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from Bendita 41
Gabriela, felicidade duplicada
Por Patrícia Leão Ferrás Fotos Lufe Torres
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Aideia era comemorar com Gabriela Markus os 10 anos do seu título de Miss Brasil com as celebrações de 10 anos da BENDITA. E não é que os festejos aumentaram! Também comemoramos com ela a notícia da gravidez de Hugo, seu primeiro filho. Na entrevista, ela conta sobre essa nova fase, relembra as origens no interior e como chegou ao Top 5 do Miss Universo, algo que ela nem imaginava.
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Este ano é muito especial para Gabriela Markus por razões diferentes. Ela comemorava seus 10 anos do título de Miss Brasil, o sucesso como influenciadora digital, quando recebeu a feliz notícia: grávida do primeiro filho, Hugo. - Sempre pensei que seria mãe de um menino. Na infância, ganhei uma bonequinha que eu chamava de o Soninho, mesmo com a roupinha rosa claro. Eu queria que fosse o menino. E o bebê, no fundo, tu sabes o que vai ser, mesmo com palpites.
O nome, ela não teve dúvidas. - É lindo! Meu pai tinha um tio que se chamava Hugo. Tem uma cidade que se chama Tio Hugo. É um nome curto e forte.
Nas fotos para BENDITA, a barriguinha ainda não aparece tanto, pois o ensaio foi no início da gestação. O Hugo chega em novembro.
E falando em criança, a Gabi voltou às origens e conta pra gente.
NO VALE DO TAQUARI
Filha de Wilson e Inge, Gabriela fala que sua infância foi muito feliz, morando em Paverama. Aos nove, a família mudou-se para Teutônia. - Andava de bicicleta, ia na casa da vó que era pertinho. Interior tem isso, ter o contato com a natureza, com os bichos. Tenho uma irmã mais velha dois anos, a Daniela, e um irmão mais novo, o Guilherme. Minha mãe costurava roupinhas pra gente, tudo com carinho. Olhando o passado, a gente tinha as roupas de sair, as de domingo e as de usar na semana.
Em Teutônia, a família adquiriu uma agropecuária, onde toda família trabalhava e também morava lá. - A gente estudava de manhã e trabalhava à tarde. Isso foi um dos meus maiores aprendizados: dar importância ao trabalho, ao valor das coisas. Não mexer no que não é nosso. Só reclamava no sábado e pedia férias! Hoje vejo que isso me tornou uma pessoa mais comunicativa. Desde os nove anos já atendia telefone e anotava pedidos.
A atividade auxiliou na escola, já que ela era sempre a líder da turma. - Até o ensino médio, eu representava para falar com professores, diretor, organizar excursões, coletar e depositar no banco. Uma responsabilidade. O convívio era muito bom.
Mesmo não sendo tão disseminado, ela já desencorajava o bullying. - Recebia uns colegas com sotaques diferentes e eu era defensora, não deixava ninguém rir de ninguém. Fazia essa interação, sempre deixando a turma amigável. Nunca usei a beleza, gostava de ter algo a mais do que isso. O jeito que eu conseguia, era me comunicando, tendo muitos amigos. Sempre fui muito apegada ao grupo, de cuidar da família, apaziguando as coisas.
Os planos da jovem que adorava Matemática e Física e, por ter altura, gostar de esportes, queria ser jogadora de volei, mudaram a partir do concurso de beleza que a irmã participou.
O PRIMEIRO CONCURSO
- Eu e minha irmã fizemos um curso de modelo na adolescência. Não evoluiu. Meu foco era jogar volei. Até hoje me acho um pouco mais masculina, uso mais calças.
A partir da participação de Daniela no concurso Rainha da Indústria e do Comércio, em Bento Gonçalves, a vida de Gabriela mudaria. - Para participar, a candidata tinha que estar trabalhando. Explicar o que fazia. Minha irmã participou, acabou não ganhando, mas adorou a experiência, viajar, dormir em hotel.
Após dois anos, ela lembra que a equipe do concurso voltou para convidar a irmã novamente. Mas Daniela já estudava e morava em Santa Maria. - Minha mãe disse: ‘mas a Gabi tá aqui!’. Eu respondi: ‘não vou participar’. Além dela, minha irmã me influenciou. Disse que era legal, visitava lugares. E eu: ‘tá bem, vamos’.
