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TELEMIG CELULAR arte.mov
FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTE EM Mテ好IAS Mテ天EIS
5 a 8 de outubro de 2006 . october 5th to 8th 2006 Belo Horizonte . Brasil
www.artemov.net
Explorar as potencialidades e as tendências do atual encontro entre arte e tecnologia; trazer para os criadores e para o público local referências sobre o que vem sendo produzido em vários pontos do globo; incentivar a produção de trabalhos audiovisuais que se apropriem das novas possibilidades de expressão artística trazidas pelos celulares e demais mídias móveis; estimular um novo olhar para a produção audiovisual e para a difusão dos conteúdos desse segmento artístico. Eis alguns dos objetivos do Telemig Celular arte.mov – Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis que, a exemplo de outros projetos culturais nomeados pela empresa, traz como principal característica uma lógica coletiva, mobilizadora, voltada para a reflexão e para o estímulo à transformação do cenário artístico.
O Telemig Celular arte.mov coincide com um momento único
desses trabalhos estão disponíveis para download e visualização
na história da indústria de telecomunicações. Após a total
nos celulares dos clientes da operadora, e no site da empresa
consolidação e massificação dos celulares, que se incorporaram
para acesso de todos. Um fato que traz para a Telemig Celular
de forma definitiva à vida de pessoas de todas as faixas etárias
um momento novo também em relação a seus investimentos
e classes sociais, os aparelhos – que há muito ultrapassaram
em cultura. Ao invés do artista patrocinado levar a seus
a funcionalidade de transmissores e receptores de sinais
públicos a marca da empresa por meio de sua arte, é agora
de voz - se tornam cada vez mais sofisticados em seu potencial
a empresa que leva a seus clientes a arte de seus patrocinados
de armazenamento e transmissão de dados, imagem e som.
por meio de seus serviços. O que potencializa a contribuição
Nesse sentido, os celulares passam a ser um novo meio
da empresa ao desenvolvimento do setor.
e acessar e distribuir conteúdos audiovisuais, dando novas perspectivas para os criadores e produtores independentes
Agradecemos aos curadores, produtores e parceiros desta
fazerem seus trabalhos chegarem a seus públicos,
primeira edição Telemig Celular arte.mov. Esperamos que
rompendo assim os bloqueios e limitações impostos
o projeto provoque reflexões, estimule criações, desperte
pela indústria cultural.
interesses do público e traga um novo momento para o encontro
Além disso, neste novo cenário, em que as pessoas passam a
entre produção audiovisual e tecnologias móveis.
portar em seus bolsos, incorporadas a seus celulares, câmeras cada vez mais poderosas, assistimos a uma ampliação do acesso a novos meios de produção de imagens, gerando um maior volume de criações audiovisuais, o que convida a uma maior atenção ao que vem sendo produzido e exige uma grande reflexão sobre o presente e futuro desse singular contexto. Um processo que vem instigando e motivando a Telemig Celular e que tem no Telemig Celular arte.mov – realizado em parceria com algumas das principais cabeças pensantes sobre o assunto no Brasil e no mundo – um marco. Nos últimos anos, a Telemig Celular tem investido de forma
Ricardo Sacramento
sistemática na nova produção cinematográfica mineira e muitos
Presidente da Telemig Celular e da Amazônia Celular
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O sucesso fenomenal da telefonia móvel até agora foi construído com base em um conjunto de serviços dominados pelas chamadas de voz, mas uma mudança significativa surge no mercado. O termo “convergência” tem sido difundido nos últimos tempos como a tendência para os dispositivos voltados a telecomunicações e já atinge as preferências dos consumidores, que cada vez mais procuram aparelhos que agreguem diversas funcionalidades. Os blocos de construção para um futuro de comunicações que oferecerá aos usuários muito mais opções agora estão se encaixando em seus devidos lugares. A conectividade está mais diversificada do que nunca, com tecnologias como GPRS, EDGE, WCDMA, DSL e WLAN, tornando-se lugar comum e fornecendo acesso móvel.
A Nokia faz uma aposta forte em convergência e acredita que o celular será a maior fonte de entretenimento móvel do mundo. Com sua linha Nokia Nseries, a mobilidade chega às experiências que no passado ficavam vinculadas a um local ou a um dispositivo de uso único. Tudo isto com um objetivo simples: ajudar as pessoas a terem suas experiências favoritas - compartilhar vídeos, navegar pela Internet ou comprar música nova - junto a elas o tempo todo. Com a renovação das comunicações pessoais, os usuários terão a chance de misturar e combinar diversos serviços do jeito que quiserem durante uma única sessão de comunicação. Eles poderão integrar serviços de voz, vídeo, texto e partilha de conteúdo como parte de suas comunicações e acrescentar ou cancelar serviços como e quando quiserem. Interfaces e serviços para o usuário não dependerão da hora e nem do local, mas ao mesmo tempo serão personalizados de acordo com o terminal utilizado, no mais puro exemplo de uma verdadeira convergência fixo/móvel.
Comunicação Corporativa Nokia
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LIFE ON ThE SMALL SCREEN
a vida nas telas pequenas
mostra competitiva
INTRODUCTION
apresentação
ThE COMPETITIVE ShOw
tendências das mídias móveis rumo a uma cultura sem fio TOwARDS A “wIRELESS” CULTURE
drew hemment: mídias quentes, frias e móveis
mostra mobile exposure
MEDIA: hOT, COLD AND MOBILE
patrick licthy: o homem e as (mais recentes e capazes de desafiar a cultura vigente) máquinas
PATRICK LICThy: ThE MAN AND ThE (MOST RECENT AND CAPABLE OF ChALLENGING ThE CURRENT CULTURE) MAChINES
convidados
a vida mediada
GUESTS
MEDIATED LIFE
ANThOLOGy OF SPREAD FRAGMENTS (GISELLE BEIGUELMAN RETROSPECTIVE)
antologia de fragmentos dispersos (retrospectiva de giselle beiguelman)
mapa incompleto de deslocamentos em curso INCOMPLETE MAP OF ONGOING ShIFTS
obras wORKS
GISELLE BEIGUELMAN: NON-ShOw ART AND REMNANTS SCATTERED IN SMALL, MEDIUM AND LARGE SCREENS
lassi tassajarvi: da arte hacker em tempo real às comunidades de distribuição de conteúdo audiovisual FROM REAL-TIME hACKER ART TO AUDIOVISUAL CONTENT DISTRIBUTION COMMUNITIES
giselle beiguelman: uma arte do não-espetáculo e de vestígios dispersos por telas pequenas médias e grandes MOBILE ExPOSURE ShOw
ON ThE GO: MOVEMENTS IN PROCESS NEw INCLUSIONS OF EDER SANTOS IN ThE SMALL SCREEN
seleção pixoff PIxOFF SELECTION
microcinema mg: desbravando novos territórios MICROFILM MG: TAMING NEw TERRITORIES
1º prêmio telemig celular curta o minuto 1ST TELEMIG CELULAR MINUTE ShORT-MOVIES AwARD
on the go: movimentos em processo novas inclusões de eder santos na tela pequena oficinas telemig celular 8 / 9 arte.mov TELEMIG CELULAR ARTE.MOV WORKSHOP SHOW
oficina microcinema no projeto “ocupar espaços” MICROMOVIE WORKSHOP IN THE “OCCUPYING SPACES” PROJECT
destino desconhecido: espaços a descobrir UNKNOwN DESTINATION: SPACES TO BE DISCOVERED
Os novos caminhos que a linguagem audiovisual explora no mundo contemporâneo não param de surpreender. Cada vez mais predominante em nossa informação e comunicação, o audiovisual é apontado também como apropriado para reflexão e expressão artística da contemporaneidade. A proliferação dos equipamentos portáteis digitais ocorrida nos anos recentes operou uma pequena revolução ao tornar a produção de imagens em movimento possível a amplas parcelas da população – em contraste ao primeiro século do cinema, com sua realização exclusiva de um reduzido número de pessoas. Também o acesso aos trabalhos ampliou-se, principalmente através da web. Mas já avizinha-se uma nova etapa modificadora, a partir dos avanços tecnológicos operados nas chamadas mídias móveis (como os aparelhos de telefonia celular). Agora, pode-se assistir produtos audiovisuais a qualquer momento, em qualquer circunstância, bastando esse equipamento que se torna mais e mais comum em nosso cotidiano. É ainda possível com esses mesmos aparelhos produzir obras audiovisuais, em qualquer circunstância de nossas vidas, com a mesma facilidade. E colocá-las em circulação, através de uploads que serão cada vez mais facilitados. As possibilidades e as modificações advindas configuram um novo cenário que este Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis pretende levantar, exibir, registrar e refletir. Estão todos convidados a explorá-lo conosco. ORGANIZADORES
The new paths that audiovisual language explores in the contemporary world continue to surprise. Increasingly prevailing in our information and communication, audiovisuals are also appointed as appropriate for the reflection and the artistic expression of contemporaneity. The proliferation of digital portable equipment of recent years has operated a small revolution by making the production of images in movement possible to ample segments of the population – compared to the first century of cinema, with exclusive production of a small number of individuals. Access to work has also expanded, mainly through the web. But we are already reaching a new stage of change, as of the technological advances operated on the so called mobile media (such as cellular phones). Now, audiovisual products can be seen at any moment, in any circumstances, just with this equipment which is increasingly common in our daily life. Just as easily, it is also possible to produce audiovisual work with these same devices for any circumstances of our lives. And put the pieces of work into circulation, through uploads that will be increasingly easy. The resulting possibilities and changes are part of a new scenario that this International Festival of Art in Mobile Media intends to collect, show, register and reflect. Everybody’s invited to discover it with us. ORGANIZERS
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aa vida vida na na tela tela pequena pequena A vida contemporânea se apóia progressivamente nas imagens e em seus múltiplos circuitos, que cada vez mais se processam por meios de confluências e cruzamentos de toda ordem. Multiplicando o alcance ocorrido em sua existência eletrônica, o vídeo, em suas várias vertentes digitais, está hoje em todo lugar, entre todas as coisas, de forma muito mais penetrante e exponencial, e em formatos muito mais radicais do que se previa nos anos 90. Técnicas, práticas, procedimentos, linguagens e formatos há muito migram e se contaminam constantemente. Muitas das diferenciações de linguagem que se faziam em função de suportes de captação, procedimentos técnicos ou de processamento de imagens perderam o sentido. Por outro lado, nos circuitos de exibição e de acesso, as práticas ainda podem vir a caracterizar gêneros e segmentos distintos em um processo que podemos chamar de “expansão das mídias”. Um aspecto interessante desta, é que não é mais apenas nas sessões em salas escuras, ou nas telas da TV que a experiência audiovisual acontece. Falamos aqui de formatos audiovisuais que buscam situações específicas para sua exibição, mas que tal como o cinema e o vídeo, operam passagens e contaminações, guardando continuidades com formatos que o antecederam; ao mesmo tempo, evocando novas correlações e rupturas entre arte e entretenimento, entre apresentação e representação, proporcionando experiências que se complementam sob novos paradigmas, que apontam para o visual, o textual, o interativo, o participativo, o sensorial, o portátil, o tempo real, em um continuum fluxo de/das imagens. A partir de tal confluência é que surgem práticas onde a sofisticação e os grandes orçamentos abrem espaço para novas formas de produção e fruição. Na esteira da segmentação das salas de cinema, que foram diminuindo seus assentos e se multiplicando em pequenos espaços como forma de abrigar uma maior diversidade de público ou de linguagens produzidas, há vários fenômenos que merecem atenção.
Entre eles está aquilo que vem sendo chamado de ‘microcinema’,
Assim, como resultado da ampliação do acesso aos meios
mobile videos, micro-movies ou cinemas de bolso, que abarca
de produção, elevaram-se as chances ao artista iniciante ou
formatos que se expandem continuamente, sempre envolvendo
desconhecido - que pode eventualmente se potencializar através de
outras linguagens, e parece não se comportar muito bem nos rituais
tais recursos – de se destacar, desde que se arrisque nesse terreno
das salas de exibição convencionais.
instável e vertiginoso, onde novas possibilidades surgem a cada dia,
Nesse sentido, a idéia de ‘microcinema’ está ligada diretamente,
enfrentando as questões que o contexto impõe.
também, à procura por alternativas de difusão, para formatos
Que linguagem seria essa a que envolve telas mínimas, sejam
igualmente ‘alternativos’. Buscando formas de apresentação que
as de alta ou baixa resolução? Que possibilidades existem para
levem em consideração, por exemplo, as supostas especificidades do
além dessa tela, que acontecem num sistema de troca em rede e
formato de produção e a maneira mesmo pela qual se usufrui e se
compartilhamento? Criar a partir dessas tecnologias é se lançar
interage com as mensagens, as formas e os sentidos propostos.
em direção ao incerto, uma premissa que se mostra hoje em
Foi assim, se configurando um circuito específico de formatos
consonância com nosso tempo.
adequados ao download ou streaming on-line e à troca virótica
Representar idéias, sensações, sentimentos e ‘as coisas’ encontradas
por emails ou através de redes peer-to-peer; são formatos de baixa
no mundo hoje se tornou para muitos uma questão de busca e
resolução e curtíssima duração que colocam ênfase na visibilidade
acesso. Em tempos de Youtube, Myspace, Googlevideo, Putfile,
de uma criação espontânea, em um retrato público do cotidiano, da
Break.com, Blip.tv, Metacafe, e muitos outros sites que indexam
intimidade, e das infinitas segmentações sócio-culturais existentes
diariamente milhares de vídeos produzidos em todo o mundo, não
num mundo globalizado.
é difícil compreender que exista uma produção espontânea, que
Os recentes cruzamentos dos formatos audiovisuais com a tecnologia mobile vem conferindo novo fôlego a um fenômeno que ocorre em larga escala, apesar das telas reduzidas dos aparelhos que viabilizam sua criação ou exibição – como muitos já constataram, alguns ainda incrédulos, a tela pequena dos aparelhos e dispositivos portáteis e sem fio vai continuar pequena (essa é talvez, uma das poucas características que podem ser apontadas como tendência no campo das tecnologias móveis).
reflita conceitos ligados a uma suposta cultura mobile, que tem o potencial de tornar aspectos simples da vida cotidiana em algo digno de ser visto e compartilhado.
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Life on the small screen
Many phenomena deserve attention in the track of segmentation of
Contemporary life progressively supports itself on images and their
small spaces as a way of harboring the greater diversity of audiences
multiple circuits that increasingly process themselves through all kinds of
and languages produced.
movie theaters, that began reducing their seats and multiplying in
confluences and crossings. By multiplying the reach during its electronic existence, the video, in its various digital facets and possibilities, is
Among them is what is being called ‘microcinema’, mobile videos, micro-
currently everywhere, among all things, in a much more penetrating and
movies or pocket cinemas that encompass formats that continuously
exponential form, and in much more radical formats than anticipated by
expand, always involving other languages, and seem not to behave very
many thinkers in the 1990s. Practical techniques, practices, procedures,
well in the rituals of conventional movie theaters.
languages and formats have long migrated and constantly contaminated themselves. Many of the specificities and differences in language that
In this sense, the idea of ‘microcinema’ is also linked directly to the
occurred as a function of attainment, technical procedures or of image
search for diffusion alternatives into equally ‘alternative’ formats. It
processing have lost their meaning.
pursues presentation forms that take into consideration, for example, some supposed specificities of the production format and of the way to
On the other hand, in the screening and access circuits, practices can
benefit and interact with contents, forms and proposed senses.
characterize distinct genders and segments in a process we can call “media expansion”. One of its interesting aspects is that the audiovisual
In this way, a specific circuit of formats appropriate for download or
experience does not happen only in the theatrical dark room sessions,
on-line streaming and for viral exchange via emails or through peer-to-
or in the TV sets. We are talking of audiovisual formats that pursue
peer networks begin to build up; they are low resolution and very short
specific situations for exhibit, but just like movies and videos, operate
duration formats that emphasize visibility of spontaneous creation,
passages and contaminations, continuing the formats that preceded
in a public picture of the day to day, of intimacy, and of the existing
them; concurrently, evoking new correlations and ruptures between art
infinite socio-cultural segmentation that permeates our current and
and entertainment, between presentation and representation; providing
euphemistically ‘globalized’ condition.
experiences that complement themselves under new paradigms that appoint to the visual, the textual, the interactive, the participative, the
Recent mixings of audiovisual formats with mobile technology has
sensorial, the portable, the real time, in a continuum flow of images.
given a new breath to a new phenomenon that occurs on a large scale, despite the reduced screens of the equipment that make their creation or
From such confluence, practices emerge in which sophistication and
exhibition feasible in the micro media world – as many have verified the
large budgets open room for new forms of production and fruition.
small screen of portable and wireless equipment and devices will continue
small (this is maybe one of the few features that can be pointed out as a trend in the field of mobile technologies). Thus, as a result of the expansion in access to the means of production, the chances for beginning or unknown artists – that may grow through such resources – to stand out and express themselves are growing, if they risk themselves in this unstable and vertiginous ground, where new possibilities emerge every day, facing the questions that the context imposes. Thus, what is actually this language that involves tiny screens, mostly in low resolution? What are the possibilities beyond this screen that happen in an exchange and sharing system network? To create from these technologies is to launch in the direction of the uncertain, a premise that is currently in consonance with our time. To represent ideas, sensations, feelings and ‘the things’ found in the world today has become to many a matter of search and access. In times of Youtube, Myspace, Googlevideo, Putfile, Break. com, Blip.tv, Metacafe and many other sites that daily index thousands of videos produced all over the world, it is not difficult to understand that there is a spontaneous production that reflects concepts linked to a presumed mobile culture, that has the potential of making simple aspects of daily life into something worth being seen and shared.
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mostra mostra competitiva competitiva
A Mostra Competitiva do Telemig Celular arte.mov constitui uma amostragem sistemática da produção audiovisual realizada para e com mídias móveis no Brasil. São vídeos criados para serem exibidos na tela pequena ou gravados com aparelhos celular, que exploram essas condições de fruição bastante específicas. Selecionados a partir de mais de 400 inscrições, os 43 trabalhos aqui presentes incorporam uma produção diversificada em gêneros e formatos: tomadas em direto, motion graphics, animação, clipes próximos ao universo VJ, narrativas íntimas, micro-ficções, registros do cotidiano, poemas visuais e falados, e muita experimentação. Surpreendem pela diversidade, ousadia e invenção de novas possibilidades, muitas vezes fazendo explodir categorias anteriormente pensadas.
The Competitive Show The Competitive Show of the Telemig Celular arte.mov constitutes a sistematic sample of an audiovisual format produced for and by mobile media in Brazil. It focus on video created to be watched on small screens, that explore very specific exhibition conditions. Selected from more than 400 applications, the 43 pieces here compiled assemble a diversity of genders and formats: direct shots, motion graphics, animation, clips that dialog with VJaying, intimate narratives, micro-fictions, visual and spoken poems and a lot of raw experiments. The viewer might be amazed by the diversity and audacity, raising new possibilities within the medium, which may explode, once more, pre-defined categories.
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0434 Marcellvs L / 1’51” / MG / 2006 Tentativa de exibição/distribuição alternativa para um novo fragmento do projeto VídeoRizoma; que investiga as possibilidades do deslocamento do conceito de rizoma do campo da filosofia ao vídeo.
Attempt of alternative exhibit /distribution for a new fragment of the Video-Rhizome project, which investigates the possibilities of dislocating the concept of rhizome from the field of philosophy to that of video.
Algo que me escapa / Something that escapes ME Alexandre B. / 1’44’’ / MG / 2006 Fios de cabelo suspensos em “estado vago”, à medida que atravessam a tela, formam desenhos abstratos. Hairs suspended in “vague state”, as they cross the screen, they make abstract drawings.
Andorinhas / Swallows Ricardo e. Machado / 50’ / PR / 2006 Cerca de 50 andorinhas saindo de um buraco. Approximately 50 swallows leaving a hole.
Auto-retrato quando vários / Self-portrait when many Nadam Guerra / 1’55’’ / MG / 2006 Porque não me reconhecem quando corto o cabelo. Why people do not recognize me when I have a haircut.
Banhofônico / Bathphonic André Wakko / 2´ / MG / 2006 Curta metragem que se refere ao estudo sobre o som e o sentido. Com irreverência o som percorre caminhos extra sonoplásticos. Short film that refers to the study of sound and sense. With irreverence, the sound trails extra sonoplastic paths.
O Bonde / The Streetcar Cacá Dias / 1’28’’ / RJ / 2005 Um homem espera o bonde, tenta embarcar, mas não consegue. O mistério é desvendado quando sua corrida se torna inútil. Sua alma é a alma do malandro carioca da Lapa que vive dependurado no “Bonde”, na linha entre a vida e a morte.
A man waits for the streetcar, tries to hop on, but cannot. The mystery is unveiled when his ride becomes useless. His soul is the soul of the Rio de Janeiro crook that spends his life hanging on the “Streetcar”, in the line between life and death. 18 /
Brtld_bertoldo Cristiano Trindade / 2’ / SP / 2005 Em meio a um universo tipográfico, Bertoldo vive um cotidiano exaustivo, em que os elementos gráficos extrapolam caminhos que poderiam ser ignorados.
Caixa de Desenhos nII / Drawing Box nII James Zortéa / 2’ / RS / 2005 Caixa de Desenhos explora a consolidação do desenho, para além da sua materialização no real ou no virtual. Drawing Box explores the consolidation of drawing, beyond its materialization in the real or virtual worlds.
Amidst a typographic universe, Bertoldo lives an exhausting everyday, in which graphic elements extrapolate paths that could be ignored.
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Caneta / Pen Matheus Bottan e Vitor Garcia / SP / 1’15” / SP / 2006
“A caneta é mais forte que a espada” “The pen is stronger than the sword”
Celular Pipa / Kite Mobile Paulo Botelho Junqueira / 1’07” / MG / 2006 Esse vídeo transforma a câmera de celular em pipa. Amarrado nas alturas, sustentado pelo uivo do vento, registrando o céu, o telhado das casas e o campinho, ele se movimenta lá no alto sob o olhar atento do menino com o rolo e linha, atento ao ataque do cerol inimigo. – CORTA!!!
Comercial Real 02 / Real Commercial 02 Sérgio Vilaça / 2’ / MG / 2006 Imagine se os anúncios de televisão fossem diferentes. Imagine if TV ads were different.
Corner Rachel Castro / 2’ / RJ / 2005 Movimento relacionado com a variação de sentidos giratórios, sempre perseguido um ângulo reto. Movement related to the variation of rotating directions, always seeking for a straight angle.
