Revista Brasil 21 1#4

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ANO 1 NÚMERO 4 Abril/ Maio de 2013

Crédito de carbono Quanto vale cada tipo de gás lançado na atmosfera?

Turismo de Aventura A modalidade esportiva que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil

Horário de verão Descubra quanto o país economizou na última edição


Carta ao leitor Olá, leitor!

Ano1 Número 4 Abril/ Maio de 2013 Editoração gráfica: Beatriz Aguiar Rosângela Menezes Arte: Beatriz Aguiar Rosângela Menezes Colaboladores: Allan Gomes Beatriz Aguiar Gabriela Damaceno Jéssica Sant’Ana Edição: Rosângela Menezes Capa: Rosângela Menezes Foto: Flávio Takamoto/ SXC Contato: rosangela@brasil21.net @ revistabrasil21 Anúncios: comercial@brasil21.net Cx. Postal 11611 CEP: 71200-980 Brasília-DF Publicação bimestral - distribuição gratuita Tiragem: 1000 exemplares Brasil 21 on-line www.brasil21.net

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os últimos 10 anos a população da cidade de São Paulo aumentou 7,9% e o número de habitantes já ultrapassa os 11 milhões. Mas o que assusta nos dados divulgados pelo Departamento Nacional de Trânsito é o crescimento da frota de veículos: 68,2%, quase sete milhões de carros rodando nas ruas e causando congestionamentos que chegam a 157 km de lentidão. Para fugir do estresse do trânsito e do corre-corre da vida nas grandes cidades as pessoas têm procurado viajar nas férias para lugares mais afastados, como Brotas (SP) ou Boa Vista (RR), onde é possível praticar esportes radicais. A quarta edição da Revista Brasil 21 traz um guia com lugares para explorar o turismo de aventura e praticar atividades como rafting e trekking. Nas próximas páginas você encontra também os cuidados que devem ser tomados antes de mergulhar no Ecoturismo. Outro destaque desta edição é o resultado da economia obtida com o último horário de verão. O leitor vai entender quais são as vantagens para o setor elétrico nacional e o impacto da medida para o seu bolso. Também serão apresentadas as propostas de lei que pretendem acabar com o adiantamento dos relógios durante a estação mais quente do ano. Além disso, a revista apresenta alguns projetos com reutilização das águas e preservação das nascentes dos rios que têm dado certo. Boa leitura!

Equipe Brasil 21


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EM FOCO

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ECONOMIA

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As soluções encontradas para a preservação das nascentes dos rios no Ano internacional de Cooperação pela Água

Os investimentos das empresas no Mercado Internacional de Crédito de Carbono

CAPA Cresce no Brasil o número de turistas que trocam as férias no litoral por regiões mais afastadas da cidade

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ENTREVISTA

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ENERGIA

Foto: Wendy/sxc

Foto: Thiago Rezende/sxc

Foto: Agência Brasil

Sumário

Charlene Ribeiro: “A OELA é um grande centro de oportunidades que desenvolve atividades esportivas e educacionais”

Os pontos positivos e negativos do horário brasileiro de verão


EM FOCO

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O Ano Internacional de Cooperação pela Água De acordo com o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, cerca de 3 bilhões de pessoas ainda não têm água encanada em casa Por: Gabriela Damaceno


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Fotos: Agência Brasil

m 2010, enquanto a Assembleia das Na- Até o momento, apenas o Distrito Federal assinou o ções Unidas determinava que 2013 seria termo de adesão. o Ano Internacional das Nações Unidas A falta de saneamento básico é problema de saúde para a Cooperação pela Água, os espe- pública, e pode ocasionar uma série de doenças como cialistas da NASA identificavam a pre- ascaridíase, cólera, leptospirose, amebíase, esquistossença de água congelada no polo norte somose e diarreia, que é a principal responsável pela da lua. Mas aqui na Terra cerca de 11% morte de crianças entre 0 e 5 anos, em regiões que não da população mundial ainda não possui acesso à água possuem estação de tratamento de esgoto. A cada R$ potável e 37% vive sem rede de esgoto. Até 2015, os 1 investido em saneamento são economizados R$ 4 quase 200 países membros da ONU, comprometeram- em saúde pública. Em 2010, uma pesquisa divulgada -se em reduzir pela metade o número de pessoas que pelo Ministério das Cidades e pelo Sistema Nacional não têm direito à água para de Informações sobre Sabeber, tomar banho e limpar neamento Básico, apona casa. No Brasil, a realidade Apenas 37% do esgoto tou que 60% das cidades não é diferente: a maioria da onde a rede de tratamento população tem acesso à água coletado vai para estações de esgoto é deficiente, a tratada, porém apenas 46% população apresenta altos possui coleta de esgoto. índices de internação por de tratamento, e mais Todo efluente não-tratado diarreia. Nos 20 municíque é despejado nos lençóis pios com o menor índice freáticos equivale a jogar 3 de 60% é jogado diariamente de internação, a média da mil piscinas olímpicas de espopulação atendida pela goto por dia nos mananciais. nos rios, lagos e mares coleta de esgoto era de Com o objetivo de amenizar 78%, já nos dez com os o problema, o Ministério do maiores índices de interMeio Ambiente em conjunto com a Agência Nacio- nação, a média da população atendida pela coleta de nal da Água (ANA) lançou, em março, o Programa esgotos era de apenas 29%. de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das No ano passado foi a vez do Instituto Trata Brasil Águas (Progestão), que prevê o investimento de 100 divulgar um estudo sobre os problemas sanitários que milhões de reais em cinco anos no tratamento de água o país enfrenta: menos da metade da população brae rede de esgoto. De acordo com o projeto, cada estado sileira tem acesso à água potável e coleta de efluentes definirá suas próprias metas, que devem ser aprovadas sólidos. Apenas 37,9% do esgoto recebe algum tipo de pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. O tratamento e a parcela que não passa por uma estação repasse do recurso só acontecerá após o cumprimento sanitária é descartada nos lagos, rios e mares, tornandas metas estabelecidas e apresentadas pelo conselho. do-se um transmissor de doenças

