2ยบ Semestre / 2012
Jovem:
Transformador do mundo
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Expediente Combinação única de bons valores com excelência. O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que diariamente vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos, com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas a ação social está presente com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores com excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.
Presidente das Mantenedoras: Ir. Delcio Afonso Balestrin Superior Provincial: Ir. Joaquim Sperandio Superintendente Executivo do Grupo: Marco Antõnio B. Cândido Rede de Colégios: Ir. Paulinho Vogel, André Garcia, Isabel Cristina Michelan Azevedo Comunicação e Marketing ABEC/UCE: Fabiane Campana, Camila Schmid, Bruno Bonamigo, Tiago Ienkot, Fábio Egg Mais, Kelen Y. Azuma, Silvia S. Tateiva, Alexandre L. Cardoso, Denise Neves Machado Comunicação e Marketing Colégios: Bruna F. Gonçalves, Cristiane R. Santos, Eros A. A. Martins, Eziquiel M. Ramos, Fábio
brasília • Colégio Marista de Brasília - Educação Infantil e Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília - DF - 70200-690 - (61) 3442-9400 Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio - SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul Brasília - DF - 70200-750 - (61) 3445-6900 CASCAVEL • Colégio Marista de Cascavel - Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel PR - 85812-011 - (45) 3036-6000 CHAPECÓ • Colégio Marista São Francisco - Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó - SC - 89801-500 - (49) 3322-3332 CRICIÚMA • Colégio Marista de Criciúma - Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma SC - 88811-503 - (48) 3437-9122 CURITIBA • Colégio Marista Paranaense - Rua Bispo Dom José, 2674 Seminário Curitiba - P1) 3016-2552
S. Aparício, Guilherme F. Neto, Kely C. de Souza, Luana M. D.
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dos Santos, Luiza B. Fleury, Mateus Vitor Tadioto, Mayara A.
goiânia • Colégio Marista de Goiânia - Avenida Oitenta e Cinco, n. 1440
Haudicho, Raquel A. Bortoloso, Samira D. Dutra, Tatiane Pereira,
St. Marista - Goiânia - GO - 74.160-010 - (62) 4009-5875
Mayara Gutjahr
JARAGUÁ DO SUL • Colégio Marista São Luís - Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 Centro - Jaraguá do Sul - SC - 89251-700 - (47) 3371-0313 JOAÇABA • Colégio Marista Frei Rogério - Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba - SC 89600-000 - (49) 3522-1144
Rua Imaculada Conceição, 1155 Prado Velho – Curitiba – PR Prédio Administrativo PUCPR – 8º andar CEP: 80215-901 Tel.: (41)3271-6500 www.colegiosmaristas.com.br
LONDRINA • Colégio Marista de Londrina - Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina - PR - 86060-000 (43) 3374-3600 MARINGÁ • Colégio Marista de Maringá - Rua São Marcelino Champagnat, 130 Centro - Maringá - PR - 87010-430 - (44) 3220-4224 PONTA GROSSA • Colégio Marista Pio XII - Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho - Ponta Grossa - PR 84015-440 - (42) 3224-0374 RIBEIRÃO PRETO • Colégio Marista de Ribeirão Preto - Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis - Ribeirão Preto - SP - 14015-130 - Fone:(16) 3977-1400
Em Família | 10ª Edição | 2º Semestre 2012 Capa: Gabriel Cauduro, Vagner Vergara, Lucas Jiang, Bruna Braga Luz e Geórgia Furquim, estudantes do Colégio Marista Rosário - Porto Alegre (RS)
SÃO PAULO • Colégio Marista Arquidiocesano - Rua Domingos de Moraes, 2565 Vila Mariana - São Paulo - SP - 04035-000 - (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória - Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci São Paulo - SP - 01518-000 - (11) 3207-5866
Elaboração da arte realizada pela professora Maria Cristina Kersting, do Colégio Marista São Pedro - Porto Alegre (RS) Foto: Wesley Santos
Jornalista Responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 | Supervisão: Maria Fernanda Rocha Redação: Michele Bravos / Julio Cesar Glodzienski / Elizangela Jubanski | Diagramação: Julyana Werneck Revisão: Editora Champagnat | Divisão APC – Grupo Marista R. Amauri Lange Silvério, 270 - Pilarzinho – Curitiba/PR – CEP: 82120-000 – Fone: (41) 3271-4700 www.grupolumen.com.br Periodicidade da publicação: semestral Quer anunciar? Entre em contato conosco pelo fone (41) 3271-4700 ou pelo site www.grupolumen.com.br Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.
Primeira impressão
A transformação como possibilidade! Por Ir. Paulinho Vogel
P
ara abrilhantar o tema desta edição, permitam-me iniciar nossa reflexão sobre a juventude com duas frases instigantes, uma do escritor francês Albert Camus: “A juventude é sobretudo uma soma de possibilidades”, e a outra, de Franklin Roosevelt: “Nem sempre podemos construir o futuro para nossa juventude, mas podemos construir nossa juventude para o futuro". Certamente, muitos de nós, assim como os autores citados, acreditamos que a juventude tem um potencial enorme de transformação não só do futuro, como de toda uma sociedade. Mas não há como a juventude, ou qualquer outro grupo social, ser essa mola propulsora de transformação, se não estiver apoiada em valores em que ela própria acredite. O tempo em que vivemos hoje é de transformações e mudanças. Segundo alguns, não apenas uma época de mudança, mas uma mudança de época. A crise de muitas instituições como a família, a escola, o Estado e a Igreja, gerada por esse tempo de modificações, faz os jovens tentarem entrar na sociedade, não mais por essas instituições, mas a partir das relações com seus pares, gerando assim seus próprios modelos culturais de identidade, de formas tão originais e criativas quanto as realidades juvenis que existem em cada cidade.
Quando os valores são vivos na mente e no coração dos jovens, independente de instituições, encontramos uma juventude com vontade de participar da transformação da realidade. São jovens que procuram uma sociedade sustentável, baseada no respeito à natureza, nos direitos humanos universais, na eficiência da justiça econômica e em uma cultura de paz desde uma perspectiva ecológica integral. Muitos deles tratam de promover a mudança a partir de seu compromisso com organizações não governamentais ou políticas, atentos para que os temas pertinentes à juventude sejam discutidos. Podemos dizer, além disso, que a grande maioria dos jovens procura intensamente pela espiritualidade hoje. São novas expressões, não necessariamente ligadas às grandes religiões, mas que manifestam de outra forma a espiritualidade e a transcendência latentes, de um modo que talvez não consigamos descobrir nem entender. Para os jovens, a fase da juventude é uma etapa de magia, porque repleta de alegria, liberdade, vitalidade e energia. É um tempo cheio de curiosidade, com vontade de conhecer, provar e sentir uma infinidade de experiências, mas, em certos momentos, permeado pela solidão, quando carentes de lar e da companhia familiar. O encontro e o protagonismo juvenil podem ser realizados na escola, na
rua, no bar, na balada, nas organizações pastorais, nos movimentos sindicais, nos fóruns de juventude e em outros espaços públicos que propiciem o encontro e permitam que se reconheçam como jovens. Além dos lugares, há também os espaços de encontro: festivais de música, eventos esportivos, internet, reuniões de reflexão, experiências de trabalho ou intercâmbio acadêmico e cultural, bailes, expressões culturais autóctones ou juvenis, manifestações em defesa dos direitos, rebeliões, guerras, prisões etc. Cabe às instituições, ao poder público e aos órgãos governamentais desenvolver nos jovens os valores essenciais à vida humana e propiciar os espaços adequados para que sua atuação esteja garantida. Garantindo formação e espaço adequado, a juventude espontaneamente transformará o mundo à sua volta. Assim, construímos nossa juventude para o futuro, oferecendo a ela todas as possibilidades de ser feliz e fazer os outros felizes, como sonhava Marcelino Champagnat, que acreditava que, fazendo os outros felizes, encontrávamos nossa própria felicidade.
Ir. Paulinho Vogel é Diretor Executivo da Rede Marista de Colégios
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Entrevista
Chamado para
transformar tarefa de contribuir para um futuro ie um mundo melhores é responsabilidade de cada um dos 7 bilhões de habitantes do planeta. O jovem argentino Juan Andrés Mussini, de 29 anos, mestre em Ciência da Computação pela PUCPR, tem feito sua parte a serviço da nação do Timor Leste, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU). Como especialista em tecnologias de informação e comunicação para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Mussini tem aprendido a lidar com frustrações e percebido que sua missão é dar o melhor de si, fazendo o que for possível pelo bem-estar das pessoas.
-se uma reação em cadeia, na qual o usuário do seu produto, por sua vez, fará o mesmo, e assim por diante. Há vários níveis de "ajuda", nenhum mais importante que o outro, com todos trabalhando em harmonia até se formar um produto final. Se todos os membros fizerem um trabalho decente, haverá qualidade equivalente. Na ONU, consigo ajudar outras pessoas mais diretamente, passando meu conhecimento a pessoas que nunca tiveram condições e nunca sonharam estar trabalhando com informática.
na área de informática e gostei muito da ideia. O país era algo secundário, eu me interessei mesmo pela proposta da ONU. Como uma das línguas oficiais do país é o português, já há muitos brasileiros aqui. Esses brasileiros, por sua vez, já aplicam o conhecimento que aprenderam no Brasil desde que chegam aqui – entre eles, o conhecimento sobre informática, particularmente de Linux, que é muito forte no Brasil. Tendo sido educado no Brasil, eu me tornei um especialista nessa tecnologia, o que ajudou no processo de seleção. UNMIT
A
Como foi sua trajetória até chegar à ONU? Era um sonho? Minha chegada à ONU foi resultado de uma busca por um trabalho que me desse um retorno moral completo. Sendo formado na área de Exatas/ Computação, tive dificuldade em unir, ao mesmo tempo, um serviço que me desse garantia econômica e um sentimento de estar fazendo algo que valesse a pena. Já me sentia um pouco assim ao trabalhar em uma faculdade, por muitos anos. Sentia que estava ajudando os professores, estudantes e funcionários da instituição a fazer seu trabalho de forma eficiente. A informática é uma área que não produz nada por si própria, ela serve de base para outros aplicarem suas habilidades ou seu conhecimento. Acredito que, se cada um fizer bem seu trabalho, inicia-
Homens trajados com vestimentas típicas timorenses.
