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América do Sul abriga mais de 2,5 mil espécies de sapos, rãs e pererecas
from Amazônia 79
Livro Vermelho da Fauna 2018 registra 1.173 espécies sob risco
Fotos: ICMBio, Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018
Detentor do maior sistema fluvial do mundo e da mais expressiva variedade de anfíbios e primatas, o Brasil contabiliza atualmente 1.173 espécies da fauna com sua perpetuidade sob risco. Outras 318, embora não estejam prestes a desaparecer, também têm a existência ameaçada. A informação está no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018, resultado de um estudo que contou com a participação de 1.270 pesquisadores e que foi divulgado na semana passada pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio).
Diferindo do mais antigo levantamento nacional já registrado, realizado em 1968 pelo então órgão ambiental competente, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), o livro aborda, de forma inédita, o risco de extinção da vida animal no Brasil, uma vez que abrange todos os vertebrados que existem no país. Se considerada somente essa parcela, o total de espécies chega a quase 9 mil.
Com 4.200 páginas, a nova edição da lista oficial de animais sob risco de extinção dá continuidade a relatórios produzidos em 2003, 2004, 2005 e 2008. Os números vigentes revisam as listas publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente no final de 2014, conforme as portarias nº 444 e 445 da pasta, e o Livro Vermelho 2008. Além disso, atualiza algumas das nomenclaturas de espécies anteriormente empregadas nesses documentos.
Ao comparar dados do livro de 2008 com a edição mais nova, é possível notar que 716 espécies animais do território brasileiro entraram para a lista daquelas consideradas sob ameaça de extinção, enquanto 170 deixaram de integrá-la.
Conforme o ICMBio, ao longo de todos esses anos, a quantidade de espécies ameaçadas só cresceu. Da lista da década de 1960, por exemplo, constavam 44 espécies nessa condição, incluindo mamíferos, aves e répteis, e ainda 13 da flora brasileira. Desse total, 30 ainda são hoje mencionadas, por merecer alerta.
Para a elaboração do Livro Vermelho 2018, os pesquisadores tiveram como escopo o exame de 12.254 táxons (unidades de classificação de seres vivos), dos quais 226 (1,8%) foram incluídos na categoria Não Aplicável (NA) para a avaliação, por não pertencer de fato à
fauna local. “A maioria dessas espécies é de aves, peixes marinhos ou mamíferos marinhos, muitas com comportamento migratório, ampla distribuição fora do Brasil e ocorrendo apenas ocasionalmente em território brasileiro”, explica a autarquia.
Considerando o conjunto de espécies avaliadas, a Amazônia é o bioma com maior riqueza de espécies da fauna, seguido da Mata Atlântica e do Cerrado (Figura 6). Espécies de distribuição ampla são contadas em todos os biomas em que ocorrem. Doze espécies terrestres endêmicas de ilhas oceânicas não estão contabilizadas (sete invertebrados, dois lagartos, dois passeriformes e um roedor) e as aves que nidificam nas ilhas e alimentamse no mar estão contabilizadas no ambiente marinho. Ocorrência das espécies por biomas
Outra evidenciação importante é que a Mata Atlântica é o bioma que apresenta maior número de espécies ameaçadas, tanto em números absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos biomas. Do total de espécies ameaçadas do Brasil, 50,5% se encontram na região, sendo que 38,5% são próprias desse bioma.
Do total de táxons ameaçados de extinção, 1.013 (86%) são continentais - que se opõem, na divisão dos pesquisadores, aos marinhos -, sendo que 662 ocorrem em ambientes terrestres e 351 em água doce. Nova metodologia
O analista ambiental Marcelo Marcelino de Oliveira, que comandou a Direção de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio no momento em que o levantamento era feito, destacou, em entrevista à Agência Brasil, a relevância da obra lançada, argumentando que consiste em um aprofundamento das inventariações que a precederam. “O aumento do número de espécies ameaçadas reflete a envergadura da pesquisa, que foi maior. Em 2014,
Proporção entre espécies ameaçadas e não ameaçadas que ocorrem em cada bioma
eram 1.400 espécies, que passaram para um número quase dez vezes maior. Agora são mais de 12 mil”, afirmou.
