editorial expediente
Mรกrcia Mendes (2015)
Música clássica e
a “Sinfonia do Bem” do com A história da música inicia-se com a história da humanidade. Desde o princípio, o homem sempre buscou expressar seus sentimentos e convicções através do som. A ideologia vegetariana, por sua vez, é também antiga e os primeiros vegetarianos dos quais se tem notícia datam da época de Pitágoras (570 a.C.-495 a.C.). Porém, curiosamente, não há na história (ao menos até onde conheço) nenhuma associação entre Música Clássica e Vegetarianismo.
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e Vegetarianismo:
mpositor Jean Goldenbaum
Na verdade, não havia até o ano de 2010, quando o compositor germano-brasileiro Jean Goldenbaum (*1982) trouxe ao público sua primeira sinfonia, intitulada Sinfonia do Bem, obra na qual uma cantora soprano é acompanhada pela orquestra sinfônica, ao cantar um texto em inglês escrito pelo próprio compositor. Este texto é dividido em seis tópicos, escolhidos por Goldenbaum como fatores positivos e benévolos ao mundo. Os títulos são: Pacifismo, Vegetarianismo, Constante Reflexão, Fim do Egoísmo – Início do Respeito, Comprometimento com a Verdade e Consciência do Bem e do Mal. Esta obra, estreada em São Paulo e gravada em CD ocorre de ser a primeira a abordar o tema Vegetarianismo na história da Música Clássica. 5
Vamos então ao texto que Goldenbaum escreveu para o movimento da Sinfonia do Bem que leva o nome Vegetarianismo:
“Não matar outro ser vivo consiste na base do Vegetarianismo. O fato de o ser humano ser mais forte, não lhe concede o direito exclusivo de viver, e sim deve ser a razão para que este proteja o mais fraco.”
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Este texto, gravado pela soprano gaúcha Carla Domingues, detentora de belíssima voz, une-se à música moderna de Jean, nos dando a sensação de que a música, assim como o texto, roga pela ética e pelo respeito aos animais. De fato, a Sinfonia toda trata de respeito, evolução espiritual, liberdade e amor. A importância da associação de uma ideologia (no caso o Vegetarianismo) a um veículo artístico (no caso a Música) é muito grande, afinal sabe-se que somente a conscientização das pessoas pode fazer com que uma causa cresça e se expanda. Na história da Música Clássica, Beethoven já musicou a liberdade, Bach a fé, Debussy o sexo, e assim por diante. Estava faltando uma manifestação sobre o Vegetarianismo. Agora não falta mais, e, para nossa satisfação, partiu de um compositor brasileiro. Recomendo a audição da Sinfonia do Bem e de outras obras de Jean Goldenbaum.
*Mais informações sobre Jean Goldenbaum podem ser encontradas no Facebook, em seu canal no Youtube (www.youtube.com/GoldenbaumJean) e em seu site (www.jeangoldenbaum.com). A Sinfonia do Bem foi executada pela orquestra Camerata Cantareira & Guests, sob a regência do Maestro Sergio Chnee e o CD pode ser adquirido em diversas lojas.
por Lia Schwartz
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Márcia Mendes (Série - Sobreposição de negativos - 2008)
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Mรกrcia Mendes (2009)
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s o iv v is a im n a m e a it fe o 茫 莽 s.f. Zool. opera . s o ic g l贸 io s fi s o n e m 么 n para estudo de fe
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Guilherme Campos Alves
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Guilherme Campos Alves
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Navalha “A idéia do suicídio é uma grande consolação: ajuda a suportar muitas noites más.” Friedrich Nietzsche
“O que você quer amar que ninguém nunca amou?” A navalha do desejo dança em suas mãos brandas e suaves. Tão tenros são seus dedos e tão pálido seu rosto farto. Inclinada com a fronte escorada sobre o seu próprio ombro, senti. Sua dependência não é de drogas: ópio, éter, álcool, sua dependência é de uma simples idéia – uma idéia baseada em uma filosofia que lhe alivia a “alma” (o que é possível sentir), um pensamento demente? Todas às noites há um encontro firmado entre sua consciência realista e sua consciência demente. Exatamente às duas horas e vinte minutos da madrugada, estabelece-se um elo, outrora estranho – hoje natural. Nos primeiros dias sentia-se infeliz e vestida com remorso. O tempo efêmero estendia-se até a harmonia da ação e a aceitação da idéia. Deparava-se todas às noites com o anseio de dilacerar os pulsos e finalmente morrer. A dor a embriagava, nada mais além da dor da perda de um sentimento soberbo. O orgulho soberano entrava nas veias adjacentes a dor e talvez a única forma de retirá-lo do corpo, era cortando-o, afinal ninguém morre de dor ou de remorso, apenas inebriam tais sentimentos sublimes até a ojeriza, e um pouco após o suicídio. Compreendera em uma das noites a frente de um espelho, o real sentido desta idéia de suicídio – transfigurando-o. O sorriso era de renovação. A navalha nos dedos era tida como um ser supremo, um ser melhor, divino e surreal. A idéia do suicídio era uma esperança aos seus olhos, uma mão invisível acariciando-a e consolando seu pesar, sua dor agônica, que a cada noite esvaia-se com a navalha em mãos, sabia que naquele momento tudo poderia acabar e a morte lhe daria liberdade. Entretanto, a sensação que a navalha lhe oferecia não possuía nome, não tinha semblante – era por si única e inalcançável por outro ser de sua natureza. Um sentimento egoísta, um sentimento sem nome.
