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2. BIOGRAFIA
Biografia:
Guilherme Taylor March, o pai dos pobres
Foto: Guilherme Taylor March\Homeoint.Org
O médico homeopata Dr. Guilherme Taylor March nasceu no Estado do Rio de Janeiro, no dia 21 de agosto de 1838.
Filho de George March, nascido e criado em Portugal, e de Ignácia March, cidadã brasileira, ele tinha um irmão seis anos mais velho chamado George Brittain March.
Em meados de 1821, a família March adquiriu a Fazenda dos Órgãos, um terreno de 170 milhões de metros quadrados que foi destinado à agricultura e criação de cavalos de raça. A atual cidade de Teresópolis (RJ) foi construída dentro dos limites da fazenda, que mais tarde ficou conhecida como Fazenda dos March. Dessa forma, os March cresceram cercados de luxo, conforto e fortuna.
Anos depois, a matriarca e o patriarca da família faleceram, deixando seus filhos à própria sorte. Porém, também com uma fortuna considerável.
O primogênito, com 18 anos, passou a cuidar dos próprios interesses, enquanto o Dr. March, na época com apenas 12 anos de idade, foi confiado a um tutor. Este, por sua vez, ocupou-se em matricular o garoto em colégios de renome, a fim de que ele atingisse excelência em educação e cultura. Tal caminho levou Guilherme Taylor March até a Faculdade de Medicina da Corte, onde recebeu seu diploma de médico em 30 de novembro de 1859.
Enquanto cursava o último ano de medicina, o Dr. March morou em uma pensão, onde foi acometido por varíola. A proprietária do local, espírita convicta, assumiu seu tratamento, medicando-o com Homeopatia, mas sem assistência médica.
Até então, os adeptos do Espiritismo exerciam livremente a medicina homeopática, sem perseguição das autoridades médicas. Provavelmente por estas não temerem a concorrência, já que o tratamento homeopático era visto como ineficaz.
Ao se ver curado e sem nenhuma sequela da doença, Guilherme Taylor March se viu encantado pela ciência de Hahnemann e logo passou a estudá-la com afinco.
No ano seguinte, então diplomado, o Dr. March descobriu que seu tutor havia perdido todas as suas propriedades e seu dinheiro com negócios
mal-sucedidos, e que ele não tinha mais onde morar ou qualquer quantia em dinheiro para se manter.
Sem pensar duas vezes, ele se atirou ao trabalho como médico homeopata, cobrando valores simbólicos e também realizando consultas gratuitas, prática que lhe rendeu o apelido de “Pai dos pobres”.
Apesar de ter sido educado na religião católica, depois de emancipado, o Dr. March decidiu se converter para o Espiritismo, fato que foi comprovado por seu filho Edmundo March, numa carta datada de 22 de setembro de 1940, onde dizia:
“Não fazendo alarde de sua crença, não a negava em absoluto. Educado como geralmente todos os do seu tempo, na religião católica, procurou, depois de emancipado, conhecer a Doutrina de Kardec e, tendo encontrado nela a melhor forma de Cristianismo, adotou- a”.
Por mais de 50 anos, o Dr. March se dedicou à tarefa de aliviar o sofrimento do próximo, muitas vezes descuidando-se da própria saúde para atingir seus objetivos altruístas. Segundo relatos da época, ele chegava a literalmente rasgar as próprias vestes para enxugar lágrimas alheias.
Em vez de pregar a Doutrina Espírita por palavras, ele se concentrou em difundi-la através do exemplo, doando-se por completo ao serviço da caridade.
No ano de 1860, o Dr. March se casou com Francisca de Paula Correia March, e então decidiu transferir sua residência para Niterói (RJ), no bairro do Barreto. Teve nove filhos, sete rapazes e duas moças. Lá, ele passou a clinicar intensamente no consultório Homeopático criado na Santa Casa de Misericórdia de Niterói, inicialmente sem remuneração, mas logo passando a receber um salário de cinquenta mil-réis mensais, valor equivalente, hoje, a cerca de R$ 7.600,00. Apesar de possuir uma das clínicas mais visitadas da capital fluminense e um grupo fiel e numeroso de pacientes, Guilherme Taylor March se envolvia emocionalmente com seus pacientes mais pobres e passava a auxiliá-los financeiramente, fazendo com que sua renda mensal fosse muito reduzida.
A situação financeira do Dr. March se tornou crítica quando ele passou a perder os movimentos locomotores graças a complicações ulteriores causadas pela varíola. Notando a situação precária na qual ele estava vivendo, a população de Niterói adquiriu, por subscrição pública, o prédio da rua de Santana 14, hoje Benjamim Constant, e doou-o a Guilherme Taylor March. Ao se mudar para a nova residência, ele decidiu abrir as portas de seu lar para todos os infortunados, afirmando que “esta casa não é minha, mas de todos os que não têm teto”.
No dia 21 de junho de 1922, aos 84 anos de idade, dos quais 63 foram dedicados ao exercício da Homeopatia, o Dr. March faleceu, e foi sepultado com flores e lágrimas dos moradores de Niterói.
A Prefeitura Municipal da cidade pagou pelos custos do enterro e mandou que o pavilhão municipal fosse hasteado por 48h em homenagem ao “Pai dos pobres”. Posteriormente, seu nome foi dado a um logradouro público da cidade. No dia 22 de junho de 1922, o jornal O Fluminense publicou um artigo intitulado “O fim da existência de um benemérito da humanidade”, e, algum tempo depois, a Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro fundou o Instituto Dr. March, creche que continua em funcionamento e atende cerca de 200 crianças carentes, de dois a seis anos.
Fontes: Federação Espírita Brasileira Federação Espírita do Paraná