A falta de saneamento básico tem contrubuído para proliferação de doenças como dengue, diarreia e cólera


Foto: Fabio Brodbeck/sxc

Capital catarinense entra para o Livro dos Recordes Com o objetivo de amenizar a poluição na Lagoa da Conceição, a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF) criou em 1998, o programa ReÓleo. No ano passado, a capital catarinense entrou para o Livro dos Recordes por recolher mais de 18 mil litros de óleo de cozinha usado em um mês. Para captação foram cadastrados 132 postos de entrega voluntária espalhados pela cidade em escolas, condomínios, restaurantes e hotéis. Cada litro de óleo despejado no esgoto polui 20 mil litros de água, com o projeto, mais de 300 milhões de litros de água deixaram de ser poluídos por óleo de cozinha vegetal. Em 2008, o programa recebeu o prêmio Empresa Cidadã da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB/SC), na categoria Preservação Ambiental e, em 2012, foi considerado o Melhor Projeto de Responsabilidade Ambiental pela Associação dos Amigos dos Excepicionais (APAE), de Florianópolis.

Extrema paga ao agricultor que conservar as nascentes Extrema é uma pequena cidade do sul de Minas Gerais, localizada na Serra da Mantiqueira, que em tupi-guarani quer dizer “gota de chuva”. O nome não é à toa, já que a Serra da Mantiqueira possui um dos principais mananciais de abastecimento do Brasil. Em 2007, foi implantado o Projeto Conservador das águas, pioneiro no país, em que o produtor rural é um prestador de serviços ambientais. Nesse programa, os agricultores recebem dinheiro pela conservação das nascentes dos rios. O projeto teve início em 2005 com a elaboração de uma lei municipal, que cria e regulamenta o pagamento por serviços ambientais relacionados à água. O produtor deve implementar um sistema de saneamento ambiental rural e reservar uma área para conservação, chamada de Reserva Legal. O proprietário rural que alcança as metas estabelecidas recebe R$176 por hectare/ano. Produtores de leite inseridos no programa também recebem 10% a mais no preço do litro do leite. Hoje, 94 propriedades participam do projeto e contam com a plantação de 5 mil mudas de árvores nativas por mês. O projeto é administrado pela Prefeitura Municipal de Extrema e recebe apoio de entidades governamentais e privadas, o que possibilita o amparo técnico e financeiro. O objetivo principal do programa é implementar microcorredores ecológicos, aumentar a cobertura vegetal da bacia hidrográfica da região e difundir o manejo sustentável e integrado.

Projetos com reutilização da água geram economia nas indústrias e na zona rural É do Brasil o maior projeto de utilização da água de reuso aplicado à indústria. Toda a água utilizada no complexo petroquímico do Rio de Janeiro passa antes por uma estação de tratamento de esgoto. Para fazer essa ligação, foi construída uma adutora de mais de 49 km de extensão, que atravessa a Baía de Guanabara, e contou com investimento de R$ 1 milhão. Para suprir as necessidades das duas refinarias e da petroquímica instalada nos complexos, serão utilizados 1.5 mil litros por segundo, o que equivale ao consumo de uma cidade como Niterói, com quase 500 mil habitantes. No total, o setor industrial utiliza 22% da água potável do planeta. Agricultores no Rio Grande do Sul gastam mais de 2 mil litros de

água para cultivar apenas 1 kg de arroz e para diminuir a utilização de água potável nas lavouras, a Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan) implementou um sistema de distribuição de água de reuso para a agricultura. Hoje, o consumo chega a 30 mil litros por dia, o necessário para irrigar 270 hectares de arrozal."Cerca de 75% de toda água que é captada nas duas maiores bacias da região metropolitana de Porto Alegre – a do Sinos e a de Gravataí – é usada na irrigação. Então, aproveitar a água de reuso para a irrigação diminui consideravelmente a captação nos mananciais, preservando os cursos d'água e aumentando a disponibilidade para o consumo humano”, destaca o diretor de operações da Corsan.


