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Programa de Excelência Projetos, Execução e Manutenção Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geociências Fascículo 4 | A Execução da Obra e a Excelência Profissional CREA-PR e Entidades de Classe


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Programa de Excelência Projetos, Execução e Manutenção Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geociências

A Execução da Obra e a Excelência Profissional CREA-PR E ENTIDADES DE CLASSE Engenheiro Civil Alexandre Traina Barroso Fleuringer Colaboração: Arquiteto Jaime Pusch

Curitiba 2010



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INTRODUÇÃO No fascículo anterior, discursamos sobre o caminhar do profissional em busca da excelência, enquanto debruçado sobre seus desenhos, plantas, memoriais, especificações, orçamentos. Retomemos uma figura clássica, em plena era da informática: Em volta da prancheta do profissional projetista, as musas da milenar arte de edificar lembravam-lhe seus tradicionais e permanentes compromissos vitruvianos com a técnica, a estética, a funcionalidade, a economicidade, aplicáveis ao edifício que concebia. Diziam-lhe de seu compromisso maior – sua razão de ser profissional – com seus clientes. Cobravam-lhe uma conduta ética permanente com a sociedade, com a própria profissão, com seus colegas, com as autoridades, com novos valores humanos, com o ambiente natural e urbano. Sugeriam-lhe práticas de satisfazer em seu labor às disposições exigíveis e as recomendáveis de seu ato de ofício. Davam-lhe diretrizes para ele navegar no poético caminho da busca da excelência profissional. “Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, como dizia Fernando Pessoa. Pois, levantemo-nos da prancheta e vamos ao canteiro. Mãos à obra. O edifício está concebido proativamente no projeto, mas só se realiza na obra construída, na materialidade prática do espaço-tempo. Nesta etapa do nosso Programa de Excelência em Edificações, trataremos da realização de um projeto, da materialização de uma ideia. A obra é continuidade lógica do projeto. Obra sem projeto é aventura temerária; projeto sem obra é coisa sem sentido. São conceitos indissociáveis, são fases necessariamente harmônicas de um mesmo objeto: o edifício. Este edifício, aqui entendido não como coisa material, mera mercadoria, mas como o espaço construído do homem, pelo homem e para o homem. Certamente como um objeto sólido, mas carregado de valores humanos. Se construir uma obra possa parecer uma ação procedimental bruta, mecânica, dura, não deixa de ter aquele mágico toque criativo humano, aquele imponderável algo mais que não é só privilégio de alguns bons projetos. Pois que, já nos ensinava o Ché: – “Há que endurecer-se, mas sem perder a ternura, jamais”.


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O centro, o alvo, o objeto de atenção não seria outro, se não o profissional de engenharia e arquitetura. É a este ser humano ativo, capaz, realizador de coisas concretas – que em outra ocasião chamamos imodestamente de “agente civilizatório” – a quem se volta essas atenções. Atenções e expectativas não só do cliente direto, mas de toda a classe profissional, dos organismos representativos, da sociedade paranaense, da nação. O que se espera dele? Como dirá o autor mais adiante: – tudo! Ou seja, nada mais que a Excelência. Desejada e procurada atitude permanente. Resolvida, para além de corretos procedimentos, com desempenho irretocável. Só isto? Só, pois é possível e desejável. E vale a pena. Então, colegas, mãos à dura obra, sem perder a ternura...

Arquiteto Jaime Pusch


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Parte 1

A Era da Excelência Profissional

EXCELÊNCIA. O QUE É? A palavra excelência, cada vez mais falada hoje em dia, vem de Excellens, adjetivo que significa: “Que se eleva acima de; superior; distinto; notável; eminente + Celsus, adjetivo que significa: Elevado, alto”. Portanto uma pessoa excelente é aquela que é ou está acima ou além dos limites comuns, à frente dos demais. Para ser ou estar acima dos limites comuns, é necessário estar sempre alerta à mudança do cenário, pois o que determina este limite é determinado pelo que passa a ser de conhecimento comum. Leonardo da Vinci (1452–1519), é reverenciado até hoje por sua engenhosidade tecnológica por ter concebido ideias muito à frente de seu tempo, como um helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectônicas. Como cientista, foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da óptica e da hidrodinâmica.


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Leonardo da Vinci é considerado por vários estudiosos do tema o maior gênio da história, devido a sua multiplicidade de talentos para ciências e artes e por sua engenhosidade e criatividade, fazendo com que fosse e continue sendo valorizado como engenheiro e arquiteto, além de artista em outras áreas. Podemos considerar Leonardo da Vinci como referência de excelência, tendo alcançado este nível em uma época que não dispunha dos recursos tecnológicos de hoje. Este fato ressalta que o alcance da excelência depende muito mais de postura pessoal do que dos recursos disponíveis. É mais importante a pessoa do que a ferramenta utilizada. Para que sejamos excelentes não precisamos ter a genialidade de Leonardo da Vinci, até porque a genialidade é para poucos. Porém a excelência pode e deve ser alcançada por muitos de nós.

