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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ COLABORADORES “Entrevista em ĂŞnfaseâ€? - Daniel B. Wallace Daniel Wallace (nascido em 1952) ĂŠ um professor de estudos do Novo Testamento no SeminĂĄrio TeolĂłgico de Dallas. Ele tambĂŠm ĂŠ o fundador e diretor executivo do Centro para o Estudo dos manuscritos do Novo Testamento, cuja finalidade ĂŠ a digitalização de todos os manuscritos gregos conhecidos do Novo Testamento atravĂŠs de fotografias digitais. Orientou a equipe de tradução da Nova Tradução Inglesa da BĂblia (2005).
“MĂşsica em ĂŞnfaseâ€? - Jaime Fernandes da Costa Junior Licenciatura em RegĂŞncia pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA (2009). Bel. em Teologia pelo SeminĂĄrio Batista Regular do Sul (2013); Pastor de MĂşsica da Igreja Batista Manancial em Fortaleza - CE (2014). Contato: jaime@manancial.org.br
“Exegese em ĂŞnfaseâ€? - Marcos Paulo da Silva Soares Graduado em Letras-PortuguĂŞs pela Universidade Federal do CearĂĄ e Bacharel em Teologia pelo SeminĂĄrio Batista do Cariri - Crato-Ce. Cursa Especialização em Teologia BĂlica pela Faculdade Batista do Cariri - Crato-CE e ĂŠ Professor de Grego no SeminĂĄrio Batista do Cariri - Crato-CE. Pastor auxiliar na Igreja Batista da FĂŠ, em Fortaleza-CE. É casado com Francinete Soares e pai de Keila e KalĂŠo
“Arqueologia em ĂŞnfaseâ€? - Rand Cook Teologia (Iowa, EUA), mestrados em Missiologia (Indiana, EUA) e Velho Testamento (Michigan, EUA), doutorando em pregação expositiva no Master´s Seminary. PĂłs-graduado em Hebraico e Arqueologia (JerusalĂŠm, Israel). Autor do livro JerusalĂŠm nos dias de Jesus (Ediçþes Vida Nova) e membro do comitĂŞ de tradução da BĂblia NVI para o portuguĂŞs. Trabalhou como missionĂĄrio no Brasil pela ABWE. Casado com Phyllis, com quem tem 3 filhos.
“HistĂłria em ĂŞnfaseâ€? – Pr. Charles Bronson A. do Nascimento Licenciatura em HistĂłria pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). PĂłsgraduando em ApologĂŠtica CristĂŁ pelo SIBIMA/CE. Mestrando em Teologia pelo Logos(SP)/SIBB (RN). Igreja Batista Regular Central de MossorĂł, RN.
“MissĂľes em ĂŞnfaseâ€? - Jeraldo Neuman. Bel. em LĂnguas BĂblicas e Teologia da Western Baptist Bible College; Mestrados: Ministerial e TeolĂłgico em Estudos VeterotestamentĂĄrios/ EUA. MissionĂĄrio da ABWE desde 1980. Professor de missĂľes, Velho Testamento no SIBIMA. Diretor administrativo da missĂŁo MinistĂŠrios Multiculturais Maranata desde 2008. Contato: brazilprof@hotmail.com
“Livro em ĂŞnfaseâ€? – Diego Ramos. Mestre em Divindade pelo The Master's Seminary (Sun V alley , CA/EUA). Treinamento em ApologĂŠtica Criacionista pelo Answers in Genesis (Petersburg, KY/EUA). Licenciado em FĂsica pela Universidade Federal do CearĂĄ (UFC). Igreja Batista BĂblia do Planalto, Fortaleza/CE. Contato: dramos.tms@me.com
“Sociedade e igreja em ĂŞnfaseâ€? – Pr. Addson AraĂşjo Costa. Bel. Teologia pelo SeminĂĄrio e Instituto BĂblico Batista Bereiano (SIBB). Mestrado em estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). CapelĂŁo militar do ExĂŠrcito Brasileiro. Membro da Igreja Batista Regular do Pajuçara, Nata/RN.
“Devocional em ĂŠnfaseâ€? – Dennis Salgado Mestrando em Divindade no SeminĂĄrio TeolĂłgico Shepherds, EUA, estĂĄ servindo no ministĂŠrio Sabedoria para o Coração, traduzindo e pregando as mensagens do pastor Stephen Davey, as quais sĂŁo transmitidas no Brasil pela rĂĄdio BBN.
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ EDITORIAL Nosso mundo pĂłs-moderno, com sua filosofia de vida, semeia uma cultura que endeusa o homem e adora o relativismo, doutrinando geraçþes numa ĂŠtica que tem ojeriza a ideia de uma verdade absoluta, principalmente de origem bĂblica. Contudo, o aprendizado antigo de SalomĂŁo para mais um ano novo, ĂŠ que, de “tudo o que se tem ouvido, a suma ĂŠ: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto ĂŠ o dever de todo homem. Porque Deus hĂĄ de trazer a juĂzo todas as obras, atĂŠ as que estĂŁo escondidas, quer sejam boas, quer sejam mĂĄsâ€? (12:13,14). A sabedoria bĂblica nos chama a cultivar a consciĂŞncia da presença de Deus, em meio Ă inquietude humana. Quanto mais ĂĄrida se torna a experiĂŞncia de viver, mais ainda nosso Ăntimo anseia deleitar-se num manancial. A revista â€œĂŠnfase CristĂŁâ€? com a bondosa mĂŁo de Deus chega Ă segunda edição, oferecendo diretrizes bĂblicas para alicerçar nossa vida na vontade de Deus enfatizando vĂĄrios assuntos do nosso dia a dia sob o prisma cristĂŁo. Nessa segunda edição temos reforço na lista de colaboradores, adicionando a revista trĂŞs novas temĂĄticas. Para “exegese em ĂŞnfaseâ€? o leitor contarĂĄ com os textos do Pr Marcos Paulo, professor de Grego no SeminĂĄrio Batista do Cariri (Crato,CE). Em “devocional em ĂŞnfaseâ€? temos a participação do irmĂŁo Denis Salgado, mestrando em Divindade no SeminĂĄrio TeolĂłgico Shepherds, EUA, estĂĄ servindo no ministĂŠrio Sabedoria para o Coração, traduzindo e pregando as mensagens do pastor Stephen Davey, as quais sĂŁo transmitidas no Brasil pela rĂĄdio BBN. JĂĄ o pastor e professor Randall Cook, autor do livro JerusalĂŠm nos dias de Jesus, com a experiĂŞncia ministerial em Israel, evangelizando judeus e atuando em vĂĄrias escavaçþes arqueolĂłgicas, passa a assinar a coluna “arqueologia em ĂŞnfaseâ€?. O ano de 2015 foi marcado por circunstâncias que fez muita gente pensar que esse mundo ainda tem muito a melhorar para poder dar certo, alguns atĂŠ perderam as esperanças que restavam. Fomos bombardeados diariamente com notĂcias inquietantes, e passou a ser familiar o vocabulĂĄrio da crise (terrorismo, impeachment, corrupção, desabrigados, pedaladas fiscais, refugiados...). Em tempos de incertezas, o pĂŞndulo que move nossa expectativa, oscila bastante, ora para um sentimento de desesperança absoluta, ora para um anseio de estabilidade concreta. Jesus Cristo oferece a solução para a crise mais dramĂĄtica, a da nossa “corrupçãoâ€? espiritual, dando-nos recursos que saciam a sede da nossa alma, com uma fonte a jorrar para a vida eterna, para nĂŁo vivermos em “volume mortoâ€?, e sim, desfrutando da vida em abundância, suportando os estragos causados pelo “lamaçalâ€? da avalanche de problemas que certamente virĂŁo, porĂŠm, “refugiadosâ€? na graça abundantemente generosa daquEle perdoa nossa imensa “dĂvidaâ€? do pecado e tem em Seu “plano de governoâ€?, uma habitação futura que certamente nĂŁo experimentarĂĄ as inquietudes deste lado da vida.
Boa leitura. 2ÂŞ ĂŠnfase cristĂŁ para a GlĂłria de Deus! Pr. Charles Bronson
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ MĂšSICA EM ĂŠNFASE
Por que cantar ao Senhor? (Parte 1) Por Jaime F. da Costa Junior
O
canto acompanha o ser humano em todas as ĂĄreas da vida. Surpreendentemente, existe atĂŠ um ditado popular que diz: “Quem canta seus males espantaâ€?. É curioso, pois serĂĄ que realmente o ato de cantar traz alĂvio dos males? Na minha experiĂŞncia como mĂşsico e regente de hinos em igrejas, jĂĄ vi muitos crentes que nĂŁo cantam, ou nĂŁo gostam de cantar nos cultos. E as justificativas sĂŁo variadas: nĂŁo sei cantar, nĂŁo tenho uma boa voz, sou tĂmido, acho-me sem jeito cantando, nĂŁo conheço os hinos e cânticos, nĂŁo gosto desses hinos, se fossem as mĂşsicas de que eu gosto, eu cantaria. TambĂŠm hĂĄ aqueles que nĂŁo cantam porque estĂŁo dormindo, ou distraĂdos em seus pensamentos. Mas, talvez, haja atĂŠ alguĂŠm que nĂŁo se sente obrigado a cantar nos cultos. EntĂŁo, pergunta: Por que cantar?
algumas atitudes que devemos tomar para cumprirmos esse mandamento, isto ĂŠ, devemos nos encher do EspĂrito, cantando salmos, hinos e cânticos espirituais de coração. Paulo foi muito enfĂĄtico neste ponto, quando disse: “falando entre vĂłs em salmos, e hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhorâ€?... Assim, como podemos falar em salmos, hinos e cânticos? Cantando, ĂŠ claro! E note que Paulo ainda usa duas palavras praticamente sinĂ´nimas, colocando ĂŞnfase: cantando e salmodiando (ou, entoando e louvando, na versĂŁo atualizada). Sabemos que a repetição causa ou revela ĂŞnfase, destaca algo. E quando uma ordem ĂŠ repetida significa que ĂŠ muito importante e urgente para quem a deu. Normalmente, o tom da voz, em cada repetição, aumenta. E quando a ordem vem de Deus? Devemos cumpri-la.
Quero esclarecer que cantar louvores ĂŠ um dever de todo crente, porque isto ĂŠ um mandamento da Palavra de Deus. Vejamos alguns textos do Antigo Testamento, principalmente dos Salmos:
VocĂŞ jĂĄ parou para pensar porque a BĂblia repete tantas vezes a ordem para que o povo de Deus cante em louvor a Ele? Sim, sabemos que devemos louvĂĄ-LO, mas por que com mĂşsica cantada? NĂŁo ĂŠ por acaso que o maior livro da BĂblia ĂŠ o livro dos Salmos, o hinĂĄrio do povo de Israel. Os salmos eram para ser cantados.
 1 Crônicas 16:9 Cantai-lhe , cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas.  Salmos 47:6 Salmodiai a Deus, cantai louvores; salmodiai ao nosso Rei, cantai louvores.  Salmos 68:4 Cantai a Deus, salmodiai o seu nome; exaltai o que cavalga sobre as nuvens. SENHOR Ê o seu nome, exultai diante dele.  Salmos 68:32 Reinos da terra, cantai a Deus, salmodiai ao Senhor,  Salmos 105:2 Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas.
O prĂłprio Senhor Jesus Cristo cantou com seus discĂpulos, apĂłs a ceia, um hino (Mt 26.30), o qual, alguns estudiosos acreditam, se tratava de um salmo, possivelmente o Salmo 118, ou outro salmo, que como este era cantando por ocasiĂŁo da PĂĄscoa (Sl 113 – 118). Bem, respondendo a pergunta – Por que cantar ao Senhor ĂŠ uma ordem tantas vezes repetida na Palavra de Deus? –quero destacar, neste artigo, uma caracterĂstica especial da mĂşsica cantada:
No Novo Testamento, quero destacar o texto de EfĂŠsios 5.19. Mas antes que alguĂŠm diga que os verbos cantando e salmodiando (na versĂŁo ACF) nĂŁo estĂŁo no modo imperativo, ĂŠ bom lembrarmos que esse verso ĂŠ uma continuação das ordens dadas nos versĂculos anteriores, mais especificamente, a ordem do versĂculo 18 que diz: “...enchei-vos do EspĂritoâ€?. EntĂŁo, o verso 19 apresenta
• A Música ajuda na Memorização da Letra (mensagem) Os salmos dizem:
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Salmo 96.2 “Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia”. Salmo 105.2 “Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas.”
Portanto, acredito que Deus deseja que cantemos louvores a Ele, para que memorizemos mais da Sua Palavra, conheçamos e meditemos mais sobre Ele e Seus maravilhosos feitos, além de anunciarmos todas essas coisas cantando.
Por que Deus gosta tanto de ouvir sobre a Sua salvação e sobre todas as Suas maravilhas? Será que é porque Ele é egocêntrico? Claro que não, pois Deus é santo. Mas todos nós gostamos de ouvir elogios e de que contem nossas proezas. O sábio Salomão diz em Provérbios: “Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios.” (Pv 27.2).
Um texto semelhante a Efésios 5.18b,19 é Colossenses 3.16, que diz: “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”. Note que podemos nos encher da Palavra de Cristo e ensinarmos uns aos outros através de boa música, os salmos, hinos e cânticos espirituais.
Certamente Deus se agrada de ouvir nossos louvores, mas para que os louvores a Deus estejam na nossa boca é necessário que estejam primeiro em nossa mente.
A música cristã é teologia cantada. Uma vez que devemos meditar na Palavra de Deus, a música certamente nos ajudará a fazer isso, pois fixará a mensagem bíblica em nossa mente com uma boa melodia.
Na época em que os salmos foram escritos ainda não existia a impressa, nem máquina de escrever, nem computador, nem impressora, ou retroprojetor, muito menos data-show. O povo, então, não tinha uma cópia do livro dos Salmos em cada casa, como temos hoje. A memorização, portanto, era muitíssimo importante, assim como o ensino de transmissão oral. Agora, lembre-se que os salmos eram versos poéticos cantados, e, possivelmente, os levitas ensinavam o povo através dos salmos.
