Ano 8 N 0 38 R$ 4,50
A BELA NORUEGA
Vinhos A arte de harmonizar
CHEFS GAÚCHOS E SUAS RECEITAS PRECIOSAS ADEGAS
NOTA
DO
EDITOR
Tintos e densos
O clima gaúcho já não é mais o mesmo, não se pode mais confiar nas verdades outrora inquestionáveis sobre a alternância das estações aqui nestes pagos. Vezes sem conta, faz frio quando deveria estar calor e vice-versa. Então, esqueçamos momentaneamente o termômetro e vamos nos fixar na data: quando o meio do ano se aproxima, aqui no sul é época de frio. E esta é a senha para darmos início à temporada dos vinhos. Tintos, é claro, pois eles rimam com lareiras, boa comida, longas conversas, muito namoro. O tinto é inspirador, poético, denso. Perfeito para a estação. A Estilo Zaffari dedicou muitas páginas desta edição aos vinhos. Começamos falando de uma prática que já virou moda no mundo todo: a harmonização de vinhos e pratos. Hoje, não basta escolher uma iguaria deliciosa e um bom vinho. É preciso saber combiná-los! Para mostrar aos nossos leitores como funciona essa história de harmonização, Cris Berger esteve no Chile conversando com uma chef renomadíssima e com sommeliers experientes do nosso país vizinho (que, aliás, produz vinhos excepcionais). O resultado você pode conferir a partir da página 22, onde três receitas de Pilar Rodriguez aparecem deliciosamente harmonizadas com tintos de fabricação chilena. Os amantes dos vinhos, aqueles que sonham em acumular caixas e mais caixas de suas marcas preferidas, vão certamente apreciar a reportagem da seção Casa, que desvenda os segredos de duas das mais incríveis adegas do nosso Estado. Incríveis tanto sob o ponto de vista da qualidade do acervo como no que diz respeito às instalações. São adegas lindas, que você vai desejar ter em casa... Ainda em torno dos vinhos, temos a coluna “O Sabor e o Saber”, assinada por Fernando Lokschin, sempre um primor de sabedoria, cultura, idéias, informação, criatividade e, é claro, sabor. Nesta edição, Lokschin nos brinda com um texto inigualável de sua cepa e uma maravilhosa receita de peras ao vinho. Levando a cabeça e a alma pra passear, fomos até a Noruega. A bela, civilizada, acolhedora e interessante Noruega. País de paisagens radicais como os fiordes e de artistas grandiosos como Gustav Vigeland, cujas esculturas dão vida a praças e parques. A Noruega é uma surpresa a cada passo, seja por suas inigualáveis paisagens, seja pela cultura e civilidade que emanam de cada recanto e de cada cidadão local. Coloque esse país na sua lista de desejos. Será uma viagem e tanto. Ainda nesta edição, conheça mais três jovens chefs gaúchos e suas receitas prediletas. É a segunda parte de uma série de matérias que iniciamos em janeiro passado. Você vai ver como temos muitos e especiais talentos por estas paragens. Delicie-se com os pratos que eles recomendam e saboreie a sua revista. Um brinde ao frio!
OS EDITORES
Correio sob o sol da tosCana Sensacional a reportagem de Cris Berger sobre a Toscana. Passei apenas 6 dias nessa bela região e tive o previlégio de conhecer de perto seu povo, seus vinhos, seus costumes e encantos, e Cris descreve com brilhantismo ímpar como ela realmente é, bela e poética, difícil de partir sem ficar apaixonada por sua magia. A espetacular Siena com suas ruazinhas estreitas, a bela Piazza del Campo, em forma de leque, o Chianti com suas lindas paisagens... Ler tudo isso foi voltar um pouco no tempo. Além de tudo, a matéria está recheada com fotos incríveis! Parabéns! Helga Candiago – por e-mail
Obrigada, Helga! Respasseamos este teu e-mail para a Cris Berger e ela ficou muito feliz. É maravilhoso ter um retorno assim a respeito do trabalho que a gente faz. Por favor, continue nos prestigiando! Um grande abraço.
viajando Com a Cris Cada número da Estilo Zaffari confirma aquilo que já se sabe: a Cris Berger registra o mundo com competência e emoção, com imagens deliciosas e textos densos, informativos. Na Toscana, no Uruguay, no Chile, anywhere. E mais do que isso: ao capturar momentos mágicos de cada lugar onde vai, ela nos leva junto, nos mobilizando pela memória ou estimulando projetos. Nos faz viajar junto com ela. Uma sugestão: além de páginas internacionais, criar uma seção fixa: a cada número da revista enfocar uma região do nosso belo Rio Grande do Sul, com tantas diferentes paisagens e culturas. Abraços, marília ryff – moreira vianna portfolio Criação e produção de artes visuais ltda.
Prezada Marília, Já transmitimos os seus elogios à Cris Berger, que ficou radiante, é claro! Obrigada pela atenção e também por sua sugestão, que é muito bem-vinda. Temos procurado mostrar sempre os lugares bacanas do Rio Grande do Sul, mas talvez seja o caso de realmente criar uma seção específica. É uma ótima idéia. Por favor, não deixe de nos escrever sempre que quiser sugerir, criticar ou solicitar algo, ok? Abraço.
superparabéns pela tosCana Prezada Editora: Compramos a revista Estilo Zaffari todos os meses. Se a Toscana já é bela, com as fotos e o texto ímpar da Cris Berger ficou ainda mais arrebatadora. Parece que estamos passeando pelo lugar e dá uma vontade imensa de sair correndo para lá. A reportagem ficou um luxo, para variar. Superparabéns pela super matéria sobre a Bela Toscana. Essas matérias sobre lugares no exterior estão excelentes, qualificando muito a revista, sempre se superando. Muito sucesso e sorte para a revista. Que o Zaffari continue com este investimento e estas excepcionais apresentações da revista. Sempre aguardamos, sedentos, a próxima edição. Dos clientes Zaffari e leitores da revista Estilo, telmo aparíCio silveira e andrea náCul
Prezados leitores, seu e-mail foi o melhor início de semana que poderíamos ter! Fiz circular pela nossa equipe a mensagem de vocês, para que todos pudessem aproveitar os elogios. A Cris Berger, que está no Chile fazendo novas reportagens, também recebeu uma cópia do e-mail e ficou muitíssimo feliz. A Toscana de fato é linda, e as fotos da Cris fazem justiça ao lugar. Nesta edição temos uma surpresa, um destino internacional muito lindo, que quase não aparece nas revistas. Aguardem! Esperamos contar sempre com vocês como leitores e observadores críticos do nosso trabalho, para que o padrão de qualidade se mantenha e possa ainda melhorar. Um grande abraço.
Que luxo! uma Carta Com elogios de franCis mallmann! Cris, me gusto mucho la nota...muy sentida... Siento que trabajaste mucho para hacerla y me siento muy honrado por la calidad de los textos y las fotos. Muy buen la diagramacion! Que más puedo decir? Muchas gracias. Beso grande. franCis mallmann – uruguai
edição esgotada... Gostaria de parabenizar esta maravilhosa revista, da qual sou fã, e aproveitar para solicitar o número 30, o único que falta na minha coleção. Espero que me enviem. Desde já agradeço. Um grande abraço a todos. janete maria ferreira – porto alegre
Janete, querida, infelizmente a Estilo Zaffari 30 está esgotada... Sentimos muito não poder atender a seu pedido, pois sempre fazemos de tudo para completar as coleções dos nossos leitores. Mas não sobrou sequer um exemplar pra contar a história... Esperamos que você não desanime e não desista de nos prestigiar, ok? Um grande abraço e desculpe!
martHa brilHante Olá pessoal da Estilo Zaffari: Sou colecionadora e tenho todos os números, o que é ótimo, já que faço anotações de todos os lugares interessantes que vocês indicam para um dia visitá-los. A revista sempre traz informações novas, mas às vezes precisamos ler o que estamos sentindo naquele momento, o que já é mais raro. Contudo, fui surpreendida pela crônica da Martha Medeiros, “Parar de pensar”. Era o que eu queria, e o texto está brilhante. Parabéns, e caso ela encontre um gênio, após ele voltar à lâmpada, deixe-a perto da minha casa. Sucesso a essa equipe de profissionais talentosos. gislaine paz Kaufmann.
Prezada Gislaine, vamos transmitir à Martha Medeiros este teu e-mail, para que ela também possa aproveitar o prazer de receber tantos elogios. De fato, aquela crônica da Martha foi maravilhosa, resumiu os desejos de quase todos nós... Obrigada pela atenção, continue acompanhando o nosso trabalho e manifestando suas opiniões sempre que possível, por favor. Um grande abraço!
volta, por favor! Voltei de uma semana em Porto Alegre lendo a Estilo Zaffari no avião. Nao sei se foi uma boa idéia pois a leitura me deixou ainda mais melancólico por estar deixando a cidade da minha vida, dos meus sonhos, dos meus amigos e dos meus amores, lendo uma publicação primorosa que demonstra na sua totalidade a maravilha que é viver em Porto Alegre. Quando, por razões profissionais, em 1999 deixei Porto Alegre para trabalhar no Rio de janeiro, lembro que a revista estava em seus primeiros momentos e já mostrava a que vinha. Agora, sete anos depois, fiquei impressionado com a qualidade de impressão e design, o bom gosto e o acerto na escolha dos temas. Sendo uma publicação do Rio Grande do Sul, traz informações de outros lugares do mundo tão interessantes como o nosso estado. Ainda neste último sábado, estive no Higienópolis para comprar aquelas “coisinhas” que se encontra apenas no nosso Zaffari. Disse à atendente que iria viajar com aquelas compras. Bastou. Foram logo providenciando uma caixa, que foi lacrada, identificada com meu nome e telefone, uma coisa de outro mundo. Comentei em voz alta: este é o Zaffari que eu conheço. Este é o melhor supermercado do Brasil. Ao ouvir, outra consumidora na fila do caixa comentou: “Do Brasil não, do mundo”. Eu só podia concordar. Porto Alegre se sofisticou muito nos últimos anos. Mas o Zaffari sempre foi sofisticado e impecável. Agora já tem uma revista e uma cidade a sua altura. Como podem ver, estou meio perdido, não sei se elogio a Revista ou o Zaffari. Na dúvida, fico com os dois. Um grande abraço e mandem notícias. Carlos j.a. fernandes – rio de janeiro
Carlos, volta pra cá, por favor!!! Como vamos viver sem um leitor e sem um cliente como você? Nós – o pessoal da Revista Estilo Zaffari e a equipe toda do Zaffari – queremos você aqui por perto, para que possamos ter a alegria de receber sua visita nas lojas Zaffari e e-mails tão carinhosos como esse. Não tem nada melhor do que isso, Carlos. Elogios sinceros são raros e extremamente valiosos. Nós ficamos comovidos, agradecidos e também cientes da nossa grande responsabilidade: é preciso manter a qualidade dos serviços que prestamos e ainda buscar o aperfeiçoamento, todos os dias, para que possamos ser merecedores de elogios como os seus. Muitíssimo obrigada!
Correio grande Colaborador Milene: Irretocável! Irresistível! Impecável! As fotos da Letícia dão um super brilho ao trabalho. Mais uma vez, muito obrigado por poder colaborar com a revista. Abraços zeCa amaral & eQuipe
admiração mútua Caros Milene e Equipe: Com muito prazer e orgulho encontrei na última Estilo Zaffari elogiosas referências ao Las Dunas, empreendimento desenvolvido pela Arcádia e pela Báril em Xangri-lá, RS. Elogios são sempre bons de se receber, mas quanto maior o respeito e o apreço que temos por quem nos elogia, mais importantes se tornam os elogios. A Estilo Zaffari é das publicações mais sérias, bonitas, charmosas e gostosas de se ler do mercado editorial brasileiro. Como leitor, muitas vezes acabo não deixando o “super” prá amanhã só porque fico ansioso pela última edição. Espero que meus comentários em relação à revista causem em vocês o mesmo efeito que a nota sobre o Las Dunas causou em mim: vontade de produzir cada vez mais e melhor! Parabéns! Muito obrigado e abraços a todos, fábio sClovsKy– arCadia urbanismo
Prezado Fábio: Foi um prazer escrever a respeito do Las Dunas. A Estilo Zaffari sempre coloca em suas páginas matérias sobre pessoas, objetos, lugares, comidas que são realmente especiais, que são “pontos fora da curva”. O Las Dunas é um exemplo perfeito, fez por merecer a citação. O trabalho de vocês no ramo imobiliário é muito especial, tem grandes méritos e merece reconhecimento. De nossa parte, adoramos seus comentários sobre a Estilo. Nos fizeram sentir exatamente da forma que você descreve: um elogio vindo de alguém que a gente admira e respeita é muito mais que um elogio, é um presente. Obrigada, um abraço.
Zeca, vira e mexe a gente acaba escolhendo um trabalho teu pra colocar na Estilo. Não é coincidência, é o teu grande talento que proporciona essas matérias lindas. Parabéns pra ti também e muito obrigada. Um abraço!
dúvida na reCeita Meninas! Foi com imenso prazer que eu e meu marido lemos o número mais recente da revista. Como sempre a Cris Berger arrasou na reportagem de viagem, aumentando a lista dos lugares que sonhamos conhecer e fazendo eu me apaixonar por lugares que antes nunca pensei em ir! Amo chocolate e fiquei com água na boca ao ler a deliciosa reportagem. Mas gostaria de esclarecer uma dúvida: na receita Crepe de Chocolate da Velha Bruxa, a foto mostra uma massa escurinha e a receita da mesma não leva chocolate... é assim mesmo? Obrigada pela atenção e abraços para todos! juliana fleCK – ivoti/rs
Oi Juliana, tudo bem? Falamos com o pessoal da Prawer e eles explicaram que a massa é escurinha, pois deve assar até dourar bem. Além disso, é o açúcar que contribui para essa coloração, ok? O chocolate só vai no recheio mesmo, como aparece na receita. Bem, se você precisar de mais alguma informação, estamos à disposição. E obrigada pelos elogios à Estilo Zaffari e às matérias da Cris Berger. Estamos muito satisfeitos com o retorno positivo que o trabalho da Cris têm recebido dos nossos leitores. E, se vocês quiserem sugerir alguma pauta de viagem, fiquem à vontade, ok? Na medida do possível, vamos atender aos pedidos. Um grande abraço.