Em 2007, Gabriela lembra que as participantes usavam vários artifícios, como cabelos, unhas e cílios. Ela não era acostumada e estranhava. Chegou a noite do concurso. - Tinha menina com torcida, faixas, banda. Eu só com meus pais.
Eram 64 participantes e na hora do resultado, Gabriela ficou surpresa quando anunciaram 15, seu número. - Parada, olhei para baixo e conferi se era meu número. Só vi meus pais gritando e pulando. Ficamos na cidade para compromissos. Acredito que na entrevista eu os cativei.
UNIVERSITÁRIA E MISS
Em 2008, Gabriela passou na UFRGS para Engenharia de Alimentos. Foi morar em Porto Alegre e não investiu na carreira de modelo, queria se dedicar aos estudos. - Morava com duas amigas e uma delas, a Bibiana, foi parada na Redenção por uma pessoa de agência para fazer feiras. Ela me convidou para ir, não fazíamos nada sozinhas. - Era inverno de 2009 e o Toni, dono da agência, ficava me olhando, enquanto conversava com a Bibi. Aí ele me disse: ‘nunca pensou em ser miss?’. Respondi: ‘não, nunca’. Aí a Bibi entregou que eu já tinha participado de um concurso e sido eleita. Ele ligou pra minha mãe explicando. A gente não acreditava muito, mas ele investiu, ajudou, pagou o book.
Gabi chegou a participar do Miss RS em 2010, ficou em segundo lugar; Teutônia festejou.
MAIS PREPARADA
- Depois de dois anos eu já estava com a idade limite, 23 anos, para participar novamente do Miss. Minha irmã sempre incentivou. Na minha cabeça matemática, eu pensava: ‘só tenho um degrauzinho para subir, mas eu posso descer vários’. Então, decidi: ‘vamos lá’. Já estava mais experiente. Foi tranquilo.
Ao notar as candidatas nervosas, Gabriela contava sua experiência. - Nunca tive medo da concorrência. É a energia, a forma como vai te expressar. Sempre me agradeciam.
Naquele ano, o Miss Rio Grande do Sul aconteceu no Leopoldina Juvenil e Gabi estava mais segura. - Deus faz o melhor para mim. Antes eu não estava preparada e tal-
vez não ganhasse o Miss Brasil. Foi aquela coisa de aceitação, acho que aí precisa ser tranquila. Não ser birrenta. Isso ficou muito claro. Quando voltei em 2012, era a minha vez!
Para ela, a sensação de ganhar um título tão disputado é de flutuar. - Chorava por vencer por mim, sem passar por cima de ninguém. Tem espaço para todos.
SEGREDOS DA VITÓRIA
- Tem gente que fala que ganhar o Miss RS é um dos mais difíceis, acirrados. O time é muito forte.
Gabi revela que no Miss Brasil conquistado, várias participantes tinham o mesmo perfil dela. Mas nem por isso se preocupou ou buscou informações sobre as concorrentes. - Foquei no meu corpo, treinei todos os dias. Optei por não fazer cirurgias plásticas. Já tinha prótese de silicone desde 2009. Fazia massagens modeladoras e pensava: ‘posso chegar lá com o meu melhor corpo, vou batalhar por isso. Um corpo natural, esculpido com meu esforço’.
Outra forma que funciona para ela alcançar objetivos é se planejar. - Nunca fui muito de academia, mas eu tinha uma data. E vejo que até hoje se eu não tenho uma data para me programar, fico meio perdida. Preciso enxergar para onde vou.
No Miss Brasil, foram 27 candidatas. - O Top 3 ficou com Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Norte, com amigas parecidas.
Mas os concursos de Miss incluem também boas respostas e as habilidades na passarela ganham pontos, inclusive com o público. - Uma jornalista disse que gostou da minha resposta sobre ‘qual foi o melhor momento do Miss nestes 14 dias?’. Respondi: ‘o melhor momento está por vir’. Minha meta era chegar na noite final, da apresentação, da energia do público. Sempre gostei de desfile presencial, de ver as pessoas. Nunca fiz aquele desfile de só olhar para os jurados. Quero olhar para as pessoas, ter contato.