De que forma você acabou sendo enviado para o Timor Leste? A ONU é equivalente a um órgão público, mas em âmbito mundial. Há várias missões e agências da ONU. Cada uma delas tem seu quadro de funcionários, como se fossem empresas normais, e, como tal, publicam vagas e contratam colaboradores. Eu vi a oportunidade de trabalhar para a ONU como voluntário
Como é seu dia a dia nesse país? Meu trabalho é situado diretamente no Ministério da Justiça do Timor Leste, especificamente voltado para os timorenses colaboradores da Procuradoria Geral da República. Todos eles fazem parte da equipe de TI da instituição. Eu dou aula para eles duas manhãs por semana. Depois da aula, temos treinamentos específicos em cada institui-
Entrevista
Qual o maior desafio em estar em missão? Do ponto de vista profissional, é lidar com as frustrações. Do lado pessoal, é a saudade. Sou uma pessoa muito família, com três irmãs e, a partir de dezembro, seis sobrinhos. Estar longe deles é difícil e ver os pequenos crescendo e mudando, também. O dia a dia aqui é seguro, mas instável. No meio do ano, depois do resultado das eleições, houve focos de revoltas, com muitos carros apedrejados e queimados e até pessoas feridas e mortas. Durante aquela semana, o clima ficou tenso, mas por sorte não se agravou. A situação pode mudar rapidamente, por isso temos que sempre estar atentos e ter um bom ponto de segurança, como a própria casa, com mantimentos e provisões básicas. Como é conviver com a frustração de que nem sempre a solução está em suas mãos? O maior desafio é fazer as pessoas entenderem a importância do que está sendo feito. Em outros lugares do mundo, essa formação de capacidade diretamente aplicada ao local de trabalho é algo raro, já que os treinamentos tradicionais são sempre dados em horário diferente do horário do trabalho. As empresas preferem que seus funcionários estejam envolvidos em suas tarefas laborais nesse horário. Aqui, a tarefa laboral deles é aprender. Mas, mesmo assim, muitos deles não dão valor a
isso e acabam por se interessar pouco, perdendo a oportunidade que oferecemos. Para lidar com essa frustração, temos que manter a meta e nos concentrar naquelas pessoas que apreciam isso e que estão mudando com o que nós oferecemos. Ver que estamos melhorando a vida de uma pessoa é uma recompensa extremamente gratificante, que nos dá força pra seguir adiante.
Hoje, trabalhando para o Timor Leste, qual é seu maior desejo?
Quando mais novo, de que for-
Trabalhando na ONU,
Que eu consiga fazer a diferença para mais pessoas. Quando eu for embora, quero olhar para trás e enxergar um trabalho bem-feito, uma diferença clara (para melhor!) entre o momento em que cheguei e o momento em que estiver partindo.
ma você fazia a diferença em sua realidade? Posso dizer que eu nunca fui um rapaz extrovertido e com facilidades sociais, por isso não me envolvia ativamente em causas sociais. Mas, graças à educação que tive, gosto de pensar que sempre diferenciei o bom do mau. Por isso, em tudo que fazia eu tratava de levar sempre em conta isso, perguntando-me quais seriam as consequências de minhas ações. Acho que era algo simples, mas que fazia a diferença em minha realidade.
eu sou um agente de mudanças. eu sinto que as coisas acontecem porque nós fazemos acontecer eu tenho que tratar as pessoas com respeito eu quero ajudar da forma que for possível eu vou fazer muito bem feito o que tenho que fazer
Qual a maior recompensa que o seu trabalho lhe proporciona? Profissionalmente, é ver os colegas aprendendo e mudando. Pessoalmente, é saber que estou fazendo algo pra melhorar a vida de alguém.
Martine Perret/UNMIT
ção, atendendo a suas necessidades e demandas. Aqui, aplica-se o conceito de formação de capacidade, que vai além de aulas normais. É possível se dedicar àqueles que têm mais dificuldades, por exemplo.
Quais características esse trabalho desenvolveu em você? Trabalhar com tecnologia em um país pós-conflito é algo muito desafiante. Tive que aprender a lidar com situações difíceis, como falta de comunicação e de energia durante quase o dia todo. Aprendi a lidar com outras culturas, porque cada pessoa tem uma forma de lidar com as coisas. Estou mais tolerante.
A restauração da independência do Timor Leste, ocorrida em 2002, é motivo de comemoração no país. UNMIT
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Um agente da paz desembarca no Timor Leste, trazendo ajuda para a população.
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Capa
Rebeldes com causa Este século é marcado por jovens transformadores e com irreverência suficiente para causar um impacto positivo no mundo
O
ijeitão despojado e até blasé iengana à primeira vista. Quem vê pode pensar que são jovens perdidos, que não levam nada a sério e que vivem conectados – até demais. O engano vai embora quando esses jovens falam sobre o que pensam, o que creem e como gostariam de colocar em prática suas ideias para melhorar o mundo. Estamos falando dos jovens do século XXI, as chamadas gerações
Y e Z. Jovens com causas, planos e liberdade de sobra para transformar. Segundo o Ir. Evilázio Teixeira, doutor em Filosofia, Teologia e atual vice-reitor da PUCRS, essa é “uma juventude que se nega a simplesmente repetir as gerações anteriores e que busca afirmação”. Diferente de décadas passadas, o jovem da atualidade só se engaja naquilo que realmente lhe faz sentido. A vontade de ver pequenas mudanças os move para grandes conquistas. O sociólogo Cézar Lima, professor de Ciências Sociais da PUCPR, explica
que o jovem atual tem entendimento de que não vai mudar o mundo, mas sabe que tem em mãos a possibilidade de contribuir para um convívio mais harmonioso. Para os estudantes do 2º ano do Ensino Médio, Bruna Luz, do Colégio Marista Rosário (RS), e Alexandre Longo Filho, do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), ajudar uma senhora a atravessar a rua ou ser gentil com alguém já são atos de grande valor. “Com certeza, pensar nas próprias atitudes e acreditar que elas provocam transformações é uma combinação que mudaria o mundo”, diz Alexandre. Para o Ir. Evilázio Teixeira, os jovens estão mais sensíveis por natu-
Além do voluntariado, a estudante Bruna Luz, do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), acredita que atitudes do cotidiano podem fazer a diferença.
Ser gentil com o porteiro ou com uma senhora “ são coisas que, por vezes, não são valorizadas. Mas fazem diferença na vida das pessoas.
”
reza e querem um mundo melhor para todos. É nesse contexto que as causas específicas ganham força. “A juventude atual está muito sensibilizada perante os problemas das desigualdades sociais, a realidade de marginalização, de ataque ao ecossistema, da pobreza e morte que assediam muitos dos países em desenvolvimento. Muitos deles estão dispostos a dedicar parte de seu tempo, de seu dinheiro, de suas férias e até anos inteiros, a aliviar esses problemas”. Mas tudo isso só dura enquanto o jovem crê na bandeira que levantou. A partir do momento em que ele não acredita mais, ele não insiste e parte para uma nova empreitada. O sociólogo afirma que as manifestações atuais duram menos tempo se comparadas às de 20 ou 30 anos atrás; no entanto, são mais diretas e efetivas.
Minha, sua, nossa causa Atualmente, não se tem mais a noção de mudanças grandiosas, buscam-se mudanças pontuais. Já as décadas de 60, 70 e 80 foram marcadas por um anseio de grandes reformulações. O contexto pedia alteração na estrutura da sociedade, na política ditatorial que sufocava a liberdade dos seres humanos, na economia que não favorecia boas condições de vida. Quando essas conquistas foram alcançadas, a noção de luta que havia
se construído se dispersou e um novo molde surgiu, no formato que tem sido apresentado hoje pelos jovens. O estudante Heitor Fantinatti, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Marista de Ribeirão Preto (SP), é um exemplo dessa juventude. “Quando nós falamos em mudar o mundo, parece que é uma coisa gigantesca e muito difícil de fazer. Isso se torna realmente difícil se você falar em um contexto global. Mas e se pararmos para pensar e começarmos a mudar o lugar onde vivemos? Primeiro, a escola; depois, o bairro; até chegar a uma cidade inteira”, diz. A partir da década de 90, com o conceito de globalização mais instituído na vida das pessoas, veio também o firmamento do multiculturalismo. Assim, as lutas e causas também se tornaram desterritorializadas, o que contribui para o alcance de conquistas globais. A internet se tornou, e ainda é, uma forte aliada para isso.
Além das ações voluntárias, o estudante Gabriel Cauduro, do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), realiza a doação de roupas para pessoas carentes.
Eu gosto de me envolver com outras pessoas, de “ ajudar. A possibilidade de fazer isso no voluntariado me chama a atenção, por isso sou voluntário. ”
Das ruas para as redes socias “Revolução de verdade se faz na rua.” Ou seria "se fez"? Os caras-pintadas, os hippies ganharam a cidade com seus gritos de revolução e passeatas. Hoje, a manifestação é menos alarmante – embora tão ou mais efetiva que – e o ponto de encontro é no mundo virtual. O estudante Gabriel Cauduro, do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), conta que o canal de comunicação do grupo de voluntariado do qual participa são as redes sociais. “Pela rede social, organizamos os grupos que vão visitar as instituições que ajudaremos. O grupo da internet também é usado para comentar outras atividades envolvidas com o voluntariado”.
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Capa Para que outras gerações possam entender essa transição de espaços, o questionamento deve ser: as plataformas já conhecidas (cartazes, manifestos nas ruas) ainda são condizentes com a forma de expressão do jovem Y ou Z? Vale lembrar que essa juventude nasceu em outro contexto, cercada pela teia da World Wide Web. Logo, é natural que seus gritos e pensamentos por mudanças sejam explicitados em páginas de redes sociais, por exemplo. Para o Ir. Evilázio Teixeira, “é incontestável que esses avanços tenham facilitado muitos aspectos de nossa vida diária, tornado mais compreensível nosso mundo e aproximado os problemas de todos”. O mundo virtual oferece um espaço de encontro plural para os jovens, onde podem encontrar pessoas com
inquietações similares, o que se torna um incentivo para agirem. “A internet proporciona a mobilização de quem nem se conhece”, completa o sociólogo Cézar Lima.
Do meu jeito Olhando para o passado, o jovem Y e Z reconhece as vitórias alcançadas pelos pais e avós, mas percebe quantas barreiras foram impostas pelas instituições com as quais a velha juventude estava ligada. Por isso, hoje o jovem luta por suas causas por conta própria. Ele não está preocupado se terá o apoio de uma ONG ou de um partido político; pelo contrário, ele não crê nessas instituições. Sendo assim, dá o primeiro passo. No caminho, encontra outros jovens com interesses similares. Juntos, eles vão atrás do que querem.
Por iniciativa própria, a estudante Georgia Furquim, do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), começou a se envolver em atividades voluntárias:
Acho que o Colégio me incentivou, trabalhando isso na minha vida “ desde pequenininha. Eu gosto de ajudar e quando conto histórias para a minha família, eles até sentem vontade de contribuir. ”
O desafio Diante do contexto de jovens engajados em causas mais específicas e descrentes do sistema político e econômico, é preciso encontrar formas para que esses jovens possam tornar suas pautas específicas potentes influenciadoras dos direitos fundamentais. “Ainda não vejo o jovem envolvido em lutas que transcendam os interesses específicos. Esse é o desafio do momento”, diz o sociólogo.