Assim, devemos utilizar a música com sabedoria. Porém, tomemos cuidado com os riscos de inculcarmos mensagens ruins, não utilizando os recursos que Deus nos deu para um fim proveitoso. Não devemos encher nossas mentes com bobagens ou heresias de músicas impróprias para a adoração a Deus. Afaste-se da música mundana. Evite também a música gospel comercial, que atrai com seu ritmo viciante e melodia envolvente, mas contém heresias, ou são totalmente “adoutrinárias”, isto é, sem doutrina. Desse jeito, como seremos edificados verdadeiramente?
A música é um poderoso meio de fixar informações em nosso cérebro de modo eficaz e permanente. Uma base bíblica para esta afirmação é Deuteronômio 31.19-21. Deus ordenou a Moisés que ensinasse um cântico aos filhos de Israel para que quando deixassem os caminhos do Senhor lembrassem o que Deus havia dito através daquele cântico, que sempre estaria na boca de sua descendência.
Cante ao Senhor, mas cante algo saudável e edificante. A letra deve ser bíblica, trabalhada poeticamente com beleza e refinamento; simples, mas profunda; algo digno do Santo e Soberano Deus. Quero concluir, dizendo que, se o Senhor deseja que lhe cantemos louvores, e Ele deseja, devemos cantar com todo empenho para o louvor da Sua glória. Por isso, creio que é importante que nos preparemos, estudando, quando possível, música e canto, além de conhecermos mais a vontade do Senhor.
Veja também o relato sobre a música que foi cantada a respeito de Saul e Davi, que foi memorizada até pelos inimigos, e por muito tempo, revelando que a música tem o poder de ultrapassar fronteiras do espaço e tempo, precedendo a quem canta e de quem se canta (1 Sm 18.7; 21.11;29.5).
É interessante que o canto congregacional é um ato do culto em que todos participam diretamente. Se alguém não souber cantar bem terá ajuda, e não precisa deixar de cantar. E como é belo ouvir e ver toda a igreja cantando louvores ao Senhor com todo vigor!
Agora vejamos um exemplo mais próximo de nós brasileiros: Você consegue lembrar a letra do hino nacional brasileiro? Se sim, o motivo é porque você a aprendeu cantando. Seria mais difícil memorizá-la sem música, principalmente por se tratar de uma linguagem rebuscada e antiga. É claro que a rima dos versos também ajuda na memorização.
Portanto, vinde, falemos entre nós com salmos, e hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor em nosso coração. Amém.
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ EXEGESE EM ĂŠNFASE
Traduzir o IntraduzĂvel (Parte I) SugestĂľes Ă PrĂĄtica da Exegese e Tradução do Texto BĂblico Por Marcos Paulo
consciĂŞncia dos falantes e condicionadas ao idioma em que ĂŠ concebido. Por que isso acontece? Por causa da relação Ăntima entre conceito e cosmovisĂŁo.
INTRODUĂ‡ĂƒO Traduzir ĂŠ um desafio assumido por um profissional, o que nĂŁo significa que nĂŁo seja tambĂŠm um amante do que faz, a fim de transpor as barreiras linguĂsticas que sempre dividiram a humanidade. O ensaĂsta espanhol Ortega y Gasset declarou certa vez: “Salvo as obras cientĂficas, escritas numa espĂŠcie de gĂria artificial, nenhum livro poderia ser transportado para outro idiomaâ€? (apud Washington apud RĂłnai, 2012. p. 9). Isso ĂŠ um fato preocupante para os leitores, leigos e especialistas, da BĂblia? Paulo RĂłnai, tradutor hĂşngaro, radicado no Brasil, declara que, longe de ser uma censura Ă tal atividade, esse comentĂĄrio “pĂľe em destaque o papel importante das boas traduçþes na cultura nacionalâ€? (Ibidem). (Isso vai de obras seculares a teolĂłgicas e, ĂŠ claro, estendo Ă tradução da BĂblia).
COSMOVISĂƒO E TRADUĂ‡ĂƒO CosmovisĂŁo ĂŠ um conceito antropolĂłgico que descreve o modo particular de perceber a realidade a partir do conjunto de experiĂŞncias de um povo ou indivĂduo, envolvendo questĂľes filosĂłficas sobre existĂŞncia humana e o modo como aqueles as interpretam. Um bom exemplo ĂŠ o nome que algumas culturas dĂŁo Ă s aves da famĂlia dos TroquilĂdeos, de bico alongado, que se alimentam de nĂŠctar das flores e de insetos. Chama-se essa ave colibri. A impressĂŁo que os anglofalantes tĂŞm dela ĂŠ associada ao ruĂdo que o animalzinho produz. JĂĄ para os italianos, ela ĂŠ lembrada pelo tamanho. Os lusofalantes, ao observar essa ave, entendem que ela estĂĄ tocando levemente com seus lĂĄbios, quer dizer com seu bico, partes de certas plantas. Em suas mentes, forma-se uma imagem singela de algo que parece bailar suavemente no espaço. O misterioso colibri ĂŠ o beija-flor.
Esse mesmo autor advoga que “ao demonstrar a impossibilidade teĂłrica da tradução literĂĄria, [Ortega y Gasset] afirma implicitamente que a tradução ĂŠ arteâ€? (apud WASHINGTON apud RĂ“NAI, 2012. p. 9). Para asseverar essa ideia, o hĂşngaro naturalizado brasileiro, usa a figura do alvo de alguns profissionais em suas respectivas ĂĄreas de atuação: O poeta procura declarar o inexprimĂvel; o pintor, representar o irreproduzĂvel e o tradutor, escrever o intraduzĂvel.
Essas particularidades nas cosmovisĂľes sofrem variaçþes a ponto de alguns conceitos ficarem tĂŁo impregnados Ă s caracterĂsticas linguĂsticas e culturais de um povo, que em lugar de traduzi-las ĂŠ melhor importar certos termos. Campos declara que: “Quando o tradutor depara com alguma palavra ou expressĂŁo da lĂngua-fonte que nĂŁo tem correspondente ou equivalente na lĂnguameta, o recurso mais usual ĂŠ transcrevĂŞ-laâ€? (2006, p.36).
Para elucidar a atividade de um tradutor, considere a figura de um besouro voando. Ele ĂŠ um inseto que nĂŁo possui aerodinâmica alguma: corpo rombudo; patas que nĂŁo se recolhem; asas enfiadas em um estojo de cascas duras. Para o deslumbramento de todo entomologista, ele voa! Campos (2004, p.13) ratifica isso, assegurando que “cada texto ĂŠ um complexo de obstĂĄculos e dificuldades aparentemente intransponĂveis, linguĂsticas e nĂŁo linguĂsticasâ€?.
Na histĂłria da tradução da BĂblia, vĂŞ-se o termo holocausto como exemplo disso. Derivado do hebraico, ‛Ĺ?laĚ‚h, passou para o grego como emprĂŠstimo linguĂstico, conforme se vĂŞ no verbo grego olokautoĹ? (eu queimo inteiramente algo), migrando para o latim como holocaustum, chegando finalmente ao portuguĂŞs. As
Uma vez que “ninguĂŠm pensa alĂŠm do idiomaâ€? (RĂ“NAI, 2012. p. 9.) que fala, certas ideias sĂŁo geradas na 6
versões portuguesas Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revista Corrigida e Almeida Corrigida Fiel usam o termo técnico holocausto. As versões inglesas King James Version (burnt sacrifice) e American Standard Version (burnt-offering) não usam o termo técnico, preferem explicá-lo.
Assim, pois, viam os filhos de Israel “qui ... faciem egredientis Mosi esse cornutam” (v. 35).
Assim como a tradução de Jerônimo, obras de arte medieval e renascentista trazem essa concepção. Comecemos pela Estátua de Moisés (figura 1), de Michelângelo, produzida entre 1513-1515:
Comentando a ligação cosmovisão-língua, Rónai cita: Tradutori Traitore e Gedankenstrich. O primeiro exemplo é a famosa expressão italiana: ‘Toda tradução é uma traição’. Em línguas onde as duas palavras não rimam, é impossível o trocadilho. O segundo exemplo é a palavra alemã para o recurso gráfico que chamamos de ‘travessão’. O uso exagerado desse recurso por alguns autores alemães atraiu o seguinte comentário do escritor alemão Arthur Schopenhauer: “Je mehr Gedankestrich in einem Buche, desto wniger Gedanken”. O que soa estranho em português uma vez que não há essa concepção ou cosmovisão no uso. Além desses termos, outros exemplos são: o português “saudade”; o francês “toilette”; o inglês “smoking”; o italiano “commedia dell’arte” etc.
Note que há duas protuberâncias sobre a cabeça de Moisés. São dois chifres! De onde Michelângelo tirou a ideia para isso? Esse fenômeno encontra similaridades com as obras abaixo:
Figura 1
COSMOVISÃO E TEXTOS BÍBLICOS Aplicaremos essas observações aos seguintes textos bíblicos: Êxodo 34:29-30, 35, Salmo 36:6 e Jeremias 1:11, 12. Notem que para os ‘problemas de tradução’ que cada trecho oferece, mesclam-se soluções morfológicas, sintáticas e semânticas. Cada qual recebendo mais ou menos ênfase de acordo com o que seu contexto exige.
(A) Êxodo 34:29-30, 35 Esse texto fala da descida de Moisés do monte Sinai, trazendo as tábuas da Lei. Desse trecho quero destacar a ocorrência de uma palavra: “quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele”; “Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele do seu rosto resplandecia”; “o rosto de Moisés... resplandecia a pele do seu rosto”. O verbo ‘resplandecer’, nesse texto, é responsável por um dos mais curiosos casos da história da tradução da Bíblia. A LXX traduz como: o rosto de Moisés “brilhou”, tradução de dedoxastai nas três referências. Porém, nos mesmos textos, a Vulgata, traduzida entre 382 d.C. a 404 d.C., aproximadamente, usa o termo cornutus, -is (chifres): Moisés não sabia que “cornuta esset facies sua” (v. 29); Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel “cornutam Mosi faciem” viam (v. 30);
Figura 2
Figura 3
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A figura 2 é um detalhe da obra ‘Fonte de Moisés”, de Klaus Sluter, produzido em cerca de 1404. Sluter foi um monge escultor da escola franco-flamenga, o mais importante de sua geração, no norte da Europa. Perceba com o artista destaca dois córneos sobre a fronte de Moisés.
entender fidelidade como literalidade simplista,... é necessário observar diversos fatores linguísticos para que se alcance de fato a tradução do sentido pretendido pelos autores do texto bíblico” (2003, p.50).
A figura 3 é um detalhe de um manuscrito inglês, datado de, aproximadamente, 1025-1050: o Aelfric Paraphrase of Pentateuc and Joshua [A Paráfrase do Pentateuco e de Josué, por Aelfric]. Veja no detalhe ampliado duas gravuras de Moisés com chifres.
A expressão ’elōhîm encontra normalmente como tradução os termos: Deus ou deuses. No entanto, onde a ARA traz o texto: “A tua justiça é como as montanhas de Deus [’elōhîm]”, notam-se variações dessa tradução em algumas versões:
O que quer que tenha influenciado Jerônimo a usar ‘cornutus’ (chifres) para traduzir ‘resplandecer’ como ‘possuir chifres’, parece também ter levado outros artistas a produzirem esculturas e gravuras com esse detalhe. Há duas argumentações possíveis oferecidas: uma vem do contexto exegético e outra, do contexto histórico e cultural.
“A tua justiça é como as grandes montanhas” (ACF/ARC); “A tua justiça é firme como as altas montanhas” (NVI); “Thy righteousness is like the great mountains” (KJV).
(B) Salmo 36:6
Por que essa variação? Segundo Waltke & O’Connor, ocasionalmente, ’elōhîm e YHWH eram usados como um tipo de superlativo (2006, p. 268). Estes autores também confirmam que: “Provavelmente, a ideia era que Deus originou a coisa... ou ela pertencia a ele, e, portanto, era extraordinária. Às vezes o significado parece estar ‘sob a apreciação de Deus”.
No texto hebraico, as expressões ‘resplandecer’ e ‘chifres’ derivam do verbo qarān que dependendo do contexto pode ser vertido como ‘brilhar’ ou ‘ser radiante’ [como o texto em análise] ou como o vocábulo ‘chifres’.
Usando uma tradução mais ipsis literis, a Septuaginta (LXX) e a Vulgata confirmam a leitura da ARA. A primeira diz: “hē dikaiosunē sou hōsei orē theou” [A justiça tua como montes de Deus] e a tradução de Jerônimo: “iustitia tua sicut montes Dei” [A justiça tua como montes de Deus].
Cognato a esse verbo, existe qeren que significa literalmente ‘chifres’ e figuradamente ‘raios’. Essa palavra ocorre cerca de cem vezes na Bíblia e se refere a: (1) uma projeção em um altar (chifres do altar; cf. Êx 29:12; 1Rs 1:51); (2) os chifres de um animal (cf. 1Sm 16:1; Sl 69:31); e (3) metaforicamente relacionado ao orgulho, à vaidade ou à força de algo/alguém (cf. Dt 33:17). É a conexão entre o verbo qāran e seu substantivo cognato qeren que produziu a ideia de que o rosto de Moisés tinha chifres ou melhor, que algo como chifres emanavam de sua face.
Esse princípio é visto em outras passagens conforme o quadro abaixo:
Quanto ao contexto histórico e cultural, Ruth Mellinkoff, doutora em História da Arte pela Universidade da Califórnia, em sua obra ‘The Horned Moses in Medieval Art and Thought’ informa que, embora, hoje, os chifres sobre a cabeça de pessoas sugiram o demônio, ou um deus pagão, os chifres eram símbolos de poder em muitas civilizações antigas (1970, p. 3 et passim). Citando textos como Dt 33:17 (Moisés abençoa as tribos, falando de José), Sl 17:3 (o SENHOR como chifre da salvação), Ez 34:21 (Deus reprova os maus pastores), Dn 8:20 (Usado para representar reis ou reinos) e Lc 1:6869 (Como um símbolo de salvação), a autora argumenta que não houve engano na tradução de Jerônimo, mas a opção de representar metaforicamente a ideia de poder (Ibidem, p. 76-77).
