Power, J.; Quinn, T. Schweigert, J.; Sullivan, P. & Zhang, C.I. (eds) Fishery Stock Assessment Models for the 21st Century. Proceedings. Alaska Sea Grant College Program. Leite, R.G. & Zuanon, J.A.S. 1991. Peixes ornamentais – aspectos da comercialização, ecologia, legislação e propostas de ação para um melhor aproveitamento. pp. 327-330. In: Val, A.L. & Feldberg, E. (Eds.). Bases científicas para estratégias de preservação e desenvolvimento da Amazônia: fatos e perspectivas. Manaus: INPA. Merona, B. 1993. Pesca e Ecologia dos Recursos Aquáticos na Amazônia. pp. 159-185. In: Furtado, L.; Leitão, W. & Mello, A. F. (Eds.). Povos das Águas - Realidade e Perspectiva na Amazônia. MCT/CNPq/MPEG, Belém. Parente, V.M.; Vieira, E.F.; Carvalho, A.R. & Fabré, N.N. 2005. A pesca e a economia da pesca de bagres no eixo Solimões-Amazonas. pp. 49-65. In: Fabré, N.N & Barthem, R.B. (ed.). O manejo da pesca dos grandes bagres migradores: piramutaba e dourada no eixo Solimões-Amazonas. IBAMA, Manaus, 114 p. Prang, G. 2001. A Caboclo Society in the Middle Rio Negro Basin: Ecology, Economy, and History of an Ornamental Fishery in Amazonas, Brazil. PhD Thesis, Wayne State University, Michigan, USA. Raseira, M.B; Câmara, E.P.L. & Ruffino, M.L. 2006. Gestão participativa dos recursos pesqueiros na várzea amazônica. Revista Agriculturas Experiências em Agroecologia, 3(1): 32-35.

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Veja quais são as espécies de peixes ornamentaisda Amazônia que valem mais no exterior

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A

Ilha de Marajó, uma das ilhas que compõemoarquipélagodoMarajó,éa maior ilha flúvio-marinha do mundo, com uma área de 49.606 km2 e apresentandoumagrandediversidade de ecossistemas. Apresenta duas regiões distintas: a parte Leste, que se caracteriza pela predominância dos campos naturais, formados de pastagens nativas, onde se desenvolve a grande maioria da pecuária e a Oeste caracterizada como região de matas de várzea e de terra firme, apresentando importantes recursos hídricos e com menor ocorrência decamposnaturais.

ILHA DE MARAJÓ

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O clima da ilha de Marajó é caracterizado comoTropical chuvoso com temperatura média de 27º C, nunca inferior a 18º C e a oscilação de temperatura, de um modo geral, é sempre inferior a 5º C, apresentando dois tipos distintos: o clima tropical quente, com excessivas chuvas sazonais, abrangendo a parte sul da Ilha, onde a pluviosidade no mês mais seco atinge um mínimo de 60 mm e um regime de chuvas bastante alto atingindo 2.900 mm anuais; e o clima tropical quente e chuvoso, com chuvas características de monções, predominando na porção norte da Ilha, apresentando precipitação anual de 2.100 mm e mensal inferior a 60 mm, durante mais de dois meses do ano. Assim, a distribuição de chuvas ocorre em dois períodos bem definidos, um de máxima precipitação de janeiro a junho e outro de mínima, compreendido entresetembroenovembro. Os solos predominantes são do tipo Plintossolos (Laterita Hidromórfica) e suas fases, inceptissolos, na taxonomia de solos - USA, além de outras classes tais como: Gleissolos (Glei Pouco Húmico, Glei Húmico) e Solos Aluviais, classificados na ordem dos entissolos na taxonomia de solos - USA. Ocorrem também nos terraços baixos, que não sofrem influência das inundações, solos bem drenados, de textura média,

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Guarás

classificados como Latossolos Amarelos (Latossolos) e estão associados com as Areias Quartzozas (Neossolos), com exceção de grande parte dos solos Aluviais

, Ó J A R A M E D A H A L I R A A O J A R A M O L A V O CA INI PURUCA EOM

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hidromórficos, que ocorrem ao longo dos rios de água barrentaedeinfluênciasalina. (entarmfotosdailha) Nesse ambiente de grande adversidade edafoclimática, mas repleto de farta variedade de pastagens nativas nos campos naturais se desenvolveu a raça eqüina Marajoara e o único mini cavalo do Brasil, a raça Puruca. A introdução dos eqüinos no Brasil data de 1534 com animais vindosdasilhasMadeira,CanáriaseCaboVerde. Após a sua introdução, foram submetidos às mais adversas condições de um ecossistema totalmente diferente do seu continente de origem, desenvolvendo características peculiares e recebendo, geralmente, nomes alusivos aos locais onde se desenvolveram e se adaptaram, como é o caso do Pantaneiro, no Pantanal, o

Mini cavalo da raça Puruca

Lavradeiro em Roraima , o Crioulo no Rio Grande do Sul e oMarajoara,noMarajó. Pode-se inferir, portanto, que o cavalo Marajoara, resultante de cruzamentos entre as raças Árabe, AngloÁrabe, Lusitano, dentre outras, desenvolveu ao longo dos anos, um ecotipo próprio que culminou com o estabelecimento de um padrão racial específico. O rebanho cavalar marajoara adquiriu uma aclimatação

completa, vencendo obstáculos e tirando proveito do ecossistema da região, chegando a possuir, há cerca de 150 anos uma população estimada em um milhão de cabeças. O aumento demasiado da população de cavalares, devorando as pastagens, que não mais cresciam o suficiente para o uso dos bovinos, fez com que se procedessem abates de éguas, das quais aproveitavam-se as peles e as crinas. Assim, somando o

O cavalo Marajoara na prova de velocidade e argolinha

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Puruca-ABCP, fundada em 1986, a raça Pu r u c a p o s s u i c a r a c t e r í s t i c a s morfológicas que o diferenciam de outros eqüinos. Apresenta temperamento enérgico, vivo, ativo e dócil, com o andamentonaformadetrote.

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Tese de doutorado 5

O Marajoara

sacrifício das matanças deliberadas à devastação causada pela epizootia, a população eqüídea do Marajó sofreu uma redução considerável. O efetivo atual está em torno de 150.000 cabeças, a grande maioria mestiçadacomoutrasraças. Pelas aptidões desenvolvidas, como grande resistência, velocidade a galopes curtos, rusticidade e versatilidade, oMarajoaramesmocomoadventodasmáquinas,ainda éindispensávelparasuprirasnecessidadesdetração(de carroças) de trabalhos rotineiros das fazendas regionais, com baixo custo operacional, revelando condições de suportar intensos trabalhos. O cavalo Marajoara é de fundamental importância para a pecuária, no manejo quase sempre extensivo de bubalinos e bovinos. Além disso, são utilizados na programação turística de esporte e lazer da Ilha, anualmente, visto que participam de “provas”deresistência,endurosecorridas. Por sua vez, o mini-cavalo Puruca é o resultado de cruzamentos do cavalo Marajoara com pôneis da raça “Shetland”, de origem inglesa, vindos da França na penúltima década do século XIX. Esse animal desenvolveu, também, adaptação ao ambiente adverso, fixando características de força e rusticidade, tornandose indispensável nas atividades pecuárias do arquipélago. Desses cruzamentos foram selecionados animais, cuja principal característica era a altura padrão

de, no máximo, 1,18 m, formando-se, desse modo, um plantel considerável que levou à formação de uma Associaçãoprópria. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de