Foto: Cesarr Terrio/ Deviantart

ECONOMIA

O MERCADO DE AR Como empresas de todo o mundo vêm investindo nos créditos de carbono, uma forma re ntável de cuidar do meio-ambiente Por: Beatriz Aguiar

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m 1997 foi assinado, no Japão, o tratado de Quioto, que garantia a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa em até 5,2% pelos países participantes. Com isso, foi instaurado aos poucos o que hoje se conhece por mercado de créditos de carbono, uma forma alternativa para que países com altos índices de emissão de poluentes possam se adequar às novas metas e retardar o efeito estufa. Os créditos de carbono são certificados emitidos pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - que é uma repartição da ONUquando é provada a redução de um dos seis gases causadores do efeito estufa, entre eles o Dióxido de Carbono (CO2). Esses créditos podem ser vendidos aos países como os Estados Unidos, que superam os limites de emissões de gases estu-

fa por ano e recorrem aos países cujas taxas não tenham sido superadas. No Brasil, a venda de carbono ainda é uma prática incipiente, mas já cria interesse nos empresários mais atentos: a venda de créditos de carbono no país pode movimentar US$ 6 bilhões nos próximos 7 anos e ultrapassar os US$ 3 trilhões em todo o mundo. A expectativa é de que em 2013 o mercado cresça pelo menos 14%, segundo dados da consultoria Thomson Reuters Point Carbon (TRPC). Na verdade, o primeiro crédito de carbono emitido no mundo foi para uma empresa carioca, em 2004. Convencionalmente, uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono. Outros gases causadores do efeito estufa, como o Metano (CH4) e o Óxido Nitroso (N2O), ligados à queima de biomassa, aterros sanitários e emissão de combustíveis fósseis, também

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O CARBONO NO MUNDO Veja como andam as negociações no mercado internacional

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Na China, o maior emissor de gases estufa na atualidade, a estimativa é de que um mercado de carbono nacional seja implantado somente em 2015. Em janeiro deste ano, os níveis de PM2.5 – índice que mede partículas de poluentes no ar – superaram os 400 em várias cidades chinesas. O nível diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de apenas 20.

A Comissária climática da União Europeia, Connie Hedegaard, confirmou a meta de reformar o Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS) já no segundo semestre de 2013. O EU ETS passa atualmente por uma crise devido ao baixo preço dos créditos de carbono, estipulado em €4, quando deveria ultrapassar os €15 para estimular os investimentos privados.

3 Maior emissora de poluentes do continente africano, a África do Sul irá implantar uma taxa de carbono equivalente a US$ 14 por tonelada de CO2 a partir de 2015, para setores como o petroleiro, siderúrgico e elétrico. As empresas que investirem em projetos verdes também receberão a liberação de um auxílio em até 10% das emissões.

podem ser comercializados no energética. O economista aponta analista da TRPC e autor do relamercado internacional. Para que a burocracia e a demora do tório. Mas 77% dos entreuma empresa possa vender crédi- retorno financeiro como vistados manifestaram tos de carbono, é necessário que motivos para a falta mais confiança em desenvolva um projeto de redução de investimento nos relação à reforma A burocracia dos gases poluentes, que será apro- projetos de crédicompleta do sisdificulta o vado pelo Conselho Executivo do tos de carbono no tema europeu Mecanismo de Desenvolvimento Brasil. de compra e ingresso das Limpo (MDL). No entanto, não No mundo venda de crédié necessário criar um projeto do inteiro, os paítos de carbono, empresas no zero: o MDL já conta com 85 op- ses ainda estão que deve começões registradas, entre elas a cria- descobrindo os mercado verde çar já no segunção de aterros ou reflorestamento. caminhos para indo semestre de De acordo com uma pesquisa centivar o desenvol2013. Tudo indica da Faculdade de Economia, vimento de um merque a burocracia e a Administração e Concado verde. Na rigidez dos processos de tabilidade de RibeiEuropa, 20% dos enanálise dos créditos de carbono rão Preto (FEARP) trevistados em uma pela ONU tem dificultado a entrada USP, realizada pesquisa da TRPC da de mais empresas no mercado O ganho de pelo economista afirmaram que o ambiental. créditos de José Affonso dos esquema euroA situação merece atenção esReis Junior, as peu de comércio pecial. Em São Paulo (SP), por carbono ainda empresas braside emissões (EU exemplo, a meta de reduzir em leiras ainda não ETS) “não tem 30% as emissões de gases estufa não é prioridade mais um têm priorizado impac- entre 2003 e 2012 não foi cuma geração de créto significativo no prida. Pelo contrário: a cidade auno Brasil ditos de carbono, corte de emissões”. mentou os índices de emissão de preferindo projetos Isso se deve aos bai- gás em 2010 e 2011, passando para com retorno mais imexos valores que o sistema 16 mil gigagramas a mais de gás diato – como a redução das vem registrando nos últimos carbônico equivalente, ou seja, um emissões e aumento de eficiência anos, afirma Emil Dimantchev, ano inteiro de emissões. Boa parte 8

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No início de março, o Banco Mundial anunciou o investimento de US$ 110 milhões na elaboração de mercados de carbono nos países em desenvolvimento. Até agora, países como Chile, Costa Rica, China e México receberam recursos através da Parceria para Preparação dos Mercados (PMR). O objetivo é que, no futuro, seja construído um mercado global de carbono a partir dessas iniciativas de financiamento.