Processo em curso Segundo Cézar Lima, o que vivemos hoje é um reflexo dos anos anteriores e continuará sendo assim. Por isso, é preciso perceber que discussões acerca da juventude e de seus comportamentos não é um ciclo que se fecha, mas que se altera com o passar do tempo. Quando se fala em geração 2000, as percepções são ainda mais incompletas, uma vez que este é um processo em curso.
A juventude atual me parece assim...
E
les viram a minissaia surgir, os hippies pregarem “paz e amor”, o muro de Berlim cair. Alguns participaram ativamente dessas e de outras emblemáticas situações no mundo. Outros, simplesmente, foram espectadores. As gerações nascidas no fim da década de 1950 e durante a de 1960 enxergam que os jovens da atualidade desfrutam de muita liberdade, são mais donos de si que seus pais e avós, mas isso muitas vezes se torna ausência de limites e falta de respeito. O sociólogo explica que a noção de respeito que se tinha nas décadas passadas estava muito ligada à obediência. “As gerações anteriores eram mais obedientes, por uma questão de tradição”. Atualmente, os jovens são mais questionadores, não seguem aquilo que não acreditam e expõem abertamente o que pensam.
Lucas Jiang, estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), pratica voluntariado desde 2010 e conta com o apoio dos pais nessa atividade:
“
Meus pais me apoiam. Converso muito com meu pai sobre as atividades do grupo e ele se sente orgulhoso.
”
Isaura M. Oliveira, 65 anos Aposentada “Os jovens têm em mãos uma coisa muito grande, que se chama liberdade. Muitos deles sabem aproveitar isso.”
Eloir Rosa, 42 anos Cinegrafista “Está cada vez mais difícil educar um filho. Hoje em dia está tudo muito livre. Acredito que um pouco de censura não faria mal. A culpa é da sociedade, a televisão mostra muita coisa que não deveria."
Maria Carvalho, 63 anos Salgadeira “Acredito que a juventude de hoje não está perdida, mas falta respeito dos jovens com os outros. Penso que os pais não querem que os filhos passem pelo que eles passaram e por isso não impõem limites.”
Os pais de Vagner Vergara, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS), nunca praticaram ações voluntárias, mas isso não impediu o estudante de se engajar:
Comecei no voluntariado “ por influência dos meus amigos. ”
Roseli Silva, 48 anos Doméstica “A educação dos jovens de hoje é bem diferente. Acredito que os pais deixam os adolescentes e as crianças soltas demais, e isso torna alguns jovens rebeldes.”
Euclides S. Pereira, 48 anos Cabeleireiro “Em relação ao comportamento de antigamente, a juventude de hoje tem mais liberdade. Nos meus 40 anos de cabeleireiro, por exemplo, o pai escolhia o corte do filho até os 15 anos de idade; hoje, a criança mais nova corta o cabelo do estilo que quer."
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Capa
Anos 60 l Liberdade Sexual l
Filhos da geração Baby Boom (grande
crescimento populacional ocorrido após as guerras mundiais) l
Pós-guerra
l
Auge do consumismo, que, por sua vez,
Anos 70 l Liberdade de Expressão
Anos 80 l Conformismo
l Perda da inocência e das crenças nos ícones dos anos 60
l Geração Y (nascidos em um momento de grandes avanços tecnológicos. Atualmente, são reconhecidos como aqueles que estão sempre em busca de inovação, além de serem engajados em causas so-
l Aprofundamento das discussões da década anterior l
Combate à censura e ao racismo
ciais)
l
Direito das minorias
l
Época de recente derrubada da ditadura
l Liberdade na moda, na música e no com-
l
Jovem menos ingênuo e mais cínico, mais
l
Juventude mais conformista e mais po-
portamento
contestador
é combatido fortemente pelos jovens
l
Ascensão dos movimentos culturais,
como Op art, Pop art e Nouvelle Vague l l
Movimentos estudantis Ditadura
litizada
l
Aumento da repressão
l
l
Dúvida dessa geração: “Ficar à margem
fluenciarão a próxima década
do sistema ou entregar-se?”
l
Grandes conquistas políticas que in-
Sem protagonismo dos jovens
O jovem na linha do tempo O tempo passou e, com ele, os jovens se transformaram. Os propósitos de vida são outros, assim como seus ídolos, seus sonhos e sua forma de expressão. Há quem diga que são acomodados, menos ativos que outras gerações, que lutam por causas pequenas demais. Na verdade, são apenas diferentes. A equipe da revista Em Família, junto com o sociólogo Cézar Lima, organizaram a linha do tempo abaixo para que você entenda a geração atual, conhecendo mais dos antecedentes desses jovens.
Anos 90 l Defensores l
Alto engajamento político
l
Proliferação de ONGs
l
Há uma necessidade comum em suprir
as necessidades emergenciais da sociedade civil l Jovens unidos para a defesa de uma plu-
ralidade de direitos
Anos 2000 l Individualismo l
Geração Z (nascidos no universo digital,
são indivíduos muito familiarizados com a tecnologia, com a internet e seus recursos) l
Globalização
l
Capitalismo afeta o protagonismo do
jovem l Jovem mais individualista
Anos 2010 l Conectados l
Críticos em relação às instituições e aos
governos l
Noção de Estado, família
l
Intolerante à corrupção
l
Cobra com rigor, exige bons exemplos e
questiona a hierarquia convencional l
Aquilo que se pensa deve
ser aquilo que se faz l
Acredita que é preciso fazer para merecer
l
Luta por causas específicas, crendo que
transformar o pouco traz reflexos para o muito
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Dia a dia
Filhos engajados e pais preocupados Afinal, a insegurança dos pais deve ser recompensada com a experiência dos filhos?
A
criança lidera a turma em causas sociais, promove a igualdade e luta por justiça. Prepare-se: seu filho é um ativista nato e o seu coração ficará dividido entre orgulho e medo. Eles querem conhecer cada canto do mundo e se sujeitar às mais novas experiências. Mas, a bandeira erguida de que o filho deve ser criado para o mundo logo dá espaço à proteção e
ao medo de expô-lo a uma realidade tão dura. E aí, os pais estão preparados para desengatar o laço de proteção? Na tentativa de proteger os filhos, os pais podem perder o controle da situação. O ideal é conversar sobre os riscos e o benefício da atividade que será praticada. Foi assim que, em 2006, Gabriela Howes, ex-aluna Marista e atualmente colaboradora
no Colégio Marista Rosário (RS), no setor de Pastoral, conseguiu a permissão do pai, Mário César Howes, para ir à África com apenas 19 anos. “Foi um impacto muito grande esta decisão dela. Confesso que foi difícil para nós. Diziam que eu estava louco em apoiá-la”, lembra Mário. Gabriela partiu para Moçambique em missão pela ONG Associação
do Voluntariado e da Solidariedade (Avesol). Ela ficou em terras africanas durante nove meses e passou por situações com as quais jamais teria contato caso não aceitasse a empreitada. Howes sabia que a filha enfrentaria problemas, afinal, ela se depararia com uma realidade muito diferente da de seu país. “Perguntei se ela sabia das dificuldades que ia enfrentar. Vi que estava determinada e apoiei a decisão”. Para a desarmonia da família, a mãe foi totalmente avessa à viagem e até o último instante, antes de embarcar, pediu que a filha não fosse. “Não queria que minha filha ficasse longe de casa. Achava ela muito nova para ficar num país totalmente diferente”, apontou Ivelise Howes.
Test-drive A vontade de ir à África teve capítulos importantes a serem vencidos. Dois anos antes, Gabriela teve a oportunidade de fazer um intercâmbio – o Rondon Internacional. Lá, ela passou três meses vivendo o desprendimento familiar. “Quando eu voltei do Canadá, falei aos meus pais que eu estava preparada para ir a Moçambique”, conta
Experiência Enfim, Gabriela pisou na África, enquanto a mãe ainda sofria por aqui. “Eu não acreditei, até o último instante”. Lá, a ideia inicial da missão de Gabriela tomou outras proporções, e
o que antes era um trabalho voluntário, acabou sendo uma experiência pessoal e intrasferível. “Eu ia ser professora de inglês da 6ª e 7ª série, tanto de ensino regular como na educação de jovens e adultos. Quando cheguei lá, percebi que a demanda era muito maior, eu ia ser mais que uma professora, ia ser uma pessoa de outra cultura que ia aprender muito sobre eles. A sensação que eu tenho, hoje, é que eu não fiz nada, quem fizeram foram eles na minha vida”, disse. Já para Ivelise, a sensação era outra, e a cada dia aguardava a volta da filha. “Durante todos os meses envelheci 50 anos. Passava noites sem dormir, conseguia falar com ela somente por telefone e de madrugada. Às vezes passava 15 dias sem notícias dela”. Gabriela conta que a comunicação era precária e o local onde tinha acesso à internet ficava a pelo menos 30 quilômetros de onde eles estavam. “Não sei nem com qual periodicidade falava com meus pais”, recorda.
Realidade “Eu sentia que a morte estava sempre presente comigo”, revelou Gabriela, que escutava a todo o momento sobre a naturalidade com que os africanos lidavam com esse tema. “Quando alguém não chegava para a aula, eles respondiam ‘morreu, professora’, assim, sem pudor. Diziam que mor-
riam por causa de doença. Então, eu dava aula de inglês, mas sempre que podia falava sobre higiene, prevenção, doença, até mesmo da aids. Coisas que a demanda da realidade faziam com que eu falasse”, revela.
Valeu? O retorno foi alegre e vigoroso. A mãe, que tanto rejeitou a ideia, rendeu-se. “Ela voltou diferente, mais madura”. Mas ressalta a importância de se saber com quem o filho está indo. “Antes de qualquer decisão, verifiquem realmente o lugar para onde irão, com quem vão morar e que tipo de situação vão enfrentar”, aconselha. O pai reforçou a tese do apoio e disse: “precisamos saber criá-los e orientá-los para vida, pois não somos donos dos nossos filhos. Somos simplesmente pais, amigos e companheiros”. Hoje, Gabriela é formada em Psicologia e diz que só consegue se definir e se autoconhecer depois do que viveu em Moçambique. "Tive experiência de vida goela abaixo. Conheci o ser humano na essência, sem bens, sem ter, sem nada. Só ele”, finaliza. Apesar de tudo isso, Gabriela e a mãe tiveram algo bastante significativo em comum. Enquanto a viagem durou nove meses, a sensação para as duas foi de que esse tempo durou anos a fio.
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Olhar
A grande aventura
Para tornar um sonho realidade, às vezes, pode ser preciso se desapegar daquilo que traz segurança. E é aí que se ganha muito mais. Por Roy Rudnick
Michelle Weiss e Roy Rudnick partiram para uma viagem de três anos rumo à realização de um sonho.