Como par te dos trabalhos de melhoramento genético animal desenvolvidos na Embrapa Amazônia Oriental foi realizada uma tese de doutoradopelapesquisadoradaEmbrapa Amazônia, Maria RosaTravassos da Costa, no Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular, no Centro de Ciências Biológicas da UFPA, cujo objetivo foi caracterizar geneticamente a raça eqüina Marajoara que é uma das mais importantes da região Amazônica, sendo originada no Brasil, mais especificamente na ilha de Marajó. Esta raça, bastante difundida e utilizada nas fazendas da ilha, é mantida em conservação no Banco de Germoplasma Animal da Amazônia Oriental – BAGAM, da Embrapa, sendo

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Cuieras

Nos campos e alagados do Marajó na fazenda Camburupy

Nos Campos alagados do Marajó

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altamente adaptada às condições climáticas e ao relevo quecaracterizamessaregião. Os resultados sugerem que a raça Marajoara representa um grupo genético claramente distinto de outras raças excetuando-se a Puruca que pode ser utilizada como reservatório de genes para a mesma, com razoável variabilidade genética. Medidas de conservação e manejo devem ser intensificadas nesse importante recurso genético brasileiro a fim de evitar a sua descaracterizaçãoeperdadeidentidadegenética. Foi comprovado portanto, que o cavalo Marajoara e o minicavalo Puruca, podem ser considerados raças autócnes. Isto é: São legítimos puros-sangue genuinamentebrasileiros.

Padrão da raça Marajoara O padrão da raça do cavalo Marajoara (Figura 01), segundo a ABCCRM, ainda é provisório, e leva em consideração: aparência geral, cabeça e pescoço, tronco, membros,andamentoedefeitosdesclassificantes. a) Aparência geral: Pelagem: Qualquer pelagem, exceto PampaeAlbina;

*O cavalo Marajoara e o mini cavalo Puruca se constituem em raças muito importantes da região Amazônica, sendo originadas no Brasil, especificamente na ilha de Marajó, na Amazônia Brasileira, estando adaptadas às condições climáticas e ao relevo plano e alagado que caracterizam essa ilha. Segundo Miranda Neto (1993), a formação da pecuária na ilha do Marajó deveu-se à proximidade com Belém e pela disponibilidade de imensas áreas de campos naturais, características das várzeas do Marajó, onde as condições propícias para a criação desses animais eram muito superiores. A criação extensiva proporcionou ao longo dos anos a formação da raça eqüina Marajoara, com acentuada predominância de sangue Andaluz ou, ainda, segundo Ribeiro (1993) com sangue de Barbo ou Andaluz. O fato é que a contribuição das raças ancestrais na formação do cavalo Marajoara ainda não está geneticamente esclarecida. Por outro lado, o mesmo vem se descaracterizando ao longo do tempo, devido a cruzamentos indiscriminados com outras raças, ainda que seja possível identificar núcleos com características fenotípicas da Raça, conforme o padrão estabelecido pela A.B.C.C.R.M (Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos da Raça Marajoara), criada em 1979. Esses animais são imprescindíveis para o desenvolvimento da pecuária da ilha de Marajó, pois são utilizados na "lida” diária no campo, graças às características que desenvolveram como: grande resistência às adversidades do meio e rusticidade, velocidade nos galopes curtos e versatilidade aos ambientes diversificados. São indispensáveis para suprir as necessidades de tração (de carroças), nos trabalhos rotineiros das fazendas regionais, com baixo custo operacional. Além disso, são utilizados na programação turística de esporte e lazer da Ilha, anualmente, visto que participam de “provas” de resistência, enduros e corridas. Um núcleo de cavalos Marajoara e mini cavalo Puruca vem sendo mantido no Banco de Germoplasma Animal da Amazônia Oriental / BAGAM, da Embrapa Amazônia Oriental, com o intuito de conservar esse germoplasma, assim como, intensificar os estudos de caracterização genética que permitam elucidar as dúvidas sobre a origem desta raça e fornecer informações sobre a estrutura genética atual, visando subsidiar programas de melhoramento genético, permitindo a consolidação deste grupo genético

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Imprescindíveis para o desenvolvimento da pecuária da ilha de Marajó, pois são utilizados na "lida” diária no campo

Altura: Mínima de 1,35 m e máxima de 1,56 m para os machosemínimade1,30memáximade1,50mparaas fêmeas; Forma: Porte médio bem proporcionado e musculatura definida; Constituição: For te; Temperamento:Enérgico,vivoeativo; Aptidão: Cavalo de serviço. b) Cabeça e Pescoço: Cabeça: Harmônica em relação ao pescoço de tamanho moderado; Perfil Sub-convexo, com tendência ao retilíneo; Olhos: Vivos e expressivos; Orelhas: Proporcionais, medianas e bem implantadas; Lábios: Móveis, finos, firmes e justapostos; Narinas: Grandes e flexíveis; Pescoço: Comprimento médio, inserção bem definida. c) Tronco: Cernelha: Bem definida e bem implantada; Peito: Profundo e amplo; Costelas: Arqueadas, conferindo boa amplitude torácica; Tórax: Amplo e profundo; Dorso: Curto proporcional; Garupa:

Harmoniosamente inserida na região lombar suavemente inclinada, de comprimento médio e de altura superior a cernelha; Ancas: Suavementeinclinada; Cauda: De boa inserção, bem implantada e dirigida; Órgãos genitais: Externos, bem conformados; d) Membros: Espádua: Bem pronunciada e oblíquas; Braços: Médios e de boa cobertura muscular; Antebraço: De comprimento médio e musculoso; Joelhos: Retos e bem suportados; Coxas: Musculosas; Jarretes: Secos e lisos; Canelas: Secas; Boleto: Definido e bem suportado; Quartelas: Médias e fortes; Cascos: Médios, arredondados, de preferência pretos. e) Andamento: Trote em todas as modalidades, andamento com apoio, bipedal diagonalizado f) Defeitos desclassificantes: Perfil: O Puruca

Excessivamenteconvexilíneo; Pelagem: Albina e Pampa; Orelhas: Mal implantadas ou mal dirigidas; Lábios: Com relaxamento, caídos; Andamento: Qualquer outro que não seja o trote em todasasmodalidades.