Darkwaves Tadeus Mariano Mucelli Motta e Henrique Roscoe / 2’ / MG /2006 Um universo distante e obscuro. De um ponto inicial, as ondas pouco a pouco formam o mundo, transformando imagens figurativas em abstrações, mergulhando em nossas percepções a sensações.
A distant obscure universe. From an initial point, waves little by little form the world, changing figurative images into abstractions, diving sensations into our perceptions.
Dead Pixel Cristiane Fariah, Leonardo Arantes e Vitor Augusto / 1`25” / MG / 2006 This video turns the mobile camera into a kite. Tied in the heights, supported by the howl of the wind, recoding the sky, the roof of the houses and the soccer field, it moves up there under the alert eyes of the kid with the thread and roll, attentive to the attack of the enemy “cerol”. – CUT!!!
Sinta na pele os perigos que um pixel morto oferece. Um dead pixel não é seu amigo. Feel in your own skin the dangers that a dead pixel can offer. A dead pixel is not a friend. 20 /
Degenerados / Degenerates Carlos Magno / 1’47” / MG / 2006 Poemas mutilados em primeira pessoa. Mutilated poems in the first person.
Desordem / Disorder Cristiane Fariah / 2’ / MG / 2005 O que ocorre quando você escolhe um livro “perigoso” pra ler? What happens when you choose a “dangerous” book to read?
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Drive-(e:) Mauricio Castro / 2’ / RJ / 2005 O momento uniformemente variado e a aceleração constante representados pelos movimentos relativamente opostos de um objeto. The uniformly varied moment and constant acceleration represented by the relatively opposed movements of an object.
Elevador / Elevator Fabio Cançado / 2´ / MG / 2006 O olhar direcionado sempre para o alto, nas fotos das pessoas, sugere premonição de sinais simbólicos na condução e espera do desejo realizável. As fotos de luzes que perpassam acima das imagens de pessoas, e ás vezes desorientam a idéia de condução deste desejo. As frases que aparecem no vídeo são metáforas da terminologia usada em comunicação por celulares.
Estéril / Sterile Gabriel Lopes Barbosa / 1´51 / MG / 2005 Um trabalho sobre o excesso de informações e o bombardeamento das mídias que torna nossos cérebros estéreis. A piece about excess information and the media bombing that makes our brains sterile.
Fiat Lux Nelton Pellenz / 1’32” / RS / 2006 E a luz se fez! And there came the light!
Flashmob Daniel Ribeiro / 1’30’’ / SP / 2005 Garoto está atrasado para um Flashmob. Kid is late for a Flashmob.
The eyes looking up, in the pictures of people, suggest premonition of symbolic signs in conducting and waiting for the wish to come true. The pictures of lights pass by the top of people’s images, and sometimes disorient the idea of conducting a wish. The phrases that appear in the video are metaphors of the terminology used in mobile phone communication. 22 /
Hai Kai S (1-3) Alexandre Milagres / 1’36’’ / MG / 2005 Três linhas, três imagens, três seqüências. Duas de 5 sílabas e uma de 7. Mas na métrica do tempo se conta em segundos. A vida muda, o tempo passa, a chuva vem. Daqui a pouco já será outro mês, e a estas flores se juntarão mais três.
Three lines, three images, three sequences. Two of 5 syllables and one of 7. But we count seconds in the metrics of time. Life changes, times goes by, the rain comes. Soon it will be another month, and in addition to these flowers, three more will come.
Hilda Replicante / Replicating Hilda Kiko Goifman / 1’40’’ / SP / 2006 O vídeo mostra Hilda tomando sopa. Em tempos de ciborgues e discussões sobre a obsolescência do corpo, Hilda é uma replicante à moda antiga. The video shows Hilda having soup. In times of cyborgs and discussions on the obsolescence of the body, Hilda is an old-time replicant.
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Human Nature 01/02 Renata Ursaia / 1’05” / SP / 2006 Reflexão em dois atos sobre a fragilidade inerente à condição humana. Two-act reflection on the frailty inherent to human condition.
Insulfilm Renata Ursaia / 1’32” / SP / 2006 Reflection on the importance of human character in the construction of urban space. Through the manipulation of images of the city of São Paulo, the piece intends to connect its frontiers of walls, bars, and sentry boxes, to recapture the city as a possibility of collective life.
Reflexão sobre a importância do caráter humano na construção do espaço urbano. Através da manipulação de imagens da cidade de São Paulo, o trabalho deseja conectar suas fronteiras de muros, grades e guaritas, no sentido de reconquistá-la como possibilidade de vida coletiva.
Kynemas Pedro Paulo Rocha / 52” / SP / 2006 “kaos plástico sonoramente desencadeado”, “As ruas, eu sonorizo as alturas” “num salto ataco” “sem espaço” “ disparo” “ rajadas de sons e imagens” “no corte que pisca um frame de instante.”
“Artistic soundly unchained chaos”, “On the streets, I sound the heights” “In a leap, I attack” “No space” “I fire” “Sprays of sounds and images” “In the cut that blinks an instant of a frame.”
Movietone Cara no Vidro / Movietone Glass on Face Amilcar Oliveira e Mauricio Lanzara / 33” / SP / 2006 MovieTones são vinhetas divertidas que o usuário de celular utilizam para identificar suas chamadas. Ao invés do Ringtone, quando toca o telefone começa uma dessas vinhetas. Neste MovieTone, o personagem tenta sair de dentro do aparelho de telefone.
MovieTones are fun spots that mobile phone users can use to identify their calls. Instead of ringtones, the spots start when the phone rings. In this MovieTone, the character tries to escape from inside a mobile.
O homem que levou trabalho pra casa / The man who took work home Marcelo Afonso Pontes da Silva / 2’ / SP / 2006 Um homem sofre as conseqüências de seu trabalho massificante. Sobra até para sua família. A man suffers the consequences of overwhelming work and even his family has to suffer the consequences.
Páginavirada / Turned page Edson Barrus / 5’’ / SP / 2006 Tudo sobre este vídeo toma mais tempo e espaço do que dá para ver. Uma pagina da imprensa (e da historia?) que se torna. Yasser Arafat e tudo que ele representou para a Causa Palestina, é uma pagina virada em um piscar de olhos.
Everything in this video takes more time and space than one can see. A page in the press (an in history?) that becomes Yasser Arafat and all he represented for the Palestinian cause is turned in a blink of the eyes. 24 /
Paradas / Stops Rachel Castro / 2’ / RJ / 2005 A visão frontal e lateral em movimento através do interior da cabine, gerando expectativa da parada final. The moving frontal and lateral view of the inside of a booth, generating expectation for the final stop.
Pirulito / Lollypop Erick Ricco / 2´ / MG / 2006 Sair da amplitude do espaço urbano e se deter numa ação mínima, que acontece neste cenário. Tempo diferente da cidade, por onde todos parecem apressados com seus celulares e palms.
Leave the amplitude of the urban space and detain yourself in the minimum action that takes place in the scenario. Time differs from the city, where everybody seems in a hurry with their mobiles and palms.
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R.I.P Bossanove / 2’ / SP / 2006 Tributo fúnebre aum dos criadores da videoarte, Nam June Paik. Experimentação de tecnologias inteligentes, com resposta fiel. The results are always perfect.
Funeral tribute to one of the creators of the video art, Nam June Paik. Experimentation of intelligent technology, with accurate response. The results are always perfect.
Screentest Fernando Velázquez / 1’ / SP / 2006 Manipulação de 150 retratos realizados com a câmera de um telefone celular. Manipulation of 150 portraits taken with the camera of a mobile phone.
Se estou certo, porque meu coração bate do lado errado? / If I am right, then why does my heart beat on the wrong side? Joacélio Batista / 2’ / MG / 2005 Homem em seu banco percorre seu caminho sem importar-se com o que acontece ao seu redor.
Man in his bank follows his way without caring for what happens around.
Sons ou barulho / Sound or Noise Igor Igorino / 31” / MG / 2006 Na hora do “rush” o que se ouve é som ou barulho? Exercício sobre como captar o som alheio. At rush time, can we hear sound or noise? Exercise on how to capture the alien sound.
Substrutura / Substructure Danilo Dilettoso e Gustavo Abreu / 45’’ / SP / 2006 Estamos habituados a conviver com a superexposição de imagens, de um corpo idealizado pela mídia. Substrutura é um vídeo experimental que investiga outra perspectiva para mostrar o corpo humano. Através de radiografias e suas fragmentações, o vídeo possibilita a observação da estrutura óssea, do crânio aos pés.
We are used to living with the overexposure of images, of a body idealized by the media. Substructure is an experimental video that experiments another perspective to show the human body. Through X-rays and their fragmentations, the video enables observation of the bone structure, from skull to toes.
Sufoco / Suffocation Gladston Costa e Mari Alves Pinto / 1’01’’ / MG / 2006 Um inseto aprisionado é submetido a uma situação na qual o espaço e o tempo limitado o levam a uma sensação de sufoco. A inserção de textos sobre o tema contribui para a potencialização deste efeito.
An imprisoned insect is submitted to a situation in which the limited space and time lead to suffocation. The insertion of texts on the theme contributes to boost the effect.
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Tchau, pai / Bye, dad Ricardo E. Machado e Livia Izar / 1’59 / PR / 2005 Separados pelo vão e pelas grades, pai e filha se acenam amorosamente. Separated by the empty space and the bars, father and daughter wave at each other dearly.
Tele Tecnologic Tv Computer Carolina Oliver / 45’’ / SP / 2006 Trabalho que permeia o campo das midias e dos meios de comunicação. Pretende articular sentimentos e sensações através de estímulos visuais e sonoros, discutir o devenvolvimento frenético da tecnologia e os processos e meios de informação.
Piece that permeates the field of media and means of communication. It intends to articulate feelings and sensations through visual and sound stimuli, discussing the frenetic development of technology and information processes and means.
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Toró / Downpour André Amparo / 1’45” / RJ / 2006 Breves impressões sobre ganhar e perder. Brief impressions on winning and losing.
VD35162 Aleph Eichemberg / 1’30’’ / SP / 2006 Animation video made frame by frame, showing the design creation process. The piece shows influences of the films of Stan Brakhage and the design of David Carson.
Vídeo de animação feito quadro a quadro, mostrando o processo de criação de design. O trabalho teve influência dos filmes de Stan Brakhage e do design de David Carson.
Trans… Martin Schlesinger / 1’58’’ / MG / 2006 Trans... ação ...cendência ...crição ...curso ...ferência ...figuração ...ição ...e... – um ritual de trânsito em tempo transfigurado.
Trans…action...cendence... cription ... course...fer ...figuration ...ision...and... – a transit ritual in transfigured time.
ZumOut Ana Adams de Almeida e Gibran Bisio / 23” / RS / 2006 A felicidade e a tragédia vistas sob o mesmo ângulo. Happiness and tragedy seen from the same perspective.
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Textos, imagens e sons tornam-se ubíquos, com o surgimento de aparelhos portáteis como os PDAs e os cada vez mais turbinados celulares, explosivos em todos os sentidos da palavra. As linguagens contemporâneas circulam (por todos os cantos) na velocidade com que o código binário se multiplica. Apesar de existirem bons trabalhos realizados com e para mídias móveis, trata-se de um universo irregular, o que é comum no caso de tecnologias emergentes. A seguir, algumas tendências da área.
MOBILE MEDIA TRENDS Texts, images and sounds become ubiquitous with the emergence of portable devices such as PDAs and the increasingly turbinated mobile phones, explosive in all senses. The contemporary languages circulate (everywhere) in the velocity of the binary code multiplying itself. Even though there are good pieces developed with and for mobile media, the area is still irregular, what is comum with emergent technologies. Follows some mobile media trends continue in page 34 >
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No texto curatorial de [re]distributions (www.voyd.com/ia/curator1.htm), Patrick Licthy afirma que a expansão da mídias móveis “em direção à uma cultura mais ampla parece ser uma forma de intervenção por si só”. Para ele, as redes de tecnologias portáteis conduzem à uma cultura da distribuição, resultado de um desvio “da tela à palma e ao espaço” (www.voyd.com/ia/essaylichty.htm). Em Arte sem Fio (p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2525,1.shl), Giselle Beiguelman lembra que definir “arte wireless como a arte da cultura da mobilidade é correto, mas demasiado genérico”. Para ela, é preciso “diferenciar arte para dispositivos móveis de arte com dispositivos móveis”, entre trabalhos que exploram o compartilhamento e outros que lidam com a relação entre redes on e offline. Os artistas reunidos neste catálogo oferecem uma boa amostra dos desdobramentos que surgem no âmbito da cultura “sem fio” que se consolida. O grupo inglês Blast Theory (www. blasttheory.co.uk/) desenvolve projetos que misturam jogo e realidade com auxílio de mídias móveis. The British group Blast Theory (www.blasttheory.co.uk/) develops projects that mix game and reality with the help of mobile media.
Além deles, vale destacar alguns exemplos que exploram outras tendências representativas do que se tem produzido com mídias móveis. Um deles é Noderunner ( www.aec.at/en/prix/updates/article.asp?iNewsID=314), de Yuri Gitman e Carlos J. Gomez de Llarena. É um game que transforma Nova Iorque num campo em que duas equipes se logam no maior número possível de nós de Internet wireless. Só conta ponto se tiver foto no blog do projeto. Noderunner trata o espaço público como interface, e ressalta as conexões entre
Rastro GPS de Manchester, cidade que virou Madchester na época que o Hacienda mostrou ao mundo o som dos Happy Mondays, e agora é conhecida como Mapchester, por causa das ações associadas ao OSM.
redes de informação e ambiente urbano. Outro é o rastro GPS de Manchester, criado em 13 e 14 de maio de 2006, quando mais de 40 pessoas convocadas pelo OSM se reuniram
GPS image of Manchester, city that was known as Madchester when the Hacienda introduced the world to the Happy Mondays, and now is known as Mapchester, because of the OSM.
para coletar informações e gerar um mapa da cidade. Redes para todos os lados Os dispositivos móveis dão uma nova amplitude aos processos de
Drew Hemment (www.drewhemment.com/2003/mobile_phones_
distribuição de conteúdo, num momento em que as redes de banda
and_surveillance.html). É ingênuo isolar as mídias móveis de uma
larga permitem trocar vídeo com relativa facilidade.
cultura de rede em que emergem formas de vigilância cada vez mais sofisticadas.
Essa facilidade de uso redefine a fronteira entre amador e profissional, e muda parâmetros, em um contexto de câmeras
Ao invés de tecnologias antipáticas, como as câmeras de circuito
relativamente baratas e telas de todos os tamanhos espalhadas pela
interno e radares dos anos 80, hoje o rastreamento acontece através
cidade (e muitas vezes interconectadas).
de aparelhos amigáveis, ou em processos prosaicos (como a compra de um produto com etiqueta RFID, por exemplo).
Um aspecto saudável do fenômeno é a forma como ele perturba os circuitos de distribuição. Videoblogue, sites como o YouTube e
Hemment dá o tom do debate: “o que acontece quando se torna
vodcasts são bons exemplos.
fácil para todo mundo monitorar todo mundo, quando a vigilância pode ser afetada por tecnologias de balcão, no contexto de redes
Muitas vezes eles funcionem apenas como cabide de arquivos. Não
peer-to-peer que não podem ser roteadas por um ponto central?”
importa. O surgimento de alternativas ao modelo convencional de TV é relevante. Resta o desafio de produzir conteúdo próprio para
Uma forma de estimular o uso crítico destas tecnologias é subverter
transmissão em tempo real, um problema que persiste mesmo em
suas regras de uso. Vários dos trabalhos selecionados para o
conexões de banda larga. No caso do celular, o problema é como
Telemig Celular arte.mov driblam as especificações de fábrica das
produzir para telas pequenas.
tecnologias que utilizam. Assim, instalam um campo de tensão entre localização e deslocamento.
Tecnologias do deslocamento As mídias móveis estimulam o deslocamento. O “celular não é apenas um dispositivo de comunicação”, conforme observa
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Towards A “wireless” culture
Networks everywhere
In the curatorial statement of [re]distributions (www.voyd.com/ia/
Mobile devices broaden the content distribution processes, in a moment
curator1.htm), Patrick Licthy explains that the mobile media expansion
in which broadband networks enable easy video sharing.
into the larger culture is an intervention. For him, mobile technologies
Ease of use changes the frontiers between amateur and professional, and
lead to a culture of distribution, result of a shift “from the screen to
modify parameters, in a context of widespread cameras and displays of
Palms and to the body” (www.voyd.com/ia/essaylichty.htm).
all sizes around the city (often interconnected).
In Wireless Art (www.uol.com.br/tropico/html/textos/2525,1.shl), Giselle
A health aspect of this phenomenon is disturbing the conventional
Beiguelman points out that defining “wireless art as the art of a culture
distribution circuits. Videoblogs, services like YouTube and vodcasts
of mobility is correct, although too generic.” For her, it is necessary to
(vodcasts.tv/) are good examples.
“make a distinction between art for mobile devices an art with mobile devices”, between works that focus on sharing and others that deal with
These technologies often function merely as file’s hangers. It does not
the relation between on and offline networks.
matter. Offering alternatives to the TV model is already relevant. Still,
The artists in this catalog offer a good sample of unfoldings that arise in the context of “wireless” culture that stabilishes itself each day. Beyond them, it is worth to select a few examples that explore other representative trends of the mobile media universe. An example is Noderunner (www.aec.at/en/prix/updates/article. asp?iNewsID=314), by Yuri Gitman and Carlos J. Gomez de Llarena. The game turns New York into a field in which two teams must log on as many wireless hotspots as possible. The score goes only for those who post a picture in the project’s blog. Public space becomes an interface that connects information networks with the urban environment. Another example is trend is the Manchester vestige, created in may 13th and 14th of 2006, when OSM gathered more than 40 people to collected GPS data and generate a map of the city.
remains the challenge of producing content to be transmitted in real time—a problem that persists even in broadband connections. For mobile phones, the problem is how to produce for small screens. Movement technologies Mobile media encourage movement. “The mobile phone is not only a communication device”, as Drew Hemment points out (www. drewhemment.com/2003/mobile_phones_and_surveillance.html). It is naive to isolate mobile devices of a networked culture in which increasingly sophisticated forms of surveillance emerge. Instead of unfriendly technologies, like the internal circuit cameras and radars of the 1980’s, nowadays information tracking relies on friendly devices and prosaic processes (such as buying a product with an RFID tag).
Hemment gives the tone of the debate: “what happens when it becomes easy for everyone to monitor everyone, when surveillance can be affected by counter technologies, within the context of peerto-peer networks that cannot be routed by a central point?� A way to stimulate critical uses of such technologies is subverting their programmed routines. Many of the projects selected to Telemig Celular arte.mov escape the factory specifications of the technologies they use. In this manner, they install a tension field between location and movement.
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drew drew hemment: hemment: mídias mídias quentes, quentes, frias frias ee móveis móveis Um dia qualquer de 1990, Drew Hemment caminhava com a multidão em direção à uma delegacia de polícia, na tentativa de recuperar o sistema de som de uma festa programada para acontecer nos arredores da cidade britânica Blackburn. O caminhão que transportava o PA tinha sido apreendido numa blitz de rotina. Antes de se dedicar às mídias locativas, Hemment foi DJ e produtor envolvido com a cultura clubber inglesa. E curtiu a ressaca desses anos entre livros de teoria pós-estruturalista, na tentativa de encontrar uma moldura conceitual para suas experiências com a cultura dance. Seu interesse passava, também, por questões políticas. Em 1999, ele completa o doutorado sobre arte, tecnologia e o corpo no âmbito da música, com a tese Microgroove (www.drewhemment. com/1998/microgroove.html). É desta fase o artigo E is for Ekstasis, em que procura “investigar dimensões do êxtase que não vêm na forma de tabletes”. No texto, o uso do termo grego indica “Estamos tendo dificuldades para monitorar sua posição: por favor, movimente seu dispositivo de rede no ar” “We are having difficulty in tracking your position: please, move your network device in the air” (www.loca-lab.org/)
a busca por manifestações em que a combinação entre música, dança e os ritmos do corpo produzem estados de desinibição mental que não dependem de estímulo químico (www.drewhemment.com/1996/e_is_for_ekstasis.html). “Por muitos anos, estive interessado na relação entre espacialidade, percepção e corpo. Isso vem da minha experiência com som e música. Eu me envolvi com
música como DJ e produtor de eventos de acid house, no final
vigilância. O projeto questiona a forma como as pessoas reagem ao
dos anos 80. Os espaços sensórios e envolventes da cultura dance
serem rastreadas e observadas, num contexto de vigilância pervasiva
seguiram comigo, como uma metáfora para quando penso sobre arte,
de componentes ao mesmo tempo sinistros e positivos.
instalação, interação, etc.” Em 1995, Hemment cria o Futuresonic, “uma plataforma para aumentar a ambição artística e as inclinações digitais da cultura dance”. A primeira edição do festival aconteceu em setembro de 1996 e “posteriormente tomou o rumo de um evento engajado principalmente nas artes em mídia”. Como diretor artístico do festival, Hemment apresentou exposições com temas como vigilância, migração, mídias móveis / wireless e obsolescência. Em dez anos, o evento se tornou uma referência na área, com curadorias como Migrations, de 2002, Mobile Connections
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e The Locative Dystopia, ambas de 2004. “Estamos assistindo a um desvio fundamental e o surgimento de todo um novo ambiente para o qual precisamos nos preparar. É central o fato de nos tornarmos os condutores da sociedade da vigilância. Isso é um efeito secundário de muitas coisas que, a despeito dos aspectos negativos, nós valorizamos. Além disso, estamos marchando na direção de uma situação em que mais e mais facetas de nossas vidas se tornam, em príncipio, ‘conhecíveis’, ainda que praticamente anônimas.” O projeto mais recente de Hemment é Loca: Set to Discoverable, uma pesquisa interdisciplinar sobre a relação entre mídias móveis e
Migrations, tema do Futuresonic de 2002, é uma reação ao clima reacionário posterior ao 11 de setembro, quando aumentam as manifestações de ódio contra os refugiados de guerra, numa Europa que se reunifica sob o signo da tensão étnica Migrations, theme of 2002 Futuresonic, is a reaction to the conservative climate after September 11, when the manifestations of hatred against war refuges increased, in a reunifying Europe under the sign of ethnic tension (www. drewhemment.com/2002/migrations_ed.html).
