Design Magazine - Edição 0

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EDITORIAL

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meu nome é Tiago Krusse e sou jornalista profissional. É com gosto que apresento o número zero da Design Magazine, projecto editorial que resulta de uma parceria estabelecida com a Elementos À Solta. A Design Magazine é uma revista digital dedicada aos temas do design, arquitectura e outras formas de expressão cultural. Este é o número 0 de uma publicação feita por uma equipa de profissionais experiente e que acredita na sua capacidade de produzir uma informação consistente, clara e capaz de fascinar os seus leitores. Avançamos com a certeza de estarmos a criar o nosso espaço e com a intenção de sensibilizarmos as pessoas para as temáticas do design, arquitectura e outras manifestações de cariz artístico e cultural. Percebemos e sentimos a existência de uma oportunidade para nos afirmarmos como uma referência no segmento das publicações digitais. Num momento de grandes dificuldades e incertezas, é nosso objectivo crescer de uma forma sustentada e sempre apoiada numa forma honesta de produzir informação. Queremos fazer da Design Magazine um produto útil, que possa ser usado como um utensílio por todos os leitores interessados na nossa forma de abordar os temas. Vamos focar a nossa atenção sobretudo sobre o design e a arquitectura. A abordagem evidenciará, massa crítica, fascínio e uma linguagem simples. Não queremos tomar o

lugar de designers ou arquitectos. É nosso propósito trazermos mais pessoas até ao design e à arquitectura. Seleccionaremos os conteúdos que mais nos tocarem, sempre com a preocupação de produzirmos uma informação bem elaborada. Numa linguagem acessível e bem utilizada, iremos dar a devida força ao fascínio das imagens. As formas e os enquadramentos serão contempladas no seu estado original, sem retoques ou desnecessárias redundâncias. Os valores editoriais assentam sobretudo na nossa intenção de reflectirmos a nossa visão sobre cada tema, sem nunca ultrapassarmos a essência dos assuntos. É com estes valores e objectivos que começa a Design Magazine, que para além da edição bimestral da revista conta já, desde Maio passado, com uma página no Facebook. Contamos convosco para que esta seja a primeira de muitas realizações que pretendemos deixar a todos os interessados neste novo título.

Tiago Krusse tiago_krusse@netcabo.pt

Esta revista não está redigida nos termos do novo Acordo Ortográfico.



NA PÉROLA DO SUL ARQUITECTURA: VASLAB TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: JASON MICHAEL LANG E ARQUIVO DESIGN HOTELS





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província de Phuket, na Tailândia, é apelidada no mundo do turismo como a “pérola do sul”. Depois dos factos trágicos ocasionados pelo maremoto que assolou a região voltada para o mar de Andaman, o turismo tailandês tem vindo a repor a harmonia na sua oferta. O hotel Casa de la Flora é um projecto de arquitectura da VaSLab, um atelier de Banguecoque, que criou um conjunto composto por 36 vilas. O empreendimento fica a poucos quilómetros de distância do aeroporto internacional de Phuket. A beleza natural da praia de Khao Lak foi o ponto orientador do projecto, que procurou edificar de forma a retirar o máximo proveito da envolvente natural e construir um espaço harmonioso. O número reduzido de vilas e a volumetria equilibrada face ao lote do terreno, poderá ser uma nova atidude dos empreendedores face a um sobrelotamento que a maioria das

estâncias tailandesas revelam há uns anos a esta parte. Os materiais escolhidos pela VaSLab foram o betão, vidro e madeira. As 36 vilas variam em tamanho e disposição. Possuem todas piscinas privadas e foram orientadas de maneira a que pudessem captar enfiamentos distintos para a envolvente natural. Há uma linha de 10 vilas sobre a praia, que possuem uma vista panorâmica sobre o mar de Andaman e cujas piscinas criam a ilusão de um espelho de água contínuo, até à linha do horizonte. Noutras vilas tirou-se proveito de terraços construídos em madeira, com vistas deslumbrantes para o mar, onde se criaram nichos de vegetação, que conferem uma maior privacidade e uma sensação de harmonia natural. Prestes da sua conclusão está a suite presidencial, com uma área total de 130 m2, dispondo de uma piscina grande, quartos individuais mais espaço-