Os estados do Acre (AC) e do Rio de Janeiro (RJ) assinaram em 21 de março um acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento de um mercado de

ativos ambientais no Brasil. O tratado abre parâmetros para a regulamentação de um mercado de carbono no Brasil, além de ampliar o debate sobre temas como biodiversidade e recursos hídricos. Para Tião Viana, governador do Acre, o mercado de carbono pode ser o novo ativo econômico do século XXI.

dos gases (81,9%) são resultantes da queima de combustível na cidade, e 60% da queima de combustível estão relacionados aos meios de transporte na cidade. O problema se repete na China, maior emissor de gases estufa nos últimos anos, que enfrentou os piores índices de poluentes no ar em janeiro deste ano – os medidores verificaram números maiores que 400, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda não mais que 20 PM2.5. Uma pesquisa do Grantham Institute, da London School of Economics (LSE) e da ONG Globe International aponta que, apesar das dificuldades de implantação de um mercado de carbono em muitos países, as nações emergentes ainda são destaque no compromisso com meio ambiente – entre eles, o Brasil, que pretende reduzir em 80% o índice de desmatamento da Amazônia até 2020. De acordo com o relatório, a criação de novas legislações ambientais é motivada por situações diferentes em cada país, sejam mudanças climáticas, competitividade empresarial, ou eficiência e segurança energética, mas as tentativas acabam gerando pouco a pouco um crescimento econômico mais sustentável. abril/maio 2013

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CAPA

turismo

de aventura Com cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo, os esportes de aventura tĂŞm sido uma forma de se afastar das exigĂŞncias da cidade grande e entrar em contato com a natureza

Por: Beatriz Aguiar


Foto: JenElizabeth

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té a fase final do período Paleolítico, por volta de 10.000 a.C., os seres humanos viviam do nomadismo, sem aparatos que permitissem a exploração segura de riachos, mares, vales, cavernas ou montanhas. Hoje em dia, em pleno século XXI, é possível encontrar pessoas que procurem por conta própria aventuras junto a natureza – inclusive pagando por isso. Tal fenômeno deu origem ao Turismo de Aventura, inicialmente uma modalidade de turismo ambiental que hoje promove a prática de atividades recreacionais na natureza ou mesmo em ambientes urbanos, ao ar livre. Comum em países como os Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Irlanda e Costa Rica, o Turismo de Aventura começou a ser praticado no Brasil por volta dos anos 80, por meio de iniciativas dispersas de criar negócios que aliassem o contato com a natureza e rentabilidade econômica. Já nos anos 90, os primeiros equipamentos de segurança para esportes radicais, como caiaques infláveis, capacetes e cordas, passaram a ser produzidos no Brasil. Como resultado do crescimento de interesse na área, foi organizada em 1999 a primeira feira do setor, a Adventure Sports Fair, que fez os olhares se voltarem para a área emergente do Ecoturismo. Regulamentado em 2003 pelo Ministério do Trabalho, o Turismo de Aventura tem sido foco de políticas governamentais no mundo inteiro, especialmente no Brasil, que lidera o desenvolvimento de Normas Internacionais (ISO) para o segmento, em conjunto com o Reino Unido. Em uma pesquisa divulgada em 2010 pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) e pelo Ministério do Turismo, 40% dos entrevistados relataram o costume de viajar como forma de relaxar e escapar do cotidiano estressante nas cidades. O hábito de pensar na natureza como um santuário afastado pode estar ligado com a crescente popularidade do Turismo de Aventura. Ao contrário do que se imagina, essa modalidade de turismo remete mais à ideia de paz, sentir-se livre e afastado do que ao medo e adrenalina, associações comuns quando se pensa em esportes radicais. Para William Moldenhauer, 26 anos, natural de Florianópolis (SC), os esportes de aventura significam uma oportunidade de contato consigo mesmo. “Geralmente são momentos que eu gosto de parar para refletir o que estou fazendo da minha vida”, diz ele, que pratica mountain bike semanalmente e trekking – caminhada de longo prazo que geralmente envolve pernoite, comum nas áreas mais afastadas da cidade grande. Nesses casos, a prática frequente de esportes de aventura pode exigir certos cuidados com equipamentos e


simplesmente inesquecível”, de- dições climáticas, como a direção clara. Embora guarde boas lem- do vento e a possibilidade de chubranças da aventura entre Brasil e va ou de nuvens, para que possa Venezuela, Izabela prefere a moda- ser exercido com segurança. Uma lidade de voo livre, das técnicas mais praticado por menos comuns e mais pratiA prática de 10% dos aficiocada entre os pilotos nados por adrenali- desse esporte do mundo todo é o na. “A prática desse voo de lift, que consignifica a esporte significa a siste em aproveitar a plena liberdade, um corrente de ar ascenverdadeiro despertar plena liberdade dente do vento próIzabela Lima de novos sentidos”, ximo a uma montaafirma Izabela, que nha para sustentar conheceu o voo livre em 2011 e o voo. Mas o objetivo de Izabela pretende continuar praticando. Feitosa é praticar o Cross Country O voo livre é uma modalidade (XC), técnica de voo de longa disque exige extrema análise das con- tância, que pode durar por muitas horas seguidas. “Seja livre para experimentar e assim vencer barreiras e verá que não existe idade, ou perfil para se viver o melhor junto a natureza”, aconselha. Ainda que pareçam práticas de risco, os esportes aéreos são responsáveis por apenas 2% do total de acidentes, em comparação com 17% dos incidentes em atividades aquáticas. Segundo dados do Ministério do Turismo, as modali-