Padrão da raça Puruca O padrão desta raça estabelecido pela ABCP (Figura 2) ainda é provisório, dividido em aparência geral, cabeça e pescoço, tronco, membros, andamento, defeitos permissíveis e desclassificantes. a) Aparência geral: Pelagem: Qualquer pelagem exceto albina e pampa; Altura: Entre 1,10 m e 1,18 m para os machos e entre 1,00 m e 1,16 m para as fêmeas; Forma: Porte pequeno, bem proporcionado e com musculatura bem definida, principalmente a espádua; Constituição: Forte; Temperamento: Enérgico, vivo, ativo e dócil; Aptidão: Serviço e passeio; Andamento: Trote. b) Cabeça e Pescoço: Cabeça: Harmônica em relação ao pescoço, tamanho moderado, larga, aparência seca e bem implantada; Perfil: Convexilíneo com tendência ao retilíneo; Olhos: Grandes, vivos e expressivos; Orelhas:

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andamento com apoio bipedal diagonizado. f) Defeitos permissíveis: Cascos: Rajados ou brancos; Cernelhas; Altura levemente superior a altura da garupa; Garupa: Altura levemente superior a altura da cernelha. g) Defeitos desclassificantes:Temperamento: Vícios considerados graves e transmissíveis; Orelhas: Mal dirigidas (acabanadas); Perfil: Excessivamente convexilíneo; Lábios: Com relaxamento de suas comissuras (belfo); Dorso- lombo: Concavilíneo (lordose, selado), convexilíneo (cifose, dorso de carpa) e de desvio lateral da coluna (escoliose); Garupa: Demasiadamente inclinada (derreada, caída),

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Corrida do cavalo Marajoara no município de Cachoeira do Arari

Tamanho proporcional, pequenas à medianas e bem implantadas; Lábios: Móveis, finos, firmes e justapostos; Pescoço: Comprimento mediano, musculoso, bem inserido, piramidal e na base superior arredondada; Crina: Abundante e larga. c) Tronco: Cernelha: Baixa, bem implantada, com altura não superior a da garupa; Peito: Profundo e largo; Costelas: Arqueadas, proporcionando boa amplitude torácica;Tórax: Largo e profundo; Dorso-lombo: Firme, curto, proporcional e bem sustentado; Garupa: Longa, larga sem proeminência no sacro, boa cobertura muscular, harmoniosamente inserida na região lombar, suavemente inclinada e de altura inferior a cernelha; Ancas: Suavemente inclinadas; Cauda: De inserção baixa, bem inserida e dirigida, larga na sua base, com pêlos abundantes; Órgãos genitais: Bem definidos e bem conformados. d) Membros: Espáduas: Bem pronunciadas, fortes, musculosas e oblíquas; Braços: Pequenos, bem articulados e de boa cobertura muscular; Antebraços: Pequenos e musculosos; Coxas: Musculosas; Jarretes: Secos e lisos; Canelas: Secas, retas descarnadas, com tendões fortes; Boletos: Definidos e bem articulados; Quartelas: Pequenas e bem suportadas; Cascos: Pequenos, arredondados, sólidos, fortes, não encastelados e de preferência escuros. e) Andamentos:Trote em todas as suas modalidades,

O padrão da raça do cavalo Marajoara segundo a ABCCRM, ainda é provisório, e leva em consideração: aparência geral, cabeça e pescoço, tronco, membros, andamento e defeitos desclassificantes

Selo em homenagem ao Cavalo Marajoara

mais alta do que a altura da cernelha, tolerando uma diferença de até 2,0 cm nas fêmeas; Membros: Taras ósseas congênitas ou hereditárias e de defeitos graves de aprumo; Aparelho genital: Anorquidia (roncolho), criptorquidia (1 ou 2 testículos retidos na cavidade abdominal), anomalias congênitas do sistema genital; Pelagem: Albina ou pampa; Altura: Acima ou abaixo do limitepermitido.

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No Fórum Social Africano

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fórum social mundial

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world social forum

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Fotos Ana Paula Justo

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL NA AMAZÔNIA

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Fórum Social Mundial (FSM) é um evento anual destinado ao debate d e m o c r á t i c o e n t re O N G s , movimentos sociais, redes e outras organizações da sociedade civil sobre formas do desenvolvimento humano contrárias à política econômica neoliberal. O FSM surge em oposição ao Fórum Econômico Mundial (FEM), organização internacional independente que se reúne, desde o ano de 1971, na cidade de Davos, Suíça. Participam do FEM os chefes de Estado, jornalistas e empresários dos principais centros econômicos mundiais da política neoliberal. Em sua oitava edição, o FSM será sediado na cidade de Belém, estado do Pará, entre os dias 27 de janeiro e 1° de fevereiro de 2009noterritórioconhecidocomo“Corredordo FSM 2009 Amazônia”, composto pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Os objetivos do Fórum Social Mundial de 2009: 1.

OBJETIVOS Para nortear as atividades do FSM, nove objetivos foram traçados em 2007, em Nairobi (Quênia). Apesar de já 56| REVISTA AMAZÔNIA

estarem bem delimitadas, as proposta feitas pelo Conselho Internacional (CI) do FSM para a realização do encontro passam, no momento, por avaliação pública viainternet.Aseguir:

O recadastramento é fundamental para a regularização da malha fundiária na Amazônia

Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas, livre de armas, especialmenteasnucleares; 2. Pela libertação do mundo do domínio das multinacionais, do capital financeiro, da dominação imperialista e de sistemasdesiguaisdecomércio; 3. Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza, pela preservação de nosso planeta e seus recursos, especialmente da água e das florestas; 4. Pela democratização do conhecimento e da informação e pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento com o desmantelamento dos DireitosdePropriedadeIntelectual; 5. Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade degêneroeraçaeeliminaçãodetodasasformasde discriminação e castas (discriminação baseada na descendência);

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Rogério Ribeiro

6. Pela garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos econômicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à alimentação, saúde, educação, habitação,empregoetrabalhodigno; 7. Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos; 8. Pela construção de uma economia centrada nos povos e na sustentabilidade; 9. Pela construção e ampliação de estruturas políticas realmente democráticas e instituições com a participação da população nas decisões e controle dos assuntos e recursos públicos.

PREPARAÇÃO

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A PAN-AMAZÔNIA

Felipe Ramalho

Karine Migliavaca

Felipe Ramalho

O Fórum já está funcionando com um escritório localizado na rua 28 de Setembro, número 1210 (sala 02), em Belém, além de ter um site em funcionamento com todas as informações necessárias para as pessoas que desejem participar deste importante encontro. Muitas mobilizações antecedem o evento, como as que devem ocorrer nas cidades brasileiras em proveito do grito dos excluídos (dia sete de setembro), e III Fórum Social Mundial das Migrações que se realizará em Riva-Vacia, Madrid, Espanha, também em setembro, mas nos dias 11 a 13. A última programação antes do evento será a Cúpula dos Povos do Sul, em dezembro deste ano. As inscrições para trabalhar como voluntário podem ser feitas de 27 a 1º de fevereiro de 2009. O site tem notícias atualizadas em três idiomas para que os participantes possam chegar ao local prontos para discutir e trocar idéias. Seminários preparatórios na cidade também foram feitos com representantes do poder público para que os servidores públicos tomem conhecimento do evento e garantam o sucesso do evento. As inscrições gerais começamnosegundosemestredesteano.

BELÉM Desde que foi anunciada oficialmente como cidade sede do fórum, no início deste ano, Belém se prepara para receber de braços abertos os participantes. Somente nos últimos anos foram construídos os complexos turísticos como o Mangal das Garças, onde se pode ver o pôr-do-sol e comer as comidas típicas do estado, e locais para receber grandes eventos, como o Hangar-Centro de Convenções da Amazônia. Por sua vez, o campus Guamá da

Universidade Federal do Pará (UFPA) passa por intenso processo de restauração. Em breve serão concluídas as obras de um novo auditório, ao lado do prédio da reitoria, e as reformas de outros prédios. Capital do estado do Pará, Belém também é conhecida como cidade das mangueiras, cidade morena ou o portal de entrada da Amazônia. Outros pontos turísticos da capital são o jardim botânico, museu Emílio Goeldi,omercadodoVer-o-Pesoeatrações na beira do rio Guamá, como o Complexo Feliz Lusitânea (marco inicial da cidade, na cidade Velha), o Ver-o-Rio, a Estação das Docas e o Teatro da Paz. Os que desejem conheceranaturezadaregiãopodemviajar para as praias de água doce da ilha Mosqueiro (1 hora de carro de Belém), ou as ilhas do Marajó, que, apesar de um poucomaisdistantes,valemosacrifício.