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Decorreram os dias sempre a espera da noite. O pior em uma decepção é rememorar as muitas vezes em que se poderia decepcionar outrem e simplesmente não o fez, devido ao tal amor recíproco. Logo, lhe remeto a elucubração: outrem lhe ama? Ela amava a navalha, e o que é o amor? Um sentimento de dedicação ao outro? A navalha se dedicava a ela, lhe suavizava o corpo e a carne, a navalha sacrificar-se-ia por ela – nela. Ainda assim esta idéia e reflexão não lhe faziam uma demente, muito pelo contrário, transformavam-na em um ser melhor e superior aos demais, alguém com um pensamento peculiar. Prontamente o tempo decorria, a sensação aumentava, crescia e tudo que cresce deve-se alimentar segundo seu crescimento. Às duas horas eram tardes e foram para exatamente meia-noite. Todas as noites neste horário, ao que ampliava sua dependência de encontrar-se sozinha com a navalha, ateava-se a abundância de sua esperança sórdida. Em três semanas a mulher não mais saia de casa, via-se completamente dependente e feliz ao desfrutar aos risos unicamente de ter em mãos sua navalha, não mais se alimentava com comida ou inebriava sequer d’água, vivia sorridente e dançante pela casa com sua preciosidade exuberante sobre os dedos. Plenamente obcecada e satisfeita, pela primeira vez em vida, não avistava outra finalidade em viver senão aquela. Certa noite, de tanto dançar ao som de sua vitrola, despencara com dor nos pés ao chão e adormeceu de cansaço ou talvez apetite pela felicidade inacabável. Ao acordar, com um leve barulho ignoto, rapidamente procurou sua navalha – sua amada, no entanto, não a encontrou. Iniciou de imediato uma sensação de desespero fulminante, uma sensação totalmente contraposta a que sentia anteriormente, um sentimento que também não tinha nome e nem face. Tomada pelo o inesperado, começou a revirar suas cousas em busca de seu amor. Caminhava com os olhos da procura, o tato da busca, o sentimento da falta, a dor vindoura da perda, a privação da esperança – tudo em vão, pois a navalha desaparecera. A noite arrastava-se no tempo, travava consigo o relógio e a mulher enlouquecia. “O que você quer amar que ninguém nunca amou?”
Diego Martins (Suzano-SP, 2009)
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Ensinando o respeito ao
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os animais e a natureza!
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Caroline Zago Arte & Sociedade /
/ Minhoc達o, S達o Paulo - SP / 2013
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Caroline Zago Arte & Sociedade /
/ Minhoc達o, S達o Paulo - SP / 2013
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As mandalas surgiram em um momento bem propício em minha vida, estava em um momento de ansiedade e buscando meios para melhorar, me centrar em algo positivo de maneira geral... Certo dia em um chá de bençãos para o nenem de uma amiga que estava a caminho, estava acontecendo diversas atividades interessantes, entre elas, conversas, fogueira, músicas, onde também uma outra conhecida ensinava a técnica dos Olhos de Deus, percebi que aquele era o momento de aprender, já que já conhecia mas ainda não tinha me apropriado, decidi então me dedicar, aprender naquele momento, de repente o tempo passou e entre tantas linhas percebi que já estava a à tecer a mais de horas, me dedicando, meditando, percebi de repente que minhas ansiedades passaram de alguma maneira e eu havia encontrado aquilo que tanto procurava, tanto para me centrar quanto para explorar meu eu artístico. Desde então comecei a me entregar à pratica, fui buscar vídeos na internet, comprei varias linhas e comecei tecer várias mandalas por dia, divulgar o que fazia na internet e assim à diante... Passado um tempo após divulgações e com uma certa clientela entre amigos, criei minha página “Os Olhos de Júlia” que hoje possibilita mostrar meu trabalho em várias dimensões. Tecer mandalas para mim vai além da estética, além da beleza visual que se forma a minha frente, desde sempre olho com muita ternura, sinto algo inexplicável dentro de mim e sinto que posso transmutar através da minha arte... Texto e mandalas feitos por: Júlia Soldani Acesse minha pagina no face e curta: “Os Olhos de Julia”
Fotos: Carla Natal 23
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