sos e a inclusão de peças contemporâneas no domínio das artes plásticas. As restantes vilas distinguem-se pelo tamanho das suas áreas. O hotel Casa de la Flora também integra uma livraria, spa, restaurante e um bar. Os arquitectos da VaSLab revelaram uma especial atenção na forma como conjugaram as áreas de passagem públicas e privadas. No que ao desenho das vilas diz respeito, a inclusão de painéis de vidro nas fachadas permitiram criar uma sensação de fluidez geométrica entre os espaços exteriores e interiores. Há que referir no hotel Casa de la Flora a preocupação em incorporar elementos no empreendimento que tivessem uma função de contribuir para um ambiente sustentável. As piscinas não utilizam químicos para o tratamento das águas, há reciclagem de água como também de papel e alumínio, este último utilizado na produção de mobi-


liário. Esta preocupação ambiental é muitas das vezes vista como uma espécie de bandeira de um turismo inteligente e preocupado. Aqui é muito mais do que uma bandeira pois que o conhecimento de falta de água na Tailândia é assunto sério, não só este elemento mas a percepção de que é necessário colocar um travão ao esgotamento de recursos naturais naquela região. www.designhotels.com



COMPLEXO INDUSTRIAL NO VIETNAME ARQUITECTURA: ALVISI KIRIMOTO + PARTNERS TEXTO: TIAGO KRUSSE




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firma de arquitectura Alvisi Kirimoto + Partners concebeu o projecto das novas instalações da Medlac Pharma, localizadas na zona industrial de Hoa Lac HighTechPark, a 50 quilómetros de Hanói, a capital do Vietname. Este novo complexo industrial é caraterizado por volumes horizontais e visualmente expressivo pela sua leveza estética. Projectado numa área com 15 mil m2, inclui um edifício de escritórios e uma fábrica, que representam cerca de 3,400 m2 de área construída. As novas instalações da Medlac no Vietname consistem em dois blocos. Os blocos mais pequenos desenvolvem-se em dois níveis, que albergam os escritórios administrativos. Os blocos maiores foram designados para a produção fabril. O edifício de

escritórios é caracterizado por uma planta rectangular e por uma pele exterior transparente, estruturada em paredes de vidro. Numerosas parcelas de paredes de vidro, de larguras diferentes e posicionadas de forma aleatória, podem ser abertas. Os quebra-luz ajustáveis, produzidos em painéis de madeira lacada, conferem ao edifício um espírito leve, dando-lhe um engraçado movimento visual que se estende pelas paredes de vidro. Um imponente nicho, com um pé direito alto, define a entrada do edifício dos escritórios, dominando o lado mais longo da fachada. Esta entrada inclui uma recepção, uma área de estar e uma escada, em estrutura de metal com parapeitos em vidro. O piso térreo é dividido em duas áreas. Na


primeira encontramos a direcção e o secretariado. Foram também desenhados dois escritórios para executivos, com ligação às casas-de-banho. A segunda áera tem um corredor largo com seguimento para o hall de conferências, um segundo secretariado, escritórios para administrativos e outro serviço de casas-de-banho. Uma parte restante do piso térreo inclui ainda uma zona para os trabalhadores da cantina. O primeiro piso é caracterizado pela mesma divisão de áreas de direcção e de administração. O espaço permite criar dois largos halls para conferências, unindo para cada um deles uma pequena sala de reuniões e um escritório. A área da fábrica Medlac localiza-se nas traseiras do edifício de escritórios, estando li-

gada a ele por um volume mais baixo que alberga a maior parte do pessoal da cantina. A unidade fabril é feita em painéis lacados. A estrutra opaca apresenta aberturas para a praça coberta por dois telhados cantiléveres. A fachada à volta da entrada da área técnica não se apresenta alinhada com a fachada dos edifícios, está ligeiramente deslocada de maneira a criar uma espécie de um pátio. O complexo industrial foi construído numa área verde, projecta pela Alvisi Kirimoto + Partners. Esta área verde é composta por relvados e árvores, incluindo o acesso para o parque de automóveis. Este espaço verde contribui para uma atmosfera mais amigável e simpática para receber os empregados, clientes e visitas.