SER OU ESTAR EXCELENTE? EIS A QUESTÃO. Vivemos em uma sociedade onde o conhecimento se propaga com cada vez mais velocidade. Novos produtos criados do outro lado do mundo chegam cada vez mais rápidos às nossas mãos. Além disto, os avanços tecnológicos crescem em escala espantosa. Embora não seja consenso entre os estudiosos do tema, alguns deles afirmam que o conhecimento humano atualmente chega a dobrar a período de poucos meses. Para se evoluir da invenção da roda até o 1º voo pilotado passaram-se milhares de anos. Para evoluir deste voo inicial até a chegada do homem à Lua passaram-se apenas algumas dezenas de anos. Com a tecnologia da informação disponível atualmente, o que era de domínio de poucos profissionais, e suficiente para que se destacasse dos demais há pouco tempo atrás, rapidamente passou a ser de conhecimento comum e não possibilita mais um diferencial. Há alguns anos, os profissionais que foram pioneiros na utilização de recursos computacionais para projetar e gerenciar a execução de obras conseguiram por um tempo se diferenciar. Hoje o uso destas ferramentas já é de domínio de praticamente todos os profissionais e insuficientes para um destaque maior no mercado e no próprio meio profissional. Na execução de edificações, os profissionais que não se atentam à crescente oferta de novos produtos e continuam a executar suas obras da maneira tradicional e com produtos convencionais tendem a não atingirem uma condição de destaque sobre os demais. Diante disto, podemos dizer que a excelência não é uma posição estática e sim dinâmica. Para se manter na condição de excelência, é preciso estar permanentemente em busca da melhoria, ou seja, é necessária a melhoria contínua. Quem é excelente hoje, não se garante por muito tempo nesta condição se não se aperfeiçoar constantemente. Podemos dizer que somente é excelente quem procura manter-se nesta condição, através de postura de melhoria contínua.


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Quem está excelente, mas não se dedicar a aperfeiçoar seu desempenho, fatalmente deixará de ostentar esta posição.

E EXCELÊNCIA PROFISSIONAL, O QUE É? Como dito podemos considerar que o conceito da excelência profissional é progressivo e contínuo. Quem é considerado um excelente profissional hoje tende a ser apenas razoável no amanhã, caso não busque a sua melhoria contínua. O profissional hoje tido como excelente, mas que não adotar políticas, procedimentos e atitudes de progressão contínua, fatalmente não conseguirá permanecer na condição de excelência para sempre. É somente questão de tempo para que perca esta posição, sendo superado pelos outros profissionais. Podemos então considerar que o profissional já considerado excelente hoje, desde que queira permanecer nesta situação, como também o profissional que almeje chegar neste nível, estão em busca contínua pela excelência. Devido a fatores como uma exigência cada vez maior por parte dos clientes, concorrência maior no mercado, descoberta de novas tecnologias e produtos, entre outros, podemos afirmar que é necessário a adoção de uma postura de melhoria contínua pelos profissionais. Melhoria contínua significa não apenas atualizar-se frente a novas tecnologias e produtos, mas também a adoção de uma postura de superação progressiva de seu próprio desempenho. Desta forma ainda que a última obra concluída já tenha apresentado o desempenho esperado, a próxima obra deverá procurar superar esta última.

SUA EXCELÊNCIA, O PROFISSIONAL EXCELENTE Para que o profissional tenha sucesso e atinja a excelência é necessário que ele tenha uma política de sensibilidade em relação às mudanças das necessidades, atitudes e tendências dos clientes e do meio profissional. Além da atenção ao se analisar o cliente, é essencial que os profissionais em busca da excelência se empenhem em melhorar continuamente seu desempenho profissional, ofertando cada vez melhores produtos e serviços. As exigências dos clientes e do meio profissional são cada vez maiores. Um profissional que deseje ser considerado excelente deve estar atento a esta mudança nos desejos e expectativas para que continue sendo capaz de suprir as necessidades e conseguir a satisfação exigida.


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O CLIENTE É SEMPRE “O CLIENTE”, MESMO QUE NEM SEMPRE TENHA RAZÃO Cabe lembrar que embora o cliente nem sempre tenha razão, um conceito mais atualizado e em contraponto ao conceito antigo de que o “cliente tem sempre razão”, o cliente continua sendo o cliente. No mercado competitivo de hoje se o cliente tem ou não razão não é o mais importante; o que importa realmente é o compromisso que o profissional em busca da excelência tem de oferecer aos seus clientes, sempre que possível o que eles desejam. O cliente é a razão de ser do profissional. Um profissional sem clientes não se justifica. Em uma visão ética o cliente é a razão de ser de nossas profissões.

O QUE É SATISFAÇÃO? A satisfação está ligada à qualidade do produto que se oferece e/ou do serviço que se presta. E qualidade somente é percebida pelo consumidor do produto ou serviço. Em outras palavras, não basta um profissional prestar serviços com excelente qualidade do ponto de vista técnico, se ao serem oferecidos, seus clientes não conseguirem perceber essa qualidade. Para proporcionar satisfação aos clientes é requisito básico conhecer quais são suas necessidades, anseios e expectativas. Somente existirá satisfação do cliente se ele perceber que o profissional tiver se empenhado de fato em interpretar suas necessidades e prestar para ele um serviço adequado.

E COMO OBTER A SATISFAÇÃO EXIGIDA? Para nossa sorte, segundo estudos, a satisfação humana obedece a um padrão lógico. Para compreender esta lógica, podemos contar com o modelo das etapas de satisfação desenvolvido por Maslow, psicólogo de grande destaque por seu estudo relacionado às necessidades humanas. Segundo Maslow o ser humano busca sempre melhorias para sua vida. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que, uma necessidade é suprida surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas que procuram conquistar ou manter clientes tenham que buscar novos meios para satisfazê-los. Portanto é essencial para a conquista da excelência profissional compreender que os desejos e expectativas, seja dos clientes ou dos próprios profissionais, são crescentes e que novos desejos e expectativas vão surgindo a medidas que, às anteriormente imaginadas vão sendo atendidos.


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MAS AFINAL O QUE TANTO SE EXIGE? Então, o que se exige hoje do profissional excelente? Tudo. O que se exigirá amanhã? O tudo de hoje e algo mais. O que se exige hoje dos profissionais excelentes depende dos desejos e expectativas atuais, seja dos clientes ou do próprio meio profissional. O que se exigirá amanhã dependerá da expectativa futura, que sofrerá influência do que passará a ser diferencial. Nos dias atuais o cliente já não aceita passivamente qualquer qualidade de serviço e produto entregue pelo profissional. O cliente passou a exigir não apenas aquilo pelo qual está disposto a pagar, mas sim aquilo que esteja de acordo com seus próprios padrões de qualidade. Mais do que pensar nas exigências dos clientes como simples direitos na posição de consumidores, devemos pensar nestas exigências como seus direitos como cidadãos. Mais do que pensar nos nossos clientes como consumidores, devemos pensar neles como cidadãos, para quem nossas profissões devem ser voltadas, com interesse social e humano e atitudes dignas e cidadãs.