Texto
BHS
LXX
ARA
KJV
Gn 23:6
nesî’ ’elōhîm
príncipe de Deus
might prince
1Sm 14:15 Ct 8:6 Jn 3:3
hedat ’elōhîm Šalhebetyah
basileus para theou Ekstasis
grande espanto veemente labaredas cidade muito importante diante de Deus
Trembling
‘yir gedôlâ ’elōhîm
– polis megalē tō theō
vehement flame exceeding great city
Nesses casos, como decidir qual é a melhor atitude a tomar? Barnwell afirma que a comunicação de uma mensagem envolve: informação explícita e informação implícita (2007, p. 93). Se uma língua compartilhar da cosmovisão dos leitores originais das Escrituras, menos o tradutor/exegeta precisará incluir explicações em sua
Sayão, falando dessa escolha por parte de um exegeta/tradutor, confirma essa decisão: “Em vez de
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O pensamento (o trocadilho entre shaqed, velo, shoqed.) é condicionado pelo idioma (no caso um idioma semítico, o hebraico. Nem toda língua nãosemítica, como o português, desenvolveu tal relação) em que é concebido. Certas ideias [a relação entre a antecipação das folhas da amendoeira era um sinal de como Deus agiria sem falhar com o seu povo] só podem ser geradas na consciência de falantes de certa língua (os leitores originais desse livro profético deveriam ser capazes de perceber essa relação fonética e semântica entre os termos usados pelo profeta).
tradução. Porém, caso não compartilhe, a estrutura das línguas exige que o tradutor torne explícito um volume maior de informação implícita na mensagem original” (Ibidem, p. 96). Assim, em Gn 23:6, os tradutores da KJV explicitaram a informação do texto hebraico. Em 1Sm 14:15, todas as traduções deixaram explícito a informação do texto original. Em Cântico dos Cânticos 8:6, a LXX não mencionou o termo ‘yah’ – abreviatura de YHWH que aparecem no termo šalhebetyah. A ARA e a KJV a interpretaram. No texto de Jonas 3:3, na KJV, também houve interpretação.
Outra lição a se guardar é ter cuidado com as aparências. O grau de inseparabilidade da dicotomia cosmovisão/língua nem sempre é tão claro, porque cada situação apresenta uma peculiaridade. Há muitas armadilhas nesse campo chamado palavras “intraduzíveis”. Contudo, há também problemas entre aquelas que consideramos “traduzíveis”. Rónai acredita que “cada palavra se apresenta, cada vez, num contexto diferente, que a embebe de sua atmosfera e lhe altera o conteúdo, às vezes quase imperceptivelmente” (1956, p. 15).
(C) Jeremias 1:10-11 O trecho abaixo foi a fonte de muitos questionamentos na vida de leitores do profeta Jeremias: “Veio ainda a palavra do SENHOR, dizendo: Que vês tu Jeremias? Respondi: vejo uma vara de amendoeira. Disse-me ainda: Viste bem, porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” (Jr 1:11,12). Note as duas palavras destacadas, ela são as pivôs da questão central aqui: “O que tem a ver o substantivo amendoeira com o verbo velar?”. No hebraico desse texto, ocorre uma figura de linguagem chamada paronomásia, isto é, “uma figura de retórica que consiste no emprego de vocábulos semelhantes quanto à sonoridade, mas que se diferenciam no que diz respeito ao sentido, não vindo ao caso saber se há ou não parentesco etimológico entre as palavras”. Os termos que encontram-se nessa relação são: o substantivo amendoeira (shaqed) e o verbo velar (shoqed).
CONCLUSÃO Valery Larbaud diz que o “ofício de Tradutor é uma relação íntima e constante com a Vida, uma vida que não nos contentamos em absorver e assimilar como fazemos na Leitura” (2001, p. 79), ou seja, somente vivendo cotidianamente a praticidade de um idioma é que o tradutor pode dar vida àquilo que faz, pois traduzir “não é de forma alguma um jogo de paciência com palavras mortas e fichadas para sempre” (RÓNAI, 1956, p. 15).
Sabe-se que, pelo contexto agrícola da terra de Israel, o florescimento da amendoeira começa em janeiro, enquanto as outras árvores ainda estão despertando dos efeitos do inverno. Por isso, ela torna-se uma figura de antecipação, vigilância. Por ser uma informação que depende de conhecimento prévio do leitor, ela torna-se quase que impossível de ser acessada. Por cosmovisões distantes daquele de um judeu-palestino. Por isso, deve-se usar o recurso da nota de rodapé.
Realizar tal obra é, ao mesmo tempo, ter consciência de que há conceitos peculiares à cosmovisão dos povos difíceis de expressarem-se em outras línguas ou culturas e tomar cuidado com as palavras ou ideias traduzíveis, porque podem escondem sutilezas, às vezes, até mesmo para um tradutor veterano. A fim de não desanimar ante tais problemas, assegura Campos que o tradutor depende de uma série de fatores objetivos e subjetivos (2004, p. 71). Assim, o mesmo autor apresenta as seguintes normas para traduzir bem (Ibidem, p.52-56):
A partir da constatação dessa realidade agrícola de Israel, pode-se concluir o sentido de velar, relacionado à vara de amendoeira, pois a esta era a árvore que estaria acordada enquanto as demais estavam dormindo. Tal conclusão é semanticamente cabível. Na primavera, sua florescência surge antes das folhas. O profeta-poeta usa dessa imagem para frisar que Deus está continuamente operando na história e nas pessoas, fazendo frutificar os seus planos e apontando seu rápido cumprimento. Desse exemplo, imprescindíveis:
pode-se
extrair
duas
Ler todo o texto antes de iniciar propriamente a tradução. Pesquisar o contexto e a situação do autor e da obra. Comparar as traduções existentes do mesmo texto, na língua para a qual se vai traduzi-lo.
lições
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Fazer levantamento preliminar de trechos do original que devem ser traduzidos em blocos. Rever a primeira forma da tradução, depois de passado algum tempo. Fazer revisão de todo o texto. Ler a tradução em voz alta. Levar em conta as reações de outras pessoas diante de sua tradução. Submeter a própria tradução à apreciação de colegas competentes. Rever ou revisar o texto antes de o enviar para publicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARNWELL, Katharine. Tradução Bíblica – Um Curso Introdutório aos princípios básicos de tradução. 3ª edição. Tradução de Mary Daniel. Anápolis (GO) e Barueri (SP): Associação Internacional de Linguistica – SIL Brasil e Sociedade Bíblica do Brasil, 2011. BÍBLIA. Grego. Septuaginta. Sttutgart: Deutche Bibelgesellshaft, 1993. BÍBLIA. Hebraico. Bíblia Hebraica Stuttgartensia. Sttutgart: Deutche Bibelgesellshaft, 1997. BÍBLIA. Inglês. Holy Bible. American Standard Version 1901. In: BibleWorks 7.0 BÍBLIA. Inglês. Holy Bible. The King James Version. Translated out of the original tongues and with the former translations diligently compared & revised. New York: American Bible Society, s.d. BÍBLIA. Latim. Biblia Sacra Vulgata. Sttutgart: Deutche Bibelgesellshaft, 2007. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida – Edição Corrigida Fiel. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1997. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. BÍBLIA. Português-Inglês. Nova Versão Internacional e New International Version. Traduzido pela Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2011. CAMPOS, Geir. O que é tradução? São Paulo: Brasiliense, 2004. FERREIRA, Fabiano Antonio. As Lentes do Tradutor e do Exegeta: Um Ensaio em Metodologia Exegética Aplicada ao AT com Estudo de Caso em Jeremias 1.11-12. In: Fides Reformata XII, Nº 2 (2007): 27-41. HARISSON, R. K. Jeremias e Lamentações – introdução e comentário. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 1984. HOLLADAY, William L. Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. Tradução de Daniel de Oliveira. São Paulo: Edições Vida Nova, 2010. LARBAUD, Valery. Sob a Invocação de São Jerônimo. Tradução de Joana Angélica d’Avila Melo. São Paulo: Mandarim, 2001. MELLINKOFF, Ruth. The Horned Moses in Medieval Art and Thought. Los Angeles: University of California Press, 1970. RÓNAI, Paulo. Escola de Tradutores. 7ª Edição. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 2012. Strong’s Hebrew and Greek Dictionaries. In: E-Sword – The Sword of The Lord with an eletronic edge, versão 10.4.0. SAYÃO, Luiz. NVI: A Bíblia do Século 21 – 2ª edição. São Paulo: Editora Vida, 2003. THAYER, J. H. A Greek-English Lexicon of the New Testament. Verbete 3754, in: BibleWorks 7.0. WALTKE, Bruce K.; O’CONNOR, Michael P. Introdução à Sintaxe do
Por fim, Campos afirma ser “inegável que para traduzir bem qualquer texto, o tradutor deve sentir-se de algum modo atraído ou motivado, ou pela forma ou pelo conteúdo dele, ou pelo autor, ou pela cultura do lugar a que se refere o texto a traduzir” (Ibidem, p. 71).
Hebraico Bíblico. Tradução de Fabiano Antônio Ferreira, Adelemir Garcia Esteves e Roberto Alves. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ ARQUEOLOGIA EM ĂŠNFASE
Escavando uma histĂłria de BelĂŠm e Berseba Por Randy Cook
BelĂŠm
Durante o tempo da monarquia, BelÊm foi a casa de Joabe, Abisai e Asael (2Sm 2.32). Asael foi enterrado aqui (2Sm 2.32). A história do poço de BelÊm (2Sm 23.14-17; 1Cr 11.16-19) e o desejo nostålgico de Davi por um pouco de ågua refrescante ocorreu aqui. Era a casa de Elanã, um dos valentes de Davi (2Sm 23.24;. 1Cr 11.26). Curiosamente, David escolheu não tornå-la sua capital.
E
sta pequena cidade tornou-se famosa pelo nascimento de dois reis aqui - Davi, filho de JessĂŠ, e Jesus, o Messias de Israel. O significado de seu nome em hebraico (beit lehem) ĂŠ "casa do pĂŁo". EstĂĄ localizada a cerca de 7 quilĂ´metros ao sul de JerusalĂŠm, na estrada (muitas vezes chamado de "O Caminho dos Patriarcas") para Hebrom. Foi em algum lugar nesta estrada para BelĂŠm que Raquel foi enterrada (Gn. 35.1620; 48.7).
BelĂŠm foi uma das cidades fortificadas por RoboĂŁo (2Cr 11.6.) E muitos judeus fugiram daqui depois que Gedalias foi morto (Jr 41.17) na esperança de que seria um lugar seguro. Foi reconstruĂda apĂłs o retorno da BabilĂ´nia (Ed 2.21; Ne 7.26.) e indicada pelos profetas como o futuro local do nascimento do Messias (Mq 5.2; Jo 7.42). Na verdade, quando a "plenitude do tempo veio", Jesus nasceu em BelĂŠm (Mt 2. 1-12; Lc 2.1-20.). A "matança dos inocentes" de BelĂŠm (Mt 2.16-18) foi ordenada por Herodes, o Grande, em uma tentativa de esmagar qualquer rival em potencial. Quando o prĂłprio Herodes morreu (em JericĂł), seu corpo foi levado para uma fortaleza no topo da colina, perto de BelĂŠm (o Herodiano).
A cidade era parte do loteamento tribal dado a JudĂĄ (1Cr 4.4). Durante o tempo dos juĂzes, foi a casa do sacerdote de Mica (Jz 17.1-13). Perto do mesmo perĂodo, outro levita escolheu uma concubina de BelĂŠm e, posteriormente, foi em busca dela quando ela voltou para a casa de seus pais (Jz 19.1-9, 18). Este foi o prelĂşdio para a terrĂvel guerra civil com a tribo de Benjamim.
A Rainha Helena, mĂŁe do imperador Constantino, construiu a Igreja da Natividade em BelĂŠm sobre uma caverna considerada o local de nascimento de Jesus. Esta primeira igreja bizantina foi dedicado em 31 de maio de 339. JerĂ´nimo fixou residĂŞncia aqui em 384 para aprender hebraico e, eventualmente, traduziu a Vulgata Latina em outra caverna abaixo do complexo da igreja. O edifĂcio atual da igreja foi erguido pelo imperador Justiniano em 529. Na ĂŠpoca da invasĂŁo persa de 614, a estrutura foi poupada, embora a maioria das outras igrejas em Israel foi destruĂda. Foi atribuĂdo ao fato de que os persas encontraram trĂŞs reis magos (parecendo persas?) retratados no chĂŁo de mosaico. Pouco tempo depois, a população local se rendeu aos ĂĄrabes (em 638) e foram posteriormente cobradas taxas de admissĂŁo para entrar na igreja.
Figura 2: campo de pastoreio em BelĂŠm
Uma histĂłria muito mais feliz, encontrada no Livro de Rute, teve lugar nos campos ao redor de BelĂŠm (Rt 1.1, 2, 19, 22; 2.4; 4.11). Como resultado direto, a cidade tornouse a casa de Davi (1Sm 16.18; 17.58; 20.6, 28), apĂłs o profeta Samuel ter ido atĂŠ lĂĄ para ungir o filho mais novo de JessĂŠ como rei (1Sm 16.1-13). De BelĂŠm, Davi foi ao Vale de ElĂĄ para visitar seus irmĂŁos na frente de batalha e acabou matando Golias (1Sm 17.12-18).
