VIVO arte.mov 4ツー FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTE EM Mテ好IAS Mテ天EIS >> de 11 a 15 de novembro de 2009 ___Belo Horizonte >>> Brasil >> de 17 a 19 de novembro de 2009 ________ Salvador >>> Brasil >> de 10 a 12 de dezembro de 2009 ___________Belテゥm >>> Brasil >> de 11 a 13 de dezembro de 2009 _____Porto Alegre >>> Brasil
_>>>> www.artemov.net
“E eu viajo para conhecer minha geografia” (Um louco, em L’Art chez les fous; Marcel Réja, Paris, 1907), citado a partir de The Work of the Arcades, de Walter Benjamin
Uma forma de apresentar o Vivo arte.mov é tratá-lo como um convite para parar, pensar e experimentar o que há de novo no universo da arte produzida com os telefones celulares e as redes de comunicação digital. Desse encontro entre arte e tecnologia resulta uma riqueza de conhecimento e de experimentação artística que nos ajuda a compreender as transformações que acontecem hoje na sociedade e no comportamento das pessoas, cada vez mais conectadas e familiarizadas com esse cenário de oportunidades que a sociedade em rede representa. E à medida que a conexão móvel vai se incorporando ao dia-a-dia das pessoas, o Vivo arte.mov se consolida como ambiente de encontro para quem quer entender e explorar essas novas possibilidades de expressão e interação com o mundo.
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Esse movimento natural de expansão do Vivo arte.mov, inclusive territorialmente – com atividades planejadas para as cinco regiões do país em 2009 e 2010 – vai ao encontro do que a Vivo entende como seu papel: criar condições para que o maior número de pessoas possa se conectar e usufruir dos benefícios da chamada sociedade em rede. É para esse horizonte que o Vivo arte.mov e os demais programas da Política Cultural Vivo caminham. Para que você conheça melhor as iniciativas culturais da Vivo e saiba como é possível participar de cada um dos programas, acesse www.vivo.com.br/cultura. Também estamos à disposição para ouvir seus comentários, críticas e sugestões pelo e-mail cultural@vivo.com.br. MARCELO ALONSO Diretor de Comunicação e Relações Institucionais Vivo
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006 - Apresentação
066 - Mostra Geografia Imaginárias
008 - Índice
068 - Espaço expositivo
010 - Vivo
070 - Mostra Audiovisual
012 - Mostra Competitiva
072 - Para além da tela pequena
026 - Júri Mostra Competitiva
074 - workshops/workinprogress
028 - Simpósio Internacional Arte.mov
078 - Performances
030 - Geografias Imaginárias
086 - Mostras Informativas
034 - Geografias imaginárias, deslocamentos padrões
090 - Mostra Pocket Films
e limites da mobilidade recente 042 - O espaço informacional: a arquitetura moldada pela comunicação, espaço público tornado infovia, a dimensão concreta da virtualidade 050 - Mediações tecnológicas: entre a construção simbólica e as perspectivas de participação social 058 - Programa Intersimpósio 064 - Programação
096 - Mostra Dot Mov 104 - Mostra Impact 108 - Mostra AND 114 - Mostra Zeroone 120 - Mostra Marginalia 128 - Mostra O celular como ferramenta cultural e pedagógica 136 - O lugar genérico e as especificidades da negociação 145 - Convidados
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O Vivo arte.mov – Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis chega à sua quarta edição e afirma sua vocação em priorizar a utilização consciente das mídias móveis para fins de construção de experiências de compartilhamento de conhecimento, acesso à informação, criatividade e arte. Desde sua criação, em 2006, as atividades ligadas ao evento principal, que ocorre anualmente em Belo Horizonte, já vinham se irradiando em ações descentralizadas no território nacional, na busca por melhor compreender a diversidade do audiovisual e da arte produzida hoje. Ao longo do ano de 2009 trabalhamos no estabelecimento de uma rede de parcerias e colaborações que se ampliam constantemente, e se firmam em diversos estados do país. Um exemplo desta capilaridade é o Vivo Lab, ação dedicada ao incentivo de pesquisas na área. O Vivo Lab estimula o desenvolvimento de projetos criativos com mídias móveis, com uma lógica diferente dos fomentos mais típicos. Ao invés de esperar produtos acabados, aposta na investigação.
A ideia de provocar desdobramentos nos parece inerente às características das mídias que são o próprio foco do Festival. Uma das premissas básicas da mobilidade é a perspectiva de deslocamento físico e geográfico, o que nos interessa também em termos de intercâmbio cultural, artístico e social. Dessa forma o arte.mov, alem de manter seu ‘hub’ principal em Belo Horizonte, com uma abordagem internacional e de ponta, se consolida em âmbito nacional através de eventos consistentes em Salvador (Festival Sala de Arte, XIII Festival 5 Minutos), Goiânia (9ª Goiânia Mostra Curtas), Recife (Continuum), Porto Alegre (Circuito arte.mov) e Belém (em pelo menos dois projetos em andamento sob a chancela Circuito arte.mov, até a presente data). Essas atividades marcam uma maturidade maior do evento, expandindo a ideia inicial de um circuito de difusão para o estabelecimento de parcerias, dando maior cobertura a ações de formação, incentivo e visibilidade aos participantes. Esperamos assim ampliar e levar a um público diversificado o acesso ao debate em torno de questões extremamente atuais que envolvem, além da arte, pesquisas emergentes em meios de comunicação sem fio, redes colaborativas, compartilhamento de experiências de mediação e outras possibilidades, sempre tendo em vista o potencial de aplicação social dessas tecnologias.
Curadoria e organização 10
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MOSTRA COMPETITIVA 12
A Mostra Competitiva da quarta edição do Vivo arte.mov conta com 46 microfilmes, divididos em três sessões com duração de aproximadamente 30 minutos cada uma. Os trabalhos selecionados, entre inscritos enviados por realizadores de todo o Brasil, oferecem um panorama do que foi produzido em 2009 no cenário do audiovisual criado com câmeras de pequenos porte ou pensando no contexto de uma cultura em que os aparelhos portáteis e as formas de difusão online ou em dispositivos móveis cria um circuito particular. Vale destacar, neste sentido, o surgimento de realizadores que têm se dedicado ao formato com regularidade. São nomes que estão presentes no Vivo arte.mov desde edições anteriores, e que seguem produzindo em sintonia com o festival. Além desta constituição de uma cena específica, a Mostra Competitiva revela também uma diversidade de formatos, que vão do abstrato ao narrativo, passando por vídeos com ênfase na plástica, no humor, na montagem ou em recursos de pós-produção. No conjunto, indicam uma constância da produção para mídias móveis, que parece atingir um patamar próprio e consolidar alguns contornos. 13
98001075056
Felipe Barros | SP | 2009 | 02’40”
Atlântico
Memória, ancestralidade e identidade.
/Urbanovisão
Gustavo Rodrigues Calil Daher e Daniel Perez Gomes | SP | 2009 | 00’55”
Apenas um mergulho no Atlântico.
Banquete Antropofágico
O que é um caminho? Onde vamos chegar se deixarmos de nos guiar? Aonde vão todas as pessoas que não se preocupam com direções? Vivemos uma era onde as rotas estão definidas, a tecnologia as aponta. O caminhar se tornou coqueluche, as ruas vivem, pulsam veículos e estabelecimentos. O que podemos enxergar nesta névoa que respiramos? Somos parte dela, e a transformamos todos os dias para conseguir estabelecer uma relação comum a todos. Somos parte do mundo sem direções, frenética e calculista. Somos parte da visão urbana, urbanovisão.
A Dread Full Story
Tatu Guerra | MG | 2009 | 01’10”
Felipe Barros | SP | 2009 | 02’59” Arbanella é um vídeo feito a partir da apropriação de antigas imagens em 8mm, que após uma nova edição e um novo áudio, ganham uma nova narrativa. Na Itália, “Arbanella” é um pote de vidro, onde as pessoas escrevem suas memórias em bilhetes e guardam para lerem um dia.
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José Eduardo Nogueira Diniz | RJ | 2009 | 00’53” “Banquete Antropofágico” com participação especial de Oswald de Andrade.
Bote o Fire Aí, Man!
Vídeo de despedida dos meus dreadlocks cultivados por 11 anos.
Arbanella
André Hime e Huila Gomes | SP | 2009 | 01’19”
Tiago Pinho Santos | BA | 2009 | 02’12” Dia após dia, um sujeito barbudo e fumante indaga um senhor dono de uma banca. Esta relação “non-sense” estabelecida entre eles é o quebra cabeça montado e desmontado em Bote o Fire aí, Man!
Botões
David Mussel | MG | 2009 | 02’22” Na sociedade dos Botões, o menor e mais excluído de seus habitantes tem que superar seus medos e dificuldades para, com criatividade e esperteza, vencer uma grande ameaça que se faz presente, mostrando que a sagacidade dos pequeninos vence o orgulho daqueles que põem sua confiança na força bruta.
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Caixa-Valise
Dellani Lima | MG | 2009 | 02’37”
Ctrl+Print
Tributo da banda mineira Madame Rrose Sélavy ao CBGB em Nova York. CBGB & OMFUG: “Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers”. O lugar tornou-se conhecido como o berço do punk. Fechou por causa de uma dívida, causada pelo aumento na cobrança do aluguel. Este vídeo foi realizado com imagens apropriadas e sampleadas do site do próprio CBGB (virtual tour): www.cbgb.com
Chloe
Ana Moravi | MG | 2009 | 02’10”
Da serie SLOW_ctrl_Execute: Um Superman engarrafado é o elixir do controle obsessivo da realidade.
Díptico
Dellani Lima | MG | 2009 | 01’00”
Diretório Temporário para um Esquecimento
Há sempre uma luz na tempestade.
Confusão dos Infernos
Marlom Meirelles Silva Nascimento | PE | 2009 | 01’08” Até mesmo no inferno está difícil tirar uma soneca. Mas nada que uma visitinha não resolva...
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Pontogor | RJ | 2009 | 02’57” O toque das mãos nas vitrolas geram ruídos sonoros e visuais, simultaneamente.
Videoclipe da música Chloe (álbum: Quase todas elas) do quarteto instrumental SPLISHJAM.
Chuva Artificial
Joacélio Batista | MG | 2009 | 00’53”
Manuel Andrade | MG | 2009 | 00’38” Arquive todos os lapsos, retorne ao fim de tudo, encontre o que jamais existiu.
Em Caixas
Macedo Brandão e Tatu Guerra | 2009 | 02’14” “Em Caixas” é um vídeo que tem como tema a reflexão sobre a sensação e a atmosfera de confinamento vivenciada pelo homem contemporâneo. Este trabalho é uma espécie de diário que exibe cenas cotidianas de um personagem solitário na grande cidade, mapeando algumas de suas ações ao longo do dia a partir de uma leitura poética. Aqui, o isolamento (a solidão) surge como estratégia para sobreviver à pressão da metrópole.
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En Route [Along The Way]
Paula Almozara | SP | 2009 | 00’55”
Get Your Fish
“En route” significa basicamente “colocar-se a caminho”. O vídeo é uma metáfora para o percurso de vida, trata de representações de movimentos, lugares e situações que se cruzam e que podem ser feitos e percebidos de diversas formas.
Estrada
Lucas Gervilla | SP | 2009 | 01’50”
“Get your fish” consiste de uma compilação de imagens do cineasta norte-americano David Lynch captadas durante sua passagem por Belo Horizonte. Os quadros são fragmentos da palestra realizada no auditório da reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais no dia 6 de agosto de 2008.
Intimidade
Uma estrada na Islândia ilustra Alberto Caeiro.
Flickering
Kika Nicolela | SP | 2009 | 02’43”
Eduardo Zunza | MG | 2009 | 03’00” Um olhar poético sobre Angola.
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Bruno Pacheco | MG | 2009 | 02’50” Casal assiste um filme na tv durante uma noite chuvosa.
Jogo dos 7 Erros
Da escuridão à luz, e de volta à escuridão; um autorretrato emotivo.
Following the Light
Nayara Macedo e Giselle Galvão | MG | 2009 | 01’50”
Paoleb+ Aline Paiva, átila calache, isabella meirelles | RJ | 2009 | 02’00” Encontre as diferenças entre as duas imagens.
Large Beautiful Eyes
Aline X | MG | 2009 | 02’35” Folha de rosto de ensaio videográfico sobre face lacrimosa de chefe de estado.
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Mídia Locativa
Aragão e Raquel Solorzano | MG | 2009 | 02’17”
Olho no Lance
Uma invenção do cotidiano de Bogotá, preço: um minuto por 200 pesos (R$ 0,18). Criado como forma de sobrevivência, este meio de acesso à comunicação surge em um subterfúgio das camadas populares colombianas que se apropriam de um produto e o descontextualizam do uso programado pelas empresas. Arte locativa no sul da esfera.
Moto.Contínuo
Marcelo Braga e Eduardo Zunza | MG | 2009 | 02’14”
Olho no Lance retrata a paixão do brasileiro pelo futebol de forma inusitada. As emoções em relação ao esporte nacional oscilam entre a euforia máxima e o sofrimento mais profundo.
PABX está chamando
“movimento de um mecanismo que após iniciado continua indefinidamente”.
O Futuro da Música
Anderson Guerra | MG | 2009 | 00’38”
Leandro Martins e Márcio Soares | MG | 2009 | 03’00” “Um homem cria um meio de comunicação na parede. Nessa nova experiência ele se torna simultaneamente espetáculo e espectador.”
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Estevan Sinkovitz, Nivaldo Godoy Jr. e Panais Bouki | SP | 2009 | 03’00” O trabalho do PABX mistura música e vídeo. É uma proposta construída a seis mãos, 3 laptops, uma guitarra, um emulador e alguns quilômetros de distância. O trio concebeu esta música com vídeo via internet. Utilizou muitas ferramentas disponíveis na web. Cada um acrescentou sua construção num ir e vir incessante de informações eletrônicas - surge assim o primeiro single: Rádio.
Paisagem Desnivelada
Um breve pensamento sobre o futuro da indústria fonográfica.
O Reflexo de Narciso
Márcio Mota | DF | 2009 | 02’27”
Pássaros nos Fios
Bernardo Pinheiro | RJ | 2009 | 03’00” Vídeo de celular editado em múltiplos layers. Este vídeo busca intervir no olhar sobre a paisagem. Ele é a construção de um obstáculo visual ao ordinário movimento que surge no horizonte da paisagem/perspectiva. A fragmentação do tempo da imagem faz emergir uma verticalidade, ou seja, cria uma materialidade na superfície do vídeo. A profundidade e a horizontalidade da paisagem ficam desniveladas. Forma-se a intervenção do olhar. O tempo altera o espaço e monta uma nova imagem, mais líquida, “matérica” e irreal. O som é tradução do processo submetido à imagem. Uma excessiva captação do vento, que explode na face exposta do microfone.
Jarbas Agnelli | SP | 2009 | 01’00” Lendo o jornal, me deparei com uma curiosa foto de passarinhos pousados nos fios elétricos. Recortei a foto e decidi compor uma música, usando a exata localização dos pássaros como notas (sem edição no Photoshop). Eu sabia que não era a idéia mais original do mundo. Fui movido pela mais pura curiosidade de descobrir que melodia aqueles pássaros estavam criando. Mandei a foto para o fotógrafo Paulo Pinto, cujo site descobri na internet. Ele fez a gentileza de me enviar a foto original, que para minha surpresa, continha oito pássaros a mais! Voltei ao computador e finalizei a obra, agora com as notas que faltavam.
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Segredos de Banheiro
Thiago Alcântara | SP | 2009 | 01’23”
Portrait
Entre, tranque a porta e realize as suas vontades.
Pedra Mole em Água Dura
Paula Barreto | RJ | 2009 | 02’10”
Às vezes as lembranças incomodam.
Projeção de Bolso
Renata Ferraz | SP | 2008 | 01’30”
Psicótica
Lea Van Steen | SP | 2009 | 01’52” “Ponto de Fuga” é a direção para onde o objeto segue; se aprofunda.
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Marlom Meirelles Silva Nascimento | PE | 2009 | 02’07” Quando o medo se transforma em psicose.
Corpos e campo são vistos através de uma cerca. Conviver com o outro, se misturar e fazer parte dele. As transposições, as fronteiras derrubadas e outras tantas invisíveis transformam permanentemente a paisagem.
Ponto de Fuga
Maroca Sampaio, Laura Daviña e Roberta Guedes | SP | 2009 | 02’57” Vídeo experimental produzido com câmera de celular a partir da projeção de filmes durante a festa C.U.R.T.A. na Casa das Caldeiras (São Paulo), em agosto de 2009. O suporte das projeções é um caderno de bolso.
Acompanhando movimentação ondulante do reflexo de um homem, sobre superfície líquida, escutase sobretudo o sopro sibilante e contínuo de um Vento do mar. A eminente imaterialidade desta sombra nos faz aludir, talvez, a um fantasma, aqui contemplativo e titubeante que por vezes arremessa um projétil que inesperadamente quica ao invés de penetrar a superfície líquida.
Permuta
Francis Campelo | MG | 2009 | 00’10”
Punk
Pontogor | RJ | 2009 | 03’00” Uma festa punk.
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Regras
Renata Ferraz | SP | 2009 | 04’24”
Samy’s Melody
Samantha Oliveira Brianez, Paloma Oliveira, Paula Matta, Ricardo Palmieri SP | 2009 | 02’14”
Assim é se lhe parece. Olhe bem... veja só... em um mundo caótico e cheio de aproximações estéticas com necessidades de se controlar uma vida saudável e balanceada, uma brincadeira com imagens e truques facilmente revelados mostram três garotas que correm sem propósito.
Relógio de Areia
Bruno Graziano, José Hilário, Raiani Teichmann e Léo Filippi | SP | 2009 | 03’00” Ele brinca com o tempo. E com ele mesmo!
Revolta
Sangre
Cris Ventura | MG | 2009 | 02’30” Mariana ventura tem 10 meses, um vestido branco e morangos. Sangrar para a mulher não é esvaecer-se, é necessário e vital. Um feminino férrico que está ligado a mitos da fertilidade, virgindade, vida e morte.
Dirnei Prates | RS | 2009 | 02’24” Homens ao mar. (filme feito a partir da apropriação de cenas de “O Encouraçado Potemkin”, de Sergei M. Eisenstein.)
Sabor Tomate
André Hime e Huila Gomes | SP | 2009 | 00’29” Uma reflexão sobre o tempo, as micro-ondas e os tomates.