Gabriela fala em seus cursos e treinamentos sobre essa energia boa que vem de muitas pessoas assistindo em sintonia. Ela incentiva. - Te torna mais aberta, mais carismática. Estão vivendo o momento contigo, devolva o olhar para elas.
NO MISS UNIVERSO
Após o título, a Miss Brasil vai morar em São Paulo e logo embarca para o Miss Universo. Para ter uma ideia, o vestido de Gabriela - do estilista mineiro Alexandre Dutra e o mais comentado -, ela o recebeu praticamente na hora do embarque. - Em Las Vegas, passaríamos 21 dias e eu pensava: ‘dormir tarde, comer comida americana, não ter academia. Não posso engordar nada, por causa do vestido’. Percebi que o vestido era tudo aquilo no programa ao vivo, que se ensaia como um desfile real e já selecionam 15 finalistas.
A gaúcha ficou entre as cinco mulheres mais lindas do mundo. Participou de todas fases do Miss Universo, pois o Top 5 é a final. E ela ficou com o estigma de mais linda? - Tenho pavor disso! Vergonha alheia, não faça isso. Acho que vem da criação, de não passar por cima do outro, de não ser uma pessoa exibida.
A CARREIRA E O FEMININO
Depois do Miss Universo, surgiram muitas oportunidades. - Quando voltei a São Paulo, achei a carreira artística difícil, quis voltar para Porto Alegre. Foquei na qualidade de vida e na saúde mental.
Ela foi candidada a deputada estadual, até pelo pai já ter sido vereador. Teve boa votação, mas acabou não entrando. Também uma passagem como secretária-adjunta de Turismo, Esporte e Lazer no governo Sartori, onde foi alvo de machismo dentro e fora do ambiente público. - Se fulana sofreu preconceito, não foi só ela. Hoje, temos esse radar ligado e nos defendemos mais. Porque a mulher deve mostrar o seu valor. Se tem gente achando que mulher é menos do que um homem ou não tem valor, essas pessoas devem ser alertadas. Eu respondo à altura que ela pense e se sinta envergonhada. Questiono: ‘tu te deu conta do que está falando, pode causar um trauma. Imagina se fosse tua filha, tua mulher. É mais fácil julgar a outra. Se ela não repensa, vai continuar fazendo. Precisa ser dito, falado e se impor.
Após, ela teve uma franquia por cinco anos, que lhe deu ampla experiência no empreendedorismo. Hoje investe nos meios digitais como influenciadora, assim como consultora e mentora de Estilo e Imagem. - Começaram a me pedir aula de passarela, de etiqueta, como se portar melhor em diferentes ocasiões, festa de 15 anos, participação em concursos. No Curso de Consultoria de Imagem, coloquei tudo nessa mentoria. Independente se é jovem ou meia idade. Quer saber se maquiar, vai receber em casa. Faço uma entrevista inicial para saber o que aquela mulher quer fazer naquele momento.
ENCONTRO NA IOGA
Gabriela conheceu Ricardo, advogado e empresário, na aula de ioga em janeiro de 2017. Tiveram a professora como “cúpido”. - Eu brinco: cuidado onde você está procurando, vai achar o que tem dentro de onde frequenta.
E o que mais a atrai no marido: - Ele é uma pessoa totalmente gentil, humana, preocupada com o outro, quer que eu brilhe. Dá espaço para eu crescer, sem medos. Uma pessoa segura de si. Meu companheiro de vida em parceria, amizade e amor. Com essa pessoa, eu quero formar uma família.
Começaram com o Fredo, um cocker - a influencer teve um na infância, que chegou a 17 anos. - Fizemos adestramento em casa, na pandemia. Claro que é diferente, mas desperta o zelo e vai treinando a maternidade.
Ela pensava em ter três, dois filhos. Com a chegada de Hugo, a mãe de primeira viagem prefere ter a experiência para assim decidir ter mais.
FOTOS LUFE TORRES @lufe_torres ROUPAS CLOSET 7 @closet7.poa MAQUIAGEM BRUNA K. LUZ @brunakluz CABELOS JEFF PEDROSO @jeffpedroso.visagista