No FSM de 2005

O debate internacional do meio-ambiente gira em torno dela e de suas dinâmicas internas de ocupação. Privilegiada por uma vasta -e até desconhecida- diversidade de recursos naturais, minerais, hídricos e biológicos, a Pan-Amazônia congrega as regiões amazônicas de Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Partindo da premissadequeadiscussãodaapropriação de tais riquezas pelos atores sociais da região e do impacto deste processo para as demais sociedades do mundo não se faz útil se travada apenas entre representantes destes países, os organizadores do Fórum Social Mundial convidaram movimentos sociais de vários países para articular a realização do mega-evento em Belém, capital do segundo estado que mais devasta a floresta, em termos de desmatamento, e primeiro em exploração de recursos minerais; afim de que pessoas de todo o planeta possam compartilhar idéias e experiências sobre uma realidade de aparentemente distante, mas que respeita a toda humanidade, uma vez que influenciatodaanaturezaterrestre.

PROGRAMAÇÃO DO FSM 27/01– Abertura com a Marcha. 28/01– Dia dedicado à Pan- Amazônia. 29 a 31/01 – Atividades auto-gestionadas, inclusive o FSPAN e o processo de alianças e convergências. 1/02 – Encerramento do FSM 2 e 3/02 – Reunião de avaliação do CI/ FSM

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Todos os países devem assumir compromissos na luta contra a mudança climática, mas sem negar a oportunidade às nações pobres de se desenvolverem economicamente, e aplicando o princípio de que quem polui mais deve pagar mais, disseram os líderes mundiais em Genebra, na reunião anual do Fórum Global Humanitário, do qual participam representantes de governos e do setor privado de dezenas de países

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NO FÓRUM GLOBAL HUMANITÁRIO:

quem polui mais deve pagar mais

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alto representante para Política Externa e Segurança Comum da União Européia (UE), Javier Solana, afirmou que a mudança climática é um problema global - amplamente reconhecido com base em dados científicos - "que só terá soluçãosetodoomundoparticipar". No entanto, Solana reconheceu que não se pode pedir que todos os países assumam o mesmo nível de responsabilidade, de modo que as nações que mais poluíram no passado ou que c o n t i n u a m f a ze n d o d e ve m a s s u m i r compromissosmaiores. "Essa diferenciação é importante", declarou o chefe da diplomacia da UE durante um debate com o economista americano Jeffrey Sachs, na reunião. Sachs reconheceu que é imperativo respeitar essa diferença entre os países, mas destacou

que as nações emergentes que se tornaram grandes emissoras dos gases que intensificam a mudança climática "devem aceitar contribuir" significativamente. Nesse sentido, Sachs advertiu de que os Estados U n i d o s n u n c a a c e i t a r ã o u m a re g r a internacional sobre mudança climática se a Chinanãodecidircooperarativamente. O economista disse que essa promessa é válida além do resultado das eleições de novembro nos EUA, considerado o maior poluidor do mundo e que se negou a ratificar o Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir as emissões de gases quecausamoefeitoestufa. A comunidade internacional se prepara agora para negociar um novo tratado que substituirá o Protocolo de Kyoto após 2012 e cuja adoção está prevista para o próximo ano em uma conferênciainternacionalnaDinamarca.

Kofi Annan, presidente do Fórum Humanitário Mundial e ex-secretário-geral da ONU

A China e outras economias emergentes defendem que os países industrializados e com maior responsabilidade histórica pela mudança climática são os que devem pagar agora pela poluição que causaram, enquanto eles devem

As mudanças climáticas estão forçando pessoas ao redor do mundo a deixar suas comunidades e até mesmo seus países por causa do aumento da frequência de enchentes, secas e epidemias, de acordo com o presidente da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, Srgjan Kerim “O problema dos refugiados do clima não é mais apenas um conceito, é um fato”, apontou Kerim durante o 1º encontro anual do Fórum Humanitário Global, em Genova (Suíça). Kerim afirmou que o impacto do aquecimento global já é tão intenso que está alterando a vida das populações mais vulneráveis do planeta e defendeu uma aliança global para elaborar soluções para os problemas causados pelas mudanças climáticas. “Cada nação, cada cidade, cada comunidade e indivíduo tem um papel”, afirmou. Kerim argumentou que as mudanças climáticas afetam quase todos os aspectos da atividade humana, incluindo meio ambiente, saúde, migração, energia, governança, segurança e desenvolvimento econômico.

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Srgjan Kerim, presidente da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas

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Foto: Jean Pierre Clatot

Brasil deve liderar combate a aquecimento no continente O bilionário inglês Richard Branson durante o Fórum Global Humanitário em Genebra, na Suíça

respeitarseudireitoaocrescimentoeconômico. No entanto, Sachs admitiu que "o caminho também não é asfixiar as economias em desenvolvimento", mas fazer com que seu crescimento se baseie em tecnologias que respeitem o meio ambiente que os países ricos deverão fornecer ao mundo em desenvolvimento. Neste ponto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), Rajendra Pachauri, sugeriu a criação de uma "forma inteligente de tributação" para financiar a luta contra a mudança climática. Pachauri também pediu o "ajuste" da pesquisacientíficaàs necessidades dos países mais pobres. Yvo de Boer, Secretário Durante as diversas Executivo da UNFCCC exposições de argumentos, os participantes concordaram em que não há dúvidas de que o mundo enfrenta uma crise real como conseqüência da mudança climática. A situação, segundo eles, se agravará em decorrência do crescimento demográfico e da escassez cada vez maior de recursos como a água,asterrasférteisefontesdeenergia. Calcula-se que a atual população mundial, que supera os 6,4 bilhões de habitantes, aumentará 2,5 bilhões nos próximos 40 anos e a grande maioria deles deve nascer nos países em desenvolvimento. Os sistemas sociais e a economia atual já são considerados incapazes de conduzir esses números, e o problema será agravado pelas dificuldades de acesso à água potável e pelo