É
agora ou nunca. Agora! Este é o subtítulo do primeiro capítulo do livro Mundo por Terra – uma fascinante volta ao mundo de carro, que trata de uma viagem, feita em um veículo automotor, por 60 países, 5 continentes, 1.033 dias e mais de 160 mil quilômetros. Viajar por tanto tempo sempre foi um paradigma para mim e para Michelle Weiss, minha namorada e companheira de viagem. Aliás, tudo que extrapolasse o período de férias – 30 dias – era algo impossível, mas bastou um “nós vamos” e tudo mudou. Tudo passou a convergir em favor do que havíamos decidido: ir à busca de nosso sonho. Por mais que essa decisão aparentemente tenha sido difícil, durou menos que um segundo. Foi como num passe de mágica. Antes dela, seguíamos uma vida regida por rotinas e regras e, depois, os dias passaram a ser diferentes um do
outro, com acontecimentos marcantes que jamais experimentaríamos em casa. Um segundo que acarretou uma grande mudança de vida, mas que teve sucesso por termos nos deixado levar por um fator que é muito discutido nos dias atuais: o desapego. Saímos de uma casa confortável e embarcamos em um veículo com um pequeno motorhome de 4 m² para morar nele por três anos. Ali carregávamos somente o essencial – uma cozinha, uma boa cama, espaço para se ficar em pé e armários para os mantimentos –, tudo feito para oferecer o mínimo de segurança e conforto. As estradas do mundo e os quintais de nossos acampamentos passaram a ser nosso patrimônio, pelo qual jamais tivemos que recolher o IPTU. Éramos livres para seguir sempre que tivéssemos vontade, livres das atribuições que nossos próprios bens materiais nos incumbem. Agora, claro que adversidades também faziam parte do nosso dia a dia e o acúmulo delas é que era duro de suportar. Estar em lugares desconhecidos, comunicação difícil, adaptação a novas culturas, comidas exóticas, problemas mecânicos, lugares inóspitos, aduanas, dificuldades para achar lugar para dormir, dias sem
banho, falta de privacidade em países populosos, estradas ruins e saudade eram apenas algumas delas. Mas a recompensa era sempre superior e, percebendo isso, o ato de “desistir” nunca foi parte de nossos planos. Além disso, o que nos manteve foi ter metas claras e definidas. Nós partimos, vivemos o mundo, cumprimos o planejado e voltamos para casa, certamente enriquecidos de alma. Aprendemos que a vida é muito mais do que ter uma boa conta bancária. Aprendemos a viver com menos e nos tornamos muito mais simples. O livro Mundo por Terra – uma fascinante volta ao mundo de carro é um relato da viagem do casal Roy e Michelle. Essa narrativa descreve com detalhes todos os assuntos relacionados à viagem. As histórias seguem o itinerário realizado e são traduzidas de forma simples e informal – uma conversa entre o leitor e os viajantes. Site: www.mundoporterra.com.br E-mail: expedicao@mundoporterra.com.br.
Crianças e jovens são os grandes agentes transformadores
Nesta parte da Em Família, com conteúdo exclusivo do
do mundo. Por meio de gestos e atitudes diárias, eles com-
Colégio Marista de Goiânia, leia histórias, projetos e ideais
provam, a cada dia, que estão aptos a mudar a realidade
de alunos que tiveram participação fundamental na trans-
com vistas a um futuro melhor.
formação do amanhã.
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Com a palavra
Jefferson Luiz – Diretor
A Família Marista A
Igreja Católica realizará, em julho de 2013, a Jornada Mundial da Juventude com o propósito de apresentar ao mundo o testemunho de uma fé viva, transformadora, bem como mostrar o rosto de Cristo em cada jovem. Esse encontro promove o tema central desta edição da Revista Em Família: a juventude. As crianças e os jovens são a razão de existir do Instituto Marista e de São Marcelino Champagnat, fundador do Instituto, “Não posso ver uma criança e um jovem sem sentir o profundo desejo de dizer-lhe o quanto Jesus os ama” (São Marcelino Champagnat). Assim sendo, a educação é o meio privilegiado para essa missão de formação e evangelização. Nas próximas páginas apresentaremos ações e reflexões diversas de nossas crianças e jovens sobre a juventude e seus desafios. A Educação Infantil, por meio dos projetos pedagógicos, nos apresenta
como os estudantes agem na condição de protagonistas na transformação do seu meio, em prol de um mundo melhor para todos. Os estudantes do Ensino Fundamental são provocados a responderem pelo que lutariam. Eles desenvolvem um senso crítico sobre questões sociais, políticas e ambientais, a partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula, em disciplinas como Matemática, Língua Portuguesa, História, Língua Estrangeira e outras. A Pastoral Marista faz um breve relato das ações de crianças e jovens Maristas nos projetos sociais e solidários desenvolvidos na escola, desde a Educação Infantil até o 9º ano do Ensino Fundamental. Teremos, pela Pastoral, o relato de experiência do estudante Marista João Pedro, membro da Pastoral Juvenil Marista (PJM) envolvido no projeto “Em defesa da vida saudável”, desenvolvido com os alunos do 8º ano.
Teremos diversas fotos de momentos importantes deste ano comemorativo dos 50 anos do Colégio Marista de Goiânia. E encerramos com a seção Gente Nossa, dessa vez com a ex-aluna Tatiane Mariano de Souza, designer de moda, que estudou no Colégio Marista nos anos de 1994 a 2002 e nos fala sobre a importância do Marista em sua vida. Esperamos que vocês possam ter agradáveis momentos de leitura e enriquecer ainda mais seus conhecimentos sobre a juventude de hoje. Afinal, conhecer seus sonhos e desejos fortalece a nossa relação com as crianças e os jovens. Que Maria, a Boa Mãe, iluminada por nosso Deus, que é Pai, possa guiar nossa vida, nossas famílias.
Abraços.
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Educa�
Educação Infantil
A importância do brinquedo e a brincadeira na Educação Infantil Por Marcione Helena de Paula*
S
egundo as Diretrizes Curriculares para a Educação Marista – Currículo em movimento, a Educação Infantil aponta o universo cultural da criança como ponto de partida para o trabalho e defende uma educação democrática e transformadora da realidade, objetivando a formação de cidadãos criativos e autônomos. A Educação Infantil é um espaço privilegiado para a aprendizagem, já que nessa fase as crianças “vivenciam um
dos momentos mais significativos do processo evolutivo” (FARIA; SALLES, 2007, p. 45). O brincar exerce um papel fundamental no desenvolvimento, “pois é uma das formas principais de que o pequeno aprendiz dispõe nesta fase para aprender” (LIMA, 2006, p. 13). Acredito que é por intermédio da brincadeira e do lúdico que a criança apreende seu universo social e organiza sua realidade, auxiliando na sua compreensão de mundo. Recordamos que São Marcelino Champagnat exigia que as escolas Maristas tivessem sempre um espaço reservado ao esporte e
à brincadeira. Afinal, criança Marista é criança porque brinca e, brincando, ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, calcula, classifica, compõe, conceitua e cria. As brincadeiras fazem com que as crianças se relacionem umas com as outras, aprendendo a esperar a vez, cumprindo regras. É na primeira infância que as crianças iniciam sua interação com o mundo, vivendo, experimentando, fazendo descobertas, agindo. Nessa fase, as crianças formam hábitos, atitudes, valores e esquemas de raciocínio que vão traçar as linhas de sua personalidade. Para elas, as brincadeiras são
*Professora do Infantil 3.
mais do que momentos de diversão. O brincar ajuda a criança a entender melhor o mundo. Enquanto brinca, além de estar construindo suas relações sociais e seu aprendizado, ela também expressa seus sentimentos e resolve seus conflitos. As brincadeiras e os brinquedos podem provocar o aprendizado individual e coletivo, estimulando o pensamento crítico das crianças e ampliando o vocabulário. Por meio da brincadeira, a criança experimenta um novo modo de pensar, ampliando sua concepção sobre o mundo que a cerca. "O brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa" (ALMEIDA, 2000). O brinquedo e a brincadeira traduzem o mundo para a realidade infantil, possibilitando que a criança desenvolva a sua inteligência, sua sensibilidade, habilidades e criatividade. O professor deve criar espaços e tempos para jogos e brincadeiras. Precisa deixar os brinquedos e jogos à disposição dos alunos. O material deve ser suficiente tanto em quantidade quanto em diversidade. Cabe ao professor a função de criar espaços inovando a cada dia, introduzindo novos personagens ou novas situações que
tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, despertando nelas o interesse pelo aprender brincando (VYGOTSKY, 1989). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Porém, não devemos nos esquecer de que o brincar é uma dentre muitas estratégias a serem desenvolvidas na Educação Infantil. O brincar do faz de conta é fundamental: imitar pessoas, animais, situações diferentes, construir pequenas cenas, fantasiar-se, participar de atividades que envolvam o coletivo e de momentos para brincadeiras espontâneas, permitindo-lhes mais descontração e autonomia. Devem ser contempladas atividades das mais diversas formas de expressão (musical, plástica, cultural, teatral etc.) a fim de que seu potencial criativo também se desenvolva. Certa vez, a educadora Monique Deheinzelin disse: “Soubéssemos nós adultos preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor e fraternidade”. Ela está certa. O brincar exerce um papel importantíssimo no desenvolvimento infantil. Basta inventar, criar, imaginar e brincar, brincar muito!