Durante a Idade MĂŠdia, os moradores de BelĂŠm pediram a ajuda de Tancred para jogar fora os ĂĄrabes
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tornou-se a casa de Abraão (Gn 22.19) e Jacó (Gn 28.10). Isaque cavou um poço e construiu um altar aqui (Gn 26.23-33; 32:33). Jacó voltou aqui de Harã e deste lugar partiu para o Egito (Gn 46.1, 5) para estar com José.
durante a primeira cruzada e a igreja veio, assim, sob o controle do Cruzado de 1099 para 1187. Dois reis cruzados - Baldwin I (1101) e Baldwin II (1109) - foram coroados na igreja, uma ligação óbvia tanto para o rei Davi quanto para o Rei Jesus. Hoje, Belém tem uma população árabe de mais de 35.000. O que antes era em grande parte uma aldeia árabe cristã, está rapidamente se tornando uma cidade muçulmana desde que foi entregue por Israel à Autoridade Palestina em 1995.
Figura 4: portão e poço, em Berseba
A cidade era parte do loteamento tribal de Judá (Js 15.28; 1Cr 4.28), Mas foi uma das cidades judaicas que acabou sendo dada à tribo de Simeão (Js 19.2; 1Cr 4.28). Os dois filhos de Samuel serviram como juízes aqui (1Sm 8. 2). Ele marcou o limite sul do censo de Davi (2Sm 24.7) e foi aqui que Elias deixou seu servo enquanto fugia de Jezabel (1Rs 19.3). As reformas de Ezequias (2Rs 18.4), Josafá (2Cr 19.4) e Josias (2Rs 23.8) trouxeram reavivamento a esta parte mais sul do reino. Foi durante uma dessas campanhas que um altar de quatro chifres foi desmontado e mais tarde encontrado por arqueólogos. Berseba foi uma das cidades reconstruídas durante o retorno da Babilônia (Ne 11.2730), mas mais tarde foi conhecido por ter um santuário idólatra (Am 5.5; 8.14), mais uma vez.
Berseba
Figura 3: depósito do templo de Salomão, em Berseba
Berseba está localizada 55 quilômetros a oeste da ponta sul do Mar Morto e 80 quilômetros ao sul de Jerusalém. Está situada no Neguebe cerca de 280 metros acima do nível do mar em um ponto aonde quatro ribeiros (vales, ou cursos de água sazonais) vêm juntos - o Besor, a Gerar, o Hevron, e Berseba. Por conseguinte, é um local deserto, que tem um razoável bom abastecimento de água e uma história muito longa. Restos foram encontrados, indicando que houve algum assentamento na área, logo no período Calcolítico (c. 4.000-3.150 aC).
Figura 5: Altar reconstruído de Berseba
Depois de 2.000 anos de abandono, Berseba foi repovoada pelos israelitas. O rei Davi foi aparentemente o primeiro a reconstruí-la e ocupação continuou durante cerca de 500 anos, até que a cidade foi destruída pelos babilônios. Berseba marcou a fronteira sul de Judá e, portanto, de Israel. "Desde Dã até Berseba" (por exemplo, Jz 20.1; 1Sm 3.20; 1Rs 4.24-25; 1Cr 21.2) tornou-se a maneira comum de se referir a toda a terra de Israel durante o período israelita. O significado do nome de Berseba é incerto, as duas possibilidades de ser "poço dos sete" ou "poço do juramento", ambos os quais vêm de um jogo de palavras intencional encontrados em Gênesis 21.
Durante o período helenístico, a cidade foi tomada por John Hyrcanus. Foi nesse tempo parte do reino idumeu, composta por descendentes helênicos dos edomitas antigos. Surpreendentemente, houve pouca atividade neste lugar durante o Segundo Templo ou períodos bizantinos. A história de “tel” termina com um pequeno forte durante o início do período árabe (séculos 7 e 8 d.C). A moderna cidade de Berseba, a várias milhas de distância de “tel”, foi fundada em 1900 como a sede regional do Exército turco. Nas batalhas iniciais da Guerra da Independência de Israel em 1948 foi tomada pelo exército egípcio, mas recapturado por Israel na "Operação Dez Pragas". Hoje ela serve como a capital do Neguebe com uma população total de 120.000 pessoas (de 2.000 em 1917).
Embora não fosse uma cidade murada, no momento, Berseba está intimamente relacionada às histórias dos Patriarcas. Ela foi o local do poço de Abraão (Gn 21.2232) e, possivelmente, o lugar onde Isaque nasceu (Gênesis 21.1-5). Era o local do "Santuário do Eterno Deus" e aqui uma tamargueira foi plantada (Gn 21.33). Hagar e Ismael saíram de Berseba para o deserto (Gênesis 21.14-19) e 12
đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ HISTĂ“RIA EM ĂŠNFASE
Nas barbas do Frei DamiĂŁo Antiprotestantismo nas origens dos Batistas Regulares. Por Charles Bronson
Assististes a verdade, Diante o prĂłprio pastor, Que desfez o seu valor, Perante a publicidade, Negou-se a realidade, Com a sua comissĂŁo, NĂŁo querendo a discussĂŁo, Digo mesmo sem segredo, Os crentes tiveram medo, Das barbas de DamiĂŁo.
livre com vĂĄrios alto-falantes onde o frade transmitia os seus sermĂľes. Frei DamiĂŁo, com terço e crucifixo sempre Ă mĂŁo, declarava objetivo das missĂľes aos nordestinos, dizendo que era para “livrĂĄ-los do demĂ´nio, que queria afastĂĄ-los da Igreja e fazĂŞ-los abraçar outro credoâ€?. Tais “demĂ´niosâ€? era possivelmente uma referĂŞncia aos protestantes e seu proselitismo no sertĂŁo. Acerca dessa missĂŁo em Esperança, um relatĂłrio catĂłlico da ĂŠpoca menciona 21 sermĂľes pregados, alĂŠm dos catecismos ministrados durante Ă tarde para crianças e adultos, sendo 7.000 comunhĂľes realizadas pelo frei italiano capuchinho em terras paraibanas neste perĂodo.
Os acontecimentos acima documentados poeticamente por Egydio Oliveira Lima no cordel As Santas MissĂľes do sĂĄbio frei DamiĂŁo na Villa de Esperança, apontam para o Nordeste brasileiro no cenĂĄrio histĂłrico da reação catĂłlica ao processo de implantação do protestantismo no tempo dos pioneiros evangĂŠlicos. O italiano Frei DamiĂŁo de Bozzano era uma liderança que personificava esse movimento de reação catĂłlica nas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XX no Brasil. Seu antiprotestantismo havia brotado do solo adubado pelo catolicismo tridentino, isto ĂŠ, da Doutrina do ConcĂlio de Trento (1545-1563), adotada pela Igreja CatĂłlica como reação Ă ameaçadora Reforma Protestante (1483-1546). Esse catolicismo tridentino doutrinava, dentre outras coisas, uma apologia intransigente da ortodoxia catĂłlica, que no Brasil, inflou posturas militantes para tornar o paĂs efetivamente “uma nação catĂłlicaâ€?, fomentando a mentalidade da “invasĂŁo protestanteâ€?, como uma ameaça a identidade nacional. Em 1935 Carlos Mateus, missionĂĄrio protestante pioneiro pelas igrejas Batistas Regulares, vivenciou os episĂłdios de antiprotestantismo protagonizados por Frei DamiĂŁo. O missionĂĄrio batista americano experimentou uma querela com o missionĂĄrio catĂłlico italiano, durante as “Santas MissĂľesâ€? de frei DamiĂŁo na cidade de Esperança/PB. Essas “MissĂľesâ€? eram um tipo de cruzadas missionĂĄrias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. A organização armava um palanque ao ar13
Nesse mesmo relatório encontramos uma menção ao missionário Batista americano: “Frei Damião, filósofo, teólogo e conhecedor profundo das doutrinas deletérias do protestantismo, desafiava, todas as noites, por ocasião da pregação da palavra de Deus, os senhores pastores protestantes para irem refutar a doutrina que elle, seguramente, dessiminava entre o povo. Até o sr. Carlos Mateus não ficou sem o convite. Mas, o que é fato, ele nunca se atreveu amirar as barbas de frei Damião”. O próprio frei italiano escreveu pessoalmente para Carlos Mateus. Na correspondência ele convida o missionário Mateus para ir até a Praça da Matriz onde assistiria um sermão sobre o culto das imagens. “Nesta semana o povo de Esperança deve conhecer quem está em contradição com a Bíblia: se o padre catholico ou o pastor protestante. Não pode N. Senhor estar contente com duas Igrejas; resolvamos, pois, qual é a Igreja que deve aqui ficar... Se não tiver coragem de sustentar uma discussão comigo, envie outros collegas...”, escreveu Damião. Carlos Mateus negou-se a atender o convite, o que gerou mais ainda palavras contra a sua reputação pessoal. Corria a notícia, entre os moradores de Esperança, que Mateus “fugiu vergonhosamente” do debate. Um texto jornalístico, com data de 31 de março de 1935, publicado na filial paraibana do Diário de Pernambuco, intitulado “Notícias de Esperança”, traz a visão católica acerca do fato de Carlos Mateus ter recusado o debate com o Frei. Alguns trechos da matéria:
Frei Damião não somente leu como respondeu o panfleto de Carlos Mateus, remetendo-lhe uma segunda correspondência pessoal. Avisando-o que “... a hora do culto o povo chegará para ouvir as explicações... e eu também chegarei, pois desejo conhecer onde está a verdade. Não se perturbe: o senhor delegado enviará a polícia para garantir a ordem”.
Não sei o que o impedia a atender o chamado do Missionário: se a mal pronuncia do belo idioma português ou se... a certeza do não resistir a dialeta incoercível do Padre Capuchinho quem sabe... O sr. C.F. Mateus não poude fugir ao terrível dilema. Demais corria risco ao seu próprio grupilho, desta Vila. Que não diriam os ‘crentes’ se ele fugisse? Pastor? Não. Mercenário”. [...] Tendo a frente o sr. Israel Gueiros e Carlos Mateus, FUGIRAM vergonhosamente sob o balofo pretexto de que a ordem não seria mantida. Então senhores pastores, os esperancenses serão hordas de bandidos? Se concede o argumento, porque então procuram o seu abrigo? E se negam, porque correram? Ah! Bem disse o revdmo. Missionário: eles tiveram medo das barbas de Frei Damião”. [...] E o que mais revolta, é que esses senhores adeptos do credo de luterano, não tiveram pêjo de espalharem boletins anunciando ao povo a derrota de Frei Damião.
Com esta imagem entre a população local e sem espaço imparcial na imprensa local para responder, Carlos recorreu a outro meio: boletins. Produziu dois deles, intitulados Ao ilustre povo de Esperança e Por que não houve a discussão religiosa em Esperança? 14
Num dos seus textos publicados na revista missionária canadense, The Neglect Continet – South America, Carlos Mateus relatou os acontecimentos desse ambiente conflituoso com o frade capuchinho, no artigo Giving Thanks Always for All Things, publicado ainda em 1935. Um trecho do artigo:
Regular do Rio Grande do Norte, um seminário teológico e um acampamento para as igrejas, ambos também em solo potiguar.
Estímulo é o tempero da vida, diz um ditado popular americano. Se isso é verdade, tivemos muito tempero recentemente. Umas seis semanas atrás, as coisas começaram mudar quando ouvimos que um frade italiano ia chegar aqui em Esperança para ter uma semana de reuniões. Não pensamos muito sobre isso no momento e continuamos com os trabalhos normais e até fiz uma viagem que já tinha sido marcado para o sertão. Durante esta viagem, enquanto estive fora de casa, soube que o frade tinha chegado e estava ativamente agitando perseguição contra os crentes. Imediatamente eu desisti de terminar a viagem e voltei para Esperança. Dez minutos depois de minha chegada à cidade, uma comissão do frade chegou à minha casa, convidando para um debate público. Com certeza seria impossível, porque ele queria que debatesse com ele ao ar livre com uma multidão de 5.000 catolicos fanáticos. Um pastor tentou esse debate meses antes com o frade e quase não escapou com vida. Fiz uma proposta para lhe encontrar num debate perante as autoridades da cidade e na presença de doze testemunhas, seis católicos e seis protestantes, mas ele não aceitou. Fomos alvo de insultos e provocações por várias noites e então uma nova proposta foi feita. O frade concordou com a nova proposta, então eu fui ao Recife e trouxe vários pastores nacionais comigo e outros vieram de outras localidades porque tinha vários padres presentes e eu queria mostrar que nossos pastores também estavam interessados. No domingo em que foi marcado o debate, o frade recusou conformar com sua promessa verbal em relação às condições, então o debate não aconteceu... Os padres e o frade disseram que tínhamos fugido e tivemos medo de debater, etc, então no outro dia, publiquei um boletim e mandei para todas as casas explicando o motivo de não ser realizado o debate.
Cordel escrito por Egydio Lima sobre o debate de Frei Damião com o missionário Carlos Mateus
Como que um paradoxo da autêntica espiritualidade, o cristianismo que tem se mostrado mais frutífero, não nasce no terreno do conforto e conveniência da vida cristã sem desafios à prática da fé, e sim, no solo pedregoso da realidade que coloca o cristão sob pressão, perseguição e limitações.
Os confrontos viraram cordel. Nos versos rimados de Egydio Oliveira Lima - As Santas Missões do sábio frei Damião na Villa de Esperança - o cordelista, contemporâneo destes fatos, descreve lugares, pessoas e casos, rememorando parte do que descrevemos acima. Carlos Mateus com sua família e alguns outros crentes nativos proclamaram com perseverança, o evangelho ao povo paraibano. No legado do trabalho missionário de Carlos Mateus e família, estão dezenas de igrejas fundadas no Nordeste brasileiro, dentre elas a primeira Igreja Batista
Missionário Carlos Mateus evangelizando
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ MISSĂ•ES EM ĂŠNFASE
Os povos Te louvarĂŁo para todo o sempre Ensaio de uma Teologia da Cultura Por Jeraldo Neuman
O
SENHOR Deus quer ser louvado por diversas culturas.