Kofi Annan e Rajendra Pachauri

Durante sua participação no Fórum Humanitário Mundial, realizado em Genebra, o enviado especial da ONU sobre Mudança Climática e ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, disse que o Brasil e o México deveriam liderar a frente regional de combate à mudança climática (lutar contra os efeitos das emissões de dióxido de carbono no clima) por aparecerem na lista dos 20 maiores emissores de CO2 em nível mundial. Ricardo Lagos, enviado especial da ONU sobre Mudança Climática e ex-presidente do Chile Os dois países "estão tomando medidas concretas" para limitar os danos do aquecimento global. Para o ex-presidente chileno, as ações de Brasil e México poderiam incidir positivamente nas posições que os latino-americanos terão nas negociações de Copenhague. Lagos também afirmou que os países industrializados poderiam levantar barreiras comerciais "verdes" como parte de uma futura estratégia para lutar contra a mudança climática. O enviado especial da ONU ressaltou que os países ricos poderiam estabelecer um imposto às importações vinculado diretamente ao nível de poluição gerada pela produção do produto comercializado. "Haverá uma barreira (comercial) verde, portanto se os países em desenvolvimento querem vender produtos, terão que comprovar que adotaram medidas para que a produção não aumente a poluição", afirmou. Por isso, considerou fundamental que os países em desenvolvimento participem das negociações destinadas a adotar um acordo internacional no próximo ano em Copenhague, de modo que suas vozes sejam ouvidas e "não sejam impostas normas em cuja elaboração não tiveram participação". O acordo que está sendo preparado substituirá, após 2012, o Protocolo de Kyoto, o primeiro de alcance mundial que reconheceu o problema do aquecimento global e pelo qual os países se comprometeram a reduzir as emissões de gases poluentes. Segundo Lagos, a conferência de Copenhague será a ocasião de estabelecer diferenças entre os países emergentes com um rápido crescimento econômico e outras nações em desenvolvimento mais pobres. Para o primeiro grupo, "poderia-se abrir um período de transição" durante o qual seria possível optar por "alguns dos elementos dentro de um menu de alternativas", enquanto os países de menos recursos continuariam tendo "o direito de circular pelas vias sem pagar pedágio", pelo menos até 2020. Nesse ano "certamente haverá uma nova negociação para avaliar quais tipos de exigências são feitas a todos os países". O representante da ONU também disse que embora "ninguém pense que, por enquanto, se possa pedir aos países em desenvolvimento" compromissos parecidos aos que as nações industrializadas devem cumprir, pode-se solicitar que "reduzam o ritmo de desmatamento em troca de uma compensação econômica". Lagos afirmou que o desmatamento é responsável por 20% dos gases que aceleram a mudança climática, percentual que corresponde ao CO2 que as árvores cortadas poderiam absorver

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aumento dos fluxos migratórios, segundo váriosparticipantes. O presidente do Fórum Humanitário Mundial e ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que existem soluções viáveis, mas lembrou que todas elas precisam de dinheiro para sem aplicadas. Por isso, Annan afirmou que um dos maiores desafios atuais é encontrar fontes sustentáveisdefinanciamento.

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Detalhe de cocares sendo segurados por índias no entardecer na aldeia Kamayurá, alto Xingu 95

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Kuarup na Aldeia Yawalapiti

É Detalhe dos instrumentos e adornos do tocador de Maracá

Fotos Mário Vilela / Funai

final da estação das chuvas em Mato Grosso. É época dos índios do Alto Xingu homenagear os seus mortos. É hora do Kuarup, importante ritual realizado pelos índios Yawalapiti, Aweti, Kalapalo, Kamayurá, Kuikuro, Mehinako, Trumai, e Waurá, que habitam a Região Sul do Parque Indígena do Xingu, conhecida como Alto Xingu. O ritual Kuarup é realizado uma vez por ano, entre os meses de julho e setembro, e é marcado por prantos e lamentações, numa saudação dos índios a seus mortos ilustres, encerrando o período de luto. É quando os índios choram, pela última vez, a partida de seus entes queridos. No mês de julho p.p, os indígenas das aldeias do Alto Xingu prestaram homenagem aos parentes falecidos no último ano. O Kuarup, ritual dos mortos, retratado na Aldeia Yawalapiti, aconteceu às margens do Rio Tuatuarí, afluente do Kuluene, alto Xingu. Neste ano a Aldeia Yawalapiti do cacique Aritana, homenageou um velho índio falecido da etnia Kuikuro (Gudimã), irmão do cacique Afukaka, também foi homenageado uma criança (índio), da aldeia Ywalapiti. Pela homenagem aos Kuikuros, estes foram abrigados dentro da aldeia numa oca, ao contrário das outras aldeias convidadas que ficarem acampadas fora da aldeia conforme reza a tradição.

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Com o término do luto, é a hora da confraternização entre as aldeias. É um momento de alegria. Os Kuikuros junto com os Yawalapiti, os "donos da festa", uniram forças na celebração simbolizada pela luta Huka-Huka para enfrentar os guerreiros das demais aldeias convidadas. AolongodoritualosindígenasdançametocamoUruáflautas mágicas - e dois tocadores de maracá (espécie de chocalho)entoamcânticossagradosaoKuarup.

Detalhe de Tocador do Maracá, entoando cânticos do Kuarup durante a pintura do tronco da arvore Müri, das florestas do Xingu, que simboliza o Kuarup

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AS ORIGENS DO KUARUP

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O Kuarup é a maior festa indígena do País. Ele acontece anualmente no Parque do Xingu, sempre no período de estiagem, e é a mais alta homenagem que esses índios prestam aos seus mortos importantes. Embora o Kuarup esteja ligado à cultura desses índios, normalmente são convidados para essa festa os índios do Médio e Baixo Xingu – Suyá, Ypeng (txicão), Trumai, Kayabi e Yudjá (Juruna). Essa festa fez com que muitos desses índios, outrora inimigos, convivam pacificamente no Parque do Xingu. Para os índios que promovem a Kuarup, os mortos são representados por troncos, fincados no pátio da aldeia promotora da festa. Nos dias em que o Kuarup acontece, interdições são levantadas e permissões são outorgadas: quem quiser, pode se casar, a moça reclusa pode ser liberta, o luto dos parentes vai terminar e o status definitivo será afirmado àqueles cujo falecimento se vai honrar..

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Preparando para transportar o Tronco do Kuarup, já pintado ao centro da aldeia

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Tronco do Kuarup é transportado até o centro da aldeia por índios Yawalapiti e Kuikuro os "donos da festa"

MITOS Segundo reza o mito dos índios do Alto Xingu, no início dos tempos, o Grande Pajé Mavutsinim, que residia no monteMorena,resolveuressuscitarseispessoasmortas. Com esse intuito, mandou que cortassem quatro troncos escuros, para os homens, e dois troncos claros, para as mulheres. Depois começou a prepará-los e, para transformá-los em mortos ressurretos, anunciou o tabu: ninguém poderia manter relações sexuais durante aquelanoite. O Grande Pajé Mavutsinim desejava fazer com que os troncos se transformassem em gente de novo. Tudo corria bem até que um índio desatento (que havia mantido relações sexuais com a esposa naquela noite, rompendo,assim,otabu),chegoupertodostroncosque já estavam virando gente e eles voltaram a ser apenas troncos. Então, Mavutsinim se irritou e disse que não mais tentaria o renascimento do corpo; agora, ele só faria a ressurreição da alma. Acreditam os índios que, graçasaoKuarup,asalmasdosmortos,queinicialmente estão presas à floresta ou ao rio, são libertas e podem vivernoutromundoesoboutraforma.

No huka-huka

Índios Yawlapiti, dançam no centro da aldeia em homenagem ao Kuarup

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Detalhe de Tocador de Maracá, entoando cânticos, defronte ao tronco do Kuarup

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Índios estão saindo da oca após apresentação no seu interior

Índios Yawalapiti, dançam por toda a aldeia entrando nas ocas tocando o Uruá (Flauta Mágica), acompanhados de jovens índias. No primeiro plano tocadores do Maracá entoam cânticos do Kuarup. Neste ano a Aldeia Yawalapiti do cacique Aritana, homenageou um velho índio falecido da etnia Kuikuro (Gudimã), irmão do cacique Afukaka, também foi homenageado uma criança (índio), da aldeia Ywalapiti. Pela homenagem aos Kuikuros, estes foram abrigados dentro da aldeia numa oca, ao contrário das outras aldeias convidadas que ficarem acampadas fora da aldeia conforme reza a tradição. Os Kuikuros junto com os Yawalapiti, os "donos da festa", uniram forças para enfrentar na luta huka-huka as demais aldeias convidadas. A aldeia Yawalapiti fica as margens do Rio Tuatuarí, afluente do Kuluene, alto Xingu.