DESEMPENHO AO INVÉS DE PROCEDIMENTO Podemos afirmar que vários motivos impulsionam os profissionais a buscarem padronização de procedimentos, seja por força de procedimentos, exigências legais e desejos dos clientes em receber o serviço esperado. Porém existe uma tendência a que cada vez mais os profissionais sejam exigidos não apenas pela padronização de seus procedimentos, mas principalmente pelo seu desempenho adequado. Não basta mais ter um padrão de procedimento, o que ganha importância é que o desempenho seja satisfatório, o que por si só já contempla o atendimento, a expectativa contratada. Situação ideal é aquela onde o procedimento seja padronizado e que o desempenho seja adequado. Não apenas a exigência dos clientes caminha nesta direção, mas também as novas normas. Não basta mais ter um padrão de procedimento, o que ganha importância é que o desempenho seja satisfatório. No caso da construção civil, não basta mais oferecer ao cliente uma edificação que tenha suas paredes construídas de maneira padronizada, ou seja, cumprindo padrões e atendendo a normas de execução. É necessário


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que a edificação como um todo apresente o desempenho satisfatório em seus vários aspectos, ou seja, seu sistema de vedação deve apresentar o desempenho satisfatório de conforto térmico, acústico, tátil etc. Neste contexto, ganha importância a capacidade criativa do profissional excelente. Sendo mais importante o desempenho satisfatório do que o procedimento padronizado. Abre-se espaço para que novos métodos, procedimentos e técnicas sejam buscados, na tentativa de melhorar o desempenho já alcançado, ao invés de ficar repetindo procedimentos já de domínio público. Assim, não é importante apenas a qualidade sobre “o que é contratado” (procedimento), mas sim qualidade sobre “como é executado e entregue o produto” (desempenho).

A ERA DA EXCELÊNCIA PROFISSIONAL Até o final dos anos 80, quando se pensava em qualidade existia uma grande diferença entre qualidade de produtos e qualidade de serviços. Como o importante naquela época era o produto e não a prestação do serviço, a preocupação maior dos estudos sobre qualidade era focada em melhorar os processos, o que representava na construção civil, focar na qualidade do processo construtivo e não na prestação de serviços ao cliente. Os serviços prestados a partir da década de 90 passaram a ter um enfoque bastante diferente. Uma nova tendência passou a exigir das empresas de maneira geral, e como não poderia deixar de ser também das empresas de construção civil a utilização de um sistema de qualidade focado no cliente, que proporcionasse um melhor atendimento às suas necessidades e expectativas, que vai muito além da qualidade sobre o produto em si. Com o cliente valorizado, tornou-se fundamental que um sistema de qualidade em serviço, passasse também a considerar tanto o valor objetivo como o subjetivo do serviço prestado. Uma das características das políticas focadas nos clientes é que elas devem ter como meta a alta qualidade do produto e do serviço prestado, conforme o que o próprio cliente define como excelente, e não conforme o que o prestador de serviço oferece. Em outras palavras, quem sabe o que quer é quem quer, e não quem oferece. Para que a excelência na qualidade dos produtos e serviços agora exigida possa ser alcançada é essencial que os profissionais também busquem sua própria excelência. Não é possível ofertar excelentes projetos ou executar excelentemente uma edificação sem a presença efetiva de profissionais excelentes. Um projeto ou uma obra excelente não se faz por si só; é requisito obrigatório para isto a presença do profissional e mais do que isto, a presença do profissional excelente. Portanto, mais do que dizer que vivemos na era do foco no cliente, podemos afirmar que vivemos na Era da Excelência Profissional.


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Parte 2

A Excelência Profissional na Execução de Edificações

A EXCELÊNCIA NA EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES O conceito de excelência profissional pode ser aplicado aos profissionais executores de obras. Para tanto, espera-se destes profissionais que os mesmos adotem uma postura de busca contínua pela melhoria. A busca contínua pela melhoria pode ser aplicada na execução de uma obra, dividindo a obra em três fases básicas: planejamento, execução/controle e avaliação do serviço prestado, formando um ciclo


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contínuo. A aplicação desse ciclo, repetidas vezes possibilita a melhoria do desempenho dos processos.

O planejamento aqui mencionado refere-se ao planejamento da execução da obra em si e não a concepção sobre o que será construído. Estamos admitindo que a etapa de concepção sobre o que será construído, ou seja, a fase de elaboração dos projetos da obra, já é etapa vencida e com maiores detalhes já tratada pelo programa de excelência no planejamento de edificações – etapa projetos. Não podemos admitir que uma obra de um profissional que deseje a excelência, seja iniciada sem que seja previamente planejada. Este profissional deve planejar e antever os intervenientes da execução, antecipando-se aos problemas imaginados de forma a minimizar o improviso durante a etapa de execução em si da obra. O profissional em busca da excelência deve ser proativo, de forma a otimizar os recursos disponíveis, em busca do desempenho desejado. Desta forma, o planejamento passa a cumprir um papel fundamental nas obras, à medida que o mesmo tem um forte impacto no desempenho da execução em si. Inúmeros estudos realizados no Brasil e no exterior comprovam este fato, indicando que deficiências no planejamento e controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, das suas elevadas perdas e da baixa qualidade dos seus produtos. Não basta, porém planejar a execução da obra. O planejamento deve ser observado de forma que