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DREW HEMMENT: hot, cold and mobile MEDIA
In ten years, the event has become a reference in the area, with
One day in 1990, Drew Hemment was walking along with a crowd towards
Locative Dystopia, both in 2004.
presentations like Migrations, de 2002, and Mobile Connections and The
a police station, trying to regain the stereo of party that was supposed to happen in the outskirts of the British city of Blackburn. The truck that
Hemment’s latest project is Loca: Set to Discoverable, an interdisciplinary
was carrying the stereo had been stopped by a routine police check.
research on the relationship between mobile medias and surveillance. The project investigates how people react when they are tracked and
Before dedicating to locative medias, Hemment was a DJ and producer
observed, within a context of pervasive surveillance of components at one
engaged in the British clubber culture. Hemment enjoyed the hangover of
time sinister and positive.
those years among books of post-structuralism theory, in an attempt to find a conceptual framework for his experiences with dance culture. His interest also included political issues. In 1999, he finished his doctorate on art, technology, the body and music, with the thesis Microgroove (www.drewhemment.com/1998/microgroove.html). The article E is for Ekstasis is from that period. In it, he tried to investigate “ecstatic dimensions that do not come in tablet form.” In the text, the use of the Greek word indicates the pursuit for manifestations in which the combination between music, dance and body rhythms produces states free of mental inhibition, which do not depend on pharmacological stimulation (www.drewhemment.com/1996/e_is_for_ekstasis). In 1995, Hemment created Futuresonic, “a platform of raise artistic ambition and the digital inclinations of dance culture”. The first edition of the festival was in September 1996 and “then it evolved as an event particularly engaged in media arts”. As the artistic director of the festival, Hemment presented themes like surveillance, migration, mobile / wireless medias and obsolescence.
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patrick patrick licthy licthy
oo homem homem ee as as (mais (mais recentes recentes ee capazes capazes de de desafiar desafiar aa cultura cultura vigente) vigente) mรกquinas mรกquinas
O trabalho mais recente de Patrick Licthy é Valise in an iPod (ceci n´est pas une iPod). A referência dupla, à Duchamp e Magritte, reitera a amplitude de interesses que sua página na Internet anuncia. O uso de tecnologias emergentes é uma constante na produção deste designer intermedia que explora mídias tão diversas quanto a imprensa, o vídeo e o neon. Restrito aos trabalhos pertinentes ao tema das mídias móveis, o texto a seguir não aborda a atuação de Licthy em pintura, peformance, design ou fotografia, nem seu envolvimento com práticas ativistas. Quem quiser saber mais sobre estas facetas do artista, encontra bastante material em www.voyd.com/voyd/.
PATRICK LICTHY: The man and the (most recent and capable of challenging the current culture) machines Patrick Lichty’s most recent work is Valise in an iPod (ceci n´est pas une iPod). The double reference, to Duchamp and Magritte, reiterates the amplitude of interests that his website reveals. The use of emerging technologies is constant in the production of this intermedia designer that explores technologies as diverse as press, video and neon. To focus on his works which are more related to mobile media, the following text will not approach Lichty’s experiences in painting, performance, design, and photography, nor his activist activities. Those who want to know more about these other facets of the artist, can find plenty of material @ www.voyd.com/voyd/. continue in page 44 >
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Em 1994, Licthy desenvolve sua primeira experiência com narrativas não-lineares, (re)cursor. O projeto usa múltiplas interfaces, que representam múltiplas trajetórias do ensaio aforístico. Sua estrutura, criada com imagens linkadas, parte de conceitos aforísticos sobre o virtual, descrito de maneira irônica, e de uma interface numérica linear. Licthy denominou o resultado gelosia narrativa: “os usuários podiam explorar três representações distintas da peça, ou emendar qualquer uma de suas combinações”. Ele considera que o projeto é um arauto distante de seu trabalho com textos associativos. Em 1999, Patrick Licthy produz as animações que vão compor Terminal Time, “uma engrenagem histórica que combina documentário em tempo real e inteligência artificial”. Mil anos da história humana em meia hora de projeção customizada de acordo com os interesses, valores e desejos de cada um. 2000 é o ano de MTEWW Website Unseen #100 (The Power was out in Baton Rouge), criado a partir de uma lista de 100 conceitos para trabalhos de web art, vendidos no Rhizome.org a patrocinadores por US$ 100,00 dólares cada. O centésimo conceito, proposto por Mark Tribe, indagava o que os net artistas fazem quando acaba a energia. Licthy prepara, em resposta, uma série de fotos de um frango congelado, que derrete aos poucos. Por coincidência, na hora em ele planejava ficar offline para executar o projeto, “uma tempestade terrível atinge Baton Rouge e a energia acaba”. As imagens representam o estado de perda em que Lichty se encontra, “por fazer qualquer coisa offline”. Sprawl começa no mesmo ano, e acaba em 2001. Misto de documentário e exposição fotográfica, apresenta em imagens panorâmicas a história da expansão suburbana em North Canton, Ohio (cidade natal de Licthy).
Ensaístico, Sprawl “reúne 190 minutos de vídeo, 32 panoramas e
Pixelbox, de 2005, é uma experiência com comportamentos
documentos que tentam abordar de diversas persepctivas questões
emergentes. LEDs luminosos coloridos, com microprocessadores
ligados à expansão, em área considerada por entidades de âmbito
muito pequenos, compõem uma grade de 36 luzes que trocam
nacional como o New York Times e a AOL/TimeWarner como carros-
de cor. Por causa de diferenças de fabricação minúsculas, seus
chefe do País.”
diferentes timings geram padrões espontâneos, conforme as luzes vermelhas, verdes e azuis piscam. Para Licthy, “os Pixelboxes
Grasping at Bits 1.1: Art and Intelectual Property usa princípios
parecem criar ‘caracteres’ ou ‘caligramas’ (para citar Foucault) que
semelhantes, mas trabalha com um mapa abstrato, que permite
aludem ao símbolo legível, mas nunca chegam lá”.
visualizar o relacionamento entre suas partes. A navegação acontece por meio de um menu contextual (composto dos subtítulos
Também de 2005, Videobjects são uma série de... vídeos que usam
do texto, ligados por fios azuis que indicam seus links).
microcomputadores com um único chip e placas de vídeo dedicadas. “Os Videobjects desafiam a idéia de trabalhos em Novas Mídias
Em 2002, Licthy publica Assoniations. O poema, para PDA, “começa
como específicos das plataformas em que rodam
com uma lexia visual que consite de um verso curto associado a
(p. ex. Desktop ou Laptop)”, o artista explica. São vídeos versáteis,
uma imagem. À sua esquerda, vários títulos sugerem lacunas que o
que podem ser exibidos em diversos formatos de projeção.
leitor pode preencher”, em leitura que resulta num “colar de pérolas cognitivo”.
Licthy também desenvolve um trabalho importante como curador. Entre os destaques estão, [re]distributions (ver “Tendências das Mídias Móveis”) e Iconography: critiquing the Icon, “sobre o papel
Para navegar em Sprawl o usuário clica em um mapa que abre páginas com panoramas, vídeos e textos, mosaico de depoimentos sobre a expansão dos subúrbios nos EUA. To navigate in Sprawl, users click on a map that opens pages with panoramas, videos and texts, in a mosaic of testimonies about the suburban sprawl in the United States.
do ícone no computador e na cultura humana”. Ainda que o objetivo deste texto não seja o de se estender em outros aspectos da atuação multifacetada de Licthy, não dá para concluir sem deixar de mencionar a revista Intelligent Agent, da qual ele é editor. A revista publica edições temáticas sobre assuntos emergentes na cultura digital, com volumes dedicados ao conceito de transvergência e à cultura DJ / VJ, entre outros.
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In 1994, Lichty developed his first experience with non-linear
The represent that how Lichty was “at a loss for doing anything when
narratives, (re)cursor. The project uses “multiple interfaces representing
he is offline.”
multiple trajectories through the short aphoristic essay.” The work structure, built from images connected by links, was based on a series
Sprawl was launched in the same year, and finished in 2001. A mix of
of aphoristic concepts about the virtual world, ironic images of this
documentary and photo exhibit, it presents, in panoramic images, the
world and a numeric linear interface.
history of the suburban sprawl in North Canton, Ohio (where Lichty was born).
Lichty called the result narrative lattice, “where users could explore three distinct representations of the piece, or splice any combination
Essaistic, it compiles “190 minutes of online video and 32 panoramas
thereof.” He considers the project a distant harbinger of his work in
plus historical documents that try to tell a multifaceted perspective of
associative texts.
the issues relating to sprawl in what is considered by national entities like the New York Times and AOL/TimeWarner as a bellwether part of
In 1999, Patrick Lichty produced the animations for Terminal Time, “a
the nation.”
history engine gearing combining real-time documentary graphics and artificial intelligence.” A thousand years of human history in half-hour
Grasping at Bits 1.1: Art and Intellectual Property explores similar
projections, customized according to the biases, values, and desires of
principles, but uses an abstract map that enables visualizing its parts.
each one of us.
Navigation takes place by means of a contextual menu (where the of the text parts are connected by blue lines).
2000 was the year of MTEWW Website Unseen #100 (The Power was out in Baton Rouge), motivated by a list of 100 concepts for web
In 2002, Lichty publishes Assoniations. The PDA poem “begins with a
art pieces, published in Rhizome.org to be offered to patrons at US$
visual lexia consisting of a short verse and associated image. To the
100.00 dollars each.
left, several associated titles suggest branches the reader may wish to follow”, forming a “cognitive string of pearls”.
The hundredth concept, proposed by Mark Tribe, speculated about what net artists did when power was off. Lichty’s reaction to the proposal
Pixelbox, from 2005, is an experience with emerging behaviors. LEDs,
was a series of pictures of a frozen chicken, that melts slowly. By
that contain very small microprocessors, create a 36 grid color-changing
chance, the pictures are taken on the day “a terrible tempest hits Baton
grid. Due to miniscule fabric differences, timing changes occur, and the
Rouge, and power when out at the time I was scheduled to be offline”.
grid of LEDs begins to create patterns as the red, green and blue LEDs
flash. For Lichty, “the Pixelboxes seem to be creating ‘characters’ or ‘calligrams’ (to quote Foucault) which hint at the legible symbol, but never quite gets there.” Also from 2005, Videobjects are a series of... video works that run on single-chip computers and dedicated video boards. “The Videobjects challenge the idea of New Media as platform-specific (i.e. desktop or laptop).” They are versatile video works that can be seen in different projection formats. Lichty also develops important work as a curator. Some highlights are [re]distributions (see “Mobile Media Trends”) and Iconography: critiquing the Icon. The exhibit reflects, as per the curatorial text, “on the role of the icon in computers and in human culture”. 44 /
Although this article does not aim to cover other aspects of Lichty’s multifaceted work, it is impossible to avoid mentioning his work as editor of Intelligent Agent. The magazine publishes thematic editions about emerging subjects in the digital culture, with volumes dedicated to the concept of transvergence and the DJ / VJ culture, among others.
Pixelbox de 2005: o projeto dialoga com “every Icon”, de John Simon. O trabalho de Simon desenha todos os ciclos possíveis em uma grade de 32 x 32 pixels, criando todos os ícones imagináveis. Pixelbox from 2005: the project dialogues with “every Icon,” by John Simon. Simon’s work designs all possible cycles in a grid of 32 x 32 pixels, Creating all imaginable icons
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mostra mostra mobile mobile exposure exposure Quando concebi o que veio a se tornar o festival Mobile Exposure, em 2003, tinha acabado de montar a exibição de arte de dispositivos móveis chamada (re)distributions, que trazia trabalhos para processadores de mão, corpo e embutidos no espaço ao nosso redor. Os dispositivos móveis e portáteis sempre me pareceram uma plataforma natural para a arte, mas demorou um pouco para que esta se desenvolvesse. Concebi a exposição (re)distributions após a primeira vez que vi um Palm Pilot em 1998 e observei que houve um intervalo significativo entre o surgimento da tecnologia em si e o tempo necessário para que essa tecnologia atingisse massa crítica na sociedade formadora de opinião. Parece que os telefones celulares levaram muito menos tempo para se estabelecerem como dispositivos de arte do que os PDAs. Quando adquiri meu primeiro telefone celular com vídeo, soube que só era uma questão de tempo para este festival acontecer e fico satisfeito em ver que o tempo entre a concepção e o início da Exposição Móvel foi muito menor do que aquele observado em projetos anteriores. Quando penso no telefone celular como um meio para o vídeo, penso na história da videoarte, uma das fontes que alimenta este festival. Um ensaio que influenciou meu pensar sobre vídeo e arte tecnológica em geral é o de David Antin “The Distinctive Qualities of Video” (As qualidades Específicas do Vídeo), que discute as diferenças entre vídeo e televisão, poder e acesso. Antin vê a televisão com meio da transmissão institucional e que o vídeo é criado pela
prática de guerrilha, do faça você mesmo, de raízes do cidadão
o “Wristwatch 61” (Relógio de Pulso 61) de Bryce Beverlin leva
comum. Minha crença é a de que com a emergência das tecnologias
o vídeo móvel ao cume do gestual e efêmero através do uso de
digitais e dispositivos móveis de gravação, os videoastas comuns
imagens em série a partir de uma WristCam Casio.
sobre os quais Antin falou se tornam cada vez mais francos, experimentais, íntimos e atuais.
Mas se você pensa que eu não tenho dúvidas acerca de se ter olhos móveis por toda parte, o resultado final da gravação móvel
Essas qualidades são evidentes em vários dos trabalhos mostrado
é também simples. Foucault escreveu sobre a prisão protótipo
nesse festival. As viagens do telefone celular de Melinda Rackham’s
chamada Panopticon, que supostamente criava um ambiente que
jogam com metáforas de viagem à medida que ela anda por mapas,
permitia que todo mundo olhasse para todas as outras pessoas no
estrelas e outros elementos depois de sua viagem da Austrália
espaço (caso fosse assim desejado). Talvez isso pareça antiquado
para a Escandinávia. Os curtos de meditação de Michael Spakowski
em 2005, mas com câmeras de circuito fechado e plataformas de
comprimem a experiência humana em um pequeno espaço pelo
vigilância por toda parte da venda local ao banco, o cenário Grande
mérito de um dispositivo móvel de gravação. Também, a natureza
Irmão Orwelliano, no qual qualquer um pode estar observando, você
intimista do dispositivo móvel se revela em “Amor Es” e “The Stolen
chegou. Isso inclui o telefone celular.
Kiss” (O Beijo Roubado) e “Kaytai” (telefone celular em japonês), um vídeo que faz uma reflexão sobre as relações das pessoas com
Assim, com as câmeras de vigilância nos espiando, e nós as
seus dispositivos móveis.
espiando, nos encontramos sob o microscópio. Sub-culturas inteiras devotadas a espiar embaixo da saia com câmeras pessoais não
De volta a Antin, no período entre hoje e aquele do ensaio de
são novidade, e as câmeras-fones são suficientemente sofisticadas
Antin, surgiram o crescimento da cultura de rede, tecnologia móvel,
a ponto de tornar a formação de imagem de cartões de crédito
e as mudanças radicais causadas por tecnologias digitais. Questões
um problema. Assim, não só governos e instituições podem nos
estéticas, sociais, políticas e culturais envolvendo a chegada de
olhar com impunidade, qualquer elemento capaz de obter e usar
novas tecnologias surgiram também através da vinda de novas
tal dispositivo também é construído com a capacidade de gravar
tecnologias. Uma dessas questões é a do acesso. O equipamento
nossas vidas. Estamos vivendo dentro de uma espécie de “O Show
que sem esperança esteve fora de alcance nos anos oitenta, agora
de Truman”.
existe em minúsculos dispositivos na forma de equipamento de consumo, e existem vídeos de nível profissional que podem ser
Mas então, isso também abre a possibilidade para o telefone celular
obtidos por uns dois mil dólares. Não se tinha notícia disso
e outros dispositivos de gravação de uso pessoal serem dispositivos
mesmo no tempo da PortaPak. E levado ao seu extremo lógico,
de ‘contra-vigilância. Por exemplo, quando as autoridades
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desejam ter um registro de um evento com objetivos ‘oficiais’, tais
banda que transmitisse de modo confiável o conteúdo ao dispositivo
como identificação, o olhar geralmente não inclui aqueles de uma
móvel. Em 2005, o vídeo móvel foi um assunto quente na Electronics
pessoa atrás do balcão - funcionário, caixa, etc.; só o do cliente. Os
Entertainment Expo (Exposição de Eletrônicos de Entretenimento), o
dispositivos de formação de imagem de uso pessoal criam um reflexo
vídeo blogging está atingindo um público mais amplo, e operadores de
da vigilância, uma que possivelmente seja um ‘observar o observador’
conteúdo, incluindo a Playboy.com estão explorando as possibilidades
metafórico, e que idealmente manteria todo mundo honesto. “My
do vídeo móvel. O blog, e até o podcast, estão sendo suplantados pelo
Response to Chroma” (Minha Resposta a Chroma) de Derek Jarman se
vlog como a mídia da atualidade de 2005. O vídeo móvel rompeu a
passa dentro do Wal-Mart, uma das zonas de vigilância comercial mais
superfície da cultura de massa eletrônica.
rígidas dos Estados Unidos para nos dar um contra-registro da cultura de consumo americana. Esta forma de contra-vigilância é essencial
Na criação do Mobile Exposure festival (festival de Exposição Móvel), a
ao futuro da liberdade eletrônica, mas torna-se óbvio para qualquer
meta não era construir um evento para a transmissão de conteúdo de
um que já assistiu ao noticiário da TV cabo com o ângulo correto e
ponta para telefones celulares, a idéia era criar um festival em que todo o
editoração adequada, que a verdade de uma imagem se torna muito
conteúdo ser referisse à cultura móvel ou criada por telefones celulares e
menos estável. O modelo ideal está longe da perfeição na vida real.
dispositivos móveis. Isso é evidente em “Art as Seen by the Machines” (A Arte Vista pelas Máquinas), “Gesture Lesson” (Lição Gestual), e “A Form
Entretanto, como possa estar pintando um quadro muito negro da
of Human Relation” (A Forma de Relação Humana), que tira vantagem
visão mundial pelo vídeo móvel, a flexibilidade da criação de imagem
da interpretação artística através de programas escritos por plataforma
com dispositivos também oferece a possibilidade de pontos de vista
ou imagem gráfica móvel para a tela portátil. Essas são as qualidades
criativos únicos. Como no caso das câmeras Kodak Brownie e Polaroid
que distinguem os vídeos ao corpo dos trabalhos neste festival único, e
Land, e a Sony PortaPak depois delas, a mobilidade do dispositivo de
este é o primeiro festival até onde eu saiba a conter trabalhos criados
gravação criou novas perspectivas para os usuários de tecnologias.
com esse ponto de vista. Entendam que o que estão vendo vem de uma
Como mencionado anteriormente, muitos dessas são diferentes,
pequena tela ou lente de palm de alguém, e não da tela prateada. Essa
se não novas, perspectivas da existência humana, visões do
é uma perspectiva particular que eu tenho tido o prazer singular de
homem-comum, e intimidade.
testemunhar, como uma criança em um parque de diversões na virada do século passado. O “Stop Motion Series 13” (Séries de Movimento Imóvel
A massa critica para o vídeo móvel depende do cenário cultural. Nos
13) de David Crawford utiliza a perspectiva móvel para se referir aos
Estados Unidos (tipicamente menos adiantada na tecnologia móvel),
estudos originais de Muybridge, mas com dispositivos móveis em metrôs
os telefones celulares podem ter a capacidade de criar vídeos, mas
ou nas ruas. É inspirador ver que existem outros que vêem os paralelos do
até recentemente a infra-estrutura celular não possuía uma largura de
desenvolvimento histórico como novas tecnologias emergentes.
Eu gostaria de expressar meus agradecimento profundos a Joel Bachar e Patrick Kwiatowski da Microcinema por seu apoio indefectível ao projeto, e a todos os artistas que foram extremamente gentis em participar deste empreendimento pioneiro. Como de costume, agradecimentos especiais à minha esposa, Leigh Clemons, minha família e aos meus colegas mais próximos pela sua paciência, porque projetos como esses não acontecem da noite para o dia. Agradeço também ao nosso público, por tomar parte deste evento, e espero que aproveitem o festival.