Na opinião do biólogo, é exatamente a isso que se pode creditar a variação na quantidade de espécies ameaçadas, observada de 2008 para 2018. Ele acrescenta que a mudança no sistema metodológico propiciou maior exatidão nos resultados, que, em alguns casos, significou a remoção de espécies da lista das que devem ser acompanhadas com atenção. “Usamos critérios aplicados em vários países, como perda de qualidade de habitat. Critérios consagrados.”
Uma das supressões ocorreu com uma espécie de guariba. De acordo com Oliveira, o primata havia sido incluído na lista de táxons ameaçados, mas foi retirado dela após reavaliação.
Os pesquisadores, segundo ele, constataram que o animal não ficava mais concentrado em um único só lugar, estando, na verdade, presente também em outros pontos geográficos, o que fazia com que não se encaixasse mais no critério de população reduzida. “Com um novo estudo, descobriu-se que ele também existe no Ceará e no Maranhão, o que mostrou que não estava em uma situação tão crítica”, afirma.
“Há um grande aporte de espécies entrando na lista e um aporte significativo de espécies saindo também”, observou.
Na abertura do livro de 2008, a Fundação Biodiversitas, que ficou responsável pela coordenação do trabalho naquela fase, ressaltou ter utilizado arcabouço científico que desenvolveu em 1997 e que era “geralmente aceito por todos que trabalham sobre esse assunto no Brasil”.
No livro, o ICMBio lembra que as unidades de conservação (UC) são o instrumento de proteção do habitat mais utilizado no país, hoje em dia. “Ao final de 2017, o Brasil tinha um total de 1.544.833 quilômetros quadrados de áreas protegidas, ou 2.029 unidades de conservação em todo o país, 325 delas geridas pelo Instituto Chico Mendes. Das espécies ameaçadas de extinção, 732 têm ocorrência registrada em unidades de conservação, das categorias previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Incluem, por exemplo, os registros de espécies que ocorrem apenas ocasionalmente nas UC, como por exemplo, espécies marinhas que fazem grandes deslocamentos, como os cetáceos e alguns elasmosbrânquios”, escreve a autarquia em trecho do livro. Conservação
Conforme a publicação, foram implementados, até o momento, 60 PANs, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, tendo beneficiado 700 espécies ameaçadas, das quais 526 são espécies de vertebrados, 87 de invertebrados e 91 da flora.
O impacto das ações de proteção foi, segundo Oliveira, algo que se confirmou com a baleia jubarte, conhecida por sobrenadar o perímetro do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia. “Esse é o melhor exemplo. Vários esforços de conservação de 20, 30 anos melhoraram sua avaliação [quanto ao risco de extinção]” “Para 429 táxons não há registro em unidades de conservação, embora 29 deles tenham ocorrência provável. Os peixes continentais são o grupo com o maior número de espécies sem registro em UC e também o grupo com o maior número de espécies que sabidamente não ocorrem em UC”, completou.