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o planejado seja obedecido, ou no mínimo controlado. Podemos até admitir um não cumprimento do planejado, desde que de forma a corrigir o planejamento inicial ou para adequar a execução para novas exigências ou necessidades surgidas durante a execução. Podemos afirmar que o setor da construção civil no Brasil já reconhece a importância da implementação de sistemas de medição de desempenho. A importância é principalmente percebida nas empresas que vem investindo em programas formais para melhoria de desempenho e certificação de sistemas de qualidade pela série de normas ISO 9000. A exigência de órgãos certificadores e a necessidade de garantia de controle sob os processos são fatores motivadores para o aumento da importância destinada aos sistemas de medição de desempenho. Não podemos, portanto, admitir que embora tenha sido feito um planejamento da execução da obra e que o planejamento tenha sido cumprido, que não seja feita uma avaliação do produto obtido e do serviço prestado, de forma a levantar aspectos nos quais possamos melhorar o desempenho já alcançado para as próximas obras. Desta forma e desde que o diagnóstico da avaliação seja utilizado, a próxima obra tende a ser melhor do que a anterior. Estabelece-se então a melhoria contínua. A próxima obra deve pelo menos tentar ser melhor que a última, mesmo que a última já tenha obtido desempenho satisfatório. Desta forma estabelece-se a melhoria contínua. A partir desta consideração, percebemos a importância de se avaliar a qualidade do serviço ofertado a fim de identificar as melhorias necessárias. Se não há avaliação, não existe forma de promover as melhorias e quebra-se o processo de melhoria contínua.

A EXCELÊNCIA E OS PRAZOS DA OBRA A etapa de execução é a que, normalmente, gera mais conflitos com a mão de obra contratada para a obra, principalmente no que se refere a prazo e qualidade, isso devido à contradição entre a preocupação com a produção e o atendimento ao prazo e a busca da qualidade, em nome da produtividade. Para que os prazos necessários sejam possíveis, sem perder de vista a qualidade desejada, é essencial a elaboração de um planejamento detalhado das atividades. Um planejamento adequado permite uma obra sem atropelos, com uma programação estável para a compra e a entrega dos materiais, garantindo a continuidade dos serviços. O planejamento dos prazos das obras é necessário por dois motivos: técnico e financeiro. É impor-


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tante ordenar corretamente as atividades, para que seja possível adquirir, contratar ou alugar os materiais, a mão de obra e os equipamentos necessários no momento adequado. Realizar estas atividades depois do momento significa atrasar a obra. Realizar antes significa desperdiçar materiais, pagar mão de obra ou equipamentos ociosos ou ainda empregar recursos que geralmente não estão disponíveis ou que poderiam ser melhores aplicados. A programação de obras necessita de um tratamento tão ou mais cuidadoso que o orçamento, pois são necessários conhecimentos profundos sobre o projeto, recursos financeiros disponíveis, prazos de compra e entrega de materiais, situação do mercado, disponibilidade de mão de obra (para as diversas atividades e na quantidade necessária), prazo global para o fim da obra, e muitas outras informações. A execução de uma programação criteriosa é importante, pois apenas o orçamento não garante a possibilidade de execução em determinado prazo. O ideal é que o processo seja iterativo com o orçamento, pois muitas informações deste são necessárias e muitas conclusões podem ser retiradas do planejamento, alterando os orçamentos.

A EXCELÊNCIA E OS CUSTOS DA OBRA A falta de planejamento por parte dos profissionais executores é um dos principais fatores de causa dos problemas existentes durante a construção das obras. Junto com outros fatores geram incerteza de prazo, de custo e de garantia da qualidade final do serviço. O planejamento é primordial para o alcance das metas, e para se firmar no mercado os profissionais da construção civil devem desenvolver um plano de trabalho que vise não só os lucros, mas sim o planejamento correto de suas atividades dentro e fora do canteiro de obras. As planilhas do orçamento e os cronogramas devem ser elaborados dentro de uma realidade estimada de acordo com a obra, devem desenvolver planos de investimento em treinamento, capacitação e apoio técnico. Tudo isso de forma que se enquadre dentro da sua realidade financeira. Na prática os orçamentos são executados, muitas vezes, com base em composições de custos genéricas, obtidas em tabelas, livros ou softwares. Mesmo que sejam embasadas na observação da realidade, em determinado local e momento, são necessários ajustes que devem ser realizados através da apropriação de custos, que é a verificação in loco dos custos efetivos de execução dos serviços, com a medição dos materiais e equipamentos empregados e do tempo dedicado pelos operários a cada tarefa. Por fim, a divisão de serviços nos orçamentos discriminados deve seguir um padrão claro e objetivo, facilitando a execução e conferência dos resultados. Para isto, deve ser adotada, pela empresa ou profissional, uma única discriminação orçamentária, que é uma relação padronizada de todos os serviços que podem ocorrer em uma obra.


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Os orçamentos mais precisos exigem que o conjunto de dados do projeto esteja desenvolvido, ou seja, que os projetos arquitetônicos e os integrados estejam elaborados. Com estes elementos, os profissionais podem preparar listas das quantidades de serviços a serem executados.

A EXCELÊNCIA E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS A Qualidade na entrega do produto final é garantida por um acompanhamento técnico atuante durante todas as etapas da obra. Desde a etapa de locação da obra até a de acabamento, o controle de qualidade deve estar presente para que no final do empreendimento não haja necessidade de se refazer um serviço, que além de perder tempo, torna-se oneroso. A efetiva participação profissional nas etapas de execução em si da obra colabora para que a mesma, não apenas alcance os seus objetivos, mas possibilite que sejam verificadas e controladas as atividades. Também, serviços e materiais planejados de forma a atender aos anseios desejados, sejam realmente empregados e utilizados. Não tem sentido fazer um planejamento, se ele não for seguido de um controle de sua execução.