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Ser melhor
Juventude do Colégio Marista de Goiânia em ação De que forma a comunicação facilita o estreitamento das relações interpessoais
N
o próximo ano, voltaremos com mais atenção nosso olhar para a Campanha da Fraternidade, cujo tema e lema serão direcionados aos jovens da Jornada Mundial da Juventude e do Encontro Internacional de Jovens Maristas, realizados no Brasil. Atualmente, temos uma boa parte de nossa juventude esperançosa e ansiosa por dias melhores, mas apresentamos também uma mocidade desregrada, violenta, sem respeito próprio, na qual alguns adolescentes e jovens cometem atos de insanidade moral. Em um contexto de tanta criminalidade, genocídio, droga, fome, desigualdade, omissão, superficialidade, também há descrença e problemas de ordem social. Nem tudo está perdido. Temos esperança de que nossos adolescentes e jovens podem ser agentes construtores de uma sociedade melhor, pois eles
podem e devem mudar todo este caos que foi proporcionado e imposto a eles. Devemos acreditar nesse papel transformador de nossa juventude. Confiamos em seu protagonismo, de quem atua diretamente em seu processo de desenvolvimento pessoal e na transformação da sua própria realidade, assumindo um papel de ator principal diante de tal cenário. Já nos preparando para significativas temáticas vindouras, precisamos refletir se nossos espaços têm sido planejados e destinados às práticas de solidariedade e promoção da autonomia dos adolescentes e jovens de hoje, em nossa sociedade. No nosso contexto escolar, ações de protagonismo tentam envolver adolescentes e jovens educandos no sentido de ampliar os seus conhecimentos e práticas para que adquiram maior capacidade de intervir, de forma
ativa, afetiva, construtiva e solidária no processo de identificação e minimização dos problemas reais na escola, na comunidade e, consequentemente, em nossa sociedade. Essas ações pressupõem uma alteração no modo de entendermos os jovens e de agirmos em relação a eles. Os adolescentes precisam ser vistos como solução e não como problema. Pretendemos que o educando seja origem de iniciativas e de compromissos, difundindo, assim, suas ideias com participação em suas relações de contexto escolar e sociais. Essa participação precisa ser factual, verdadeira e não somente simbólica ou ilustrativa. Um processo formador do ser humano, tanto na dimensão pessoal quanto na social. Nessa nobre missão, docentes, gestores e discentes precisam ter percepção conceitual dos temas abordados, compromisso ético e anseio de justiça
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no sentido de contribuir, por meio de suas ações, para a ampliação de seres conscientes e protagonistas na construção grupal de obras que possam gerar impactos na qualidade de vida. Em nossos espaços escolares, aqui no Colégio Marista de Goiânia, são oferecidos ambientes, estruturas, propostas e projetos para a formação e o engajamento de nossos adolescentes em ações protagonistas. Precisamos lembrar que esse trabalho pedagógico e pastoral, com dimensão de educação integral, precisa começar com as crianças, criando hábitos de cidadania desde cedo. Vejamos algumas destas ações:
bilidade” – Projeto desenvolvido por estudantes do 6º ano e pela PJM, em parceria com a Biocoleta e o Grupo Proeza. A Biocoleta é uma empresa de preservação ambiental que dispõe de coletores de óleo residual de fritura, equipamento de custo acessível, produzido com material reciclado e que se torna essencial na coleta do óleo. A Biocoleta possui parceria com o Grupo Proeza, uma empresa do setor de saboaria, que utiliza milhares de litros de óleo residual (coletados no Colégio Marista) na composição de seus produtos, tornando o que antes era “lixo poluente” em um bem de consumo para todos.
Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 – Desenvolvem projetos e mantêm parcerias com o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil), na Vila Santa Helena, e com a Escola Municipal Professora Maria Camargo.
Projeto “Em defesa da Vida Saudável” – Projeto em parceria com a Casa de Apoio São Luiz, uma instituição filantrópica cujo objetivo é dar apoio aos portadores de câncer durante o processo de tratamento e recuperação da doença. Os estudantes, do 8º ano do Colégio Marista de Goiânia, têm em seu currículo conteúdos relacionados a doenças cancerígenas e, por isso, são os interlocutores desse projeto.
PJM (Pastoral Juvenil Marista) – Encontro de grupos de adolescentes e jovens, organizados para aprofundarem a experiência da fé cristã, no crescimento da amizade e na descoberta da solidariedade. Projeto “Campanha Doação de Órgãos” – “Doação de Órgãos - Um herói de verdade nunca morre” – Projeto da PJM em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás. Desenvolve o protagonismo das crianças e dos adolescentes, engajando-os na participação cidadã, apoiando essa inciativa com várias ações voltadas para o estudo, o conhecimento, a sensibilização, a divulgação, a conscientização e a participação intensiva e efetiva nesse processo. Projeto “Em defesa da sustenta-
Projeto: "Diga Sim a Vida" – Projeto dos estudantes do 9º ano em parceria com a Comunidade Terapêutica Chácara Maria de Nazaré, que tem como mantenedora a Associação Servos de Deus. A Comunidade atende pessoas com dependência química. Esse jeito Marista de trabalhar contribui para que as potencialidades das crianças, dos adolescentes e dos jovens possam ser desenvolvidas em prol da vida em comunidade. Para nós é muito importante acreditar e investir na energia transformadora de nossos educandos. Depoimentos:
“Agradeço imensamente ao Colégio Marista de Goiânia pelo trabalho realizado com a Casa de Apoio São Luiz, ressaltando a importância dessa parceria, onde ajudamos o próximo a lutar pela vida, combatendo o câncer.” Júlio Cesar Macedo Moraes Pai Marista e Voluntário da Casa de Apoio “Tive uma excelente experiência visitando a Casa de Apoio São Luiz. Adorei o conteúdo sobre a Campanha da Fraternidade, os esclarecimentos sobre a ACCD – Associação de Combate ao Câncer de Goiás. Gostei do depoimento de quem sofre na pele com a doença e também de saber sobre os trabalhos da Casa.” Aluna Bárbara Fernandes Moreira da Silva – 8º Ano A “Conhecer e vivenciar um pouco da Casa de Apoio São Luiz foi um momento único para a aprendizagem além da instituição escolar. É vivenciar o espírito de doação, de solidariedade entre os irmãos.” Professora Sônia Palmeira de Rezende Ciências “Os trabalhos com a Casa de Apoio São Luiz foram momentos de profundo conhecimento sobre o processo de câncer e de interação entre alunos e profissionais que convivem e trabalham diretamente na prevenção e no combate à doença.” Professor Odair José Gonçalves Ensino Religioso Coordenação de Pastoral
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Caleidoscópi�
Abertura dos Jogos Internos.
Campanha de doação de órgãos.
Cápsula do tempo – 50 anos do Colégio Marista de Goiânia.
Encerramento dos Jogos Internos.
Festa Junina.
Homenagem da Câmara Municipal ao Cinquentenário do Colégio Marista de Goiânia.
Homenagem da Câmara Municipal pelos 50 anos do Colégio Marista de Goiânia.
Missa em comemoração pelos 50 anos do Colégio Marista de Goiânia.
Reinauguração da Praça São Marcelino Champagnat.
Semana São Marcelino Champagnat - Ir. Pedrinho.
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Diz aí
Pelo que você lutaria?
Cecília de Oiveira Freitas 4º A
Nathan Aguiar 4º B
Brendha Castro 4º C
Ana Clara Lima Machado 5º A
Thiago Dafico 5º B
Eu lutaria por igualdade e respeito pelos pobres e moradores de rua, que muitas vezes não são tratados como gente.
Não tenho nenhum sonho específico, porém só espero que quando eu crescer eu seja bem-sucedido, com um bom emprego, uma casa e um animal de estimação, como um cachorro ou um peixe.
Eu lutaria por paz, alegria e pela minha família, pelos meus objetivos de vida, para ser uma boa cidadã e por um mundo melhor.
Eu vou lutar (e estou lutando) pelo meu futuro, ou seja, o que vai ser da minha vida. Eu quero estudar e passar para Medicina, quero ser médica. Por enquanto estou me empenhando para ser uma boa aluna, para passar de ano, seguir meu caminho e ser bem-sucedida no futuro, ser alguém na vida; é para isso que eu luto.
Eu lutaria para me dar bem na vida: passar para a faculdade, ter um emprego com um bom salário etc.
Ester Araújo Esper 5º C
Natália Gonzaga 6º A
Camilla Machado Fleury Jubé – 6º B
Ana Luiza Albernaz 6º C
Gabriel Lusvarghi 6º D
Eu lutaria pela melhoria das escolas públicas, pois muitas crianças estão sofrendo nas ruas, trabalhando dia e noite para sustentar a família enquanto deveriam estar estudando nas escolas.
Eu lutaria para ser uma ótima bailarina quando crescer. Esse sempre foi meu sonho desde criança. Vou lutar cada dia mais para realizá-lo. Sei que muitas pessoas, como a minha família, me apoiarão.
Eu lutaria pela paz, para que as pessoas parassem de ser racistas. Por melhores condições de estudo para alunos que estudam em escolas públicas. Lutaria para acabar com a corrupção que acontece no nosso país. Lutaria para as pessoas e empresas pararem de jogar lixo nos mares, rios, lagos e nas ruas, e também para um país melhor.
Eu lutaria para conseguir um mundo melhor para todos, para tentar levar uma vida melhor a crianças e jovens que estão perdidos na violência e nas drogas. E lutaria também para conseguir chegar aonde eu quero e me tornar uma pessoa melhor, além de levar educação a todas as crianças carentes, para que elas tenham um futuro melhor.
Eu lutaria pelo direito de todos à saúde, pois muitas pessoas sofrem e algumas até morrem esperando um tratamento. Alguns médicos agem com seus pacientes de um jeito que parece que preferem que morram em vez de ajudá-los. Isso tem que mudar, e por isso eu lutaria.
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Educa�
Ensino Fundamental
Matérias convencionais desenvolvem
senso crítico
Alunos são estimulados a refletir sobre questões sociais, políticas e ambientais por meio das disciplinas tradicionais
M
uitos estudantes se perguntam: por que há tantas disciplinas diferentes? Qual a necessidade de irem à escola? De que forma podem se posicionar sobre as grandes questões universais? Dizem que alguns dos conteúdos ensinados são inúteis e não serão necessários na profissão que pretendem exercer. É verdade que alguns desses jovens provavelmente não compreenderão essa importância em momento algum de suas vidas, não farão relação entre as disciplinas, e muito menos construirão criticidade ao longo de sua vida escolar, pois a prática do debate, da reflexão e da participação ativa dos jovens na organização de atividades em sala de aula não é unanimidade nas propostas educacionais conhecidas hoje. No entanto, para a grande maioria dos alunos Maristas, que se responsabilizam pela própria aprendizagem e pela construção dos conhe-
cimentos, as disciplinas escolares convencionais podem contribuir para uma visão globalizante dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade. Mesmo com a compartimentação ainda existente no currículo, as disciplinas podem e devem promover a formação crítica dos estudantes. Essa possibilidade está relacionada à gestão da aula: suas metodologias e o protagonismo do alunado. Mizael Clarete, aluno do 8º ano C que recentemente participou do Seminário Estudantil Marista, afirma que é estimulado em sala de aula sempre que acontecem os debates e as discussões temáticas: “as matérias que aprendo no Colégio me ajudam a compreender melhor os acontecimentos do passado para que eu possa formar meus pensamentos sobre o presente e ideias para o futuro. Com o que aprendo também fica mais fácil resolver pro-
blemas durante a vida e compreender a interdependência entre todas as vidas do planeta”. Já Amanda Coelho, representante de alunos do 9º ano na organização da confraternização de final de ano, diz que, para poder analisar e comentar um certo assunto, é necessário conhecê-lo. As diversas matérias se complementam, nos apresentando diferentes pontos de vista e nos fazendo formar nossa opinião. Estudamos o passado para entender o presente e conseguir compreender o mundo atual. Uma crítica só pode ser feita se for bem elaborada, e somente o estudo de diferentes áreas nos dá conteúdo suficiente para poder efetuar tal tarefa. Tallys Suziki, estudante do 8º ano C que também tem um apurado senso crítico, ratifica a ideia de que as atividades desenvolvidas em sala de aula pelos professores, tais como discussões, seminário, pesquisa, reflexão
sobre os mais diversos assuntos “contribuem para a formação da opinião crítica”, e que “com a dedicação dos alunos, as matérias ajudam principalmente a construir argumentos coerentes para a formulação de opinião mais consistente. Elas me dão uma perspectiva do mundo do passado, do futuro e me fazem compreender o atual”. Maríllia Oliveira, 9º ano B, conclui que as disciplinas a ajudam a formar um pensamento crítico, favorecendo os questionamentos e a investigação, pois “cada uma das matérias, de maneiras distintas, me ajudam a compreender a sociedade, a compreender a relação entre passado, presente e futuro e a formar uma opinião e desenvolver um pensamento sobre tudo que nos rodeia”. Considerando a relevância da construção do pensamento crítico em um projeto de educação que de fato pretende a formação de protagonistas capazes de transformar o mundo, o Colégio Marista, em sua proposta pedagógica, desenvolve diversos projetos e atividades com essa finalidade, tais como Projeto Representatividade, Projeto de Solidariedade etc. Tudo isso favorece efetivamente a formação de um aluno comunicador, pesquisador e solidário.