Todas as 8.818 espécies de vertebrados que ocorrem no país, descritas até meados de 2014, foram avaliadas. Para alguns primatas e aves foram avaliadas subespécies, totalizando 8.922 táxons de vertebrados, sendo 732 mamíferos, 1.979 aves, 732 répteis, 973 anfíbios e 4.506 peixes. Também foram avaliados 3.332 invertebrados, cerca de 3% das espécies de invertebrados reconhecidas para o país, representados por 18 grupos taxonômicos, dos quais Odonata, Collembola, Onichophora e Porifera tiveram todas as espécies conhecidas do país avaliadas, enquanto para os demais grupos (Hemichordata, Echinodermata, Lepidoptera, Hymenoptera, Coleoptera, Ephemeroptera, Myriapoda, Crustacea, Arachnida, Brachiopoda, Mollusca, Annelida, Sipuncula e Cnidaria), foram selecionadas algumas espécies para a avaliação, com base na disponibilidade de informações mínimas e, em alguns casos, no indicativo de ameaça pré conhecido, totalizando 12.254 táxons com risco de extinção avaliado. Os números e grupos taxonômicos avaliados e uma análise das espécies consideradas ameaçadas de extinção são apresen
Táxons avaliados
tados a seguir, incluindo a distribuição das espécies por biomas, principais ameaças e estratégias para sua conservação. Categorias dos táxons avaliados Dos 12.254 táxons avaliados, 226 (1,8%) foram categorizados como Não Aplicável (NA) para a avaliação
brasileira, por ocorrerem marginalmente no território nacional ou apresentarem somente registros ocasionais. A maioria dessas espécies são aves, peixes marinhos ou mamíferos marinhos, muitas com comportamento migratório, ampla distribuição fora do Brasil, e ocorrendo apenas ocasionalmente em território brasileiro. A tabela II e a figura 5 mostram o número e a porcentagem de espécies avaliadas em cada categoria. A maioria dos táxons, 72,2%, foi categorizada como Menos Preocupante (LC) enquanto 1.182 táxons (9,6%) encontram-se em categoria de ameaça. Nove desses táxons ameaçados ainda não possuíam nomenclatura e diagnose formalmente publicadas até o término do ciclo de avaliação (um peixe continental, cinco serpentes, duas aves e um mamífero), mas são espécies consideradas válidas, assim reconhecidas consensualmente pelos especialistas. Esses táxons apresentam grau significativo de ameaça, situação na qual a metodologia UICN as reconhece como válidas para avaliação23, porém só serão incluídos nas Portarias das listas oficiais quando forem formalmente descritas. Das 1.173 espécies ameaçadas que melhoraram o seu estado de conservação e saíram da lista, 663 (56,5%) estão presentes em UCs e 498 (42%) já são contempladas por algum plano de ação nacional (PAN).
A biodiversidade brasileira
O Brasil possui uma das maiores riquezas de espécies do planeta, mais de 13% da biota25, característica que inspirou o conceito de um país megadiverso. Com sua dimensão continental e enorme variedade de habitat terrestres e aquáticos, reúne seis importantes biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) e o maior sistema fluvial do mundo. Dois desses biomas, o Cerrado e a Mata Atlântica, são hotspots – áreas com grande riqueza e endemismos, consideradas prioritárias para a conservação em nível mundia. A Zona Costeira e Marinha brasileira ocupa, aproximadamente, 3,5 milhões de quilômetros quadrados. É uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de 7.400 km incluindo sistemas ambientais extraordinariamente diversos. O litoral brasileiro é composto por águas frias na costa sul e sudeste e águas quentes nas costas nordeste e norte, dando suporte a uma grande variedade de ecossistemas que incluem manguezais, recifes de corais, dunas, restingas, praias arenosas, costões rochosos, lagoas e estuários, que abrigam inúmeras espécies da flora e fauna, muitas das quais, endêmicas . Atualmente são reconhecidas no Brasil 46.447 espécies de plantas e 117.096 de animais, com estimativas de que as espécies animais ultrapassem 13725. São quase 9.000 espécies de vertebrados descritas e cerca de 94.000 artrópodos, números em permanente mudança, visto as constantes revisões taxonômicas e a descoberta frequente de novas espécies. A maior parte é de insetos, com cerca de 83.000 espécies reconhecidas no Brasil. Destacam-se também em diversidade os aracnídeos, com cerca de 6.200 espécies, e moluscos, com aproximadamente 3.100 espécies. Entre os vertebrados, compilações, algumas bastante recentes, indicam que há no Brasil cerca de 4.545 espécies de peixes, 1080 de anfíbios, 773 de répteis, 1.919 de aves e 701 mamíferos. Atualmente, estes números são certamente maiores, especialmente para os peixes, já que novas espécies continuam sendo descritas sempre que áreas pouco conhecidas são amostradas ou estudos de revisões taxonômicas são realizados. Mesmo para grupos bem conhecidos e estudados, como os mamíferos, ainda são frequentes descrições ou revalidações de novas espécies. Esta diversidade coloca o Brasil na posição de país com maior número de espécies de anfíbios e primatas em todo o mundo, o 2º em mamíferos e o 3º em aves e répteis . O Brasil também é o sexto país em endemismos de vertebrados, sendo as taxas mais altas para os anfíbios, com 57%, e os répteis, com 37%
Fotos: RMIT University, Scarlett Howard / RMIT University, Krzysztof Niewolny A s abelhas podem aprender a adicionar e subtrair, de acordo com pesquisas que mostram que, embora os insetos tenham cérebros minúsculos, eles ainda são surpreendentemente inteligentes.