A EXCELÊNCIA E A GESTÃO DOS RESÍDUOS Na construção civil, em cada uma das etapas de uma obra acontecem perdas e desperdícios de materiais, gerando Resíduos da Construção Civil – RCC. Desde a etapa de projetos, quando os projetistas, podemos dizer não excelentes, não fazem a modulação das paredes de acordo com o tamanho dos blocos, ou quando projetam elementos estruturais robustos de modo a ficarem mais largos que as paredes de alvenaria. Na execução das obras, os desperdícios podem ocorrer desde o recebimento de materiais e serviços, com falta de controle no momento da entrega dos materiais, gerando peças danificadas e retrabalho, como também na armazenagem dos materiais, quando os mesmos são estocados de maneira errada. Podem ocorrer ainda no transporte na obra, gerando queda ou quebra de peças durante o deslocamento do local de armazenamento até o local de utilização. Portanto é evidente a necessidade de se pensar na questão dos desperdícios em todas as etapas das obras. Na execução a geração de RCC ocorre de duas formas distintas, existindo aqueles que são descartados e saem das obras, denominados entulho, e os desperdícios que terminam incorporados à obra, como por exemplo, quando se utiliza mais argamassa para corrigir a alvenaria que ficou fora do prumo. Na construção civil, a redução das perdas e desperdícios passou a ser importante fator para a


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sobrevivência das construtoras e para adequação frente às novas exigências. Não apenas por necessidade de minimizar a geração dos RCCs por questões econômicas, mas também porque se trata fundamentalmente de uma ação importante para a preservação ambiental. Esta é uma grande oportunidade para profissionais em busca da excelência, uma vez que o gerenciamento de RCC na verdade apresenta inúmeras vantagens como à redução do volume de resíduos a descartar, a redução do consumo de matérias extraídas diretamente da natureza – como a areia e a brita –, redução dos acidentes de trabalho, com obras mais limpas e organizadas, redução do número de caçambas retiradas da obra, melhoria na produtividade, não responsabilidade por passivos ambientais, atendimento aos requisitos ambientais em programas como PBQP-H, Quali- Hab e ISO 14.000 e diferencial positivo na imagem ao público consumidor.

A EXCELÊNCIA E A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Durante a fase de execução da obra, é necessário fazer avaliações periódicas de desempenho dos serviços executados, comparando-se o desempenho obtido com o planejado, a fim de verificar se os custos, a qualidade, os prazos e outros itens estão sendo realizados conforme o desejado. Além da avaliação do desempenho durante a execução da obra, também devem ser consideradas avaliações após a sua conclusão. Profissionais excelentes devem estar atentos ao atendimento, ao desempenho da edificação em si pelos seus usuários, através, por exemplo, de pesquisa de satisfação ou de avaliação pós-ocupação. Merece destaque a ideia de que as avaliações do desempenho devem ser vistas como parte integrante de um programa de melhoria da qualidade. A incorporação da cultura de medição de desempenho faz com que as pessoas envolvidas no processo de medição compreendam seus benefícios, integrando seus resultados à estratégia traçada e utilizando as medidas para tomada de decisão, ressaltando a valorização e importância do processo de medição de desempenho para a busca da excelência. Sem avaliação do desempenho, quebra-se o ciclo de melhoria contínua.

A EXCELÊNCIA E O CANTEIRO DE OBRAS A implantação da NR 18 – Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção, tornando obrigatório para os estabelecimentos com vinte trabalhadores ou mais, a elaboração do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, que exige, entre outros documentos, o arranjo físico inicial do canteiro de obras, vem, juntamente com as exigências do mercado consumidor, incentivando profissionais a repensarem os seus sistemas de produção e a organização de seus canteiros de obras.


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Embora esta exigência normativa aplique-se a obras com vinte ou mais trabalhadores, é recomendável que os mesmos conceitos sejam aplicados também às obras menores, fazendo-se é claro as adaptações necessárias conforme o porte da obra e número de funcionários.

A EXCELÊNCIA E O IMPACTO NA VIZINHANÇA Infelizmente é comum a situação de entulhos ou materiais de construção ocupando passeios públicos e até as próprias vias públicas. Também não é raro vermos reclamações de vizinhos de obras, que reclamam quanto aos vários impactos trazidos ou gerados na própria obra e que acabam afetando suas edificações. Estes são exemplos de impactos negativos gerados nas obras. Embora alguns destes impactos sejam inevitáveis, um profissional excelente deve procurar minimizá-los ao máximo. Um profissional proativo, tal como deve ser o profissional excelente, deve atentar para cuidados a serem tomados para minimizar itens como sujeira, ruídos etc. Outros impactos não são sequer admitidos e devem ser eliminados por completo. Não podemos admitir uma obra de profissional que busque a excelência, que cause impactos negativos em seu entorno ou até em danos estruturais às obras vizinhas.

A EXCELÊNCIA E A SUSTENTABILIDADE Um profissional que busque a excelência deve atentar para os aspectos da sustentabilidade em suas execuções. Embora não seja possível executar uma obra sem impactar o meio ambiente, é possível e deve ser buscada a redução deste impacto. Não podemos admitir uma obra de executor que busque a excelência na qual não sejam tomados alguns cuidados como o uso sustentável dos materiais, o reaproveitamento de resíduos, a redução de desperdícios, ou redução de consumo de materiais e insumos.


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Parte 3

Documentos de Obra

Mais do que apenas os projetos da edificação, podemos falar que existem vários outros documentos relacionados à obra, que está sendo executada por um profissional em busca da excelência. Entre eles podemos incluir todos os documentos exigidos pela legislação existente, como também aqueles para os quais não haja obrigatoriedade, mas que são desejáveis e esperados de um profissional atento a excelência. Contratos, diário de obra, manual do proprietário, cronograma, orçamento, projeto de canteiro de obras, alvará de construção, projeto arquitetônico aprovado, projetos complementares, projeto as built, entre outros, Sobre alguns deles trataremos na sequência.

ART De acordo com o artigo 1º da Resolução nº 425/98, do CONFEA, “Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços referentes à Engenharia, Arquitetura e Agronomia fica sujeito a “Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)”, no Conselho Regional em cuja jurisdição for exercida a respectiva atividade”. A ART é um instrumento legal, necessário à fiscalização das atividades técnico-profissionais, nos diversos empreendimentos sociais. Instituída também pela Lei Federal nº 6.496/77, a ART caracteriza legalmente os direitos e obrigações entre profissionais e usuários de seus serviços técnicos, além de determinar a responsabilidade profissional por eventuais defeitos ou erros técnicos.