Mesmo com a compartimentação ainda existente no currículo, as disciplinas podem e devem promover a formação crítica dos estudantes.
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Destaque
Minha experiência solidária e meu protagonismo juvenil com a Casa de Apoio São Luís Por João Pedro Astolfo*
E
m virtude do projeto “Em defesa da vida saudável”, que está sendo desenvolvido no 8º ano, estamos estudando profundamente sobre o câncer, uma doença degenerativa que pode atacar múltiplos órgãos, e cujas causas são diversas: desde hábitos alimentares até exposição excessiva ao sol. Vivemos numa sociedade em que as pessoas se importam cada vez menos umas com as outras; mas, mesmo assim, a vida nos apresenta cidadãos com grandes histórias de vida e iniciativas surpreendentes em prol daqueles com doenças cancerígenas. Um grande número de pessoas que estão com câncer deixam suas famílias para trás em outros Estados e cidades e se deslocam centenas de quilômetros em busca de cura nas grandes capitais. Justamente para atender a essa necessidade é que existe a Casa de Apoio São Luis. Conheci essa Casa por meio de alguns trabalhos que o Colégio Marista organiza e realiza com os alunos do 8º ano e com pejoteiros. É uma instituição filantrópica que tem por objetivo dar apoio as pessoas com câncer
durante o processo de tratamento e recuperação. Foi fundada em novembro de 1999 por Dona Carmem Costa, atendendo à vontade de seu filho Leandro (cantor já falecido), cujo desejo era ajudar pessoas com câncer, mesma doença que o acometeu. Essa mulher batalhadora transformou a dor de perder um filho em um projeto de amor, carinho e solidariedade com o próximo. Estas instituições – Casa de Apoio São Luiz e Colégio Marista de Goiânia – me mostraram que a vida de muitas pessoas não é fácil. São muitos os que
sofrem com a dor das doenças, com preconceitos, desigualdade social e indiferenças de vários tipos. Isso despertou em mim vários sentimentos. Aprendi que é preciso amar de uma forma mais concreta e estar mais presente na vida das pessoas, principalmente das mais necessitadas e desprovidas de quase tudo. E hoje, depois de conhecer este projeto, consegui entender melhor um dos pensamentos que mais admiro em São Marcelino Champagnat, fundador dos Maristas: “É fazendo os outros felizes, que encontramos nossa própria felicidade”.
*8º C – Grupo Coração Acolhedor – PJM
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Gente noss�
“Amigos eu ganhei e
saudades eu senti partindo...” Por Tatiane Mariano de Souza*
S
abe aquela sensação gostosa que temos quando passamos em frente a algum lugar que nos traz boas lembranças? Os olhos brilham, um sorriso aparece no rosto e o coração aperta de saudades... É assim que eu me sinto sempre que passo em frente ao Colégio Marista de Goiânia, onde vivi sete anos da minha juventude cursando o Ensino Fundamental, de 1994 a 2002. Impossível não lembrar e não sentir saudades dos amigos que ali fiz, das histórias, do jeito Marista de ser, e claro, do conhecimento que me ajudou a ser uma profissional. Como esquecer as lendas sobre a “Samanta”? Uma menina-fantasma que morava no banheiro feminino do Gemar. Ou as competições de coleta de papel reciclável, os dias passados na chácara do Colégio, as excursões para a Cidade de Goiás e Pirenópolis? Dentre tantos profissionais maravilhosos, como Zezão, Maria Cristina, Coxinha, Glauber, Zé Maria, lembro-
-me com carinho das aulas de dança da professora Daniela, que, com seu jeito doce e carinhoso, sabia como nos chamar a atenção sem que deixássemos de amar a aula de dança. Tínhamos uma relação tão afetuosa a ponto de nos tornarmos damas de honra no seu casamento. E o tempo não apagou a lembrança de sua mão trêmula e carinhosa sobre minha cabeça enquanto passava por mim na igreja. A semana mais esperada do ano era a dos jogos internos. Muita música, pandeiros e chocalhos feitos de latinhas de refrigerante, com britas ou feijões para fazer bastante barulho. Vários rostos pintados, cabelos coloridos de papel crepom e gritos na ponta da língua... ou seriam da garganta? Entretanto, a melhor de todas as recordações foi o convite para participar de uma coreografia que abriria os jogos internos do Colégio. Eu ainda estudava à tarde e participava do JIMI-
RIM, dedicado aos alunos de 1ª a 4ª série, e fui a única convidada a apresentar com as alunas mais velhas da escolinha de dança, gerando, confesso, um burburinho, para não dizer um certo ciuminho. Ao fim da abertura, estava eu segurando meu boné, com pose de mandona, um apito pendurado no pescoço e garotas com pompons coloridos atrás de mim. Dali em diante, fui reconhecida por pais e alunos durante todo o ano. Achei o máximo! Sem que eu percebesse, sete anos se passaram e um aroma de despedida preencheu os corredores do Marista. A cada aula que terminava, os professores davam seu adeus. Minutos que não voltariam mais. Quando o sinal ecoou anunciando o fim do nosso último recreio, o que não faltou foram lágrimas. E naquele instante eu tive a certeza de que levaria saudades eternas daquele lugar, porque é isso que o Colégio Marista deixa: amizades e recordações para toda vida.
*Designer de Moda pela UFG Pós-graduada em Fashion Design pelo IED (Instituto Europeo Di Design) Sócia proprietária da Encomenda Especial Professora do Curso de Extensão em Fotografia e Produção de Moda na PUC-GO
Acesse: www.grupolumen.com.br
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Essência
Toda geração de jovens encontra seu modo de
mudar o mundo Por Ir. Adriano Brollo
N
os últimos anos temos visto uma variedade de estudos e pesquisas sobre o fenômeno juvenil. Muitas dessas pesquisas objetivam apenas avaliar padrões de comportamento e consumo. Outras são extraordinariamente inusitadas e esclarecedoras, como os estudos geracionais comparativos, os estudos sobre protagonismo juvenil, as experiências de voluntariado juvenil, os mapas da violência, as escutas abertas sobre as expectativas e sonhos dos adolescentes e jovens da geração atual. O Grupo Marista − cujo carisma é o trabalho e a presença evangelizadora entre crianças e jovens − não poderia perder esse bonde da história. Sendo assim, em 2010 decidimos efetuar uma ampla pesquisa denominada Aspectos Culturais e Crenças da Juventude Marista, abrangendo jovens com mais de 13 anos, representativos de todos os colégios e centros sociais Maristas do Brasil. No total, foram 11.509 respondentes que opinaram sobre afetividade, relacionamentos, família, educação, visão de sociedade, consumo, mídias, religião, valores pessoais e outros assuntos importantes. O resultado foi compilado no vídeo Dossiê da Juventude Marista, já disponibilizado no YouTube (em cinco blocos, iniciados a partir de (www.youtube.com/watch?v=v9fphYI5H9M). O material vem servindo como um recurso importante para revermos concepções enraizadas e nos reposicionarmos em alguns processos pedagógicos, sociais e de evangelização – sem dizer dos inúmeros insights e provocações oriundas dessa experiência. Pois bem, fechado esse parêntesis, merece um
destaque elogioso a pesquisa realizada pela agência BOX 1824: O Sonho Brasileiro Manifesto (osonhobrasileiro.com.br). Quem ainda não viu nem participou, está perdendo a chance de conhecer um novo Brasil e uma nova geração de jovens protagonistas. Num mundo em constantes mudanças, nossos jovens passam a questionar e ressignificar muitos modelos até então estabelecidos. Os jovens atuais avaliam que os sonhos de seus pais foram grandes e ideológicos demais, que por isso acabaram nunca acontecendo e geraram frustração. Sendo assim, preferem sonhar com os pés no chão, operando microrrevoluções a partir daquilo que é possível ser realizado. Noventa e dois por cento dos jovens brasileiros concordam que a soma das pequenas ações do dia a dia pode melhorar a sociedade. Quem está agindo pelo sonho coletivo? São jovens anônimos, porém influentes, que a pesquisa da Box convencionou chamar de “jovens-ponte”. É possível reconhecê-los atuando em vários espaços com características bem interessantes: é o jovem com bom relacionamento interpessoal, que, ao invés de fechar-se num grupo de identidade homogênea, prefere transitar por muitos grupos. O jovem-ponte funciona como um catalisador de ideias, gerando um novo tipo de influência, que se dá pela transversalidade e pelo contágio das pessoas por causas altruístas. A participação cidadã ganha novos significados a partir do jovem-ponte, pois na medida em que esse conecta e promove a troca com otimismo pragmático, esses jovens
promovem a construção do novo Brasil e, por que não, de um novo mundo. Esse jovem-ponte é simultaneamente local e global, conectado a novas maneiras de pensar, agir e se localizar no mundo. Mais do que um meio de entretenimento, os jovens usam a internet para mobilizar as pessoas e fazer política. As manifestações no mundo árabe iniciadas na Tunísia em 2010, também conhecidas como “Primavera Árabe”, são prova irrefutável disso. Os protestos que se espalharam pelo Oriente Médio têm compartilhado técnicas de resistência civil, envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, mas, sobretudo, a articulação com o uso das mídias sociais, como Facebook, Twitter e YouTube. A internet tem sido utilizada para organizar, comunicar e sensibilizar as pessoas. A maioria dos manifestantes é jovem – o que fez com que os protestos no Egito recebessem também o nome de “Revolução da Juventude”. Com telefones celulares e computadores, os jovens protagonistas da Primavera Árabe mudaram a maneira como a história falará das mobilizações populares e da mobilização juvenil. É fato que as macrorrevoluções nascem da soma dessas microrrevoluções cotidianas. Num mundo tão plural como o nosso, somos desafiados a derrubar “muros de preconceito” para construir “pontes de diálogo”. E se, em nosso trabalho, em nossa Igreja, no dia a dia, agíssemos como os jovens-ponte? Essas são algumas, dentre tantas outras coisas boas, que podemos aprender com as juventudes que nos cercam em toda a sua diversidade.