“ Foto: Izabela Feitosa/ Acervo pessoal

preparo físico. “O mais importante é você manter um ritmo, mesmo que seja baixo. Andar 10 minutos e parar 5 só aumenta o desgaste físico”, aconselha William. Fôlego – Uma modalidade praticada por 31% dos adeptos do Turismo de Aventura é a caminhada, por despertar o contato com a natureza e possibilitar a interação com outros ambientes. O ato de caminhar pode vir aliado com a descoberta de regiões distantes de casa, como é o caso de Izabela Feitosa, 28 anos, que praticou trekking de longa distância para o Monte Roraima, em Boa Vista (RR), percorrendo 90 km em 7 dias. “Foi

A caminhada ajuda na descoberta de novos ambientes 12

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dades mais perigosas ainda são as no montanhismo sempre que conterrestres, com 80% dos acidentes. segue tempo livre. Em 2009, PaO principal motivo de erro ainda tricia realizou um mochilão pela são as falhas humanas, visto que América Latina e subiu o vulcão 51% dos praticantes preferem re- Cotopaxi, no Equador. Para ela, é alizar suas atividades esportivas preciso atentar ao preparo físico por conta própria, sem intermédio nas caminhadas mais difíceis, e é de nenhuma agênsempre aconselhável cia de turismo. Mas ir acompanhado de não há motivo para alguém experiente É algo que desespero: os óbitos nas primeiras vezes. preciso fazer imediatos contam Para praticar somente 4% dos in- pelo menos de montanhismo, o cidentes. atleta deve estudar Se praticados vez em quando diversas técnicas de com o devido cuiescalada, como esPatrícia Torres calada em gelo, em dado, os esportes de aventura podem proporcionar rocha ou a escalada alpina, realiuma forma diferente de fugir da zada em regiões de difícil acesso, rotina. “É algo que preciso fazer de geralmente com clima inóspito e vez em quando pelo menos”, ad- terreno perigoso. Mas a escalada mite a bióloga Patricia Torres, de em altitude requer domínio do uso 31 anos, que aposta no trekking e de piquetas e grampões, atenção

O voo livre exige análise das condições climáticas como a direção do vento e possibilidades de chuva ou de nuvens

ao encordamento, ao apoio e todo um preparo técnico, o que implica em cuidado redobrado para quem quer se iniciar na prática. Nessas horas, os guias advertem: procure um lugar compatível com o seu preparo físico, leve mapas, verifique se há ajuda médica na região, confira se há sinal de telefonia e não esqueça das bússolas. Com a facilidade de disponi-

Foto: Keremf/ Deviantart

Dados divulgados pela pesquisa do Ministério do Turismo e da ABEC, divulgada em março de 2010

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Foto: Izabela Feitosa/ Acervo pessoal

bilizar e encontrar informações na internet sobre técnicas e experiências, diversos esportes radicais têm crescido em popularidade pelas ruas das cidades. É o caso do longboard, um tipo de skate com formato mais longo e que permite mais estabilidade em descidas e manobras. A prática do longboard vem chamando atenção especialmente das garotas, que encontraram na modalidade um novo estilo de vida. Este é o caso de Thamirys Rotieh, moradora do Recife (PE), com 18 anos de idade e 2 de longboard: “É vício, na realidade tudo é sentir adrenalina, o vento no rosto e sensação de liberdade”, explica ela, que costuma viajar para o Rio de Janeiro (RJ) para descer as ladeiras da região litorânea. Na modali-

dade Downhill, os skatistas descem ladeiras executando manobras ao aproveitar a pista e o próprio skate. Para tanto, são indispensáveis os capacetes, joelheiras, cotoveleiras e luvas de proteção. Mas há quem se pergunte como praticar tudo isso se as condições financeiras não forem as melhores. Para essa pergunta, Thamirys responde: “Pede ajuda para os amigos, eles são feitos para isso, né?”. Toda ajuda é válida, sejam rifas, doações de conhecidos ou mesmo economias nos gastos gerais. O importante é ter vontade e não temer novas experiências, pois qualquer um pode entrar em contato com a natureza e encontrar um reduto de paz em meio às correrias da cidade.

Contatos Adventure Club Rua Eça de Queiroz, 351 CEP: 04011-032 - Vila Mariana, São Paulo (SP) Fone: (11)5573-4142 Cuzco Rua Quatro, 426 Centro, Analândia (SP) Fone: (19) 9273-4150 (19) 8239-9774 E-mail: falecom@cuzcoeducambiental.com.br EcoAção Brotas, SP Fone: (14) 3653-9140 (14) 9109-6466 E-mail: atendimento@ecoacao. com. PISA Trekking Viagens e Turismo Al. dos Tupiniquins, 202 CEP: 04077-000 - Moema, São Paulo (SP) Fone: (11)5052-4085 Fax.:5052-4437 E-Mail.: pisa@pisa.tur.br

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Charlene Ribeiro ENTREVISTA

“Trabalhamos somente com madeira certificada” A coordenadora de projetos da Oela fala sobre as principais conquistas da instituição nos 15 anos que atua em Manaus