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A ART é importante, pois garante os direitos autorais, comprova a existência de um contrato, até mesmo nos casos em que tenha sido realizado de forma verbal e garante o direito à remuneração na medida em que se torna um comprovante da prestação de um serviço. É na ART que se definem os limites da responsabilidade, ou seja, o profissional responde apenas pelas atividades técnicas que executou. Todos os serviços registrados no CREA sob a forma de ART irão compor o ACERVO TÉCNICO do profissional.

CONTRATOS Podemos definir contrato como o registro formal das vontades expressas por duas ou mais partes, com a finalidade de regular uma atividade qualquer, como a prestação de um serviço, o fornecimento de um determinado bem ou, como no caso em questão, a execução de uma edificação. O contrato é firmado livremente entre as partes e representa o coroamento de um processo formal de negociação. O contrato firmado entre as partes deve ser o mais completo possível, deixando bem claros o escopo dos serviços, as condições de prazo, a forma de pagamento, as obrigações das partes, a documentação necessária, enfim, todos os aspectos da prestação dos serviços contratados. A estrutura básica de um contrato envolve: Identificação das partes; Objeto do contrato; Especificações do objeto do contrato; Obrigações gerais da contratada; Obrigações gerais da contratante; Preços, quantidades e forma de pagamento; Condições de aceitação dos serviços; Encargos sociais; Retenções de garantia; Condições para rescisão do contrato; Diário de obra; Aceites e disposições gerais; Foro.

DIÁRIO DE OBRAS O diário de obras é um documento que deve ser preenchido durante toda a execução de uma edificação. Nele devem ficar registradas todos os fatores que influenciam o cumprimento ou não do planejado. Devem ficar registradas as recomendações do responsável técnico sobre as decisões que inevitavelmente devem ser tomadas durante o andamento da obra. Ficam anotados também detalhes a respeito de condições de mão de obra, de recebimento e aplicação de materiais, de rendimento de serviços e da presença efetiva do profissional no empreendimento. É, portanto, uma ferramenta de proteção aos clientes e também um comprovante da efetiva participação dos profissionais nas obras, portanto de interesse também do meio profissional.


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CRONOGRAMA O cronograma representa a programação temporal da execução da obra, nos aspectos físicos e financeiros. As diversas etapas de que se compõem a edificação são distribuídas no prazo de execução, definindo-se, ainda que provisoriamente, datas de início e fim para cada uma. O conjunto da programação física com a organização econômica é conhecido como cronograma físico-financeiro. As informações de prazo de entrega e acompanhamento mensal são de importância vital na construção, seja nos contratos de empreitada ou nos de administração. No âmbito da construção civil, existem basicamente dois métodos de programação física de obras: PERT/CPM (cronograma de rede) e Gantt (cronograma de barras). Os dois métodos apresentam muitas semelhanças, por isso é comum falar-se em PERT-CPM, como se fosse um método único. O sistema PERT-CPM é de uso genérico, podendo ser empregado com inúmeras finalidades, quando existem variadas atividades e tempos de execução. Um sistema deste tipo é um modelo lógico-matemático da obra. As duas formas básicas de realização dos cronogramas de obras podem ser realizadas em conjunto ou isoladamente. Pode-se realizar um cronograma de barras geral, para toda a obra, e detalhar algumas partes através de cronogramas PERT-CPM. Não se pode afirmar que uma forma é “mais correta” ou mais precisa que a outra. A qualidade do cronograma depende fundamentalmente do profissional, que precisa ter bons conhecimentos de obras (em geral) e da obra em análise.

ORÇAMENTO Existem vários tipos de orçamento, e o padrão escolhido depende da finalidade da estimativa e da disponibilidade de dados. Se há interesse em obter uma estimativa rápida ou baseada apenas na concepção inicial da obra ou em um anteprojeto, o tipo mais indicado é o paramétrico. O orçamento discriminado é mais preciso, mas exige uma quantidade bem maior de informações. Às vezes, durante o desenvolvimento do projeto, é interessante realizar a estimativa de forma cuidadosa ao menos nas partes que já foram definidas. Para as demais, podem-se aplicar estimativas baseadas em percentuais médios de obras anteriores. Por exemplo, se existe o projeto arquitetônico, com as definições de dimensões e acabamentos, mas ainda não estão disponíveis os projetos elétricos, hidráulicos ou estruturais, os valores correspondentes a estes últimos podem ser estimados utilizando os percentuais que estas parcelas geralmente atingem para obras do mesmo tipo. Por fim,


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tendo em vista a construção sustentável, adquire importância a análise dos custos no ciclo de vida. De acordo com a finalidade a que se destina, o orçamento será mais ou menos detalhado. A precisão varia, mas não se pode falar em orçamento exato, ou correto: existem muitas variáveis, detalhes e problemas que provocam erros, e nenhum orçamento está livre de incertezas, embora os erros possam ser reduzidos, através do trabalho cuidadoso e da consideração de detalhes. Contudo, sabe-se que a construção civil é um setor sujeito a um elevado grau de variabilidade, o qual recomenda a adoção de técnicas de gerenciamento e controle eficazes.