Mas devemos tambĂŠm notar que embutido entre os animais encontramos a frase sobre toda a terra. O que soa estranho pode ser para chamar nossa atenção; isso ĂŠ despertar nosso interesse. Pois logo no vs. 28 o autor quer nos informar mais sobre este aspecto: enchei a terra e sujeitai-a. Por repetir a ideia de dominar/sujeitar, junto com uma repetição dos objetos deste domĂnio (os peixes do mar, os aves dos cĂŠus, os rĂŠpteis/animais que rastejam pela terra) ele faz a conexĂŁo. O que faltou, num sentido, no vs. 26, o autor vai suprir em vs. 28: a maneira que vai conseguir dominar todos estes animais. O homem, junto com sua mulher, precisa ser fecundo, multiplicando-se, enchendo a terra para, no final, sujeitar a terra, e tudo que nela hĂĄ, ao seu domĂnio!
Notemos, GĂŞnesis 1:28: E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos cĂŠus e sobre todo animal que rasteja pela terra. Quando aproximamos o texto a ser examinado, primeiramente vemos que este versĂculo tem elementos jĂĄ pronunciados em versĂculo 26: TambĂŠm disse Deus: Façamos o homem Ă nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domĂnio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos cĂŠus, sobre os animais domĂŠsticos, sobre toda a terra e sobre todos os rĂŠpteis que rastejam pela terra.
Essa verdade nos leva a lembrar do que o Senhor Deus jĂĄ disse antes aos peixes do mar e Ă s aves dos cĂŠus:
Aqui tambĂŠm encontramos a vontade de Deus expressa para o homem dominar os peixes, as aves e todo tipo de animal. O narrador, MoisĂŠs, faz explĂcito o sentido de versĂculo em vs. 27: Criou Deus, pois, o homem Ă sua imagem, Ă imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, dizendo: Sede fecundos, multiplicaivos e enchei as ĂĄguas dos mares; e, na terra, se multipliquem as aves. ConcluĂmos que se os peixes do mar e as aves dos cĂŠus obedeceram a sua ordem, multiplicando-se e enchendo os mares e os cĂŠus da terra, o homem, por sua vez, para obedecer a sua ordem, semelhantemente vai precisar multiplicar-se e encher a terra (e o mar por extensĂŁo).
Assim entendemos que a ĂŞnfase dos vs. 26, 27 ĂŠ o fato que o homem, e da mesma forma, a mulher, foram criados por Deus segundo Sua imagem. Enquanto muitos inventam ideias em que consiste esta imagem,1 o texto faz a conexĂŁo da imagem com o domĂnio dos peixes, das aves e todos os animais. Em outras palavras, o homem deve senhorear os animais porque ele ĂŠ feito na imagem do Senhor!2
Demorando neste Ăşltimo versĂculo, perguntamos: “Qual seria o resultado dos peixes e das aves obedecerem esta ordem?â€?. Explicitamente o texto diz que esta ĂŠ a bĂŞnção de Deus para eles. Antes de reconhecer a chamada missionĂĄria na
1
2
Fico maravilhado ver quantas ideias os comentaristas, teólogos e pregadores inventam quando o texto parece ser tão simples. Lembremos que a plateia de MoisÊs não era um povo letrado em psicologia (Graças a Deus!) ou teologia.
As palavras tenha ele dominio refletem o verbo hebraico rdh, tambĂŠm usado em Lev. 26:17 como assenhorear-se.
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minha vida, estava me preparando para ser cientista biólogo. Sei por, meus estudos e observações ao longo dos anos, que a preservação da espécie é a força motriz dos animais. Multiplicar-se assegura a preservação da espécie. Também a adaptação aos ambientes, geográficos diferentes, preserva a espécie. O Senhor Deus colocou uma grande variante de genes no DNA das espécies. Foi essa a conclusão a que Darwin deveria ter chegado! Ele viu como as aves aproveitaram esta grande variedade de genes para se adaptarem aos seus múltiplos ambientes. Isso também assegura a preservação da espécie e pode ser considerado como uma bênção de Deus para os animais.
2
Agora, vamos voltar ao nosso texto principal. Da mesma forma dos animais Deus prometeu uma bênção para os humanos que obedecerem, sendo fecundos, multiplicando e enchendo a terra. Claro que também essa obediência garante a preservação da raça humana (se eu posso usar o termo raça sem concordar com os evolucionistas). Sim, também nós temos uma grande variedade de genes para adaptação aos diversos ambientes do nosso planeta Terra. Mas há outra “adaptação” muito importante para considerarmos.
E antes disso acontecer durante o milênio, João nos relata o que viu de profecia para o período da grande tribulação.
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. 3Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém. 4 Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.3
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Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; 10
e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono,
Uma das mais básicas observações dos antropólogos é que o homem cria maneiras diferentes de responder ao seu ambiente que resultam em milhares de culturas diferentes. Por que encontramos tribos de indígenas brasileiros, muito diferentes uma da outra, culturalmente falando, morando em ambientes semelhantes? Por que a ilha de Pápua, muito perto dos nossos amados missionários Ronaldo e Thalita, tem literalmente milhares de culturas nesta única ilha? Por causa das montanhas que isolaram as tribos, os povos por milhares de anos, levando eles a criarem línguas e culturas bem diferentes, mesmo dentro de poucos quilômetros de distância uma da outra. O homem é assim! O Senhor sabia disso, até foi Ele que nos programou ser assim! Isso faz parte da bênção de Deus para o homem.
e ao Cordeiro, pertence a salvação. Voltando para nosso conceito principal, notamos que O Senhor Deus deu ao homem esta bênção de múltiplas culturas quando ainda o homem não tinha pecado. Depois que o pecado entrou na raça humana e a levou para o dilúvio universal, como maneira divina de diminuir os efeitos desastrosos do pecado, ainda era importante para o Senhor este plano dEle. Logo que Noé e seus familiares saíram da arca, o Senhor disse, em Gênesis 9, 1
Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.
Os judeus antigos cantaram: Louvem-te os povos, ó Deus;
Depois de elaborar mais detalhes de ordens para guiá-los no mundo renovado, Ele repete-se.
louvem-te os povos todos.
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Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela.
E repetiram a sua mensagem logo: Salmo 67:3 e 5. Isaias profetizou no capítulo 2 de seu livro:
Uns comentários gostam de interpretar Sofonias 3:9 (“Então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR e o sirvam de comum acordo.”) profetizar que não haverá línguas, e consequentemente culturas, no milênio, dizendo que lábios puros assegura isso. Combina melhor com 3
as outras profecias entender que Sofonias está refletindo a linguagem de Isaias quando ele confessou, em capítulo 6 “Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios.” Tendo confessado, como Isaias, os povos podem também ter lábios puros para que possam invocar o nome do SENHOR, assim O adorando. Dia glorioso será! 17
Este plano do Senhor é de tal importância que destaca Seu desejo nesta maneira.
cantinho e vai além, precisa confiar mais no Senhor do que aquele que fica no seu cantinho, com seus familiares.
Se lermos o capítulo seguinte e logo pararmos, temos a impressão que o plano do Senhor funcionou:
O plano de Deus para o homem encher a terra era tão importante que Ele desceu do céu para empurrar o plano. Que ironia: para os que não queriam se espalhar, e assim criar culturas e línguas diferentes, O Senhor faz línguas diferentes nas famílias para que se espalharem e depois criarem mais línguas e culturas!4
1
São estas as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio. . . . 5Estes repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, em suas nações. . . . 20São estes os filhos de Cam, segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações. . . . 31São estes os filhos de Sem, segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações. . . . 32São estas as famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações, nas suas nações; e destes foram disseminadas as nações na terra, depois do dilúvio.
Certamente o homem também cria palavrões e tradições culturais pecaminosas. Onde não há a influência da Palavra de Deus esperamos enfrentar essas coisas, até dentro da nossa própria cultura onde vivemos! Aos longos dos anos cheguei a certeza de que, o que Jesus chamou de “mundo” na Sua oração sacerdotal (João 17) e que João disse aos seus discípulos em I João 2:15-17 são os aspectos da cultura que são pecaminosos e que de jeito nenhum devemos abraçar.
Alguém pode dizer, “Muito bem, tá vendo, o plano do Senhor funcionou! Os filhos, netos e bisnetos entenderam a bênção do Senhor e obedeceram. O resultado foi a criação de culturas (representadas pelas línguas) e nações.” Até que lemos os primeiros versículos de capítulo 11 e assim começamos ver o coração obstinado do homem.
Então, concluímos que O Senhor quis criar culturas, refletidas por línguas diferentes, na humanidade para que Ele, no presente e no futuro, seja louvado por gente diferente, com palavras diferentes, em maneiras diferentes e que isso sirva para glorificá-lO ainda mais. Nós devemos abraçar este plano, nos esforçando para amar os povos diferentes, suas línguas diferentes, suas comidas diferentes, suas maneiras diferentes para que tenhamos oportunidade de compartilhar nossa fé em Jesus Cristo e prepará-los para louvar ao Senhor, o criador das culturas.
Nisso Moisés primeiramente nos dá as genealogias e os resultados para depois nos dar os meios, até vergonhosos. O medo de ser espalhado por toda a terra os levou a desobedecer ao Senhor do universo! Uma coisa que ainda não tratamos em nosso estudo é que, quando o homem determina obedecer ao Senhor e sai do meio dos outros para encher a terra, ele precisa confiar mais no Senhor por que ele entra em território desconhecido, em ambientes desconhecidos, enfrentando fauna e flora desconhecidas, climas desconhecidos. Isso também era o plano de Deus para o homem. Ainda é verdade que quem sai do seu
Por isso o nome da nossa agência missionária inclui a palavra Multiculturais. Reconhecemos o plano do Senhor criar culturas. Respeitamos as diversas culturas e abraçamos os aspectos não pecaminosos.
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demoraram em fazer isso acontecer naturalmente, Ele os empurrou com a perseguição de Estêvão.
O plano para a igreja não era muito diferente. Jesus disse que os primeiros discípulos seriam testemunhas dEle em Jerusalém, Judea, Samaria e até os confins da terra. Quando eles 18
đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ ENTREVISTA EM ĂŠNFASE
Os desafios da tradução do Novo Testamento Entrevista com Daniel B. Wallace
AlĂŠm destes trĂŞs, outros que tambĂŠm me ajudaram muito foram: Blass e Debrunner, C. F. D. Moule, J. H. Moulton, Ludwig Radermacher, Schwyzer e Debrunner. Atualmente, gramĂĄticos com preparo linguĂstico (ou, melhor, linguistas com espĂrito gramatical), como Steve Runge estĂŁo me dando bons insights sobre o grego do Novo Testamento.
Daniel B. Wallace ĂŠ Professor de estudos do N.T no Dallas Theological Seminary e Diretor Executivo do Centro de Estudos dos Manuscritos do Novo Testamento
1) Que gramĂĄticos gregos mais influenciaram seus estudos? 2) Quantos manuscritos (MSS.) do NT foram catalogados atĂŠ hoje? Em geral, quais sĂŁo as caracterĂsticas desses MSS. (tamanho, datação etc.)?
Fui influenciado por trĂŞs gramĂĄticos especialmente, cada um Ă sua maneira. Primeiramente, quero destacar Basil Lanneau Gildersleeve, o fundador do American Journal of Filologia, e professor dos clĂĄssicos na Universidade Johns Hopkins. Ele escreveu uma sintaxe latina e outra grega. Ele tambĂŠm escreveu vĂĄrios artigos e resenhas de livros. Gildersleeve era conhecido por derrotar pontos de vista acadĂŞmicos com seus insights sobre a linguagem e sua estrutura. Sempre vale a pena lĂŞ-lo.
O nĂşmero oficial atual de MSS do NT grego ĂŠ 5838, embora este nĂşmero seja um pouco enganador. Alguns desses MSS foram realmente encontrados sĂŁo, na verdade, partes de outros MSS, os jĂĄ possui catalogação no sistema Gregory-Aland. Assim, P64 + P67 constituem um Ăşnico MS. Outros desapareceram ou foram destruĂdos. E muito poucos sĂŁo de um tipo que nĂŁo ĂŠ mais considerado um legĂtimo MS do NT, como, por exemplo, um ou dois lecionĂĄrios do NT no Psalterion ou Euchologion. O nĂşmero real estĂĄ mais perto de 5600, que ainda ĂŠ uma quantidade surpreendente.
Em segundo lugar, Maximilian Zerwick, o autor de Biblical Greek Illustrated by Examples, tem sido um dos meus gramĂĄticos favoritos. Zerwick estava Ă frente do tempo na compreensĂŁo da natureza linguĂstica da lĂngua grega e o valor de sua sintaxe para a exegese. Em terceiro lugar, Buist Fanning, o presidente do Departamento do Novo Testamento no SeminĂĄrio TeolĂłgico de Dallas, me impactou muito com a sua anĂĄlise criteriosa e cuidadosa da sintaxe do Novo Testamento grego. Seu volume no Aspecto Verbal foi especialmente valioso.
Nossos MSS datam do sÊculo 2º ao 18º d.C. (embora haja bem poucos escritos após a publicação do primeiro NT Grego, em 1516). Como o passar dos sÊculos, o número desses MSS naturalmente tem aumentado. No entanto, o número de MSS. do NT grego datados dos primeiros sÊculos da era cristã são ainda mais numerosos
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do que a maior parte das literaturas do mundo grecoromano. Veja o gráfico, onde aponto essas questões:
que tratam a credibilidade dos MSS do NT. Baseado em sua pesquisa, se compararmos as características dos MSS do NT com os da Antiguidade Clássica usados nas faculdades, qual seria o nível de credibilidade quanto aos MSS do NT?
Greek New Testament Manuscripts: Century by Century (cumulatively) There are four times more NT MSS within the irst 200 years than the average GrecoRoman author has in 2000 years.