Pesquisadores por trás do estudo descobriram anteriormente que as abelhas aparentemente entendem o conceito de zero , e aprendem a indicar corretamente qual dos dois grupos de objetos é o menor.
Mas agora eles dizem que os insetos podem aprender a realizar cálculos numéricos exatos, como adicionar e subtrair um determinado número.
“O cérebro deles pode administrar uma regra de longo prazo e aplicar isso a um problema matemático para chegar a uma resposta correta”, disse Adrian Dyer, co- -autor da pesquisa da Universidade RMIT, na Austrália. “Esse é um tipo diferente de processamento de números para julgamentos de quantidade espontânea”.
Se a equipe estiver certa, os insetos estão em boa companhia. Enquanto uma vez foi pensado que apenas humanos poderiam administrar tais cálculos, os autores observam que pesquisas recentes revelaram que uma verdadeira variedade de criaturas pode rastrear números ou até mesmo adicionar ou subtrair.
“[Havia] evidências de que outros primatas poderiam fazê-lo e, em seguida, um papagaio cinza Africano, Alex, notoriamente poderia fazê-lo, mas também algumas aranhas poderiam fazê-lo”, disse Dyer.
A equipe diz que a pesquisa mais recente acrescenta a um crescente corpo de evidências, incluindo estudos em humanos, que a linguagem não é necessária para aprender como manipular números. E tem mais “Ele está nos ensinando muito sobre o que os cérebros podem fazer e quais estruturas necessárias você pode precisar no cérebro para ABELHAS fazem CÁLCULOS numéricos EXATOS A humilde abelha pode usar símbolos para realizar cálculos básicos, incluindo adição e subtração alcançar certos resultados”, disse Dyer.
No entanto, Paul Graham, professor de neuroetologia na Universidade de Sussex, foi cauteloso, e disse que não estava claro se as abelhas realmente tinham um conceito de operações matemáticas, ou mesmo números.
“Na realidade, você não sabe realmente o que o animal fez, porque você não está investigando como está sendo feito”, disse ele, acrescentando que é difícil projetar um experimento para descartar outras explicações mais simples para as abelhas. comportamento.
Escrevendo na revista Science Advances , Dyer e seus colegas descrevem como sua pesquisa envolveu a liberação de abelhas em um simples labirinto em que lhes foi mostrado uma imagem de um pequeno número de formas coloridas. Depois de voar através de um buraco, as abelhas foram presenteadas com mais duas imagens mostrando um número diferente de formas.
Quando as formas no conjunto eram azuis, insetos que faziam um caminho mais curto para a imagem com mais uma forma do que na foto inicial foram oferecidos uma bebida açucarada. Quando as formas eram amarelas, elas eram recompensadas por voar para a imagem com menos uma forma. Se a abelha voou para a imagem “incorreta”, eles receberam uma solução de quinino - que é desagradável para as abelhas.