MANUAL DO PROPRIETÁRIO O Manual do Proprietário é destinado ao usuário final da edificação e indica como deve ser conservado o imóvel e os cuidados de manutenção. Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, o Manual do Proprietário cresceu de importância, e está incluído em exigências de normas. É muito importante que contenha detalhamentos ou croquis das instalações elétricas, telefônicas e hidrossanitárias, evitando os acidentes comuns em perfurações às paredes do imóvel. Para tanto, basta que sejam feitos croquis ou registradas fotografias das tubulações antes da execução dos revestimentos. É um cuidado de custo baixo, mas que evita diversos problemas. O proprietário deve receber um conjunto completo dos documentos de obra, ao início desta, e as respectivas atualizações, ao final. O Manual faz parte das garantias oferecidas pelo construtor ao adquirente ou usuário do imóvel, em decorrência do estabelecido no Código de Defesa do Consumidor edificações – CDC. A norma NBR 14.037/1998 “Manual de operação, uso e manutenção das edificações – conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação”, estabelecem o conteúdo a ser incluído no Manual do Proprietário, com recomendações para sua elaboração e apresentação. A elaboração do Manual é uma obrigação do responsável pela execução da edificação, que deve entregar formalmente ao primeiro proprietário um exemplar do Manual. O Manual de operação, uso e manutenção das edificações deve ter por finalidade informar aos usuários as características técnicas da edificação construída, descrever procedimentos recomendáveis para o melhor aproveitamento da edificação, orientar os usuários para a realização das atividades de manutenção, prevenir a ocorrência de falhas e acidentes decorrentes de uso inadequado e contribuir para o aumento da durabilidade da edificação. Devem-se destacar as informações sobre itens que afetem a segurança e salubridade das edificações, alertando os usuários sobre os riscos decorrentes da negligência na atenção a estes itens. Aspectos de difícil percepção nas atividades de operação, uso e manutenção das edificações devem ser


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descritos em detalhes, uma vez que sua importância pode não ser evidente aos usuários. O Manual deve utilizar recursos visuais adequados à melhor comunicação dos seus conteúdos, como ilustrações para tornar mais claro o entendimento. O Manual deve ser escrito em linguagem simples, direta e de fácil compreensão, utilizando vocabulário preciso e adequado aos seus leitores. O nível de detalhamento do Manual deve ser compatível com a complexidade da edificação. O Manual deve apresentar uma descrição da edificação, contendo informações sobre aspectos importantes para o usuário, como: propriedades especiais previstas em projeto, sistema construtivo empregado etc. Ele deve descrever os limites de uso seguro da edificação, como: carregamentos máximos admissíveis sobre os componentes estruturais, cargas máximas admissíveis nos circuitos elétricos etc. O Manual deve apresentar informações sobre procedimentos recomendáveis para a eficiente operação e uso da edificação. Essas informações devem abranger, além da localização dos componentes, instalações, equipamentos e respectivos controles, a descrição dos procedimentos de operação, verificação e eventual correção de funcionamento, e também a descrição dos procedimentos preventivos de segurança. O Manual deve apresentar informações sobre procedimentos recomendáveis para inspeções técnicas da edificação, definindo o roteiro e a frequência dessas inspeções e a qualificação técnica do responsável pela atividade de inspeção. Deve haver destaque para a observação de itens relacionados à segurança e salubridade, ou críticos ao funcionamento da edificação, descrevendo as condições especiais de acesso necessárias a todos os componentes, instalações e equipamentos não diretamente acessáveis, como a utilização de escadas, andaimes, equipamentos especiais de iluminação e ventilação etc. O Manual deve apresentar informações sobre procedimentos recomendáveis para a manutenção da edificação, contendo a especificação de procedimentos gerais de manutenção para a edificação como um todo e procedimentos específicos para a manutenção de componentes, instalações e equipamentos. No caso de componentes, instalações e equipamentos relacionados à segurança e salubridade da edificação, o Manual deve apresentar um programa de manutenção preventiva. O Manual deve, ainda, identificar os componentes da edificação mais importantes em relação à frequência ou riscos decorrentes da falta de manutenção, descrevendo as consequências prováveis da não realização das atividades de manutenção. O Manual deve apresentar informações sobre a responsabilidade pelos projetos e execução da edificação, bem como pelos seus componentes, instalações e equipamentos, incluindo a identificação clara das empresas e dos responsáveis técnicos, registro profissional e/ou empresarial, endereço e telefone, e, se existir, as informações para contato com o serviço de atendimento ao cliente.


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ALVARÁ DE CONSTRUÇÃO E PROJETOS APROVADOS A autorização para a execução de determinada edificação em certo local depende da aprovação de seu projeto e da consequente emissão do alvará de construção. O profissional em busca da excelência contratado para a execução da obra, deve atentar para que os projetos venham a ser aprovados, de forma a não causar prejuízos futuros ao cliente e a própria coletividade. Desta forma, esta aprovação deve ser feita junto aos órgãos públicos necessários e também ao proprietário da obra. Embora seja uma atividade a ser realizada na etapa de projetos, deve-se atentar para a importância da compatibilização dos projetos, sendo esta etapa feita em conjunto com todos os autores dos projetos da edificação.

PROJETOS INTEGRADOS E PROJETO AS BUILT O profissional executor de obras deve utilizar os projetos elaborados antes da obra, de forma a evitar que problemas que foram previstos e prevenidos na fase de elaboração dos projetos não venham a ser surpresa para o executor. Não tem sentido falar em projeto de gaveta. O mesmo pode-se falar após a conclusão da obra. È direito e propriedade do cliente a guarda dos projetos elaborados, para possível utilização futura.

PROJETO DE CANTEIRO DE OBRAS Projetar um canteiro de obras pode ser definido como o planejar o layout e a logística das instalações provisórias, instalações de segurança e sistema de movimentação e armazenamento de materiais. O planejamento do layout envolve a definição do arranjo físico de trabalhadores, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem. É reconhecido que o planejamento do canteiro desempenha um papel fundamental na eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção. Mesmo assim, não se dá a devida atenção ao planejamento de canteiro de obras, o que fatalmente traz dificuldades para a obtenção da excelência nas obras. Felizmente este cenário está mudando, tanto por necessidade dos profissionais se adaptarem as novas exigências dos clientes, como por exigências legais e normativas. Porém grande parte dos canteiros de obras ainda deixam a desejar em termos de organização e segurança, fazendo com que, longe de criarem uma imagem positiva dos profissionais, recomendem distância aos clientes e reforcem uma imagem negativa do setor.