Cotidiano m a r t h a
m E d E i r o S
Eu, Ela E mErCEdES
Somos múltiplas dentro de nós mesmas, muitas mulheres em uma! Lilia Cabral entra no palco, altíssima e altiva. Pousa seus olhos verdes na platéia e, antes mesmo de emitir uma única palavra, já tem o público na mão, hipnótico. Penso: ela é Mercedes. Não, eu sou Mercedes. Bobagem, Mercedes não existe, é ficção. Mercedes é o personagem central do meu livro Divã, que deu origem à peça. Já assisti ao espetáculo sete vezes e ainda hoje me divirto, me emociono e o principal: me confundo. Quem são todas estas mulheres numa só, Lilia, Martha e Mercedes? Costumamos dizer que todos os homens são iguais, o que sugere que todas as mulheres são diferentes. Mas alto lá! Somos diferentes apenas dentro de nós mesmas, somos múltiplas cada uma. No sábado acordamos apaixonadas, no domingo já não temos tanta certeza. Uma hora damos uma exibição de lucidez e na outra só nos resta a camisa-de-força. Amamos nossos filhos, mas queremos jogá-los pela janela às vezes. Nos sentimos lindas num vestido preto e no dia seguinte nos sentimos gordas, gordas, gordas. A verdade: somos todas iguais em nossa própria loucura. Tem cura essa esquizofrenia? A cura está no humor. Porque, sem o riso, só nos resta o dramalhão, o excesso, o desperdício de energia com coisas que sabemos insolucionáveis por natureza. Jamais deixaremos de ficar excitadas diante do novo, somos todas virgens eternas, virgens marias, que acordam pela manhã sem saber que surpresa nos aguarda, 12
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perplexas diante das nossas fragilidades, do nosso embaraço, do nosso entusiasmo por aquilo que ainda não conhecemos. Virgens maduras, virgens malandras, virgens senhoras de si, mas virgens, sempre prontas a experimentar. Como fazer isso com seriedade militar? Impossível. É preciso se divertir com este emaranhado de sensações que nos atropelam diariamente. Por fora, todas sensatas. Por dentro, todas malucas. Então a gente ri muito das nossas reações descontroladas, dos nossos conselhos estapafúrdios (conselhos que nós mesmas jamais conseguiríamos seguir), da nossa vigilância eterna (a maioria das mulheres dorme com um olho fechado e o outro aberto), da nossa patetice diante de um homem bonito, das nossas exigências desumanas com a gente mesma, a gente ri até dos nossos acessos de choro, porque, se levarmos a sério todo este caleidoscópio emocional, estaremos promovendo nossas insanidadezinhas a um caso grave de patologia, estaremos assinando embaixo da nossa própria internação. E não queremos ficar internadas, queremos continuar soltas. E sortidas. E sortudas. Assistindo ao Divã, ficou claro que não havia só Lilia, mas várias mulheres em cima do palco, assim como várias mulheres na platéia e várias mulheres assentadas em mim: todas únicas e iguais em seus infinitos papéis.
martha mEdEiroS é ESCritora
Cesta básica NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS
FOTO: ANDRé NERy
E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA-A-DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MúSICA, CINEMA, lUGARES, OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINhAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!
FOTO: lETíCIA REMIÃO
SAMBA DElICADO Seis anos após seu último disco “Crônicas, Memórias e Declarações de Amor” e quatro anos após viver o sucesso de “Os Tribalistas”, Marisa Monte lança dois discos simultâneos e igualmente impecáveis. “Universo ao meu Redor” e “Infinito Particular” surgem como frutos da paixão da cantora carioca pelo samba de raiz e pela música genuinamente brasileira. A delicadeza é característica explícita nos dois álbuns que, segundo ela, se complementam. O primeiro, “Universo ao meu Redor”, é resultado do aprofundamento de seus conhecimentos sobre o samba e traz influências de bambas como Monarco, Paulinho da Viola e Dona Yvonne Lara, entre outros. “Infinito Particular” é marcado por uma levada mais pop e mergulha em composições de várias épocas, criadas com parceiros antigos como Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Seu Jorge e Nando Reis. Aos 38 anos e mãe pela primeira vez (seu filho Mano tem três anos), Marisa pontua a nova fase com o pé na estrada, em shows que lotaram casas de espetáculos em Curitiba e Porto Alegre e prometem virar sucesso de público e crítica em São Paulo e Rio de Janeiro, para onde segue a turnê antes de chegar a solo norte-americano. À venda na Livraria Cultura
DANIElA SANTAROSA, JORNAlISTA
FOTO: MARCElO NADDEO/DIVUlGAÇÃO
GAúChAS RECRIAM PF ChIqUE EM SÃO PAUlO Um corredor artístico de 12 metros separa a ruidosa São Paulo do interior lúdico do Maní. Em pleno bairro Jardim Paulistano, o paisagismo de pergolados e parreiras, por onde raios de sol descem suaves sobre mesas em azul hortênsia, dá um toque aconchegante ao restaurante. O clima se completa com a cozinha de tendência orgânica: leve e saudável, mas bem inspirada e sem exorcismos da carne, assinada pela chef gaúcha Helena Rizzo. À frente desse oásis de sabor, uma gaúcha ainda mais famosa, a modelo e atriz Fernanda Lima, em sociedade com outra conterrânea bem-sucedida, Giovanna Baggio, e Pedro Paulo Diniz. Para o almoço, uma recriação do Prato Feito, que fazia a glória nas praias catarinenses dos anos 70/80 (que saudade!). O PF dá direito a uma opção de principal – escolhi o peixe do dia, um SaintPierre com vinagrete de alhos e alecrim – e quatro acompanhamentos: adorei o ravióli de wanton, com ricota de búfala, verduras e pesto e o arroz de coco, atual febre paulistana. No cardápio a la carte, mil delícias: das lascas de polvilho do couvert ao risoto de beterraba, com pupunha, coalhada seca e azeite de trufas brancas.
VERA MOREIRA, JORNAlISTA
FIlhA DE PEIxE DEPOIS DO SUCESSO DO lANÇAMENTO DO lIVRO “JUJU NA COzINhA DO CARlOTA”, JUlIA PERNAMBUCO, FIlhA DA ChEF CARlA PERNAMBUCO, DO CARlOTA, lANÇA SEU SITE REChEADO DE DICAS DE NUTRIÇÃO E RECEITAS ChEIAS DE IMAGINAÇÃO. A IDéIA ANTECEDE UMA SéRIE DE NOVIDADES: AINDA ESTE ANO DEVE SER INAUGURADO UM NOVO ESPAÇO PARA CURSOS DE CUlINáRIA PARA CRIANÇAS E OUTRO ESPECIAl PARA EVENTOS. ClIqUE Já.: www.COzINhADAJUJU.COM.BR TETÊ PAChECO, PUBlICITáRIA
lETíCIA E UMA PONTE PARA TEREBIN Leticia Wierzchowski é uma magnífica contadora de histórias. Isso eu descobri há oito anos, quando ela lançou seu primeiro romance, “O Anjo e o Resto de Nós”. Era 1998 e lembro bem quando ela ligou pra minha casa e disse “nós duas estreiamos na mesma época, dividimos a mesma página numa matéria de jornal, que tal tomarmos um café?”. Essa é a Leticia... Alguém que não fica esperando as coisas acontecerem e que acaba de lançar “Uma Ponte para Terebin”, seu 10º livro. O novo livro conta a história do polonês Jan – o aventureiro avô de Leticia – que saiu de uma aldeia chamada Terebin, caminhou até Varsóvia e acabou no sul do Brasil em 1936. Como podemos ler na orelha do livro é “a história de um imigrante que tinha um sonho. A história de um soldado que viu o horror de perto. A história de um filho que ficou vinte e oito anos sem poder voltar para a casa. Uma ponte para Terebin é um romance sobre a vida e sobre as travessias sem volta. Um romance sobre a liberdade e sobre o preço que é preciso pagar por ela. Mas, acima de tudo, “Uma ponte para Terebin” é a história de uma caixa de retratos que, um dia, começaram a falar. Vá lá na livraria buscar o seu. Porque, antes de ser minha grande amiga, Leticia é uma grande escritora. PAUlA TAITElBAUM, ESCRITORA
CIClO DE ChEFS NO PONTA DOS GANChOS Após o sucesso em 2005, o Ponta dos Ganchos Exclusive Resort apresenta a lista de convidados para a segunda edição de um dos mais importantes e exclusivos eventos de gastronomia do país. A partir do dia 2 de junho, desembarcam no paradisíaco resort em Santa Catarina os mundialmente consagrados Jean Paul Bondoux, Alex Atala (foto acima), Pierre Troisgros (com a presença especial de seu filho, Claude Troisgros) e Paulo Martins para participar do “2º Ciclo de Chefs Ponta dos Ganchos”. Durante quatro finais de semana o resort vai reunir essas diferentes personalidades da gastronomia nacional e internacional. “A idéia dos encontros é oferecer aos nossos hóspedes a experiência única de conviver com alguns dos mais importantes chefs da gastronomia internacional e ainda saborear pratos exclusivos preparados por eles”, diz Nicolas Peluffo, diretor geral do resort. Serão quatro finais de semana especiais, cada um com chef particular e dois jantares. Os eventos são somente para hóspedes: apenas 19 casais irão desfrutar das maravilhas criadas por esses grandes chefs.
PláSTICO NATUREBA Já imaginou comer num prato que parece de madeira, tem aroma de madeira, mas é de plástico? Pois a Coza não só pensou nisso como acaba de lançar itens para mesa e decoração feitos com matéria-prima proveniente de fonte renovável. Batizada de Coza Bios, a linha é produzida com a adição de lignina – substância orgânica obtida no processo de separação da celulose – e fibras naturais como linho, cânhamo e sisal, injetados com polipropileno. O mais bacana é que pratos, sousplats e bandejas podem ir ao lava-louças, uma vantagem e tanto em relação aos pratos de madeira convencionais. Porém, ao contrário dos demais produtos Coza, esses não são recomendados para o microondas, devido à composição diferenciada. A linha Bios conta, ainda, com centro de mesa, argolas para guardanapo, cestos (de 10 litros, sete litros e cinco litros), revisteiro, mesa auxiliar e travessa retangular (que podem vir com um ou dois pratos de porcelana).
FOTO: NORIO ITO/DIVUlGAÇÃO
Cesta básica
AROMAS FINOS NUM VERDADEIRO BRANDy
FOTO: lETíCIA REMIÃO
DANIElA SANTAROSA, JORNAlISTA
Foram dois anos de movimentação intensa e absolutamente silenciosa no Vale do São Francisco. Estava em gestação um projeto ambicioso que foi conhecido no final de abril, em São Paulo. Um evento no Unique, com menu do chef Emmanuel Bassoleil, harmonizado com vinhos da espanhola Osborne e uma vibrante apresentação de flamenco, lançou o Brandy Osborne. A iniciativa é uma aliança das vinícolas brasileiras Miolo e Lovara com a maior produtora de brandy da Espanha. Os vinhedos da Fazenda Ouro Verde, banhados pelo escaldante sol nordestino, terão 1,2 milhão de litros de vinho fino – exclusivamente de uvas Moscatel – destinados para a produção inicial de 300 mil litros do brandy. As normas seguem o rigor do brandy europeu: 100% de uvas viníferas e envelhecido em barricas de carvalho. No Brasil, o “conhaque” é uma adaptação lingüística do francês Cognac – denominação de origem do destilado de vinho envelhecido – usada para definir aguardentes de cana de açúcar, adicionadas de substâncias como alcatrão e gengibre. Nada a ver com brandy ou conhaque fino e uma das metas da Miolo/Lovara/Osborne é uma forte campanha de informação sobre as diferenças entre essas bebidas e a superioridade do brandy.
VERA MOREIRA, JORNAlISTA
Consumo t e t ê
paC h e C o
teCnologia: modo de uSar Será que conseguimos viver off line?
Ninguém tem culpa. A tecnologia evoluiu numa velocidade assustadora. E, diante do susto de sermos repentinamente portadores de notebooks, palm tops, celulares, i pods, não estabelecemos regras de educação adequadas aos novos tempos. Me refiro a um mínimo de bom senso para percebermos que, embora a tecnologia favoreça o desempenho indivídual e extrapole o conceito do “estar sozinho”, ainda vivemos em sociedade. Estamos sendo obrigados a aprender tudo na prática – como na Idade da Pedra. No final do ano passado, fui assistir à palestra de Theodore Nelson, um dos inventores da internet, autor, entre outras coisinhas, da expressão hipertexto. Um senhor de 78 anos, no auge de sua capacitação intelectual. Ouvi dele uma das melhores definições de tecnologia a que já tive acesso. “Tecnologia não resolve tudo. É preciso lembrar que do outro lado daquela coisa tem um ser humano – e, como tal, evidentemente limitado, como eu ou você.” Cada vez que vejo alguém querendo atirar o celular na parede, com ódio porque o troço não pega, ou esmurrando o computador porque está sem internet, ou quando ouço um atendente de telemarketing dizendo: “Não vamos estar podendo resolver isso porque vamos estar ficando sem sistema nas próximas horas”, lembro do Ted Nelson. É impressionante como delegamos para a tecnologia a solução de todos os nossos problemas. E é igualmente impressionante como permanentemente nos frustramos com isso. Mas, se não podemos apreender 100% o conceito de que a tecnologia não está aí para resolver tudo – até porque desejamos muito que tudo esteja em permanente estado de resolução – pelo menos podemos começar a nos comportar como seres civilizados diante dela. Vamos lá: 1) Vamos prometer uns aos outros, solenemente, nunca mais falar aos gritos no celular , como se todos em volta participassem de uma espécie de Big Brother da nossa própria vida e estivessem sendo convidados a palpitar sobre nossa intimidade, que, a princípio, só diz
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respeito a nós mesmos? Vamos? 2) Vamos jurar nunca mais cantarolar música alguma – só porque temos o poder de nossos próprios Ipods – dentro do avião, no supermercado, na livraria, no trabalho, no carro ou onde quer que estejamos dividindo o espaço com pelo menos mais um ser humano? 3) Quando o avião decola não podemos falar ao celular, sob pena de estar colocando em risco a vida dos outros, certo? Ok. O mesmo vale para restaurantes, clubes, cinemas, teatros e qualquer lugar onde pelo menos uma pessoa, além de nós mesmos, estiver querendo se divertir. Vamos parar de colocar em risco a diversão alheia com nossas chatices pessoais? 4) Abrir o laptop em qualquer lugar e começar a téc-téc-téc no teclado é ou não é uma invasão de privacidade? Precisamos discutir esse assunto de forma mais ampla. Você querendo dormir no avião e no meio da noite um cara ansioso, sem tempo a perder, não consegue se desconectar nunca. Fica ali, só no téc-téc-téc. É insuportável. Estamos sendo insuportáveis com a gente mesmo com essa mania da absoluta conexão permamente. 5) Seria possível ficarmos um pouco sem ser encontrados? 6) Suportaríamos a idéia de ter que deixar um assunto de trabalho dentro do escritório? 7) Estamos aptos a não transformar a vida num videoclip com trilha sonora permamente? 8) Poderíamos, por um momento, viver off line, com alguma razoabilidade e adequação? Olho a minha volta, neste avião lotado de gente e me pergunto: seria possível para eu mesma parar de fazer este téc-téc-téc diante dos olhares críticos das poltronas 13 B e 13 C? Deveria ser. E, com a cara de pau que me é peculiar, desligo este troço.
tetê paCheCo é publiCitária
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A arte Harmonizar de
T E x To S
E
f oTo S
C R i S
b E R g E R
P E R f E i T A
HARmoniA EnTRE VinHoS E PRAToS
Vinhos, gastronomia, inverno. Três bons e fiéis companheiros. É justamente quando os termômetros despencam que apetece ainda mais abrir uma garrafa de vinho, se aventurar na cozinha e convidar os amigos para despretensiosas horas de bate papo em volta da mesa. Sem dúvida esta é a melhor estação do ano para aguçar os sentidos com as delícias do paladar. Para comemorar a chegada destes dias de inverno elegemos três finos vinhos chilenos do premiado Vale de Colchagua – eleito o melhor vale vitivinícola do mundo em 2005 pela conceituada revista especializada em vinhos “Wine Enthusiast” – e convidamos a chef Pilar Rodriguez, que já preparou dois jantares de gala na embaixada do Chile, em Washignton DC – em um deles tendo Plácido Domingos como convidado – para nos ensinar alguns segredos da arte de harmonizar vinhos e pratos.