Câmara de decisão
Entrada para câmara de decisão
Amarelo = subtrair um elemento
Paredes de apresentação de estímulo
Resposta correta Pote
Amostra de estímulo
Câmara para ver amostra de estímulo
Resposta incorreta
Câmara de Decisão
Pote
Entrada para câmara de decisão Amostra de estímulo
Câmara para ver amostra de estímulo
Azul = adiciona um elemento
As abelhas foram treinadas individualmente para visitar um aparelho em forma de labirinto em Y.
A abelha voaria até a entrada do labirinto em Y e veria uma série de elementos que consistiam de uma a cinco formas. As formas (por exemplo: formas quadradas, mas muitas opções de formas foram empregadas em experimentos reais) seriam uma de duas cores. Azul significava que a abelha deveria realizar uma operação de adição (+ 1). Se as formas fossem amarelas, a abelha teria que realizar uma operação de subtração (- 1). Para a tarefa de mais ou menos um, um lado conteria uma resposta incorreta e o outro lado conteria a resposta correta. O lado dos estímulos foi mudado aleatoriamente ao longo do experimento, de modo que a abelha não aprenderia a visitar apenas um lado do labirinto em Y.
Depois de ver o número inicial, cada abelha voaria através de um buraco para uma câmara de decisão, onde poderia optar por voar para o lado esquerdo ou direito do labirinto em Y, dependendo da operação para a qual ela havia sido treinada.
Treinada para escolher o menor número de uma série de opções, uma abelha escolhe uma imagem em branco, revelando uma compreensão do conceito de zero
“ “ É muito difícil treinar uma abelha para entender um sinal de mais ou de menos porque esse é um símbolo abstrato, então usamos cores porque elas aprendem cor muito rapidamente As abelhas vivem em ambientes complexos e tomam muitas decisões todos os dias que são cruciais para a sobrevivência “É muito difícil treinar uma abelha para entender um sinal de mais ou de menos porque esse é um símbolo abstrato, então usamos cores porque elas aprendem cor muito rapidamente”, disse Dyer.
Quatorze abelhas foram envolvidas no experimento e cada uma completou 100 dos exercícios de treinamento, com as formas e números - até um máximo de cinco - escolhidos aleatoriamente de um conjunto de possibilidades.
Cada abelha foi então testada 10 vezes em dois cenários diferentes para cada cor.
Crucialmente, a primeira imagem que as abelhas viram nas configurações de teste continha três formas. Nem o número nem a forma particular usada foram apresentados às abelhas como a imagem inicial durante o treinamento, significando que eles não poderiam escolher a resposta “correta” da memória.
( A ) Desempenho durante a fase de aprendizagem. A linha tracejada a 0,5 indica o desempenho do nível de chance. Linha preta sólida representa uma função que descreve a fase de aprendizagem de n = 14 abelhas, conforme modelado por um modelo linear generalizado de efeito misto (GLMM). Pontos (círculos fechados) ao longo da curva indicam a média observada ± intervalos de confiança de 95% (ICs) (roxo) de escolhas corretas para as abelhas. O aumento no desempenho durante a fase de aprendizado foi significativo.
( B) Desempenho durante as fases de teste para adição e subtração. Colunas rosa (à esquerda) mostram resultados quando a resposta incorreta estava na mesma direção da resposta correta e a coluna azul (direita) mostra resultados quando a resposta incorreta estava na direção oposta à da resposta correta. Os números nas colunas (1, 2, 3 e 4) correspondem às operações no texto principal. A linha tracejada a 0,5 indica o desempenho do nível de chance. A significância do desempenho ao nível do acaso é indicada por * P<0,05, ** P <0,01 e *** P <0,001. Os dados apresentados são médias ± limites de IC de 95% para todos os testes.