EM MONCHIQUE ARQUITECTURA: ADAM RICHARDS ARCHITECTS TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: TIMOTHY BROTHERTON


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Quinta da Serra encontra-se numa posição elevada no meio das montanhas, sobre um vale escondido no parque natural de Monchique. O projecto desta casa de campo é da autoria do atelier Adam Richards Architects, com sede em Londres. Numa avaliação recente, Adam Richards foi considerado entre os 40 melhores novos arquitectos ingleses. Os desígnios da equipa de arquitectos foram os de recuperar os bons materiais das ruínas de uma antiga quinta construída em pedra, reconstruir e alargar áreas para um novo espaço de vida. A nova casa, com três quartos, foi criada para ser o retiro de um casal inglês na reforma. O lugar é caraterizado pela existência de edifícios rurais simples, de tectos inclinados, paredes em pedra e terraços de-




bruçados para uma marcante paisagem de montanha. O casal inglês comprou um edifício em ruínas e sem telhado, com o objectivo de criar uma casa com as disposições dos nossos dias mas que mantivesse o espírito da tradicional quinta contruída em pedra. Pelo facto do edifício estar localizado numa área protegida do parque natural de Monchique, a equipa de arquitectos teve de saber gerir com delicadeza as negociações e autorizações necessárias antes do projecto arrancar. A Quinta da Serra é uma casa sólida e robusta, pensada para resistir às condições climáticas adversas do local. A beleza das montanhas não esconde o facto da casa estar localizada numa região de terramotos. Os chefes de planeamento de Monchique precisavam de ver sastifeita a condição de que as paredes de pedra iriam




ser conservadas enquanto que os inspectores exigiam que o edifício fosse à prova de terramotos. Usando a planta pré-existente, as paredes em pedra foram reconstruídas numa altura maior e uma nova moldura em betão, resistente aos terramotos, foi colocada entre elas. Os arquitectos alinharam a nova estrutura de betão à parede de pedras e o espaço vazio entre o exterior e o interior foi usado para isolamentos. A nova estrutura de betão suporta o novo telhado que liga conjuntamente o topo das paredes exteriores. A relação entre o antigo e o novo torna-se visível no hall de entrada, em que uma parede interna surge cortada para revelar a junção da estrutura de betão com a antiga e tosca parede de pedra. Há uma intenção no espírito desta casa, que ela resultasse uma combinação das sensações apreendidas na sua paisagem envolvente. Todos os materiais de construção

foram escolhidos em fornecedores locais. Uma pedra castanha, recolhida no local, foi especificamente escolhida pelo facto de com ela o desenho da casa poder sugerir que a mesma fora escavada do declive. Um granito cinzento, oriundo de uma pedreira da zona, foi usado para as janelas, degraus e uma bancada de cozinha. O cenário particular desta zona do interior do Algarve foi fonte de inspiração para a escolha de mobiliário, no qual foram utilizadas pedras e madeiras locais que serviram para produzir portas, mesas e estantes. Os arquitectos também acabaram por desenhar uma mesa de jantar, em carvalho, que foi trabalhada à mão por um artesão local. A impressão deixada pela planta original da quinta foi usada para criar uma nova caixa em pedra, que forma o coração da casa. A caixa cria uma parede interior que une os tectos altos. As paredes internas foram removidas e substituídas por duas faixas es-


treitas, que formam uma planta em cruz. Esta planta divide o interior em dois espaços de tamanhos diferentes e nos quais foram definidas as áreas de estar, jantar, cozinhar e trabalhar. Estas faixas foram também pensadas de forma a criarem nichos para arrumações, escadas e recantos para equipamentos de cozinha. Há alas brancas que se estendem para lá da caixa de pedra, que fecham os quartos e criam pátios. Os quartos enfiam-se para o centro da casa, numa sequência espacial que funciona como que um espelho da paisagem montanhosa. A casa apresenta uma chaminé com uma escala exagerada, dando ênfase ao simbolismo de uma casa do campo com as suas fachadas expostas à adversidade do clima. O arquitecto Adam Richards disse-nos que a intenção da sua equipa foi a de construir uma casa que pudesse intensificar a experiência única desta específica paisagem. Foi propósito do seu atelier criar uma espécie de um coração vivo, que retirasse todo o dramatismo da paisagem envolvente. Concluindo, refere-nos que este projecto lhes deu a oportunidade de combinar materiais tradicionais com espaços contemporâneos, permindo alargar as fronteiras da arquitectura numa nova casa localizada numa área de risco em terramotos.