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Júri Mostra Competitiva Composto por críticos, curadores e artistas do Brasil e do exterior, o Júri da Mostra Competitiva do 4º Vivo arte.mov conta com representantes de festivais internacionais importantes, além de realizadores com percurso reconhecido na área da criação com mídias portáteis. São olhares que combinam diversos pontos de vista, com o objetivo de equalizar as diversas perspectivas com que o audiovisual para mídias portáteis tem sido tratado (em seu trânsito entre os circuitos da arte, do cinema e do vídeo). Como nos anos anteriores, esse formato misto pretende dar conta das várias vertentes que compõem a Mostra, de trabalho cuja ênfase é a pesquisa das possibilidades emergentes no âmbito da produção com mídias móveis a outros que flertam com formatos mais consolidados no espectro amplo de caminhos por que envereda a produção com som e imagem em movimento nas mais diversas telas por que se propaga.
Bruno Vianna Bruno Vianna trabalha com cinema, meios portáteis e instalações. Dirigiu 4 curtas entre 1994 e 2003, e lançou seu primeiro longa, Cafuné, em 2006. Em 2008 lançou um longa editado ao vivo, Ressaca, que usa uma interface desenvolvida especialmente para o projeto. Tem trabalhos em suportes portáteis como Palm Poetry e Invisíveis. É formado em cinema e tem um master pelo ITP-NYU.
Nacho Durán Nasceu em Astúrias, Espanha, e mora em São Paulo, Brasil, desde 2001. Produziu vários trabalhos em novas mídias que têm como ponto comum a investigação e experimentação com micro-cinema, interatividade, mobilidade e como VJ. Foi o criador do primeiro videoblog feito na América do Sul (www.feitoamouse.com.br/videoblog), em 2003, um diário online experimental feito de vídeos curtos em loop. Como VJ realizou apresentações individuais ou com os coletivos VisualRadio, Coletivo Virtual e TeleKommando, em clubes, festivais e mostras no Brasil, Argentina, Espanha, Portugal e França. Realizou Vj Clipes e vídeos experimentais e ministra conferências e oficinas sobre o trabalho de Vj e produção de áudio e vídeo para Internet e dispositivos móveis.
André Brasil Professor da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, onde fundou e coordenou, entre 2001 e 2005, o Centro de Experimentação em Imagem e Som (Ceis). Mestre em Comunicação pela UFMG, atualmente é doutorando na Escola de Comunicação da UFRJ. Participa da comissão de seleção e programação do Videobrasil - Festival Internacional de Arte Eletrônica e é curador da Mostravídeo do Instituto Itaú Cultural em Belo Horizonte. Participou da criação do site acadêmico Estéticas da Biopolítica: Audiovisual, Política e Novas Tecnologias, que trata do conceito de biopolítica e que foi recentemente disponibilizado na rede. Financiado pelo programa Cultura e Pensamento, do Ministério da Cultura, e desenvolvido em parceria com a Revista Cinética, o site disponibiliza ensaios críticos, ensaios audiovisuais, entrevistas, curadoria audiovisual, indicações e um fórum de discussão. São 21 debatedores e colaboradores que participam da produção do conteúdo, entre críticos, ensaístas, pesquisadores e artistas, de diversas regiões do Brasil e da América Latina. O site pode ser acessado por meio da Revista Cinética, no www.revistacinetica.com.br ou no www.revistacinetica.com.br/cep.
Arjon Dunnewind
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Arjon é o artista que dirige a Impakt Organisation. Ele organiza o Impakt Festival e vários outros projetos em andamento da Impakt, relacionados à apresentação e produção da arte em mídia. Também produziu séries de TV sobre videoarte e filmes experimentais, além de organizar programas e apresentações para museus e festivais dentro e fora da Holanda. Trabalhou para várias instituições nacionais de financiamento, regularmente dá palestras em academias de arte e é membro experiente de júris em festivais e eventos.
Steve Dietz Diretor artístico fundador do 01SJ Biennial: A Global Festival of Art on the Edge. É fundador e diretor executivo do Northern Lights – uma agência de artes interativas orientadas às mídias que apresenta arte inovadora na esfera pública. A agência foca criativamente nos artistas usando tecnologia para engendrar novas relações entre audiência e obra de arte e, mais amplamente, entre cidadania e o ambiente construído. Foi curador do New Media at the Walker Art Center em Minneapolis, Minnesota, onde fundou o departamento de New Media Initiatives em 1966, a galeria de arte online Gallery 9 e a coleção de estudo de arte digital. Fundou um dos mais antigos programas de new media independentes com sede no Smithsonian American Art Museum em 1992. Dietz foi curador e co-curador de numerosas apresentações como “Beyond Interface” (1998), “Art Entertainment Network” (2000), “The Art Formerly Known As New Media” 2005, e “Superlight” (2008). Foi co-curador, com Christiane Paul, de “FEEDFORWARD: Angel of History” no LABoral Art and Industrial Creation Centre in Gijon, Espanha, em outubro de 2009. O terceiro 01SJ Biennial com o tema “Build Your Own World” acontecerá em San Jose, CA, de 16 a 19 de setembro de 2010. 27
Simpósio Internacional arte.mov 28
O arte.mov busca refletir em sua programação um tema que é trabalhado anualmente em suas várias vertentes. O Simpósio Internacional é o espaço em que se problematiza a pertinência do tema norteador (definido a partir de “inquietações percebidas na sociedade mediada”). Durante o Simpósio, convidados, pesquisadores e artistas participantes impregnam o evento de questões e possíveis respostas para um estado de coisas percebido a partir da produção artística associada a tecnologias móveis e em rede. As atividades que se desdobram a partir do Simpósio, como as exposições, performances, workshops e showcases, fazem reverberar essas mesmas questões em traduções mais simbólicas e subjetivas. Por sua vez, as mostras audiovisuais, em seus vários temas e formatos, cumprem o papel às vezes informativo ou ilustrativo dos temas tratados. Assim, os conceitos esboçados se fazem sentir como um todo nas várias atividades e vertentes curatoriais da programação. Nos simpósios do arte.mov abordamos nos últimos anos os seguintes temas: _em 2006: o audiovisual em direção a uma cultura sem fio e a emergência do ‘locativo’; _em 2007: as utopias e as distopias das tecnologias sem fio, as formas como o espaço público pode ser permeado por tecnologias dessa natureza; _em 2008: o trabalho e as relações em rede, o espaço público e social mediados tecnologicamente, estratégias de colaboração e apropriação de produção intelectual; Em 2009 abordaremos a visualização e/ou emergência de novas geografias, percebidas pelos padrões de deslocamento, em suas perspectivas sociais, comunicacionais e subjetivas. 29
territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas conteúdo”.
Geografia Imaginárias Um dos aspectos mais contundentes do redesenho que as redes operam no espaço é a fratura dos territórios, que relativiza as fronteiras físicas ao tecer sobre elas malhas imateriais. O geógrafo Milton Santos e seu legado intelectual vêm nos pontuando novas formas de entender o espaço brasileiro em tempos de globalização e velocidade, sugerindo estratégias de sobrevivência para os fatalmente excluídos da instantaneidade e crescente mediação tecnológica da vida atual. Em A Natureza do Espaço, Santos define o corpus da geografia a partir de seu principal objeto, o espaço. Sua definição do conceito (“como ponto de partida, propomos que o espaço seja definido como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações”) articula duas dimensões nem sempre associadas pelos geógrafos: o espaço como materialidade e o espaço como campo onde o homem atua. Seu objetivo é frisar que o espaço é sempre construído, desdobrando-se em categorias como “a paisagem, a configuração territorial, a divisão 30
Outros aspectos importantes do pensamento de Milton Santos apontam para a compreensão de que “a realidade do meio com seus diversos conteúdos em artifício” resulta em “complementaridade entre uma tecnosfera e uma psicoesfera”. Por isso, é preciso levar em conta “a questão da racionalidade do espaço como conceito histórico e fruto, ao mesmo tempo, da emergência das redes e do processo de globalização”. Geografias Imaginárias reverbera esse entendimento historicizado do espaço como forma de refletir sobre as formas como as tecnologias portáteis vêm redesenhando as paisagens de mídias contemporâneas, saturadas de aparelhos e redes. Assim o arte.mov lança o debate das mídias móveis para o campo das geografias, buscando o entendimento das macrorrealidades e de mapeamentos indicadores de saberes A imigração é um ponto-chave para pensar até que ponto a sociedade contemporânea se constitui realmente em uma sociedade do fluxo e da mobilidade. Um trabalho contundente, neste sentido, é o projeto de observação tecnológica do estreito de Gibraltar proposto pelo Indymedia Gibraltar e pelo Hackitetura.net. Um trecho de um dos artigos do livro que documenta o projeto, “Confines, migraciones, ciudadanía”, de Sandro Mezzandra, resume o debate proposto: “minha convicção é a de que os movimentos migratórios contemporâneos permitem confirmar a tese que acabamos de levantar, mostrando a intensidade das tensões e conflitos desse movimento duplo de decomposição e recomposição dos confins. Mesmo sem esquecer os elementos de continuidade entre os movimentos migratórios dos últimos anos e as migrações de um século atrás, é necessário acentuar os indiscutíveis elementos de novidade: multiplicação dos modelos migratórios, forte aceleração dos fluxos, aumento da complexidade de sua composição (por exemplo, com forte aumento da participação feminina) e crescente imprevisibilidade de suas direções”. foto: http://estrecho.indymedia.org/newswire/display/7652/index.php
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entrecruzados, associando paradigmas que até há pouco não seinterpenetravam tão nitidamente. Certamente o tema remonta a debates anteriores que estabeleceram as bases para os pensamentos contemporâneos sobre a linguagem das mídias. Um exemplo é McLuhan, quando diz que a “cidade em si é tradicionalmente uma arma militar, e é um escudo coletivo de placas para armadura, uma extensão do castelo de nossas próprias peles. Antes da aglomeração da cidade, havia, claro, outras formas de agrupamento, notadamente nomádicos ou transitórios, como a celebração em torno do fogo ou da comida pelo homem caçador”. Por mais que na era digital possa existir a perspectiva de um novo estado social nomádico, persiste a noção de dependência estrutural da cidade e dos serviços a ela associados — que são, digase de passagem, muitas vezes os próprios viabilizadores dessas possibilidades de deslocamento ‘geoespacial’. Poderíamos considerar que agora, entretanto, isto (seriam os tais encontros transitórios? O nomadismo? A reunião na cidade?) é chamado de coleta de informação e processamento de dados. O pensador canadense detecta de forma precisa como a territorialidade se deslocou para o âmbito da informação.
Giselle Beiguelman
Cartografias Opacas: Território e agenciamento nas redes A inegável popularização e a bem-vinda melhoria e barateamento dos programas e dispositivos tecnológicos, tem sido acompanhada não só de novas esferas de experimentação, mas também de novos equipamentos de domesticação e controle do imaginário coletivo por meio da comoditização de discursos e práticas hacktivistas. São procedimentos que operam pela domesticação dos sentidos e pela conformação a modelos e regras de conduta, procurando apropriar-se das dinâmicas nômades das redes para sedentarizá-las, como os aparelhos de captura em relação às máquinas de guerra de que nos falam Deleuze e Guattari em Mil Platôs. Bom exemplo disso é o crescimento exponencial das redes sociais, indicativo de como são bem sucedidas as retóricas daquilo que venho chamando de “a era do capitalismo fofinho”. Um capitalismo em que tudo soa onomatopéico, feliz e redondinho, como os logos e os nomes das principais redes sociais da web 2.0. Elemento fundamental desse quadro cultural é a experiência da mobilidade. Afinal, o que impressiona no âmbito da experiência cultural da mobilidade é o seu atrelamento às esferas corporativas. É praticamente impossível falar em projetos criativos na área sem esbarrar em uma logomarca. O que é feito para rodar no Android, sistema operacional para celulares desenvolvido pelo Google, para assinantes da T-Mobile, p. ex., não
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Tijucoronto, da série Naturezas Mornas, em que Giselle Beiguelman inventa cenários impossíveis que surgem pela combinação de lugares distintos em uma mesma imagem: como no Parque rousseaniano, nestas imagens que resultam em paisagens de um estranho naturalismo pós-topográfico, tudo está no lugar, exceto o conjunto.
desde o surgimento da fotografia, a primeira arte pós-industrial segundo Vilém Flusser, um processo de criação dentro de cadeias industriais. No contexto da Internet, essa relação de tensão entre indústria de bens de consumo e criação foi não só maximizada como transformou-se, na sua primeira década de existência, no seu horizonte artístico. Horizonte artístico esse que era essencialmente crítico e questionador. No âmbito da cultura da mobilidade emergente neste início de século XXI, a
abertura para projetos desse tipo é muito menor, dado o atrelamento entre marcas de fabricantes e operadoras. Cada vez mais os serviços e produtos para dispositivos móveis estão não só relacionados com uma determinada marca e modelo de aparelho, como também aos acordos entre operadoras e os fabricantes dos aparelhos. Nesse contexto, “produsadores” , “fansumidores” e usadores críticos tornamse os atores centrais dos processos que se desenvolvem nas redes. Nesta palestra, serão apresentadas as estratégias que configuram as linhas de força que caracterizam as ações desses grupos. Acredito que a investigação das zonas de tensão que emergem nos confrontos e acomodações entre eles permite-nos cartografar seus procedimentos de territorialização e agenciamento , tornando suas dinâmicas menos opacas.
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TEMA 1
Geografias imaginárias, deslocamentos, padrões e limites da mobilidade recente No atual contexto de mobilidade, o fluxo de informações permite deslocamentos “sem movimento”, via rede. As fronteiras simbólicas e espaços tornam-se mais fluidos, como se perfurados por indícios de outros lugares a eles sobrepostos. Por outro lado, as fronteiras físicas parecem tornar-se cada vez mais rígidas. Um exemplo curioso é o trabalho do coletivo AnArchitektur, no livro An Atlas of Radical Cartography. Ele revela um paradoxo, ao mapear os campos de forasteiros usados na União Europeia para abrigar vítimas de extradição. Entre os mapas reunidos, está Death at Europe Frontiers, elaborado por Olivier Clochard e Philippe Rekacewicz. Segundo informação publicada no We-make-money-not-art, “apenas mortes documentadas são levadas em consideração, mas seus números ficaram muito acima de 7 mil mortes entre 1993 e 2006 (3 mil de dezembro de 2003 a 2006)”. Por isso, Regine Dèbatty considera que este “mapa mostra que o perigo não cessa quando se cruza um fronteira. Uma vez dentro União Europeia, migrantes devem enfrentar ataques racistas, condições de trabalho inseguras para ilegais, repressão policial, campos de internação etc.” Por outro lado, o cenário atual permeado por sistemas de informação geográfica permite imaginar espaços inexistentes ou redesenhar fluxos. Um dos casos mais distópicos é o conhecido Site-R, produzido no contexto do projeto iSee. Desenvolvido pelo Institute for Applied Autonomy, é um sistema que permite traçar rotas pela cidade de Nova York, para ir de um lugar a outro evitando passar, sempre que possível, diante de câmeras de vigilância. O IAA liga a cartografia às práticas de mídia tática, “estendendo 34
essas noções à representação espacial” no que eles chamam de “cartografia tática”, conceito que se “refere à criação, distribuição e uso de dados espaciais para interferir em sistemas de controle que afetam os sentidos e as práticas do espaço”. Outro caso, mais poético, é a série Portable Cities, de Yin Xiuzhen, composta de malas com miniaturas de cidades visitadas pela artista. Ela reconstrói a arquitetura de metrópoles complexas por meio de parâmetros subjetivos e memórias pessoais. Por exemplo: quando foi para Seul, sentiu ao chegar um malestar e enjoos que atribuiu ao jet lag e ao cansaço (descobriu durante a estadia que estava grávida). Usou essas sensações ao construir sua miniatura da cidade. Por isso, as malas que cria nem sempre são réplicas exatas das cidades, mas visões da artista sobre os lugares. Segundo o texto de Aimee Chang no site da exposição How latitudes become forms, realizada no
Walker Art Center, a urbanização “é uma parte seminal da vida cotidiana de Yin e, com frequência, um ponto focal de seu trabalho”. É o caso de Beijing (1999), em que “ela reconfigura o telhado de uma casa tradicional em Beijing e a cobre com telhas e fotografias de vizinhanças destruídas por causa do desenvolvimento corporativo voraz”. Chang explica que essas “séries de malas — modelos de várias cidades em velhas valises feitas de roupas usadas de seus moradores — são, nas palavras da artista, ‘um símbolo tangível do espírito movente do contemporâneo’”. Xiuzhen diz que “as pessoas em nossa contemporaneidade deixaram de residir em ambientes estáticos para se tornar almas em constante câmbio transiente”. Logo, “a mala se torna um objeto de suporte da vida moderna... o portador da construção contínua da entidade humana”. O tema das geografias imaginárias confronta a mobilidade tão ideal quanto virtual das redes com a rigidez do tecido global que aparentemente se move apenas na direção da desigualdade crescente. Em síntese, tratase de discutir como transformar as possibilidades de participação abundantes que as redes permitem em novos desenhos de mundo: será que as geografias imaginárias que surgem com estas novas tecnologias vão realmente concretizar novas geografias? Para comentar algumas das questões envolvidas pela complexidade do tema convidamos pensadores de vertentes distintas, que abordam em suas trajetórias aspectos valiosos para a compreensão dessas possíveis formas de geografia: o artista e teórico Marc Tuters (EUA), envolvido desde o início da genealogia do tema “locativo”; a artista Karla Brunet (UFBA-BA) que vem desenvolvendo projetos que buscam uma aplicação de tecnologias de posicionamento e localização; o filósofo Nelson Brissac (PUC-SP), criador do projeto Arte/Cidade, que em vários momentos ampliou a discussão do uso das tecnologias de comunicação como forma de compreender a cidade em seus fluxos menos visíveis, mas nem por isso menos avassaladores.