Within 900 years of the NT’s completion, almost 1000 MSS in Greek alone Within 900 years of the average classical author’s writings, there are ZERO MSS
Simplesmente não há comparação. Não há absolutamente nada no mundo greco-romano, que seja igual ao NT, em termos de número de cópias ou antiguidade. Como o gráfico acima mostrou, nossas primeiras cópias de autores do grego clássico vêm, em média, 900 anos depois do original. E o número de cópias quase sempre é menos de 15 unidades ou algo assim. Para ser mais claro, existem escritos de valores discrepantes: Homero, por exemplo, possui cerca de 1.800 cópias (a maioria deles são papiros fragmentados). Esse autor grego, apesar de ter vivido 900 anos antes da escrita do NT, vem em um distante segundo lugar se comparado ao número de cópias do NT grego. Quando se considera todas as cópias manuscritas destes escritos antigos, independentemente da língua usada em sua escrita, eles todos ficam ofuscados pelo brilho/número de cópias do NT grego. Isso ocorreu por causa da mensagem apostólica proclamada pelos discípulos logo após o Espírito vir sobre eles no dia de Pentecostes. Desde lá, após a escrita do NT, pessoas de todo o mundo mediterrâneo desejaram ter o NT em sua própria língua. A partir daí, ele foi traduzido para o latim, copta, sírio. Depois em georgiano, gótico, armênio, árabe, hebraico, eslavo eclesiástico e outras línguas. Assim, temos entre 20.000 e 25.000 cópias manuscritas do NT em línguas antigas e medievais. Em termos de números, o NT é mais de mil vezes melhor testado do que Homero.
as many as many as many as many as many as many at least at least at least as 12 as 61 as 121 as 179 as 258 as 302 370 585 967
II
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Quanto ao tamanho, a questão volta-se tanto para as dimensões ou número de páginas. Em relação às dimensões, os MSS variam de pequenos, edições de bolso – itens de curiosidades ou colecionadores – a volumes maciços tais como o Codex Sinaiticus. O menor dos MSS gregos dos é o Codex 2364, que se encontra na Universidade de Michigan. Ele mede apenas 2,75”x 3,5” e possui mil páginas ultrafinas de texto.
“Simplesmente não há comparação. Não há absolutamente nada no mundo greco-romano, que seja igual ao NT, em termos de número de cópias ou antiguidade”
Falando de número de páginas, a média de páginas nos MSS do NT grego é de 450 páginas para cima. Existem bem poucos MSS que contêm todo o NT (cerca de 60 MSS aproximadamente). Quanto aos gêneros neotestamentários encontrados, por ordem de ocorrência, temos os Evangelhos, seguido das Paulinas, depois por Atos, as Epístolas Gerais e, finalmente, Apocalipse.
E isso sem incluir os escritos patrísticos. Os Pais da Igreja escreveram homílias, tratados teológicos, diatribes, obras apologéticas, comentários e liturgias. Até hoje, foram coletadas mais de um milhão de citações do NT nesses escritos. Todo o NT poderia ser praticamente reproduzido, muitas vezes, com base apenas nos próprios escritos dos Pais da Igreja. Quando comparações temerárias são feitas torna-se evidente que há uma grande dose de preconceito contra os cristãos – juntando-se a isso há grandes doses de ignorância quanto à base material do NT grego. Se os estudiosos não cristãos da Bíblia fossem tão céticos sobre a autenticidade dos autores clássicos como o são sobre o NT, eles mergulhariam o mundo de
3) O que pode falar sobre a descoberta de um manuscrito do NT datado do 1º século citado por você em seu debate com Bart Ehrman em 2012? Eu gostaria de poder falar sobre isso, mas assinei um acordo de confidencialidade. Você vai ter que esperar até que esse MS seja publicado para descobrir algo sobre ele.
4) Geralmente, professores universitários de todo o mundo baseiam várias de suas pesquisas e ensino em MSS de alguns textos da Antiguidade Clássica. E, ao fazê-lo, agem sem o mesmo criticismo com 20
volta à Idade das Trevas. O mundo moderno tem uma dívida com a Renascença, a partir do momento em que os autores gregos foram disponibilizados no oeste europeu, após a queda de Constantinopla, em 1453. Imagine se o homem medieval simplesmente pensasse que suas cópias dos clássicos fossem simplesmente testemunhas não confiáveis dos originais que tais autores escreveram? Ainda estaríamos, hoje, na Idade Média!
essenciais não são afetadas pelas variantes textuais da tradição manuscrita do Novo Testamento”. Eu concordo!
6) Algumas obras de Bart Ehrman foram traduzidos para o português (entre elas: “Quem escreveu a Bíblia?”, “Como Jesus tornou-se Deus” e “Jesus existiu ou não?”) e têm motivado argumentos céticos sobre a credibilidade da Bíblia. Que tipo de orientação geral você daria para o leitor brasileiro sobre as tais obras?
5) Bart Ehrman afirma que “quando se olha para os mais antigos MSS do cristianismo e compararse uns com os outros, há erros em todos os lugares, além de diferentes pontos de vista teológico que precisam ser reconhecidos”. Como você refutar essas alegações?
Isso depende da educação teológica de cada leitor. Os que não receberam treinamento em teologia e nos estudos bíblicos deveriam evitar tais livros. Ele é um escritor inteligente e é capaz de fazer cristãos não maduros passarem pelo efeito “Chicken Little”. (Não sei se “O Galinho Chicken Little” é conhecido no Brasil, mas essencialmente é uma história infantil sobre pânico irracional). Nos Estados Unidos, dezenas de milhares de jovens universitários abandonaram a fé por causa dos escritos de Bart Ehrman. No entanto, quando se observar os detalhes, como vimos acima, os livros de Ehrman criam medo irracional. Se esses estudantes universitários simplesmente conhecessem a resposta honesta de Ehrman à pergunta dos editores em Misquoting Jesus, eles nunca teriam abandonado a fé.
Ele está certo sobre o primeiro ponto – há erros em todos os lugares. Eles chegam à cifra de centenas de milhares. Mas que tipos de erros apresentam? Isso não é cuidadosamente explicado por Ehrman. Os erros nos manuscritos são em geral de dois tipos significativos e viáveis. Aqueles que são significativos, como o próprio nome indica, afetam o significado do texto em algum grau. Os que são viáveis têm uma boa chance de serem autênticos, geralmente porque eles são encontrados em quantidade substancial em importantes MSS antigos. Tomando essas duas categorias, podemos obter quatro grupos de variantes:
“Nós nunca devemos temer buscar a verdade. Mas, precisamos procurar fazê-lo de forma responsável, não com imprudência ou pânico”
Não Significativa ou Viável Significativa, mas não Viável
Para aqueles que têm treinamento teológico e bíblico, eu recomendo que leiam os escritos de Ehrman. Nós nunca devemos temer buscar a verdade. Mas precisamos procurar fazê-lo de forma responsável, não com imprudência ou pânico. É por isso que não o recomendo para leigos cristãos, não até que eles estejam mais bem equipados para lidar com seus escritos. Há muitos livros excelentes que tratam dos mesmos temas que Ehrman escreve: Reinventing Jesus (de Komoszewski, Sawyer e Wallace), “O Jesus Fabricado” (Evans), “A Heresia da Ortodoxia” (Köstenberger e Kruger), e “The Historical Reliability of the Gospels” (Blomberg). Gostaria de encorajar aqueles que são mais experientes a lerem essas obras de Ehrman. Sobre a divindade de Cristo, eu recomendo colocar “Putting Jesus in His Place” (Bowman e Komoszewski) e quanto à ressurreição de Jesus, recomendo “The Case for the Resurrection of Jesus” (Habermas e Licona).
Viável, mas não Significativa Significativa e Viável
Saiba que os três primeiros grupos compreendem mais de 99% de todas as variantes textuais. Menos de 1% de todas as variantes textuais são tanto significativas quanto viáveis. Quão significativas elas são? Apesar de Ehrman, em seu livro Misquoting Jesus, tentar convencer que a teologia seja profundamente afetada por tais variantes, ele não teve sucesso. Posteriormente lançado em uma versão de bolso, os editores perguntaram-lhe no apêndice: “Você acredita que, baseados nos erros dos escribas descoberto por você nos MSS bíblicos, os princípios fundamentais da ortodoxia cristã estão em perigo?” A resposta de Ehrman foi devastadoramente honesta: “As crenças cristãs
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2002 e já digitalizou mais de 400.000 páginas de MSS do NT. Nosso objetivo é fazer com que todos os MSS do NT sejam digitalizados e disponibilizados gratuitamente na Internet.
7) Descreva algumas das importância do recente trabalho de sua equipe na coleção de MSS do NT da Biblioteca Nacional da Grécia. Temos estado na Biblioteca Nacional da Grécia, em Atenas, desde janeiro de 2015. Nosso acordo com essa instituição prevê a digitalização de todos os seus MSS do NT grego. Isso equivale a cerca de 300 MSS e 150.000 imagens. Entre os manuscritos estão vinte que eram desconhecidos pelos estudiosos bíblicos, mas serão catalogados pelo Institute for New Testament Textual Research em Münster, Alemanha. Também descobrimos algumas coisas incríveis em alguns MSS conhecidos, incluindo o 63º manuscrito tem Hebreus após 2 Tessalonicenses e outro apresenta Lucas logo após Mateus (nenhum MS grego conhecido usa essa ordem, que também é chamada de ordem Ambrosiáster). No geral, ao digitalizar esta coleção e tornar suas imagens disponíveis on-line e gratuitamente para todos – o CSNTM está oferecendo aos estudiosos bíblicos as ferramentas necessárias para suas pesquisas. O CSNTM iniciou-se em
8) Que conselho você daria aos jovens seminaristas e a pastores, quer veteranos ou não, em relação ao uso do NT grego em seus estudos e pregação da Palavra? O NT grego é o NT. Quase sempre se perde algo na tradução. Seja fiel à palavra e o Senhor recompensará seus esforços. Cada vez mais, a palavra de Deus está posta de lado em nossa proclamação. É hora de nos arrependermos e voltarmos para as Escrituras como nosso guia e melhor conexão com o Jesus histórico e seus apóstolos que temos.
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ SOCIEDADE EM ĂŠNFASE
Os limites da autoridade Por Addson Costa
Q
uando Hitler ascendeu na Alemanha, milhares de cristĂŁos e igrejas lhes deram apoio. NinguĂŠm se importava com o que ele de fato fazia, o importante era obedecer. Terminada a Segunda Guerra, a vergonha, nenhum cristĂŁo conseguia imaginar que o apoio irrestrito Ă autoridade pudesse ocasionar tamanha tragĂŠdia, o Holocausto. Diversos estudiosos tentaram explicar como diversos grupos de cristĂŁos protestantes e piedosos podiam ter aceitado a loucura do nazismo sem, praticamente, ser questionado. A resposta estava em um fundamento cultural da Alemanha: nĂŁo se questiona os pais, as autoridades sĂŁo nossos pais. Martinho Lutero escreveu no Grande Catecismo: “TrĂŞs, portanto, sĂŁo as espĂŠcies de pais apresentadas neste mandamento: os pais por genitura, os da casa e os da naçãoâ€? Referia-se ao Quinto Mandamento: “Honrar pai e mĂŁeâ€?.
EspĂrito Santo em nossa consciĂŞncia. Render-se ou nĂŁo Ă condição de ilegalidade estabelecida passa a ser opcional. Em Atos 5.29, tambĂŠm hĂĄ outro texto elucidativo: “EntĂŁo, Pedro e os demais apĂłstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.â€? O SinĂŠdrio nĂŁo os acusava apenas por pregarem o evangelho, mas que o “sangue desse homemâ€? lhes era imputado como responsabilidade. Em alguns momentos, os apĂłstolos, ao mesmo tempo que pregavam, denunciavam os pecados das autoridades. Obviamente, isso nĂŁo deve ser o carro-chefe do viver cristĂŁo. Nossa pauta deve ser o Evangelho de Jesus Cristo sob Seu principal fundamento ĂŠtico, o Amor. Mas, como pastores a defender ovelhas, precisamos estar atentos a esses detalhes.
Nos dias de hoje, em menor grau, nĂŁo ĂŠ difĂcil ver a mesma atitude acontecer quando pregamos o respeito Ă s autoridades sem analisar com maior profundidade o que estĂĄ acontecendo com os fatos. É verdade que em Romanos 13.1-7, o apĂłstolo Paulo diz que “Todo homem esteja sujeito Ă s autoridades superiores; porque nĂŁo hĂĄ autoridade que nĂŁo proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituĂdas.â€?, seguindo diversas recomendaçþes do viver como cidadĂŁo. A palavra original para a tradução “esteja sujeitoâ€? ĂŠ hypotasso que retoma ao do soldado que se alista para a guerra, a sujeição dos demĂ´nios ao cristĂŁo e da esposa ao seu marido. O que nos faz pensar se esta sujeição ĂŠ geral e irrestrita, por tudo e qualquer coisa. Certamente que nĂŁo. A obediĂŞncia Ă autoridade deve estar balizada por um parâmetro de legalidade. Um soldado nĂŁo pode tirar a vida de alguĂŠm sem que as condiçþes para isto nĂŁo estejam sobre regras de engajamento claras, os demĂ´nios sĂł se submetem quando estamos cheios do EspĂrito Santo e a mulher nĂŁo estĂĄ aĂ para fazer qualquer coisa que o marido quiser.
Deus disse a MoisĂŠs que libertasse o Seu povo da Terra do Egito. Imagine que isto significava estar alĂŠm de toda ordem estabelecida da ĂŠpoca. MoisĂŠs foi lĂĄ e libertou o povo. Quando tentou fazĂŞ-lo de moto prĂłprio, segundo sua justiça pessoal, sĂł cometeu um assassinato. Quando fez direcionado por Deus, os conduziu Ă terra de CanaĂŁ. A diferença bĂĄsica era que na primeira tentativa de libertação, MoisĂŠs agiu fora da vontade de Deus, o que dirĂamos hoje, fora da anĂĄlise do EspĂrito Santo em sua vida. Quando, porĂŠm, atravessou o Mar Vermelho, estava sob a direção de Deus. É verdade que cada autoridade, principalmente de uma nação, cumpre seu papel na histĂłria conforme a vontade
Quando a autoridade perde a condição da legalidade, a obediĂŞncia passa ocorrer pelo viĂŠs analĂtico da atuação do 23
de Deus. Mas não esqueçamos de que mesmo quando Israel cumpria um desígnio de Deus como escravos de Faraó, Deus não deixou de endurecer-lhe o coração. Quando Israel esteve escravo em Babilônia, Deus não deixou de dizer “Ai de Babilônia!” Não podemos confundir a teologia aplicada à filosofia da história com a noção de reta justiça.
pouco sobre a obediência total e irrestrita à autoridade nazista sem observar princípios simples da legalidade e bom senso. Os cristãos verdadeiros devem ser os melhores cidadãos. Devem prezar sempre pela ordem, respeito, pela paz social, pela liberdade de expressão, pelo bom relacionamento entre os homens e em sociedade e também para que o Estado cumpra o papel que lhes é destinado: de proteger a família, manter a ordem e o progresso da nação.