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Patrick Lichty voyd@voyd.com Interactive Arts & Media Columbia College, Chicago Editor-In-Chief Intelligent Agent Magazine /www.intelligentagent.com
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THE MOBILE EXPOSURE SHOW
These qualities are evident in many of the works featured in this
In conceiving of what would become the Mobile Exposure video festival
travel as she walks along inset maps, stars and other elements after
in 2003, I had just finished the implementation of the (re)distributions
she had traveled from Australia to Scandinavia. Michael Spakowski’s
mobile device art exhibition which featured works for the hand, body
meditative shorts compress human experience into a small space by
and embedded processors cooexisting in the spaces around us. Mobile
virtue of the mobile recording device. Also, the intimate nature of the
and handheld devices have always seemed like a natural platform for
mobile device reveals itself in “Amor Es” and “The Stolen Kiss” and
art, but it’s been a while seeing it develop. When I envisioned the
“Kaytai” (Japanese for cellphone), a video that reflect on people’s
(re)distributions exhibition after the first time I saw a Palm Pilot in
relationships to their mobile devices.
festival. Melinda Rackham’s cellphone journeys play with metaphors of
1998, there was a lag between the rise of the technology, and the time required for that tech to reach critical mass in mainstream society. It
To return to Antin, in the time between today and that of the time
seems that it’s taken a lot less time for cellphones to catch on than
of Antin’s essay, the rise of network culture, mobile technologies,
PDA’s as art devices. When I got my first video cellphone, I knew it was
and radical shifts caused by digital technologies have come about.
a matter of time for this festival to take place, and am gratified that
Aesthetic, social, political, and cultural issues surrounding the arrival
the timespan between conception and inception for Mobile Exposure
of new technologies have arisen through the coming of these new
has been far less time than previous projects.
technologies as well. One of these is that of access. Equipment that was hopelessly out of reach on the 1980’s now exist in miniscule
Thinking about the cellphone as a place for video, I think about
devices as consumer equipment, and professional-grade video
the history of video art, one of the seminal wells from which this
equipment exists that can be had for a couple thousand dollars. This
festival draws. An essay that has influenced my thinking on video
was unheard of even in the day of the PortaPak. And taken to its
and technological art in general is David Antin’s “ The Distinctive
logical extreme, Bryce Beverlin’s “Wristwatch 61” takes mobile video
Qualities of Video”, which discusses the differences between video
to its most gestural and fleeting by using serial imagery from a Casio
and television, power, and access. Antin believed that television is
WristCam.*
the medium of the institutional broadcaster, and video is created by the grass roots, do-it-yourself, guerrilla practitioner. My belief is that
But if you think that I do not have misgivings about having mobile
with the rise of digital technologies, and mobile recording devices, the
eyes everywhere, the upshot mobile recording is plain as well.
grass-roots video that Antin spoke of is becoming increasingly candid,
Foucault wrote of the prototype prison called the Panopticon, which
experiential, intimate, and in the moment.
was supposed to create an environment that allowed everyone to
watch everyone else in the space (if so desired). Maybe this seems old hat by 2005, but with closed-circuit cameras and surveillance
However, as I may have been painting too dark of a mobile video
platforms everywhere from the local convenience store to the bank,
worldview, the flexibility of image creation with portable devices
the Orwellian Big Brother-esque scenario in which anyone could be
also offers the possibility for unique creative viewpoints. As with
watching you is here. This includes the cell phone.
the Kodak Brownie and Polaroid Land cameras, and the Sony PortaPak after them, the mobility of the recording device created
So, with security cameras peering at us, and us peering at them,
new perspectives from the users of the technologies. As mentioned
we are under the microscope. Whole subcultures devoted to skirt
before, many of these are different, if not new, perspectives of human
peeking with personal cameras are not news, and phone cameras
existence, grass-roots visions, and intimacy.
are sophisticated enough to make credit card imaging a problem. So, not only governments and institutions can watch us with
A critical mass for mobile video is upon the cultural scene. In the
impunity, any element able to obtain and use such a device is made
United States (typically behind in mobile technology) cell phones
capable of recording our lives as well. We’re living within a sort of
may have the ability to create video, but until recently the cellular
“The Truman Show”.
infrastructure lacked the bandwidth to reliably deliver the content
But then, this also opens up the possibility for the cell phone and other personal recording devices as ‘counter-surveillance’ devices. For instance, when authorities wish to have a record of an event for ‘official’ purposes, such as identification, the gaze usually does not include that of the person behind the counter - officer, teller, etc.; just the client. Personal imaging devices create a reflection of surveillance, one that could possibly be a metaphorical ‘watching of the watchers’, and would ideally keep everyone honest. Derek Jarman’s “My Response to Chroma” takes us inside Wal-Mart, one of America’s tightest commercial surveillance zones to give us a counter-record of American consumer culture. This form of countersurveillance is essential to the future of electronic freedom, but it’s obvious to anyone who has watched cable news that with the proper angle and the proper editing, that the truth of an image becomes far less stable. The ideal model is far from perfect in real life.
to the mobile device. In 2005, mobile video was a hot topic at the Electronics Entertainment Expo, video blogging is reaching a wider audience, and content providers, including Playboy.com are exploring the possibilities of mobile video. The blog, and even podcast, are being supplanted by the vlog as 2005’s media du jour. Mobile video has broken the surface of the electronic mass culture. In creating the Mobile Exposure festival, the goal was not to construct a venue for the transmission of cutting-edge content for cell phones, the idea was to create a festival in which all of the content was about mobile culture or created by cell phones and mobile devices. This is evident in “Art as Seen by the Machines”, “Gesture Lesson”, and “A Form of Human Relation”, which takes the vantage point of artistic interpretation through programs written for the mobile platform or graphics for the handheld screen. These are the
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distinctive qualities of the videos in this festival unique to this body of works, and it is the first festival in my knowledge to feature works created with this viewpoint in mind. Understand that what you are seeing is from a small screen or a lens in someone’s palm, and not the silver screen. This is a unique perspective that I have had the singular pleasure of witnessing, like a child in a penny arcade at the turn of the last century. David Crawford’s “Stop Motion Series 13” uses a mobile perspective to refer to Muybridge’s original studies, but with mobile devices on subways and on the street. It’s heartening to see that there are others that see the parallels of historical development as new technologies emerge. I would like to voice my profound thanks to Joel Bachar and Patrick Kwiatowski of Microcinema for their unfailing support of this project, and to all of the artists who were kind enough to participate in this groundbreaking enterprise. And as usual, special thanks go out to my wife, Leigh Clemons, my family and close colleagues for their patience, as projects like these don’t happen overnight. Thanks to you, our audience, for being part of this event as well, and I hope you enjoy the festival.
Patrick Lichty voyd@voyd.com Interactive Arts & Media Columbia College, Chicago Editor-In-Chief Intelligent Agent Magazine /www.intelligentagent.com
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uma uma arte arte do do não-espetáculo não-espetáculo ee de de vestígios vestígios dispersos dispersos por por telas telas pequenas, pequenas, médias médias ee grandes grandes
Uma das características marcantes da linguagem digital é a capacidade de ser igual e diferente ao mesmo tempo. O código binário se multiplica por meio de seqüências clone. Mas cada uma delas funciona à sua maneira, pois responde aos vários sistemas em que circula. Um exemplo é Wopart. É um projeto sobre imagens idênticas, naquilo que as distingue. Poemas que se deslocam do visual ao verbal e do fonético ao não-fonético, em tempos em que tudo flui sem peso, no intercâmbio randômico de ‘zeros’ e ‘uns’ por redes de todos os tipos. O código repetido torna impossível distinguir os arquivos em fluxo, sem fio, de uma interface à outra. Sempre que a tela congela uma imagem do código, muda a experiência de quem olha.
giselle beiguelman: Non-show art and remnants scattered in small, medium and large screens One of the striking features of digital language is the capability of being equal and different at the same time. The binary code multiplies itself through clone sequences. But each one of them functions in its own way, because it responds to the several systems in which it circulates. An example is Wopart. It is a project on images identical in what differentiates them. Poems that shift from visual to verbal and from phonetic to non-phonetic, in times in which everything flows weightless, in a random exchange of ‘zeros’ and ‘ones’ through all kinds of networks. The repeated code makes it impossible to distinguish the binary files in flux, wireless, from one interface to another. Whenever the screeens freezes the code image, the experience of whoever is looking changes. continue in page 58 >
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Em Leste o leste?, de 2002, interfaces web e telefones celulares permitem que o público interfira em painéis eletrônicos urbanos como quem escolhe um canal de TV (controle remoto apontado para o aparelho em frente ao sofá). A teleintervenção dialoga com seu entorno, a movimentada Radial Leste, avenida de São Paulo cercada de muros com grafites e pixações. No projeto, o público foi convidado a enviar grafites digitais pela internet, para difusão num painel eletrônico na região. O objetivo? Estimular uma inversão da lógica curatorial, ao fazer com que o público participe da seleção das obras exibidas. egoscópio, do mesmo ano, explora o fluxo de informações da própria internet e convida o público a des/organizar uma auto-biografia coletiva do personagemtítulo. O processo acontece pelo envio de URLs com as preferências do egoscópio (Que música ele ouve? Que perfume usa? Que chocolate ele come?). Os endereços dos sites enviados foram projetados, em horários pré-definidos, num painel eletrônico na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo (e podem ser vistos a partir da imagem de retorno transmitida por webcam para o site do projeto, www.desvirtual.com/egoscopio/english/tec.htm). Todos estão registrados na documentação do projeto. Em Poétrica, o essencial é o código transmitido, que adere temporariamente a esta ou aquela interface. O projeto usou o espaço publicitário para inverter a lógica do espetáculo: poemas-para-não-serem-lidos, nas brechas da grade de programação de três painéis eletrônicos de São Paulo (www.poetrica.net/ portugues/mapa.htm). Nos três trabalhos, a artista investiga como se dá a leitura em ambientes entrópicos e situações de trânsito. Um dos protocolos que ‘linka’ os trabalhos de Giselle Beiguelman é a pesquisa de “um contexto de leitura mediado por
interfaces conectadas em Rede”, conforme explicado no início da
De vez em sempre é um exercício de lembrar volátil. Pensar é um
metade impressa de O livro depois do livro (ensaio que fricciona,
exercício de decomposição do mundo em vestígios de percepção
soma e faz intersecções entre papel e tela, www.desvirtual.com/
reordenados na memória. O projeto torna visível esse processo.
thebook/ebook.htm). Sempre igual, mas diferente. //**Code_UP é uma síntese de como estas redes permitem novos arranjos de linguagem. Na internet, o fluxo de dados melhora a cada
De vez em nunca endereça a impossibilidade de esquecer (a
dia. Atualmente, é possível processar imagens online em tempo
despeito da vontade de poder fazê-lo), invertendo a lógica do
real. O projeto explora justamente esta possibilidade.
projeto anterior. Entre aspas, ambos “têm horizontes cognitivos e perceptivos distintos”: no primeiro, “a manipulação de imagens
Em sua primeira versão (exposição Life Goes Mobile), era possível
gerava uma situação marcada por diferenças e repetições, em um
enviar imagens para três telas e alterar as composições resultantes
mosaico entrópico”; no segundo, “o resultado aponta para um
com celulares bluetooth. O processo mostra a diferença entre
palimpsesto instável” (que explora a saturação, pelo uso de cores
imagens analógicas e digitais: fotografia, tatuagem de luz injetada
que podem ser controlados no teclado).
no filme; imagem digital, acréscimo de pixels ejetados da tela. A capacidade de indicar de maneira sutil a distância entre técnica
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Sempre diferente, mas igual.
e tecnologia aproxima os projetos mais densos de Beiguelman do acento ensaístico, caso de //**Code_UP e do já citado O livro depois do livro. Extrair um sentido complexo das operações tecnológicas com que seus trabalhos lidam é marca da artista. Um bom exemplo é a série De Vez em Sempre / De vez em nunca / De vez em quando. São instalações interativas em que os vídeos enviados por celular para a tela se compõem e decompõem pela ação do público. A terceira delas será mostrada no Brasil pela primeira vez no Telemig Celular arte.mov. As outras duas exploram a defasagem entre espaço e tempo, que surge na sobreposição de fragmentos de vídeo decompostos, depois justapostos.
Na versão web de //**Code_UP, ao mover o mouse o usuário navega inclusive no avesso das imagens, que se desmancham em sua própria geometria conforme são ampliadas. In the web version of //**Code_UP, when users move the mouse, they also navigate the reverse of images that dissolve in their own geometry as they enlarge.
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In Did you read the east?, of 2002, web and cell phone interfaces allow
On the three projects, the artis investigates how reading occurs in
the audience to interfere on electronic panels as if it was choosing a TV
entropic environments and in flux. One of the protocols that links
channel (remote control pointing to the set in front of the sofa).
Beiguelman’s works is the research of “a reading context mediated by interfaces connected in Network”, as explained in the beginning of the
The teleintervention dialogues with its surroundings, the busy Radial
printed half of The book after the book (essay that adds, sparkles and
Leste, avenue in São Paulo surrounded by graphited walls. In the project,
intersects paper and screen, www.desvirtual.com/thebook/ebook.htm).
the audience is invited to send digital graphite through the internet, to an electronic panels on the area. Why? To stimulate an inversion in the curatorial logic, by making the audience take part in the selection of the art exhibited. egoscope, of the same year, explores the flow of information on the internet and invites the public to de/organize a collective autobiography of the main character. The process occurs through sending URLs with egoscope preferences (What kind of music does he listen to? What perfume does he use? What chocolate does he eat?). The URLs were projected, at pre-defined schedules, on an electronic panel on Brigadeiro Faria Lima Avenue, in São Paulo (and could be seen from the return image relayed by a webcam to the project webpage, www. desvirtual.com/egoscopio/english/tec.htm). There is a record of sent URLs on the project’s documentation. In Poetrica, the essential is the transfered code, temporarily attached to this or that interface. Poetrica takes hold of the publicity space, to inverts the spectacle logic: poems-not-to be-read fill in the gaps of the program schedule of the three electronic panels of São Paulo (www. poetrica.net/portugues/mapa.htm).
//**Code_UP is a summary of how these networks allow new language arrangements. On the internet, bandwidth improves each day. Now, it is possible to process images in real time. The project explores exactly this new condition of the web. In its first version (Life Goes Mobile exhibition), it was possible to send images to three screens and edit the resulting compositions with Bluetooth cellphones. The process distinguishes analogical and digital images: photography, tattoo of light injected in the film; digital image, addition of pixels ejected from the screen. The ability of gently pointing the distance between technique and technology brings Beiguelman’s denser projects closer to the essayistic tone, as in //**Code_UP and the already mentioned The book after the book. To extract complex meanings from the technological operations with which her work deal is a trademark of the artist. A good example is the series Sometimes Always / Sometimes Never / Sometimes. They are interactive installations in which videos sent from cellphones to the screen compose and decompose through the audience’s action. The third of the series is going to be shown in Brazil for the first
time at Telemig Celular arte.mov. The other two explore the space and time de-synchage, that emerges at the overlapping of the fragments of video which is decomposed, then juxtaposed. Sometimes always is an exercise of volatile memory. Thinking is an exercise of decomposing the world in traces of perception reordered in the memory. The project makes this process visible. Always the same, but different. Sometime never addresses the impossibility of forgetting (despite the will of being able to do it) and reverses the logic of the previous project. Quote, both “have distinct cognitive and perceptive horizons”: in the first “manipulatin images generated a situation marked by differences and repetitions, in an entropic mosaic”; in the second, the “results points toward an unstable palimpsest” (that explores saturation, through the use of colors that can be controlled at the keyboard). Always different, but the same.
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Falamos aqui de uma arte possível, anexada a sistemas, dispositivos e redes telemáticas. Trata-se de uma arte ‘quase invisível’, porém amplamente teorizada, discutida em listas de discussão especializada e simpósios internacionais. Muitos não a enxergam, nem como sistema nem como arte. Poucos artistas a enfrentam com consistência e determinação. Pergunta-se frequentemente: “como sistemas de comunicação largamente utilizados – aparentemente banais e totalmente difundidos na rede das relações pessoais - passam, ‘de um dia para o outro’, a se expandir por domínios antes impensados, alcançando as complexas instabilidades e subjetividades da arte?”1 Em nosso desafio de colocar essa arte em foco, optamos por evidenciar não a diversidade de olhares que se lançam ocasionalmente e fortuitamente sobre as possibilidades expressivas das tecnologias móveis, mas nos detemos em um olhar único, rigoroso e atento. O ‘olhar’ de Giselle Beiguelman se lança sobre a diversidade de nuances que essas tecnologias sugerem. Na verdade não se trata exatamente de um ‘olhar’, mas de uma imersão numa rede de relações embutida nesses sistemas que se apóia em pesquisa, em estudo e experimentação. Enfrentar essas tecnologias requer consistência e o conhecimento das questões que permeiam o contexto atual – presume um mínimo de distanciamento da excitação diante dos artifícios de sedução embutidos nos gadgets wireless.
O ‘olhar’ de Giselle ecoa em nossos propósitos de elucidar a complexidade de relações que se desdobram nas sociedades mediatizadas, em suas tramas políticas, estratégias de consumo e produção visual. Trata-se de uma intenção que esperamos que possa ser compartilhada por todos que se ocupam em observar a vida em suas formas mais atuais, extraindo dos conflitos e das mediações tecnológicas a inspiração para seus trabalhos ou uma melhor compreensão do contexto à nossa volta. Texto de apresentacão da mostra Life Goes Mobile no catálogo Sonarsound (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2004), de Lucas Bambozzi. 1
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LUCAS BAMBOZZI, curadoria
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Anthology of Spread Fragments Giselle Beiguelman retrospective We are talking here about the possibilities of a subtle art, attached to systems, devices and telematic networks. It is an ‘almost invisible’ art, but widely theorized, discussed in lists of expert discussions and international symposiums. Many do not see it neither as a system nor
hope can be shared by all of those who spend time observing life in its most current forms, extracting from conflicts and from technological mediations, the inspiration for their work or a better understanding of the environment around us. 1 Introduction text of the Life Goes Mobile exhibition at Sonarsound (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2004), by Lucas Bambozzi.
art. Few artists face it consistently and with determination. The frequent question is: “how do widely used communication systems – apparently banal and totally spread out in the network of personal relations – begin to, from-one-day-to-another, expand through unthought-of domains, reaching the complex instabilities and subjectivities of art?”1 In our challenge to focus on art, we chose to highlight a single, strict and attentive view instead of the diversity of views that are launched occasionally and fortuity on the expressive possibilities of mobile technologies. The ‘view’ of Giselle Beiguelman is launched on the diversity of the nuances that these technologies suggest. Actually, it is not exactly a simple ‘view’, but an immersion in a network of relations enclosed in these systems that supports itself on research, study and experimentation. Facing these technologies requires consistency and knowledge of the issues that permeate the current context – it assumes a minimum distance from excitement brought about by the artifices of seduction enclosed in wireless gadgets. Giselle’s gaze echoes in our proposals to explain the complexity of relations that unfolds in mediatized societies, in their political plots, consumption strategies and visual production. It is an intent that we
Lucas Bambozzi, curatorial team
mapa mapa incompleto incompleto de de deslocamentos deslocamentos em em curso curso Marcus Bastos, crítico, artista e meu amigo, diz que esta exposição retrospectiva deveria se chamar “Mapa Incompleto de Deslocamentos em Curso”. Talvez ele tenha razão. É mais uma mostra prospectiva do que de balanço ou conclusão. Os projetos nela reunidos (Wop Art (2001), Poétrica (2003-04), desmemórias (2005), De Vez em Quando (2006) e os inéditos fast/slow_scapes e leds are electronic eyes indicam alguns rumos, mas não consolidam pontos de chegada. O recorte estabelecido pelo curador Lucas Bambozzi privilegiou vetores capazes de desenhar um diagrama instável que discute uma emergente estética da transmissão. Pautados por experiências que procuram corromper os limites dos espaços da arte, da informação e da comunicação, explorando contextos cíbridos (entre redes on e off line) os projetos aqui reunidos interrogam: Como pensar uma forma de arte que se dê a ler “in between”, entre atos e interfaces diversos e simultâneos, mas não sincrônicos? Wop Art foi o gesto inaugural dessa reflexão e apresentava ao leitor uma situação imponderável: arte ótica (op art) acessível via Internet móvel em celulares. Podese dizer que a situação era imponderável não pela rudimentaridade do meio na época, meados de 2001, mas pela incompatibilidade entre o que se dava a ler e seu contexto de leitura.
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Isso porque a Op Art remete a uma forma de virtualização
e replicadas em diferentes dispositivos (celulares, Palms,
dependente do grau de concentração e introspecção do leitor, mas
computadores) e, em alguns casos, em ploters e outros sistemas de
imagens concebidas para dispositivos móveis já não dizem respeito
impressão digital.
à contemplação. São feitas para serem vistas no trânsito, em estado de dispersão, de acordo com uma lógica da aceleração que
Redimensionadas e salvas como algo novo, as imagens de Poétrica,
inviabiliza a introspecção.
produzidas pelo público interator ou por mim, eram sempre compostas da mesma informação, porém desprovidas de ligação com
Não se tratava, portanto, de tentar adequar a Op Art aos celulares,
um suporte específico, resultando, assim, em significados visuais
criar uma série ótica que pudesse funcionar como um “tamagoshi”
independentes de sua textualidade e desvinculados do seu lugar de
destinado a um público erudito, fetichizando o aparelho e
produção e veiculação.
contradizendo o objeto, mas sim propor uma situação irônica em que o atrito entre conteúdo e condições de recepção soasse como
Em Berlim, o projeto integrou a exposição p0es1s e foi exposto
uma provocação para enfrentar a novidade de um outro estatuto de
no Kulturforum e no espaço público. No museu, Poétrica consistia
fruição da arte em ambientes entrópicos. Arte para não ser vista
de uma série de impressões em grande formato, projeção de DVD
como arte, confundindo-se com os dispositivos de comunicação e se
um web site. No espaço público, ocupou o painel eletrônico da
dando a ler entrecortada por inúmeros outros inputs, relações que
Kurfürstendamm e foi apresentado nos cinemas no formato de
foram intensamente exploradas em Póetrica.
trailers, anunciando P0es1s por meio da série “ad_oetries” (ads + poetry) concebida especialmente para esta ocasião a convite de
Projeto que começou em São Paulo e terminou em Berlim, realizado entre outubro de 2003 e abril de 2004, Poétrica envolveu uma série de poemas visuais compostos por mim com famílias tipográficas não-fonéticas e uma teleintervenção urbana mediada por criações feitas pelo público com esse mesmo repertório tipográfico. Na etapa realizada em São Paulo, as imagens eram produzidas em qualquer lugar, via SMS, Internet fixa e móvel e disponibilizadas em painéis eletrônicos situados na mancha urbana da Galeria Vermelho, nas avenidas Paulista, Consolação e Rebouças. Essas imagens eram, também, retransmitidas on line por webcams
Friedrich Block, curador de P0es1s. Poétrica, nesse sentido, ressaltava a lógica da clonagem que permeia a criação digital Apesar de serem idênticas no formato e conteúdo informacional, as mensagens produzidas no âmbito de Poétrica não o são no que diz respeito à fruição e legibilidade, evidenciando o mais fascinante aspecto da lógica do clone. A sua capacidade de ser idêntico sendo diferente. Tudo que se criava, era visto e lido de forma completamente distinta, de acordo com seu contexto recepção (museu, galeria, painel eletrônico, web ou cinema) isso não é conseqüência do
tamanho da tela, ou do tipo de superfície a que as imagens e textos
apagam, deletam, sucateiam tudo que lhes é anterior.
momentaneamente aderiam. É resultante de um fenômeno estético particular dessa escritura nômade que, por ser clonável e deslinkada
No meio disso tudo, ficou desmemórias, um webclip interativo
do suporte, engendra o original de segunda-geração (conforme
que explora o estranho paradoxo dos espaços cíbridos que são
definiu Lunenfeld) e desmaterializa a mídia para fazer a interface se
construídos de memória, mas nos quais o que prevalece é uma
realizar como mensagem.
arquitetura do esquecimento.
Fenômeno intrínseco à dinâmica da estética da transmissão, traz
desmemórias trata dos não-vestígios de nosso passado recente.
um espectro de novas variáveis no processo de criação e recepção
Uma história feita de hiatos, pontuada por máquinas de visão
que obriga a pensar em estratégias que nos permitam tornar-se
e comunicação que moldaram o presente e desapareceram.
cúmplice da máquina e ceder à lógica das parcerias que jogam
Computadores Amiga, Mac Classics, Ataris, disquetes de 5 e ¼,
com a alteridade de papéis de criador e criatura, enfrentando as
486s, 386s, XTs, celulares de 500g, monitores de fósforo, antigos
ambivalências entre o visível e o invisível, o lugar do código e o
seriados e “reclames” de TV, são os personagens desse
lugar da imagem.
quase-documentário de memórias decompostas, em que se cruzam refugos midáticos, lixo tecnológico e afetos eletrônicos.