How latitudes become forms: para Aimee Change, Portable Cities “abraça noções de memória, qualquer se seja sua forma. Em seu trabalho, a memória se torna uma ferramenta critica que a permite discutir e examinar o político, o social, o histórico, o ambiental, e construtos humanos que a cercam”
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Marc Tuters (University of Southern California do Annenberg Centre, Estados Unidos)
Ideologia UBÍQUA: da Sociedade de Controle ao Parlamento das Coisas O potencial da computação ubíqua na vida urbana e na arquitetura foi bastante discutido em anos recentes. O centro de pesquisa de previsão em longo prazo, Institute For The Future (IFTF), por exemplo, afirma que estamos no limiar de uma nova era em que sistemas de informação incrustados e conscientes-delocalização vão transformar de forma fundamental nossa experiência da cidade. Apesar de avanços recentes significativos em tecnologia móveis, a visão do IFTF dos impactos socioespaciais destas tecnologias, assim como os debates sobre o gênero da ‘arte locativa’ (como antevista recentemente por William Gibson), parecem largamente motivados por visões utópicas do futuro. Narradas do ponto de vista de minhas próprias experiências como um ‘artista’ no gênero das mídias locativas, estas apresentações examinam os debates conforme eles foram acontecendo nos últimos anos no âmbito das artes em mídia, dos projetos de interação entre homem e computador e da arquitetura. Destaco visões entrelaçadas para o futuro da computação ubíqua, que é crítica da vigilância implícita nessas tecnologias e celebra uma visão de mundo ele mesmo como interface de uma rede distribuída entre sensores e atuadores. (Tuters, 2009)
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Cartographic Command Centre: a instalação de Marc Tuters constrói “espaço com três telas, cada uma apresentando diferentes projetos de mídia locativa”, com um “terminal móvel que permite ao visitante acessar e navegar por uma janela em particular”.
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Karla Brunet (Universidade Federal da Bahia, Salvador)
Arte, local e geografia experimental O interesse crescente em obras de arte locativa e o desenvolvimento de distintos projetos baseados em localização mostram que a importância do local é diversa. Em alguns casos, artistas e desenvolvedores têm refletido sobre o significado e a importância do local em seu trabalho. Como uma prática interdisciplinar crescente nos últimos anos, a geografia experimental sugere uma colaboração entre diferentes áreas de conhecimento, constituindo uma mistura de arte, ciência, tecnologia e ativismo. Essa experimentação propõe o local como algo de extrema importância na obra, no modo com que trabalha criticamente para criar novos entendimentos do espaço e novas formas de empoderar comunidades locais. Assim, proponho uma discussão acerca de projetos de geografia experimental tendo em vista como os artistas trabalham com o local/espaço/paisagem e quais as implicações estéticas e socioculturais em obras de arte e tecnologia.
Geografias do Mar: projeto de Karla Brunet “remete a noções espaciais, relações do ser humano com o meio ambiente e a diversas possibilidades geográficas que se pode ter em experimentar a obra”.
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Nelson Brissac (Arte/Cidade e PUC-SP, São Paulo)
O lugar e as especificidades dO espaço em contextos de grandes escalas Em sua palestra, Nelson Brissac vai abordar “as operações de projetos de arte em grande escala diante da logística industrial. Com a introdução de tecnologias da informação, e agora associadas ao posicionamento e mapeamento preciso dos espaços terrestres, as operações ligadas ao gerenciamento de ações em macroespaços, em territórios não-contíguos e de difícil acesso físico, poderiam levar a novas formas de intervenções na trama das relações que constituem esses espaços, em uma maior compreensão das questões envolvidas. No entanto isso não vem ocorrendo”. Para Brissac, “o incremento da mobilidade das mercadorias, num mundo industrial caracterizado por crescente eficiência logística (ferrovias, portos...), não corresponde a uma maior capacidade dos indivíduos em participar dessa movimentação. O território se acelera, mas o movimento se faz em linha reta, ponto a ponto. Tudo o que está entre (favelas, periferias urbanas, pequenas cidades) fica desconectado dos fluxos, reduzido à imobilidade. Como poderão os moradores desses interstícios, os nômades dos espaços lisos, restabelecer suas linhas de fuga, em ziguezague?”. (Brissac, 2008)
Vale do Aço, em Itabira: a microregião inserida na área metropolitana de Belo Horizonte é uma das áreas incluídas em Macro, plataforma de análise territorial em desenvolvimento por Nelson Brissac.
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paisagens de uma cidade agora pulverizada por vetores que localizam e deslocam seus habitantes, produtos, serviços.
TEMA 2
O espaço informacional: a arquitetura moldada pela comunicação, espaço público tornado infovia, a dimensão concreta da virtualidade A partir de obras que amalgamam a informação nos espaços de circulação (desde Haans Haacke, Jenny Holzer, Dan Graham ou fenômenos como a Times Square), começamos a entender a arquitetura e a noção de lugar não como algo rígido, mas como “espaço funcional”, como um ambiente em que se sobrepõem também informações e ocorrem des-locamentos de todo tipo, diante da informação e da comunicação visual. O conceito de Cidade em Rede, conforme discutido em 2006 pelo Hackictetura.net como resultado de pesquisas sobre o desenvolvimento de espaços públicos colaborativos, dá uma dimensão dos rumos atuais desse entrelaçamento entre elementos arquitetônicos “sólidos” e componentes maleáveis. Um implementação recente dessa cidade em rede aconteceu, entre 29 de maio e 7 de junho, na Praça da Bastilha, em Paris, em mais uma experiência no formato Wikiplaza. Com vários ateliês abertos, palestras e projeções de vídeo, o objetivo foi experimentar formas de “navegar, pensar, habitar a cidade rede”. O protótipo feito para a Cidade Luz consistiu de uma infraestrutura que combinou elementos arquitetônicos e sistemas digitais. Potencialmente, o acontecimento é capaz de estimular e discutir usos de tecnologias compartilhadas como forma de buscar usos particulares dos “fluxos eletrônicos que, sejam amigáveis ou hostis, transformaram a cidade contemporânea”.
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Que tipo de paisagens e cenários surgem como resultado desse fluxo de informação e tráfego de sinais em que o construído emaranha-se com as
redes, gerando fricções de toda ordem? O tema espaco informacional acena para o debate sobre essas novas formas de organização do espaço individual e público em que o fluxo de dados se torna tão crítico quanto o trânsito físico. São discussões que abrangem os desdobramentos da arte contemporânea, em sua vertente atrelada aos formatos simbólicos engendrados na relações com o espaço, em especial com o espaço arquitetônico e suas reconfigurações em curso na sociedade em rede. Que facetas e nuances surgem no espaço público, conforme este fluxo informacional conecta-se com redes que trazem o privado para a arena da cidade ou levam as ruas para a intimidades dos interiores? Neste contexto, o olhar e a produção de imagens ganha dimensões particulares, ao misturar registros pessoais a contextos coletivos. O tecido de dispositivos que gera presenças ubíquas redesenha os cenários e
O espaço informacional contemporâneo é uma mistura de físico e digital. As redes semfio acessadas por dispositivos portáteis constróem este mix em que a arquitetura da rede está atrelada à arquitetura da cidade, gerando fricções e tensões em espaços mistos. Ao contrário da web 2.0, em que o sonho de participação desenha-se por meio de ferramentas em que a conexão depende de afinidades e semelhanças, as redes que se movem sobre a cidade permitem ligações menos previsíveis. O inesperado e o imprevisto que transitam da rua para as telas dos dispositivos redesenhando espaços de socialização e redimensionando o que se entende por concreto e virtual. O tema do espaço informacional será discutido por: Renata Marquez, artista que vêm investigando em seus projetos as possibilidades das geografias portáteis (Belo Horizonte); Arjon Dunnewind, curador do Festival Impakt (Holanda); e Steve Dietz, crítico e curador do ZERO1 (Estados Unidos). Instalação de Jenny Holzer no lobby do 7 World Trade Center: camada de texto sobreposta à arquitetura do prédio construído em 2006 no lugar das torres gêmeas destruídas em setembro de 2001 Foto: Dogears, http://commons.wikimedia.org/wiki/file:jenny_holzer_7_wtc_detail.jpg
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Renata Marquez (http://www.geografiaportatil.org, Belo Horizonte)
Geografia Portátil Geografia portátil é um lugar de pesquisa, registro e crítica sobre a arte contemporânea e o conhecimento espacial que produz. Nos primeiros anos do século 20, a prática dos travel logs, registros oficiais que gravavam os eventos ocorridos durante uma viagem de navio ou avião, junto à prática das gravações etnográficas de campo, deram origem ao termo travelogue. Monólogo de viagem, diário de bordo. Pouco depois, os travelogues abandonaram seu caráter de registro objetivo e introduziram pequenas intromissões descritivas, transformando lugares ordinários em extraordinários. Hoje, chamamos travelogue a um registro ilustrado de viagem, a um álbum pessoal de itinerários, a uma aproximação entre a literatura, a arquitetura, as artes visuais e a geografia. O antigo monólogo de viagem transforma-se em diálogo, em convite à navegação.
Em contra-turismo, câmera de vigilância registra o inesperado crescimento de uma planta no muro: projeto de Renata Marquez lida com pequenas idiossincrasias do cotidiano impossíveis de serem vistas por quem vem (e vai) pelo mundo a passeio
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foto: site da artista
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Arjon Dunnewind (Festival Impakt, Holanda)
A cidade matriz Cidades e Culturas Urbanas são fontes permanentes de inspiração para artistas e cientistas, assim como para utopistas e derrotistas. A cidade preeminentemente é uma expressão de ideais em que ideias sobre funcionalidade e beleza, igualdade e felicidade são moldadas, onde a arquitetura e a (infra)estrutura encontram a imaginação, o desejo e a resistência. Desenvolvimentos da sociedade e tendências sociais geralmente têm origem em um ambiente metropolitano no qual as pessoas encontram, inspiram e provocam umas às outras, e onde as dinâmicas e facilidades técnicas necessárias para o desenvolvimento rápido dessas ideias estão presentes. As novas mídias mudam a noção de espaço público. Junto ao espaço público, existe hoje em dia também o espaço virtual. Esses espaços melhoram um ao outro, influenciam-se e mesclam-se (Realidade Aumentada, Computação Ubíqua). A cultura de rua mais do que nunca é uma cultura audiovisual: fazer cooper com seu iPod, aparelhos de som, telefones celulares com alto-falantes, tocadores portáteis de DVD e cenas (skate, parkour etc.) de filmes colocados no YouTube. “Cidade Matriz” mapeia a paisagem urbana como plataforma e fonte de inspiração para artistas contemporâneos. A cidade vista como um lugar de agrupamento de subculturas e comunidades e para formas de arte urbana típicas como a street-art, o graffiti e o parkour. Essa apresentação joga alguma luz sobre temas mais políticos como o relacionamento entre espaço público e privado e a questão de quem está a cargo do espaço público. A cidade também é apresentada como um ambiente audiovisual imersivo, como estrutura modal em que sistemas reais e virtuais se mesclam. (Dunnewind, 2009)
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O conceito de realidade aumentada tem se popularizado com o surgimento de aplicativos como o Wikitude e similares: na imagem, a visão do telefone celular ideal, conforme publicado pelo blog The Mobile Learning ao prospectar o rumo de tecnologias que sobrepõe espaços físicos e virtuais.
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Steve Dietz (Festival ZERO1, Estados Unidos)
Experiências em Mídias Móveis Universos paralelos não são apenas coisa de ficção científica ou mecânica quântica. Cada vez mais, vivemos em dois mundos: a corporiedade física e um outro, ou vários, a partir de nossos dispositivos. Desde as primeiras redes, artistas têm explorado a colocalização como tema de seus trabalhos. Tradicionalmente, por pelo menos uma década, isso tem sido discutido primariamente em termos de convergência entre poder computacional, dispositivos móveis, ubíquos, redes de banda larga e serviços locativos. Implicitamente, a colocalização foi uma opção. Você queria chamar alguém. Você usava seu telefone. Então o colocava de lado. Até que ponto, entretanto, esse universo hertziano de radiação eletromagnética e dispositivos relacionados não se torna um universo paralelo mas sim estéreo? Sempre ligado, sempre presente. Talvez tão “real” e necessário de negociar quanto os ambientes construído e natural. O autor apresenta as explorações de diferentes artistas do continumm hertziano e imagina as consequências imprevistas e não intencionais de viver em estéreo. (Dietz, 2008)
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ZERO1: festival com curadoria de Steve Dietz, que se autodenomina um criador de plataformas em série
falta foto
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TEMA 3
Mediações tecnológicas: entre a construção simbólica e as perspectivas de participação social Que tipo de construção simbólica ou estética os espaços informacionais vêm gerando? Como evitar dicotomias antigas entre aspectos assistenciais versus aspectos estéticos? Um fator importante para pensar essas questões pode ser inferido do texto publicado no blog coletivo The Futures of Learning. Nele, a principal diferença no papel ocupado pelos telefones celulares em países da Europa, ou Estados Unidos e Japão, em comparação com Brasil e outros do chamado sul globalizado, é explicada pela oposição entre mobilidade e conectividade. Nos primeiros, o telefone celular é celebrado como ferramenta que permite falar e executar tarefas como envio de e-mail em trânsito. Nos segundos, o aparelho é visto especialmente como um mecanismo de acesso a processos de comunicação para setores da sociedade até então excluídos. É curioso que, apesar disso, no Brasil os recursos mais sofisticados dos aparelhos são conhecidos por uma porção pequena de seus usuários. O país tem a maior indústria de telefones celulares da América Latina e sexta do mundo (mais de 140 mil aparelhos em circulação). Mesmo assim, estima-se que apenas 1% desses usuários potenciais utilizem recursos diferentes da fala.
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As formas de mediação tecnológica em rede avancam de forma inequívoca: mais dispersão conforme as mídias ficam cada vez mais portáteis; mais diversidade de linguagens, conforme os formatos audiovisuais geralmente mais complexos tecnicamente tornam-se viáveis nos formatos mais variados, com destaque para as atuais possibilidades de publicação de vídeo em microblogs e difusão por streaming a partir do celular. Isso não
significa que o acesso a essas tecnologias seja de fato amplo ou aberto ou que efetivamente produzam comunidades atuantes, capazes de transformação ou que promovam alguma participação relevante para um grande número de envolvidos. Além disso, pode-se questionar se esse aporte tecnológico resulta em redes em que o tecido social se articula de forma realmente heterogênea: até que ponto a diversificação de tecnologias alicerça tecidos sociais mais complexos? Até que ponto ela fixa os desenhos sociais na medida em que constróem estruturas tecnológicas que espelham estruturas consolidadas? Como esses trabalhos podem ser enquadrados no âmbito da arte contemporânea em seus aspectos estéticos e formais? Alguns aspectos destas formas emergentes de mediações tecnológicas passam pela novas formas de relação entre corpo e aparelho, que resultam
em novas articulações territoriais ou mesmo microcartografias que surgem no espelhamento entre espaço e organismo. São construtos que permitem novas formas de mapeamento e narrativa, pois oscilam entre escalas que vão do individual ao coletivo. Neste contexto, vale perguntar qual o potencial destas novas formas de relação mediada para gerar novos mecanismos de participação social. De que forma fenômenos como os microblogs multimídia e as tecnologias de realidade aumentada de baixo custo hoje disponíveis nos telefones celulares mais recentes mudam as perspectivas de inserção, diálogo e debate? Até que ponto a existência de novas tecnologias e formatos concretiza novas maneiras de socialização? O que elas significam e como mudam o estatuto das relações em sociedade? Será a web 2.0 capaz de permitir a cidadania 2.0? E os dispositvios de realidades aumentada, estão aumentando a participação efetiva? O tema será discutido por: Bruno Vianna, artista e cineasta que desenvolve filmes em tempo real e narrativas com realidade aumentada (Rio de Janeiro); Mariela Yeregyui, artista e teórica que investiga as relações entre corpo e tecnologia (UNTREF, Argentina); e Gilles Lane (Proboscis, Reino Unido). Hictu, microblog que aceita posts de texto, áudio e vídeo: a combinação de celulares com câmeras e gravadores de áudio e serviços de publicação multimídia transforma o bloco de notas em log de arquivos (e, melhor, ao invés de textos e rabiscos borrados, reúne registros potencialmente precisos).
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Bruno Vianna (Artista e Cineasta, Rio de Janeiro)
Descrenças suspensas, arquiteturas fixas: a cidade como meio para ficções flutuantes A popularização do uso da realidade aumentada em espaços abertos transformou a cidade no pano de fundo de elementos virtuais efêmeros. O uso do cenário urbano como suporte rígido para as ficções propostas pela realidade aumentada legitima a ilusão e promove o encantamento. Um exemplo é Invisíveis, em que a sobreposição entre mundo real e personagens fictícios abre novas possibilidades de construção narrativa. A fusão entre aparelhos portáteis e espaço público constrói fantasias que mesclam cenários reais com histórias inventadas. O projeto tem implicações curiosas, na medida em que não embaralha apenas registro e relato, mas também o mundo físico e o virtual. A partir dessa experiência, é possível tanto refletir sobre aspectos tecnológicos da realidade aumentada (quais suas possibilidades conforme as redes adquirem mais banda? e conforme os aparelhos ficam mais ergonômicos?) quanto questões relativas às possibilidades de um cinema que escapa da tela. Mas não se trata de personagens que saem da tela, como no filme A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen. Ao explorar uma intersecção em que não se pode mais falar em diegese, Invisíveis tira o “filme” da sala de cinema e transforma a tela numa espécie de aplique que molda com toques de ficção tudo o que existe em seu entorno.
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Ressaca: filme de Bruno Vianna explora possibilidades de edição em tempo real para contar a história de um adolescente nos anos 1980, equilibrando-se entre a puberdade e os planos econômicos do Brasil pós Ditadura Militar
foto: site do filme
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Mariela Yeregui (Universidade Nacional de Tres de Febrero, Argentina)
Celulares em movimento. Corpo e território na cena pós-mídia A proliferação e o desenvolvimento de interfaces eletrônicas móveis fomentam novas encruzilhadas na definição do corpo e em como ele se vincula com outros corpos no entorno espacial. Interface e corpo emergem como uma dualidade indissolúvel, em permanente deslocamento, delineando cartografias dinâmicas e efêmeras. O “território” se apresenta, assim, como uma categoria em ebulição, um cenário mutante e incerto, em continua re-definição. Torna-se central abordar como essas dinâmicas desligadas pela relação “homem-máquina móvel” articulam novas dimensões territoriais. (Yeregui, 2009)
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Proxemia, instalação robótica de Mariela Yeregui apresentada na exposição Emergentes (relização do Laboral e da Fundação Telefônica): uma comunidade de esferas acrílicas com fontes própria de luz rolam pelo chão e respondem a regras de movimento que as fazem mudar de direção quando se tocam ou encontram alguém que visita o espaço.