C Por: Allan Gomes

Foto: Divulgação

ompletando 15 anos em 2013 a Oficina Escola de Lutheria da Amazônia, mais conhecida pela sigla OELA, chega à marca consolidada como referencial de organização sustentável na região. Tendo iniciado seus trabalhos na periferia de Manaus, no bairro Zumbi II, uma comunidade onde a realidade vivida era de total ausência de Estado, e de políticas públicas que viessem preencher as expectativas de desenvolvimento humano. Esse fato culminou na proposta de criar uma alternativa positiva para retirar parte dos jovens e adolescentes das ruas. A inclusão da OELA na comunidade possibilitou crianças, adolescentes, jovens e adultos a terem uma opção para seu crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. Muitos deixaram vidas de desigualdades, exclusões e de violações de direitos para se destacarem no âmbito educacional e no mercado de trabalho. Desde 2007, a OELA preside o Grupo de Trabalho da Amazônia (GTA), a maior rede socioambiental da Amazônia Brasileira, criado em 1992, e que hoje conta com 18 escritórios regionais nos nove estados da Amazônia Legal. Além disso, Articula com mais de 600 organizações que incluem pescadores, seringueiros, agricultores familiares, quebradeiras de coco babaçu, ribeirinhos, quilombolas, castanheiros, ambientalistas, pesquisadores, associações indígenas, rádios comunitárias e ONGs de assessoria e de direitos humanos. A OELA já abriga diversos outros projetos e programas, como o grupo musical

Pássaros da Amazônia, formado por 10 estudantes entre 8 e 21 anos, moradores do bairro do Zumbi. Os alunos utilizam os violões fabricados pela própria escola e também instrumentos como flauta, tambor e pandeiro. Vencedor do Prêmio FINEP 2010, o projeto da OELA está prestes a sair do papel, recentemente foi assinado um convenio com a Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera, para receber os recursos do projeto que serão executados pela OELA, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e o Departamento de Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. O projeto também visa criar o primeiro curso técnico de lutheria na Amazônia brasileira, e aprimorar o desenvolvimento tecnológico para a construção dos instrumentos musicais. abril/maio 2013

A escola possui mais de 13 instrumentos em seu catálogo de produtos

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Fotos: Divulgação

Brasil 21- A Oficina Escola de Lutheria da Amazônia completou 15 anos em 2013. Como surgiu a ideia de abrir uma oficina de lutheria na periferia de Manaus? Charlene Ribeiro - A OELA surgiu em 1998, quando Rubens Gomes impactado com o cenário de violência e descaso com a juventude, cria uma alternativa positiva para retirar parte destes adolescentes e jovens das ruas. Ele implantou o curso de lutheria seguindo um modelo inovador de educação profissional, voltada para a transformação dos recursos florestais em bens sociais. A missão é contribuir para o bem-estar socio ambiental, através da formação de cidadãos comprometidos e aptos a gerarem, difundirem e aplicarem conhecimentos, coerentes com os princípios de manejo florestal sustentável. Hoje, a OELA é um grande centro de oportunidades e disponibiliza atividades como: curso básico de lutheria, práticas esportivas, inclusão digital, cursos de qualificação profissional, educação ambiental, educação musical, idiomas, desenho artístico, acompanhamento psicossocial e pedagógico, oficina de segurança alimentar e nutricional. B.21- Quais os principais frutos que o trabalho da OELA proporcionou nestes 15 anos? C. R. - Nesses 15 anos desenvolvemos pesquisa e identificação de mais de dez espécies florestais da região Amazônica, com o mesmo teor de qualidade sonora das espécies tradicionais em processo de extinção antes sem valor econômico agregado. Também somos a única Escola de Lutheria do mundo a ter o selo da certificação do FSC [Forest Stewardship Council] desde 2001 e trabalhamos somente com madeiras certificadas. Chegamos no nível em que transformamos re16

cursos florestais em valores sociais por meio da educação. Fizemos a implantação do curso técnico de lutheria em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e também a Implantação do Atelier OELA - Unidade do Programa Geração de Renda. O atelier proporciona empregabilidade para os egressos do curso básico de lutheria e sustentabilidade para o programa educacional da instituição. A Oela é, acima de tudo, um centro de oportunidade no processo de transformação social.

“A Oela é, acima de tudo, um centro de oportunidade no processo de mudança social” B.21- Como funciona o processo de certificação dos instrumentos e o quanto de valor é agregado a um instrumento certificado? C. R. - O processo de Certificação agrega valores como: Ambientalmente adequado, socialmente benéfico e economicamente viável. Proporcionando a inserção no mercado internacional e o reconhecimento do produto sustentável. B.21- Recentemente, tivemos o julgamento dos assassinos de Zé Cláudio e Maria, ativistas ambientais em uma região no sul do Pará - assolada por conflitos agrários mas que também têm proporcionado iniciativas positivas no manejo florestal. Como o trabalho da OELA dialoga com esse tipo de ativismo ambiental, mais combativo, e como as lutas dos ativistas em áreas como a do sul do Pará influenciam no trabalho da OELA?