SOBRIEDADE ITALIANA ARQUITECTURA – DHK ARCHITECTS DESIGN DE INTERIORES – STUDIO MARCO PIVA TEXTO – TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA – CORTESIA DE MARCO PIVA

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região de Veneto é menos conhecida do que uma das suas províncias, a célebre Veneza. É no campo de uma outra província da região, Treviso, que foi inaugurado o hotel de quatro estrelas Move. O projecto é da autoria da DHK architects em colaboração com o Marco Piva Studio e o Studio Bam Design, que cuidaram dos programas de design de interiores. O hotel é caracterizado por uma estrutura dinâmica em arco e apenas dois pisos. O objectivo foi abraçar a paisagem envolvente e reduzir o seu impacto na relação com ela e com os edifícios aí existentes. Houve uma criteriosa selecção de materiais que cobrem as fachadas, numa escolha em que sobressaiem a pedra e a madeira. Foi tido em conta um programa de arquitectura paisagística que utilizou plantas e elementos autóctones da região. Pretendeu-se assegurar uma harmonia entre a estrutura edificada e a paisagem envolvente. O programa de design de interiores foi levado a cabo pelo arquitecto Marco Piva, com a excepção do restaurante e bar, que foram desenvolvidos pelo Studio Bam Design. O principal objectivo do projecto de Marco Piva foi o de desenvolver uma continuidade da sobriedade encontrada no exterior e trazê-la para o interior do hotel. A escolha de cores suaves e de materiais naturais vieram refor-



çar a complementaridade entre o edificado e as zonas verdes. O objectivo primordial foi o de ciar uma atmosfera agradável, acolhedora e elegante. O hotel Move tem 203 quartos, dos quais 185 são quartos standard, 16 júnior suites e 2 suites. O conforto dos quartos foi trabalhado através do uso de mobiliário de linhas simples e elegantes, da autoria da Battaglia, e apontamentos de design italiano como os candeeiros de mesa em vidro soprado da Leucos ou os sanitários Reverso da Novello, ambos da autoria de Marco Piva. Os quartos localizados no piso térreo desfrutam de uma pequena área privada com enfiamento para o jardim de interior. Na entrada do hotel a luz tem uma função especial: os candeeiros suspensos a uma altura de 12 metros criam um dramatismo junto às grandes


fachadas de vidro, que caracterizam as áreas comuns do piso térreo. A recepção é toda ela forrada a pedra, numa luminosidade em que contrastam tons claros e escuros. O hotel dispõe de um centro de congressos, localizado no centro e envolvido por um lago artificial com uma fonte. O foyer tem uma disposição pensada para receber de forma profissional e confortável os seus convidados. A sala de plenário e cinco pequenas salas para reunião conseguem acolher cerca de 600 pessoas. A flexibilidade e forma do espaço são potenciadas pela utilização de paredes de correr. A cobertura das paredes foi feita em painéis alternados em madeira lacada e pele, num ritmo que acompanha o das fachadas do hotel. Existe ainda um centro de bem-estar composto por piscina coberta, sauna, banhos turcos e outras experiências revigorantes produzidas à base de pressão de água. O hotel Move reflecte um cuidado programa de arquitectura e de design de interiores, conseguindo criar um ambiente de conforto que se alia à hospitalidade e à qualidade elevada dos serviços.