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Giles Lane (Proboscis, Reino Unido)
Experiências locativas e urbanas O Proboscis é um estúdio liderado por artistas que combina práticas artísticas com comissionamento, projetos curatoriais, design e consultoria para explorar temas sociais, culturais e criativos. Colaboração está no centro de suas práticas criativas e ethos: envolvendo colaborações inovadoras em campos tão diversos quanto pesquisa, mídia, música, desenvolvimento de comunidades, moradia e regeneração urbana, computação pervasiva, mapeamento e tecnologias para sensores. Os trabalhos do Proboscis incluem obras de arte colaborativas de grande escala como Mapping Perception, trabalhos de longa duração com mídia como Urban Tapestries e Diffusion Generator, iniciativas multiprojeto envolvendo pesquisa profunda e de alto nível sobre participação pública como Social Tapestries, obras de escala menor, intervenções e filmes como Topographies and Tales, fóruns experimentais e eventos como Human Echoes – A Dialogue on Cultures of Listening e iniciativas curatoriais de grande escala como Navigating History. Os projetos mais recentes do grupo incluem Sutton Grapevine e Sensory Threads.
Feral Robot Public Authoring: parceria entre Proboscis e Natalie Jeremijenko combina tapeçarias urbanas e autoria pública para criar uma ferramenta de sensoreamento de poluição e mapeamento para comunidades locais
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Programa Inter-Simpósio 58
Em sua quarta edição, o Vivo arte.mov inicia seu Programa Inter-Simpósio como forma de estimular um intercâmbio mais direto entre realizadores, críticos e público interessado em artes locativas. O objetivo é reunir estudos de caso em que serão discutidos diferentes aspectos das mídias locativas, em formato mais aberto que o dos debates temáticos inseridos no Simpósio. Desta forma, o festival pretende oferecer por meio de comunicações, painéis e falas de artistas um espaço para a reflexão continuada sobre questões mais ligadas ao desenvolvimento de projetos que usam aparelhos portáteis locativos, complementando por meio do intercâmbio entre realizadores (suas experiências e procedimentos) um painel amplos sobre a área. Serão discutidos temas como o mapeamento e as plataformas disponíveis ou almejadas atualmente, o potencial educacional dos telefones celulares e procedimentos para edição de imagens em tempo real.
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Nelson Brissac
Leila Dias
MACRO
Telinha de Cinema
Uma plataforma de mapeamento que permite a análise de dinâmicas territoriais por meio de procedimentos de vizualização de dados. Macro enfatiza situações críticas com objetivo de oferecer recursos para um entedimento denso de configurações geopolíticas, como forma de estimular o desenvolvimento de trabalhos nestes contextos (seja por artistas ou pelo poder público). Atualmente, a ferramenta circula na forma de DVD com versão beta em que é possível navegar pelo conteúdo, propondo um instrumento de negociação, elaboração de políticas territoriais e desenvolvimento de propostas de intervenção nas áreas mapeadas. O encontro tem por finalidade discutir como capturar a nova topografia e analisar os processos em grande escala, inacessíveis à experiência individual. O ponto de partida é uma apresentação de Macro, 60
dispositivo concebido para ampliar o repertório analítico e técnico dos atores locais e regionais na compreensão e gestão dos novos processos territoriais. Um dos objetivos do encontro é discutir desdobramentos possíveis e caminhos futuros do projeto.
Projeto que há três anos vem usando a telefonia móvel para contribuir com o processo de democratização da arte/educação e das novas tecnologias entre adolescentes de Palmas (TO). O Telinha de Cinema organiza oficinas e mostras, em sua sede ou em formato itinerante, constituindo-se em referência na disseminação das tecnologias móveis. Os projetos do Telinha exploram a facilidade de produzir conteúdo com telefones celulares, para estimular a criação de trabalhos audiovisuais por um perfil de usuário que muitas vezes só tem acesso a esse know-how dessa forma. É um exemplo prático de como, em países como o Brasil, a telefonia móvel tem sido responsável pela inclusão digital. São aparelhos mais baratos que os computadores, e mais versáteis também (quando se leva em conta a relação de custo e benefício entre recursos disponíveis em alguns celulares e seu preço nas lojas). Além disso, o Telinha de Cinema investe nas
possibilidades de difusão nesse contexto, em projetos como o Telinha na Escola, que leva para a sala de aula debates sobre os novos formatos do audiovisual.
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Nicolas Boritch e Joanie Lemercier
Marc Tuters
Antivj
Paruresis
AntiVJ é um selo visual iniciado por artistas sediados na Europa com trabalho que foca nos usos da luz projetada e suas influências em nossa percepção. Neste encontro, o grupo vai discutir como procura evitar setups e técnicas padrão, em performances ao vivo e instalações onde a projeção em volume, o mapeamento visual, o rastreamento, a realidade aumentada, a estereoscopia e as ilusões holográficas estão oferecendo experiências sensórias desafiadoras para o público. Serão discutidos exemplos de seus trabalhos, que propõe projeções em espaços públicos e ambientes fechados, pesquisando novas perspectivas de espaços sociais e comunicação cultural. Entre outros temas, o AntiVJ vai discutir como os artistas estão utilizando as tecnologias emergentes hoje em dia, e que impacto elas podem ter no futuro dos jogos, da música, da arte e da arquitetura. Dirigido por Nicolas Boritch e Joanie Lemercier.
Halbzeug: escultura de luz do AntiVJ construída com projeções sobre objetos tridimensionais exibidas na Transmediale 2007.
O termo “paruresis” se refere à fobia em que o sofredor é incapaz de urinar na presença (real ou imaginária) de outros. Combinando visão maquínica e sensores, “Paruresis” está localizada no banheiro masculino da galeria. A câmera filma continuamente a “área da cabeça” acima do urinol, e a armazena em uma memória buffer. Quando um participante começa a urinar, um sensor com lente de contato infravermelho é disparado. Conteúdo e interação em “Paruresis” pretendem endereçar um fenômeno particular exclusivo da biologia masculina. Claro que podemos fazer as mulheres testemunharem este espetáculo e/ou fornecê-las um urinol com aparatos do tipo, mas é central a ideia de exclusão inseparável do modo de interação. Todavia, vejo isso como um tipo de desenho com inspiração feminista extraído da ideia da teoria psicanalítica
lacaniana de que a potência vem de um falo simbólico que não pode ser possuído, e que o “falocentrismo” naturaliza ao transformar o pênis em um instrumento. Da mesma forma, no discurso estrutural feminista na teoria cinematográfica, atribui-se um grande poder malévolo ao olhar masculino. E ainda que, paradoxalmente, revele o espetáculo público da intimidade que ocorre no entorno do urinol masculino, esta obra mostra que o edifício da potência masculina é frágil.
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SIMPÓSIO INTERNACIONAL ARTE.MOV
GRADE DE PROGRAMAÇÃO .: Quinta
.: Sábado
.: Sexta
.: Domingo
Workshop Vídeo-correspondências / Nacho Simpósio “Geografias imaginárias” os espaços informacionais e as novas promessas de participação social Nelson Brissac Marc Tuters Karla Brunet
Arjon Dunnewind Renata Marquez Steve Dietz
Bruno Viana Giles Lane Mariela Yeregui
>> Encontro com Realizadores da Mostra Competitiva 2009
>> Mostra mobile internacional 3 - Dot.mov (Japão) Programa 2
>> Mostra audiovisual - Expandido 1 - Future Films Bienal de San Jose (01SJ, EUA)
>> Mostra Brasil 2 - O celular como instrumento de formação MVMB e Fábrica do Futuro
>> Mostra Mobile Internacional 1 - Mobilefilm (Hong Kong)
>> Mostra Mobile Internacional 4 - Pocket Films (França)
>> Mostra audiovisual - Expandido 2 - Impakt Fest (Holanda)
>> Mostra audiovisual - Expandido 3 - AND Festival (Inglaterra)
>> Mostra Mobile Internacional 2 - Dotmov (Japão) Programa 1
>> Mark America - An Image Coming (Spatial Remix)
>> Mark America - Deep Interior (Unconscious Remix)
>> Premiação Mostra Competitiva 2009
>> Mark America - Trail(er) Mix + Mostra Competitiva 1
>> Mostra Competitiva 2
>> Mostra Competitiva 3
>> Mostra Brasil 1
>> Comunicação/painel 4 - Giles Lane - Proboscis
>> Comunicação/ painel 1 - O celular como instrumento de formação – Telinha de Cimema (Palmas/Tocantins)
>> Comunicação/painel 2 - AntiVJs
>> Retrospectiva artemov 1
>> Retrospectiva artemov 2
>> Retrospectiva artemov 2
>> Retrospectiva artemov >> Da Obsolescência Programada - Lucas Bambozzi, Jarbas Jacome, Paulo Beto
>> Comunicação/painel 5 - Marc Tuters
>> Stereophonic - AntiVJ
Exposição: Geografias Imaginárias - >> Flight Patterns, de Pascual Sisto >> Culture Robot V4.0, de Kruno Jost, Ricardo Palmieri, Mateus Knelsen e Paloma Oliveira
>> Horizontes Textuais, de Bruno Vianna (work in progress) >> Urban Poetics, do Proboscis (work in progress)
>> Marginalia+Lab.
Eixo temático audiovisual / Geografias Imaginárias - >>Making the drawing, de Erik Nordenankar >>Nuage Vert, do HeHe Group
>>Global Safári (powered by Google), de Renata Marquez >>Epic 2014, de Robin Sloan
>>Flight Patterns, de Aaron Koblin
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>> Pocket Films for Travelers, de Juliana Mundim
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Em sua quarta edição, o Vivo arte.mov segue apontando tendências das artes locativas e do audiovisual produzido com mídias portáteis. Este ano, o Festival oferece ao público as mostras Geografias Imaginárias e Para além da tela pequena 4. Elas pretendem indicar os desdobramentos mais recentes na área, assim como oferecer um contexto para o entendimento de como o eixo temático do Festival aparece no trabalho dos artistas interessados nas possibilidades de aproximar arte e geografia.
Geografias Imaginárias
Geografias Imaginárias apresenta obras de artistas que vêm se destacando no universo da criação com mídias móveis. São trabalhos que enveredam por diferentes tipos de relação entre dispositivo e espaço, seja ao propor relações com arquitetura ou ao se apropriar de mapas para gerar interfaces. Enveredam assim por uma das tendências da arte atual, que propõe diálogos com a geografia (como fica explícito em exposições como Experimental Geography, com curadoria de Trevor Paglen e Nato Thompson, e An atlas of radical cartography, com curadoria de Lize Mogel e Alexis Baghat). Em Cartografias das Artes Locativas, a relação com o espaço é explorada de forma particular, em que se leva em conta a ocupação do território e seus usos, ao invés de simplesmente explorar seus topológicos. Para além da tela pequena 4 oferece ao público, em formatos multitela, vídeos de realizadores brasileiros e estrangeiros que estao apontando caminhos para o audiovisual feito com câmeras de pequeno formato. Sao projetos que se inserem no eixo temático do Festival, ao tratar de questões como padrões de vôo ou o imaginário do terrorismo contemporâneo. Dessa forma, aproximam-se de procedimentos ou introduzem temas às pesquisas em geografia. Além disso, complementa o espaço expositivo uma seleção de vídeos em loop, com documentação de experiência no cruzamento entre arte e geografia, ou em que o audiovisual se contamina pela lógica das mídias locativas.
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Espaço Expositivo Kruno Jost, Ricardo Palmieri, Paloma Oliveira e Mateus Knelsen
Culture Robot 4.0 O projeto se propõe a discutir as dicotomias presentes entre o universo individual e o universo coletivo, os conceitos de público e privado e as fronteiras mentais, por meio de um processo de workshops e uma videoinstalação interativa, que abordam a vivência e a experimentação de narrativas múltiplas e simultâneas dentro do espaço das cidades. A cidade é o plano de atuação da fórmula imagem+ação=imaginação no qual subjetividades colidem a todo momento, não somente no encontro entre sujeitos, mas nas interpolações de signos de expressão particulares que evocam a experiência do inconsciente coletivo por meio do fluxo de informação na urbe.
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Resgatando uma proposta situacionista, o projeto visiona a criação de um processo aberto e coletivo em busca da construção de novas cartografias urbanas — psicogeografias. Para a criação dessas cartografias urbanas, dados serão captados por participantes do evento, que coletarão sua experiência particular por entre as ruas e grupos sociais, cujas trajetórias narrativas serão representadas gráfica e cineticamente pelo movimento de avatares-robôs sobre mapas imaginários.
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Mostra Audiovisual Making the drawing [fazendo o desenho]
Epic 2015
Epic 2015 é um filme criado em Flash lançado em novembro de 2004. Baseado numa apresentação feita no Poynter Institute, o filme apresenta o ponto-de-vista de um museu de história da mídia ficcional. Ele explora os efeitos da convergência entre agregadores de notícias populares e outras tecnologias de web 2.0, como blogs e redes sociais sobre o jornalismo, e a participação dos usuários em uma sociedade em grande parte hipnotizada. O filme popularizou o termo Googlezon e abrange temas como privacidade e direitos autorais.
Erick Nordenankar | Suécia | 2008 | 4’
Flight Patterns
Dia 17 de março de 2008, enviei uma mala contendo um dispositivo GPS por meio da companhia de transporte expresso DHL. Dei-lhes instruções exatas de viagem, para onde ir e em que ordem. A mala retornou 55 dias depois a Estocolmo. O GPS gravou automaticamente sua jornada ao redor do mundo. A informação foi descarregada em meu computador e revelou o meu desenho. Graças às técnicas de desenho com GPS e à magnitude do desenho, o autorretrato foi feito em um único traço. Esse traço gigante passou por seis continentes e 62 países, tendo assim 110.664 km de comprimento.
Global Safári (powered by Google)
Renata Marquez | Brasil | 2009 | 12’ Testando os limites do Google Earth, desenhamos um roteiro para um “cine-safári” feito apenas com o movimento de nossa navegação. O itinerário parte do local exato do piquenique concebido por Charles e Ray Eames, em Chicago, em seu filme de 1977 Powers of Ten e dali empreendemos uma expedição sempre numa distância vertical de 10 em 10 vezes (como no filme dos Eames) a fim de criar uma narrativa através dos índices de miopia de várias cidades: Chicago, Belo Horizonte, Dubai, Cidade do México, Istambul, Pequim, Paris, Moscou, Londres e Tóquio. Volta ao mundo em 12 minutos!
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Robin Sloan e Matt Thompson | Estados Unidos | 2004 | 8’
Aaron Koblin | Estados Unidos Projeto de visualização de dados que traça rotas precisas de vôos de aeronaves no espaço aéreo dos Estados Unidos, por meio de cores e formas. O resultado é uma animação surpreendente do caminho feito por milhares de aviões em um único dia.
Nuage Vert / The Wheel
HeHe Group | Reino Unido / Alemanha | 2009 Video sobre Nuage Vert, projeto do HeHe Group. “Uma instalação com luz, em escala urbana, torna visível o principal ícone da poluição industrial, alerta o público, gera discussão e pode persuadir as pessoas a mudarem padrões de consumo”.
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Pascual Sito
Flight PATTERNS
Para além da tela pequena 4
Padrões de voo confronta imagens de pássaros e aviões. Contraste entre a fluidez sinuosa do voo orgânico e a geometria linear do voo mecânico. As imagens são exibidas como uma instalação com dois vídeos single channel projetados num canto de parede, resultando numa projeção com formato em “V” na qual os vídeos saem do canto em direção às paredes esquerda e direita.
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Igor Amin (Belo Horizonte)
Juliana Mundim
Microvídeos
The things that happen when i think of you
Instalação com trabalhos de microcinema espacializados em telas médias e pequenas, formando um conjunto de micronarrativas sobre temas como o imaginário contemporâneo sobre o terrorismo, as relações sociais no ambiente urbano e as políticas da afetividade que surgem nos encontros e desencontros cotidianos entre as pessoas.
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“The things that happen when i think of you” é uma série de vídeos curtos que resultam numa espécie de diário online sem palavras. Situações cotidianas tratadas de forma a valorizar aspectos inusitados (ou elementos inseridos) em paisagens e cenários de outra forma comuns.
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Workshops/ WORK IN PROGRESS
Na quarta edicao do Vivo arte.mov, seraoSrealizadas oficinas com alguns realizadores convidados do Festival. O objetivo é propor dinâmicas que oferecam ao público local a oportunidade de experimentar os processos e tecnologias que estão modelando o universo das mídias locativas (tanto na vertente mais ligada às formas de inserção do audiovisual em redes móveis quanto na vertente que enfoca a sobreposição entre sistemas de informação e espaço público. As oficinas deste ano assume o caráter de trabalhos em processo, em que artistas atuante na cena de arte com mídias móveis desenvolvem em interação com o público projetos que deslocam-se entre o pedagógico e o expositivo.
Proboscis
Urban Poetics (work-in-progress) A oficina vai discutir como o grupo britânico vem investigando em seus projetos o potencial social e cultural da “autoração do espaco público”, visando o mapeamento e o compartilhamento de conhecimento local, histórias e experiências. Ela tem por objetivo refletir sobre as possibilidades atuais das poéticas urbanas, servindo de base para o desenvolvimento de um projeto voltado para a discussão sobre o meioambiente na cidade de Belo Horizonte. Entre os estudos de caso que serão apresentados como ponto-de-partida para estabelecer a dinâmica com o público local, estão Urban Tapestries, Storycube e Snout. Neste último, através de passeios lúdicos pela cidade, são explorado usos da computaçãoo vestível (wearable computing) e sem fio para aferir através de sensores específicos e interações junto a comunidades, informações sobre seu ambiente (como por exemplo os níveis de poluição sonora e visual), estabelecendo diálogo com formas de comportamento coletivo.
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Storycubes: um dos workshops oferecido pelo Proboscis enfoca as possibilidades de criar formatos incomuns de publicações, usando sistemas como o Generator e o Diffusion.
Mapa com pontos onde aconteram ações de Snout, em Londres
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Workshops/ WORK IN PROGRESS
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Nacho Durán
Bruno Vianna
Video-correspondências (work-in-progress)
HORIZONTES TEXTUAIS (work-in-progress)
A oficina trabalha a partir da possibilidade de usar dispositivos portáteis para trocar mensagens audiovisuais entre pessoas distantes que, dessa forma, passam a se corresponder e gerar diálogos com imagens e sons. Conduzida por Nacho Durán, Video-correspondências faz parte da programação do Ano da França no Brasil e se propõe a estabelecer contatos entre participantes em Belo Horizonte e Paris, através de experiências audiovisuais em mídias móveis realizadas em momentos diferentes. As vídeo-correspondências criadas em Belo Horizonte servem como material para a realização da oficina em Paris, quando serão criadas as cartas-respostas.