Ao aprender a escolher menos que as opções, as abelhas aprenderam ao longo de um dia para poder transferir
informações e colocar o zero na extremidade inferior de todos os números anteriormente experimentados
Os resultados mostraram que as abelhas se saíram melhor nos testes do que o acaso, obtendo as respostas corretas entre 64% e 72% do tempo, dependendo do teste.
“Não é que toda abelha pudesse fazer isso [espontaneamente], mas poderíamos ensiná-los a fazer isso”, disse Dyer.
Dyer disse que a prevalência da competência numérica em todo o reino animal era “suspeita”, levando-o a acreditar que poderia ser um fenômeno generalizado em animais que ajuda na sobrevivência. No entanto, ele acrescentou que era difícil testar isso, e disse que havia uma explicação alternativa - o fenômeno real é a capacidade de fazer associações e resolver enigmas, ao invés de ter ou adquirir habilidades numéricas per se. “Pode ser que eles não usem isso em nenhum contexto natural. Eles só têm um cérebro que é plástico o suficiente para aprender o nosso problema ”, disse ele. “Nem tudo o que fazemos [como seres humanos] é essencial para nossa sobrevivência em termos de evolução: tocar guitarra, surfar e viajar para o espaço são coisas que podemos fazer porque temos muita flexibilidade neural, somos realmente brilhantes… As abelhas já existem há muito tempo e são muito boas em sobreviver em diferentes ambientes e encontrar novas soluções, e talvez isso apenas tenha levado a um cérebro que pode aprender essa tarefa se precisar”.
Zero no Cálculo da Rod Chinesa em torno do século IV AC
A importância do zero ao longo da história humana não deve ser subestimada.
As hastes de contagem chinesas usavam um espaço em branco para ajudar a representar um espaço reservado em valores, no entanto, o zero passava despercebido como um número com um valor quantitativo durante séculos. Por exemplo, numerais romanos não possuem um símbolo para zero.
Estamos comendo a megafauna do mundo!
Os consumidores precisam agir com rapidez e decidir o que é aceitável e o que não é quando se trata de espécies vulneráveis e descontroladas. O comércio global de barbatanas é uma das maiores ameaças às populações de tubarões em todo o mundo, com barbatanas de até 73 milhões de tubarões que chegam ao mercado todos os anos
Megafauna ameaçada pelo apetite humano. Cerca de 150 espécies de grandes animais estão em risco de extinção por sua carne, barbatanas, chifres ou ovos
Fotos: Luke Harding Zsl, Tsy Ching, Wild Haung M uitos dos vertebrados do mundo experimentaram uma grande população e declínios no alcance geográfico devido a ameaças antropogênicas que os colocam em risco de extinção. Os maiores vertebrados, definidos como megafauna, são especialmente vulneráveis. Foram analisados como as atividades humanas estão afetando o status de conservação da megafauna em seis classes: mamíferos, peixes com nadadeiras, peixes cartilaginosos, anfíbios, pássaros, répteis e identificados um total de 362 espécies de megafauna existentes. Foi descoberto que 70% das espécies de megafauna com informações suficientes estão diminuindo e 59% estão ameaçadas de extinção. Surpreendentemente, a colheita direta de megafauna para consumo humano de carne ou partes do corpo é a maior ameaça individual para cada uma das classes examinadas, e uma ameaça para 98% (159/162) das espécies ameaçadas com dados de ameaça disponíveis.
Para os imperadores chineses da dinastia Song (960-1279) a sopa de barbatana de tubarão já era uma iguaria. Na qualidade de um prato influía a dificuldade de obter seus ingredientes, e capturar um esqualo perigoso devia ser uma grande oferenda ao imperador. Além disso, acreditava-se em uma espécie de transmutação, pela qual a força e a ferocidade do animal passavam para quem comia sua carne. Tais atavismos transformaram este prato em um símbolo de status. Até recentemente, na China, todos os casamentos, jantares de negócios ou banquetes oficiais que se prezassem deveriam incluir sopa de barbatanas de tubarão. E mesmo considerando que esses adendos têm pouco sabor e o principal ingrediente do caldo é o frango.