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Entre o Pacífico e os Andes, uma chef de cozinha Ela foi diretora de marketing da Tommy Hilfiger. Costumava viajar dez meses por ano a trabalho e, durante uma década e meia, foi uma grande executiva. Um belo dia se deu conta de que precisava mudar sua vida radicalmente. Resolveu, então, juntar tudo o que viu e provou pelos quatro cantos do mundo e se tornar uma empresária da gastronomia. Movida por sua paixão pela culinária, foi estudar no L’École d’Art Culinaire Lê Cordon Bleu Paris. Ainda na França trabalhou com o grande chef Christian Lê Squer, do restaurante Ledoyen, que ostenta três estrelas no guia Michelin. Depois disso montou seu porto seguro na Praia de Pichilemu, litoral chileno, que faz parte de uma das mais importantes regiões produtoras de vinhos do Chile: Colchagua. Inspirada pelo Pacífico e pela Cordilheira dos Andes, hoje exerce sua grande paixão: cozinhar. Os principais ingredientes usados por ela são flexibilidade, balanço e harmonia entre sabores e texturas. Sua cozinha também é conhecida pela simplicidade. Quem tiver um pouquinho de experiência pode e deve copiar suas receitas. Estar ali perto das vinhas e trabalhar para elas fizeram com que Pilar adquirisse ainda mais intimidade com os vinhos e maior admiração por eles. Hoje ela é uma expert quando o assunto é harmonização. Seu grande diferencial? Seus pratos são feitos sob medida para cada tipo de vinho. “Meu trabalho está focado em cozinhar pensando nos vinhos e potencializar suas características. Cada vinho é distinto, cada colheita apresenta características diferentes. E é justa-
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mente isso que mais me atrai: descobrir um vinho e fazer um prato à sua medida”, conta Pilar. Feitos um para o outro “Harmonização”, a palavra por si só já seduz. É o ponto de equilíbrio, a supremacia, o apropriado. Para entender seu significado é preciso começar assimilando a idéia de um casamento feliz entre vinhos e pratos. Onde não existe o mais forte e, sim, o adequado. Uma espécie de casal perfeito. A idéia é complementar. Nenhum sabor pode sobressair, ou melhor, não deve. Não existem regras fixas, mas sábios conselhos nos ensinam a respeitar as características de cada um. Vinho e comida são feitos um para o outro. Claro que eles podem ser desfrutados em separado, mas seus potenciais crescem ainda mais quando saboreados juntos. Isso acontece porque o melhor de cada um ganha destaque. O vinho otimiza o sabor dos alimentos, da mesma forma que os ingredientes potencializam o sabor do vinho. Por isso nenhum deve sobressair. A idéia não é apagar as características individuais e sim otimizá-las. A isso pode-se se chamar um verdadeiro trabalho de equipe. Pilar, com sua vasta experiência, elege o vinho primeiro e depois elabora o prato. Para quem não entende tanto do assunto, mas tem seu lado gourmet, existem algumas dicas que ajudam a não errar. Palavra mágica: equilíbrio. Busque entender cada ingrediente e a estrutura do vinho a ser escolhido. Cada tipo de uva tem sua personalidade. Para esta reportagem escolhemos Cabernet
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HARmonizAção É EquilíbRio, ElA PRESSuPõE o CASAmEnTo fEliz EnTRE PRAToS E VinHoS Sauvignon, Malbec e Merlot, que casam muito bem com o cardápio preparado pela nossa chef. Ela levou em conta o inverno rigoroso do extremo sul do Brasil e deixou os pratos consistentes, com vinhos tintos de forte presença. Para eleger um tinto é necessário observar seu sabor, corpo e sua estrutura. Começamos com o Merlot, que é primo do Cabernet, porém, menos robusto, mais leve. Ele combina bem com as pastas, sobretudo quando acompanhadas de molhos vermelhos. O Cabernet Sauvignon é o clássico rei dos tintos. Possui grande corpo e estrutura. Robusto, mostra notas de frutas vermelhas, cassis, groselha e tabaco. Ele pede uma proteína e por isso ganhou o filé como acompanhante. Um Cabernet é um vinho que se sente com intensidade e que nos remete a uma experiência mais prolongada. Chegamos ao Malbec – uma especialidade da Viu Manent –, caracterizado por aromas intensos, remete a sabores picantes e ao mesmo tempo frutais, destaque para as frutas silvestres. Sua cor geralmente é púrpura, tem personalidade concentrada e agradável sabor. Podemos dizer que é um vinho sexy, que combina com carnes exóticas como a do avestruz.
Quebrando regras Não esquecendo dos brancos, vamos imaginar que o prato em questão seja um pescado suave de carne branca e crua. Seu par deve ser um vinho jovem e refrescante como um Sauvignon Blanc. Se ele for cozido, opte por um Chardonnay. Contraponto: a velha regra que diz “vinhos brancos vão com pescados, mariscos e carnes brancas, e os tintos, com carne vermelha” pode, de um minuto para o outro, deixar de existir se olharmos de forma mais atenta para os molhos e acompanhamentos de cada prato. Um molho encorpado recebe muito bem um tinto, mesmo que o prato seja um pescado. Se, em uma mesma refeição, mais de um vinho for servido, vale estar atento a uma hierarquia de intensidades. Comece com pratos mais delicados e leves até chegar aos mais pesados e saborosos. A mesma regra se aplica aos vinhos. Vale lembrar que não existem verdades universais quanto ao tema. O gosto pessoal deve ser levado em conta, afinal, o importante é passar bem e desfrutar os bons momentos da vida, pois, cá entre nós, muitos deles acabam acontecendo junto à mesa.
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filé de manteiga ao merquen 4 mEDAlHõES DE filÉ 4 ColHERES DE mAnTEigA 2 ColHERES DE mERquEn (TEmPERo inDígEnA Em Pó DE AlHo SECo E DEfumADo moíDo Com SEmEnTES DE CoEnTRo E SAl mARinHo) SAl E PimEnTA 2 ColHERES DE AzEiTE DE oliVA SAlADA DE ouTono 1 xíCARA DE RúCulA ½ xíCARA DE CogumEloS 1/4 xíCARA DE CEbolA VERmElHAS CoRTADAS Em TiRAS finAS
VinHo ElEiTo
1/4 xíCARA DE bETERRAbAS CoRTADAS à juliAnA
monTES AlPHA CAbERnET SAuVignon – ESTE CAbERnET TEm noTAS PiCAnTES E ARomA DE fRuTAS VERmElHAS, CHoColATE E mADEiRA. É um VinHo CoRPulEnTo quE PEDE umA PRoTEínA PARA AlCAnçAR o EquilíbRio. foi EnVElHECiDo 12 mESES Em CARVAlHo fRAnCêS.
1 ColHER DE VinAgRE bAlSâmiCo 2 ColHERES DE AzEiTE DE oliVA SAl E PimEnTA
Modo de fazer: Salada: Misturar todos os ingredientes, temperar com azeite oliva, pimenta e vinagre balsâmico. Filé: Esquentar a frigideira, colocar o azeite oliva e selar a carne por todos os lados, para obter uma carne suculenta e vermelha ao centro. Em uma vasilha misturar a manteiga com o Merquen e formar umas bolinhas pequenas.
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fettuccine de Calamar com Vegetais 300 g DE fARinHA DE TRigo SEm fERmEnTo 1 ColHER DE TinTA DE CAlAmAR PiTADA DE SAl 3 oVoS 2 ColHERES DE AzEiTE DE oliVA VEgETAiS 1 CEbolA gRoSSA CoRTADA Em 8 PARTES 1 PimEnTão VERmElHo 1 PimEnTão AmARElo 1 AbobRinHA iTAliAnA mÉDiA 1 xíCARA DE CogumEloS PARiS 2 ColHERES DE AzEiTE DE oliVA molHo 1 xíCARA DE AzEiTE DE oliVA 1 xíCARA DE TomATES SECoS, AmolECiDoS PREViAmEnTE Com águA quEnTE Modo de fazer o macarrão: Coloque em um recipiente a farinha e o sal, faça um buraco no centro e coloque os ovos levemente batidos, depois o azeite de oliva e a tinta de calamar. Una os ingredientes desde o centro para fora e trabalhe até obter uma massa homogênea. Deixe na geladeira por uma hora. Estique a massa com ajuda de uma máquina. Deixe-a secar pendurada e reserve-a até o cozimento.
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VinHo ElEiTo SAnTA CARolinA gRAnD RESERVA mERloT – Em gERAl AS mASSAS (Em ESPECiAl AS Com molHo VERmElHo) CombinAm Com o TiPo DE uVA mERloT. no CASo DESTA PASTA DE CAlAmAR, ESSE VinHo DA SAnTA CARolinA HARmonizA bEm Com SuA TExTuRA PoR SER ElEgAnTE E DE gRAnDE CoRPo. o TomATE SECo E o CHoRizo PoSSuEm óTimo EquilíbRio Com SEu ARomA E SAboR.
Modo de fazer os Vegetais: Em uma forma coloque os vegetais cortados, acrescente azeite de oliva, alho, sal e pimenta. Asse no forno pré-aquecido a 180°, por meia hora ou até que estejam dourados.Tire do forno e reserve. Modo de fazer o Molho: Em uma batedeira ou liquidificador coloque o azeite de oliva e os tomates desidratados. Bata até obter um molho espesso. Montagem: Cozinhe o macarrão por 3 minutos ou até que esteja al dente. Escorra e coloque um pouco de azeite de oliva fresco. Sirva no prato e faça um buraco no centro, coloque o molho de tomates secos e logo os vegetais assados.
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Avestruz com Redução de Tomates e Vinho 4 PEDAçoS DE AVESTRuz DE 220 g CADA SAl E PimEnTA; 2 ColHERES DE AzEiTE DE oliVA gRATinADo 4 bATATAS mÉDiAS CoRTADAS Em fATiAS finAS 1 xíCARA DE CREmE DE lEiTE SAl E PimEnTA; 2 TomATES mÉDioS quEijo RAlADo REDução DE TomATE E VinHo TinTo 1 liTRo DE VinHo TinTo joVEm SEm mADEiRA 1 xíCARA DE molHo DE TomATE 1 xíCARA DE CEbolA PiCADA SAl E PimEnTA; 1 PiTADA DE AçúCAR Modo de fazer Avestruz: Doure os pedaços de avestruz em uma frigideira quente com azeite de oliva e acrescente sal. Esse tipo de carne não pode cozinhar muito para que não perca seu sabor delicado. Sirva com gratinado de batatas e o molho em volta. Modo de fazer Redução: Em uma panela refogue a cebola até que fique levemente dourada, acrescente o vinho tinto e deixe cozinhar até que ferva, diminua o fogo e coloque 1/3 dos tomates, controle a acidez dos tomates com pitadas de açúcar, em seguida acrescente o molho de tomate e salgue. O resultado final deve ter a consistência de um molho com uma cor roxa escura.
VinHo ElEiTo Viu mAnEnT mAlbEC RESERVA – oS mAlbECS CoSTumAm SER TiPoS DE uVA DE SAboR E CoRPo inTEnSoS, Com fRuTAS VERmElHAS ESCuRAS E SAboRES quE REmETEm Ao SilVESTRE. o mAlbEC DA Viu mAnEnT AComPAnHA muiTo bEm ESTE PRATo PoR SuA inTEnSiDADE E EquilíbRio quE ESTAbElECE Com o AVESTRuz. o fATo DE ElE TER SiDo fEiTo nA CHAPA ofERECEu um ToquE lEVEmEnTE ToSTADo à CARnE, quE É muiTo bEm-VinDA nESSE CASAmEnTo Com o mAlbEC.
Modo de fazer Gratinado: Marine as batatas no creme por uma hora, corte os tomates em rodelas finas e tempere com sal e pimenta. Recheie as formas alternando com uma camada de batatas e outra de tomates, cubra com uma colher de creme e queijo ralado. Tape as formas com papel filme e cozinhe em forno aquecido a 180 graus por uma hora e meia. Para terminar o cozimento tire o papel filme e doure por 15 minutos. Deixe em repouso por dez minutos antes de servir.