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C. R. - Há cinco anos a OELA é presidente do GTA - a maior rede socioambiental da Amazônia Brasileira. O GTA atua na defesa da floresta e povos da comunidade tradicional. Estamos atentos aos episódios e lamentamos profundamente. Na ausência do Estado as lideranças que protegem a floresta acabam sofrendo as represálias, pois o Estado tem o papel de proteger o patrimônio da União e as pessoas. B.21- Fale um pouco dos principais projetos desenvolvidos pela instituição e também dos projetos planejados para os próximos anos. C. R. - Atualmente estamos desenvolvndo os projetos: Lutheria na Amazônia - Sustentabilidade e Inclusão Social, Fortalecimento Familiar e Comunitário - Inclusão Socioambiental por meio da Educação e o Centro de Referência Esportiva do Amazonas. B.21- Quais os números da OELA: quantos alunos já foram formados? Quantos instrumentos diferentes a instituição produz? Quais os avanços destes 15 anos? C. R. - Tivemos mais de 15 mil pessoas atendidas pela OELA nos diversos cursos oferecidos e temos mais de 13 tipos de instrumentos no catálogo da instituição. Na cidade de Boa Vista do Ramos (AM) conseguimos dez planos de manejo comunitário e os extrativistas da região estão em processo de certificação do selo verde, FSC. A OELA já desenvolve tecnologia bastante requintada que possibilita a construção de instrumentos de alta qualidade em certa escala, esse processo é resultado de quinze anos de pesquisa e queremos, juntos com os parceiros, aprimorar e desenvolver essa área tecnológica da construção, para que possamos aumentar a produção, sem comprometer a qualidade artesanal do processo.


ENERGIA

O horário de verão é mesmo necessário?

Os 119 dias do último horário de verão economizaram quase 3 mil megawatts no horário de pico, entre às 18 e 21 horas Por: Jéssica Sant’Ana

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m um ano de escassez de chuvas, o horário de verão 2012/2013 deixou de reduzir gastos com energia porque o governo teve que acionar em sua totalidade as usinas termelétricas para evitar o racionamento de eletricidade. Se essas usinas, que produzem energia mais cara e poluente, não tivessem sido ligadas, a economia seria de 200 milhões de reais. A previsão da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) era uma economia de 280 milhões de reais em energia durante o período. O uso intenso das térmicas durante o verão aumentou a segurança operacional do setor, mas os percentuais dos reservatórios das hidrelétricas continuam abaixo da média. Um mês após o fim do horário de verão, a capacidade máxima do subsistema Sudeste/ Centro-Oeste, que representam 70% dos reservatórios de água do país, era de 49,9%. No Nordeste, o nível dos reservatórios das hidrelétricas da região estava em 42% da capacidade total. No ano passado, os números dessas regiões estavam em 78,5% e 82%, respectivamente. Diante desse cenário, o professor Reinaldo Castro Souza, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC-Rio), afirma que as térmicas devem continuar a ser despachadas em sua totalidade ao longo do ano, principalmente por estarmos no outono, estação onde há escassez de chuvas. Segundo o professor, alguns projetos eólicos poderiam contribuir ao sistema interligado para diminuir o acionamento das usinas termelétricas, só que “em função do atraso nas linhas de transmissão, plantas eólicas prontas não puderam entrar em operação”. Mas o governo prefere não falar em perdas. O horário de verão, que este ano durou 119 dias, economizou 2.477 megawatts (MW) nas faixas de horário de pico do consumo (entre 18h e 21h). Dos 2.477 MW economizados, 1.858 MW foram no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, 610 MW no subsistema Sul e 9 MW no subsistema Norte, representado apenas pelo estado do Tocantins. A redução representa 4,5% da demanda máxima dos três subsistemas. Segundo nota emitida pelo diretor geral da ONS, Hermes Chipp, o principal benefício da implantação abril/maio 2013

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Foto: Divulgação

O deputador Valdir Colatto é um dos autores

Projeto de Lei defende o final do horário de verão Na Câmara dos Deputados tramitam três Projetos de Lei (PL) que propõem acabar com o horário de verão em território nacional. As propostas estão sendo analisadas em conjunto e precisam passar pela aprovação das comissões julgadoras. A justificativa comum dos deputados é que a adoção do horário especial prejudica a população. O projeto de lei 5066/09, do deputado Mário de Oliveira, explica que nenhum país subequatorial, com exceção do Brasil, adota o horário de verão. Em países de grandes latitudes, a variação da duração dos dias e noites é bastante significativa ao longo do ano. Já em regiões próximas à linha do Equador essa variação não existe, o que reduz as vantagens de se adiantar em uma hora o relógio. O deputado Armando Abílio, autor da PL 2540/07, afirma que durante o horário de verão há um aumento verificado nos casos de violência urbana. Isso acontece porque as pessoas saem para trabalhar em um horário que ainda predomina a escuridão, facilitando a ação de criminosos. Já o projeto de lei do deputado Valdir Colatto, nº 397/07, é baseado na publicação “Os grandes malefícios do horário de verão”, do médico Guilherme Honório Moreira, especialista da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O médico constatou que uma hora a menos de sono pode aumentar o número de mortes nas estradas, infartos do miocárdio e piorar o controle do diabetes mellitus. Além disso, destaca que a adaptação do corpo ao horário de verão nunca ocorre, o que prejudica o rendimento escolar ou profissional.