E foi justamente essa linha de inquietações que estabeleceu a pauta de ação de uma “trilogia” De Vez em Sempre, De Vez em Nunca,
Benjamin, olhando Paris no século 19, se perguntava, se é a
ambos criados em 2005, e De Vez em Quando (2006), que faz parte
modernidade nossa antiguidade. Nos anos 1960, Robert Smithson
desta mostra.
redirecionaria a questão lembrando que “ao invés de nos lembrar do passado, os novos monumentos parecem fazer-nos esquecer do
Em De Vez em Quando uma situação de estagnação é definida como
futuro”. desmemórias parte dessas matrizes.
ponto de partida. Imagens gravadas por mim, de dentro do carro, com meu celular, são disponibilizadas para serem desconstruídas
As imagens passam em ritmo acelerado e são, propositalmente,
pelo público, utilizando apenas o mouse. Quanto mais se move o
trabalhadas no limite de seu apagamento, cruzando-se e
mouse, mais os quadros da seqüência do vídeo original se diluem.
superpondo-se com scripts algorítmicos que confundem os limites
O programa desenvolvido para o projeto transforma o mouse em
entre textos e imagens, enquanto trilhas sonoras de diversas épocas
um imã, que leva as imagens aos pontos que o cursor desenha na
embaçam a racionalidade cronológica, intoxicando-nos com o delírio
tela. Nada se apaga e tudo se acumula, resultando em composições
do presente permanente de nossas ruínas midiáticas.
enigmáticas que ora trazem à tona um momento fugidio do dia, ora
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Ruínas que vão nos atropelando e nos condicionando a espaços móveis, como carros trens, ônibus e táxis, sempre grudados a um terceiro olho ciborgue da câmera de celular. Passo tanto tempo em trânsito e pensando em situações de trânsito que quando penso na minha série de fast/slow_scapes, eles (os filmes que produzo) me parecem inevitáveis. Gravados sempre de dentro de um veículo (carros, táxis, barcos, trens e ônibus), com diferentes modelos de celular, em São Paulo, BH, Rio de Janeiro, Berlim, Nova York e na Grécia, são um conjunto de enquadramentos insólitos e pontos de vista, particulares à situação de nomadismo contínuo, que aparecem emparedados, como se fossem “stills on the move”, desconexos e artificialmente realinhados (apesar de não o serem). Por fim, ou sabe-se lá em que ponto, entrou, nessa antologia de fragmentos dispersos, o vlog que venho fazendo de forma muito intermitente, leds are electronic eyes, uma série de vídeos gravados e editados em telefones celulares focando apenas leds. Um diário de imagens que revela os olhos eletrônicos das máquinas, sem procurar humanizá-las, mas atentando para seus estranhos sinais de vida e natureza. Sinais fugidios, cuja fotogenia particular parece ser o micromínimo denominador comum das experiências que compõe o mapa incompleto de deslocamentos em curso desta mostra.
Giselle Beiguelman www.desvirtual.com Projetos comissionados pela Nokia, para Life Goes Móbile 2.0, com curadoria de Lucas Bambozzi. http://www.desvirtual.com/sometimes Projeto produzido para a exposição “interconnect @”, ZKM/Prêmio Sergio Motta, com curadoria de Daniela Bousso e Peter Weibel.
Incomplete Map of Ongoing Shifts
conceived for mobile devices do not refer to contemplation. They are
Marcus Bastos, critic, artist and my friend, says that this retrospective
speeding up logic that makes introspection unfeasible.
exhibit should be called “Incomplete Map of Ongoing Shifts”. Maybe
It was not a matter, therefore, of trying to adjust Op Art to cell
he is right. It is more a prospective exhibit than an assessment or
phones, create an optic series that could work as a “tamagoshi”
conclusion exhibit.
aimed at an erudite audience, fetishizing the device and opposing
made to be seen in the traffic, in a state of dispersion, according to a
the object, but actually to propose an ironic situation in which The projects included Wop Art (2001), Poétrica (Poetrics) (2003-04),
the conflict between content and reception conditions sound as
desmemórias (unmemories) (2005), De Vez em Quando(Once in a
a defiance to face the new of another statute of fruition of art in
While) (2006) and the unpublished fast/slow scapes and leds are
entropic environments.
electronic eyes indicate some paths, but do not consolidate arrivals. The cut established by curators, Lucas Bambozzi, Marcos Boffa and
Art not to be seen as art, confounding itself with communication
Rodrigo Minelli, favored vectors capable of drawing an unstable
devices and presenting itself to be read, broken up by countless other
diagram that discusses an emerging transmission esthetics.
inputs, relationships that were intensely in Póetrica.
Based on experiences that try to corrupt the limits of the spaces
The Project that began in São Paulo and ended in Berlin, carried out
of art, information and communication, exploring cybrid contexts
between October 2003 and April 2004, Poétrica involved a series of
(with on and off line networks) the projects joined here put forth
visual poems I wrote with non-phonetic typographic families and an
the following question: How should we think a form of art that can
urban tele-intervention mediated by creations by the audience with
be read “in between”, among diverse and simultaneous but not
the same typographic repertoire.
synchronic acts and interfaces? In the phase in São Paulo, images were produced anywhere, through Wop Art was the opening gesture of this reflection and showed
SMS, fixed and mobile Internet and made available on electronic
the reader an imponderable situation: optic art (op art) accessible
panels located on the urban spot of Vermelho Gallery, on Paulista,
through the mobile Internet on cell phones. It may be said that the
Consolação and Rebouças avenues.
situation is imponderable not because of the remnants of the media at the time, mid 2001, but due to the incompatibility between what
These images were also rebroadcast online by webcams and
could be read and the reading context.
reproduced on different devices (cell phones, palm tops, computers)
This is because Op Art refers to a form of virtualization that depends
and, in some cases on plotters and other digital printing systems.
on the level of concentration and introspection of readers, but images
Rebuilt and saved as something new, the images of Poétrica,
66 /
67
produced by the interacting audience or by myself, always comprised the
and reception process that makes us think of strategies that allow
same information, but without a link to specific support, thus resulting in
us to become accomplices of the machine and give way to the logic
visual meanings independent of their context and unlinked to their place
of partnerships that play with the alterity of the roles of creator and
of production and transmission.
creature, facing ambivalences between the visible and the invisible, the place of the code and the place of image.
In Berlin, the project integrated the p0es1s exhibit and was shown at the
And it was exactly this line of unsettling circumstances that established
Kulturforum and in a public space. At the museum, Poétrica consisted of
the story of the action of a “trilogy” De Vez em Sempre, De Vez em
a series of large format prints, showing a DVD and a web site.
Nunca, both created in 2005, and De Vez em Quando (2006), that is part
In the public space, it occupied an electronic panel of the
of the present exhibit.
Kurfürstendamm and was presented at movie theaters in the format of trailers, announcing P0es1s through the “ad_oetries” series (ads +
In De Vez em Quando a situation of stagnation is defined as the starting
poetry) conceived especially for this occasion as an invitation by Friedrich
point. Images that I taped from a car, with my cell phone, are made
Block, curator of P0es1s.
available to be deconstructed by the audience, by using only a mouse. The more the mouse moves, the more the images of the sequence of the
Poétrica, in this sense, highlighted the logic of cloning that permeates
original video weaken. The program developed for the project transforms
the digital creation. Despite the identical format and information
the mouse into a magnet that takes the images to the points the cursor
content, the messages produced in the scope of Poétrica are not so with
draws on the screen. Nothing is erased and everything accumulates,
respect to fruition and legibility, highlighting the most fascinating aspect
resulting in enigmatic compositions that sometimes surface a fugitive
of the logic of the clone: its ability to be identical being different.
moment of the day, and sometimes erase, delete, turn into scrap
Everything that was created was seen and read in a completely unique
everything that precedes them.
way, and according to its reception context (museum, gallery, electronic panel, web or movies) this was not a consequence of the size of the
In the midst of all this, desmemorias remained an interactive web clip
screen or the type of surface to which the images and texts momentarily
that explores the strange paradox of cybrid spaces that are constructed
held on. It is the result of an esthetical phenomenon specific to this
from memory, but in which the architecture of forgetfulness prevails.
nomad scripture that, because it is clonable and unlinked from support, it
desmemórias deals with the non-remnants of our recent past. A story
engenders the second-generation original (as defined by Lunenfeld) and
made of hiatus, punctuated vision and communication machines that
dematerializes the media to make the interface happen as a message.
frame the present and disappear. Amiga Computers, Mac Classics, Ataris,
The phenomenon intrinsic to the dynamics of the esthetics of
5 and ¼ disks, 486s, 386s, XTs, 500g cell phones, phosphorus monitors,
transmission brings about a spectrum of new variables in the creation
old TV series and ads, are the characters of this almost-documentary
of decomposed memories, in which mediatic refuge, technological
Last, or who knows at what point, the vlog that I have been making
garbage and electronic affection cross.
very intermittently, entered this anthology of spread fragments, leds are electronic eyes, a series of videos recorded and edited on cellular
Benjamin, looking at Paris in the 19th century, asked himself if
phones focusing only on leds.
modernity was our antiquity. In the 1960s, Robert Smithson would
A diary of images that reveals the electronic eyes of machines,
redirect the question remembering that “instead of remembering
without trying to humanize them, but paying attention to their
the past, the new monuments seem to make us forget the future”.
strange signs of life and nature. Fugitive signs whose particular
desmemórias starts out from these matrixes.
photogenicity seem to be the common micro-minimum denominator of the experiences that comprise the incomplete map of ongoing
Images go by in a fast pace are, intentionally, worked at the limit
shifts of this exhibit.
of their erasing, by crossing and overlapping themselves with algorithmic scripts that confound the limits between texts and images, while soundtracks of several stages blur the chronological rationality, intoxicating them with the delirium of the permanent present of our mediatic ruins.
68 /
Ruins that continue to hit us down and condition us to mobile spaces, such as trains, cars, buses and taxis, always glued to the third cyborg eye of the mobile camera. I spend so much time in the traffic and thinking of traffic scenarios that when I think about my fast/slow scapes series, they (the movies I produce) seem unavoidable to me. Always recorded from inside a vehicle (cars, taxis, boats, trains and buses), with different cell phone models, in São Paulo, BH, Rio de
Giselle Beiguelman
Janeiro, Berlin, New York and in Greece, they are a set of unusual
www.desvirtual.com
frames and points of view, particular to the ongoing nomadic status, that seems enclosed, as if “stills on the move”, disconnected and artificially realigned (although they are not).
Projects commissioned by Nokia, for Life Goes Móbile 2.0, with curator Lucas Bambozzi. http://www.desvirtual.com/sometimes Project produced for the “interconnect @” exhibit, ZKM/Prêmio Sergio Motta, with curators Daniela Bousso and Peter Weibel.
69
obras
WORKS
o aparelho e contradizendo o objeto, mas sim propor uma situação irônica em que o atrito entre conteúdo e condições de recepção soasse como uma provocação: enfrentar a novidade de um outro estatuto de fruição da arte em ambientes entrópicos. Em síntese, Wop Art interrogava: Como pensar uma forma de arte que se dê a ler “in between”, entre atos e interfaces diversos e simultâneos, mas não sincrônicos? Como pensar uma arte para não ser vista como arte, que se confunde com os dispositivos de
Wop Art [2001] www.desvirtual.com/wopart (web) tagtag.com/wopart (WAP)
comunicação aos quais adere e se dá a ler entrecortada por inúmeros outros inputs?
Wop Art é um dos primeiros experimentos
dependente do grau de concentração
artístisco concebidos para celular.
e introspecção do leitor, mas imagens
Apresentava ao leitor uma situação
concebidas para dispositivos móveis já não
imponderável: arte ótica (op art) acessível via
dizem respeito à contemplação. São feitas
Internet móvel em celulares WAP
para serem vistas no trânsito, em estado
(wireless application protocol). Pode-se dizer
de dispersão, de acordo com uma lógica da
que a situação era imponderável não pela
aceleração que inviabiliza a introspecção.
rudimentaridade do meio na época, meados de
Não se tratava, portanto, de tentar adequar
2001, mas pela incompatibilidade entre o que
a Op Art aos celulares, criar uma série ótica
se dava a ler e seu contexto de leitura.
que pudesse funcionar como um “tamagoshi”
A Op Art é uma forma de virtualização
destinado a um público erudito, fetichizando
Criação, produção e desenvolvimento/ Created, produced and developed by: Giselle Beiguelman
70 /
71
Na etapa realizada em Wop Art [2001]
São Paulo, o público era
www.desvirtual.com/wopart (web)
convidado a escrever
Wop Art is one of the first artistic experiments conceived for cell
mensagens com famílias
phones. It presented to readers an imponderable situation: optical
tipográficas não-fonéticas
art (op art) accessible through mobile Internet in WAP cell phones
(dings e system fonts) que
(wireless application protocol). We can say that the situation was
resultavam em curiosas
not imponderable because the means were rudimentary at the time, mid 2001, but for the incompatibility between what one was
imagens. As imagens eram
given to read and the context of reading.
produzidas em qualquer lugar,
The Op Art of the 50’s and 60’s is referential for the reflection
via SMS (mensagem de texto
on experiences of virtualization, since the image that one sees
pelo celular), Internet fixa
resulting from an optical effect does not exist, but comes about as
e móvel, e disponibilizadas
a potential of the original structure.
em painéis eletrônicos
It is a form of visualization that depends on the degree of concentration and introspection of the reader, but images
situados na mancha urbana
conceived for mobile devices no longer refer to contemplation. They
da Galeria Vermelho, nas
are made to be seen in transit, in a state of dispersion, according
avenidas Paulista, Consolação
to a logic of acceleration that makes introspection unfeasible.
e Rebouças, ocupando,
The project was thus not about trying to suit Op Art to cell phones,
intermitentemente sua grade
creating an optical series that could work as a “tamagoshi”
publicitária. Essas imagens
designed to a learned audience, fetishicizing the device and
eram, também, retransmitidas
contradicting the object, but rather proposing an ironic situation in which the attrition between the content and its conditions of reception sounded as provocation: to face novelty from a different
Poétrica [2003/04] www.poetrica.net
statute of fruition of art in entropic environments. In short, Wop Art questions how we can think of a form of art that
Poétrica foi uma teleintervenção que começou em São
can read “in between” several simultaneous—but not synchronic—
Paulo e terminou em Berlim. Realizada entre outubro
acts and interfaces. How to think of an art not to be seen as art,
de 2003 e abril de 2004, é uma investigação sobre
an art that mingles to the devices of communication it adheres to
leitura e criação em situações entrópicas e de trânsito
and can be read intersected by countless other inputs?
contínuo e sobre a lógica da clonagem que permeia a criação digital.
on line por webcams e replicadas em diferentes dispositivos (celulares, Palms, computadores) e em ploters. Em Berlim, o projeto integrou a exposição p0es1s (www. p0es1s.net ) e foi exposto no Kulturforum e no espaço
público. No museu, Poétrica consistia de uma série de impressões em grande formato, projeção de DVD e web site. No espaço público,
Poetrics [2003/04]
ocupou o painel eletrônico de Kurfürstendamm e foi apresentado
www.poetrica.net
nos cinemas no formato de trailers, anunciando p0es1s por meio
Poetrics, a project that started in São Paulo and ended in Berlin, was
da série “ad_oetries” (ads + poetry) concebida especialmente para
held between October 2003 and April 2004, and is an investigation about
esta ocasião a convite de Friedrich Block, curador de p0es1s. Todo o conteúdo replicava um mesmo conjunto tipográfico e poético.
reading and creation in entropic situations and situations of continuous traffic. It involved a series of visual poems written by myself with non-phonetic sources and an urban teleintervention mediated by creations made by the
Poétrica, ressaltava a lógica da clonagem que permeia a criação
audience with the same typographic repertoire.
digital. Apesar de serem idênticas no formato e conteúdo
In São Paulo, images were produced anywhere, via SMS (Short Message
informacional, as mensagens produzidas no âmbito de Poétrica não
Service - cell phone text messaging), and fixed and mobile Internet, and
o são no que diz respeito à fruição e legibilidade, evidenciando o mais fascinante aspecto da lógica do clone. A sua capacidade de ser idêntico sendo diferente.
made available in electronic panels located in the urban surroundings of the Vermelho Gallery, around the avenues Paulista, Consolação and Rebouças. Images were also resent on line by webcams and replicated in different devices (cell phones, Palms, computers) and, in some cases, in plotters and other digital printing systems.
Projeto / Project: Giselle Beiguelman Tecnologia / Technology: Eletromidia Teleintervenção / Teleintervention (São Paulo) Infra-estrutura de SMS / SMS Infrastructure: Vola Brasil Direção geral e design / General Direction and design: Giselle Beiguelman Desenvolvimento / Development: Rodrigo Cruz (Eletromidia) Direção SMS / SMS Direction: Gianluca Notarianni (Vola Brasil) Exposição (São Paulo) Galeria Vermelho Curadoria: Eduardo Brandão
Exposição (Berlim): Kulturforum, p0es1s Curadoria: Friedrich Block
In Berlin, the project integrated the exhibit p0es1s (www.p0es1s.net/
DVD: Direção / Direction: Giselle Beiguelman e Helga Stein Câmera e pós-produção / Camera and postproduction: Paulo Fratino Trilha sonora e fotografia / Soundtrack and photography: Helga Stein
projection, and a web site. In the public space, it occupied the electronic
”www.p0es1s.net) and showed at Kulturforum and in the public space. In the museum, Poetrics comprised a series of large format printouts, a DVD panel of Kurfürstendamm and was aired in movie theaters in the format of a movie trailer, announcing P0es1s by means of the series “ad_oetries” (ads + poetry) specially conceived for the occasion upon invitation of Friedrich Block, the curator of P0es1s. Poetrics, in this sense, highlighted the logic of cloning that permeates digital creation. Although identical in format and informational content, the messages produced in Poetrics are not about fruition and legibility,
Cortesia Galeria Vermelho
evidencing the most fascinating aspect of the logic of cloning—its capacity of being identical, however different.
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73
As imagens passam em ritmo acelerado e são, propositalmente, trabalhadas no limite de seu apagamento, cruzando-se e superpondo-se com scripts algorítmicos que confundem os limites entre textos e imagens, enquanto trilhas sonoras de diversas épocas embaçam a racionalidade cronológica, intoxicando-nos com o delírio do presente permanente de nossas ruínas midiáticas. Pré-requisitos: pop-up liberadas, flash, Internet Explorer 5 ou superior, áudio ON, banda larga.
desmemórias [2005] www.pucsp.br/~gb/desmemorias
Criação, produção e desenvolvimento / Created, produced and developed by: Giselle Beiguelman
desmemórias é um webclip sobre os
em que se cruzam refugos midiáticos, lixo
não-vestígios de nosso passado recente.
tecnológico e afetos eletrônicos.
Uma história feita de lacunas, pontuada por máquinas de visão e comunicação que moldaram
Benjamin, olhando Paris no século 19,
o presente e desapareceram.
se perguntava, se é a modernidade nossa antiguidade. Nos anos 1960, Robert Smithson
Computadores Amiga, Mac Classics, Ataris,
redirecionaria a questão lembrando que “ao
disquetes de 5 e ¼, 486s, 386s, XTs, celulares
invés de nos lembrar do passado, os novos
de 500g, monitores de fósforo, antigos seriados
monumentos parecem fazer-nos esquecer do
e “reclames” de TV são os personagens desse
futuro”. desmemórias parte dessas matrizes.
quase-documentário de memórias decompostas,
desmemórias foi desenvolvido a convite do Itaú Cultural para a mostra Cinético_Digital (2005)
desmemórias [2005] www.pucsp.br/~gb/desmemorias desmemórias is a webclip about the non-vestiges of our recent past. A history made of interruptions, marked by machines of vision and communication that molded the present and disappeared. Amiga computers, Mac Classics, Ataris, 5 and ¼ diskettes, 486s, 386s, XTs, 500g cell phones, phosphorous monitors, and old TV series and ads are the characters of this almost-documentary of decomposed images, in which mediatic refuge, technological garbage, and electronic affections meet. Benjamin, looking at Paris in the 19th century, asked himself if our antiquity is modernity. In the 1960’s, Robert Smithson would redirect the question saying that “instead of reminding us of the past, the new monuments seem to make us forget the future”. This the matrix of desmemórias. Images go by in accelerated rhythm and are purposely worked in the limit of their fading, crossing one another and superposing with algorithmic
74 /
scripts that confound the limits between texts and images, whereas soundtracks from different times blur the chronological rationality, intoxicating us with the delirium of the permanent present of our mediatic debris. Pre-requirement: permitted pop-up, flash, Internet Explorer 6 or higher, audio ON, broadband.
leds are electronic eyes [2005] mobvideo.blogs.com/leds/ LEDS ARE ELETRONIC EYES [2005] mobvideo.blogs.com/leds/ A series of videos recorded and edited in cell phones, focusing on leds only. A diary of images that reveals machines’ electronic eyes without trying to humanize them, but focusing on their attractiveness and funny peculiar signs of life and nature.
Uma série de vídeos gravados e editados em telefones celulares focando apenas leds. Um diário de imagens que revela os olhos eletrônicos das máquinas, sem procurar humanizá-las, mas atentando para sua fotogenia e estranhos sinais particulares de vida e natureza.
75
visuais com graus variados de opacidade, pautadas por hiatos e gaps. No jogo intermitente entre aceleração e estagnação, prevalece um palismpsesto de inputs, que oscilam entre às vezes e de vez em quando.
Projeto / Project: Giselle
De Vez em Quando completa
Beiguelman
a série De Vez em Sempre e
Programação /
De Vez em Nunca, realizados
Programming: Nilton
em 2005, comissionados
Guedes Lobo, Giselle
pela Nokia, para a
Beiguelman e Bastian
exposição Life Goes Mobile
Hemminger
2.0, com curadoria de Lucas
Tecnologia / Technology:
Bambozzi.