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Preciosas
adegas P o r i r e n e m a r C o n d e s f oto s l e t Ă C i a r e m i ĂŁ o
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Garanta o envelheCimento Correto dos vinhos de sua adeGa
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As rolhas colecionadas ao longo dos anos preenchem os translúcidos bowls de vidro e não nos deixam esquecer as inúmeras comemorações que marcaram nossas vidas. Rótulos assinados pelos amigos nos encontros festivos transformam garrafas vazias em esculturas da nossa memória. Nas adegas, os exemplares que repousam tranqüilos aguardam as vitórias que ainda estão por vir. O vinho tem esta força: a da celebração da vida. A do brinde que transcende as mais diferentes culturas. E, justamente por ser uma bebida viva, precisa ficar conservada em ambientes que respeitem algumas premissas básicas como iluminação, umidade e temperatura. O renomado enólogo argentino Adolfo Lona, radicado no Brasil desde 1973, fornece algumas dicas valiosas para quem quer acertar na conservação de seus exemplares. “A adega ideal tem iluminação artificial acionada somente quando necessário. Deve ficar afastada de janelas ou de luz natural. A umidade pode variar entre 60% e 75%, que é quase natural no estado gaúcho. Já os termômetros devem marcar entre 14ºC e 16º C”, explica. Ele destaca que, no caso das adegas climatizadas, geralmente a parte inferior é mais fria e, por isso, é recomendável colocar espumantes e brancos embaixo, e os tintos, em cima. Tantos detalhes merecem uma escolha cuidadosa dos rótulos que farão parte do acervo. Alguns aspectos ajudam nessa decisão: “Por estarmos no Brasil e na principal região produtora de vinhos, vale a pena investir nos espumantes e nos tintos nacionais”, defende o enólogo. Outros exemplares que não podem faltar são os considerados emblemáticos de cada país. Ele sugere o Malbec e o Torrontés argentinos, os chilenos Cabernet Sauvignon, Carmenere e Sauvignon Blanc, o Tannat uruguaio, o Pinotage da África do Sul, o Shiraz da Austrália, o Sauvignon Blanc da Nova Zelândia e o Rioja da Espanha, entre outros da Itália e da França. As informações impressas nos rótulos também nos fornecem a identidade de cada exemplar. “A marca nos remete à vinícola; a variedade e a região nos indicam o estilo do vinho; e a safra e o conteúdo alcoólico nos antecipam as características da bebida”, revela. Mas ele finaliza dizendo: “O caminho mais certo, na verdade, é experimentar e aprender com os erros e acertos”. E, para que você possa montar sua adega particular com muito êxito, pedimos para dois restaurantes de Porto Alegre nos revelarem detalhes de suas cartas de vinhos e dos ambientes exclusivos onde repousam as garrafas.
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Peppo valoriza enoteca A casa dos anos 50, localizada no coração do sofisticado bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, recebeu uma reforma cuidadosa quando seus ambientes transformaram-se no atual restaurante italiano Peppo. “Todo o encanamento da residência é aparente, pois não queríamos mexer nos azulejos originais nem nas paredes”, conta Pedro Hoffmann, que, ao lado de sua esposa Andréia Martins, comanda o restaurante. Destaques como o parquê original do piso e o mármore carrara da entrada encantam os clientes. Mas a atração do momento é a adega climatizada, inaugurada no ano passado. “Aproveitamos o espaço de um antigo closet e montamos a nossa garrafeira”, conta. Com a ajuda do arquiteto Ivan Andrade, o ambiente de 4m² recebeu uma estrutura de ferro de construção com capacidade para 900 garrafas, além de um sistema de climatização que garante uma
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a q u i ,
o s
vinhos estão semPre ao alCanCe do seu olhar
temperatura constante de 16ºC. A porta original ganhou novos recortes, preenchidos com placas de vidro. “A idéia é que o cliente tenha visão da nossa adega e possa até escolher pessoalmente a garrafa que deseja consumir”, destaca Pedro. Só não estranhe se, ao percorrer os inúmeros rótulos deitados nas prateleiras, você não encontrar os exemplares brancos e os espumantes. Estes ficam acomodados num balcão refrigerado que garante a temperatura ideal de 10ºC a 12 ºC. “Nossa equipe domina profundamente a carta que temos na casa, com opções da Itália, Argentina, Chile, França, Espanha e Austrália. Sem falar nos nacionais, é claro”, garante. Mas, se você quiser uma dica do próprio Pedro, peça pelo rótulo italiano San Fabiano Calcinaia Cerviolo, da safra 2000, ou pelo chileno Cordillera Reserva, da safra 2001. Os pratos Ravióli di Rúcula e Uva Passa regado ao molho de funghi, damasco e conhaque, e Medaglioni Alle Fragole, coberto com morango e molho balsâmico, podem ser os acompanhamentos perfeitos para essa bebida tão divina.
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o tesouro do Pampulhinha A pesada porta de bronze que antes protegia o cofre de um tradicional banco de Porto Alegre agora preserva um bem tão ou mais precioso: o acervo composto por mais de 15 mil garrafas de vinho do tradicional restaurante Pampulhinha, inaugurado em 1971, na capital gaúcha. “Sem dúvida, somos a maior adega da cidade. Nosso estoque abriga mais de 80 mil garrafas, todas conservadas dentro dos rígidos padrões que o bom vinho exige”, garante o proprietário da casa, Jaime Pinheiro – um senhor português que passou sua infância entre os parreirais e as barricas de vinho produzidas pelo pai no norte de Portugal. A adega climatizada mantém uma temperatura constante de 15ºC na parte superior e de 18ºC na parte inferior. A umidade gira em torno de 60 a 70%. “Em cima, ficam os vinhos mais jovens e embaixo, os mais antigos, que apreciam temperaturas mais amenas”, explica Jaime. Repousando no escuro silencioso da cave, exemplares da década de 70, 80 e 90
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a P r e C i a d o r e s G a r a n t e m : e s t e é u m e s Pa ç o d e C o n t e m P l a ç ã o
aguardam a ocasião perfeita para serem consumidos. Rótulos como o Château Pétrus, de 1992, e o Vega Sicília, de 1989, seduzem os apreciadores desta bebida. “O vinho pode durar eternamente se tiver boa qualidade e procedência e se for envelhecido da maneira correta”, garante. A carta montada pelo restaurante contempla mais de 3 mil rótulos de todo o mundo, sendo que 700 deles são de origem portuguesa. Com tanta variedade, escolher a garrafa ideal pode parecer uma tarefa difícil. Por isso, aceite a ajuda dos experientes garçons e do próprio Jaime. “Temos opções maravilhosas de vinhos para acompanhar o tradicional Bacalhau à Moda da Casa – feito com a nobre posta norueguesa e regado com o puro azeite de oliva português”, sugere Jaime, que também é responsável pela cozinha do restaurante. Especializado em frutos do mar, o Pampulhinha resgatou os costumes e hábitos da culinária portuguesa, sempre renovada com os temperos e ingredientes do nosso país. Um casamento perfeito entre as duas pátrias desse chef luso-brasileiro.
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lO k s c h i n
VinhO, O espíritO da
houve sociedades sem escrita, sem roda, sem agricultura e O mundo ainda era grande e seus habitantes já compartilhavam aspectos comuns, alguns tão universais a sugerir hereditariedade: hábitos diurnos, tabu de incesto, linguagem, religiosidade, moralização do comportamento, prática de guerra, ritos funerários e uso do álcool. Houve sociedades sem escrita, sem roda, sem agricultura e sem fogo, mas não sem álcool. No deserto ou savana, montanha ou caverna, o homem tratou de obter uma bebida inebriante. Uma causa está no cérebro: a verdade nua e crua pede um bálsamo ocasional –TS Eliot dizia que o homem não tolera bem a realidade. Outra é o efeito purificador do álcool sobre a água; pessoas e povos que tomavam álcool cresceram e se multiplicaram mais, transmitindo esse traço genético. Herdamos o álcool, fomos selecionados para gostar dele. Se seus malefícios – e são tantos – fossem maiores que benefícios, a presença do álcool não seria tão marcada e disseminada. O nome botânico da videira reflete seu nobre destino: vitis vinifera, ‘vinha que traz o vinho’. Ao fim da maturação, enzimas de casca da uva agem sobre a polpa transformando açúcar em álcool. Essa é a gênese do vinho, um processo mais natural que o do pão, que exige fermento e forno. A civilização corre paralela à vitivinicultura: onde há vinho, há lei, não há barbárie. Para o romano, beleza, justiça e vinho jorram da mesma pipa. Evidência de nobreza, o vinho, mesmo deteriorado em vinagre (‘vinho acre, azedo’) é um conservante e tempero alimentar. “Quem teve a singular idéia de inventar a alegria?” pergunta Borges. A vinha é originária da Ásia, curiosamente a região do Monte de Ararat, onde Noé teria atracado sua arca. Após 40 dias de chuva e um ano cercado de água, suas primeiras providências foram plantar uma videira e tomar muito vinho, inclusive, ato típico de “bebum”, fazendo um strip-tease. O último dos patriarcas bíblicos tornou-se o primeiro dos borrachos. Patriarca da bacteriologia, Pasteur, o primeiro a estudar
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a fermentação da uva, dizia haver mais filosofia numa garrafa do que em uma biblioteca. Talvez não seja coincidência que os gregos, inventores da filosofia, sejam os pais do vinho: simpósio (G. sin, ‘juntos’; potes, ‘beber’), momento máximo do banquete, significa ‘beber juntos’. Para os gregos, até o mar era vinhoso e o sul da Itália, colônia grega, era Enotria, o ‘lugar do vinho’. Os gregos gostavam tanto do vinho que lhe deram um deus: beber era receber Dionísio, e a bebedeira, a expressão desta divindade, espécie de comunhão. Entusiasmo (G. entheosiamos) significa ‘deus dentro de si’ e descrevia originalmente esta embriaguês. Se a liturgia pagã previa muito vinho, o judaísmo tem um consumo continuado e moderado. A vinha, bem adaptada ao solo arenoso do Oriente Médio, é a planta mais citada na Bíblia, símbolo maior que o leite e o mel. Moisés morreu antes de chegar à Terra Prometida, mas soube de sua proximidade por um cacho de uvas. O cristianismo fundiu heranças judaicas e pagãs e manteve a sacralização do vinho, sangue de Cristo. Mas, se os deuses pagãos eram corpulentos, Jesus era magro. A dieta de Cristo, que vivia às margens orientais do mar, era mediterrânea: peixe, oliva, pão e, em momentos especiais, cordeiro e vinho. Sua religião nasce em torno desta dieta: Cristo, (tradução grega do H. messiah) ‘o untado (com óleo)’, é o cordeiro de Deus, o pão é seu corpo, o vinho é seu sangue e o fiel representado como peixe. O primeiro milagre de Jesus, realizado por insistência da mãe, foi a transformação da água em vinho numa festa de casamento, um rito de fertilidade. O cristianismo soube honrar tal tradição. Como os queijos, doces, verduras, frutas, cervejas e licores, as ordens cristãs foram as grandes responsáveis pela melhoria e difusão da vinha e do vinho. Os monges escolhiam o terroir das parreiras cheirando e comendo a terra. Os cisticercanos criaram o chardonnais, o chablis e o riesling. O inventor do champanha
reFeiçãO
peras aO pOrtO peras: Misturar ¹/² litrO de água, 1 xícara de
sem fogo. Mas não sem álcool
açúcar, 1 craVO, ½ taça de pOrtO. cOzinhar peras descascadas e seM seMentes. calda: aquecer 300g de nata Fresca eM banhO-Maria. acrescentar 250g de chOcOlate MeiO aMargO MOídO. Mexer até derreter beM.
FOtO: andré nery
foi um beneditino, Dom Perignon. Frei Junipero, franciscano, plantou a primeira vinha na Califórnia, e os jesuítas levaram o vinho aos Andes. João XXII criou o Chateauneuf du Pape e Urbano V excomungava quem exportasse o Beaune, seu vinho predileto. O Vinum Theologicum era o melhor vinho da região, o destinado a pagar o dízimo à igreja. Petrarca conta que o vinho inspirou o clero a ver o Rhône como o ‘Rio do Éden’ e o vinho da Borgonha como o quinto elemento universal, em pé de igualdade com a terra, o ar, a água e o fogo! A abstinência ao vinho inviabilizava a carreira eclesiástica; beber era propagar o evangelho. Somente na Catedral de Sevilha, em seus 24 altares e 400 missas diárias, se consumia 2500 tonéis de vinho por ano. Apesar da palavra ser árabe, o islã, ao contrário das outras religiões monoteístas, interdita o álcool na vida terrena –muito embora libere seu consumo no paraíso. A visita do presidente iraniano à França em 1999 trouxe uma crise diplomática: Kathani recusava sentar em mesa com vinho, Chirac em mesa sem vinho. Alem da catálise social, o celebrar bebendo remonta às libações aos deuses. Perguntados o que fariam à véspera de um ataque nuclear, a maioria de um grupo de laureados com Nobels abriria um vinho especial. O álcool acompanha as passagens, sejam encontros ou despedidas. Ao nascer, o futuro rei era recebido com vinho na boca. Aniversários e casamentos se consumam com brindes, vitórias são festejadas com poluções de champanhe e o luto pranteado junto ao corpo e copo: “hora de beber” foi a reação de Horácio à morte de Cleópatra. Frente ao pelotão de fuzilamento, Mata Hari tomou champanha e chumbo, e o Duque de Clarence, culpado de conspiração, pode escolher sua execução: afogamento em um barril de vinho Malvásia. O vinho tem emprego medicinal, único recurso de Galeno para as feridas dos gladiadores. Há quem observe a semelhança fonética entre vinho, viagra e vigor: vinho era o
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tônico viril de Maimonedes, ‘se bebido com desejo, mais depois da refeição e, mais ainda, depois do banho’. Os problemas do vinho foram reconhecidos desde cedo. Para Izaías, quem ‘cambaleia atordoado’ pelo vinho ‘falha na visão’, ‘tropeça na sentença’. Alcoolizado, Alexandre matou seus companheiros Clito e Calistene. Ulisses perdeu dois amigos em acidentes causados pelo álcool: Elpenor caiu do telhado e Polixeno escorregou numa estrada úmida. Quem de nós, como Ulisses, não sofreu perdas em acidentes e crimes ligados ao álcool? Há abuso sexual e incesto: numa ‘região carente de homens’, as filhas de Lot encheram o pai de vinho para ‘deitarem-se com ele’ e ‘manter a raça’. E há o engodo: Manhattan significa ‘local da bebedeira, ali os ingleses teriam dado um porre aos iroqueses para que lhes cedessem a ilha. Platão, que chamou a uma de suas obras de Simpósio, no Livro das Leis, filosofa que o vinho deveria ser proibido a menores de 18 anos e restringido até os 30, “não se deve inflamar espíritos já naturalmente ardentes”, comenta, platônico. Antecipando em 5000 anos o ‘aprecie com moderação’, o Velho Testamento enfatiza: ‘o vinho é como a vida quando se bebe com moderação’ e ‘traz alegria quando bebido a seu tempo e necessidade’. Para Eubulo, o sábio beberia sempre três taças: a primeira para a saúde, a segunda para o prazer e a terceira para o sono, conselho semelhante ao do médico 2500 anos depois. O vinho veio ao Brasil com Cabral, foi oferecido aos dois índios que subiram a bordo, “mal lhe puseram a boca, não gostaram nada, nem quiseram mais” conta Caminha. Em 1531 Afonso de Souza trouxe mudas da Ilha da Madeira e em 1552 Brás Cubas fazia vinho no litoral paulista. No Brasil Colônia o vinho do reino era trocado por ouro e, no Brasil Império, o rei podia governar mal, mas bebia bem: Margaux,
Lafitte e, como aquele seu sucessor, Romanée Conti. O preço do vinho – cinco vezes maior no Rio do que em Lisboa – foi um dos fatores que levaram ao Brado do Ipiranga. Cato conta que o costume latino do beijo surgiu como um precursor do bafômetro: o marido beijava a esposa para se certificar que ela não cheirava a vinho. Mesmo que o proibisse à esposa, o romano dizia que ‘sem vinho, Vênus é mais fria’. Casanova combinava vinhos e mulheres: tintos com morenas, brancos com louras, rosés com ruivas, champanha com todas. Já os ingleses uniam vinhos e profissões: tinto para o trabalhador, clarete para o intelectual, porto para o aposentado. Muitos idiomas –o tupi-guarani inclusive- usam da mesma palavra para beber e comer, prazeres indissociáveis. O beber acasala com o comer. Não apreciamos o potencial do Sauternes até o juntarmos ao foie gras, e a ostra com chablis fica sempre outra. Que desgosto no nhoque ao sofrer a companhia do ‘refri’ em vez de gozar a do chianti. Mas são raras as ofensas ao bom vinho: 1°– ser recusado; 2°– ser compartilhado com o indiferente; 3°– ser bebido com afetação em vez de afeto. Para o italiano, a mesa sem vinho é como o céu sem sol. A comida é a matéria, o vinho é o espírito da refeição, poesia engarrafada, como escreveu Stevenson. A alma sem vinho padece de poesia, de filosofia, de alegria, a mãe de todas as virtudes. E Boudelaire, no seu poema mais belo, invoca toda a liturgia do viver, ‘Embriaguem-se. Com que? Com vinho, com poesia, com virtude, a escolher, embriaguem-se’. Melhor usar o sentido inverso, mas embriaguem-se, entheosiasmem-se. FernandO lOkschin é MédicO e gOurMet fernando@vanet.com.br
a alMa seM VinhO padece de pOesia, de FilOsOFia e de alegria, a Mãe de tOdas as Virtudes
Viagem
em uma
terra distante t e x to s e f oto s c r i s b e r g e r
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Viagem
a noruega ĂŠ cheia de fiordes e possui o maior Ăndice de qualidade de Vida do planeta
Viagem
as esculturas de gustaV Vigeland parecem ter Vida! Em uma terra distante, muito distante, existe um belo país chamado Noruega. Lá, a paisagem é dominada pelos fiordes, braços de mar que adentram o continente, rasgando a terra e as cadeias das altas montanhas. O passado desse país é repleto de histórias de vikings, divertidos trolls e pequenos povoados que até hoje se fazem presentes, mais parecendo um enfileirado de casinhas de boneca. País misterioso e indiscutivelmente belo. A Noruega é também uma terra de grandes artistas. Um lugar que possui o maior índice de qualidade de vida do planeta, onde homens e mulheres têm direitos iguais. Localizada na Península Escandinava, ela tem ao leste a Rússia, Finlândia e Suécia e ao sul o estreito de Skagerrak, que a separa da Dinamarca. Visitei duas encantadoras cidades: Bergen e Oslo. As duas são charmosas, aconchegantes e recheadas de cultura e diversão. Bergen é universitária. Oslo, a capital. Entre elas estão os fiordes: silenciosos, grandiosos e deslumbrantes. Bergen: a cidade velha com espírito jovem Minha viagem começou pela graciosa Bergen, a segunda maior cidade da Noruega, com 280 mil habitantes. Ela fica às margens do Mar do Norte e tem um ar acolhedor. Nela está o cais de Bryggen e o vibrante mercado ao ar livre. São pescados, flores, frutas, verduras, peles e artesanato. Tudo espalhado em barraquinhas com atenciosos vendedores que insistem em nos fazer experimentar desconhecidas iguarias. A atmosfera é vibrante. Ali vale a pena ficar um bom par de horas, para absorver o espírito de Bergen. Do porto mesmo você vai ver a charmosa arquitetura das casas que ficam à beira do canal. Nos sobrados, tons de amarelo, vermelho e azul colorem o cenário. E lá também estão os telhados em forma de triângulo, refletidos com sua charmosa arquitetura nas águas calmas do porto. No século XIII foi um grande centro comercial da Europa. Hoje é repleta de jovens universitários. O slogan de Bergen a define muito bem: “Com os pés sobre o mar, a cabeça nas nuvens e o coração no lugar certo.