Planet Bird House

SIMPLICIDADE DESIGN: SIMPLEFORMSDESIGN TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: CORTESIA DA SIMPLEFORMSDESIGN


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Simpleformsdesign é uma empresa composta pelos desigers Alzira Peixoto e Carlos Mendonça. Desde que a empresa foi criada em 2004, a dupla de designers soube sempre o que quis fazer assim como traçar as necessárias estratégias de crescimento do negócio. Os produtos criados resultam de uma simplicidade de ideias, a que se alia uma capacidade nata para transpor para o real todos os bons conceitos de pesquisa e de desenvolvimento de objectos. Os designers dominam o processo industrial dos seus objectos mas conseguem dar-lhes o carácter forte e personalizado de uma produção exclusiva feita à mão. A escolha das matérias-primas foi sempre um factor que os distinguiu, não com o objectivo de serem pioneiros de tendências mas antes com a certeza de que iriam inovar na produção de peças em cortiça ou aço escovado, para dar dois exemplos. E essa inovação vai muito para além da empresa que aposta em matérias-primas existentes e trabalhadas no seu próprio país, há todo um processo criativo bem pensado, que começa na ideia do produto e acaba nas cuidadas formas como esse produto comunica a sua existência até ao ponto de venda. Com uma produção toda ela assente no requinte de pormenores e acabamentos, a Simpleformsdesign revela linhas criativas de produtos que sobressaiem pela qualidade da função e a boa estética dos mesmos. Gostaríamos ainda de enaltecer a visão de Alzira Peixoto e de Carlos Mendonça, pela sua habilidade em anteciparem a concretização de boas ideias. Revelamos os últimos produtos da Simpleformsdesign, que nos fascinam pelo conceito, pela pureza e o humor.

ORB

Tableware Cork Collection

Stool


FORTE IDENTIDADE TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: KARTELL

TAJ, Ferruccio Laviani

Comback Chair, Patricia Urquiola Sundial, Nendo

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os 62 anos de existência, a Kartell continua a dar cartas no mercado do design. A elegância dos seus produtos, em plástico e outros materiais como o metal, tem sido uma nota dominante na sua produção. A inovação na pesquisa e desenvolvimento de produtos em materiais pouco usuais, sobretudo quando nos reportamos ao período após a Segunda Guerra Mundial – décadas de 50 e 60 --, deram à Kartell um verdadeiro estatuto de vanguarda. A ousadia, se assim se poderá chamar, foi conseguir tornar objectos do dia-a-dia em peças visualmente apelativas, que íam sempre um pouco mais para além do que a sua mera funcionalidade. A aposta da Kartell baseou-se sempre na inovação tecnológica ligada a novos processos de produção industrial e para isso muito contou com os conhecimentos da família Castelli, que também soube chamar


até si bons arquitectos e designers, que permitiram abrir ainda mais os horizontes criativos da marca. Neste ano de 2011, em que o Salão Internacional do Móvel de Milão comemorou os seus 50 anos de existência, a Kartell não quis deixar passar despercebida a importância desta data, que comemora a celebração de um evento de muita importância para a indústria italiana e para a afirmação do design italiano no mercado mundial. A Kartell apresentou em Milão um conjunto de novas peças que vieram celebrar a forte Miss Less, Philippe Starck com Eugeni Quitllet

Bloom, Ferruccio Laviani ligação da marca com o Salão Internacional do Móvel de Milão. Novas peças de Philippe Starck, Piero Lissoni, Ferruccio Laviani, Patricia Urquiola, Mario Bellini, Tokujin Yoshioka, Nendo e Fabio Novembre, que se juntam a tantos outros nomes célebres que criaram as inúmeras séries de produtos da Kartell, muitas delas com a força de integrar e sobressair na história do design de produto. A inovação e o explorar de novas tecnologias continuam a ser os factores de diferenciação da Kartell.


BOAS LINHAS DESIGN: ANDRÉ CONSCIÊNCIA TEXTO: TIAGO KRUSSE

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arquitecto André Consciência desenhou, para a empresa Merdado do Escritório, duas linhas modulares para o ambiente de trabalho. A Linha Branca, com as séries Um e Zero, deixa que se aprecie desde logo as formas e os elementos deste projecto. Os módulos, compostos por secretária, armário/estante e armário, exprimem um design honesto, simples e com preocupações ambientais. A