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Apesar de as vantagens operacionais e econômicas de um eficiente planejamento de canteiro ser mais óbvias em empreendimentos de maior porte e complexidade, é claro que um projeto de canteiro de obras traz ganhos no aproveitamento de todos os recursos materiais e humanos empregados na obra, qualquer que seja seu porte. Percebe-se então a necessidade da efetiva participação do profissional executor da obra antes mesmo do início propriamente dito da obra, já na fase de planejamento da obra. O planejamento de canteiro de obras deve, não apenas procurar minimizar distâncias de transporte, minimizar tempos de movimentação de pessoal e materiais, minimizar manuseios de materiais e evitar obstruções ao movimento de materiais e equipamentos, mas também promover ações para motivar os empregados, com destaque para a necessidade de fornecer boas condições ambientais de trabalho, tanto em termos de conforto como de segurança do trabalho. Deve-se ter como objetivo também o cuidado com o aspecto visual do canteiro, que inclui a limpeza e impacto positivo perante funcionários e clientes. Não seria exagero afirmar que um cliente, na dúvida entre duas edificações semelhantes que o satisfaçam plenamente, decida comprar aquele do canteiro mais organizado, uma vez que este pode induzir uma maior confiança em relação à qualidade da obra.


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Parte 4

A Certificação em Excelência

O QUE É CERTIFICAÇÃO? Podemos definir certificação como a avaliação de um determinado processo, sistema ou produto segundo normas e critérios que visa verificar o cumprimento dos requisitos, conferindo ao final um certificado com o direito de uso de uma marca de conformidade associada ao produto ou imagem institucional se os requisitos estiverem plenamente atendidos.


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O QUE HÁ DE NOVO NA CERTIFICAÇÃO EM EXCELÊNCIA DO CREA? É uma certificação voltada à pessoa física, ou seja, o profissional autônomo. Semelhante a certidão de acervo técnico, que acompanha o profissional, esta nova certificação é focada no profissional.

COMO OBTER A CERTIFICAÇÃO EM EXCELÊNCIA NA EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES? Para a obtenção da certificação em excelência na execução de edificações do CREA-PR é necessário que o profissional atenda aos requisitos propostos e cumpra o regulamento da certificação.

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA? POSSIBILIDADE DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL O Programa de Excelência do CREA-PR é uma oportunidade de aprimoramento profissional, pois através dele o profissional será incentivado e valorizado pela adoção de melhoria contínua de seu desempenho.

RECONHECIMENTO PÚBLICO DOS MELHORES PROFISSIONAIS A divulgação e o reconhecimento público dos melhores profissionais serão feito de forma a que os mesmos sejam referência, tanto no mercado como no próprio meio profissional.

CONSTRUÇÃO DE UM AMBIENTE ORIENTADO E RESERVADO AO EXERCÍCIO ÉTICO DAS PROFISSÕES O Programa de Excelência ajuda a construir um ambiente profissional que privilegia e enaltece o pleno exercício das profissões e mais do que isto o exercício ético das mesmas.

MAIOR SEGURANÇA QUANDO DA DEMANDA POR SOLUÇÕES NAS ÁREAS PROFISSIONAIS VINCULADAS AO CREA A sociedade é beneficiada, pois terá mais segurança quando de suas demandas na contratação de profissionais, sabendo que os mesmos aderiram ao Programa de Excelência.


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PRESENÇA E EFETIVA PARTICIPAÇÃO DE PROFISSIONAIS NO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS A excelência na execução das edificações somente é possível de ser alcançada com a presença e efetiva participação dos profissionais.

O QUE MUDA COM A CERTIFICAÇÃO EM EXCELÊNCIA NA EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES DO CREA-PR? O programa de certificação em excelência é uma das medidas tomadas de forma a atender um dos compromissos da política de qualidade do CREA-PR que é a presença e a efetiva participação de profissionais no planejamento, execução e manutenção de obras e serviços. Buscamos a valorização profissional que será alcançada pela melhoria da imagem de nossas profissões, possível não apenas pela efetiva participação do profissional nas obras, mas também na busca da melhoria dos procedimentos, de forma a atender as demandas cada vez mais crescentes, seja dos clientes, do ambiente profissional ou das legislações emergentes. O objetivo primeiro do programa de excelência é impulsionar a capacidade de superação progressiva do profissional. É um espaço para a valorização do profissional onde cada um procurará sua autossuperação pelo aperfeiçoamento constante da qualidade de seu serviço. Teremos um profissional com uma imagem de melhor aceitação na sociedade, no mercado e no próprio meio profissional. Nossos clientes, objetivo maior de nossa prática profissional, serão plenamente atendidos em seus anseios e se mostrarão reconhecidos por isto. O retorno ao profissional ocorrerá à medida que um serviço excelente se reflete como marketing positivo de nossas profissões e possibilita uma melhoria da remuneração. Neste caso a melhoria da remuneração é consequência da valorização profissional pretendida e fruto da efetiva participação do profissional no planejamento, execução e manutenção das obras e serviços. Será uma contribuição progressiva para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários diretos de nosso trabalho e da sociedade como um todo, em uma atitude verdadeiramente cidadã, atitude condizente com o artigo 1º da Lei 5.194/66, que rege nossas profissões, caracterizando-as por realizações de interesse social e humano. Finalmente, a maior meta da busca da excelência é a consciência de que não apenas podemos, mas devemos ser excelentes naquilo que fazemos.


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REFERÊNCIAS CREA-PR. Programa de Excelência em Projetos – Fascículo 1/Edificação. CREA-PR. Programa de Excelência em Projetos – Fascículo 2/Do Projeto ao Edifício Edificações – A Busca da Excelência Profissional. CREA-PR. Manual do Profissional. PUSCH, Jaime; MACEDO, Edison. Código de Ética Profissional Comentado – CONFEA.



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