Viagem
os fiordes dominam a paisagem da noruega, são o mais famoso cartão-postal da região A cidade velha com espírito jovem”. De fato, assim me pareceu a porta de entrada da Noruega. Fundada em 1070 pelo navegador Olav Kyrre, Bergen foi a residência de verão de dois nomes importantes no cenário musical norueguês e mundial: Edvarg Greig e Ole Bull, ambos compositores. A casa de verão de Greig – 1885 a 1907 – está em Troldhaugen e merece uma visita. São dele os Dez Cadernos Líricos para piano, escritos em 1865. A residência de Bull – 1810 a 1880 – fica na ilha de Lysoen, nos arredores de Bergen. Ela também deve constar no seu roteiro. Logo na chegada você vai avistar os barcos de pesca e, lá ao fundo, a casa em estilo barroco e mouro do grande compositor. Dentro dela, peças indianas, alemãs, árabes e norueguesas. Bull era um viajante. O cenário é de uma beleza inspiradora. A sala de música é rica em detalhes: lustres de cristal, tapetes persas, candelabros, quadros, pianos... Uma guia
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acompanha o visitante em um tour pela casa e recheia o imaginário com informações sobre a intensa vida do compositor. A melhor visão da cidade é do monte Floifjellet, que está a 320 metros acima do nível do mar. Para chegar até ele são apenas oito minutos, saindo do centro a bordo do funicular de Floibanen. Nos meses de junho, julho e agosto há concertos ao ar livre. Após deliciar-se pela história de Bergen, acabe o dia em grande estilo: hospede-se no Solstrand Fjord Hotel, a 30 quilômetros do centro da cidade. O hotel, construído em 1146, é espetacular. Gaste um tempo passeando pelo jardim, mergulhe na piscina coberta e faça sauna olhando o fiorde. Sim, aqui tem uma sauna com vista para as águas tranqüilas do Bjornefjord. Depois, prepare-se para um jantar sensacional. A gastronomia de Solstrand realmente surpreende.
Viagem
antiga e moderna, oslo é a capital da noruega
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A bela capital Oslo, com seus 500 mil habitantes, tem um ar cosmopolita na medida certa. Mesmo sendo a capital da Noruega, não carrega características das grandes metrópoles. Ela é vibrante e ao mesmo tempo tranqüila. Antiga e moderna. Um contraste adequado e bem-vindo. É em Oslo que todos os anos se realiza a entrega do prêmio Nobel da Paz, nos prédios do Congresso e da Prefeitura. A cidade possui 53 museus, entre eles, o Museu Viking. E eis que surge uma pergunta pertinente: afinal, quem foi ele, o tão falado povo viking? Quando se pensa em Noruega, logo vem à nossa mente a imagem dos bárbaros vikings, figuras que povoam os relatos sobre o passado desse país. A resposta pode ser polêmica e sempre deixará dúvidas no ar. Sabe-se que a Era Viking – 800 a 1050 – foi e é marcante na cultura e mitologia da Noruega. Afinal os vikings foram personagens fundamentais na história, posicionaram o
país no mapa-mundi no período de expansão marítima dos povos nórdicos. Construíram pontes, aproximaram culturas e foram grandes comerciantes. Se eram ou não saqueadores e inescrupulosos, como afirmam vários relatos, cabe à história definir. O museu apresenta às atuais gerações verdadeiras relíquias: barcos, móveis e utensílios que foram enterrados séculos atrás e que hoje podem ser apreciados pelo povo norueguês e pelos visitantes de Oslo. Obras-primas do homem Tão belo quanto os fiordes – mas uma obra-prima construída por mãos humanas – é o Parque Vigeland, com 32 hectares. Lá estão, desde 1924, as 212 esculturas de Gustav Vigeland (1860 a 1943), feitas com bronze, ferro e granito. É impressionante a habilidade que Vigeland teve para transmitir através de seu trabalho todos
esses sentimentos: amor, raiva, angústia, felicidade, medo e paz... As esculturas parecem ter vida. No centro do parque, não deixe de olhar atentamente um monolito de dezessete metros de altura, onde 21 figuras se misturam. Outro importante artista norueguês é Edvard Munch (1863 a 1944), expressão máxima quando o assunto é pintura. Munch pintou “O Grito” em 1893, sua obra-prima, mundialmente famosa. Nas paredes do Hotel Continental alguns quadros seus podem ser admirados. Munch era presença constante no famoso TheaterCaféen, que fica dentro do hotel e ainda é reduto de artistas contemporâneos. O Hotel Continental agrada por sua riqueza artística e ótimas acomodações. Ele faz parte do conceituado guia “The Leading of Hotels of the World”, e seu restaurante Annen Etage tem uma estrela no “Guia Michelin”. Do outro lado da rua está o Teatro Nacional.
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Viagem
é na cosmopolita oslo que todos os anos é entregue o prêmio nobel da paz Geiranger, o mais famoso fiorde Milhares de anos atrás, quando as geleiras adentraram os vales da Noruega, os fiordes foram criados. Este invento da natureza é o grande cartão postal do país. O mais famoso deles é o fiorde Geiranger. Montanhas nevadas são a moldura das águas de um azul intenso, onde passam imensos navios de cruzeiros deixando rastros brancos nas águas e turistas atônitos diante da imensidão da natureza. De repente aparece uma cachoeira, depois outra e mais outra. A soma final dá sete: são elas as “Sete Irmãs”, resultado do gelo que derreteu do alto das montanhas e se transformou em queda d’água. Depois de um passeio desses e da chegada triunfal ao porto, é hora de admirar os fiordes de cima do penhasco. A clássica imagem de Geiranger é feita de lá. E é no topo da Rota Dourada que está o penhasco Flydesljuvet. Com um pouquinho de coragem você chega na beira do precipício e tem o mundo aos seus pés. O Hotel Union, fundado em 1891, aristocrático e gerenciado pela quarta geração da família Mjelva, é o anfitrião da região. Hospeda membros da realeza européia. Parte das boas vindas é feita a bordo de um
Studebaker President de 1932, que integra a coleção de carros antigos do hotel. Séculos de história estão eternizados em móveis feitos na data de construção do Union. Hardanger, lindo Hardanger! Lembro que na chegada ao hotel Ullensvang, na região de Lothus, enquanto eu fazia o check-in, meus olhos foram hipnotizados pelo belo jardim interno. Em segundos saí a fotografar como se o lugar fosse fugir dali. A luz estava especial e o cenário era simplesmente arrebatador: o fiorde e o planalto de Hardanger – maior parque nacional da Noruega – pareciam uma pintura. No jardim, a pequena cabana onde Edvaurd Greig costumava tocar seu piano compunha a cena de forma mágica. Mais uma maravilhosa surpresa viria a seguir: um passeio de helicóptero! Sobrevoei as geleiras de Folgefonna – terceira maior geleira do país – e perdi o fôlego. Em terra firme conheci o hotel, a adega, a sala medieval. A hospitalidade da família Utne, que comanda o hotel desde 1846, deixou Hardanger ainda mais atraente. Me despedi com a certeza de que eu poderia passar o resto da vida naquele recanto de beleza e harmonia. Prometi voltar para subir os 612 degraus que os monges em 1200
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Viagem
choVeu? desfrute do conforto dos hotéis!
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percorriam rumo o topo do platô Hardan Gervidda, de onde se avista a queda d’água de Skrikjo. Balestrand, o rei dos fiordes Próximo fiorde: Balestrand, o mais extenso e profundo fiorde do mundo. São 180 quilômetros de extensão e 1.300 metros de profundidade. A vila de Balestrand, tipicamente norueguesa, com suas casas de madeira, telhados cobertos de grama e jardins floridos, é absolutamente deslumbrante. Parece perdida do mundo. Através de cada janela pode-se se espiar o aconchego em seu melhor estilo. Aqui sim é real a sensação de se estar em uma vila com casinhas de boneca. Cortinas de renda, vasos com flores, abajures e velas, muitas velas fazem parte da decoração das casas. Os longos meses de inverno fazem com que elas esbanjem charme e sejam extremamente acolhedoras.
O Hotel Kvikne – construído em 1894 em estilo suíço – palco de grandes acontecimentos do passado, é mais do que uma opção de hospedagem, é uma aula de história. Foi no salão principal do hotel que o rei Guilherme II da Alemanha soube que a primeira guerra mundial havia sido declarada. Na virada do século XX pintores noruegueses e estrangeiros usaram o fiorde de Sogenfjord – o rei dos fiordes da Noruega – para se inspirar e registrar em suas telas a bela paisagem. Os quadros podem ser vistos nos elegantes salões do hotel. Nesta mesma região de Sognefjord está a igreja Viking de Hopperstad, feita de madeira talhada por volta de 1.150, em estilo gótico com influências celtas e romanas. Imperdível! Chove chuva, chove sem parar Verdade seja dita: a Noruega é maravilhosa, mas seu clima é temperamental. Por lá as chuvas são cons-
tantes. Por isso não pude provar dos prazeres da região de Loen. Durante dois dias a chuva não deu trégua. Se por um lado não foi possível presenciar a beleza da geleira de Jostedal – maior glaciar da Europa continental –, do lago de Loen e da geleira de Kjenndal, por outro tive tempo de sobra para me esbaldar no spa do Hotel Alexandra. Jaccuzis, piscinas aquecidas, cromoterapia, espreguiçadeiras, saunas em um ambiente lindo nos fazem quase agradecer que está chovendo. Assim você pode ficar lá e aproveitar sem culpa esses pequenos prazeres. Não importa onde se vá, na Noruega os hotéis são ótimos, a gastronomia é fantástica, o atendimento de primeira. Choveu? Desfrute dos confortos. Fez sol? Viva as belezas naturais de um país distante de nós, que mais parece de mentirinha de tão lindo, bucólico e organizado. No final da viagem, a Noruega será como um sonho bom e uma terna lembrança.
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atraVés de cada janela se espia o aconchego no melhor estilo, bem no clima norueguês dicas de cris berger o Verão é a melhor época para Viajar, os dias mais quentes
com Variadas opções.
e longos iniciam em junho e se estendem até agosto. a média
se inglês não é uma língua estranha para Você, comunicar-
de temperatura Varia de 10° a 25° graus. neste período o
-se não será um problema. todas as pessoas, sem exceção,
sol nasce às 5 horas e se põe às 23 horas. no inVerno, o sol
falam inglês.
aparece apenas três horas.
uma dica de compra: eletrônicos e Velas. ambos têm bons
se Você gosta de peixes e frutos do mar, a noruega Vai ser o
preços. a moeda local é o coroa. sugiro não fazer a conVersão
paraíso. o bacalhau fresco é famoso por estes lados nórdicos,
de coroas para reais. acredito que não será nada digestiVo
mas o salmão aparece em todos os cardápios: grelhado, cru,
saber que um copo de cerVeja custa r$24,00 e uma coca-cola,
defumado e temperado. não é o caso? peixe não é a sua praia?
em frigobar de hotel, r$15,00. leVe dólares e curta suas
não se preocupe, a maior parte dos hotéis oferece buffets
férias. a noruega Vale o inVestimento!
serViço quem leVa: www.ouroeprataturismo.com.br – (51) 3357.5353 quem Voa: Klm – www.Klm.com onde ficar: the prominent hotels of fjords – www.prominenthotels.com cris berger Viajou a conVite da Klm, do conselho norueguês de comércio exterior e the prominent hotels of fjords .