A oficina de Bruno Vianna vai partir da experiência de realização de Invisíveis, durante a segunda edição do Vivo arte.mov, para discutir possibilidades para o projeto Horizontes Textuais, em que o enterno do espaço Cento e Quatro será tomado como cenário para ficções em realidade aumentada. Invisíveis tem por objetivo experimentar as possibilidades de desenvolvimento de narrativas audiovisuais em sistemas de realidade mista. Por meio de software que permite inserir na tela dos telefones celulares imagens e textos disparados conforme a localização do aparelho em uma determinada área. Por meio da tecnologia desenvolvida para este projeto, os participantes da oficina Horizontes Textuais poderão pesquisar o entorno do espaco onde
acontece a quarta edição do Vivo arte.mov, situações cotidianas de relacionamento entre pessoas, a arquitetura do local e sua configuração urbanística. Todo este material será usado para o desenvolvimento da obra Horizontes Textuais, que será criada na forma de pequenas crônicas urbanas em que sobrepõe visível e invisível num tecido que mistura ficção, realidade, mundo e rede. 77
Performances 78
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DJ Spooky
TERRA NOVA: Sinfonia Antarctica Um dos trabalhos mais conhecidos do DJ Spooky será a performance de abertura do arte.mov. Terra Nova: Sinfonia Antarctica é uma performance multimídia em larga escala, que propõe um retrato acústico de um continente em rápida transformação. O encontro de individual de Miller com uma paisagem áspera e dinâmica é transferido para retratos multimidiáticos com musica composta para as diversas geografias que compõe a massa terrestre. Miller faz gravações através de um estúdio portátil, criado para captar as qualidades acústicas das formas do gelo na antártica, o que reflecte um ambiente em transformação e desaparecimento. Juntamente com imagens históricas, científicas e geográficas, a performance de 70 minutos cria um momento único e poderoso em torno do relacionamento do homem com a natureza. O projeto está inserido no eixo temático da 4ª edição do Vivo arte.mov, ao propor uma reflexão em imagens e sons, executada em tempo real, sobre uma das regiões com geografia mais fascinante do planeta, que é muito mais conhecida de forma mediada que presencial. Apesar de existirem muitas imagens sobra a Antártica, poucos visitaram este continente que habita tanto a fantasia humana quanto a consciência de um planeta com problemas ambientais que tem no derretimento das calotas polares um dos índices do aquecimento global.
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Lucas Bambozzi, Jarbas Jacome e Paulo Beto
Da obsolescência programada Performance em três partes. A primeira parte envolve uma experiência de mediação com o público: as pessoas que adentram o teatro são convidadas a deixar seus aparelhos celulares e/ou câmeras fotográficas digitais ligadas. No início da apresentação o público será incitado (através de um texto projetado nas telas) a levantar seus braços com os celulares, mostrando os displays acesos voltados para cima. Uma câmera posicionada no alto do palco capta as luzes dos aparelhos e as transmite para uma tela vazada (voil preto ou tela profissional Rosco) que cobre a ‘boca-de-cena’, funcionando como uma reverberação das ações do público — que percebe a interação na medida em que faz movimentos, vistos na tela à sua frente. Aos poucos as ações dos interatores vão resultando em gráficos e formas visuais autônomas e as luzes projetadas vão ganhando movimentos próprios, que respondem agora às pulsações dos graves e agudos da música. O processo de rastreamento dos movimentos dos celulares e câmeras (isqueiros inclusive) pelo público é feito através do software Vimus, desenvolvido por Jarbas Jacome, em um processo de “blob detection” (detecção ou rotulação de regiões da imagem) numa técnica semelhante à utilizada em telas do tipo multitouch. A segunda parte da apresentação se inicia em sobreposição aos gráficos projetados na tela preta. Nesse momento, as telas do fundo se acendem e as imagens são acompanhadas de ruídos, em sincronismo que ainda afeta as imagens projetadas na tela preta frontal. Inicia-se um diálogo entre as imagens projetadas nas telas brancas do fundo e as imagens projetadas na tela preta vazada frontal. Há um desenvolvimento contínuo nesse percurso e aos poucos permanecem apenas as imagens nas telas do fundo. As imagens, 82
antes mais abstratas, ganham contornos figurativos mais explícitos, remetendo a tentativas de constante ordenação e desconstrução — podendo por exemplo, fazer referência a estruturas deterioradas, situações anacrônicas ou ainda situações de abandono ou precariedade tecnológica. As imagens funcionam como padrões para o desencadeamento de sons (seja a partir de formas geométricas, relações de contraste ou mapeamento do movimento nas próprias imagens). A terceira parte da apresentação é criada com imagens em sequência que registram a destruição sistemática (através de um martelo) de uma série de produtos tecnológicos, a maioria deles obsoletos ou beirando a obsolescência — mídias como floppy disks, fitas VHS, telefones sem fio, cartuchos de impressora, celulares, teclados de computador, impressoras, lâmpadas e outros. Todos eles vão sendo quebrados e, um a um, vão produzindo um som forte e característico do material do qual são feitos. Pode ser o desejo de muitos estar ali segurando o martelo, em busca de alguma ‘catarse’. Ou em uma operação de desafio e ‘desforra’, uma pequena vingança por conta de consumirmos tantos produtos tecnológicos que vão durar muito pouco em nossas vidas. São mais de 100 sequências de vídeo distintas, gravadas em alta definição (em sutil slowmotion de 60p) com duração entre 2 e 6 segundos, manipuladas com sincronismo de áudio e vídeo, em uma espécie de duelo ou embate, formado pelas duas telas brancas ao fundo.
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Eletronika e Arte.Mov apresentam
Principles of Geometry + AntiVJ
Um Show Estereoscópico Colaboração audiovisual entre a banda francesa retro-futurista de música eletrônica Principles of Geometry e o selo visual AntiVJ. A esteresocopia (tecnologia usada em cinemas IMAX para exibir imagens com óculos 3D) é uma técnica quase tão antiga quanto a fotografia, que permite recriar uma ilusão de profundidade de campo com duas imagens planas. Ao adicionar um terceiro eixo ao plano X/Y, as imagens deixam a dimensão 2D da tela para finalmente juntarse aos nossos espaços de vida. Depois de mais de um ano gasto em pesquisa e desenvolvimento, o AntiVJ chegou a um número de ferramentas para gerar e controlar conteúdo estereoscópico 3D ao vivo. O resultado é uma viagem em tempo real por um mundo 3D minimalista monocromático. Usando óculos 3D polarizados, a audiência é imersa nas imagens, voando sobre um mundo vizualizado como grade preta e branca múltipla. Submerso por ondas sucessivas de elementos geométricos brilhantes o público sente-se lentamente engolido por paisagens futuristas imaginadas há muito tempo. www.antivj.com/POG | www.principlesofgeometry.com www.antivj.com Créditos “Principles of Geometry + AntiVJ: Um show estereoscópico” é um projeto financiado pela organização cultural francesa Arcadi. A banda Principles of Geometry é contratada da gravadora Tigersushi.
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MOSTRAS INFORMATIVAS 86
“Cinema expandido não é sinônimo de filmes feitos com computador, fósforos de vídeo, luz atômica, ou projeções esféricas. Cinema expandido nem mesmo é um filme: como a vida é um processo de devir, o homem passando pelo impulso histórico para manifestar sua consciência fora de sua mente, diante de seus olhos. Não é mais possível se especializar numa única disciplina e esperar verdadeiramente expressar um quadro claro de sua relação com o ambiente. Isto é especialmente verdadeiro no caso da rede intermídia de cinema e televisão, que agora funciona como nada menos que um sistema nervoso da humanidade” – Gene Youngblood, Expanded Cinema, 1970
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Mark Amerika
Immobilité O primeiro filme de arte para celular em longa-metragem
Uma história sobre um mundo futuro no qual o sonho de viver em utopia só pode ser sustentado por uma tribo nomádica de artistas e intelectuais, Immobilité, de Mark Amerika, mistura a linguagem dos “filmes estrangeiros” com a pintura de paisagem e a metaficção literária. O trabalho composto usando um método de atuação sem roteiro, improvisacional, e imagens gravadas com telefone celular com estilo intencionalmente amadorístico ou DIY [do-it-yourself, faça-você-mesmo] semelhante às formas em desenvolvimento de vídeo distribuído em ambientes de mídia social como o YouTube. Ao interfacear esta forma lowtech de fazer vídeo com formas mais sofisticadas e filmes de arte europeus, Amerika ao mesmo tempo pergunta e responde a questão: “Qual o futuro do cinema?”.
Immobilité é um “filme estrangeiro” de longa -metragem filmado inteiramente com um telefone celular na Cornualha, no Reino Unido. O apoio financeiro para a criação de Immobilité foi fornecido pela Tate Media, pela University College Falmouth, pelos prêmios Innovative Grant e LEAP Awards da University of Colorado.
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Trail(er) Mix - 03:33 Mark Amerika / Chad Mossholder
Deep Interior (Unconscious Remix) Rick Silva 02:57
Hauntological (A Digital Remix) DJRABBI 03:00
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Elenco e Créditos Criado por Mark Amerika Trilha sonora original de Chad Mossholder Com Camille Lacadee e Magda Tyzlik-Carver
Remixes Mobile Em seu Caderno de Notas, o artista e diretor de Immobilité, Mark Amerika, introduz o conceito de remixologia. Na versão de Amerika da arte-vida, somos todos nascidos para remixar. Quais os sonhos e memórias ativas senão remixes pessoalmente renderizados de material bruto multimídia? Estes remixes em áudio e vídeo são extensões do material bruto como sonho que se mantém em circulação através das várias iterações do projeto. An Image Coming (Spatial Remix) - 03:05 Mark Amerika / Chad Mossholder 88
An Image Coming (Spatial Remix II) Chad Mossholder 02:09
Audiologues (5) Chad Mossholder Times Variable 89
MOSTRA POCKET FILMS 90
Há seis anos, os telefones celulares na França foram equipados com câmeras. Em 2005, o Forum des Images criou o Pocket Films Festival, em parceria com o SFR, para explorar o potencial dessa nova ferramenta de comunicação como meio inovador de expressão artística agora disponível para o público. Reconhecido hoje em dia ao redor do mundo por seu esforço pioneiro e pelo expertise na pesquisa da criação audiovisual com tecnologias móveis, o Forum des Images chega à sexta edição do Pocket Films. A seleção a seguir mostra os trabalhos mais representativos desta edição, em primeira mão para o público brasileiro.
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Dominó
Sandy Claes, Daan Wampers | Bélgica | 2007 | 2’
Por Aqueles
Ciné Pocket Belgique 2008, animação curta, sem diálogos.
Simon Bouisson | França | 2009 | 2’ La Fémis 2009, doc. curto, sem diálogo Um jovem cola uma de suas criações polêmicas sobre um muro, rapidamente obrigado pela polícia a rasgá-la. Um manifesto poético pela liberdade de expressão.
Acordar
Marco Silvestri (2) | Itália | 2007 | 2’
Incidente
Michael Szpakowski | Reino Unido, 2008 | 1’ Appel à films 2009, doc. curto, sem diálogos
CortoFonino Film Festival 2008, doc. curto, sem diálogos.
Um travelling delicado nos faz testemunhar o surgimento da violência em um quarteirão residencial.
Garota Chuvosa
Situação 4.4
Jérôme Genevray | França | 2009 | 2’
As Unhas
Clement Deneux | França | 2008 | 7’
Appel à films 2009, ficção curta, sem diálogos
Appel à films 2009, ficção curta, falado em francês
Acordar de bom humor, e portanto receber a chuva em seu rosto... Uma fábula com acidez.
Quando os amigos de Antonio lhe impedem de roer as unhas, ele não imagina que a festa se tornará um pesadelo. Fulguração horripilante ao estilo de Rec.
Raphael Maze | França | 2008 | 3’ Appel à films 2009, curta experimental, sem diálogos.
Noturno
Dario Apostoli | Itália | 2008 | 2’ Réseau Pippo Delbono, curta experimental, sem diálogo À noite, os ombros humanos se embalam ao sabor das ondas; esta dança ritmada pelo vai-e-vem de um corpo hesitante entre a terra e a água.
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Sacola de Polietileno
Alex Itin | Estados Unidos | 2008 | 1’ Disposable Film Festival, doc. curto, falado em inglês
Não Vamos Contar os Pontos
Ellen Lake | Estados Unidos | 2008 | 53” Disposable Film Festival, doc. curto, falado em inglês
O encontro improvável de um homem embalado em um saco, no metrô. Um fragmento insólito do cotidiano ilustra a indiferença que reina nas cidades modernas.
Domofonia
30 Dias de Tiros
Ludwik Lis | Polônia | 2008 | 4’
Sua Foto Comigo
Jocelyne Rivière | França | 2009 | 4’
Mobilicities, doc. curto, falado em polonês
Appel à films 2009, doc. curto, falado em francês
Na Polônia, ao procurar imóveis, um jovem inicia seus amigos e vizinhos na composição musical com o digicode: uma fábula moderna e poética.
Uma jovem vestindo uma máscara de Quasímodo ganha a vida posando diante das objetivas dos turistas, sobre a marquise de Notre Dame. Um retrato vívido.
Kirsten Lepore | Estados Unidos | 2008 | 2’
Shh
Disposable Film Festival, curta experimental, falado em inglês
Ben Slotover | Estados Unidos | 2008 | 4’ Disposable Film Festival, ficção curta, falado em inglês Dois homens perseguidos destroem seu apartamento... O que vão encontrar atrás das paredes é surpreendente. Um crescendo louco com sotaque lynchiano!
Turbo 2088
Guillaume Ballandras, Aurélien Durand | França | 2008 | 2’ Minimob, ficção curta, sem diálogos Uma força misteriosa traz à terra o corpo de um jovem adormecido. Ele desencadeia uma ascensão ao céu que lembra muito uma descida aos infernos.
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Ascensão das Máquinas
Pavel Piskorski | Estados Unidos | 2008 | 2’ Disposable Film Festival, animação curta, sem diálogos Quando as máquinas de nosso cotidiano se rebelam, ninguém está abrigado. Depois deste filme de animação, você não vai mais olhar seu secador de cabelos da mesma maneira!
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MOSTRA DOTMOV 96
DOTMOV é um festival de cinema digital organizado pela revista online SHIFT, com objetivo de descobrir criadores talentosos desconhecidos e fornecer uma oportunidade de mostrar seus trabalhos. Para o DOTMOV 2009, foram inscritos um total de 264 trabalhos de 30 países, e 19 excelentes trabalhos foram selecionados e alguns deles receberam comentários dos júris convidados. Todos os trabalhos selecionados também serão exibidos no webiste da SHIFT. O festival deste ano vai acontecer no Japão e em outros países, a partir de Novembro de 2009. O arte.mov estabeleceu parceria com o DOTMOV, de forma a trazer a Belo Horizonte, logo no início de sua itinerância, a mostra com os melhores trabalhos do ano.
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Maestro Drum ‘n’ Bass
4’30” | 2009 | Reino Unido
Free Style Fu
6’20’’ | 2009 | Japão Direção: Kai Fujimoto
Direção: Addictive TV
Música: Kochitola Haguretic Emceez feat. Kyo Sakurai
Battlestar [Estrela da Guerra]
É hora do show!!!
3’10’’ | 2009 | Austrália
BabyDance [A Dança do Bebê]
4’18’’ | 2009 | Japão
Direção: Mark Simpson (Sixty40)
Direção: Kai Fujimoto
Música: Harmonic 313 (Warp Records)
Música: Kuromiya feat. Osa
4’47’’ | 2009 | Japão
Solea
7’29’’ | 2009 | Japão
Direção: TOOWAII
Direção: Yugo Chiba
Música: Takashi Sasaki
Música: Naohito Uchiyama
Atriz: CAY
Hibi no Neiro
3’51” | 2009 | EUA Direção: Magico Nakamura,Masayoshi Nakamura, Masashi Kawamura, Hal Kirkland
LoopLoop
5’00’’ | 2009 | Canadá Direção: Patrick Bergeron
Música: sour
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Infantlavarized
4’06’’ | 2009 | Japão
Um Monte de Coisas Inúteis
2’25’’ | 2009 | Japão Direção: Kyu Shibayama
Direção: Toshinori Tanaka Música: Teruyoshi Matsumoto
Superfície
3’10” | 2009 | EUA
Uma Sala Apenas
Direção: Varathit Uthaisri (TU)
12’00’’ | 2009 | Japão Direção: Akira Noyama
Música: Napat Snidvongs (Plum)
Você é o Sony da Minha Vida
3’38” | 2007 | Reino Unido
Prédios
Direção: David Muth
5’44’’ | 2008 | Japão Direção: Tomoyoshi Joko
Música: GCTTCATT (Mego)
Berlim
4’11’’ | 2006 | Alemanha Direção: Karl Kliem
Buraco em Um
7’33’’ | 2004 | Alemanha Direção: Verena Friedrich
Música: Alva Noto + Ryuichi Sakamoto
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kanozyo no kinoko ha boku ga taberu no
3’20’’ | 2009 | Japan Direção: Yasushi Hori
Acolá
3’29’’ | 2009 | Alemanha Direção: Emilia Forstreuter Música: Sam Spreckley
Miss Bloodberry
20’00’’ | 2009 | Japão Direção: Toru Miyagi
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Mostra IMPAKT 104
A Fundação Impakt foca em apresentar e estimular a renovação das artes audiovisuais em um contexto interdisciplinar. Com essa finalidade, a Impakt organiza o Festival Impakt, que acontece anualmente na Holanda, além do Impakt Events, voltado para projetos que tratam de um tema específico, um movimento ou um artista. A cada ano, são lançados projetos de net.art na galeria web do Impakt Online (http://www.impaktonline.nl). Além disso, a Impakt dirige uma produtora e um programa de residência, ambos chamados Impakt Works. Raising é o programa educacional e infantil da Impakt. Na 4ª edição do Vivo arte.mov, os curadores do festival selecionaram 4 filmes apresentados nas diversas edições da mostra holandesa, como forma de apresentá-la ao público de Belo Horizonte.