Cerca de trinta espécies de tubarões, peixes-serra, tubarões-martelo e outros peixes cartilaginosos estão ameaçados de extinção por causa do desejo de muitos chineses de agradar a seus hóspedes. De acordo com um estudo recente sobre ameaças à megafauna, eles fazem parte do grupo dos grandes vertebrados mais perseguidos. Existem cerca de 200 espécies de animais de grande porte que estão perdendo população e 150 delas estão em risco de extinção por culpa de vários apetites humanos.
“Nosso estudo mostra que, além da perda ou degradação do habitat, a caça direta por humanos é a maior ameaça para os maiores animais do mundo”, diz o professor de ecologia da Universidade do Estado do Oregon (EUA) e principal autor do estudo, William Ripple. “Há muitas causas pelas quais os humanos estão matando a megafauna”. Às vezes, é para subsistência, às vezes para interesses comerciais, em outras, para fins medicinais ou simples hobby, às vezes a morte é intencional e às vezes não intencional, por captura acidental”, acrescenta. A investigação catalogou como megafauna os mamíferos e peixes de mais de 100 quilogramas e os anfíbios, répteis e pássaros que excedem 40 quilos. Encontraram um total de 292 espécies com dados suficientes sobre o seu estado de conservação e seus riscos principais. Seus resultados mostram que 70% das espécies de megafauna estão perdendo população e 59% estão ameaçadas de extinção, com algumas em risco crítico. Dois dados confirmam que os seres humanos se nutrem dos maiores animais: entre as espécies de todos os tamanhos, metade perde população e um quinto está ameaçada.
A sopa de barbatanas de tubarão era um prato obrigatório em casamentos, jantares de negócios e banquetes oficiais até poucos anos atrás. Em 2018, a Hong Kong Shark Foundation descobriu que mais de 80% dos 291 menus do Ano Novo Chinês em Hong Kong incluíam sopa de barbatanas de tubarão
Maiores espécies de megafauna em cada grupo principal de vertebrados. Todas as espécies mostradas estão ameaçadas de extinção e são ameaçadas por colhedores humanos que buscam carne, partes do corpo ou ovos. Tubarão-baleia (Rhincodon typus ; canto superior esquerdo) por Christian Jensen (CC BY 2.0), Couro (Dermochelys coriacea ; canto superior direito) pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA Região Sudeste (CC BY 2.0), Beluga (Huso huso ; meio esquerdo) Whitlock (CC BY-NC-SA 3.0), Elefante Africano (Loxodonta Africana; meio direito) por Jude (CC BY 2.0), Salamandra Gigante Chinesa (Andrias davidianus ; canto inferior esquerdo) por James Joel (CC BY-ND 2.0), e Avestruz Somali (Struthio molybdophanes; canto inferior direito) por Julian Mason (CC BY 2.0). A carne de tubarão-baleia (EN) é altamente valorizada em alguns mercados asiáticos e a demanda por sopa de tubarão ameaça esta espécie. Os Leatherbacks (VU) estão ameaçados pelas capturas acessórias de pesca, bem como pelo consumo humano de ovos e carne. Belugas (CR) estão ameaçadas pela sobrepesca de carne e caviar, que em breve causará a extinção global das populações selvagens naturais remanescentes. A caça furtiva de elefante (VU) é criticamente elevada devido a um aumento na demanda por marfim. A Salamandra Gigante Chinesa (CR) é ameaçada pela caça, já que sua carne é considerada uma iguaria na Ásia. Avestruzes somalis (VU) são baleados para comida, couro e penas.
Entre a dezena de ameaças, além da perda de habitat, os pesquisadores analisaram o impacto de espécies invasoras, poluição, desmatamento, avanço da agricultura, mudanças climáticas ... Embora muitas espécies sofram impactos de várias frentes, a caça está presente em 98% das ameaçadas. O item caça também inclui pesca.