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do horário de verão é o aumento da segurança operacional e redução dos custos, já que durante o período diminuíam-se os carregamentos na rede de transmissão. A medida também evita cortes de carga em situações de emergência e facilita a manutenção de equipamentos. Sobre o fato deste ano o horário de verão não ter contribuído para reduzir gastos com energia, a ONS enfatizou que houve uma “despesa evitada”. Isso aconteceu porque os 250 MWmed de redução de consumo durante o período contribuíram para a recuperação dos reservatórios, sendo incorporados aos ganhos de armazenamento. Também não foi necessário gastar cerca de três bilhões de reais para construir usinas térmicas, medida que teria sido adotada caso não houvesse sido implementado o horário de verão. Deslocamento de uso - Só que para os consumidores residenciais, de baixa tensão, é quase inexistente o benefício do horário de verão, de acordo com o professor Reinaldo Souza. “Isto porque neste periodo há um aumento natural do consumo de aparelhos que trazem o bem estar ambiental, como ar condicionado, ventiladores, refrigeradores, freezers, entre outros. A vantagem está apenas no deslocamento desse uso” Durante o verão, o sistema elétrico nacional fica sobrecarregado das 18 horas até às 21 horas, o chamado “horário de pico”. É neste período de tempo que a iluminação pública é ativada e que as pessoas retornam para as suas residências, onde consomem diversos aparelhos que necessitam de energia, como chuveiros, televisores e ventiladores. O horário de verão evita essa coincidência no consumo de eletricidade para não sobrecarregar o sistema operacional. Assim, diminui o risco de interrupção de energia, o que pode ser considerado “um ganho indireto para os consumidores”, afirma Reinaldo Souza. O professor da PUC-Rio lembra ainda que “utilizar a luz natural para deslocar o consumo é uma medida eficaz, mas o ganho só acontece em dias de verão de fato, quando a duração da luz natural é intensa”. Em dias nublados, com pouca iluminação natural, o sistema elétrico volta a ficar sobrecarregado no horário de pico, já que o acionamento da iluminação pública acontece mais cedo. Por isso, Reinaldo Souza defende que, além do horário de verão, uma política rigorosa de eficiência energética terá que ser implementada. A margem de segurança proporcionada durante o horário de verão 2012/2013 ainda é insuficiente para garantir estabilidade a médio e longo prazo ao setor elétrico. Com o crescimento da economia nos últimos anos e os incentivos do próprio governo, os brasileiros passaram a consumir mais, principalmente aparelhos que dependem de eletricidade. Isso gera um aumento da demanda de energia, o que obriga o governo a continuar investindo na construção de usinas e na ampliação das linhas de transmissão.


O horário de verão existe há 28 anos

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primeira edição do horário de verão brasileiro aconteceu em 1931. De lá para cá, a medida foi adotada 11 vezes até 1968, de forma descontinuada. As edições consecutivas só começaram no verão de 1985/1986, quando o horário especial foi novamente implementado. Esta foi a 39ª edição do horário brasileiro de verão. O estado do Tocantins adotou a medida pela primeira vez e a Bahia, que havia aderido ao sistema ano passado, saiu do grupo. Todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste adotam o horário especial. Desde 2008, um decreto presidencial estipula datas fixas para o começo e o fim do período. O início está marcado para o terceiro domingo de outubro e o término para o terceiro domingo de fevereiro. Caso a data coincida com o domingo de Carnaval, como aconteceu neste ano, o último dia do horário de verão é transferido para o domingo seguinte. A medida é adotada sempre nessas datas porque é o período em que os dias são mais longos, devido à posição da Terra em relação ao sol. Com isso, aproveita-se por mais tempo a luminosidade natural e evita a coincidência do consumo de energia pela iluminação pública, comércio, indústria e residências.

O primeiro país a adotar oficialmente o horário especial foi a Alemanha, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial.

No Brasil, a estréia aconteceu em 3 de outubro de 1931. Os relógios continuaram adiantados até 31 de março de 1932.

Desde 1985 acontece na segunda quinzena de outubro. A exceção foi o ano de 2006, quando começou em novembro.

O que pensa a população? A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já realizou cinco pesquisas de opinião pública a respeito do horário de verão e, em todas elas, a maioria da população foi favorável a implantação da medida. As pessoas ressaltaram os benefícios proporcionados pelo horário especial, como economia de energia elétrica, aumento do convívio familiar e da segurança, já que retornam do trabalho antes do anoitecer. A primeira pesquisa foi realizada no período de 1985/1986 e a última em 2001, conduzida por meio da FIPE/USP nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e estados da Bahia e Tocantins. Na consulta mais recente, 74% dos brasileiros aprovaram o horário de verão, 25% reprovaram e 1% não soube responder. A maioria dos entrevistados não teve dificuldades para adaptar seu relógio biológico, com 70% das respostas entre muito fácil, fácil e razoavelmente fácil. Dos restantes, apenas 30% encontraram dificuldades ou alegaram não terem se acostumados. Sobre a continuidade da aplicação da medida, 55% acreditam que deve ser repetido nos próximos anos.

O horário de verão funciona melhor em cidades que estejam longe da linha do Equador, por isso a Região Norte não participa.

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