Em Movimento Uma seleção dos melhores trabalhos que foram inscritos no Impakt Festival 2009, com tema da liberdade e do prazer do movimento. De padrões abstratos no metrô de Paris à patrulhas de fronteira que impedem amantes de se unirem. Um passeio radical livre através da paisagem finlandesa e uma viagem para a terra natal de beleza clássica que evocam estados alucinatórios da mente. (Curadoria de Arjon Dunnewind, Impakt Festival, Holanda) 105
Interstícios
Michel Pavlou | Grécia/Noruega | 2009 | 3’
Jalkeilla Taas (a.k.a. Prá Lá e Prá Cá De Novo)
Uma série de cenas filmadas no metrô de Paris, editadas ao ritmo dos trens e portas automáticas. O efeito caleidoscópico de ver através das janelas dos trens conforme eles passam uns pelos outros determina a geometria da imagem. Uma composição de movimentos paralelos e divergentes verticiais e horizontais: os da câmera mas também os dos trens e as rolagens dos painéis de publicidade. O tráfego cotidiano e a correria urbana são temas recorrentes no trabalho de Michel Pavlou, preocupado com a investigação da dimensão fílmica primária: o tempo. Seus filmes e vídeos se movem nos interstícios do tempo e do espaço, endereçando tensões estáticas e dinâmicas, presentes e ausentes, revelação e ocultamento.
As Bordas do Império 1
Chen Chieh-Jen | Taiwan | 2009 | 27’ O filme abre mostrando as várias checagens pelas quais os cidadãos de Taiwan precisam passar quando solicitam vistos para os Estados Unidos, seja para negócios, turismo ou razões familiares. A diretora então discute como o império emprega todos os meios disponíveis para penetrar toda e qualquer área com sua mentalidade imperialista. Em sua entrevista com Chen Chieh-Jen, Amy Cheng escreve que As Bordas do Império 1 faz uma reflexão sobre a internalização da consciência imperial pela sociedade de Taiwan. Em certo sentido, o filme externaliza o pensamento embutido e internalizado em suas consciências enquanto, em outro, os atos de escrever e falar sobre o tema são começos de um movimento para “eliminar a mentalidade imperialista”. Em outras palavras, para os cidadãos de Taiwan este trabalho tem um efeito de rasgar para fora a mentalidade imperialista internalizada e melhorar a consciência de si. Para o Império, é um protesto de “relações exteriores” contra suas atitudes dominadoras contra nações estrangeiras.
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Maarit Suomi-Väänänen | Finlândia | 2009 | 9’49” Jalkeilla Taas (a.k.a. Prá Lá e Prá Cá De Novo) é um filme experimental sobre negociar a estrada da vida. Imagens oníricas e surrealistas flagram um carro Datsun 100A se movimentando, coberto por uma camada espessa de neve e gelo, por uma paisagem de verão. Algo inexplicável virou de cabeça para baixo um dia de outra forma ordinário. Dor escondida.
Ketamina / por trás da luz
Carsten Aschmann | Alemanha | 2009 | 20’38” “Que tipo de estrada escolhi?” pergunta uma voz. “Nossa Terra é bonita” responde do vazio um velho. Diante do pôr-do-sol dois garotos jogam frisbee. Lugares e elementos se alternam. Por túneis longos onde venta muito nós fazemos uma viagem para Veneza. Gondoleiros balançando seus capacetes, enquanto o tempo passa. “Ketamina” é um filme sobre sons, beatitude, Arte e Vida sem confrontos errados e blefes em sua iminência.
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Mostra AND
Abandon Normal Devices
Programa de Filmes Curtos Abandone Dispositivos Normais www.andfestival.org.uk A primeira edição do AND Abandon Normal Devices (Abandone os dispositivos normais) aconteceu em Liverpool (Reino Unido) em setembro de 2009. Realizado este ano através do FACT (Foundation for Art and Creative Technology), o festival questiona os padrões da produção artística e audiovisual e coloca o foco em artistas que propõem abordagens peculiares. O programa que será apresentado no Vivo arte.mov reúne filmes curtos que jogam a cautela ao vento. Inclui dramas, animações e artistas usando técnicas não convencionais, em que cineastas apresentam visões lúdicas e provocativas do mundo e nossos corpos inseridos nele. De paraquedas DIY a movimentos militaristas, e explorações formais do código digital, estas são mini aventuras mentais para almas curiosas. A Mostra AND acontece no arte.mov em colaboração com o CREAM, Festival de Arte e Mídia de Yokohama 2009, Japão.
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Balcões
Abby Mannock | 3’
Intruso
Um brilhante exercício animado em cores.
Aanatt
Estranha perspectiva e reflexão desconfortante.
Let Me Feel Your Finger First Max Hattler | 5’
Tim Shore & Gary Thomas, em colaboração com Anaïs Bouts | 11’ “...no mundo polimorfo do burlesco, onde todo mundo dá e recebe sopros à vontade… a violência é universal e sem conseqüências, não há culpa.” Pascal Bonitzer, Le Champ aveugle (1982)
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Francis | 8’30” Um personagem animado “defeituoso” de nove anos, estranhamente observado por um psicólogo infantil.
Geometrias stop-motion deslumbrantes.
Burlesco
Dawn Woolley | 1’11”
Paraquedismo
Katy Merrington | 2’ Um brilhante exercício animado em cores.
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Forma Binária
Chirstinn Whyte e Jake Messenger | 2’30” Movimento animado em código binário.
Párias
Ian Clark | 30’ Uma garota apaixonada, um pop star em perigo, e uma gangue em ação... Alguém vai se queimar!
Aviso de 2 Minutos
Ann Guest | 2’ Resfriado de pássaro. Você tem dois minutos. Você foi avisado.
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Mostra ZeroOne
Filmes do Futuro 114
A mostra Future Films criada para a Bienal de San Jose (01SJ, EUA) apresenta um espectro de vídeos de linguagens inovadoras. que dialogam com as demais mostras audiovisuais do arte.mov em uma seleção que inclui trabalhos recentes da Austrália, China, Coreia, Japão, Taiwan, Nova Zelândia, Vietnã e Tailândia. São trabalhos que se enquadram em categorias distintas: os chamados ‘machinima films’, animações, mash-ups, vídeos autorais, produções parodiando Hollywood, vinhetas típicas do Second Life, além de produções realizadas com ou para celulares. Curadoria de Steve Dietz
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Objetos Quentes
Peggy Ahwesh | 2007 | 6’
Zorns Lemma 2
Honra
Daniel Garcia Andujar | 2006 | 5’24”
A Insustentável Leveza do Ser
Kota Ezawa | 2005 | 1’
Denis Beaubois | performance de 1996, video lançado em 1997 | 9’13”
Dê Nome Àquele Filme
Jenny Fraser | 2007 | 9’40”
Jonn Herschend | 2005 | 4’30”
Eu
Ahree Lee | 2005 | 2’30”
No Evento da Amnésia, a Cidade Vai Lembrar (Sydney)
Porque Isto Não Vai Vender Bem
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Natalie Bookchin | 2007 | 12’
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Norte Ascendente
Jane Marsching | 2007 | 9’
Terra Plana
Thomson + Craighead | 2007 | 7’09”
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MOSTRA marginalia lab 120
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Cinthia Mendonça
Corpo Zona de Intevenção (CZI) A proposta do projeto é promover o diálogo entre tecnologias: o corpo e o vídeo e sua manipulação digital. Propõe-se experiências com corpo, performance, manipulação de vídeo e projeções no espaço público em tempo real. O projeto consiste em dois experimentos: Parangolé Olho, onde dispositivos de captação e transmissão ao vivo de imagem e sons adicionados a Parangolés; e Escala-da, onde projeções de corpos em grande escala no espaço público dialogam com a presença do corpo que executa a ação projetada. 122
Julia Valle e Luis Castilho
Generator Generator é um software de modelagem de indumentária na qual as funções desempenhadas por máquina e criador perdem sentido quando isoladas. Partindo de uma modelagem inicial básica produzida digitalmente pelo criador (seja ela uma parte de cima, um vestido ou uma calça), a máquina gera deformações infinitas que resultarão em novas formas. Essas formas serão por fim trabalhadas novamente pelo criador, responsável pela união das partes recortadas em tecido e por transformar a modelagem plana em um objeto tridimensional único. 123
Antônio Valladares, Luis Castilho e Marina Noronha
Furniture Processing Furniture Processing é uma interface para desenvolver peças de mobiliário que respondam às demandas individuais dos usuários. Aliada a parâmetros fornecidos pelo usuário, tais como relações ergonométricas, estruturais e de acabamento, são geradas peças únicas.
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Vicente Pessôa e Felipe Turcheti
Espaço Processo Partindo da modulação do espaço e da intersecção de formas planares, Espaço Processo é um sintetizador de formas tridimensionais, acessadas pelo observador por meio de interfaces digitais planas. O resultado desta intersecção de planos são formas escultóricas, materializáveis ou não, que, devido à sua natureza ambígüa, comportam diversos significados.
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Fernando Rabelo e Sérgio Mendes
Deslocamentos Uma tela móvel. Ao ser deslocada de sua posição original, revela imagens ou gráficos que fazem parte desse conteúdo submetido ao princípio cinético da interface que revela e esconde o que não está enquadrado no espaço da tela.
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Mostra O Celular como ferramenta cultural e pedagógica 128
Na Mostra “O celular como ferramenta cultural e pedagógica” estudantes e professores participantes das oficinas do Minha Vida Mobile apresentam trabalhos criados e desenvolvidos nas escolas. Todos os vídeos foram feitos usando aparelhos celulares e foram filmados e finalizados em até quatro horas. Os temas abordados foram escolhidos pelos próprios realizadores. Além disso, está inserido nesta mostra o Projeto Conexão Digital Guia.mov. Trata-se de uma Residência Criativa do Audiovisual realizada pela Fábrica do Futuro em parceria com o Instituto Telemig Celular, atual Instituto Vivo. As diretrizes do projeto: cultura, juventude e tecnologia, na qual os jovens residentes participaram de um processso colaborativo e compartilhado apreendendo as estéticas barroca, modernista e contemporânea aliado a um aprendizado e experimentação no campo do audiovisual. Imersos nas respectivas cidades que representam os três momentos históricos: Ouro Preto, Cataguases e no Museu de Inhotim em Brumadinho, os jovens realizadores, amparados pelo suporte das novas tecnologias, contaram com diversas oficinas, teóricas e empíricas, que resultaram nesta série de micrometragens que retratam e reesignificam o patrimônio cultural.
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Viramundo
O Amor não tem limites
Racismo
Violência doméstica
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feito por: Sarah, Giulia, Fernanda, Thiago, Mirela.
Água potável bem finito
Trabalho feito para o minha vida mobile em ouro preto para dizer nao ao racismo.
Rap do Inhotim
trabalho feito no mgm pelas amigas sobre o racismo.
Trance de roda
Este trabalho, pensado, criado, filmado e interpretado pelas próprias integrantes do grupo, reflete sobre fatos que fazem parte do dia-a-dia das crianças e jovens que frequentam o Instituto Deco20
1x1 45 do segundo tempo
A gente se esquece que a água é importante e bem finito. Faça a sua parte, cuide da água.
Trabalho realizados pelos participantes da oficina do MVMOB realizada no Museu Inhotim, na cidade de Brumadinho, MG. A letra, escrita jovens artistas, fala desse lugar incrível que é esse museu a céu aberto, enquanto que a dança, inspirada na street dance, faz “moldura” para as instigantes obras lá expostas. Legal é que várias linguagens se entrelaçam nesse trabalho feito com celulares N95.
Video clip sobre uma trance diferente. Produzido em Nova Lima com um Nokia N73.
Trabalho criado pelos alunos do IENT.
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Futecóptero
e se podéssemos voar?
O Atleta
A vida de um Atleta.
A disciplina do futebol
Professores Antenados
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oficina de celular no instito deco 20
Trabalho feito durante a oficina no Colégio Santa Dorotéia, em Belo Horizonte. Roteiro, filmagens e interpretação dos participantes, professora Walquiria, professor Vinicius, alunos Pedro, Laura + . Proposta: discutir as relações entre estudantes, pais, filhos e a violência.
Frevo
Bebida e volante não combinam
Dengue
A evolução do Prof. Clayton
Vídeo realizado durante oficina com professores da E. E. João Solimeo, localizada no histórico bairro da Freguesia do Ó, zona norte de SP. Na falta de uma trilha sonora, os próprios professores e professoras cantaram, exercitando a capacidade criativa de todos sujeitos.
Vídeo realizado pelos professores da E. E. João Solimeo, localizada na Freguesia do Ó, zona norte da cidade de São Paulo.
Vídeo realizado durante oficina na E.E. João Solimeo, localizada na Freguesia do Ó, em SP. Por meio de animações, as professores abordam o sério problema de saúde pública: a dengue.
As diferenças de comportamento do nosso professor!!
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Conexão Digital de Sons e Imagens – Guia.mov 15 min | 2007 Uma série de vídeos produzidos coletivamente durante um projeto de Residência Criativa do Audiovisual, em que os jovens retrataram as estéticas barroca, modernista e contemporânea tendo como suporte as novas tecnologias, contribuindo para o reconhecimento e difusão do patrimônio cultural. filme realizado como parte do projeto Projeto Conexão Digital Guia.mov
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Lucas Bambozzi, em nome da curadoria e organização
O lugar genérico e as especificidades da negociação As artes locativas em uma visão de dentro da turbulência Épocas novas não a fizeram os automóveis, nem os tanques, nem os aviões sobre os telhados, nem os bombardeiros. As novas antenas continuam a difundir as velhas asneiras. A sabedoria continuou a passar de boca em boca.” Bertold Brecht, 1927 A frase de Brecht é provocativa. Aqui também, intencionalmente, desafia as novas tecnologias. O festival arte.mov investe há quatro anos nas perspectivas das chamadas “artes locativas”. Passamos a enxergar nessas tecnologias uma perspectiva de criação artística séria, com reflexos marcantes nas tramas urbanas e com extensão para aspectos sociais relevantes. Em 2007, vislumbramos uma forma de apoio a projetos inéditos, e viabilizamos de forma tímida um projeto de realidade aumentado concebido por Bruno Vianna (Invisíveis, realizado para espaços específicos do Parque Municipal de Belo Horizonte). A partir de então criamos o edital de mídias locativas, um mecanismo para um apoio aberto a participantes de todo o Brasil, de forma mais consistente e regular, na expectativa de que a cada ano pudéssemos viabilizar ao menos um projeto nessa linha, que utilizasse o potencial de uma tecnologia atual, porém ainda desconhecida nos circuitos da arte, para explicitar possibilidades e tensões entre os dispositivos portáteis e os espaços públicos de circulação e compartilhamento na cidade. Comparando esses meios a um outro conjunto de tecnologias que engendraram euforias anteriores, como a que acompanhou a realidade virtual ou a net.art, as mídias locativas acumulam a simpatia de terem escapado dos limites da
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tela do computador desktop e permitirem o vagar na trama da cidade. Há claro, problematizações em processo: se as mídias locativas clamam o mundo para além das galerias ou das telas de computador como territórios, como preconiza Marc Tuters, em Beyond Locative Media (2004), onde estão estes trabalhos hoje? Por que não vemos nessas perspectivas o surgimento de uma produção realmente consistente e mais presente em nossas expectativas de confluência entre o virtual e o real? Se esse tipo de proposta guarda relações intrínsecas com práticas potentes no campo da arte, como o conceito de sitespecific e da arte relacional, que envolvem os espaços físicos e suas tensões, por quê
a apatia do circuito da arte vem a projetos dessa natureza? Dentre as práticas correntes, subvencionadas na maioria das vezes, espontâneas em sua minoria, que consistência podemos esperar para essa ‘arte locativa’? Não há necessidade de arriscar coclusões precipitadas. Não são poucos os projetos que foram apresentados no arte.mov, e juntos formam um panorama bastante consistente das possibilidades nesses meios: além de Invisíveis (2007) de Bruno Vianna, tivemos Tactical Sound Garden (2006-2007), de Mark Shepard, apresentado efetivamente e com upgrades, no Parque Municial de Belo Horizonte; AIR (2007) do grupo Preemptive Media, atualizado e adaptado especialmente para o festival, a rede Zexe.net (2005-2009), de Antoni Abad apresentados na forma de instalação e documentação, a partir do canal Motoboys, desenvolvido em São Paulo; Burro Sem Rabo (2006-2007) do Hapax, que foi implementado com novas técnicas de visualização de deslocamentos aplicados a uma perfomance; Locative Painting (2007) de Martha Gabriel Cruz; Filosofia da Caixa Prata (2008) de Giselle Beiguelman, projeto não estritamente locativo mas agenciador de ações a partir de dispositivos móveis; The Head (2004) de Laura Bellof, e finalmente o pioneiro Can You See Me Know? (2001-2008) do
grupo britânico Blast Theory, um trabalho seminal que já alcançou o título de clássico, em uma mídia que mal completa oito anos de possibilidades integradas entre recursos de localização, visualização e transmissão de dados em alta velocidade. Além disso tivemos showcases com trabalhos do grupo Proboscis do Reino Unido, o projeto Murmur, do Canadá, representado por Gabe Sawhney na forma de workshop, Loca (2006), do grupo de Drew Hemment, apresentado no arte.mov como documentário; e a apresentação dos projetos brasileiros selecionados no prêmio de arte locativa criado pelo festival Descontínua Paisagem (2008) da dupla Velazquez/Carboneras e Culture Robot 4.0 (2009) de Ricardo Palmieri e Kruno Jost. Esse conjunto forma certamente um painel significativo do que de melhor se produziu no mundo nessas mídias, em que pesem desdobramentos sociais, mapeamento de dados, compreensão de ‘interfaceamento’ e mediação tecnológica, se desdobrando em experiências lúdicas ou de deriva, mesmo que de forma transitória ou fugaz e tornando mais possível entender as urgências de participação na chamada vida pública. Mas talvez esperássemos por maior número de projetos sendo disparados em redes 3G pelo mundo, para que a potencialização entre arte e vida pudesse ser melhor amparada pela tecnologia em idealizações menos utópicas. Gostaríamos talvez de ver as grandes bienais ou feiras de arte absorvendo essa produção e produzindo as novas estrelas de uma arte do posicionamento e da localização. Em algum ponto, no âmago de nossas expectativas ou na própria tecnologia, há uma sensação sutil de que talvez possamos nos decepcionar. Ou talvez, não estejamos equalizando bem nossas euforias. Do ponto de vista operacional, os problemas são mais fáceis de detectar: projetos ditos locativos demandam uma logística que associa interesses nem sempre confluentes. Eles dependem de subsídios, de uma estrutura lateral, paralela, que implica em negociações, investimentos de programação e 137
de manutenção, envolvendo produtores, agenciadores, fabricantes, operadoras de comunicação, corporações. Tais iniciativas não acontecem sem um pretexto, às vezes efêmero: eventual, por assim dizer – e investirmos num festival se justifica em grande parte por alargarmos essas vias necessárias. Mas de um ponto de vista mais teórico, vamos percebendo como os postulados mais eufóricos caem por terra, e que as tecnologias e conceitos a ela associados começam a apresentar efeitos colaterais. Dentre as possíveis distopias (tema amplificado no simpósio do arte.mov 2007) estão as expectativas de participação social e as crenças de que os avanços tecnológicos estariam promovendo mobilidades nunca antes vistas, dada a crescente popularização desses dispositivos.