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(con)vivências r u z a
a m o n
ElEvadorEs
Proximidade para dançar um tango mas não para trocar palavras Porto Alegre ainda preserva um ritmo que a torna uma das capitais de melhor qualidade de vida do país. Mesmo assim, o pessoal anda nervoso no trânsito, e, nos contatos pessoais, temos economizado muitos bons-dias e boas-tardes. Tá certo que pelas calçadas e praças não vamos dizê-los a pessoas que não conhecemos. Porém, em ambientes fechados (não sendo corredor de edifício ou de shopping), acho que ainda se usa pelo menos um aceno com a cabeça. E os elevadores, a que classificação pertencem? Seriam eles apenas corredores verticais? Até pode ser. Mas, às vezes, eles são tão minúsculos que não sabemos onde colocar as mãos nem onde pousar o olhar. Outro dia, eu estava por entrar num elevador dessas proporções e, sendo alvo comum e simultâneo de quatro pares de olhos, resolvi arriscar um bom-dia. Um coral contrariado soou na minha nuca, como se eu tivesse proposto uma intimidade além da conta. A vida urbana tem disso. Estamos tão próximos que poderíamos dançar um tango mas não íntimos a ponto de trocarmos palavras. Portanto, em elevadores, recomendo: cumprimentem no máximo pessoas de mais idade, pois essas (ao menos na minha experiência) são mais abertas a isso. Também evitem falar no celular, pois, para quem entra, a sensação é de estar invadindo uma cabine telefônica em pleno uso. Pensando bem, a ética do uso de elevadores daria quase um best seller. 66
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Outro dia eu estava numa fila de um tímido elevador de um prédio antigo. Estávamos no sexto andar e resolvi seguir um pequeno grupo que encarou a escada na fé de que “morro abaixo todo santo ajuda”. Com incredulidade vi dois adeptos da lei de Gérson descerem apenas um andar para tomar o elevador vazio que subia antes que ele chegasse ao andar da fila. E também existem alguns fumantes que, estando sozinhos, não resistem à transgressão de deixar sua marca, para o dissabor de quem entra depois. E a lista de queixas sobre o mau uso do elevador prossegue: trancá-lo, por exemplo, para terminar um papinho com a vizinha, pode causar aos que o esperam nos outros andares aquele mau-humor matinal que só termina ao anoitecer. Pessoas que não dão espaço ou que empurram a gente com seus pertences também provocam uma raiva desproporcional ao fato, mas provocam. Na verdade, andei medindo: qualquer pessoa ou objeto que se aproxime a menos de 50 centímetros (sem a nossa devida licença, é claro!) será considerado intruso. Em elevadores, a medida é reduzida para 30 centímetros, e é o máximo que podemos negociar. Trata-se do espaço aéreo da privacidade e do individualismo, e não é de bom tom invadi-lo. ruza amon é jornalista
Sabor
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jovenS chefS gaúchoS e t e x to S da n i e l a S a n ta r o S a f oto S l e t í c i a r e m i ã o
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SuaS receitaS prediletaS Estilo Zaffari
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Sabor
trio do mar ingredienteS do tartar: 100 g Salmão defumado; 2 toleteS de palmito; 1 pepino japonêS;1 colher (Sopa) de maioneSe; 1 colher (Sopa) de creme de leite freSco; Sal; pimenta branca moída ingredienteS do camarão com geléia de pimenta: 300 g de camarõeS vg (extra grande) limpoS; azeite extra virgem; Sal groSSo moído na hora; pimenta calabreSa em flocoS; geléia de pimenta doce ingredienteS do atum freSco em croSta de gergelim: 400 g de filé de atum freSco de boa qualidade; 50 g de gergelim; Sal; pimenta branca moída na hora; molho Shoyu ligth; azeite extra virgem
r a fa e l Modo de fazer o tartar: Corte o pepino ao comprido, retire as sementes e corte em pequenos cubos. Corte o palmito em rodelas. Reparta o salmão defumado em pedaços grandes. Em uma tijela, misture os ingredientes e tempere com sal e a pimenta branca a gosto. Usando um aro, coloque a mistura dentro pressionando até ficar firme. Retire o aro no momento de servir, decore com uma fatia de salmão defumado. Modo de fazer o camarão: Em uma frigideira quente, coloque um fio de azeite e os camarões, tempere com o sal grosso e a pimenta calabresa e doure os dois lados. Sirva com a geléia de pimenta sobre eles ou ao lado. Modo de fazer o atum: Abra sobre uma mesa meio metro de plástico filme, polvilhe o gergelim cobrindo esta superfície.Coloque o atum no começo do plástico e enrole bem firme, amarrando as pontas. Coloque na geladeira por duas horas. Retire da geladeira e coloque numa frigideira. Vá virando o peixe, dourando o gergelim em toda a volta. Com uma faca bem afiada, corte os filés na espessura de dois dedos. Eles devem ficar mal passados ao centro. Regue com shoyu ligth. Montagem do trio: Em um prato retangular, disponha os camarões ao centro, cubra com a geléia e decore com limão. Coloque o atum ao lado e regue com o shoyu. Por fim, coloque o aro com o tartar no outro lado e regue com azeite extra virgem, guarnecendo com uma fatia de limão.
jac o b i
a diSciplina do pai, o amor à profiSSão da mãe – doceira de mão cheia – e a viSão empreendedora do irmão levaram rafael jacobi a trilhar um caminho nada uSual para quem penSava em trabalhar de terno e gravata por muito tempo. formado em adminiStração, o jovem chef pilotou um bar durante Sete anoS maS paSSava longe da cozinha. foi o irmão marcelo (já experiente na área de conSultoria e eventoS gaStronômicoS) que o inSeriu no ramo, maS na função de gerência de um biStrô. “noS momentoS de menor movimento, ia para tráS do fogão acompanhar a elaboração doS pratoS. logo achei que eStava do lado errado”. com a idéia de virar chef pipocando na cabeça, jacobi foi para o rio aprender aS “manhaS” da profiSSão com franceSco carli e claude troiSgroS. “quando voltei, eStava decidido a levar adiante”. a auStrália Serviu como palco da reviravolta na vida do porto-alegrenSe, em 2003. “eScolhi Sydney pela diverSidade cultural e pelo eStilo de vida”. Sem indicaçõeS, ele foi à luta: colocou o guia da cidade embaixo do braço, marcou oS reStauranteS maiS bacanaS e bateu de porta em porta oferecendo-Se para trabalhar Sem remuneração. enquanto iSSo, eStudava gaStronomia numa eScola local. acabou conSeguindo emprego no reStaurante de “uma tailandeSa que me enSinou a aproveitar a riqueza doS ingredienteS naturaiS e a ter reSpeito e amor pelo ato de cozinhar”. na trajetória de jacobi, o reStaurante lê KioSK, um doS maiS charmoSoS de Shelly beach, em Sydney. “comecei lavando pratoS e, em pouco maiS de um ano, virei Subchef geral da caSa”, orgulha-Se. padariaS, pizzariaS e outroS reStauranteS também Serviram de “laboratórioS”, aSSim como aS viagenS para indonéSia, tailândia, Suíça, itália e eSpanha. “aprendi que o melhor prato é aquele Sem muita informação, maS com matériaS-primaS de primeira. há quem faça pratoS ruinS com ingredienteS bonS, maS dificilmente o contrário acontece”. hoje, jacobi exibe o que aprendeu no reStaurante épico do grêmio náutico união, além de preparar delíciaS em eventoS eSpeciaiS.
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Sabor
magret de pato glaceado ao mel de gengibre magret é o peito do pato tradicionalmente engordado para produzir o foie graS e deve Ser preparado de forma baStante peculiar. tem que Ser grelhado primeiro no lado da pele para que a própria gordura penetre na carne e deve Ser Servido mal paSSado e com a pele bem crocante. até pouco tempo, tratava-Se de um cláSSico baStante inuSitado para o paladar braSileiro, maS, aoS poucoS, foi Sendo aceito graçaS à Sua preSença em inúmeroS cardápioS franceSeS do paíS.
c a r lo S
K r i S t e n S e n
criado em meio a nhoqueS e maSSaS, Seria difícil acreditar que carloS KriStenSen – deScendente de italianoS e dinamarqueSeS – Se eSpecializaSSe em gaStronomia oriental. a intimidade com aS práticaS de forno e fogão vem da infância, com o incentivo do pai, amante da boa cozinha. já a aptidão para executar receitaS com maeStria remete à época em que oS amigoS encomendavam para o futuro chef dezenaS de quituteS, SaboreadoS em feStaS ou meSmo em tripS a Santa catarina. “cheguei a uSar uma tábua de paSSar roupa como balcão de SuShi em um noivado”, lembra. oS doteS culinárioS tão evidenteS acabaram tranSformando o paSSatempo de carloS em paixão – e logo em uma nova profiSSão. o adminiStrador de empreSaS largou um cobiçado cargo no Setor de marKeting de uma grande empreSa e trocou a gravata pelo avental. “era StreSS dez e prazer quaSe zero”, reSume. o paSSo Seguinte foi viajar para aprofundar-Se naS técnicaS orientaiS. com a namorada e atual Sócia, luciane Scherer, paSSou por paíSeS como a auStrália (onde fixou reSidência e trabalhou em reStauranteS), índia, nepal, tailândia, maláSia e cingapura. em 2001, abriu o primeiro reStaurante em garopaba, com o meSmo nome da atual caSa de porto alegre, inaugurada em outubro paSSado: haShi. no começo, um cardápio maiS enxuto, maS que já conquiStou o público local, hoje fica repleto de turiStaS no verão. o aprendizado no exterior e a experiência no point catarinenSe deram condiçõeS para o chef ampliar aS opçõeS e, aoS poucoS, oferecer delíciaS como o robalo com purê de cará, o magret de pato, o foieS graS e outraS delíciaS. o haShi, inStalado na capital gaúcha traduz todo o perfeccioniSmo de carloS. oS cuidadoS vão doS pratoS de cerâmica arteSanal à iluminação, jardim e múSica ambiente. vale a pena viSitar a cozinha : de tão detalhada, parece maiS um laboratório. “procuro oferecer uma experiência única a um público que Saiba reconhecer cada um deSSeS detalheS”.
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250 g magret (peito) de pato 50 g de manga 20 g de maçã 20 g de pêra 20 g carambola 50 g de abacaxi uma batata doce cortada em palha Sal pimenta do reino azeite de oliva 50 ml de conhaque de gengibre 100 g gengibre 50 g açúcar 100 ml água
Modo de fazer Mel de Gengibre: Descasque e corte o gengibre em finas fatias. Cozinhe em fogo baixo em água e açúcar até que o gengibre tenha perdido o “ardido”. Processe metade do gengibre cozido e volte a cozinhar com o restante até obter ponto de calda. Modo de fazer Magret: Retire os excedentes de gordura do peito do pato e faça leves incisões sobre a pele. Tempere-o com sal e pimenta. Em uma frigideira, coloque o peito com a pele para baixo e deixe que doure de ambos lados. Retire do fogo e deixe descansar. Na mesma frigideira, coloque a maçã e a pêra cortadas em gomos, o abacaxi, em triângulos e a manga, em leques. Doure os ingredientes, acrescente o conhaque de gengibre para flambar e acrescente o mel de gengibre. Devolva o pato para a frigideira. Espere que ele esquente e pegue uma cor de “caramelado” sem que cozinhe. Frite as palhas de batata doce em óleo abundante. Corte o pato em fatias, sirva-o em leque e decorado com as frutas e a batata doce cortada em palha.
Sabor
panna cotta com morangos ao balsâmico a panna cotta é uma SobremeSa italiana à baSe de creme de leite que Se aSSemelha a um pudim. um doS pontoS poSitivoS da receita é que, além de verSátil, pode Ser preparada com antecedência. é ideal para Ser Servida em um almoço ou jantar entre amigoS. panna cotta 2 ¼ xícaraS (560ml) de iogurte de leite de cabra 2 colhereS (Sopa) de água 1 ¼ colhereS (chá) de gelatina Sem Sabor em pó 1 colher (chá) de extrato de baunilha 125 ml de leite integral 125 ml de creme de leite (nata) 125 ml de açúcar morangoS 2 bandejaS pequenaS de morangoS 3 colhereS (Sopa) de vinagre balSâmico 1 colher (Sopa) de açúcar (ou a goSto) pimenta do reino a goSto
Modo de fazer: Misture a água e a gelatina em um recipiente pequeno. Deixe amolecer por 15 minutos. Em um outro recipiente, junte o iogurte e a baunilha. Leve ao fogo o leite, a nata e o açúcar e cozinhe até o açúcar incorporar. Adicione a gelatina, misture bem e deixe esfriar um pouco. Junte esta mistura ao iogurte e mexa bem, até obter uma mistura homogênea. Divida em quatro taças e leve à geladeira por no mínimo sete horas. Meia hora antes de servir, corte os morangos em fatias finas. Adicione o balsâmico, o açúcar e a pimenta. Deixe marinar por 30 minutos. Para finalizar, sirva os morangos sobre a panna cotta.
lu c i a n o
lu n K e S
inquieto deSde a infância, o chef luciano lunKeS encontrou na arte Seu primeiro refúgio. um caSal de amigoS convidava o garoto para SeSSõeS de múSica cláSSica, Sempre acompanhadaS de receitaS preparadaS pela dona da caSa. “aprendi a goStar do Som do violino, do piano, e também a apreciar de outra forma a comida”. o deStino parecia traçado: lunKeS formouSe em múSica, foi violiniSta e regente (profiSSão que exerce até hoje). chegou a concluir póS-graduação na hungria, maS não Se acomodou. “o braSil eStava paSSando por uma criSe, a univerSidade eStava Sucateada. penSei em algo de que goStaSSe, eScolhi a gaStronomia. decidi largar tudo e viajar para ver no que dava”. o gaúcho eScolheu como deStino nova iorque. “não contei para ninguém que queria Ser chef, com receio de que me diSSeSSem que eStava maluco”. logo, ele eStava matriculado na the french culinary inStitute (fci), conSiderada a 2ª melhor eScola de gaStronomia doS eua. condecorado como aluno deStaque, lunKeS montou Sua orqueStra de panelaS em algunS doS melhoreS reStauranteS da cidade e realizou feStaS para grifeS como calvin Klein e chriStian dior. como o ambiente de reStauranteS não o agradava, a Saída de lunKeS foi virar private chef, uma tendência em alta na big apple. “é moda ter um chef com alguma fama Só para Si, como Símbolo de StatuS”, explica. o “pulo do gato” aconteceu entre Setembro de 2002 e julho de 2005, quando ele comandou a cozinha na manSão de donatella verSace. “era uma loucura. emagrecia de SeiS a Sete quiloS por Semana”. a experiência – certamente ineSquecível – rendeu duaS páginaS no the new yorK timeS magazine. na Seção “the induStry”, há elogioS ao chef pela habilidade em preparar receitaS criativaS, alegradaS com um toque braSileiro. luciano lunKeS eStá de volta a porto alegre, onde pretende aSSinar o cardápio em eventoS eSpeciaiS. Se depender do Seu currículo, não faltarão oportunidadeS de deixar oS conterrâneoS com água na boca.