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Guerreiro Yawalapiti

Guerreiros se enfrentam no huka-huka

Índios tocam o Uruá

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O Ritual Yamurikumã

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na Aldeia Kamayurá

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casa das flautas, no centro da aldeia, esconde instrumentos que as mulheres podem ouvir, mas não podem ver. As flautas ficam penduradas na viga central do teto e podem ser tocadas a qualquer momento, por um grupo de três homens no interior da casa. De noite, quando as mulheres se recolhem, podem sair para o pátio. Também saem ao ar livre por ocasião de tarefas coletivas masculinas, retribuídas com alimentos por aquele a favor de quem são realizadas. Nessas ocasiões, asmulherestêmdesetrancaremsuascasas. Mas as mulheres invertem essa situação no rito de Yamurikumã (na terminologia kamaiurá, mais difundida na região), realizado na estação seca, no qual elas atuam com armas, movimentos tipicamente masculinos e ornamentos de penas e chocalhos nos tornozelos, que normalmente são usados por homens; lutam,inclusive,ohuka-huka. Recebendo convidadas de outras aldeias, que ficam acampadas nas proximidades (como no Kwarup), as participantes entoam canções que se referem à

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Jovem Índia Kamayurá, detalhe das pinturas para o ritual do Yamurikumã

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Índias dançam no ritual do Yamurkumã

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sexualidade masculina. Há vários tipos de canções, algumas mencionam os eventos de origem dessa cerimônia, muitas reproduzem a estrutura das performances masculinas com as flautas, e outras simulam explicitamente a sexualidade agressiva dos homensdiantedecertasmulheres. As índias da etnia Kamayurá dançam na aldeia e atuam com movimentos tipicamente masculinos. Elas lutam o HukaHuka com as mulheres convidadas de outras aldeiasdoXingu.. Participaram como convidados do ritual as etniasMehinákueWaurá.

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Jovens Índias no centro da aldeia, durante o Yamurikumã Índias Kamayurá

Índias tomam o Kauwín Índias Kamayurá, já pintadas para o ritual Yamurikumã

Índias Kamayurá na dança do ritual Yamurikumã

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Índias dançando

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Índia Kamayurá enfrenta índia Waurá no huka-huka

No ritual do Yamurikumã

Índia Kamayurá, no Yamurikumã Índios no centro da aldeia, no lado direito Índias Kuyamuku descansam durante o Yamurikumã

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Velha índia acompanha a dança no ritual do Yamurikumã

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A Amazônia invade Nova York, com estilo

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Exposição em Nova York reproduz as várias facetas da floresta

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Fotos Andre Francois e Flávia Aguiar

té 13 de julho, um pedacinho da Floresta Amazônica enfeitou a Big Apple. A exposição Amazônia Brasil New York City 2008 começou desde dia 17 de abril em 5 espaços da metrópole americana. Na sétima edição internacional, a mostra itinerante deve receber 400 mil pessoas e é organizada pelo Projeto Saúde e Alegria e pelo Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que representa mais de 600 entidadesdaAmazôniabrasileira. OpontocentraldoeventofoinoSouthStreetSeaport,no Pier 17, em Manhattan, onde foi inaugurada uma

minifloresta com réplicas de espécies de animais, plantas e vilas indígenas. Nessa área, artesãos brasileiros mostraram um pouco das artes dessa região do País. Até o fim da mostra, uma exposição do fotógrafo Araquém Alcântara esteve nesse espaço. Outra atração do Amazônia Brasil teve lugar no World Financial Center Courtyard Gallery - foi a Amazonia Design, Fashion & Sustainable Economy. Por lá, foram expostas roupas feitas com materiais ecologicamente corretos. Os modelos foram desenvolvidos por comunidades da região Norte que aliam design e ecologia. A idéia dos organizadoresfoimostrarpeçasinspiradasnanaturezae

debater propostas sustentáveis tanto na moda quanto nodesign. Os índios brasileiros ganharam espaço no Smithsonian's National Museum of the American Indian. Uma mostra fotográfica, produzida com o apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB),revelavaarotinadosnativosbrasileiros. Até mesmo o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU) foi tomado pelos. Os visitantes puderam conferir no lobby, uma exposição que explicava a relação das florestastropicaiscomasmudançasclimáticas. Outra atração do Amazônia Brasil tem lugar no World

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reas de Comunidades e Objetos de Design

Financial Center Courtyard Gallery é a Amazonia Design, Fashion & Sustainable Economy. Por lá, estão expostas roupas feitas com materiais ecologicamente corretos. Os modelos foram desenvolvidos por comunidades da região Norte que aliam design e ecologia. A idéia dos organizadores é mostrar peças inspiradas na natureza e debater propostas sustentáveis tanto na moda quanto no design. Entradagratuita. Os índios brasileiros ganharam espaço no Smithsonian''s National Museum of the American Indian. Uma mostra fotográfica, produzida com o apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da

Detalhe área objetos design violao OELA

Vestido cascas de sementes de Guatambú Display central área objetos indígenas

Vestimenta indígena típica dos Ashaninka

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Detalhe área objetos design peças de capim-dourado

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Projeto Saúde & Alegria – PSA Atua na Amazônia desde 1987 em comunidades extrativistas dos rios Amazonas, Tapajós e Arapiuns, localizadas na zona rural dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro - oeste do Estado do Pará. A partir de 2003, iniciou de forma gradual a ampliação de sua área de cobertura para 143 localidades, envolvendo cerca de 29 mil beneficiários. Tem por objetivo apoiar processos participativos e integrados de desenvolvimento comunitário global e sustentado, geridos pela própria população, interativos e alterativos às políticas públicas, e capazes de se multiplicar a partir das dinâmicas e realidades locais, contribuindo de maneira demonstrativa com experiências concretas na constituição de políticas sociais e ambientais na Amazônia. Conta com uma equipe interdisciplinar de médicos, agrônomos e educadores das diversas áreas que visita regularmente para as comunidades promovendo o Desenvolvimento Integrado através de ações voltadas para a organização comunitária; saúde; produção e manejo agroflorestal; geração de renda; educação, arte e cultura; gênero; infância e juventude; comunicação popular e pesquisa participativa. Partindo da realidade local, das necessidades mais prementes e da contrapartida dos moradores, o Saúde & Alegria busca soluções simples e adaptadas a partir dos recursos disponíveis nas próprias comunidades. Os programas procuram envolver todos os segmentos e faixas etárias - lideranças, produtores rurais, monitores de saúde, parteiras tradicionais, mulheres, professores, jovens e crianças - capacitando-os como multiplicadores das ações e estimulando a auto-gestão.

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Peça de Dica Frazão, de Santarém 0


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Amazonia Brazil in North Side of Pier 17 Amazônia Brasil flagship 13,000 sq foot exhibit of the Amazon. A literal walk through the Amazon, visitors will be transported to the heart of the Forest through life-size panels, photos, sounds and installations that recreate the multifaceted Amazonian environment including its biodiversity, its people, villages and cities. The exhibit will run from 4/22 – 7/13/2008.