Juventudes:
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Por Ir. Manuir José Mentges
A
o vivermos uma mudança de época, com influências das mídias e da interatividade, resultados do avanço científico e tecnológico, encontramo-nos num mundo caracterizado pela multiculturalidade e por diferentes formas de compartilhar este mundo. Nesse universo de possibilidades, as Juventudes, organizadas por grupos, redes ou tribos, encontram-se marcadas pelo dinamismo, pelo acesso variado às informações, pela comunicação e pela exposição de si com inúmeras possibilidades de (re)inventar-se. Consequentemente, as mudanças nas relações interpessoais compuseram uma realidade que vai além das tradicionais fronteiras de espaço/tempo. As manifestações públicas, paralisações, greves dão espaço e lugar a manifestações livres nas redes sociais, com posicionamentos que, em pouco tempo, atraem adeptos, consolidam pontos de vista e interesses comuns.
Para tanto, os diálogos, as imagens, os recados, os depoimentos, as interações entre os sujeitos, as comunidades e as metrópoles são aspectos que manifestam múltiplos posicionamentos, seguidos, na maioria das vezes, pela adesão por reconhecimento, identificação com as mais diferentes causas nas quais as Juventudes se sintam engajadas. Na interação com os outros, constroem-se saberes que dão sentido às múltiplas expressões do sentimento coletivo. Tendemos para um mundo em rede. Por mais que pertençamos a grupos diferentes na sociedade, compartilhamos algo em comum com ela, sendo essa a forma, o modo, a maneira como interagimos com o outro.
Uma nova Ir. Manuir Mentges
geração J
Ir. Adriano Brollo
ovens reinventados, engajados com causas que nem faziam sentido algumas décadas atrás. A juventude atual ressignifica a própria realidade e os sonhos de gerações passadas. Para se aprender com as gerações Y e Z, é preciso parar e refletir sobre o que eles pensam e como têm se expressado. Os Irmãos Manuir Mentges, diretor do Instituto Marista Graças, e Adriano Brollo, diretor do Setor de Pastoral do Grupo Marista, compartilharam aqui suas reflexões sobre a temática.
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Como fazer
Pequenos gestos,
grandes mudanças Como os pais podem incentivar os pequenos a desenvolver o voluntariado, e como essa ação pode contribuir para o desenvolvimento da criança
E
stimular as crianças para que sejam voluntárias, mostrando a importância disso para elas e para quem recebe a ação, não é uma missão fácil. É importante que, entre os afazeres do dia a dia, os pais incentivem os pequenos, de algum modo, a praticarem alguma ação social, desenvolvendo nos filhos essa capacidade, para que eles, futuramente, tornem-se cidadãos ativos. Mas nem tudo é um mar de rosas, e as crianças preferem cuidar dos seus games e redes sociais, a desenvolver alguma atividade para benefício de um terceiro. E que desafio: como ensinar uma criança quanto à importância da sua participação em atividades voluntárias e fazê-la entender que toda a carga de conhecimento e estudos que ela adquire na escola é aplicável, muitas vezes, às comunidades, e que esse envolvimento contribui para o seu desenvolvimento e formação humana?
A missão é árdua para os pais: mostrar para os pequeninos que a vivência de gestos concretos e a prática da solidariedade é o termômetro para a boa vivência cidadã. É o trabalho voluntário que vai possibilitar esse contato com a realidade, e ele tem muito a ver com os valores. A psicopedagoga e professora de Pedagogia da PUCPR Evelise Portilho aponta que é em casa que tudo começa: “exemplos que a família pode e deve dar, vivenciando no seu dia a dia o voluntariado, por que, como valor, não é do dia para noite que a criança vai perceber essa prática em casa. Com essa prática, ao longo do tempo ela vai efetivamente valorizar isso”.
Qual a importância do incentivo familiar? A própria ação em si é a razão de ser do propósito. Logo isso não pode ser algo mecânico, e nem isso pode
ser feito por moda, muito menos a criança deve fazê-lo por obrigação ou para ganhar status de boa gente. “Essa é uma ação para as pessoas que querem viver numa sociedade mais justa, mais ética, mais sustentável, é preciso trabalhar com isso”, aponta o antropólogo, educador popular, idealizador e presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, Tião Rocha, ao expor que a criança deve estar ciente de que não receberá nenhum prêmio pelo ato, mas sim de que proporcionará o benefício a alguém. Portanto, os pais têm que ser também parte importante na vida do próprio filho, que se integra nesse processo de missão, pois o que se vive na escola não é toda a realidade. “Os pais, juntamente com as crianças, devem ter a humildade de reconhecer que a própria escola não é todo mundo, mas todo mundo pode aproveitar aquilo que se aprende na escola”, como explica o responsável
pelo Secretariado de Colaboração Missionária Internacional (CMI), Ir. Chris Wills. Além dos benefícios éticos e morais que a criança desenvolve, há um benefício no seu desenvolvimento pessoal, uma formação integral. A criança passa a desenvolver a aquisição de um conhecimento quando ela começa a problematizar a realidade, relacionando os conteúdos que a escola passa, ou seja, ela passa a ser alguém que já interfere, de algum modo, mesmo que em pequenos gestos, na sociedade. Além da relação emocional, pois a proximidade de realidades que não necessariamente comunguem com as mesmas questões que ela vive provoca a reflexão.
“É muito importante ela ir se dando conta, desde muito cedo, de que ela vive em uma realidade diferente de muitas outras”, explica a psicopedagoga Evelise, ao indicar que essa aprendizagem envolve a questão sociocultural. Desse modo, existe um favorecimento para que os pequenos tenham esse desenvolvimento e percebam a sociedade do jeito que ela é, e não do modo que um livro aponta ou como as experiências que a família lhe proporcionam. “São práticas que ajudam sem sombra de dúvidas, mas sempre tendo um ambiente que potencialize isso, que evidencie e que faça intervenções em relação a isso”, completa Evelise.
A criança passa a desenvolver a aquisição de um conhecimento quando ela começa a problematizar a realidade.
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Como fazer Missão: Como incentivar? É claro que o incentivo é importante, que o desenvolvimento de ações voluntárias vai ajudar a criança a construir um senso crítico, e ela será um cidadão mais comprometido. Mas como fazer isso? Segundo Tião, “ela tem, como criança, no seu ritmo, na sua idade, um monte de possibilidades de ações umas com as outras, de brincar, de construir, sempre em grupo”. Para os educadores, uma atividade possível que as crianças podem realizar é um bazar no próprio condomínio, vendendo objetos para ajudar outras pessoas. Outros simples gestos são fundamentais. As crianças pequenas podem começar a aprender e saber fazer coisas do voluntariado, por exemplo, em contato com os estudantes maiores, com os adultos que já tiveram essa experiência. “Ao haver essa transmissão, nasce na criança a vontade justamente de fazer qualquer coisa”, completa o Ir. Chris Wills. A imagem dos pais é extremamente importante nessa fase. Como a criança não tem autonomia para ir e vir, ela vai ter que estar junto de alguém, e é alguém que já tenha isso como uma prática e que acredita nisso. “A criança não tem condições de, por ela mesma, tomar posição e sair a fazer coisas, mas ela tem que ter o adulto que a leve. Desde pequenininha ela vendo um pai e uma mãe atendendo bem essas pessoas que estão ao seu redor, isso já faz parte das primeiras noções da prática social”, pontua Evelise, ao revelar que a melhor receita está dentro de casa. Por fim, o melhor exemplo ao incentivo é mais simples do que parecem: “o que os pais podem dar para os filhos é serem uma referência”, conta Tião. Afinal, os filhos olham
ão tem "A criança n por ela condições de, ição s o p r a m o t , mesma isas, o c r e z a f a e sair ter o e u q m e t la mas e Desde . e v le a e u q adulto ndo um e v la e a h n i n pequeni tendendo a e ã m a m u pai e s que a o s s e p s a s s bem e redor, estão ao seu das e t r a p z a f isso já ões da ç o n s a r i e m i r p al." prática soci
para os pais como um espelho e eles refletem atitudes dos pais. Se os pais têm uma atitude de solidariedade, de desenvolver ações voluntárias, se tiverem compromisso social, os filhos vão observar, acompanhar e vão aprender. Vão assimilar primeiro pela observação, pela imitação, pelo reconhecimento e pelo exemplo. Isso incorpora como valor; o que é valor para o pai vai passar a ser valor para o filho.
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Ser voluntário é A correria e as preocupações do dia a dia por vezes impedem muitas pessoas de serem voluntárias, e isso não significa apenas plantar árvores, coletar lixo ou contar histórias. Atualmente, existem várias formas de desenvolvimento das mais diferentes atividades para ajudar o próximo.
fácil Voluntário Online Essa opção permite que aqueles que não têm tempo de sair de casa para praticar uma boa ação coloquem em prática seus conhecimentos, em qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer local. Isso facilita a participação, como voluntário, em diferentes organizações, de qualquer Estado. Onde: voluntariosonline.org.br
Logo ao lado Que tal ir até o orfanato mais próximo, ou ao asilo, ou a qualquer outro lugar que necessite de ajuda, e saber de que forma você pode ajudá-los? Se você possui habilidades de trabalho online, a construção de sites de divulgação e campanhas é uma boa pedida. Mas, se você gosta de ler, quem sabe pode ajudar a construir uma minibiblioteca. Ou, então, se faz algum trabalho artesanal, que tal dedicar parte de seu tempo, em casa mesmo, para a confecção de produtos que possam ser vendidos, revertendo o lucro em benefício da instituição? Fica a dica.
Livros e Jogos Você pode ajudar as organizações pesquisando e propondo livros para leitura, auxiliando na implementação de oficinas, jogos e dinâmicas, que podem contribuir para a formação de crianças e/ou adolescentes. São vários temas de estímulo, como educação ambiental, cidadania e respeito.