Equalizando euforia Por exemplo, quando se fala em mobilidade muitas vezes surgem pensamentos sugestivos acerca das possibilidades de deslocamento e das facilidades de dar conta do espaço físico, em escala global. Paul Virilio, em seus pensamentos menos céticos com relação à tecnologia (1997)1 nos dizia que a infografia nos ajudaria a percorrer espaços, que os intervalos constituintes da história e geografia de nossas sociedades seriam preenchidos pelas interfaces que operam em tempo real. Os problemas de distancia espacial foram suplantados por problemas temporais, de tempo vencido ou faltante. Assim, quando pensamos em deslocamentos, não apenas físicos, mas experimentados em condições subjetivas, somos incitados a imaginarmos em uma condição ‘nômade’, criativa, excitante pelo desconhecimento das especificidades dos espaços transitoriamente habitados. Gostaríamos de acreditar nos prazeres desse estado em deslocamento, em constante porvir (uma atualização do ‘vir-a-ser’ em função do espaço). Para Jordan 1
Open Sky, 1997, Verso, pp. 10, 19, 30 .
Crandall (2005), essa seria uma condição de readiness, um alerta continuo, que desprezaria toda inexatidão ou ineficiência do mundo em sistemas de busca ou nas redes otimizadas para o capitalismo 2.0. Tal estado de alerta é incompatível com sistemas precários, com a iniquidade social, com as gambiarras do terceiro mundo. Os espaços a serem percorridos pela infografia envolvem junções heterogêneas, como uma configuração de periferia e centro juntos, a favela em rede, o local em conflito com o global. Nesse contexto, que tipo de nomadismo, por exemplo, pode ser caracterizado por uma tecnologia que não permite uma comunicação telefônica minimamente cômoda entre países vizinhos na América do Sul? Que tipo de nomadismo pode ser concebido para um contexto de cerceamento de liberdades civis por tecnologias que se apuram em controle, posicionamento e biometria? As fronteiras físicas nessa nova equação espaço-temporal não se esvaneceram, pelo contrário, parecem estar cada vez mais rígidas. Há 20 anos caiu o muro de Berlim, mas hoje complica-se o controle 2 3
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fotos : joão miranda
alfandegário entre Brasil e Espanha, entre França e seus territórios ultramarinos, entre os Estados Unidos e o resto do mundo, e em especial nos grandes hubs aéreos internacionais como Heathrow, J. F. Kennedy, Miami, Charles de Gaulle, Frankfurt e Narita – mesmo entre países do ConeSul, parece haver mais desconfiança do que facilitação de fluxo. Pergunta-se: o ir e vir, o trânsito entre fronteiras, o deslocamento entre culturas tem sido de fato facilitado, ou vem se tornando mais complexo, mais desconfiado, sujeito a medições biométricas, dadas as ferramentas de escrutinização que utilizamos? Sabendo de nosso pouco poder de negociação diante de sistemas que nos prometem pequenos confortos, já somos conscientes dos prós e contras de nossas escolhas, e habilitamos os cookies em nossos browsers, permitimos pequenos Cavalos de Tróia em nossos computadores. Inútil colocarmos na balança os efeitos dessas transações de bastidores, em algum momento nossas escolhas definem um perfil que será anexado a nossas vidas, e aceitamos coniventes, nem tanto a vigilância mas de fato, o rastreamento, como enfatizado por autores nem tão apocalípticos como Thomas Levin, David Lyon, Felix Stalder ou Brian Holmes. Problematizações como essas podem ser, para muitos, um tanto redutivas ou retóricas, um tanto inócuas até, em países onde o digital é mais solução do que questão. A multidão hiperconectada em um país como o Brasil (160 milhões de aparelhos celulares em uso) envolve inevitavelmente a participação, em rede, dos “homens lentos” delineados por Milton Santos2. São forças que ensaiam inadvertidamente formas de resistência centradas na deserção ou na evacuação dos lugares de poder, algo que se constitui também como fator de desmantelamento, de reversão e esvaziamento do poder formalmente constituído. Essas seriam “as forças subjetivas implicadas, as vontades e desejos que recusam a ordem hegemônica, as linhas de fuga que forjam percursos alternativos” como interpreta Peter Pál Pelbart (2004:88) ao tratar do avesso das ‘forças do império” descritas por Hardt e Negri.
A natureza do espaço, 1996, pgs 50, 75, 204. Domínios do Demasiado III, Reverências e Andrajos, 2008, pgs 1, 6.
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Poderíamos então entender que lugares não são mesmo rígidos em sua constituição física e que estar sob a égide de um mundo que visa a eficiência não implica apenas em conivência ou co-optação. Isso significa acreditar em potencias micropolíticas, em subjetividades advindas da percepção do espaço físico não apenas em suas peculiaridades ou especificidades. São por estas frestas que pode-se imaginar que viver em estado de nomadismo pode ser uma acentuação do potencial de fluxo entre dois contextos. O nomadismo poderia assim ser um espaço de invenção, “pode ser uma condição disparadora de processos criativos e investigativos”, como descreve Fabiane Borges 3 .
Lugares móveis É no mínimo curioso observar que a partir de experiências percebidas pela portabilidade, pela miniaturização de câmeras e processadores da computação ubíqua, passamos a imaginar com maior insistência, o lugar “lá fora”, o espaço exterior. Com certeza aí estão os aspectos mais salientes desse novo nomadismo, de um lugar que se habita transitoriamente, e por isso se generaliza, se torna qualquer. Haveria então um quase-paradoxo: a especificidade do lugar demanda reconhecimento, envolvimento, atenção concentrada para um contexto. A portabilidade e as qualidades dos fluxos que caracterizariam um novo nomadismo, implicaria muitas vezes num desprezo às particularidades do contexto. Creio que essas exacerbações são em parte conseqüências do crescimento do chamado “espaço informacional’, não como planejamento da arquitetura, mas na própria condição de arquitetura, como efeito de determinadas estruturas urbanas constituídas a partir de informação e comunicação. De um modo ou de outro, o lugar se mostra novamente em pauta. Diante da vastidão de possibilidades, entre uma obra de Richard Serra, uma projeção de 140
Jenny Holzer e um projeto de realidade aumentada para um espaço específico da cidade surgem também pontos em comum. As possibilidades ‘entre’ uma noção e outra de ocupação do espaço, não evitam a pergunta: como foram negociados esses trabalhos? Que tipo de obras ainda surgirão nesses novos e movediços ‘lugares’ que tomam forma no mundo e que demandam cada vez mais a explicitação de acordos ou mecanismos de negociação? Estes são alguns indicativos de que há novos conflitos envolvidos num meio que nasce a partir da indústria da comunicação – de forma anda mais acentuada do que ocorreu com a net.art por exemplo. Talvez seja importante buscar as qualidades destas mídias em outros aspectos, mais ligados ao tráfego de informação, e menos dependentes dos parâmetros mais tradicionais de valores estéticos no campo da arte. Armin Medosch, em palestra de abertura do simpósio do arte.mov 2007 nos incitou a pensar o quanto ainda podemos estar repetindo euforias anteriores. Utopias com relação à transmissão sem-fio já houveram algumas: na transmissão de energia elétrica sem fio por Nicola Tesla, nos manifestos Futuristas em que Marinetti elegia as ondas
de radio como benéficas, estimulantes para o cérebro. E até o presente momento, o curso da história das mídias móveis parece ter caminhado em direção contrária à expectativa de Bertold Brecht por exemplo, tendo em vista que as emissões de rádio e televisão se consolidaram não de muitos para muitos mas de poucos para muitos. É fato, porém, que o caráter potencialmente distributivo e aberto de sistemas de comunicação em rede sem fio ainda está sob configuração e haveria portanto um mundo de possibilidades ainda por serem exploradas. Afinal, o que será feito com os 160 milhões de aparelhos celulares em uso no Brasil? Essa base se reverterá em alguma plataforma, em algo para uso comum? Na realização do arte.mov, nos acompanha nesse percurso não apenas o desafio de enfrentarmos um sistema de forças e fraquezas ainda em turbulência, mas também uma noção de responsabilidade: para que a realidade social não seja mediada de forma a se tornar inócua, lisa, sem os relevos e as intensidades da vida. Nesse sentido, dentre os projetos socialmente relevantes que apresentamos, tanto AIR, do Preemptive Media, quanto Can You See Me Know? Do Blast Theory, como Snout, do Proboscis (previsto para 2010) não foram ‘trazidos’, mas adaptados ao contexto brasileiro no sentido de produzir uma conscientização com relação ao contexto e ao meio ambiente, numa visão ampla e distante da superficialidade ou oportunismos que permeiam alguns projetos nessa linha. Já nos projetos de Antoni Abad (arte.mov 2007) fica nítido o agenciamento das tecnologias móveis como forma de gerar empoderamento para comunidades, periféricas ou excluídas (como taxistas na Cidade do Mexico, Ciganos em Leon e Lleida, prostitutas em Madrid, pessoas com problemas de acesso físico em Barcelona ou Motoboy em São Paulo). Tais projetos, tidos como dos mais contundentes já realizados em termos de inserção social, são em realidade formas de capacitação de indivíduos com relação ao uso de ferramentas de publicação online. Para realizá-los, 141
de comunicação, destacaria o projeto Ouvidoria, dos pernambucanos Lourival Cuquinha e Thelmo Cristóvão, apresentado na exposição O Lugar Dissonante (2009), na Torre Malakof, em Recife. O projeto visava oferecer ligações telefônicas gratuitas ao público em geral, em telefones públicos (orelhões) localizados no entorno do espaço expositivo, em troca do direito ao uso do conteúdo telefônico particular. Uma forma de gift economy4 aplicada à telefonia. Os usuários seriam notificados de antemão sobre os benefícios e eventuais prejuízos à privacidade desencadeados pela ação. Conforme enfatiza a crítica de arte Clarissa Diniz 5 , “mais do que promover a “interação” do público, Ouvidoria transforma o publico em cúmplice da obra”. Não seria uma co-autoria, evitando um jargão típico do boom da interatividade, mas sim uma forma de co-responsabilidade.
o artista se envolve com as comunidades por vários meses, como forma de garantir não apenas uma confiança recíproca, como também para estimular a continuidade do projeto a longo prazo. Ou seja, na maioria dos casos, mais uma vez, o artista aparece como mediador, como negociador, como agente entre contextos. Mas cabe ressaltar aqui uma obra externa ao conjunto de ações promovidas pelo arte.mov. Para comentar algumas formas de agenciamento típicas das tecnologias
“Não há aqui, contudo, uma versão ingênua da idéia de cumplicidade: aqueles que telefonam, apesar de se co-responsabilizarem pelo caráter aparentemente transgressor do trabalho diante dos tradicionais limites entre o público e o privado, não são os que o pautam em inteireza. Ainda que o público, por meio de suas ligações, sugira timbres, tempos e assuntos para Ouvidoria, são os artistas que, por meio de seu software e, portanto, sob a “proteção” da “aleatoriedade”, rearticulam essas informações de modo a pôr em negociação sua autonomia no seio da também autonomia do trabalho.”6 O que aconteceu ao longo da exposição foi que a obra, que não envolve nenhum tipo de imagem técnica ou artística, ganhou uma ambivalência que pôde ser interpretada como uma qualidade crítica que explicita os diferentes tipos de negociação implícitos no projeto. Ao fazer ver os poderes e forças envolvidas nos caminhos percorridos pela informação
Conceito detalhado por Richard Barbrook em seu ensaio The Hi-Tech Gift Economy (1998) A curadoria de O Lugar Dissonante é assinada por Clarissa Diniz e Lucas Bambozzi, sendo que partes do texto relativo à obra Ouvidoria foram redigidos especificamente por Clarissa como é o caso do trecho retirado do catálogo da exposição.
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típica dos tempos da mobilidade e pautados pela necessidade crescente de comunicação em grandes cidades, adquiriu os contornos de um canal que conecta o público e o privado de forma direta e seca. Não apenas assumindo a condição de troca que lhe é dada, mas também participando dos conflitos, gerado por uma espécie de ‘mais-valia comunicacional’, o público negocia sua privacidade, ou na maioria dos casos, abre mão dela por falta de opções. Ouvidoria explicita um reposicionamento de uma tecnologia simples e renegocia o social, que ressoa na sala vazia e vaza para além do espaço expositivo. E acaba sendo transferido para o público o dilema da negociação, aspecto guardado ao artista, até então tornado invisível para o público. Temos assim a negociação, a mediação, o agenciamento e a troca de valores entre o artístico, o comercial e o entretenimento. Ao assumir de forma mais explícita esses processos, talvez as artes da comunicação alcancem outros patamares. Dada a dificuldade dos trabalhos em rede, das 6
mídias locativas por exemplo, apresentarem uma forma reconhecível para apreciação visual ou de outros sentidos no campo da arte, talvez a ética funcione como definidor também de um conjunto estético, em um tipo de obra que nem sempre produz imagens, mas nos faz ver o que circula entre elas.
Texto crítico publicado no catálogo da exposição (Fundarpe, PE, 2008)
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CONVIDADOS
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REFERÊNCIAS
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Barbrook, Richard (1998) The Hi-Tech Gift Economy Nettime.org <http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-9810/msg00122.html> acessado em 12/09/2008 Crandall, Jordan (2005) Tracking and its landscapes of readiness Nettime.org http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-0511/msg00105.html acessado em 06/01/2008 Holmes, Brian (2004c) Signals, Statistics & Social Experiments: The governance conflicts of new media New York: 16Beaver http:// www.16beavergroup.org/mtarchive/archives/001382.php acessado em 15/01/2005 Levin, Thomas Y; Frohne, Ursula; Weibel, Peter (2002) Ctrl [Space], Rhetorics of Surveillance from Bentham to Big Brother ZKM Centre for Art and Media Karlsruhe: ZKM/MIT Press Pelbart, Peter Pál (2003) Vida Capital: Ensaios de Biopolítica São Paulo: Iluminuras Santos, Milton (1996) A natureza do espaço. Te!cnica e tempo. Raza”o e emoção.São Paulo: Hucitec Stalder, Felix (2002b) ‘Privacy is not the antidote to surveillance’ in Surveillance & Society Vol.1(Issue1): 120-124 http://www.surveillance-and-society.org/articles1/opinion.pdf acessado em 21/09/2008
S
Tuters, Marc e Varnelis, Kazys (2006) Beyond Locative Media. Networked Publics. http://networkedpublics.org/locative_media/beyond_ locative_media acessado em 23/06/2009
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André Brasil Com doutorado em Comunicação pela UFRJ, André Brasil é professor da PUC Minas, onde integra a equipe do Centro de Experimentação em Imagem e Som (Ceis) e do Programa de Mestrado. Participou da comissão de seleção e do júri de festivais e editais públicos, entre eles o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Forum Doc, Videobrasil e DOC TV. Em 2006, fez a curadoria da MostraVídeo do Itaú Cultural. Recebeu, com André Amparo, a Bolsa Vitae de Artes, através da qual desenvolveu o documentário “Tempos Suspensos” (2001). Atualmente, desenvolve o projeto audiovisual “Ensaio sobre o inacabado”, com incentivo do Filme em Minas. Organizou, com Ilana Feldman e Cezar Migliorin, o dossiê “Estéticas da Biopolítica: audiovisual, política e novas tecnologias”. É colaborador da revista eletrônica Cinética.
AntiVJ AntiVJ é um selo visual criado por artistas sediados na Europa, cujo trabalho se baseia no uso de luz projetada e em sua influência em nossa percepção. Claramente distante das configurações e técnicas comuns, o AntiVJ apresenta performances ao vivo e instalações nas quais projeção em volume, mapeamento visual, rastreamento e realidade aumentada, estereoscopia e ilusão holográfica garantem à audiência experiências desafiadoras de sensações.
Arjon Dunnewind Arjon Dunnewind é o artista que dirige a Impakt Organisation. Ele organiza o Impakt Festival e vários outros projetos em andamento da Impakt, relacionados à apresentação e produção da arte em mídia. Também produziu séries de TV sobre videoarte e filmes experimentais, além de organizar programas e apresentações para museus e festivais dentro e fora da Holanda. Trabalhou para várias instituições nacionais de financiamento, regularmente dá palestras em academias de arte e é membro experiente de júris em festivais e eventos.
Bruno Vianna Bruno Vianna trabalha com cinema, meios portáteis e instalações. Dirigiu quatro curtas entre 1994 e 2003, e lançou seu primeiro longa, Cafuné, em 2006. Em 2008 lançou um longa editado ao vivo, Ressaca, que usa uma interface desenvolvida especialmente para o projeto. Tem trabalhos em suportes portáteis como Palm Poetry e Invisíveis. É formado em cinema e tem um master pelo ITP-NYU.
Dj Spooky DJ Spooky (Paul D. Miller) colaborou com uma grande variedade de músicos e compositores (Iannis Xenakis, Ryuichi Sakamoto, Butch Morris, Kool Keith a.k.a. Doctor 145
Octagon, Pierre Boulez, Kila Priest, do Wu-Tang Clan, Steve Reich, Yoko Ono e Thurston Moore, do Sonic Youth, entre outros). Ele compôs e gravou também a trilha do filme Slam, premiado em Cannes e no Sundance Award. Seu trabalho como artista esteve exposto numa grande variedade de contextos tais como a Whitney Biennial ; a Bienal de Veneza de Arquitetura (2000); o Museu Ludwig (Colônia, Alemanha); a Kunsthalle (Vienna); O Museu Andy Warhol em Pittsburg e muitosoutros museus e galerias.