Se os alemães tivessem parado um pouco para pensar que o autor do Grande Catecismo foi o fundador da Reforma Protestante quando se colocou adversário de uma ordem que se estabelecera, talvez tivessem pensado um
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ LIVRO EM ĂŠNFASE
Livro: O Futuro da Justificação John Piper, O Futuro da Justificação: Uma Resposta a N. T. Wright. Niterói, RJ: Editora Tempo de Colheita, 2011. Resenha por Diego R. O. Ramos
O Futuro da Justificação ĂŠ a resposta de John Piper Ă volumosa promoção popular de N. T. Wright da corrente teolĂłgica relativamente recente conhecida como Nova Perspectiva sobre Paulo (NPP). Embora Wright nĂŁo seja pioneiro neste assunto, a escolha de Wright por parte de Piper foi uma excelente decisĂŁo. Afinal, leitores leigos provavelmente irĂŁo buscar ler N. T. Wright sobre este assunto, ao invĂŠs de James Dunn ou E. P. Sanders, que escrevem em um nĂvel mais acadĂŞmico.
Piper prossegue a confrontar definição de Wright de justificação como uma declaração de que uma pessoa estĂĄ na famĂlia da aliança de Deus. Ao apontar para Romanos 3:4 e 1 TimĂłteo 3:16 como exemplos, Piper mostra que hĂĄ casos em que a definição de Wright do verbo “justificarâ€? nĂŁo se aplica. O autor aponta o entendimento errado (ou seria argumento do “espantalhoâ€? proposital?) de Wright da visĂŁo histĂłrica da justificação como sendo, supostamente, um processo pelo qual, ou um momento no qual uma pessoa ĂŠ trazida Ă fĂŠ. Piper argumenta com sucesso que a justificação, como biblicamente e historicamente compreendida, â€œĂŠ parte do fundamento, e nĂŁo a declaração, de membresia salvĂfica da aliançaâ€? (p. 43 da versĂŁo em inglĂŞs).
Uma das primeiras coisas que eu devo realçar no livro de Piper ĂŠ o tom respeitoso e amigĂĄvel que ĂŠ caracterĂstico e que ele estabelece desde o inĂcio. Piper nĂŁo acusa Wright de ensinar outro evangelho, mas com firmeza, expĂľe o perigo de confusĂŁo que a linguagem muitas vezes ambĂgua de Wright pode produzir. Piper tambĂŠm demonstrou precaução em uma das coisas pelas quais Wright ĂŠ mais elogiado: sua iniciativa de ir alĂŠm da Reforma atĂŠ as fontes do primeiro sĂŠculo. Piper aponta acertadamente que tal esforço, conquanto legĂtimo e louvĂĄvel, nĂŁo constitui garantia automĂĄtica de que vamos chegar a um melhor entendimento do texto bĂblico. Na verdade, existe o perigo de distorcer e tentar silenciar o que o NT diz se estas fontes forem usadas inadvertidamente, como tem acontecido com as buscas pelo Jesus HistĂłrico. Piper, entĂŁo, conclama a nova geração de pregadores e teĂłlogos a equilibrar a abertura a novas luzes que possam iluminar o nosso entendimento da Palavra de Deus, com a suspeita de mero amor por novidades.
Outra crĂtica importante que Piper faz a compreensĂŁo de Wright da justificação ĂŠ que este coloca muita ĂŞnfase no aspecto futuro dela. O autor mostra de forma conclusiva que a ĂŞnfase primordial deve estar na justificação como algo que ĂŠ presentemente verdadeiro. Mesmo em muitas passagens em que o tempo futuro ĂŠ usado para o verbo “justificarâ€?, um futuro imediato estĂĄ em vista, nĂŁo um futuro escatolĂłgico como advoga a NPP. Piper tambĂŠm responde Ă negação crucial por parte de Wright de que o evangelho seja um relato de como as pessoas sĂŁo salvas. No mais estreito dos sentidos, a afirmação de Wright pode possuir algo de verdade. Mas quando Wright faz uma dissociação nĂtida entre justificação e a mensagem do evangelho, Piper mostra, com base em Atos 13: 38–48, que a justificação ĂŠ, de fato, parte da apresentação do
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evangelho de Paulo, e não somente a morte e ressurreição de Jesus, como Wright sugere.
examina várias passagens cruciais que fazem dessa compreensão de Wright da justificação um absurdo. Piper mostra como Wright descarta textos claros como 2 Coríntios 5:21, e como o próprio Wright faz uma concessão importante de que o Novo Testamento fala da “justiça imputada de Cristo” em 1 Coríntios 1:30.
Ao discutir o lugar das nossas obras na justificação, Piper destaca novamente a ambiguidade de Wright no uso de termos como “com base em” e “de acordo com”. Ele observa novamente entendimento errado de Wright (ou seria argumento do “espantalho” proposital?) a respeito da compreensão reformada da justificação como, supostamente, não prestando muita atenção à relação entre a justificação e as obras. Piper cita várias confissões de fé históricas que falam de obras não como a base da nossa justificação futura (ou vindicação), mas como a prova e a confirmação de que uma pessoa já foi justificada com base na justiça de Cristo. Piper mostra até mesmo que o próprio entendimento Wright da relação entre fé e obras aparentemente se enquadra com a compreensão reformada.
Eu aprecio grandemente a adição de Piper de seis apêndices de Piper ao final do seu livro. Ele mostra claramente que o entendimento da justificação pela fé que ele defende não é apenas reacionário. O caso que ele constrói não é meramente uma polêmica contra N. T. Wright, mas algo claramente derivado de sua própria exegese cuidadosa do texto bíblico. Também é muito útil o fato de que, além das notas de rodapé detalhadas, ele dá uma lista das obras de Wright que ele citou. Além disso, os índices abrangentes de passagens bíblicas, pessoas e assuntos ao final do livro tornam muito fácil para o leitor encontrar um ponto de interesse específico no corpo do texto. Infelizmente este útil recurso é muitas vezes omitido pelas editoras brasileiras nas traduções de livros para o português.
Piper derruba o argumento de Wright de que o problema do judeu do primeiro século não era legalismo, no sentido de que as “obras da lei” eram vistas como a base para a membresia na aliança (i.e. justificação). Para Wright o problema era o etnocentrismo, isto é, a relutância em aceitar a fé em Cristo como único “distintivo” adequado para se tornar um membro da aliança dependente da graça (pp. 150–51 da versão em inglês). O autor mostra que esse entendimento ignora a própria visão pré-cristã de Paulo de si mesmo como um fariseu; ignora também o fato de que Romanos 10:3–4 diz que o judeu do primeiro século estava procurando estabelecer a sua própria justiça; e ignora o fato de que o legalismo e etnocentrismo derivam da mesma raiz problemática, a saber, o senso de autojustiça.
Na minha opinião, Piper fez um ótimo trabalho em expor alguns dos pontos de vista excêntricos e a linguagem ambígua de Wright que podem levar à confusão em uma doutrina crucial da fé cristã. Piper sempre foi muito sóbrio, e polido, em nenhum momento acusando seu oponente de heresia, mas mostrando que Wright é culpado de falta de clareza, o que pode levar os incautos a sérios tropeços doutrinários e, consequentemente, práticos. Assim, eu considero O Futuro da Justificação uma leitura essencial tanto para líderes cristãos como para leigos. No entanto, antes de ler este livro eu recomendaria alguma interação em primeira mão com as próprias obras de Wright, para que o leitor possa ter uma melhor apreciação da argumentação e da cautela de Piper.
No último capítulo, Piper mostra que a compreensão de N. T Wright da justificação como fidelidade à aliança de Deus torna absurdo falar de uma doutrina de imputação, o que Wright claramente admite. A fim de defender a doutrina da imputação da justiça, o que é possível e razoável pela união do crente com Cristo pela fé, Piper
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đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ đ&#x;”˛ DEVOCIONAL EM ĂŠNFASE
Olhe para Jesus Cristo! Olhe! Por Dennis Salgado
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undada no final do sĂŠculo dezenove em uma pequena cidade americana, uma igreja Presbiteriana começou a enfrentar conflitos internos em 1911. Na ĂŠpoca, ela tinha cerca de cento e cinquenta membros. A primeira dificuldade surgiu enquanto os membros discutiam se a oferta deveria ser recolhida antes ou depois da pregação. Quatro anos depois, a igreja passou por outra divisĂŁo. Entre os anos de 1915 e 1929, essa congregação passou por mais sete outras divisĂľes por motivos diversos. Em 1931, em decorrĂŞncia de uma sĂŠrie de divisĂľes, o nome da igreja expandiu: ela passou a ser chamada de “Terceira Igreja Presbiteriana Reformada Westminster Trinitariana Aliancistaâ€?. Entre 1931 e 1975, mais divisĂľes ocorreram devido a discussĂľes sobre liberalismo prĂĄtico e teolĂłgico que afetavam a denominação. Acredite se quiser, desde 1975, essa igreja se dividiu mais quarenta e oito vezes. Um dos grupos dissidentes acabou fundando a “Igreja Presbiteriana Totalmente Reformada Aliancista Westministeriana Sabatariana Reguladora da Ceia Particular Amilenista Pressuposicionalistaâ€?! Imagine ser membro dessa igreja. “Seja bemvindo Ă IPTRAWSRCPAP!â€? Uma coisa ĂŠ certa: ninguĂŠm seria voluntĂĄrio para servir no comitĂŞ de recepção! Um dos pastores dessa igreja afirmou: “Acho que finalmente acertamos as coisas. Temos uma igreja cem por cento pura na doutrina; atĂŠ aumentamos para seis pessoas nos cultos de domingo agora. Sei que nĂşmeros nĂŁo importam, mas queremos crescer um pouco mais.â€?
O problema de divisĂŁo entre grupos de pessoas nĂŁo ĂŠ um problema recente. Podemos ver, por exemplo, que, no Antigo Testamento, os israelitas nĂŁo conseguiram permanecer juntos. EntĂŁo, dividiram o reino entre Samaria no Norte e JudĂĄ no Sul (1 Reis 12). Se formos ao Novo Testamento, vemos que homens piedosos e atĂŠ mesmo apĂłstolos, como Paulo e BarnabĂŠ, entraram em conflito e se separaram (Atos 15). Portanto, como era de se esperar, esse problema de divisĂŁo interna tambĂŠm afetaria a igreja primitiva. Uma das vĂtimas foi a igreja em Corinto. Segundo um relato formal enviado a Paulo pelos membros da casa de Cloe, a igreja estava dividida em quatro facçþes, cada uma seguindo a sabedoria humana ao invĂŠs de a sabedoria de Deus—a mensagem da cruz. Finalmente, alguĂŠm tomou a sĂĄbia decisĂŁo de convocar atenção apostĂłlica, o que ocasionou a escrita de 1 CorĂntios. Fico apenas imaginando vĂĄrias pessoas na igreja dizendo: “Olha ali aquele pessoal da famĂlia de Cloe‌ um bando de fofoqueiros.â€? Paulo, entĂŁo, nos quatro primeiros capĂtulos da carta, repreende os irmĂŁos severamente por causa do partidarismo. Em resumo, Paulo diz no capĂtulo 1: “Existem divisĂľes em seu meio porque vocĂŞs seguem a sabedoria humana e nĂŁo a sabedoria de Deus revelada na mensagem da cruz.â€? No capĂtulo 2, o apĂłstolo diz: “Os descrentes sĂŁo incapazes de seguir a sabedoria de Deus porque nĂŁo tĂŞm o EspĂrito de Deus. Os crentes, por outro lado, possuem o EspĂrito de Deus. Portanto, eles seguem a sabedoria de Deus.â€? No capĂtulo 3, Paulo resume sua discussĂŁo sobre divisĂľes, ensinando-nos nos vv. 1–9 uma verdade muito importante: “Deus chama os crentes para viver em unidade pelo EspĂrito. â€?
Conflitos na igreja que findam em divisþes são bastante comuns e eles não se limitam aos presbiterianos, os quais são irmãos em Cristo e quem honestamente respeito. Na verdade, de acordo com uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo Fórum de Conflitos em Igrejas, mais de dezenove mil congregaçþes passam por grandes disputas internas todo ano. Somente dois por cento dos conflitos envolvem questþes doutrinårias; noventa e oito por cento das demais disputas estão ligadas a questþes interpessoais. Em muitos casos, as igrejas não conseguem superar os conflitos; então, tomam a rota mais fåcil: a divisão.
Contudo, ficamos confusos porque a realidade em Corinto era outra e a realidade de muitas igrejas tambĂŠm contradiz essa verdade. Como isso ĂŠ possĂvel? Como crentes que possuem o EspĂrito de Deus podem se destruir em partidarismo em espĂrito faccioso? Paulo nos ajuda a resolver esse empasse ao responder a duas perguntas relacionadas a divisĂľes na igreja. A primeira pergunta ĂŠ,
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“O Que Causa Divisões na Igreja?” nos versos 1–4. De acordo com Paulo, o elemento que causa divisão na igreja é uma mente voltada para a carne ou carnalidade.
A carnalidade dos irmãos em Corinto era caracterizada não somente por imaturidade espiritual, mas também por um conhecimento deficiente da Palavra de Deus (vv. 2– 3a). Paulo diz: “Vocês querem uma prova de que são crentes imaturos que seguem a carne e não o Espírito? Sua dieta! Vocês não conseguem comer alimentos sólidos ainda, mas apenas leite como um bebê.”