Doe uma árvore Ajude o mundo Já pensou em ajudar o mundo com um clique? Você pode apoiar a causa do Greenpeace como ciberativista. Essa participação online é uma forma de mobilizar empresas e governantes a protegerem o planeta. Onde: greenpeace.org
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Vidágua possuem o clikarvore, site por meio do qual qualquer pessoa pode doar árvores para recuperar a Mata Atlântica. O programa só funciona se as pessoas plantarem as árvores com seus clicks, e o internauta pode fazer uma nova doação a cada 24 horas. Onde: clickarvore.com.br
Prateleira livro
O GUARANI José de Alencar, Editora Ática, 2011 Os clássicos da literatura brasileira agora podem ser encontrados no formato de histórias em quadrinhos. A linguagem é adequada aos estudantes, e as ilustrações são bem divertidas. Pela arte dos quadrinhos, os livros dessa série levam o leitor a se envolver com os grandes clássicos brasileiros. Quem indica: R oberta Dannemann, bibliotecária do Colégio Marista João
Paulo II, Distrito Federal
MÚSICA
Capital Inicial Ao Vivo Multishow Capital Inicial, SONY BMG, 2008 Mesmo com anos de estrada, a banda Capital Inicial conquista novos fãs a todo momento. Isso acontece por conta das músicas empolgantes e do carisma de seus integrantes, principalmente do vocalista Dinho Ouro Preto. Esse álbum se destaca por reunir as melhores músicas da carreira do grupo, incluindo "Não olhe pra trás" e "Natasha". Vale a pena conferir! Quem indica: Sandra Inês Limberger, auxiliar de biblioteca do Colégio
Marista São Luís, de Santa Cruz do Sul
VÍDEO
Cyberbully Charles Binamé, 2011 Recomendo o filme Cyberbully para ser assistido com toda a família, pois ele mostra que o cyberbullying está presente em nosso cotidiano mais do que podemos imaginar. Esse longa-metragem, se trabalhado nas séries finais do Ensino Fundamental, pode alertar sobre como as ferramentas da internet e de outras tecnologias de comunicação e informação podem ser utilizadas com o propósito de maltratar, humilhar, ofender, constranger, intimidar e até excluir pessoas inocentes. Quem indica: I donês Rossin Lucatelli, professora de Língua Portuguesa e
Literatura do Colégio Marista Aparecida, de Bento Gonçalves
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Solidariedade
Você brinca com seu filho? Por Viviane Aparecida da Silva
ido? ança que cresce tão ráp po todo, com a cri tem o am ista inc br um ns as co rianç Em uma sociedade No . ce an alc u se a er gatar a com o que estiv a nossa, é preciso res mo co rio óp pr o é do ar espontâneo início da vida, o brinque importância do brinc m co em ert div se s o estrucorpo; depois, ela ância, com materiais nã inf na m co s, ido tec o esconde-esconde de os pelo adulto. tas, jogando turad ve ga de ade humana o abrir e fechar O brincar é uma ativid uras que sso va m co , ão ch incar, a criança tudo no imprescindível. Ao br em es qu tu ba m co a e psicoviram cavalos ou uma elaboração cognitiv faz ru ba is ma s da de representar panelas, que ganham lógica profunda, além k. roc de as nd ba de vive, danlhentas baterias uações sociais em que sit as até e do lin o do. Ao brincar, No início, achamos tud do a elas novo significa aup oc as m co s, ma uz a cultura brincamos junto, criança também prod a ar nc bri de po ções do dia a dia, o tem indo significados e a- infantil, constru tic fis so a e , sso ca es cia no munjunto vai ficando erpretando sua existên int ramp co o nic a criatividade ção do brinquedo eletrô do. O brincar facilita um os jet ob s do ar lug o sem obstádo vai ocupando pode se desenvolver e qu da ão siç po dis estado de espírito criativos que estão à - culos, por causa do ue nq bri O ar. lug r ue ser por isso criança, em qualq m que se brinca. Deve co até o, um ns co do torna-se o objeto de direito da criança, da que brincar é um ain ja se nto me ça lan da ONU sobre que o próximo rantido na Convenção ga da an ag op pr a (1989). mais atrativo, com um os Direitos da Criança te. Marista de mais convincen Desenvolvido pela Rede , eo tân tan ins Nesse jogo do desejo m parceiros como a do Solidariedade, co to, jun ar nc bri do ar Infância, o onde fica o lug de Nacional Primeira Re e qu s no pa de construir uma cabana é um programa que is, Direito ao Brincar po de ra, pa , rco ba a vir ecer o tema daqui a pouco sca disseminar e fortal bu o a fic de On ? virar uma ilha deserta ização da sociedade is por meio da mobil ma s õe raç ge as ar sin espaço para en r público. adeiras de e do pode inc br m co ar inc br a novas po de conviver nossa infância? E o tem
C
Conheça as 10 iniciativas
pelo
Direito ao Brincar. Acesse solmarista.org.br/b
rincar
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Solidariedade
Reflexões e práticas para a
produção de sentidos
Obra traz a imagem de criança ativa, competente, capaz de participar ativamente na construção de sua vida e na produção de cultura Por Cíntia Gomes
R
esultado do Programa de Formação Contínua e das ações desenvolvidas na Rede Marista de Solidariedade, o livro Educação Infantil: Reflexões e práticas para a produção de sentidos apresenta experiências e estudos de educadores relacionados às suas iniciativas diárias na Educação Infantil Marista, tendo como ponto de referência aspectos fundamentais da atualidade. Publicada pela Editora Universitária Champagnat e lançada no dia 11 de agosto, na 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a obra reúne material elaborado por 32 educadores e visa dialogar com outros atores da sociedade sobre o papel da educação na defesa e na promoção dos direitos da criança. “É o resultado do que pensamos como proposta de Educação Infantil,
não só para a Rede Marista, mas também para a escola pública. Defendemos que toda criança tem o direito de estudar em uma boa instituição de ensino, com professores que primam pela excelência e com uma proposta pedagógica que atenda às necessidades de hoje e de amanhã”, enfatiza Viviane Aparecida da Silva, uma das organizadoras do título e assessora da Rede Marista de Solidariedade. Composta de relatos de práticas desenvolvidas nas Unidades Sociais e nos Colégios Maristas, a publicação provoca a reflexão do leitor ao abordar temas como formação de professores, participação infantil, inclusão, transição para o Ensino Fundamental, entre outros. Além de contar com ilustrações e frases das crianças, há também o prefácio escrito por Vital Didonet, profes-
sor e especialista em Educação Infantil. Segundo ele, “Crianças são livres. Dançam a liberdade de seus corpos e a leveza de suas mentes, em busca de sentidos para o mundo que as cerca. Crianças têm ritmos – não um, mas tão vários quanto é o número delas. Cada uma é única, não repetível, original. Por isso, crianças são diversas” (p. 11). A pedagoga e educadora social infantil do Centro Social Marista Itaquera, Cristiane de Novais, foi uma das colaboradoras do livro. Ela conta a trajetória de Gabriel, uma criança com encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) que ensinou a todos sobre solidariedade, espera e compreensão da diversidade. “A obra é importante, pois ajuda a capturar um universo único e nos traz o desafio de nos aprimorar”, afirma Cristiane.
Interessados na obra podem adquiri-la pelo e-mail vendaslivraria@pucpr.br
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Diversão
Diversão em
família É hora de soltar a criatividade Por Paulo Zaniol
O
que era bom, vai ficar ainda melhor. Se passar o fim de semana em família é motivo de diversão, agora a festa está completa. O professor Paulo d’Assumpção Zaniol, do curso de Design da PUCPR, preparou um passo a passo de três instrumentos para serem confeccionados por toda a família. A criatividade é a peça-chave para a produção. Inclusive, o professor deixa claro que o material e a quantidade usada para preencher os potes são fatores que diferenciam o som de cada um deles. A diversão será em dose dupla – a preparação e a brincadeira.
ho Chocal
De que precisa: • 1 garrafa pet • 5 tampinhas plásticas • Fita crepe para acabamento • Fitas adesivas coloridas • Tesoura
Como faz: • Corte o fundo e a parte superior da garrafa pet • Coloque as tampas plásticas • Encaixe a parte debaixo dentro da parte de cima • Coloque fita colorida na junção dos potes
Sopro
D´água
De que precisa: • Cano conduíte de 26 cm para instalação elétrica ou mangueira • Lixa para usar no corte onde vai colocar a boca • Tesoura
Como faz:
• 1 bexiga • Fita adesiva colorida
• Tirar as rebarbas das pontas cortadas e lixar bem a borda para não machucar a
• Grão (arroz, sagu, feijão)
boca
De que precisa:
• Torcer o arame enrolando até formar uma
• 6 copinhos de iogurte
bola de arame com vãos, colocar 6 bolinhas
• 1 copo de grão (sagu, arroz, feijão)
uma para cada pote
• Tesoura • Alicate
• Colocar os potes fechados nas pontas, para
• Arame
evitar que os grãos caiam para fora. Colocar
• Fita adesiva
fita crepe na borda
• Fita crepe • Colocar as bolinhas de arame em cada
Chuva e d u Pa
Como faz:
pote, ocupando o espaço vazio entre eles; eles não podem ficar soltos
• Cortar o fundo de 4 copos e um arame de 60 cm
• Montar 3 pares
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Inspiração
É possível ser
solidário no colégio? Aluno Marista mostra que, para ajudar quem precisa, basta fazer uso de suas próprias habilidades
N
inguém melhor para ensinar algo senão aquele bom e velho amigo da escola. Ele conhece e entende as dúvidas em particular e pode usar de exemplos próprios para ajudar o colega com dificuldade. Essa facilidade em entender as matérias quando explicadas por quem está no mesmo nível hierárquico se deve à comunicação horizontal, na qual é empregada uma mesma linguagem e existe troca mútua de conhecimento. Ainda quando pequeno, Leonir João Lavratti Marcon, 14 anos, aluno do 9º ano do Colégio Marista Frei Rogério, de Santa Catarina, percebeu que era importante ajudar aos outros. Diante do incentivo dos pais, e como tinha facilidade em aprender, Leonir passou a ajudar os colegas, ensinando a eles os assuntos em que apresentavam dificuldades de aprendizado. Para o sempre solícito aluno, a caridade e a amizade que desenvolve são virtudes básicas do bom convívio. “Percebi que queria ser diferente dos outros; algumas pessoas apenas falam que é preciso ser solidário e não fazem nada, mas, para mim, é preciso ação”, afirma. Para a assistente psico-
pedagógica do Colégio, Ivete Rosso, Leonir “tem um grau de solidariedade que é fabuloso”, pois, quando alguém solicita sua ajuda, ele dificilmente nega. “Ser solidário não é necessariamente dar dinheiro, mas, sim, ajudar como se pode”, conta o aluno, ao afirmar que ajudar outros estudantes o faz se sentir melhor, pois “o conhecimento foi feito para todo mundo”, completa. Sua busca é pelo aprendizado efetivo. Para o jovem solidário, “se a pessoa não absorver o conhecimento, é importante que depois absorva, pois o que se aprende na escola se leva a vida toda”. O aluno dedicado, que realiza monitoria em Matemática e Inglês, “tem paixão por ajudar os colegas”, afirma Ivete, e “se relaciona bem com os colegas”, completa ela. Para ele, o prazer em ajudar, e ver que aqueles que ajuda realmente aprenderam, é uma realização, além de um aprendizado mútuo. “Para mim, é um bônus duplo: ajudo os outros e aprendo junto, acabo estudando e aprendendo ainda mais”, explica o estudante sempre pronto a ajudar.
"Percebi que queria ser diferente dos outros; algumas pessoas apenas falam que é preciso ser solidário e não fazem nada, mas, para mim, é preciso ação." Leonir João Lavratti Marcon