função e a necessidade do produto foram tomadas em conta pelo arquitecto verificando-se que a linha se torna capaz de integrar com muita facilidade os mais diversos tipos de ambiente de trabalho. O volume e a geometria dos elementos permitem a sua adequação a uma ampla variedade de espaços. É uma linha sóbria, sem elementos decorativos, mas consciente da necessidade de uma harmonia estética, pois que o prazer proporcionado por um produto não se resume apenas à sua função. Não é um sistema complexo e revela também uma boa flexibilidade, permitindo organizar os módulos ao jeito de cada um. Há uma intenção para a conjugação dos elementos mas eles também funcionam de forma isolada, complementando outro tipo de necessidades de disposição ou de arrumação. O sucesso desta linha reside também no facto de arquitecto e empresa terem conseguido uma boa ligação durante todo o processo de pesquisa e desenvolvimento deste programa modular para escritório. Para que os produtos sejam válidos é fundamental que haja esta boa ligação entre as partes, pois só assim é possível produzir e garantir a entrada de bons produtos no mercado. Destacamos nesta parceria o cuidado na produção e todo o acompanhamento feito aos módulos. O cuidado com a forma de trabalhar os materiais, os pormenores de acabamento e a simplicidade das propostas, fazem-nos esquecer que estamos perante uma linha branca, bem estruturada e com um valor muito competitivo. Tudo elementos que reforçam a ideia do bom design acessível a qualquer pessoa.



HARMONIA TOTAL DESIGN: PININFARINA STUDIO TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: SNAIDERO

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Ola 20 é uma proposta integral de cozinha da marca italiana Snaidero, um produto do início dos anos 90 e cuja assinatura é do Pininfarina Studio. Foi o início de uma parceria entre a marca e o Grupo Pininfarina, uma aventura que tem vindo a valer uma parceria na produção de soluções de cozinha, que se destacam pela excelência dos acabamentos e pelo imenso culto e fascínio entre os amantes do bom design. O reconhecimento desta série, valeu em 1996 o prémio de design atribuído à marca itlaiana pelo Chicago Atheneum de arquitectura. No início deste século, a Ola 20 era alvo de novo processo de abordagem pelo Pininfarina Studio, com novas introduções tecnológicas, novos puxadores, novas cores, nova bancada de trabalho e todo um conjunto de pormenores e detalhes actualizados. Vinte anos passados sobre a primeira pro-



dução da Ola 20, a Snaidero e o Grupo Pininfarina voltam de novo à cozinha para lhe atribuir ainda mais harmonias, do manuseamento à disposição de todos os seus elementos. O desenho original mantém-se, todavia as linhas tornam-se mais curvas e o apelo estético ganha de novo com isso. Com especial atenção aos elementos visuais, a renovada Ola 20 revela uma espécie de amaciamento nas suas linhas e “esconde” um detalhado programa virado para as ergonomias – puxadores integrados, superfícies arredondadas -- e para uma disposição um pouco mais dinâmica. A fibra de vidro, os acabamentos metálicos, as espessuras da madeira e os reflexos da luz nas superfícies criam toda uma atmosfera de harmonia. A bancada de trabalho que se estende numa peça escultórica, revela o seu carácter elegante e traz algum calor ao minimalismo do conceito. As micas lacadas introduzem um novo processo tecnológico na produção desta cozinha, resultando num maior e mais refinado brilho do que aquele produzido pela lacagem metalizada, utilizada há uma década atrás. São técnicas ultilizadas pela indústria automóvel e que se adequam ao mesmo propósito mas para um ambiente diferente. Percebe-se a boa ligação entre o design e o processo industrial, em que a actualização do conceito da Ola 20 evidencia mais uns passos à frente nessa busca incessante pela perfeição.


ESPAÇO DE BEM-ESTAR ARQUITECTURA: QUALITY TOUCH TEXTO: TIAGO KRUSSE

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primeiro clube Fitness Hut vai abrir em Lisboa, junto ao shopping das Amoreiras, em Lisboa, no final do Verão. Os empresários por detrás desta nova marca são Miguel Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto, revelando uma aposta numa cadeia de ginásios que vai diferenciar a oferta dos seus serviços não só pela competitividade dos preços mas também pelo investimento em espaços e serviços inovadores neste segmento de mercado.