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Replica Comunidade Ribeirinha

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Sala Ações Estrategicas

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Vila Amazonica (com rio Hudson ao fundo)

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Farmacia Viva - detalhe

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Amazônia Brasileira (COIAB), revela a rotina dos nativosbrasileiros.Entradatambémgratuita. Até mesmo o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU) foi tomado pelos brasucas. Os visitantes podem conferir, no lobby, uma exposição que explica a relação das florestas tropicais com as mudançasclimáticas. Grátis.Informações:www.unanyc.org.

Amazônia no Planeta Amazônia continental é a última grande superfície contínua de florestas tropicais do planeta. Com seus 7,9 milhões de Km², a Amazônia continental representa 5% da superfície terrestre do globo. A Amazônia continental representa mais de 60% do que sobra das florestas tropicais do planeta Terra. Oitenta países possuem florestas tropicais. O Brasil detém 1/3 das florestas tropicais que sobram no mundo.A Bacia Amazônica representa 1/5 da água derramada no oceano por todos os rios do planeta. O rio Amazonas tem mais de 7 mil afluentes, e possui 25 mil Km de vias navegáveis. A Bacia Amazônica cobre 3,89 milhões de Km² no território brasileiro, ou seja, 45% do país. A Amazônia representa a maior biodiversidade do planeta. Ela abriga cerca de 25% das espécies vegetais e animais do mundo. Existem mais espécies vegetais em 1 hectare de floresta do médio Amazonas que em todo o conjunto do território europeu. Na Amazônia, o crescimento médio de uma árvore é seis vezes mais rápido do que uma árvore na Europa. Existem aproximadamente 50.000 espécies de plantas das quais, 5.000 espécies de árvores tem diâmetro maior que 15cm (na América do Norte não existem mais do que 650) Numa superfície de 100 hectares, botânicos identificaram 1.652 espécies vegetais das quais, 100 são totalmente novas para a ciência e das quais, 20 não foram nomeadas nem pela população local. 2/3 das espécies de lagartos da Amazônia só existem na Amazônia. Existem 311 espécies de mamíferos na Amazônia, ou seja, 7% do total mundial. Aproximadamente 1.000 espécies de pássaros, ou seja, 11% do total mundial (3º lugar no mundo). A Bacia Amazônica é um santuário de peixes que agrupa 1.400 espécies identificadas, o que representa 25% das espécies de peixes do mundo.

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Sala Exp Positivas - visita criancas com monitor

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Loja Amazonia Brasil

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DIA MUNDIAL DA

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O Dia Mundial da Alimentação será dedicado este ano aos desafios da mudança Climática e à bioenergia, informou a Organização Mundial para a Agricultura e a Alimentação (FAO). "Em poucas ocasiões o Dia Mundial da Alimentação teve tanto significado como neste ano, em um momento em que o rápido aumento dos preços alimentícios pode fazer aumentar o número de vítimas da fome", disse o responsável da FAO para o evento, Sidaty Aidara.

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Dia Mundial da Alimentação será comemorado em 16 de outubro, em cerca de 150 países. Em comunicado, a FAO destaca que "com um número de pessoas mal alimentadas que supera a casa dos 850 milhões, os elevados preços dos alimentos representam uma dificuldade maior para os que passam fome, mas também para os que estão à beira da pobreza". As atividades do Dia Mundial da Alimentação terão como objetivo este ano "ampliar a tomada de consciência em um esforço para reduzir os efeitos de uma climatologia cada vez mais extrema na agricultura, e o impacto dos biocombustíveis na produção alimentícia". Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a FAO abrigará uma reunião do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, entre os dias 14 e 17 de outubro, para avaliar a atual situação alimentícia no mundo e suasimplicaçõesnofuturo. Durante a reunião, serão realizados diversos eventosespeciaisparatratardeformaespecíficado impacto dos altos preços dos alimentos sobre a nutrição, questões de segurança alimentar e as políticasadequadasparafazerfrenteàsituação.

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No Brasil, milhares de famílias têm motivo especial para celebrar a data. Elas são beneficiárias dos programas inseridos no Fome Zero. A estratégia, impulsionada pelo governo federal, assegura o direito humano à alimentação às pessoas que precisam. Por meio de vários ministérios, como o do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o governo articula políticas sociais com estados, municípios e sociedade civil. A estratégia promove, ainda, a inclusão social e a conquista da cidadania dos mais vulneráveis à fome. O Fome Zero é modelo para outros países e tem como base quatro eixos articuladores: acesso aos alimentos, fortalecimento da agricultura familiar, geração de renda e articulação, mobilização e controle social

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Mapa da Fome no mundo

Entramos no novo milênio com 1,2 bilhão de pessoas em todo o planeta (incluindo mais de 500 milhões de crianças) vivendo abaixo da linha de pobreza, definida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como sendo pessoas que vivem com menos de 1 dólar/dia, o que seria o mínimo necessário para a sobrevivência. Segundo o estudioso norteamericano Phillip Harten, de cada 100 pessoas no mundo, 13 passam fome diariamente.

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{Por}

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amillo Martins Vianna

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ANTES TARDE DO QUE NUNCA

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e repente, não mais que de repente, infernal alarido tomou conta de ponta a ponta, de leste a oeste, de todo território nacional através de gigantesca rede de comunicação nunca dantes acontecida, chegando mesmo a recônditos ermos de incógnitos confins ou, mais exatamente,ondeJudasperdeuasbotas. Tudo isto porque fato sumamente interessante vem ocorrendo. Depois de longa espera e maior expectativa de todo o povo brasileiro, particularmente o do velho Norte, agora conhecido e alardeado em todo o mundo como Amazônia, principalmente a nossa, sob o olho gordo dos que se dizem nossos amigos, de lonjuras as mais distantes, interessadíssimos em substituir nossa bandeirapeladeles.Agringalhada,quenãoébestanem nada, já está tomando as devidas previdências, sejam elas quais forem, para ocupar o maior patrimônio da nossa gente, nem que seja na bruta,oumelhor,dizendo,a“manumilitare”.

Até onde se sabe, os do Norte – lá deles - já possuem 32 bases aqui por perto de nós. Muito recentemente esse mesmo pessoal passou a construir mais duas, uma na fronteira do Paraguai e outra no Peru. Alem do mais, apesar dos tropeços que os “marines” vêm levando no Iraque e no Afeganistão, pegando uma caceteada aqui, outra acolá, os decujos ainda são as forças armadas mais poderosas do mundo, prontas para entrar em ação em qualquer parte do velho planeta Terra. Quem duvidar que procure instigar as tropas do Tio Sam, ou, como se costuma dizer, que vá cutucar a onça com vara curta pra ver o que é bom pra tosse. E, tem mais, durante o que se convencionou denominar 2ª Guerra Mundial eles m a n t i v e r a m quatro bases, somente na A m a zô n i a brasileira, a maior delas emValde-Cans, em Belém, capital do Estado do Pará, e outra no município paraense de Igarapé -Aç u, na zona

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bragantina, somente para pequenos dirigíveis artilhados, os chamados “Blimps”, que policiavam nossas costas no encalço de submarinos alemães, que pintavamebordavamafundandonaviosnacionais. No então Território Federal do Amapá mantinham duas outras bases, sendo uma delas, somente para os tais “Blimps”. Durante o gigantesco enfrentamento marcial dos povos