Processing e Java
De vez em quando [2006] www.desvirtual.com/sometimes
Exposição / Exhibit:
Sometimes completes the
interconnect, ZKM, 01/09
series Sometimes Always and Sometimes Never, made
De Vez em Quando explora as mutações
telões, em tempo real, a ordem dos quadros
– 15/10.
do olhar urbano mediado pelos celulares
e re-editam o filme original, introduzindo
Curadoria / Curatorial
multimídia. Trata-se de um vídeo generativo
filtros de cor e luz sobre as imagens. O filme
Assistance: Daniela Bousso
que se decompõe e se reconstrói pela ação do
original recomeça, sobre as novas camadas de
e Peter Weibel
público. Imagens capturadas por mim, com
imagem construídas pelo público, sempre que
curatorial assistance of
Realização / Produced by:
Lucas Bambozzi.
câmeras de celular, no trânsito, de dentro do
se abandona o mouse e/ou teclado.
ZKM/Prêmio Sergio Motta de
carro em movimento, são disponibilizadas à
O resultado é um tecido de imagens que se
Arte e Teconologia
manipulação do público.
consomem, seguindo a lógica das situações de tráfego intenso e congestionamento.
Utilizando apenas os recursos do mouse e
Nesse contexto, o acúmulo de registros se
do teclado, os interatores recompõem nos
faz por saturações, construindo memórias
in 2005, commissioned by Nokia for the exhibit Life Goes Mobile 2.0, with com
Sometimes [2006] www.desvirtual.com/sometimes Sometimes explores the mutation of the urban view mediated by multimedia cell phones. It is a generative film that decomposes itself and is reconstructed by the action of the audience. Images captured by myself, with cell phone cameras in traffic, from inside a moving car, are made available to be manipulated by the audience. Using only the mouse and the keyboard, interactors recompose the screen in real time, the order of frames, and re-edit the original film, introducing filters of color and light on the images. The original film restarts on the new image layers built by the audience whenever the mouse and/or keyboard is left. The result is a tissue of images that are consumed following the logic of situations of heavy traffic and jam. In this context, the accumulation of records is made by means of saturations, building visual memories with varied degrees of opacity, and marked by interruptions and gaps. In the intermittent game between acceleration and stagnation, a palimpsest of inputs prevails, oscillating between Sometimes and Once in a While.
fast/slow_scapes [2006] www.desvirtual.com/scapes Uma péssima motorista que detesta sair de casa e adora ir de táxi, quando deixa seu lugar, transita em diversas cidades com um celular na mão e infinitos medos e sonhos na cabeça. O resultado é uma série de imagens feitas desde 2004, com dispositivos de qualidade variada, no qual enquadramentos insólitos e
FAST/SLOW SCAPES [2006] www.desvirtual.com/scapes An awful driver that hates leaving home and adores taking cabs. When she leaves her place, she goes by several towns with a cell phone in hands and endless fears and dreams in her head. The result is a series of images made since 2004, with devices of different quality, in which unusual frames and points of view particular to the situation of traffic in large towns are walled, as if they were stills on the move, mixing up limits between instants of extreme speed and jammed stagnation.
pontos de vista particulares à situação de trânsito em grandes cidades são emparedados, como se fossem “stills on the move”, confundindo limites entre instantes de extrema velocidade e estagnação congestionada. Câmera e edição / Camera and editing: Giselle Beiguelman Celulares utilizados / Cell phones used: Nokia 3650, 6681 e N90
Agradecimentos / Thanks to: Juliana Barbiero e Dolf Wiemer Apoio / Support: Cortesia Galeria Vermelho
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Muita gente considera os games um formato emblemático para o desenvolvimento de conteúdo em mídias digitais, a despeito da quantidade de títulos violentos, sexistas e racistas existentes. Os games combinam elementos de narrativas audiovisuais, típicas do cinema, com eventos programados (que, para dar continuidade ao processo em curso, dependem de como o interator atua). Lassi Tassajärvi é um dos entuasiastas do formato, e de seus derivados. Ele acompanhou, como curador, o desenvolvimento da cena demo, “um movimento de arte em que hackers e crackers produzem em tempo real”. No site de apresentação do livro Demoscene. The art of real time (www. demoscenebook.com/books), a cena é descrita como um (dentre vários) fenômenos interessantes que surgem na cultura contemporânea, cada vez mais marcada pela multiplicação de mídias e circuitos que as redes estimulam.
LASSI TASSAJARVI: From real-time hacker art to audiovisual Content distribution communities Many people think of games an emblematic format for content development in digital media, in spite of the amount of violent, sexist and racist titles around. Games combine scheduled events (which, to continue the ongoing process, depend on how interaction occurs) with audiovisual narrative features that resemble cinema, regarded by many one of the main cultural manifestations of the 20th century. Lassi Tasajärvi is one of the enthusiasts of the format and its byproducts. He followed, as curator, the development of the demoscene, “an art movement in which hackers and crackers produce in real time”. In the introduction website of the book Demoscene. The art of real time (www.demoscenebook.com/books/), the scene is described as one (out of many) interesting phenomena that have emerged in contemporary culture, which is increasingly marked by the multiplication of medias and circuits that networks encourage. continues in page 82
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79
A cultura digital, como se sabe, é marcada pela multplicidade de manifestações e pela ausência de um centro irradiador que define tendências e regula a circulação de conteúdos (no que se difere do modelo broadcast, e ainda que esteja regulada por outros protocolos). É justamente esta cultura do compartilhamento entre pares que torna-se o centro do trabalho mais recente de Tassajärvi. Mas, antes de chegar nas comunidades para distribuição de conteúdo que ele desenvolve atualmente, vale a pena conhecer um pouco mais do seu percurso. Com formação em artes visuais, mas também em filosofia e negócios, Tassajärvi dedica-se por um tempo ao design, ao vídeo è a arte em mídia, até criar a Katastro.fi, organização independente que existe desde a primavera de 1998. O acervo da Katastro.fi combina música e trabalhos ligados à Demoscene, a comunidade permite o download de arquivos dos mais diversos tipos, com amostra de artistas em sua maioria finlandeses. Entre eles, a eletrônica melódica do Aisth e o demoshow Codename Chinadoll. Em 2003, produz a exposição Demoscene (demoscene.katastro.fi/). A curadoria reúne, no Museu Kiasma, uma série de trabalhos criados a partir do universo dos jogos e de computadores antigos, como o Commodore 64. Vários deles estão disponíveis online, mas é preciso um pouco de paciência e vários emuladores e programas pouco comuns para dar conta de rodá-los em computadores mais recentes. A partir de 2004, Tassajärvi dedica-se ao desenvolvimento de comunidades online para distribuição de conteúdo audiovisual, que é o centro de sua atividade atual. Neste ano, surge o projeto da Pixoff.tv. Tassajärvi cria o piloto de um programa para canal digital de TV, que serve como ponto-de-partida para uma série de experiências posteriores.
Codename Chinadoll: um dos trabalhos mais conhecidos de Tassajärvi,foi apresentado como instalação em Barcelona, durante o Sonar de 2002.
Codename Chinadoll: one of Tasajärvi best-known works, was presented as an installation in Barcelona, during 2002 Sonar.
A solução adotada é o uso da internet (e, posteriormente aparelhos móveis como o celular) para distribuir audiovisual. A solução parece bastante promissora. Conforme aumenta a largura de banda nas redes digitais, e as mídias móveis tornam-se cada vez mais próximas de pequenas estações para a produção audiovisual, o modelo baseado na circulação de conteúdo por plataformas distribuídas mostra-se mais versátil que o modelo que aposta em turbinar com recursos interativos os aparelhos de TV tradicionais.
80 /
Uma das manifestações típicas, neste contexto, é a dos filmes de microcinema. Tassajärvi dedica-se a curadoria de filmes para mídias móveis de 2000 a 2005, quando trabalha como consultor de vários serviços de distribuição, como o indica.tv (www.indica.tv), o wap sonera (wap.sonera.fi) e o canal de microcinema da Nokia finlandesa (www.nokia.fi). Sua experiência é relatada em alguns artigos sobre o tema, como Classificação dos Filmes de Microcinema para Mídias Móvel, traduzido para o Português para a revista online do Arte.mov (www.artemov.net).
Indica: projeto de canal de TV para celular, que planeja usar tecnologia IP Datacasting para transmitir conteúdo broadcast para mídias móveis Indica: project of channel TV for cell phones that plans to use IP technology Datacasting to relay content to the mobile media
81
Digital culture, as well known, is marked by a multitude of manifestations
Tasajärvi created a pilot show for a digital TV channel, which will serve as
and by the absence of an irradiating center that defines trends and
the starting-point for many later experiences.
regulates the circulation of contents (in which it differs from the broadcast paradigm model, even though it is regulated by other
The solution adopted was to use the internet (and, afterwards mobile
protocols). It is exactly this peer sharing culture that became the center
devices like the cell phone) to distribute the audiovisual. The solution
of Tasajärvi’s latest work.
seems very promising. As the width of the band increases on digital networks, and mobile media are increasingly nearer to small stations for
But before getting to the content distribution communities that he is
producing audiovisual, the model based on the circulation of content by
currently developing, it is worth learning a little more about his life.
distributed platforms has shown to be more versatile than the model that
With a background in visual arts, but also in philosophy and business,
bets on impelling traditional TV sets with interactive resources.
Tasajärvi spent some time dedicated to design, video and art in media, until he created Katastro.fi, an independent organization that has existed
The solution adopted was to use the internet (and, afterwards mobile
since the spring of 1998.
devices like the cell phone) to distribute the audiovisual. The solution seems very promising. As the width of the band increases on digital
Katastro.fi’s collection combines music and studies related to the
networks, and mobile media are increasingly nearer to small stations for
Demoscene, a community that permits downloading a wide range of
producing audiovisual, the model based on the circulation of content by
files, with a sample of artists, most of them Finish. Among them, Aisth’s
distributed platforms has shown to be more versatile than the model that
electronic melodies and the demoshow Codename Chinadoll.
bets on impelling traditional TV sets with interactive resources. One of the typical manifestations, within this context, is microcinema
In 2003, he produced the exhibit Demoscene (demoscene.katastro.fi).
films. Tassajärvi has targeted film curatorship for mobile media from
Curators gathered in the Kiasma Museum, a series of works created from
2000 to 2005, working as a consultant for several distribution services,
the universe of old games and computers, like Commodore 64. Many of
such as indica.tv (www.indica.tv), wap sonera (wap.sonera.fi) and the
them are available online, but it is necessary to have some patience,
Finnish Nokia microcinema channel (www.nokia.fi). The experience is
many emulators and rare software applications to run them on newer
described in some articles on the issue such as the Classification of
computers.
Microciema Films for Mobile Media, translated to Portuguese for the Arte.mov online magazine (www.artemov.net).
After 2004, Tasajärvi dedicated to the development of online communities for the distribution of audiovisual content, which is the focus of his current activities. This year, the Pixoff.tv. project came about.
O projeto Pixoff foi originalmente chamado de Pissoff (“p. da vida”, numa tradução livre para o português), para simplesmente afirmar o fato de o projeto ter sido iniciado para mudar a forma que os curtas e novos trabalhos audiovisuais eram distribuídos e exibidos na Finlândia. Sentíamos que não tinham a exposição merecida nos festivais e mostras noturnas existentes. Começamos a utilizar a letra ‘x’ em vez dos dois ‘s’ pouco antes do lançamento oficial em fevereiro de 2002, porque não queríamos que o público pensasse que todos os realizadores se concentram em irritar as pessoas, mas sim em levá-las a sério. Além do mais, já não tinha mais graça captar recursos do Ministério da Educação para um projeto chamado “Pissoff” (embora ainda tenhamos os documentos pendurados na parede). De qualquer forma, nossa agenda de curadoria continuava sendo apresentar o maior número possível de artistas locais e Babacas, utilizando cada nova plataforma disponível para nós. Também queríamos distribuir de tudo – de arte mediática a borrifos – qualquer coisa que as pessoas nos enviassem. Até agora, publicamos todos os trabalhos que nos foram enviados. A comunidade irá decidir se são bons ou não e, se tivermos sorte, os videastas irão enviar seus melhores trabalhos para seus colegas assistirem e criticarem. Assim, não houve nenhuma necessidade de uma curadoria tradicional ou alguma forma de censura.
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Nosso trabalho se concentrou principalmente em encontrar a tecnologia
A Seleção Pixoff apresenta tudo isso: vídeos que se popularizaram
e plataforma de distribuição adequada para o conteúdo (e para os
em plataformas múltiplas e derrubaram obstáculos técnicos, demos
artistas dispostos a experimentar) e ao mesmo tempo encontrar o
audiovisuais programados em tempo real e executáveis em celular e PC
conteúdo certo paras novas plataformas emergentes (para nossos
feitos com apenas 64 kilobytes ou menos, vídeos e blogs virais, etc.
parceiros de tecnologia e pesquisa). Em outras palavras, obras que nos inspiraram a desenvolver ainda mais No caminho, estabelecemos a rede Pixoff.net como a principal
o Pixoff e, esperamos, faça alguém em algum lugar dizer: “Hei, isso não
comunidade on-demand na Finlândia e trabalhamos com muita
é cinema real, isso não é arte real” – e assim, pixed ‘em off’ ;) (deixá-
experimentação em filmes móveis, por exemplo. Também recebemos
los p. da vida).
uma cooperação muito frutífera do Assembly Festival (www.assembly. org), que reúne 5000 jovens em um ginásio de esportes todos os anos para jogar games e criar obras de arte digitais para várias competições que acontecem no local. As pessoas podem conhecer estes como “demos” em tempo real e “machinima.” Também lançamos soluções de negócio utilizando vídeo blogging móvel. O principal obstáculo para nós e para os artistas foi o fato de que não existe uma ferramenta decente para criar e distribuir conteúdo móvel – e as limitações de qualidade de vídeo e áudio móvel também não ajudam muito. Agora tudo isso está finalmente mudando. Já não é mais preciso ser engenheiro ou programador para ter acesso à ferramenta, meio ou rede que você quer utilizar. Novas ferramentas móveis para designers e artistas foram lançadas no mercado; a conectividade entre o PC e o telefone celular está muito melhor; exportar, fazer upload e publicar está satisfatório; e temos vídeo móvel com qualidade de DVD. Novas oportunidades de distribuição e exposição estão disponíveis em um número que cresce rapidamente de sites de vídeo 2.0 na rede, como o YouTube, por exemplo.
Pixoff Selection
community in Finland and did a lot of experimenting on mobile
Project Pixoff was originally called Pissoff, to simply state the fact
with the Assembly Festival (http://www.assembly.org) gathering
that the project was put in place to change the way short films and
5000 youngsters into a sports hall every year to play games and
new audiovisual art pieces were distributed and shown in Finland. We
create digital works of art for various competitions taking place
felt that they didn’t get the exposure they deserved on existing late
on site. People might know these works as real-time “demos” and
night film shows and festivals.
“machinima”. We’ve also launched business solutions using mobile
movies for example. We have also had a fruitful cooperation
video blogging. We started to use the letter ‘x’ instead of ‘ss’ just before the official launch in Feb 2002, because we didn’t want the audience to think
The main obstacle for us and the artists has been the fact that
that all the filmmakers are there to piss people off, but to take
no decent tools exist if one wants to create mobile content and
them seriously. And we were thru having fun getting funding for a
distribute it – and the quality limitations of mobile video and audio
“Pissoff” project from the Ministry of Education (the papers are still
didn’t help either. This is now finally changing. Now you don’t have
hanging on the wall, though).
to be an engineer or a programmer to access the tool, medium or the
Anyway, it remained as the curatorial agenda to introduce as many local artists and Jackasses as possible, using every new platform available to us. We also wanted to distribute anything from media art to splatter – anything people would send us. So far we’ve released every piece people have sent to us. The community will decide if it’s any good and luckily videomakers want to send their best work for their peers to see and review. So, there has been no need for traditional curatorship or censorship at all. Our work has mainly focused on finding the right technology and distribution platform for the content (and for the artists willing to experiment) and at the same time find the right content for new emerging platforms (for our technology and research partners). Along the way we established Pixoff.net as the leading on-demand
network you’d like to use. Mobile tools for designers and artists are being introduced, connectivity between the PC and the mobile phone is much better, exporting, uploading and publishing works ok and we have DVD quality mobile video. New distribution and exposure opportunities are available on a fast growing number of web 2.0 video sites, like YouTube for example. The Pixoff Selection introduces all this: videos that have been popular on multiple platforms and beat the technical obstacles, programmed real-time executable audio visual demos for mobile and pc made with just 64 kilobytes or less, viral and blog videos etc. In other words: pieces of art that inspired us to develop Pixoff further and hopefully made someone somewhere to say: “Hey, that’s not real cinema, that’s not real art” – and thus pixed ‘em off’ ;).
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desbravando desbravando novos novos territ贸rios territ贸rios
Os realizadores mineiros aceitaram o desafio de experimentar um novo formato. O desafio proposto pelo Telemig Celular arte.mov, pela Telemig Celular e Associação Curta Minas (1º Prêmio Telemig Celular Curta o Minuto) e pelo projeto “Ocupar Espaços”, da Ong Oficina de Imagens, objetivou trazer para esta nova mídia a força da produção audiovisual em Minas Gerais, fomentando a produção e estimulando a experimentação, visando estabelecer novos processos de produção e de difusão audiovisual e de informação. O intercâmbio sócio-cultural entre grupos de diferentes comunidades e o uso dos telefones celulares com câmeras promoveu um diálogo entre as novas tecnologias digitais e os olhares de moradores e representantes de grupos culturais, e entre a experiência de renomados realizadores e a vitalidade de jovens iniciantes, possibilitando a descoberta de novos e inéditos caminhos para a produção audiovisual.
Microfilm MG: Taming New Territories Minas Gerais filmmakers accepted the challenge of experimenting with a new format. The challenge proposed by Telemig Celular Arte.mov, Telemig Celular, and Curta Minas Association (1st Telemig Celular Minute Shortmovies Award), and by the project “Occupying Spaces” of the NGO Oficina de Imagens, focused on bringing to this new media the strength of the Minas Gerais audiovisual production, fostering production and encouraging experimentation, aiming at establishing new production processes and audiovisual promotion and information. The social-cultural exchange between groups of different communities and the use of cell phones with cameras promoted a dialogue between new digital technologies and the different perspectives of dwellers and representatives of cultural groups, and between the experience of renowned filmmakers and the vitality of young beginners, thereby enabling the discovery of new and unique paths for audiovisual production.
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1º 1º prêmio prêmio telemig telemig celular celular curta curta oo minuto minuto Fruto da parceria entre a Telemig Celular e a Associação Curta Minas – ABD/MG, o “1º Prêmio Telemig Celular Curta o Minuto” foi festejado como uma chance de expansão do setor audiovisual e mais uma possibilidade de realização para os criadores mineiros. Tendo as limitações impostas pelo tamanho da tela de um celular e a necessidade de se trabalhar com a síntese temática e de tempo, como desafio, estes realizadores, na busca da concretizar uma nova linguagem, respondem com a inventividade narrativa e a criatividade estilística. Da ficção à experimentação, da animação ao registro documental, passando pela visão bem-humorada do cotidiano urbano e das relações sociais, a mostra representa a rica variedade da produção contemporânea.
1st telemig celular minute short-movies award A result of the partnership between Telemig Celular and ABD/MG (Minas Short Movie Association), the first “Telemig Celular’s Enjoy the Minute Award” was celebrated as a chance to expand the audiovisual industry and another possibility for Minas’ creative artists to work. Considering the limitations imposed by the size of a cell phone display and the need to work with theme and time synthesis as a challenge, these moviemakers, in the pursuit to concretize a new language, responded with narrative inventiveness and style creativity. From fiction to experimentation, from animation to documental recording, going through a good-humored vision of urban every-day life and social relationships, this exhibit presents the rich variety of the contemporary production.
REALIZADORES: CALOR HEAT Carlos Canela CELTON O HEROI DE BH EM 01 MINUTO – Reveillon na Pampulha Celton, the BH Hero in 1 Minute – New Year’s Eve in Pampulha Dedé e Leleu Como Testar Seu Parceiro How to Test your Partner Gabriela Nogueira Minhocas Worms Rony Fabiano Mudos Falam Melhor The Mute Speak Better Thiago Alcântara
OLÉ Júnia Costa SOMOS PASSAGEIROS... WE ARE PASSENGERS... Jefferson AV Tananãnam José Rocha Tecnologia Technology César Maurício Um Dia Meio Parado A Day in the Standstill André Novais 88 /
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oficina oficina microcinema microcinema no no projeto projeto “ocupar “ocupar espaços” espaços” Realização Arte.mov e Oficina de Imagens
Um convite ao outro. A conhecer o outro, seus espaços, seu dia-a-dia, sua intimidade, sua identidade.Telefones celulares com câmeras formam o canal pelo qual se promove um diálogo entre os olhares de moradores e representantes de grupos culturais e entre comunidades e grupos étnicos de várias regiões da cidade. O principio é o exercício do direito universal de expressão e opinião, e a vontade de ver no outro um igual.
PARTICIPANTES: Inácio e Fabiana Fernandes [Arautos do Gueto] Luiz Fernando, Fernanda Jardim e Frederico [NUC] Maria Gonçalves e Sandra [Meninas de Sinhá]
Daniel e Juliano [Arte Favela] Reinaldo Santana e Poliana [CRIARTE] Ed e Blitz [Favela é Isso aí]
destino destino desconhecido: desconhecido: espaços espaços aa descobrir descobrir Micromovie workshop in the “Occupying Spaces” project, held by Arte.mov and Image Workshop. An invitation to others. To meet others and learn about their spaces, their every-day lives, their intimacy, their identities. Cell phones with cameras are the channels that will promote a dialog between the looks of inhabitants and representatives of cultural groups, and among communities and ethnical groups from many different regions in the city. The principle is to exercise the universal right to expression and opinion, and the wish to see someone like you in others.
Desafio proposto: pensar a especificidade das mídias móveis. Assim, representantes de várias gerações de realizadores se aventuraram em um território a descobrir, à busca de uma linguagem ainda por se constituir.
Unknown destination: spaces to be discovered The proposed challenge is to think the specificity of mobile media. In this manner, representatives of many generations of artists venture into a new territory to be discovered, seeking a language yet to be constituted. REALIZADORES: Aggeo Simões Chico de Paula Clarissa Campolina Eduardo de Jesus
Fred Paulino Marília Rocha Patrícia Moran Ronaldo Gino
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Uma nova geração de realizadores extremamente criativa e ansiosa por experimentar novos formatos e tecnologias encontra-se em gestação. Uma geração que lida de forma inteligente com a fragmentação e multiplicação da informação e que se encontra apta a apresentar e representar o mundo atual em toda sua complexidade de forma e de pensamentos. Ágil, bem-humorada e sobretudo pronta a registrar seu cotidiano, através de crônicas de seu dia-a-dia, de relatos de sua intimidade e da crítica aos modêlos e padrões estéticos e aos valores morais vigentes; sem medo de se arriscar e com propostas inovadoras estes jovens realizadores propõem uma renovada e instigante visão, que nos permite dizer que encontra-se em andamento toda uma nova forma de produção e de pensamento audiovisual. Esta é apenas uma amostra destes trabalhos...