“O consumo é muito grave. Inclui um enorme tráfico ilegal de subsistência e comercial para os mercados legais e ilegais”, diz o pesquisador Gerardo Ceballos, do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma do México e coautor do estudo. “É parte do que chamamos de ‘aniquilação da natureza’. A maior parte deste consumo se deve a dois fatores: a miséria em que vive um grande número de pessoas no planeta e a ganância das máfias, principalmente asiáticas (chinesas), que dominam o mercado negro”.
Há espécies caçadas por sua carne, pele, penas e até mesmo os ovos, como o avestruz somali, colocado em extremo perigo pela caça de subsistência. Em outras, a condenação está em seus ornamentos, e isso vem de longe, como acontece com elefantes e rinocerontes. Mas é a comida, geralmente de pratos supostamente requintados, que está matando muitos dos poucos animais de grande porte que restam. Entre essas iguarias está a carne da salamandra-gigante- -da-China, o único anfíbio da lista, o único grande anfíbio que resta. “A situação das populações da salamandra-gigante-da-China é absolutamente crítica”, diz Samuel Turvey, pesquisador do Instituto de Zoologia da Sociedade Zoológica de Londres. Autor de vários livros sobre extinções causados por humanos, Turvey participou entre 2013 e 2016 de uma extensa campanha para conhecer o status desse anfíbio. Foram realizados estudos de campo em 97 condados da China e entrevistados cerca de 3.000 moradores. “Não encontramos nenhuma salamandra gigante na natureza”, diz o zoólogo britânico, que não tomou parte do estudo da megafauna. As únicas que eles viram foram espécimes fugidos de fazendas onde são criadas como gado.
Embora este animal esteja há muito tempo sob risco de extinção, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, as autoridades chinesas ainda não proibiram sua captura (fora das áreas protegidas) e seu consumo. Talvez o caso dos tubarões possa servir como referência: com eles a pressão sobre a oferta parece não funcionar, mas, sim, as ações para reduzir sua demanda.
Na maioria dos países, e também na China, a pesca de algumas espécies é proibida, mas não a de outras, e as barbatanas dos tubarões são muito parecidas com as de outros animais. Uma pesquisa recente da Universidade de Hong Kong, principal porto e mercado desses apêndices, mostrou que pelo menos um terço das barbatanas pertencia a espécies que aparecem ameaçadas na Lista Vermelha.
“Os dados apontam que as capturas mundiais de tubarões superaram um milhão de toneladas por ano, mais do que o dobro de seis décadas atrás. Esta superexploração ameaça hoje quase 60% das espécies de tubarões, a maior proporção entre todos os vertebrados”, disse em uma nota a bióloga Yvonne Sadovy, da universidade da ex-colônia britânica.
“A exclusividade de um produto natural combinada com a sua reduzida disponibilidade em liberdade aumenta seu preço e o torna um produto atraente para as redes de negócios, incluindo o extenso tráfego ilegal, que se mostrou muito difícil de ser controlado pelas autoridades”, acrescentou.
No entanto, de acordo com estatísticas oficiais, o consumo de barbatanas de tubarão na China caiu 80% nos últimos anos. De acordo com um relatório da organização ambientalista e ativista WildAid, a importação dessas partes do animal teve redução similar. Em um contexto em que tanto a Europa quanto os Estados Unidos perseguem esse comércio, a pressão das organizações conservacionistas levou o Governo chinês a retirar a sopa de tubarão de seus banquetes oficiais. As campanhas contra este prato por parte de organizações como a WildAid decolaram com os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Hoje as principais redes hoteleiras o tiraram de seus cardápios e começa a ser malvisto festejar o casamento com este caldo.
A solução, portanto, poderia estar no combate à demanda com a arma da educação.