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Ser & Vestir R o b e R ta
dicaS Se Você GoSta de camiSa xadRez e Seu coRpo anda com exceSSo de GoRduRinhaS abdominaiS, eScolha aS eStampaS eScuRaS e menoReS. o caSaco Sete-oitaVoS fica chique quando uSado com malhaS de Gola alta e um cachecol coloRido. Se Você não GoSta de nada muito pRóximo ao peScoço, opte pela camiSa em coR foRte e uSe o cachecol Solto, dando um moVimento ao look. o teRno RetRô pode teR aReS RoqueiRoS quando uSado com cinto de fiVelaS metalizadaS ou tachinhaS. e, neSSe caSo, opte pela GRaVata pReta e camiSa bRanca paRa equilibRaR o aRRojo. fica um chaRme! e lembRe-Se: o Rock é moda total!
G e R h a R d t
encontRe Seu eStilo Quando você escuta alguém dizer: “Nossa! Aquele homem tem estilo!”, você sabe o que isso significa? Um homem com estilo geralmente é alguém que sabe informar, por meio da sua imagem, a turma ou tribo de que faz parte ou gostaria de fazer. Um homem com estilo é valorizado porque demonstra ter uma boa comunicação consigo, habilidade de escutar e observar a si mesmo. Revela ter um bom nível de autoconhecimento e auto-estima. E aí? Qual é o seu estilo? A moda oferece uma diversidade incrível de roupas, tecidos, cores, acessórios e também sugere cinco estilos básicos de homem. Veja se você descobre qual é o seu, e boa sorte: Clássicos: seguem as tendências tradicionais. São conservadores, mas podem ser charmosos quando mesclam o melhor da moda clássica e contemporânea, tornando-se refinados. Peça-chave da estação: casaco sete-oitavos ajustado, nas cores cinza ou preto. Modernos: sabem fazer uma interpretação bacana das tendências. Gostam de novidades, têm atitude. Adotam o look que vem das ruas. Peça-chave da estação: terno escuro com silhueta tipo anos 60 e gravata preta fininha. Esportivos: usam e abusam do esporte. Adoram tudo que é confortável e os tecidos inteligentes, tipo dry-fit. Peça-chave da estação: camisa xadrez. Étnicos: Gostam de manter as raízes culturais, vestem tudo o que afirme a sua ideologia. Peça-chave da estação: boinas. Os Sem-Estilo: Sim! Existe a turma que adora deixar bem claro que não liga para a moda. Adoram sair de “qualquer jeito”, odeiam etiqueta. Também gostam de dizer que fazem o tipo “normal”, “à vontade”.
cheGa de doR no pé! Não basta vestir. É preciso saber levar o que se veste. Assim, não existe mulher bem vestida sem um bom calçado. Você pode estar usando roupas incríveis, acessórios fantásticos, pode estar satisfeitíssima com seu visual, enfim, nota dez para você. Entretanto, se o calçado não lhe servir, lamento, mas todo o resto cai por terra. Afinal, quem consegue andar com charme sentindo dor? Ou com o sapato caindo do pé? O calçado colabora no estilo, dá um toque especial no look, renova uma roupa, levanta você uns bons centímetros, mas, antes de tudo, ele presta um serviço primordial: acolhe seus queridos pezinhos. Portanto, na hora da escolha do calçado é necessário observar primeiro se ele é realmente pra você. Nada adianta ser bonito, moderno e com um acabamento luxuoso se ele não lhe veste bem. Acredite, você pode até teimar em comprá-lo mesmo apertando “um pouquinho”, mas o destino deste lindinho será junto a todos os demais calçados incríveis que você coleciona sem conseguir usar por falta de conforto. Assim, sugiro que pare de aumentar a lista de compras mal feitas e dê um basta nos “lindinhos desmancha-prazeres”. Chega de dor no pé! Preste atenção nos calçados que você compra e veja se estão adequados ao seu estilo e às suas necessidades reais. E, já que estamos tratando de calçados, neste inverno a peça-chave são as botas, do cano curto ao longo. Se a silhueta permitir, abuse das botas de cano longo, justas e de saltos baixos, usadas por cima de jeans sequinhos. E o sapato do inverno tem salto grosso e alto, com plataforma apenas na frente. É perfeito para quem quer alongar a silhueta e crescer um pouquinho.
dicaS paRa paReceR maiS alta e lonGilínea, Sem neceSSaRiamente RecoRReR ao Salto, a dica é nunca dobRaR baRRa de calça ou aS manGaS daS RoupaS. também pReSte atenção na altuRa de detalheS de bolSoS em caSacoS e calçaS. abuSe daS bolSaS enoRmeS, aS chamadaS maxi-bolSaS. elaS Vão bem com tudo, incluSiVe à noite. Se Você não tem muita altuRa, uSe aS de tamanho médio ou aS mini-bolSaS de mão, que podem teR coReS foRteS, contRaStando com a coR da Roupa. um chaRme! jeanS é um luxo! abuSe! ele RejuVeneSce, emaGRece e já ViRou um cláSSico. maS atenção: nunca uSe com a baRRa da calça dobRada paRa foRa. além de coRtaR a Silhueta, deSfaVoRece o look.
RobeRta GeRhaRdt é conSultoRa de moda e eStilo
Vida
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Estilo Zaffari
Freud explica? P O R
R U Z A
A M O N
I LU S T R A Ç Õ E S
N I K
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Vida
Psicanálise: sucesso na ficção e na vida real Projeção, narcisismo, Complexo de Édipo, ato-falho, recalque, ego, superego... Estes são apenas alguns dos termos de origem psicanalítica usados nas conversas do dia-a-dia, inclusive por pessoas que jamais deitaram num divã para serem analisadas. Na verdade, não é preciso nem sair de casa para pensar, filosofar, rir ou refletir sob a ótica da psicanálise. Há mais de meio século, a literatura, o cinema e o teatro se encarregam de disseminar a cultura proveniente das teorias freudianas, transformando suas crenças e técnicas terapêuticas em ‘velhas amigas’ daqueles que se preocupam com o comportamento humano. Embora nem sempre bem assimiladas na sua complexidade, as descobertas do médico austríaco caíram no agrado do público. Freud é sempre invocado quando uma atitude não é compreensível racionalmente. Se não posso explicar, “Freud explica”. O velho bordão é uma alusão à existência do inconsciente, algo dentro de nós que não é governado pela nossa vontade racional e que volta e meia faz a sua aparição. “Se por um lado incomoda a todos que a razão perca a primazia, por outro lado, as pessoas acabam transformando o fato em brincadeira, justamente porque o reconhecem como verdadeiro”, esclarece o presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), Ruggero Levy. Na primeira cena de “Desejos” (Final Analysis) – um filme noir dos anos 90 – Uma Thurman revela sonhos enigmáticos de sua personagem ao elegante psicanalista vivido por Richard Gere. Que mulher não desejou estar no seu lugar, recostada no divã do mais galã dos galãs de Hollywood? Pois a extraordinária populari-
O BORDÃO “FREUD EXPLICA” A”
dade da psicanálise iniciou com a propagação das teorias freudianas nos meios intelectuais americanos, nos anos 50, quando psicanalistas europeus – durante a Segunda Guerra – migraram para os EUA. “Seu ensino nas universidades provocou uma ampla difusão, tomando parte no boom americano”, observa o psicanalista e diretor da SPPA, Jair Rodrigues Escobar. A nova matéria passou a influenciar os núcleos artísticos daquele país, que já liderava a produção de cultura de massa do mundo ocidental. Também na Europa, a psicanálise contaminou os meios culturais, resultado da convivência de psicanalistas com intelectuais da época, a exemplo de Lacan, contemporâneo de Sartre. A glamourização do divã A partir dos anos 70, quem ainda não havia travado intimidade com a psicanálise, já não podia mais ignorála depois do primeiro sucesso de Woody Allen no cinema. A fixação materna, as neuroses e fobias do diretor americano foram modelos atualizados de indicações tipicamente psicanalíticas. Ao se expor exaustivamente como paciente, Woody Allen dissociou a psicoterapia de patologias graves, tornando comum – e até glamouroso – admitir-se necessitado de ajuda terapêutica. E foi exatamente nas artes, literatura e teatro, e na mitologia que Freud buscou os modelos práticos das teorias que defendia. O mais famoso de todos, a tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles, deu sustentação a uma de suas mais ousadas e polêmicas idéias: o Complexo de Édipo. Freud fundamentou suas pesquisas em estudos de precursores, usando ainda técnicas de auto-análise e experiências de consultório. Com mais de 100 anos, as
teorias freudianas resistem pela dedicação ininterrupta de discípulos empenhados em modernizá-las. Em 2006, vamos ouvir falar muito sobre o Pai da Psicanálise, por ser o ano do sesquicentenário de seu nascimento. RS: berço de analistas e analisados A vizinhança do Rio Grande do Sul com a Argentina tornou nosso Estado uma referência em estudos e prática psicanalíticos. Isso aconteceu porque profissionais europeus também migraram para aquele país durante a Segunda Guerra. Rico em psicanalistas de destaque (ver quadro), o Estado abriga ainda um “seguidor” memorável de Freud, o Analista de Bagé. Paródia criada por Luis Fernando Verissimo, o Analista de Bagé se considera “mais ortodoxo do que caixa de maizena”, embora seus tratamentos não sejam muito tradicionais. A Terapia do Joelhaço, por exemplo, propõe compensar – com um único procedimento – alguns anos de divã (no caso, coberto por um pelego). E o célebre bageense é pródigo em interpretações particulares do seu mestre. Na sua opinião, a fixação edipiana é “uma pôca vergonha”, e referindo-se às instâncias da personalidade – ego, superego e id – acredita que “todo gaúcho tem ego, superego, id e Noemi”, uma provocação à masculinidade dos conterrâneos. Apesar dos seus escorregões terapêuticos, ele é muito bem-visto pela classe: “Mesmo que sugira soluções jocosas, o personagem admite a existência do inconsciente e das teorias freudianas, fazendo uma certa defesa da psicanálise”, comenta Levy. Por outro lado, o ‘joelhaço’ “faz uma brincadeira com a postura do analista, que necessita ser discreto, silencioso e receptivo, auxiliando o paciente a encontrar o seu próprio caminho”,
É UMA ALUSÃO À EXISTÊNCIA DO INCONSCIENTE Estilo Zaffari
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Vida
O PRIMEIRO PSICANALISTA O PRIMEIRO PSICANALISTA DE PORTO ALEGRE, MÁ-
RIO MARTINS, UNINDO-SE A CYRO MARTINS,
CELESTINO PRUNES E JOSÉ LEMMERTZ, ORGANIZOU
A SOCIEDADE PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE,
OFICIALMENTE RECONHECIDA PELA INTERNATIONAL
PSYCHOANALYTICAL ASSOCIATION (IPA) EM 1963.
EM 2001, A IPA TAMBÉM RECONHECEU A SOCIEDA-
DE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE PORTO ALEGRE.
EM 2005, CLÁUDIO EIZIRIK FOI EMPOSSADO PRE-
SIDENTE DA IPA. MEMBRO EFETIVO E ANALISTA
DIDATA DA SPPA, EIZIRIK É O PRIMEIRO BRASILEI-
RO A PRESIDIR A ENTIDADE MAIOR DA PSICANÁLI-
esclarece o psicanalista e diretor da SPPA, Sérgio Lewkowicz. A postura típica do terapeuta é uma das características da psicanálise com as quais mais se brinca. Não bastasse ser silencioso, ele se posiciona atrás do divã, fora do campo de visão do analisado. Woody Allen, por exemplo, dedica-se a situações absurdas de analistas em sessão. Em um de seus filmes, o profissional volta do lanche enquanto seu paciente inocentemente segue falando, sem ter dado falta da sua presença. Em “Desconstruindo Harry”, ele também pega pesado: a terapeuta interrompe a sessão para continuar – na presença do paciente – uma briga com seu marido, levando às últimas conseqüências tudo que definitivamente não pode acontecer em psicanálise. Ainda na ficção – mas em situação bem mais realista – Mercedes vai buscar ajuda de um especialista. Personagem da peça teatral “Divã”, inspirada no livro homônimo da escritora Martha Medeiros, e recentemente estrelada por Lilia Cabral, Mercedes é uma mulher que não está em crise matrimonial, nem apresenta nenhuma doença mental catalogada. Assim mesmo procura ajuda. Seria seu caso para psicanálise? Ruggero Levy esclarece que esse tratamento é indicado “a pacientes em estado de permanente insatisfação, frustração ou infelicidade, que percebem a repetição de fracassos e experiências ruins ou que remoem questões pertinentes a sua personalidade, tendo dificuldade em aproveitar a vida”. Independentemente do diagnóstico, “o psicanalista é uma pessoa preparada para receber outro ser humano em sofrimento, e poder avaliar dentro de uma teoria qual a natureza da sua dor”, acrescenta Zelig Libermann, psicanalista e diretor da SPPA.
SE INTERNACIONAL, FUNDADA POR SIGMUND
FREUD, EM 1910.