Telemig Celular Arte.mov workshop show An extremely creative new generation of filmmakers, eager to experiment new formats and technologies is being born. It is a generation that intelligently deals with information fragmentation and multiplication and that is ready to present and represent the current world in all its complexity of form and thought. Agile, witty, and particularly ready to record its world through day-to-day accounts, narratives of its intimacy, and criticism to aesthetic models and standards in effect, this generation is not afraid of risks. With innovative proposals, these young artists propose new and instigating views, which enable us to say that there is a completely new form of production and audiovisual thinking going on.
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on on the the go: go: movimentos em processo
novas novas inclus천es inclus천es de de eder eder santos santos na na tela tela pequena pequena
Eder Santos explora com desenvoltura as possibilidades do audiovisual, do single-channel à instalação e à performance, manipulando constantemente o foco de suas imagens com relação ao contexto em que estão inseridas. Essa capacidade de se ajustar ao contexto, sugerindo conexões e amalgamando processos é bastante típica do vídeo – ou do que se convencionou chamar de vídeo nos últimos 20 anos. O vídeo é uma passagem, um estado constantemente intermediário, que indicou como se dá a vertigem da rápida substituição de padrões tecnológicos e suas conseqüências para a produção de linguagem (definidora da produção atual, baseada em mídias digitais).
On the go: movements in process new inclusions of eder santos in the small screen Eder Santos explores with ease the possibilities of the audiovisual, of the single-channel to installation and to performance, constantly manipulating the focus of images in relation to the context in which they are. This ability to adjust to the context, suggesting connections and amalgamating processes, is very typically video – or what was agreed on to be called video over the past 20 years. Video is a passage, a constantly intermediate state that has indicated how the vertigo of fast replacement of technological standards and its consequences for the production of language goes (definer of current production, based on digital media). continue in page 98 >
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No “Panorama de Arte e Tecnologia do Brasil”, publicado pelo Itaú Cultural, Eder Santos é descrito como “o mais conhecido e difundido dos atuais realizadores brasileiros de vídeo”. No mesmo texto, é observado como esse “fato chega a ser surpreendente, porque talvez não exista atualmente no Brasil uma obra audiovisual mais difícil e desafiadora do que a dele. Entre as razões principais da dificuldade, podemos citar o fato de tais obras serem constituídas predominantemente de ruídos, interferências, “defeitos”, distúrbios do aparato técnico e, às vezes, roçam mesmo os limites da visualização”. Esta poética de distúrbio do aparato está anunciada na série Não Vou à África Porque Tenho Plantão (1990), Essa Coisa Nervosa (1991) e Enredando as Pessoas (1995), terceiro deslocado do contexto, filme que nasce do vídeo e inverte o trajeto de A Europa em Cinco Minutos (1986). Este último foi criado a partir de registros domésticos feitos em película, posteriormente editados em vídeo, numa reflexão irônica sobre a diferença entre as duas linguagens. Um de seus primeiros vídeos, Europa em cinco minutos, coloca, desde o princípio, Eder Santos num espaço entre. Entre linguagens, entre práticas, entre circuitos, entre camadas de imagens. Não surpreende, por isso, que as projeções inquietantes da série de instalações que compõem a Enciclopédia da Ignorância (2003) aconteçam entre os diversos ambientes do espaço expositivo, e que elas explorem texturas que surgem da fricção entre o vídeo e diversos tipos de superfícies (mármore, água, tecido) ou de diversos tipos de situação de fruição (sentado numa cadeira, ajoelhado, em pé, curvado sobre a pia). Uma palavra explica este componente intersticial: encruzilhada. Em Paisagens Urbanas, Nelson Brissac Peixoto descreve o “grande cruzamento que constitui a paisagem contemporânea”. A proximidade entre paisagem e encruzilhada também aparece nas obras de Eder Santos,
especialmente em seus projetos mais recentes, como nos trabalhos
não ficam contidos, não importa o tamanho da superfície onde
da individual Ilha — roteiro amarrado (Galeria Brito Cimino, 2003).
acontecem as imagens. Em On the Go, o artista mira o mínimo: das
Seus vídeos percorrem esta encruzilhada em enlace com o próprio
telas, a menor...
desenvolvimento da tecnologias audiovisual. Neste sentido, é curioso ver a fluidez visual que contrasta com a trilha ríspida de Neptune’s Choice (2003). O vídeo continua à distância (e num contexto completamente diferente, como que deslocado) a poética de ruídos de onde o artista partiu. Há muitos elos possíveis entre os trabalhos de Eder Santos, cuja obra se impõe como um corpo consistente e coeso, onde mesmo as dissonâncias funcionam no sentido de sempre enfatizar a intuição, o risco, o imprevisto e sobretudo a pictorialidade do quadro eletrônico-digital. Imagens inscrustadas, ritmos dissolutos, idiossincrasias poéticas. Suas imagens se espalham por diversas superfícies, como se o lugar ideal para elas não fosse essa encruzilhada a que sempre retorna. Em On the Go, essa poética múltipla colide com as pequenas telas do telefone celular. No projeto, o artista mostra e comenta pequenos vídeos, fotos, desenhos sobre retratos (um photoshop de bolso como caderno de rascunho), imagens de situações até recentemente improváveis de serem feitas (porque não permitidas), que revelam o que se mostra imediatamente ao alcance das lentes ultra-portáteis: as pessoas (o outro-imediato, refletido pelo artista), encontros, vernissages, a paisagem insípida de aviões e aeroportos, a condição transitória e nômade do artista em deslocamento no mundo. Sem receios diante de tecnologias instáveis e novos procedimentos, em processos de escrita e apagamento, tentativa e erro, sobreposições e ‘ressiginificações’, no trabalho de Eder a experiência e o risco
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In the “Panorama of Art and Technology of Brazil”, published by Itaú Cultural, Eder Santos is described as “the most renowned and acknowledged of current Brazilian video makers”. The same text points out how this “fact is surprising, because maybe there is no audiovisual work more difficult or challenging than his, currently in Brazil. Among the major reasons for this intricacy, we can point out the fact that such work is comprised predominantly of noise, interference, “defects”, disturbance of the technical apparatus and, sometimes, even touches the limits of visualization”. This poetics of disturbance of the apparatus is announced in the series: I will not go to Africa because I am on call (1990), This Nervous thing (1991) and Networking People (1995), third shift from the context, a movie that is born as a video and reverses the path of Europe in five minutes (1986). The latter was created from domestic records on film, then edited in video, in an ironic reflection on the difference between both languages. One of his first videos, Europe in five minutes, places, from the beginning, Eder Santos in a space between: between languages, between practices, between circuits, between layers of images. It is not surprising, therefore, that the upsetting projections of the series of installations that comprise the Encyclopedia of Ignorance (2003) are made in the many environments of the exhibition space, and that they explore textures that emerge from the friction between video and many types of surfaces (marble, water, fabric) or from many types of fruition situations (sitting on a chair, kneeling, standing, leaning over the sink). One word explains this interstitial component: intersection. In Urban Landscapes, Nelson Brissac Peixoto describes the “large intersection that is the contemporary landscape”. The proximity between landscape and intersection also appears in the work of
Eder Santos, especially in his more recent projects, like the work of the individual exhibit Island — tied script (Brito Cimino Gallery, 2003). His video clips run through this intersection intertwined with the development of audiovisual technologies. In this sense, it is interesting to see the visual fluidity that contrasts with the rough track of Neptune’s Choice (2003). The video remains distant (and in a completely different context, as if displaced) from the poetics of noise from where the artist came. There are many possible links between the works of Eder Santos, which impose themselves as a consistent and cohesive body, where even the dissonances work so as to always emphasize intuition, risk, the unforeseen and, above all, the pictorial character of the electronic-digital framework. Inlaid images, dissolute rhythms, poetic idiosyncrasies. Its images spread through many surfaces, as if the ideal place for them was not this intersection to which they always return. In the exhibit Work-in-Progress, this multiple poetics clashes with the small screens of cell phones. In On the go, the artist shows and comments short video clips, photos, drawings about portraits (a pocket Photoshop like a drawing pad), images of situations until recently unlikely to be made (because they were not allowed), that reveal that which shows to be immediately at the reach of ultra-portable lens: people (the immediate other reflected by the artist), meetings, vernissages, the insipid landscape of airplanes and airports, the transient and nomadic condition of the artist moving around the world. Without fear from unstable technologies and new procedures, in writing and erasing processes, trial and error, overlaps and ‘ressiginification’, in Eder’s work experience and risk are not contained, and the size of the surface where images happen does not matter. In On the go, the artist aims at the minimum: of the screens, the smallest...
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aa vida vida mediada mediada A recente proliferação de câmeras miniaturizadas, agora embutidas nos telefones celulares estão gerando coleções de momentos emotivos, ‘calorosos’ e particulares que provavelmente seriam esquecidos, alimentando um tipo de obsessão por uma estética da intimidade. As tecnologias dos telefones com câmeras embutidas, computadores que se pode vestir, mídias táteis (superfícies hápticas), dispositivos baseados em localização, mensagens instantâneas e voz sobre IP (VoIP) tentam oferecer a idéia de conforto, um tipo de ‘privacidade onipresente’ estrategicamente próxima da intimidade. Mais que descrever a instância tecnológica (celular), os telefones celulares trazem em si a noção de mobilidade, descrita como ‘zonas íntimas temporárias’ portáteis (TIZ) por Matt Locke1. O termo TIZ toma emprestado o TAZ (Zona Autônoma Temporária), de Hakim Bey para referir-se a eventos e ações poéticas que sugerem mudanças sutis na realidade social, que buscariam um ‘modo mais intenso de existência’. Mas ainda é possível pensarmos a intimidade como um terreno da intensidade, prazer, proximidade, fruição ou apreciação? Não é apenas a esfera da privacidade que está se tornando pública: a da intimidade também. O surgimento de certas tecnologias de comunicação (apelidadas em inglês de ‘intimate technologies’) deixou ainda menos claros os conceitos relacionados a intimidade, privacidade e realidade. Sara Diamond diz: ‘As novas tecnologias que utilizamos para aumentar a intimidade são exatamente as mesmas que são utilizadas para abrir a arena social da descoberta acerca de assuntos outrora privados’ (2002: 3). Na atual onda de aparelhos sedutores, cheios de promessas de eliminação das distâncias entre a vida real e suas possibilidades representacionais, todos trazem uma noção ‘ideal’ de privacidade, que seria uma porta aberta para uma intimidade fácil e segura. Aparelhos elaborados com finalidade de representação, como toda câmera, atendem o propósito de ligarem à nossa memória todos aqueles detalhes fugazes e momentos calorosos que nós provavelmente esqueceríamos. Um anúncio feito recentemente pela Microsoft enfatiza o quanto a observação do contexto das
tecnologias de mediação leva a práticas e anseios que afetam nossas
à idéia de proximidade ou é o resultado de processos de mediação
noções de intimidade e privacidade.
tecnológica – através do acesso instantâneo à privacidade.
Produtos bacanas que você ainda não sabe que precisa
Além disso, a noção que temos de intimidade adquire novas
A SenseCam, considerada um tipo de diário visual, foi projetada
configurações e significados dependendo dos sistemas tecnológicos
para ser usada em volta do pescoço. Ela pode colher imagens
aos quais está ligada. O veículo define a experiência e interfere na
quando há movimentos abruptos, alterações de temperatura,
mensagem. Distintos níveis e nuanças da intimidade podem ser
variações de luz e até mesmo mudanças na freqüência cardíaca
obtidos diferentemente através de meios diversos tais como por
usuário, captando momentos de alegria ou tensão na vida de
telefone, e-mail, aparelhos VoIP, sensores de toque ou via webcams.
cada um. A Microsoft também sugere que o diário pode ajudar as pessoas a reconstruir cenas, lembrar onde um objeto foi esquecido
Estes aparelhos de comunicação tecnológica combinam a aspiração
ou registrar momentos especiais como um jantar agradável. O
comum às interfaces que se pretendem como pontes com as realidades
diário é capaz de tirar 2.000 fotos automaticamente e funciona 12
estabelecidas, não necessariamente promovendo qualquer participação
horas por dia sem que o usuário tenha que fazer
nada.2
(USATODAY.
com 04/03/2004)
verdadeira na realidade social, tampouco um contato direto com o espaço externo no sentido ansejado por Zygmunt Bauman em City of Fears, City of Hopes. Eles tentam introduzir a noção de que o
Para além da capacidade de ‘representação automatizada’, esse tipo
acesso a ‘realidades’ distantes e separadas – freqüentemente entre
de câmera sugere que as fronteiras entre a vida privada e pública
esferas privadas – equivale a compartilhar experiências em domínios
tendem de fato a desaparecer. A penetração da câmera em ambientes
públicos, em operações de substituição essencialmente estéticas.
públicos poderia conferir às pessoas a qualidade de um cyborg que tudo percebe, assim substituindo qualquer participação na vida pública
Antes de proporcionar qualquer experiência legítima do envolvimento
por uma documentação passiva sobre os acontecimentos do dia-a-dia.
na vida pública, ‘a capacidade de conectar’, ou a ‘sensação de
Resta questionar o quanto isso é bom ou ruim.
participação’ sugerida por anúncios publicitários parece ser o que melhor descreve suas capacidades de ‘construção de realidades’.
Desde que as informações pessoais tornaram-se um bem de valor, tal como um produto de mercado, tanto a privacidade como a intimidade
Segundo Maurizio Lazzarato, as estratégias de representação
revelaram-se os ícones mais essenciais e óbvios de tal valor. Como
desempenham um importante papel na definição do que seria
qualquer outro bem, a intimidade apresenta uma significação
uma nova forma de alienação na sociedade atual, resultado de
esteticamente construída, o que se torna claro quando está ligada
um capitalismo com acento semiótico. Assim, as ‘estéticas de
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intimidade’ estariam relacionadas ao modo como domínios distintos
O estilo de vida em rede da sociedade tecnológica, direcionado para
são mediados, semelhantes a um efeito da vivência da ‘realidade’,
executivos e empreendedores, com um tempo comprimido em um estado
mas como uma simples sugestão estética, uma ocorrência intangível.
de ‘eterno presente’, foi identificado por Trebor Scholz como ‘instrumento
Assim, a representação das realidades e de situações banais da vida
de opressão e mão-de-obra informal que espremem o trabalhador até
por meio de sua mediação, configuram formas ‘inventadas’, formas de
retirando-lhe sua energia e criatividade’4. Um antídoto possível contra
substituição de determinada ‘realidade’ por ‘realidades de mídia’. Aceitar
este cenário seria um maior comprometimento em analisar o mundo que
os mundos inventados como uma experiência real é cair nas armadilhas
nos cerca. ‘Precisamos pensar e sentir’5, diz Trebor.
da representação, na medida em que a abundância de imagens produzidas pela mídia todos os dias pode comprometer o que consideramos ‘real’.
Uma obra de arte produzida de modo consciente oferece uma análise
Participar do mundo de signos inventados descrito por Lazzarato, como
do mundo que nos cerca, pode nos levar a ‘pensar e sentir’. Mas como
se construído através de um tipo de ‘afirmação-arranjo’ não é o mesmo
essa nova arte baseada nas mídias e tecnologias de mediação pode
que se envolver nos espaços de troca e compartilhamento possíveis na
proporcionar essa possibilidade sem ser comprometida por sua própria
cidade. Estas tecnologias não perfurariam a ‘bolha’ que separa as relações
estrutura sempre dependente das tecnologias corporativas? Os artistas
privadas do espaço público da cidade e suas diferentes ‘realidades’.
estão fadados a discutirem hermeticamente a autoridade artística e política cultural, mesmos quando estão tentando se libertar da bolha e
Bauman vê nossa sociedade atual como uma distopia que surgiu no lugar
sugerir deslocamentos e mudanças sociais com sua arte?
de um modelo ancorado em algum lugar entre os regimes totalitários de Orwell em 1984 e de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo. Esta
Até que ponto as lacunas entre os assuntos privado-privado e a
nova distopia está configurada em um mundo de fluxos, ‘onde as redes
necessidade de participação na vida pública é uma síndrome tipicamente
sociais e de ação coletiva estão irreversivelmente desintegradas como um
socio-cultural? (relacionada a cidades como São Paulo, Lima ou
efeito colateral do crescimento de um tipo de poder evasivo e astuto’. A
Joanesburgo, onde é impossível chegar a realidades cruas devido a
desintegração social não é apenas uma condição atual, mas o resultado
relações de classe cruelmente desiguais?) Seria uma posição tipicamente
destas novas técnicas de poder.
conservadora considerar que as experiências reais (aquelas ‘que valem a pena’) devem incluir necessariamente ‘referências físicas’?
Como diz Brian Holmes, novas formas de imposição do poder moldam ‘sociedades profundamente doentes e que cobrem suas conspirações
A mudança das fronteiras entre as esferas privada e pública, resultado
patológicas com mentiras deliberadas’3. Aspectos outrora utilizados para
da disseminação de tecnologias onipresentes e invasivas (os chamados
descrever o contexto de fim de século ainda nos servem para indagarmos
pervasive systems) não têm ajudado a evitar dicotomias como
acerca de nosso atual estado das coisas.
representação e mediação, ‘realidade forjada’ e realidade social, Como
uma responsabilidade desafiadora para os artistas atentos ao potencial
1
das novas tecnologias de comunicação e mediação, vislumbra-se
Íntimas, realizada no Banff Centre em 2002.
modelos de redes que funcionariam como interfaces sociais entre
2
realidades distintas, que estimulariam as pessoas em uma participação
techfest_x.htm acessado em 12/06/2004. Para mais informações na
na construção de um espaço de experiência e vida pública. Pode-se
Microsoft: http://research.microsoft.com/hwsystems
encontrar nos novos sistemas que surgem as ferramentas com funções
3 Fonte:
adequadas para produzir formas de conscientização com relação a
(iDC). Thread: Activism now and <http://mailman.thing.net/pipermail/
procedimentos potencialmente alienantes? Será possível utilizar esses
idc/2005-December/000106.html>.
instrumentos para perfurar a ‘bolha’ que nos impede de compreender
4 Downtime.
melhor o mundo ‘exterior’, para além das tecnologias ditas ‘pervasivas’?
downtime.html> 5
Ao combinar algumas destas questões é possível prever um espaço
Matt refere-se ao TIZ em sua palestra na Conferência de Tecnologias Fonte: www.usatoday.com/tech/news/techinnovations/2004-03-04-
lista de correspondência do Institute for Distributed Creativity
Fonte <http://collectivate.net/journalisms/2005/11/19/
Ibidem
comum para a arte, a política – e por conseqüência e as relações
Bibliografia/Referências
culturais e sociais. Em lugar de aproximá-las ou afastá-las, deve-se
Bey, Hakim (1991) TAZ, The Temporary Autonomous Zone, Ontological
explorar zonas de convergências híbridas: a política contaminada pela
Anarchy, Poetic Terrorism New York: Autonomedia
arte adjacente, e uma arte contaminada pela política circundante. Pode ser que seja necessário tomar consciência das contradições
Diamond, Sara (2002) Quintessence: Mobolized or Immobolized In The Mobile Era HorizonZero: Banff <http://www.horizonzero.ca>
do sistema da arte e daquelas de nosso próprio trabalho artístico.
Bauman, Zygmunt (2001) Modernidade Líquida tr. Plinio Dentzien, Rio
Devemos nos deixar transformar pelas convicções construídas a
de Janeiro: Zahar
partir da vivência nos espaços reais, tecnologias de mediação e suas armadilhas. Em meio a conflitos e contradições, devemos detectar as urgências que nos tomam como indivíduos, no Brasil ou em qualquer
Bauman, Zygmunt (2003) City of Fears, City of Hopes London: Goldsmiths College/University of London
outro lugar, para ‘unirmos corações e mentes’ (obrigado Brian!) e
Lazzarato (2003) Struggle, Event, Media Republicart.net <http://www.
afiná-los com o outro, com o espaço externo, com as realidades
republicart.net/disc/representations/lazzarato01_en.htm (translation
mais cruas e imediatas, e quem sabe, criarmos novas articulações,
modified).
potencializando as capacidades de enunciação, colaboração e trocas efetivas entre as pessoas. lucas bambozzi
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MEDIATED LIFE
of attaching to our memory all those small details and warm moments that we are likely to forget.
The recent proliferation of tiny cameras, now embedded in mobile phones have been leading to massive collections of supposed ‘warm
A recent announcement by Microsoft emphasizes the extent to which the
moments’ that one would be likely to forget, feeding a sort of obsession
observation of the context of mediating technologies implies the focusing
on intimacy aesthetics. Like camera-enabled mobile phones, wearable
on technologies that affect our notions of intimacy and privacy.
computers, tactile media, location-based devices, instant messengers and voice over IP technologies (VoIP), they all attempt to offer an idea
Cool stuff you don’t know you need yet
of comfort, a sort of ‘everywhere-privacy’ that can also be interpreted as
SenseCam, touted as a visual diary of sorts, is designed to be
intimacy. Rather than describing the technological instance (cellular),
worn around the neck. It can take images when there are abrupt
mobile phones encapsulate a notion of mobility, described as portable
movements, temperature fluctuations, variations of light or even
‘temporary intimate zones’ (TIZ) by Matt Locke1. The term TIZ borrows
changes in the wearer’s heartbeat, capturing moments of joy or
references from TAZ (Temporary Autonomous Zone), coined by Hakim Bey
tension of one’s life. Microsoft suggests that the diary can also help
referring to poetic events and actions that suggest subtle changes in the
people to reconstruct scenes, remembering where an object was
social reality aiming to a ‘more intense mode of existence’. But can we
forgotten or special moments, such as a nice dinner. The diary is
still think about intimacy as a terrain of intensity, pleasure, proximity,
capable to take about 2.000 pictures automatically and works 12
fruition or appreciation?
hours a day.2 (USATODAY.com 04/03/2004)
Not only privacy but intimacy spheres are going public. The emergence of
Beyond its representation capabilities, the camera, which is still a
the so called ‘intimate technologies’ has blurred even more the concepts
prototype, suggests that the boundaries between private and public
related to intimacy, privacy and reality. Sara Diamond says: ‘The new
life really tend to disappear. The pervasive immersion of the camera
technologies we use to enhance intimacy are also the very same ones
in public environments would suggest the individual as a sentient
being used to open up the social arena of discovery around once-private
‘cyborg’, replacing any active participation in public life with a passive
affairs’ (2002: 3). The current flood of seductive gadgets, loaded
documentation about ordinary incidents. Is it good or bad?
with promises of eliminating the distances between real life and its representational possibilities, they all bring in an ‘ideal’ notion of privacy,
Since personal information has become a valuable commodity, both
which would be the open door for an easy and ‘secure intimacy’. Devices
privacy and intimacy turn out to be the most essential and recognizable
designed for representation purposes, like cameras, also serve the purpose
icons of such value. As any commodity, intimacy features an aesthetically
constructed significance, which becomes clear when it is connected
replacement of a given ‘reality’ with ‘media realities’. To accept
to the idea of proximity or is a result of technological mediation
fabricated worlds as a real experience is to fall into the traps of
processes (instant access to privacy).
representation, as the overwhelming abundance of images produced by the media each day may compromise what we deem to be ‘real’.