Teoricamente, o descrente é o que vive segundo a carne ao agir conforme a sua natureza; o crente vive segundo o Espírito ao agir conforme sua nova natureza em Cristo. Porém, o autor chama a atenção para a realidade de que nem todos os crentes vivem uma vida de acordo com o padrão do Espírito Santo; apesar de estarem em Cristo posicionalmente, eles não vivem na prática as implicações dessa posição. Isso explica a presença do vocativo irmãos, o qual é um recurso retórico designado a dirigir a atenção do leitor para a informação importante que o segue.
O autor de Hebreus nos ajuda a entender a analogia de Paulo ao escrever em 5.12–14: “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.”
Paulo chama os coríntios de carnais. A palavra grega é sarkinos, a qual descreve um caráter ou comportamento fraco e pecaminoso; esse comportamento é contrastado com o que é “espiritual.” Paulo geralmente fala da carne como se ela fosse uma entidade vivendo dentro de nós. Quando o NT fala da carne em contraste com o Espírito, ele se refere à natureza pecaminosa do pecador. Até mesmo o crente regenerado, sendo habitado pelo Espírito Santo, possui essa natureza pecaminosa. Ficaremos finalmente livres dessa natureza pecaminosa quando tivermos nossos corpos glorificados por ocasião da volta de Cristo ou da ressurreição. Enquanto isso, contudo, existe uma constante guerra dentro de nós entre duas vontades: a vontade do Espírito de Deus e a nossa vontade caída. Somos constantemente instados no NT a mortificar a carne e seus feitos e a viver sob o controle absoluto do Espírito Santo.
Segundo essa passagem, o leite representa os princípios básicos da revelação de Deus; o alimento sólido representa o conteúdo das doutrinas de Deus que permitem que um indivíduo se torne um instrutor das verdades bíblicas. Como bebês, todavia, os crentes de Corinto não estavam prontos para “comer carne;” eles se contentavam em receber somente leite. Por esse motivo, não havia crescimento espiritual. O crente que não manifesta desejo algum de crescer no conhecimento da Palavra de Deus revela que pende para a carnalidade e, portanto, permanece espiritualmente imaturo.
Neste ponto, precisamos esclarecer uma questão. Alguns afirmam que Paulo ensina nesse texto que existem dois tipos de crentes: o crente carnal e o crente espiritual. Essa dicotomia está incorreta. Então, o que Paulo quer dizer com crente carnal? Ele mesmo fornece no texto algumas características da carnalidade desses irmãos.
Outra característica da carnalidade dos irmãos em Corinto era ciúmes e contendas (vv. 3– 4). “Ciúmes” ou “inveja” significa “sentimentos negativos constantes por causa do sucesso do próximo.” Esse sentimento produz a ação da contenda, da rivalidade, da discórdia e do partidarismo.
Uma delas é a imaturidade espiritual (v.1). O termo crianças deixa isso evidente. No mundo físico, certas crianças não manifestam o desenvolvimento adequado de determinadas faculdades mentais e motoras. Os pais se preocupam e buscam rapidamente remediar a situação. Semelhantemente, no mundo espiritual também existem casos de falta de progresso e desenvolvimento. Contudo, em muitos casos, os crentes não buscam corrigir tal retardamento com a mesma seriedade com que encaram um retardamento físico, permanecendo em uma perpétua infância espiritual. Paulo fala de maneira severa e afirma: “Vocês são anomalias espirituais!” De fato, o crente que não cresce na fé é uma anomalia.
O ciúme dos irmãos em Corinto resultou em contendas, as quais, por sua vez, produziram divisões dentro daquele grupo. A verdade é que eles se dividiram na igreja porque já haviam se dividido em seus corações! Cada um seguia suas próprias preferências em nome do Evangelho, esbanjando, assim, ignorância quanto a muitos ensinos das Escrituras. O crente que segue sua própria carne não tem desejo de conhecer a Palavra de Deus e ainda cultiva pecado em seu coração. Esse pecado, por fim, destrói a igreja local.
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Paulo fala para os coríntios, “A carnalidade é a razão principal por que há divisões em seu meio. Mesmo que sejam salvos e apesar de terem o Espírito de Deus vivendo em seu meio, vocês ainda seguem a carne. Apesar de saberem que “Deus chama os crentes para viver em unidade pelo Espírito,” vocês têm transformado a igreja em microrganismos independentes e hostis, violando a verdade absoluta da unidade de Deus.”
privados corroem o organismo da igreja. Se a sua mentalidade não é a de viver em unidade com a igreja, então a igreja não é o seu lugar. Encorajo você a se arrepender de seu espírito faccioso e mudar de atitude. A boa notícia é que Paulo não nos deixa assim. Depois de responder à pergunta, “O Que Causa Divisões na Igreja?”, Paulo responde a uma segunda pergunta que nos ajuda a remediar o problema da divisão. A resposta também nos auxilia a entender melhor o princípio que “Deus chama os crentes para viver em unidade pelo Espírito.” A segunda pergunta que ele responde é, “Como Resolver o Problema de Divisão na Igreja” (vv.5–9). A solução para esse problema é a espiritualidade.
Portanto, respondendo à primeira pergunta, “O Que Causa Divisões na Igreja?”: carnalidade. Crentes carnais não formam uma segunda categoria de crentes. Eles são crentes imaturos, com pouco conhecimento da Palavra de Deus, e que são consumidos de ciúmes engendram contendas.
No caso dos coríntios, as facções na igreja estavam associadas ao que podemos chamar de lealdade a homens ao invés de fidelidade a Deus. Os coríntios tinham um problema de perspectiva e um ajuste adequado dessa perspectiva conduziria à espiritualidade, o que colocaria fim à carnalidade e, consequentemente, às divisões.
Meu pastor e professor Stephen Davey relata em seu comentário em Tito uma história que o antigo professor Dwight Pentecost conta sobre uma divisão em uma igreja. A divisão foi tão séria que ambas as facções se processaram na tentativa de expulsar a outra da igreja e ficar com o templo. O juiz removeu o caso do tribunal e a situação foi tratada em uma espécie de tribunal organizado pelos líderes da denominação. Quando esse tribunal tomou uma decisão e cedeu a propriedade para uma das facções, o partido perdedor se retirou e abriu uma igreja no mesmo bairro. O mais interessante—e trágico—é que, no decorrer do processo, a denominação descobriu a causa do conflito: tudo começou porque, em um jantar da igreja, um membro antigo recebeu um pedaço de carne menor do que o de um menino sentado ao seu lado. A partir daí, o problema só se agravou.
Os coríntios careciam de um ajuste de perspectiva em dois níveis. Primeiro, eles precisavam de um entendimento correto sobre líderes na igreja. Paulo começa o v. 5 com uma pergunta, na qual emprega uma conjunção que dirige a atenção do leitor para a resposta. Ele pergunta: “O que ou quem é Apolo? O que é Paulo?” Meros servos de Deus (vv. 5–9). O servo não é a fonte; ele apenas proclama a mensagem. A verdade é que eles também haviam sido objetos da graça de Deus. Paulo diz que tanto ele quanto Apolo eram servos pela graça de Deus somente, pois o Senhor os chamara para o serviço (v. 5b). E Deus deu a cada um uma tarefa diferente (v 5b).
É com esse tipo de coisa que Satanás se alegra. Com esse tipo de crente, Satanás tem pouquíssimo trabalho, pois ele já realiza muito bem a função do demônio. E deixe-me alertá-lo do seguinte: divisões na igreja ou grupos dificilmente ocorrem devido a um fator externo, uma heresia grotesca ou libertinagem prática. A estratégia predileta de Satanás ao dividir igrejas não é rachar a igreja de fora, mas de dentro. Conforme meu pastor diz: “Por que Satanás atacaria a igreja de fora se ele pode se juntar a ela?”
Para esclarecer ainda mais a realidade de que eles são meros servos de Deus, Paulo usa uma analogia da agricultura. Nessa metáfora do mundo agrícola, Paulo diz que ele é o que ara a terra e semeia; Apolo é o vem em seguida e rega o solo. Um fazendeiro precisa preparar a terra para que haja crescimento: arar, jogar adubo, plantar sementes, regar, tirar ervas daninhas e cultivar. Um homem pode fazer todas essas coisas. Entretanto, depois disso, não há nada mais que um fazendeiro possa fazer. Apesar de tanto esforço, ele não tem controle sobre o crescimento da safra, nem sobre a chuva ou sol. Tudo isso depende de Deus. Por isso que Paulo fala no verso 6: o crescimento veio de Deus.
O que você tem em seu coração que pode romper a unidade no corpo de Cristo? Quais são os desejos pecaminosos e carnais que você gosta tanto, mas que impedem seu crescimento espiritual, seu conhecimento da Palavra de Deus e que causam contendas? Talvez seja um relacionamento no qual está envolvido há muito tempo, ou a maneira como trata sua esposa e seus filhos, ou a desonestidade no seu trabalho que não glorifica a Deus, ou sua carreira acadêmica ou profissional que têm se tornado ídolos em sua vida. Não se engane: pecados pessoais e
Usando essa analogia, Paulo ensina a igreja em Corinto que o sucesso do ministério não depende das habilidades
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do trabalhador. Eles são incapazes de fazer algo crescer, o que é, afinal, o que realmente importa.
para o púlpito. Spurgeon comentou o seguinte sobre esse evento:
Ainda na metáfora, Paulo fala no verso 8 que o que planta e o que rega são um. Em outras palavras, o que ara e o que rega são iguais; um não é melhor que o outro. Apesar de terem tarefas diferentes, eles se complementam, não competem entre si. Entre eles, não existe rivalidade. Paulo pregou o Evangelho, Apolo ajudou a endoutrinar a igreja, mas Deus foi o responsável pelo crescimento. Se Deus decidisse que não continuaria, tudo o que Paulo e Apolo fizeram teria sido em vão.
Esse homem não tinha educação e mal sabia ler ou escrever. Ele pregou no texto, Olhai para mim e sede salvos… (Isaías 45.22). Ele se deteve no texto, pois não tinha muito mais a dizer. “Meus queridos amigos,” ele disse, “esse é um texto bem simples. O texto fala, ‘Olhai.’ Olhar não dói muito. Não é levantar o pé ou o dedo; é simplesmente, ‘Olhai.’ Bom, um homem não precisa estudar em uma universidade para aprender a olhar. Você pode ser a pessoa mais ignorante, mas ainda pode olhar. Ninguém precisa ser rico para poder olhar. Qualquer um pode olhar; até uma criança. Mas aí o texto fala, ‘Olhai para mim.’ Muitos de vocês estão olhando para si mesmos, mas não adianta olhar aí. Você nunca vai achar conforto algum em si mesmo… olhe para Cristo. O texto fala, ‘olhai para mim’.” Um dos homens que escreveu a biografia de Spurgeon disse que, depois de uns dez minutos de pregação, o pregador leigo tinha praticamente encerrado o que tinha para dizer. Daí, ele viu o jovem Spurgeon sentando lá atrás debaixo da galeria. Ele não o reconheceu, mas percebeu sua expressão abatida e falou para ele, “Jovem, você está com um semblante miserável. E você sempre será miserável—miserável na vida e na morte—se não obedecer esse texto; mas, se o obedecer agora, neste momento, você será salvo. Jovem, olhe para Jesus Cristo! Olhe! Olhe!”
Em resumo: os líderes de uma igreja são meros servos de Deus. Os resultados de seu trabalho dependem somente de Deus, pois são incapazes de fazer com que a igreja cresça. Os ministros cristãos são iguais e trabalham juntos para no serviço de Deus. Os coríntios careciam de um ajuste de perspectiva em dois níveis: primeiro, de um entendimento correto sobre líderes na igreja e, segundo, de um entendimento correto sobre quem Deus é. Um dos maiores exemplos de como Deus trabalha independentemente de habilidade humana é achado no livro de Jonas. Jonas, o profeta rebelde e pródigo, teria se tornado uma grande celebridade gospel nos nossos dias. Ele pregou a mensagem que conduziu à maior conversão em massa já registrada em todos os tempos. Contudo, Deus incluiu o capítulo 4 no livro de Jonas para que entendêssemos que é Ele quem produz frutos, não Seus ministros. De fato, Deus é o dono do campo (v.9). E isso destaca ainda mais a tolice dos coríntios ao prestarem sua lealdade aos servos ao invés de ao senhor do campo.
Esse foi o final da pregação. Mas o convite de Deus em Sua Palavra, embutido nessa simples pregação, penetrou o coração de Spurgeon. Naquele dia, ele olhou para Cristo, foi salvo e teve sua vida transformada. Não importa o que você é, quais são suas credenciais ou riquezas. Deus usa a mensagem da cruz para efetuar seus propósitos. O Evangelho é sempre o mesmo, permanece poderoso e sua eficácia é completamente independente do homem.
Será que a sua perspectiva está distorcida? Talvez seja a sua perspectiva sobre si mesmo, sua família, sobre sua igreja ou sua denominação. Encorajo-o: endireite sua perspectiva sobre Deus e sobre si mesmo. Jesus Cristo disse: “Sem mim, nada podeis fazer.” Veja bem: perspectivas distorcidas produzem vidas distorcidas e ministérios distorcidos.
Dessa forma, com uma perspectiva adequada sobre Deus e sobre Sua obra, você destruirá a sua carnalidade, substituindo-a com a espiritualidade adequada para cooperar com o princípio das Escrituras que afirma: Deus chama os crentes para viver em unidade pelo Espírito. Como você tem contribuído para viver essa verdade, ou como você tem obstruído a prática dessa verdade?
Charles Spurgeon, um dos maiores pregadores na história da igreja, foi salvo por uma simples mensagem do Evangelho. Ele era um jovem rapaz na época e tinha ido visitar uma congregação Metodista primitiva para ouvir a pregação de um homem sobre o qual ouvira falar —um pregador conhecido na época. Quando Spurgeon chegou à igreja—um pouco atrasado— ele descobriu que esse pregador famoso não pudera ir aquele domingo; a congregação tivera que convidar outro pregador. Na verdade, ninguém sabia onde estava esse pregador. De repente, um dos homens leigos da igreja se levantou e foi
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