Freud não explica tudo Ao contrário do que a crença popular afirma, nem
O PSICANALISTA AVALIA QUAL A NATUREZA DA DOR 82
Estilo Zaffari
tudo Freud explica. “A teoria freudiana é sobre a subjetividade humana e toda a sua complexidade”, salienta José Carlos Calich, psicanalista e diretor da SPPA. Portanto, o reducionismo de modelos e exemplos “está apenas a serviço de uma tentativa de compreensão dos processos psíquicos e longe de decifrar a alma humana de forma absoluta”, completa Calich. Embora a psicanálise não pretenda curar todos os males da humanidade, na primeira fase de sua popularização ela foi idealizada como um tratamento de aplicação universal. Virou “moda”, levando o meio científico a acreditar que poderia ser estendida a doenças mentais graves como a psicose e a esquizofrenia. Nesse mesmo período, iniciou-se o uso massivo de drogas psicofarmacológicas, levando-a a um breve período de descrédito. “Agora se sabe que ela tem indicações precisas, e o estudo de seus efeitos e aplicações adequadas está cada vez mais focado”, diz Lewkowicz. Na comédia “Nosso Querido Bob”, os procedimentos de praxe não foram eficazes no tratamento de Bob (Bill Murray). Ele é um “prato cheio” para um analista e sai em perseguição do terapeuta em férias (Richard Dreyfuss). O médico, não encontrando nenhuma cura para a obsessão do paciente, resolve explodi-lo com vários quilos de dinamite. Definitivamente nem todas as patologias têm indicação para psicanálise... As paródias, piadas e brincadeiras geradas durante os 100 anos de existência da teoria e tratamento psicanalíticos só vêm a reforçar sua sobrevivência como um elemento indissociável da nossa cultura, ainda que tenha sido idealizada como um recurso de saúde mental.
DE CADA SER HUMANO
Bom conselho p o r
M a lu
C o e l h o
artes e Manhas de ser avó
A avó moderna não é mais aquela Dona Benta: chinelo, óculos, tricô e cadeira de balanço. Esses não são mais acessórios do cotidiano das vovós de hoje. A vovó de hoje é uma mulher participante, dinâmica, cidadã, que usa biquíni e namora. Mas e o amor pelos netos? Este, sim, continua o mesmo. A agenda cheia: ida ao médico, ao supermercado, reunião com amigos, bingo, academia e informática, nada impede a vovó de socorrer os netos. Na casa da vovó, quase tudo pode... Dona desse novo estilo, mantém, entretanto, o jeito mágico de lidar com a família, principalmente com os netos. Buscar os netos na escola, pagar o dentista, dar mesada e ainda... contar estórias. Isso permite aos filhos e noras trabalharem mais horas. Como será esta vovó no futuro? A genética abre ótimas perspectivas, mas ainda assim todas elas não vão fazê-la perder o charme inconfundível de suas artes e manhas de ser avó. Isso não vai mesmo! E como escreveu Raquel de Queiroz na sua poesia “A Arte de ser Avó”: – “Netos são como herança, você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu”... Como um presente de Deus!
e as artes e Manhas dessa nova vovó: será que Freud expliCa? 84
Estilo Zaffari
Perfil
lilia cabral: uma mulher feita de imProviso e muita determinação P o r
Pau l a
ta i t e l b au m
f oto s
l e t í c i a
r e m i ã o
o resumo do roteiro é o seguinte: uma atriz de 47
são quase trinta anos de atuação. fora dali, no entanto –
anos, casada há 10 com um economista e mãe de uma filha
sem luzes, câmeras ou muita ação – é que lilia mostra sua
Pré-adolescente, sobe ao Palco do theatro são Pedro, faz
melhor face: a de uma mulher sem máscaras ou maquiagem,
o Público rir e chorar e termina a Peça tão emocionada
desnuda de qualquer afetação que Poderia caracterizar
quanto ele. é uma história real essa. da qual, aliás, eu
uma celebridade. Porque, antes de qualquer coisa, lilia
fui testemunha. isso na noite de estréia da Peça “divã”,
cabral é uma mulher de carne, osso, Peito aberto e coração
em Porto alegre, quando Pude assistir a lilia cabral
grande. de imensos e Profundos olhos azuis que Parecem
interPretando mercedes, a Personagem PrinciPal, que é
estar semPre buscando o infinito. e cujo sucesso é o fruto
baseada no livro homônimo de martha medeiros. ao ver
da sua Paixão Por atuar. mas não só isso. como lília mesmo
lilia em cena, ali de Pertinho, é fácil Perceber que o Palco
diz, determinação é fundamental.
é seu chão, seu habitat natural, seu Porto seguro. afinal,
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eu tenho um temPeramento, um ímPeto de determinação e coragem muito fortes você é mais ensaio ou imProviso? Com certeza, improviso.
quando você imProvisa?
Na verdade, o improviso tá mais ligado à espontaneidade. Isso acaba que, quando a gente menos espera, a coisa acontece. Eu sou menos racional e mais emocional. Vou mais pelo lado sensível, às vezes ajo por impulso.
como foi que você teve contato com o livro da martha, o divã?
Foi um amigo que leu e falou: “pensei tanto em você fazendo uma peça sobre esse livro, daria um ótimo monólogo”. Daí eu falei “não, não, monólogo eu não vou fazer mais, pois eu já fiz, ficou ótimo, ganhei todos os prêmios que eu podia, não quero mais saber...”. Mas, mesmo assim, eu fui ler “Divã” e acabei vendo que dava uma bela adaptação, não necessariamente um monólogo.
você se identifica com a Personagem PrinciPal, uma mulher na casa dos quarenta buscando se encontrar? Na verdade, eu me identifico mais com a melhor
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amiga dela, a Mônica.
Por quê?
Porque a Mônica tem uma coisa ciumenta, que eu tenho. Eu sou filha única, sou meio possessiva. Agora, por outro lado, eu tenho um temperamento, um ímpeto de determinação e coragem muito fortes. Então, na verdade, eu sou meio que uma mistura de Mônica com Mercedes. De algumas coisas na minha vida eu abriria mão, de outras não.
do que você não abriria mão e do que abriria?
Não abriria mão da minha família por nada. Já dos meus amigos, abriria mão, sim. Abriria mão de morar em alguma cidade de que eu gosto, por necessidade ou por alguma mudança.
qual o momento mais marcante da sua carreira?
Quando eu me dei conta de que tinha capacidade para fazer um monólogo (em 1993 com Solteira, Casada, Viúva, Desquitada). Eu fui muito bem recebida, tanto que em Porto Alegre foram três semanas em cartaz. Aquilo pra mim foi um start, porque eu fiz escola de arte dramática
Perfil
o meu dia é ficar dentro do hotel, lendo, às vezes saio, vou conhecer alguma coisa e, com o monólogo, eu coloquei em prática tudo o que aprendi. E “Divã” veio carimbar isso. Dar um certificado.
como é Para um ator com formação em teatro ir Para a televisão?
Os veículos são diferentes. Na televisão você é vista por 90 milhões de pessoas, e esses 90 milhões de pessoas te enxergam do jeito que o personagem está sendo feito. Já o teatro não tem essa dimensão. Mas, em compensação, a sua entrega pessoal, a sua entrega frente àquele conceito de que as pessoas estão lá te curtindo, te reverenciando, não tem comparação. Na televisão, todo mundo te conhece, é festa. Mas o teatro não, o teatro tem aquela alma que fica presente, te anunciando, avisando que, se você não estiver por inteira, você não tem vocação para ser ator. Então, o prazer de atuar se fortalece.
tem ator de teatro que tem Preconceito com televisão, não?
Eu adoro fazer televisão, eu não tenho nenhum preconceito, não tenho nenhum problema, eu vou trabalhar com a mesma vontade com que eu vou pro teatro, fico
ali na minha, me concentrando bastante, mas acabou a cena, você rasga, parte pra outra... Já o teatro tem uma adrenalina, você cansa, você se desgasta, mas é uma delícia. É completamente diferente, na verdade. Agora, eu não posso fazer nada na televisão ou no cinema, se eu não fizer o teatro como eu faço. Eu não seria a atriz que eu sou, nem na televisão e nem no cinema, se eu não aprendesse com o que o teatro me dá.
e com esse monte de viagens com as Peças, como fica a lilia mãe?
Ah, fica com o coração apertado, porque tudo é por telefone. É difícil, você tem esse glamour, esse sucesso todo, mas, em contrapartida, o meu dia é ficar dentro do hotel, lendo. Às vezes saio, vou conhecer alguma coisa, mas eu venho pra trabalhar, então esse lado da família... o coração se queixa, entendeu? Mas isso faz parte da nossa vida. E, graças a Deus, a minha família entende, porque, senão, seria complicado.
você cozinha?
Não, eu tenho uma cozinheira e tento administrar. Mas
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quando estou ansiosa, acabo indo Pro shoPPing e é aquilo... mas sem exageros essa vida corrida, às vezes nem dá pra administrar muito bem, é o que tem em casa e acabou.
qual o seu Prato Preferido?
tem fé e muita determinação. Eu não acredito em milagres, mas em energia. Só fé não adianta, tem que ser muito empenhado, e eu me empenhei muito pra conseguir realizar.
Eu adoro alcachofra. Eu adoro de tudo que é jeito, de tudo que é forma.
você tem algum ritual antes de entrar em cena?
qual livro você está lendo agora?
quais os Próximos Projetos?
Eu tô lendo a Claudia Tajes. Já li “A Vida Sexual da Mulher Feia” e agora tô lendo “Dez Quase Amores”. E acabei de ler “Falcão – Os meninos do tráfico”, porque eu não vi o documentário. Esse eu li em dois dias e, graças a Deus, que eu não vi o documentário. O livro já tá de bom tamanho.
é a segunda vez que você diz “graças a deus”. você é esPiritualizada?
Eu sempre vi a minha família, que é de portugueses e italianos, rezar muito. Sempre teve devoção, apego ao Santo Antônio. Minha mãe era muito apegada à Nossa Senhora Aparecida. Então, eu fui crescendo e tinha os meus santinhos. Só que eu acho que ter fé e acreditar só ajuda quem
Eu rezo e nunca entro com o pé esquerdo.
Tem “Divã”, em filme, que a gente vai fazer e tem a novela do Manoel Carlos, que se chama “Páginas da Vida”.
você é consumista?
Quando estou ansiosa por causa de alguma resposta que estou esperando ou alguma coisa que aconteceu, acabo indo pro shopping e é aquilo... Mas sem exageros.
mas o que você mais gosta de comPrar?
Sapato e bolsa é um problema. Minhas amigas e as filhas das minhas amigas adoram, porque eu não tenho onde colocar e vou dando. Eu digo “tem saldo aqui em casa”, e é uma festa.. .
divã, livro de martha medeiros, lançado em 2002 Pela editora objetiva e que virou Peça estrelada Por lilia cabral. você encontra na livraria cultura.
Assim, ó... Lu í s
Au g u s to
F i s c h E r
FrEud nA nossA vidA
Ego, id e superego vieram do latim para a era da internet Que meios se pode usar hoje em dia para saber se alguém faz sucesso? São vários, cada vez em maior número, os caminhos do sucesso, desde os mais sublimes até os mais perversos; mas todos de alguma forma acabam na rede mundial de computadores, que a gente chama, já com familiaridade, de internet, palavra de origem disputada – uns querem que seja simplesmente a junção da forma “inter”, latim, significando “entre”, mais “net”, que em inglês significa “rede”, o que daria “rede entre” os computadores. Há porém quem veja na palavra os restos da união entre “international”, que significa o que o prezado leitor já sabe, mais a mesma “net”. Seja como for, a internet entrou na nossa vida como fonte de consulta para saber, entre outras coisas, do sucesso de alguém. Fui na rede e experimentei botar no Google a palavra Freud. Apareceram 33,3 milhões de possibilidades. Só em português, o número baixa para meros 6 milhões e meio. Uma presença estonteante. Fiz outra pesquisa rápida, agora em um âmbito bem restrito: o dicionário Houaiss, atualmente o melhor dicionário do português brasileiro, que deixou na poeira o outrora moderno Aurélio. (Aurélio contava 160 mil verbetes; Houaiss alcançou 228.500.) Fui lá, na versão em cd, e no campo adequado propus que ele pesquisasse em quantos verbetes aparece o nome Freud. Deu 22 registros. (Dois de seus pares: Marx tem 14 presenças, Darwin meramente 2.) Isso tudo serve para averiguar como o velho Sigmund Freud entrou para sempre na nossa vida, ao lado de outros gênios. O criador da psicanálise viveu entre 1856 e 1939; nasceu na Áustria e morreu na Inglaterra. Formou-se em Medicina e estudou as raízes corporais dos comportamentos desviantes, como por exemplo a histeria, que em sua época era um problema somente feminino – a palavra histeria se formou do grego “hystera”, que significa útero. Só que, deixando-se levar pela paixão da ciência como quem mergulha em água escura mas com direção segura, Freud percebeu que o desvio era apenas uma parte do fenômeno, porque todos nós, incluindo os que ficamos de fora dos muros dos hospícios clássicos, participamos da mesmíssima natureza. Alguns podem ter expressões agudas, mas de formações subjetivas, que são comuns a todos. E, como todo gênio, ele teve a faísca que deflagrou toda uma
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novidade no campo da medicina e das ciências humanas: ele cogitou que nós somos, interiormente, compostos por uma parte consciente e outra inconsciente, uma espécie de porão em que vamos armazenando a experiência, as sensações, as impressões. Esta parte obscura, para desconsolo dos racionalistas, Freud descobriu que é responsável por grande parte de nossos comportamentos. E como é que se pode ter acesso a esse porão, já que ele por definição é rebelde à racionalização simples, esta que nos organiza o cotidiano? Como penetrar neste reino estranho, e ao mesmo tempo familiar, que cada um guarda em si mas que parecia impossível acessar? Mais uma invenção de gênio: Freud postulou a idéia de que a palavra nos levaria lá para dentro, e de lá extrairia os conteúdos capazes de nos explicar a nós mesmos. A cura pela palavra falada, esta a síntese do método. Ora, quem inventa toda uma nova ciência naturalmente precisa de palavras novas para designar os fenômenos que vai encontrando (O cientista revolucionário é como o Deus dos mitos: cria um mundo ao designá-lo.). Lá pelas tantas ocorreu ao nosso cientista que a personalidade se constitui de três níveis, três instâncias, que vão interagir em cada um de nós. Para dar nome a esses bois, Freud foi ao velho latim e de lá trouxe “id”, o núcleo dos impulsos mais primitivos, palavra que significa “isso” – pronome neutro, uma ótima palavra para algo sem muita definição, irracional e inalcançável. Veio também “ego”, “eu” em latim, a parte mais caracteristicamente pessoal de cada indivíduo. E veio “superego”, “supereu”, plano que se compõe das convenções, das regras familiares e sociais, das restrições com que cada um tem que aprender a viver. Hoje em dia não tem cabimento negar o papel de Sigmund Freud na vida do Ocidente. Aos 150 anos de seu nascimento temos uma ótima chance de visitar sua obra, por sinal escrita por mão muito hábil, capaz de encantar o leitor não-especialista que se dispõe à aventura do autoconhecimento. Luís Augusto FischEr, proFEssor dE LitErAturA E Escritor