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ditos civilizados que, praticamente abarcou o mundo todo, e mesmo depois dele, os nossos “amigos” do Norte devem t e r m a p e a d o, c o m equipamentos de alta sofisticação, todo o território nacional atividade curta e certa. Outra evidência do furor bélico dos estadunidenses é que, foi desencadeada por eles a Operação Brother Sam composta por um porta-aviões e seis contratorpedeiros prontos para entrar em ação caso Jango Goulart fosse empossado na presidência da República. E tem muito mais. Em balanço sobre quantos países tiveram seus governos derrubados pelos americanos do Norte, somente no Caribe e na América Latina, o professor John Coatsworth, da Universidade de Columbia, diz que de 1889 a 1994 os Estados Unidos ajudaram a derrubar quarenta e um governos latinoamericanos. As intervenções militares diretas foram dezessete e, nessa conta não entram a fracassada invasão da baía dos Porcos, em 1962, e a deposição do presidente haitiano John Coatsworth, da Jean-Bertand Universidade de Columbia Aristide. Apenas uma tentativa armada foi frustrada, o tal ataque à baía

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Perdemos o cacau para a Bahia

acontecendoemritmoacelerado,oquedáparajustificar a empreitada de antigos colonialistas europeus e americanos. Aliás, depois de cinco séculos, praticamente à margem da história do Brasil, somente agora é que a Amazônia está sendo verdadeiramente descoberta pela maior parte do pessoal de outros rincões nacionais e está ocorrendo por aqui ocupação desordenada e altamente predatória. Os endinheirados do Sul e Sudeste, ou seus prepostos que, como se diz por aqui, estão lavando a burra e dane-se o papagaio da amassadeira, no caso, os amazônidas, que já estão comendo o pão que o diabo amassou, esperando que as autoridades tidas ou ditas como competentes, abram os olhos e façam alguma coisa,poisjáémaisquetempo. Dois exemplos deste distanciamento: a abertura dos portossóaconteceuparaasnações amigas oitenta anos depois da Família Real portuguesa ter sido expulsa da pátria lusitana por Napoleão Bonapar te. A industrialização começou timidamente muito tempo depois. Não esquecer que já fomos os únicos e maiores produtores de goma elástica do mundo, levada daqui pelos afanadores europeus Bush recriou a quarta frota da Marinha dos Estados Unidos para reprodução nas colônias inglesas, e outras, no Oriente; dos Porcos, em Cuba, contra os guerrilheiros de Fidel perdemos o cacau para a Bahia e hoje São Paulo é o Castro. Estas notícias sobre a América foram publicadas maioral da heveicultura, entre outras rapinagens. no jornal“O Liberal”de 06 de julho de 2008, informando, Nossas faculdades, academias e escolas técnicas ainda que o presidente Bush recriou a quarta frota da continuamaformarespecialistasparaexportaçãoparao Marinha dos Estados Unidos, para atuar nas águas da restantedoBrasil,oumesmoparaoexterior. AméricaLatinaedoCaribe. Bastou à imprensa mundial dar agasalho à notícia sobre Enquanto se alardeia no mundo todo com maior a internacionalização da região para que o pessoal relevância na Europa e nos Estados Unidos, que os começasse a se manifestar, querendo participar contra brasileiros estão sendo absolutamente incapazes de esta nova empreitada dos tradicionais saqueadores. conservar e, mesmo, desenvolver a Amazônia verde e Muito embora, a maioria do pessoal, de ponta cabeça, amarela, que já está sendo reduzida a frangalhos, o povo no total pleno e absoluto desconhecimento, sem saber o brasileiro parece nem se aperceber do que está

que fazer. Principalmente agora que o pessoal inventou o tal Círculo de Fogo que, segundo as notícias da televisão, rádios e jornais, vêm estimular os quadrilheiros, uma vez que as autoridades não se deram conta que a integração da Amazônia se transformou em verdadeiro caso de polícia e seria mais prudente meter o pessoal trambiqueiro no xilindró. Nestas condições o problema mais grave é onde encontrar agasalho para este povo todo. Se nós nos lembramos da ação, em tempos de outrora, dos guerrilheiros de roupa piranga os cabanos-ainda haverá tempo de se fazer alguma coisa e que Deus seja louvado e bendito seja seu santo nome. (*) Sobrames/Sopren

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Hoje São Paulo é o maioral da heveicultura

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Wonderland O país das maravilhas:

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o começo de algo extraordinário Fotos Emily Holmes

Garrafas biodegradáveis viram planta ou flor, vestidos se diluem, melhoraando e embelezando o Meio Ambiente

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Abertura da exposição Wonderland em Sheffield, na Inglaterra

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LONDRES - Uma designer e um cientista britânico inventaram uma garrafa de plástico biodegradável que, uma vez utilizada, pode transformar-se em uma planta deusoculinário,ouemumaflor. Uma das mais importantes cadeias de supermercados britânicapretendecomercializaroproduto. São garrafas que podem conter detergente ou outros tipos de produtos de limpeza líquidos, e que têm uma tampacomsementes. A transformação se produz quando, uma vez utilizada, se enche a garrafa de água quente e suas paredes, feitas de um plástico solúvel, se derretem e se transformam emumgel. É esse gel onde, posteriormente, se plantarão as sementes, das quais nascerão hortelã ou manjericão, alfaceouatémesmoumplantacomflor. Os dirigentes da cadeia de supermercados Sainsbury's se declararam dispostos a "explorar o potencial comercial"doobjeto. Vestidos desaparecendo

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As garrafas podem ser vistas em Sheffield, norte da Inglaterra, em uma exposição chamada "O país das maravilhas: o começo de algo extraordinário." A mostra fala sobre materiais recicláveis em que a designer - Helen Storey, professora da Faculdade de moda de Londres – e o cientista – Tony Ryan, chefe da Faculdade de Ciências e Matemática de Sheffield – trabalharam com o objetivo de provocar um debate sobresustentabilidade. «O objetivo é que pensemos sobre a reciclagem e a sustentabilidade de uma maneira diferente", insiste o cientista antes de lembrar que a população já "está aborrecida com as mensagens verdestradicionais."

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Flores em wonderland Tony Ryan e suas crias

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Ministro Minc, Que bela idéia! Vamos transformar nossas pet’s em sementes de árvores.

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Supermercados Sainsbury's

Garrafas biodegradáveis que irão virar planta ou flor

Tony Ryan observa a diluição de um vestido

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Wonderland em Sheffield é o quarto projeto Arte / Ciência realizado pela Helen Storey Fundação. Trata-se de uma colaboração entre Tony Ryan, cientista, professor de Física e Química diretor do Centro de Polímeros da Universidade de Sheffield; Trish Belford, têxtil Designer, Interface, da Universidade de Ulster e Helen Storey, artista e designer. A outra grande atração da exposição são vestidos que desaparecem ao entrar em contato com a água. Feitos a partir de tecidos solúveis, esses vestidos se desintegram lentamente, como se derretessem. Tony Ryan diz que, nesse caso, se usam os vestidos como uma "metáfora para falar dos resíduos do consumidor", e também para lançar a crítica à própria indústria da moda, em que as "coisas estão durante uma temporada e logo são descartadas." A Fundação Helen Storey Wonderland. HSF é Ryan, cientista chefe da Faculdade de Ciências sem fins lucrativos. A finalidade principal do Tony e Matemática de Sheffield, inventor da garrafa de projeto Wonderland Arte / Ciência é como plástico biodegradável que se transformar em uma planta de uso culinário, ou em uma flor, após usada instigador cultural.

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