Os empresários querem trazer a boa forma física e o bem-estar através de serviços de excelência mas de baixo custo. Para este novo investimento, Miguel Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto – The Edge Group – foram absorver a experiência acumulada de Nick Coutts, André Groen e Júlio Pedro da Silva Carvalho – criadores da marca Holmes Place – nesta área de negócio. Os clubes da Fitness Hut terão uma área aproximada de 1.800 m2 – áreas de ginásio entre os 600 e 800 m2 divididas por sete zonas distintas –, num espaço idealizado com design de vanguarda, novas tecnologias e ajustado às diferentes actividades físicas aí praticadas. Os serviços direccionados também contemplam aulas de grupo – com 9 especialidades numa carga semanal de

60 aulas – e treinadores pessoais. O desígnio desta nova cadeia de ginásios é o de proporcionar serviços de bem-estar físico a um preço justo nos serviços escolhidos pelos seus sócios. Esta nova marca de ginásios tem um progama de expansão com a abertura de mais 3 ginásios em Cascais, Oeiras e um outro em Lisboa.


MAISON & OBJET

Barber/Osgerby

DESIGN EM LONDRES A 17ª edição da 100% Design vai realizar-se entro os dias 22 e 25 de Setembro, em Eearls Court, em Londres. Trata-se do mais importante evento de design contemporâneo no Reino Unido e que consegue reunir cerca de 21 mil visitantes onde quase metade são profissionais ligados ao design, interiorismo e arquitectura. O grande destaque deste ano é a iniciativa Director’s Cut que juntará o melhor do design britânico numa exposição que englobará nomes como Barber/Osgerby, Kenneth Grange, Michael Young, Nigel Coates, Marc Krusin ou David Chipperfield. Realce também para Hello Future – The A-Z of Smart Materials, uma mostra com mais de 100 materiais inovadores e que revelam os mais recentes avanços tecnológicos em produtos industriais. www.100percentdesign.co.uk

De 9 a 13 de Setembro decorrerá mais uma edição da feira Maison & Object, em Paris, França. Registamos como maiores pontos de interesse os espaços destinados a Scènes d’intérieur e a Now! Design à vivre. Os nomes em destaque no ano de 2011 pelos responsáveis da Maison & Objet forma Gilles e Boissier – designers scènes d’intérieur -, Édouard François – designer Maison & Objet 2011 –, e a dupla composta os irmãos Ronan e Erwan Bouroullec – designer Now! Design à vivre –. As temáticas foram distribuídas pelos pavilhões de Paris Nord Villepinte da seguinte forma: ethnic chic MIC (1), têxteis para casa (2), segmento de mesa (3), artesanato (4), decoração (4, 5A e 5B) e acessórios para casa (5A e 6). As tendências para a estação Outono/Inverno 2011/2012 serão o grande motivo de atracção para os designers de interiores e para os profissionais da decoração. Esta edição de Setembro é direccionada para profissionais e negócios. www.maison-objet.com

Ronan e Erwan Bouroullec Fotografia: Ola Rindal


AGENDA A Feira de Frankfurt leva a cabo mais uma edição da Tendence, que decorrrá entre 26 e 30 de Agosto, em Frankfurt, na Alemanha. É o maior evento comercial do segundo semestre do ano, no qual serão reveladas as últimas novidades de produtos para o Outono/Inverno, assim como a Pimavera e o Verão de 2012. A directora da feira, Sabine Scharrer, afirma que a Tendence deste ano registou um aumento de expositores em comparação com os números do ano passado, o que em tempos de crise é um dado revelador do interesse deste evento para os profissionais do sector de produtos de grande consumo. São nove os pavilhões da Feira de Frankfurt que dão a este importante evento uma área expositiva de 130 mil m2. Destacamos da edição deste ano da Tendence o facto da Áustria ser o pais parceiro convidado, estando designado o espaço da Galleria 1 para o ponto fulcral para a apresentação de designers, artesãos, empresas e indústrias austríacas. Destacamos também a presença de dois designers portugueses na iniciativa Talents, nomeadamente Ana Couto no segmento Carat e Gonçalo Campos em Loft. www.messefrankfurt.com


www.facebook.com/revistadesignmagazine


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