Also, intimacy acquires new configurations and meanings according
To participate in a fabricated world of signs described by Lazzarato
to the technological systems it is attached to. Distinct levels and
as if ‘constructed through statement-arrangement’ is not as the same
shades of intimacy can be obtained differently by phone, by e-mail,
as engaging in shared spaces of a city. Such technologies would
through VoIP devices, by touching sensors or through webcams.
not perforate the ‘bubble’ that separates these different ‘realities’, preventing the private-to-private sphere from reaching the city’s
Such technological communication devices bring together the
public spaces.
common aspiration to interface ‘realities’, not necessarily promoting any true participation or closer touch regarding the ‘outside’ space, in
Bauman sees our current society as a dystopia that has emerged in
the sense pointed by Zygmunt Bauman in City of Fears, City of Hopes.
lieu of a model anchored somewhere between the totalitarian regimes
They attempt to introduce the notion that reaching distant and
of Orwell’s 1984 and Aldous Huxley’s Brave New World. This new
separated ‘realities’ - often in-between private spheres - is the same
dystopia is configured in a world of flow, ‘where social networks
of sharing experiences in public domains.
and collective action are irreversibly disintegrated as a sideeffect to the rise of an evasive and slippery kind of power’. Social
Nevertheless, far from providing any legitimate experience of
disintegration is not only a current condition but a result of such new
involvement in public life, ‘the capability to connect’, or the feeling
power techniques.
of participation suggested by communication advertisements seem to be what best describes their ideologies concerning the construction
As Brian Holmes affirms, new forms of power enforcements shape
of realities.
‘societies that are deeply sick and which cover their pathological conspiracies with deliberate lies’3. Aspects once used to describe the
As pointed by Maurizio Lazzarato, representation strategies play an
end-of-the-century context still serve us to inquire about our current
important role in contemporary alienating progression. Thus, intimacy
state of affairs.
aesthetics are related to how separated domains are mediated, or as an effect of experiencing ‘reality’ as a mere aesthetic understanding,
Networked lifestyle within a technological society, where time
an intangible occurrence. Moreover, the representation of realities
has been compressed into a state of ‘eternal present’, have been
by means of its mediation, is already a fabrication, a form of
pointed out by Trebor Scholz as ‘instruments of oppression and
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casualized labour that squeeze every last drop of energy and creativity out of the worker’4. A possible antidote against this scenario would be
Merging some of these questions it is possible to anticipate a common
a commitment for a better analysis of the world around us. We need to
space for art and politics,. Rather than drawing them closer or apart,
think and feel’5, says Scholz.
one should explore the existing hybrid and convergent zone: a politics contaminated by its neighbouring art, and an art contaminated by its
A consciously produced work of art offers analysis of the world around, it
neighbouring politics.
may lead us to ‘think and feel’. But how can new media-based art fulfil these tasks without being compromised by its own increasingly dependent
It might be necessary to became aware of the art system’s contradictions
structures on corporate technologies? Are artists bound to hermetically
and those in our own artwork. We shall have let ourselves be transformed
and endlessly discuss artistic authority and cultural politics, even when
by convictions constructed from experiencing the real spaces, mediation
trying to break out of the bubble and inflict social change with their art?
technologies and its traps. Among contradictions and conflicts we must feel the urgency as individuals - in Brazil or anywhere else - to put our
To which extent the gaps between private-to-private affairs and the need
‘head and heart together’ (thanks Holmes!) in tune with the other, with
of participation in public life is a typically socio-cultural syndrome?
the outside space and its ‘raw-realities’ so as to create new articulations,
(related to cities such as São Paulo, Lima or Johanesburg, where one
to generate empowerment, to stimulate actual collaborative and sharing
can not afford raw realities due to its wildly unequal class relations?)
actions.
How much is it a typically reactionary position to consider that real life experiences must necessarily include ‘physical references’?
1 Matt
has referred to TIZ in his speech at Intimate Technologies
Conference, held at the Banff Centre in 2002. The shifting boundaries between the private and public spheres, seen as a
2 Source:
result of the spread of pervasive technologies, is not preventing the raise
03-04-techfest_x.htm> accessed: 06/12/2004. More info at Microsoft:
of dichotomies such as representation and mediation, ‘forged reality’ and
<http://research.microsoft.com/hwsystems>
social reality. As a challenging responsibility for artists committed to
3 Source:
social reality, can we foresee new networks that would function as social
Thread: Activism now and <http://mailman.thing.net/pipermail/
interfaces, that would encourage individuals to re-enact participation
idc/2005-December/000106.html>.
in the construction of public-life? Can we find in these new systems
4
the proper tools for producing awareness with regards to intrusive or
downtime.html>
alienating procedures? Will it work out to perforate the ‘bubble’ that
5
prevents one to better grasp the world ‘outside’ of pervasive technologies?
<http://www.usatoday.com/tech/news/techinnovations/2004-
Mailing list of the Institute for Distributed Creativity (iDC).
Downtime. Source <http://collectivate.net/journalisms/2005/11/19/ Ibidem
Bibliography/references Bey, Hakim (1991) TAZ, The Temporary Autonomous Zone, Ontological Anarchy, Poetic Terrorism New York: Autonomedia Diamond, Sara (2002) Quintessence: Mobolized or Immobolized In The Mobile Era HorizonZero: Banff <http://www.horizonzero.ca> Bauman, Zygmunt (2001) Modernidade LĂquida tr. Plinio Dentzien, Rio de Janeiro: Zahar Bauman, Zygmunt (2003) City of Fears, City of Hopes London: Goldsmiths College/University of London Lazzarato (2003) Struggle, Event, Media Republicart.net <http:// www.republicart.net/disc/representations/lazzarato01_en.htm (translation modified).
LUCAS BAMBOZZI
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convidados convidados Drew Hemment é Diretor da Future Everything, comunidade criativa sem fins lucrativos. Em 1995 criou o Festival Futuresonic International, hoje com 10 anos. Como Pesquisador Convidado AHRC na Universidade de Salford desenvolveu Loca, um projeto colaborativo de artes baseadas em mídias móveis e vigilância, aceito para o “Interactive Cities” do ISEA 2006. É membro fundador da PLAN — Rede Artística Persvasiva e Locativa. Esteve envolvido nos primórdios da cena dance inglesa como DJ e produtor de eventos. Completou um Mestrado com distinção na Universidade Warwick, e um Doutorado na Universidade de Lancaster. Eder Santos é precursor da videoarte no Brasil. Recebeu bolsas de estudo e apoios culturais de entidades como a Fundação Vitae, o Danish Film Institute e as Fundações Rockefeller e MacArthur. Em 2003, apresentou a exposição Enciclopédia da Ignorância na vigésima edição do World Wide Video Festival (Amsterdã), no Palácio das Artes (BH) e na Galeria Brito Cimino (SP). Em 2004, foi premiado na 6th International Competition Media and Architecture em Graz, (Áustria), com Neptune’s Choice. No mesmo ano, participou do SonarSound, no Instituto Tomie Ohtake (SP) e integrou a mostra Versão Brasileira, na Brito Cimino. Em 2005 realizou a individual Ilha – roteiro amarrado, na mesma galeria, e participou de várias coletivas internacionais: Alcazar de Paris – Bresils Bresils, por Videoformes (Paris), ImagesPassages (Anecy), e na Biennial of Contemporary Art (Lyon). Em 2005, foi selecionado para o Panorama da Arte Brasileira, no MAM-SP e para o 15° Videobrasil. Giselle Beiguelman (São Paulo, 1962) é autora dos premiados O Livro depois do Livro, egoscópio e Paisagem0 (com Marcus Bastos e Rafael Marchetti). Desenvolve projetos envolvendo dispositivos de comunicação móvel desde
2001, quando criou Wop Art , elogiado pela imprensa nacional e
brasileira da MTV. Durante dez anos apresentou, dirigiu e fez
internacional, incluindo The Guardian (Inglaterra) e Neural (Itália),
reportagens de cinema para o programa CINE MTV. Também na
e arte que envolve o acesso público a painéis eletrônicos via
emissora brasileira, apresentou o MTV MOVIE AWARDS, a premiação
Internet, SMS e MMS, como Leste o Leste?, egoscópio (2002) ,
anual de Cinema da matriz americana que acontece em Los Angeles.
resenhado pelo New York Times, Poétrica (2003) e esc for escape
Em cinema trabalhou em curtas e longas, executando as funções
(2004). Seu trabalho aparece em antologias importantes e obras
de assistente de som, assistente de câmera e assistente de direção
de referência devotadas às artes digitais on line como o Yale
em filmes como: “Alma Corsária” de Carlos Reichenbach (1992), “O
University Library Research Guide for Mass Media e Information Arts:
Efeito Ilha” de Luiz Alberto Pereira (1992), “Capitalismo Selvagem”
Intersections of Art, Science, and Technology (S. Wilson, MIT Press,
de André Klotzel (1992) e “Perfume de Gardênia” de Guilherme
2001). Seus projetos foram apresentados em exposições como 25ª
de Almeida Prado (1991). Dirigiu o Curta-metragem “Almoço
Bienal de São Paulo, Arte/Cidade, Net_Condition (ZKM, Germany),
Executivo”(1996), com Jorge Espírito-Santo, com financiamento
el final del eclipse (Fundación Telefonica, Madrid) e Algorithmic
do Prêmio Estímulo da Secretaria do Estado de São Paulo. O filme
Revolution (ZKM). É professora da pós-graduação em Comunicação
recebeu os prêmios de Melhor Direção nos Festivais de Cinema
e Semiótica da PUC-SP, editora da seção novo mundo da revista
de Gramado e RioCine de 1996, além de ter participado de vários
eletrônica Trópico, colaboradora da Leonardo, Iowa Web Review e
festivais internacionais como Amiens (1998) e Santiago (1996).
Cybertext. Entre suas publicações recentes destacam-se: Link-se
Acaba de finalizar “Person”, documentário que dirigiu sobre seu
(Peirópolis, 2005) e a co-autoria de New Media Poetics (MIT Press,
pai, Luiz Sérgio Person, cineasta paulista falecido aos 39 anos.
2006). Coordena, com Marcus Bastos, o Grupo de Pesquisas Net Art: Perspectivas Criativas e Críticas, cujo portal, hospedado na Fapesp, é
Patrick Lichty é artista, designer e escritor intermídia, e curador
co-dirigido por Vera Bighetti.
independente com mais de 15 anos de trabalhos que investigam o impacto da tecnologia na sociedade e a forma como ela modela
Lassi Tasajärvi é curador e consultor de novas mídias. Entre os
a percepção do mundo ao nosso redor. Ele trabalha com diversas
principais projetos estão curadorias de filmes para serviços móveis
tecnologias, como imprensa, cinética, vídeo, música generativa
e canais de distribuição digital, entre eles o Indica TV, comunidade
e neon. Seus trabalhos estiverem em espaços como a Bienal
baseada no conceito de TV Móvel, e a rede Pixoff.net, principal
do Whitney Museum e a Bienal de Veneza, além de simpósios
comunidade cross-media e de vídeo on-demand da Finlândia.
internacionais como o ISEA. Ele é editor responsável pela Intelligent Agent, revista de arte e cultura eletrônica sediada em Nova Iorque, e
Marina Person é formada em Cinema pela escola de Comunicações
citada no novo documentário dos realizadores de American Movie, o
e Artes da Universidade São Paulo. Atualmente trabalha na filial
grupo The Yes Men.
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GUESTS
Giselle Beiguelman is a new media artist and multimedia essayist who teaches Digital Culture at the Graduation Program in Communication
Drew Hemment is Director of Future Everything, a non-profit creative
and Semiotics of PUC-SP (São Paulo, Brazil). Her work includes the
community interest company. In 1995 established Futuresonic
award-winnings “The Book after the Book” “egoscópio” and Landscape0
International Festival, currently in its 10th year. As AHRC Research Fellow
(with Marcus Bastos and Rafael Marchetti). She has been developing art
at University of Salford developed Loca, a collaborative arts-based project
projects for mobile phones (“Wop Art”, 2001), praised by many media
on mobile media and surveillance, accepted for ‘Interactive Cities’ at
sites and the international press, including The Guardian (UK) and
ISEA2006. Founder member of PLAN - The Pervasive and Locative Arts
Neural (Italy), and art involving public-access, by the web, SMS and MMS
Network. Involved in early UK electronic dance culture as DJ and event
to electronic billboards like “Leste o Leste?” and “egoscópio” (2002),
organiser. Completed an MA (Distinction) at the University of Warwick,
released by The New York Times, “Poétrica” (2003) and “esc for escape”
and a PhD at University of Lancaster.
(2004). Beiguelman’s work appears in important anthologies and guides devoted to digital arts including Yale University Library Research Guide
Eder Santos is a precursor of videoart in Brazil. He has received several
for Mass Media and has been presented in international venues such as
awards and grants from institutions such as Fundação Vitae, Danish Film
Net_Condition (ZKM, Germany), el final del eclipse (Fundación Telefonica,
Institute, Rockefeller Foundation and MacArthur Foundation. In 2003,
Madrid), Desk Topping - Computer Disasters (Smart Project Space,
the artist presented the exhibit Encyclopedia of Ignorance in the 20th
Amsterdan) Arte/Cidade (São Paulo), The 25th São Paulo Biennial and
edition of the World Wide Video Festival, in Amsterdam, in the Palácio
Algorithmic Revolution (ZKM).
das Artes, in Belo Horizonte, and in the Brito Cimino Gallery, in São Paulo. In 2004, he was awarded at the 6th International Competition
Lassi Tasajärvi is a new media curator and consultant. Among his
Media and Architecture in Graz, in Austria, with the video Neptune’s
main projects are Micromoveis, a selection of movies for mobile media
Choice. In the same year, he took part in the SonarSound Festival, at
and digital distribution channels, Indica TV, community based on the
Tomie Ohtake Institute, in São Paulo, and integrated the exhibit Brazilian
concept of Mobile TV, and Pixoff.net, the main Finish cross-media and
Version, at Brito Cimino Gallery. In 2005, he held the individual exhibit
video-on-demand service.
Island – a tied script, at Brito Cimino Gallery, and participated in several international collective exhibits: Alcazar de Paris – Bresils Bresils, by
Marina Person has a B.A. in Film by the School of Communication
Videoformes, in Paris, France, ImagesPassages, Annecy, France, and in Bel
and Arts of the University of São Paulo. She currently works at MTV
Horizon, Resonance, at the Biennial of Contemporary Art, in Lyon, France.
Brazil. For ten years, she hosted, directed, and wrote movie articles for
In 2005, his work was selected for the Panorama of Brazilian Art, at
the TV show CINE MTV. At this Brazilian TV station, he also hosted the
MAM-SP and for the 15th Videobrasil.
MTV MOVIE AWARDS show, the annual film award of the North American
MTV held in Los Angeles. Her work in film includes short and long features, working as sound assistant, camera assistant, and assistant to the director in the films “Alma Corsária,” by Carlos Reichenbach (1992), “O Efeito Ilha,” by Luiz Alberto Pereira (1992), “Capitalismo Selvagem,” by André Klotzel (1992) and “Perfume de Gardênia,” by Guilherme de Almeida Prado (1991). She directed, with Jorge Espírito-Santo, the short-film “Almoço Executivo”(1996), funded by an incentive award granted by the State Department of Culture of São Paulo (Prêmio Estímulo). The film received the award of Best Direction in the Movie Festivals of Gramado and RioCine in 1996, in addition to having taken part of several international festivals, such as Amiens (1998) and Santiago (1996). She has just completed “Person,” a documentary she directed about her father, Luiz Sérgio Person, a filmmaker from São Paulo who passed away at the age of 39. Patrick Lichty is a digital intermedia designer, artist, writer, and independent curator of over 15 years whose work comments upon the impact of technology on society and how it shapes the perception of the world around us. He works in diverse technological media, including printmaking, kinetics, video, generative music, and neon. Venues in which Lichty has been involved with solo and collaborative works include the Whitney and Venice Bienniales as well as the International Symposium on the Electronic Arts (ISEA). He is EditorinChief of Intelligent Agent, an electronic arts/culture journal based in New York City, and featured in the new documentary by the makers of American Movie, called The Yes Men.
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Produção Belo Horizonte Malab Produções - Aluizer Malab, Thalita Matta Machado, Karol Borges, Carol Petter Produção São Paulo Cecília Lara
www.artemov.net
Assistente de produção Sara Faria Eller Receptivo convidadoS Bruno Lapertosa Drummond
Patrocínio Telemig Celular
Revista arte.mov online / Catálogo arte.mov
Parceria Tecnológica Nokia
Editor responsável Marcus Bastos
Local de exibição Conservatório da UFMG Av Afonso Pena 1534, Centro, Belo Horizonte
Coordenação editorial Lucas Bambozzi Rodrigo Minelli
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA E CURADORIA Marcos Boffa Lucas Bambozzi Rodrigo Minelli
Design GRÁFICO / WEB Osso
a partir de projeto desenvolvido e idealizado em parceria com Marcos Barreto Corrêa Editor convidado Marcus Bastos Coordenação executiva Francisco Cesar Filho Coordenação de Produção Marcos Boffa Realização Associação do Audiovisual Paulista
ILUSTRAÇÕES Alexandre B. FOTOS Alexandre B. Amanda Coimbra Rodrigo Minelli Rogério Santiago Tradução Textos catálogo Versão Final Assessoria de Imprensa Noir Comunicação FCF Comunicação
Mostra arte.mov Júri Eder Santos Giselle Beiguelman Lassi Tasajärvi Marina Person Patrick Lichty Equipe de pré-seleção Francisco Cesar Filho Lucas Bambozzi Marcos Boffa Marcus Bastos Rodrigo Minelli Produção Karol Borges Palestras arte.mov Produção Porto Alegre Ana Adams Produção Curitiba Paulo Biscaia Filho Produção São Paulo Liciane Mamede Produção Brasília Anna Karina de Carvalho Produção Rio de Janeiro Larissa Bery Apoio Cultural Othon Palace Hotel – Belo Horizonte Ponto Chick Mídia Exterior
Retrospectiva Giselle Beiguelman Curadoria Lucas Bambozzi Concepção expositiva Isabela Vecci
UNA – Universidade de Ciências Gerenciais / Belo Horizonte Profª Samantha Braga Centro Universitário Uni-BH Prof. Frederico Gerken
Faculdades e cursos participantes
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) / São Leopoldo Profºs Laura Cánepa e Gustavo Fischer
Faculdade Brasília Profª Josiane Osório
Universidade Estácio de Sá / Belo Horizonte Profª Letícia Lins
Faculdade de Artes do Paraná Profºs Marcelo Almeida e Denise Bandeira
Universidade Estácio de Sá / RJ Profª Viviane Brandão
Faculdade Newton Paiva Profª Marialice Emboava
Universidade Estadual de Minas Gerais Profºs Zé Rocha e Rose Portugal
Fiam Faam - Centro Universitário / SP Profºs Mário Villalva e Luiz Tabet
Universidade Federal de Minas Gerais Profª Patrícia Moran
Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) Profº Sérgio Porto
Universidade Metodista de São Paulo Faculdade de Comunicação Multimídia / SP Profº Alfredo D’Almeida
Pontifícia Universidade Católica / SP Curso de Comunicação e Multimeios Profª Rosangle Leotte Pontifícia Universidade Católica / MG Centro de experimentação em imagem e som (Ceis) e Núcleo de Audiovisual da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas Pontifícia Universidade Católica / PoA Profº Carlos Gerbase Pontifícia Universidade Católica / RJ Profª Patrícia Burrowes Senac - Unidade Lapa Scipião / SP Profº Cléber Vrohrer
Universidade Tuiuti do Paraná Profºs Evary Anghinoni e Eduardo Baggio
AGRADECIMENTOS Adyr Assunção Aggêo Simões Afonso Borges Álvaro Nogueira André Hallack Andreas Broeckman Bernardo Brant Caroline Reis de Carvalho Chico de Paula Clarissa Campolina
Coy Freitas Eduardo Brandão Eduardo de Jesus Erick Ricco Flávio Martins O. Fraga Fred Paulino Galeria Vermelho Guilherme Lunardelli Márcia Vaz Marília Rocha Mario Ramiro Maristela Fonseca Patrícia Moran Paula Kimo Ricardo Ushida Ronaldo Gino Samanta do Amaral Tâmara Braga Os textos “Rumo a Uma Cultura sem Fio”; “Mídias: quentes, frias e móveis”; “O homem e as (mais recentes e capazes de desafiar a cultura vigente) máquinas”; “Giselle Beiguelman: uma arte do não-espetáculo e de vestígios dispersos por telas pequenas, médias e grandes”; “Lassi Tassajarvi: da arte hacker em tempo real às comunidades de distribuição de conteúdo audiovisual” foram publicados originalmente na Revista arte.mov online (www.artemov.net) e são de autoria de Marcus Bastos. Todos os demais são de autoria dos curadores ou dos respectivos autores. The articles “Towards a wireless culture”, “Media: hot, cold and mobile”; “Giselle Beiguelman: non-show art and remnants scattered in small, medium and large screens”; “Lassi Tassajarvi, from real-time hacker art to audiovisual content distribution communities” were originally published on the arte.mov online magazine (www.artemov.net) and were written by Marcus Bastos. All the other articles and text were written by the curatorial team except as otherwise stated.
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