Fábrica do Futuro
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Residência Criativa do Audiovisual, com sede em Cataguases (MG), é um ambiente de pesquisa, criação e difusão de conteúdos audiovisuais, culturais e educativos, estruturada a partir de Núcleos de Produção. Centro de formação e produção de conhecimento compartilhados por processos colaborativos, desenvolve projetos para e com jovens inseridos em redes sociais criativas. A Fábrica busca, na apropriação social de novas tecnologias, a promoção de oportunidades para modelos de trabalho e empreendimento, na perspectiva da economia criativa, das políticas públicas e do desenvolvimento humano. Os Núcleos de Produção da Fábrica do Futuro localizam-se em Cataguases (sede) e nas cidades mineiras de Juiz de Fora, Leopoldina, Muriaé e Ouro Preto. Cada um deles conta com um coordenador local, uma equipe de dez jovens voluntários e um kit composto por ilha de edição, filmadora e celular multimídia. O Instituto Cidade de Cataguases é o gestor da Fábrica do Futuro, inaugurada em julho de 2005, como ponto de cultura do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura e integrante de um amplo programa de Cultura e Desenvolvimento na cidade de Cataguases. Esse programa tem como foco estrutural a economia criativa do setor audiovisual, as novas tecnologias e a juventude.
Giles Lane Giles Lane é artista, pesquisador e professor, e trabalha com Orlagh Woods e Alice Angus, que também participarão de Pavralelo. Alice e ele fundaram e codirigem o Proboscis, um estúdio criativo sem fins lucrativos sediado em Londres onde, desde 1994, encabeçou projetos como Urban Tapestries, Snout, Mapping Perception, Experiencing Democracy, Everyday Archaelogy e Private Reveries, Public Spaces. Giles é tutor visitante no MA Design Critical Practice do Goldsmiths College (University of London) e pesquisador associado do Media and Communication Department na London School of Economics. Giles foi eleito membro da Royal Society of Arts em 2008 por sua contribuição ao desenvolvimento comunitário por meio da prática criativa. Em Paralelo, Proboscis trará parte de seu engajamento público e ferramentas de brainstorming, como Diffusion eBooks e StoryCubes, para colaborar em processos de captura e documentação.
Giselle Beiguelman Giselle Beiguelman é artista novas mídias e ensaista. Ela ensina Cultura Digital no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e é diretora artística do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia. Em sua obra, ela pesquisa o impacto cultural da Internet e da tecnologia. Seu trabalho inclui projetos premiados como O Livro depois do Livro, um ensaio hipertextual e visual, em que crítica e web art fundem-se no contexto da condição_(leitura/escrita)_rede. Ela tem desenvolvido projetos de arte para telefones celulares, arte para painéis eletrônicos envolvendo acesso público via web, SMS e MMS e obras de arte que exploram o potencial cultura das mobile tags.
Igor Amin Igor Amin é artista multimídia e produtor cultural. Sóciodiretor de A Produtora Audiovisual, responsável pela gestão de projetos autorais. Coordena o projeto Cineclube Móvel – Educação, Audiovisual e Novas Tecnologias. Seus trabalhos são focados em novas linguagens do audiovisual, dispositivos móveis, live image e web 2.0. Pesquisador das tecnologias sociais em rede, educação informal, sustentabilidade e espiritualidade.
Jarbas Jácome Músico e mestre em Ciência da Computação pelo Cin-UFPE, onde pesquisa sobre computação gráfica, computação musical e sistemas interativos de tempo real para processamento audiovisual integrado. Em 2007 recebeu o Prêmio Rumos Itaú Cultural Arte-Cibernética Apoio a Pesquisa Acadêmica por seu mestrado em computação que resultou no software livre ViMus, financiado pelo C.E.S.A.R, que vem sendo utilizado em instalações artísticas, institucionais, espetáculos musicais e de dança. Expôs no FILE-SP 2008 e FILE-RIO 2009 a instalação Crepúsculo dos Ídolos. Foi guitarrista da banda Negroove e do coletivo de arte re:combo.
Karla Schuch Brunet Artista e pesquisadora, doutora em Comunicação Audiovisual (UPF, Espanha – bolsa Capes), mestre em Artes Visuais Fotografia (MFA, Academy of Art University, EUA – bolsa Capes) e especialista em Crítica da Arte Eletrônica (Mecad, Espanha). Desenvolveu e participou de projetos em artes visuais e internet, e, também, lecionou em universidades de São Paulo e Salvador. Entre 2007 e 2009 realizou pesquisa de pós-doutorado em cibercultura no Pós-com/UFBA (bolsa Fapesp). Igualmente, participou de diversas exposições
de fotografia e arte eletrônica, tanto no Brasil quanto no exterior. Hoje em dia, é professora do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências) da UFBA, onde pesquisa projetos de interação entre arte, ciência e tecnologia.
Lucas Bambozzi Artista e pesquisador em ‘novas mídias’. Produz vídeos, instalações, performances audiovisuais e projetos interativos, tendo trabalhos exibidos em mais de 40 países. Concluiu seu MPhil na Universidade de Plymouth na Inglaterra, sobre espaços públicos e sistemas pervasivos. É um dos criadores do arte.mov Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis e dedica-se à exploração crítica e artística de novos formatos de mídia.
Mariela Yeregui Graduada em Artes pela Universidad de Buenos Aires e em Realização Cinematográfica na escola do Instituto Nacional de Cinematografia. Trabalhou em instalações interativas e videoinstalações. Recebeu o terceiro (2001) e primeiro prêmio (2005) do Salão Nacional de Artes Visuais e o primeiro prêmio no Concurso Beep Art de Artes Tecnológicas de Barcelona (2003) por sua obra “Princípio da Incerteza”. Em 2004, recebeu o Prêmio Limbo “Projeto Multidisciplinar Experimental” (Museu de Arte Moderna e Fundação Telefonica) para o desenvolvimento de sua instalação robótica “Proxemia”, exibida no Espaço Fundação Telefonica. Foi artista-residente no Hypermedia Studio, UCLA (Los Angeles, EUA), Banff Center for the Arts (Canadá), MECAD (Barcelona, Espanha) e Stiftung Kunstlerdorf Scöppingen (Alemanha).
Marc Tuters Marc Tuters é pesquisador em novas mídias. Tem graduação em Cinema e Estudos de Mídia e atualmente cursa
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outra graduação em Mídia Interativa. Nos últimos anos, produziu diversos projetos de arte e ciência colaborativos e coordenou eventos para festivais internacionais de novas mídias. Ao longo desse período ele também se envolveu na criação de uma série de redes de pesquisa interdisciplinares internacionalmente, que examinam aspectos sociais e criativos do wireless, incluindo: Locative Network, na Letônia; Mobile Digital Commons Network, no Canadá; e PLAN Network, no Reino Unido. Marc hoje trabalha como research fellow na University of Southern California do Annenberg Centre, em Los Angeles.
Mark Amerika Mark Amerika recebeu seu título de mestre em Artes pela Brown University. Depois de publicar dois romances cult, “The Kafka Chronicles” e “Sexual Blood”, ele canalizou sua energia para a net art. Seu objetivo é expandir o conceito de escrita para que inclua escrever em e com tecnologias de novas mídias. Ele é o fundador da Alt-X Online Network, uma das mais antigas redes online de arte e literatura. Originalmente fundada como um site Gopher por Amerika no final de 1992, apresenta a arte, ficção, poesia e teoria crítica de mais de 500 autores contribuintes internacionais. Amerika também é o criador de GRAMMATRON, “uma máquina de escrever virtual que traduz sua experiência conforme você a vivencia”. Os aspectos experienciais da ficção são investigados completamente em GRAMMATRON, que foi o primeiro de três grandes trabalhos de net art criados por Amerika ao longo de uma década de pioneirismo em novas mídias. O segundo trabalho na trilogia de net art é PHON:E:ME, um álbum conceito em mp3 com hyper:liner:notes. Enquanto GRAMMATRON explorou a natureza da narrativa multilinear no cyberspace, PHON:E:ME recordou a influência da arte conceitual sobre a cultura de new media. O trabalho lida com a interrelação entre escrita, som e narrativa hipermídia e apresenta os vocais únicos de 148
Amerika (ele era o antigo vocalista da hoje extinta banda de art-rock Dogma Hum). O trabalho final na trilogia em new media é FILMTEXT, que estreou no Institute of Contemporary Arts em Londres como parte da retrospectiva de Amerika “How to Be an Internet Artist”, a primeira retrospectiva europeia de net art (a retrospectiva “Avant-Pop: The Stories of Mark Amerika” em Tóquio foi a primeira retrospectiva de net art da história). FILMTEXT é uma exploração da narrativa digital pelas plataformas de new media e incorpora um website artístico em Flash, um álbum conceito em mp3, um e-book experimental do artista e uma série de performances ao vivo. Essas performances depois se transformaram na turnê internacional de Amerika como “VJ Persona”. A maior coleção de escritos artísticos de Amerika de 1993 a 2005 se intitula META/DATA: A Digital Poetics (The MIT Press/ Leonard Books). Seu trabalho mais recente é a série de longas-metragens “Foreign Films” feita em vários formatos de mídia incluindo HDV e telefone celular. O primeiro da série é “My Autoerotic Muse” e o segundo é “Immobilité”. Uma apresentação solo de “Immobilité” estreou na Project Room for New Media do Chelsea Art Museum em abril/maio de 2009. “Immobilité” foi apresentado no site do Tate Museum como parte do programa intermídia. Amerika é professor de arte e história da arte na University of Colorado em Boulder.
Nacho Durán Nacho Durán nasceu em Astúrias, Espanha, e mora em São Paulo, Brasil, desde 2001. Produziu vários trabalhos em novas mídias que têm como ponto comum a investigação e experimentação com micro-cinema, interatividade, mobilidade e como VJ. Foi o criador do primeiro videoblog feito na América do Sul (www.feitoamouse.com.br/ videoblog), em 2003, um diário online experimental feito de vídeos curtos em loop. Como VJ realizou apresentações individuais ou com os coletivos VisualRadio, Coletivo Virtual e TeleKommando, em clubes, festivais e mostras no Brasil,
Argentina, Espanha, Portugal e França. Realizou Vjclipes e vídeos experimentais e ministra conferências e oficinas sobre o trabalho de VJ e produção de áudio e vídeo para Internet e dispositivos móveis. Como VJ se apresentou individualmente ou com os coletivos internacionais VisualRadio, Coletivo Virtual, Contrabando, Generate Vibrations e TeleKommando em clubes, festivais e mostras no Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Espanha, França, Inglaterra e Portugal. Realizou VJclipes e vídeos experimentais para televisão, celular e internet. Ministra palestras e oficinas sobre VJing e produção para internet e celular.
Paulo Beto Paulo Beto também conhecido como anvil FX é músico e possui vários projetos musicais autorais. Entre eles o LCD (improvisação livre eletrônica), e o Zeroum (rock experimental). Lançou cinco CDs com músicas próprias e participou de coletâneas em todo o mundo. Trabalha como compositor musical para publicidade e cinema e sound designer no estúdio de animação LOBO. Desenvolve um trabalho de trilhas sonoras para filmes mudos chamado Frmae Circus ao lado de Maurício Fleury e Tatá Aeroplano.
Principles of Geometry Principles of Geometry é um duo francês que valoriza a estética dos anos 1970 e a elegância da classe média norte-americana. Sua música se qualifica como crística – referência velada a Boards of Canada – e eletrônica, tão desconstruída quanto o hip hop (Wendy Forest, Köpob Ingo) e carrega o estigma de uma profunda influência cinemática. Eles colaboraram com e remixaram vários músicos new wave franceses como Sebastien Tellier e Joakim, e referências internacionais como Mr Oizo e Vast Aire. www.principlesofgeometry.com
Renata Marquez Artista plástica, mestre em Arquitetura e doutora em Geografia, trabalha com projeto, curadoria e crítica na interface entre essas disciplinas. Editora da Revista AR e coorganizadora do livro Espaços Colaterais (2008), tem artigos publicados nos livros Imagens Marginais (2006), Saberes Ambientais (2008), Conversações de Artes e Ciências (2009), no catálogo para a exposição de Detanico & Lain no Museu de Arte da Pampulha (2008) e na revista Surveillance and Society (2009). Participou, dentre outros, da 9ª Bienal de Arquitetura de Veneza (2004), da coletiva For the People, from the people no MAK Museum de Viena (2009) e da 7ª Bienal do Mercosul (2009). www.geografiaportatil.org
Steve Dietz Diretor artístico fundador do 01SJ Biennial: A Global Festival of Art on the Edge. É fundador e diretor executivo do Northern Lights – uma agência de artes interativas orientadas às mídias que apresenta arte inovadora na esfera pública. A agência foca criativamente nos artistas usando tecnologia para engendrar novas relações entre audiência e obra de arte e, mais amplamente, entre cidadania e o ambiente construído. Foi curador do New Media at the Walker Art Center em Minneapolis, Minnesota, onde fundou o departamento de New Media Initiatives em 1966, a galeria de arte on line Gallery 9 e a coleção de estudo de arte digital. Fundou um dos mais antigos programas de new media independentes com sede no Smithsonian American Art Museum em 1992. Dietz foi curador e co-curador de numerosas apresentações como “Beyond Interface” (1998), “Art Entertainment Network” (2000), “The Art Formerly Known As New Media” 2005, e “Superlight” (2008). Foi cocurador, com Christiane Paul, de “FEEDFORWARD: Angel of History” no LABoral Art and Industrial Creation Centre in Gijon, Spain, em outubro de 2009. O terceiro 01SJ Biennial com o tema “Build Your Own World” acontecerá em San Jose, CA, de 16 a 19 de setembro de 2010.
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Produção Fernanda Miranda Kelly Souza Lira Yuri Mariana Hermeto Pedro Gomide
Concepção Expositiva Isabela Vecci
Patrocínio Vivo
Realização
Labmídia UFMG
Diphusa Mídia Digital e Arte Malab Produções
Revista arte.mov Online/ Catálogo arte.mov
Direção Geral
Editor Responsável
Aluizer Malab Lucas Bambozzi Marcos Boffa Rodrigo Minelli
Marcus Bastos
Curadoria Lucas Bambozzi Marcus Bastos Rodrigo Minelli
Coordenação Editorial Lucas Bamboozi Rodrigo Minelli
Mostra arte.mov Júri
Aluizer Malab Marcos Boffa
André Brasil Nacho Durán Steve Dietz Arjon Dunnewind Bruno Vianna
Produção Executiva
Equipe de Pré-seleção
Luiza Thesin
Lucas Bamboozi Marcos Boffa Marcus Bastos Rodrigo Minelli
Direção Executiva e de Produção
Coordenação de Produção Karol Borges
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Documentação
Co-realização Horizontes Textuais de Bruno Vianna
Flávia Amaral Juliana Deodoro
Marginalia Lab Marginalia 88
Assessoria Jurídica e Financeira
Exposição Marginalia Lab ‘09 Realização
Drummond & Neumayr Advocacia Artmanagers
Marginalia Lab Marginalia 88
Co-realização Vivo arte.mov
Design Gráfico, Site e Sinalização Leroy e-studio Denis Leroy Jimmy Leroy Fernanda Bernardi André Azucrina! Kellen Miranda Gustavo Bicalho Mel
Apoio Formato Artes Gráficas Labmídia – Departamento de Comunicação Social da UFMG Cantina do Lucas
Apoio Cultural Lei Estadual de Incentivo à Cultura - Governo do Estado de Minas Gerais Lei Federal de Incentivo à Cultura – Governo Federal
Espaço 104
Programação Site
Agradecimentos Especiais
Italo Giovani Stefani / Vora Interativa.
André Trajano Afonso Galindo Ana Adams De Almeida Andréia Cardoso Antônio Gutierrez Armando Sobral Arjon Dunnewind Cesar Piva Erasmo Alcântara Fatima Fróes Fernanda Bezerra
Revisão do Catálogo Lizandra de Almeida
Assessoria de Imprensa Assessoria VIVO Sinal de Fumaça A comunicação original Sérgio Stockler
Fernanda De Freitas Alves Fernando Poyares Giseli Vasconcelos Isolda Libório Joelma Paes Luciana Costa Marcelo Alonso Marcelo Romoff Marcos Barreto Correa Marcos Fabrício Gomes Santos Maria Abdalla Maristela Oliveira Fonseca Mike Stubbs Renata Hasselman Rita De Cássia Borges De Morais Rosana Magalhães Steve Dietz
Agradecimentos Adriana Lima Aline Xavier Andréia Alves Andréia Cardoso André Mintz Armando Sobral Bárbara Veríssimo Belma Ikeda Benoît Labourdette Bernardo Macaúbas Bruno Vianna Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso Camila Rocha Carolina Bernardes Carolina Sierra Cícero Silva
Dolores Biruel Eduardo Ramos Eduardo Silva - Innovation Eduardo Valente Turismo Eric Lo Fernanda Ferraz Fernando Velázquez Flávia Queiroz Francisco Cesar Filho Fred Paulino Gabriela Rocha Geraldo Arcanjo Inês Rabelo Iria Pedrazzi Jean de Renesse Joana Giron Juliana Ferracini Lucas Barbosa Villar Luciane Carvalhar Damasceno Luiz Cesar Marchetti Maria Claudia Castelo Branco Mariko Takei Marina de Campos Beer Mirna Nóbrega Miguel Gondim de Castro Norimar Muller Nacho Duran Rafael Marchetti Rita de Cássia Borges de Moraes Silvio Sato Taís Lobo Val Sampaio Vânia Furtuna Winky Wong
Eventos Parceiros: AND - Abandon Normal Devices (FACT, Liverpool) Bienal de San Jose (01SJ, EUA) Continuum (PE) Goiânia Mostra Curtas (GO) Festival Internacional de Cinema de Arte (BA) Pocket Films (FRA) DOT.MOV (JAP) Cine Pocket (BEL) Impackt (HOL) HKMFF (Hong Kong Mobile Film Festival) (CHI) arte.mov - CIRCUITO NACIONAL: FOMENTO, FORMAÇÃO E REDE DE DIFUSÃO
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Realização:
Co-Realização: Circuito Vivo arte.mov
Fomento, Formação e Rede de Difusão
Produção:
Apoio Cultural:
Patrocínio: