Revista Estilo 52

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Ano 9 N 0 52 R$ 4,50

PEIXES: QUATRO RECEITAS IDEAIS PARA O VERÃO HIDROPÔNICOS: SABOR QUE CRESCE NA ÁGUA FASANO RIO: EXCLUSIVIDADE À BEIRA-MAR REIKI: MÃOS QUE ATIVAM ENERGIAS

água fontes de

cristalina

A ESTÉTICA E O EFEITO DAS FONTES NA DECORAÇÃO


Cotidiano M A R t H A

M E D E I R O s

MERGULHANDO EM MIM Um dos momentos inesquecíveis de 2009 foi ter conhecido Fernando de Noronha. Aproveitei minha participação na Feira do Livro de Recife e dei uma esticadinha até a ilha, e foi um deslumbramento. O comandante do avião, antes de aterrissar, fez um sobrevoo de 360 graus, apresentando aos passageiros aquele pedaço de natureza selvagem circundado por uma faixa de um azul tão claro que até parecia fluorescente. O mar! Eu, que fico fóbica até embaixo do chuveiro (me afogo bebendo água), antes mesmo de desembarcar tomei uma decisão: vou mergulhar pela primeira vez. Depois pensei: vou coisa nenhuma. Por fim: claro que vou. Me dá aí uma máscara e um snorkel, moço. Sim, snorkel. Tubo de oxigênio seria crer demais na transformação de um ser humano. De máscara e snorkel à mão, fui pra Baía do Sancho, cujo acesso exige uma certa logística: estaciona-se o buggy em cima de um despenhadeiro e desce-se para a praia por uma escadinha de 50 centímetros de largura e uns 100 metros de comprimento, entalada entre duas rochas que formam uma espécie de caverna, lotada de calangos circulando ao redor. Nenhum espanto pra quem já viu os filmes do Indiana Jones. Desci. Não deixei cair nem a máscara, nem o snorkel, nem a peteca. A peteca é figura de linguagem, bem entendido. Diante daquele mar azul caribenho fluorescente, coloquei os pés-de-pato, a máscara e aí não soube como prender o snorkel na boca. Se você é desengonçada como eu, nunca viaje sozinha: tenha sempre alguém ao lado disposto a en-

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sinar a fazer coisas para as quais você não tem habilidade. Feito. Com aquela borracha incômoda presa entre os dentes, respirei fundo e enfiei a cara no mar. Vi areia. E mais areia. E um monte de areia. Cadê o Nemo?? Tem que ir adiante. Comecei a bater os pés e lembrei por que eu nunca fui boa em natação: me contorci de tanta câimbra. O primeiro dia foi assim, de testes. No segundo eu fui pra Baía dos Porcos. Já sabia colocar a máscara e o snorkel, mas ainda não sabia o que fazer com a câimbra. Dei uma espiadinha para dentro do mar e foi então que eu vi. Não só duas dezenas de peixes listradinhos de tudo que é cor, mas também três tartarugas do tamanho de um orelhão cada uma. Entrei mar adentro. Virei Jacques Costeau. Perdeu, câimbra. Quando lembro da experiência, ainda me sinto um pouco fóbica. O barulho da minha respiração dentro d’água parecia trilha sonora de filme de terror. Mas, além do visual, valeu o mais importante: eu mergulhei pela primeira vez. Minha primeira vez no mar de Fernando de Noronha, minha primeira vez enfrentando meu afogamento iminente, minha primeira vez permitindo a existência de um eu que não era eu. Virou resolução de fim de ano: vou tirar do cativeiro todas as Marthas escondidas em mim. Próxima aventura: subir num camelo e adentrar pelo deserto para passar a noite numa tenda de tuaregues. No Marrocos! Sem chance de afogamento. Depois eu conto. MARtHA MEDEIROs é EsCRItORA



NOVAS DELÍCIAS NO CARLOTA Uma cozinha multicultural. É assim que Carla Pernambuco resume o estilo do Carlota Carlota, restaurante que a chef inaugurou há quase 15 anos em São Paulo e que desde 2001 tem filial no Rio de Janeiro. O cardápio, segundo ela, tem um pouco de cada parte do mundo e muito do Brasil. Mas o interessante é que Carla está sempre inventando receitas novas, que de tanto em tanto acrescenta ao roll de delícias que seduzem a clientela do Carlota. Neste mês de dezembro a casa está com várias novidades, com certeza inspiradas nas últimas andanças de Carla mundo afora. A Bomba de Morangos da foto acima é um dos novos hits. E a fotogênica Cavaquinha Poche aqui abaixo é outro. Dá vontade de sair correndo para provar, não? Endereços: R ua Sergipe 753, Higienópolis, Rua São P ailo/SP ua Dias F erreira, 64, Leblon, Pailo/SP ailo/SP;; R Rua Ferreira, Rio de Janeiro/RJ.

FOTOS: ROALY MAJOLA/DIVULGAÇÃO

Cesta básica

O NEGÓCIO DELE É UVA! Ele já nasceu predestinado. Na infância e adolescência, seu lugar predileto era o pequeno parreiral atrás da casa do avô, em Bento Gonçalves/RS, onde aproveitava a sombra e comia cachos e cachos de uva fresca. Hoje, seu lugar preferido continua sendo junto das uvas. Não alguns cachos, mas as 25 mil toneladas que, anualmente, são utilizadas para a produção dos vinhos, sucos e destilados da Vinícola Aurora. Por seu trabalho, Nauro Morbini Morbini, de 56 anos, recebeu em outubro o título de Enólogo do Ano da Sociedade Brasileira de Enologia. A relação de Morbini com o mundo das bebidas começou cedo. A família tinha uma fabriqueta de refrigerantes em Bento e ele ajudava os pais com as misturas dos xaropes, lavagem de garrafas e colagem de rótulos. Em 1975 entrou na Aurora, como estagiário. Passou por todos os setores, provou todas as funções e sabores até tornar-se especialista nas misturas que se transformam em uma bebida especial. Segundo ele, até para fazer um bom suco de uva é preciso que a alquimia entre os tipos de fruta seja perfeita.



Cesta básica

HOTEL BOUTIQUE NA NORMANDIA

Uma edição primorosa, com textos de Ricardo Freire, fotos de Tuca Reinés (ambientes e natureza) e Sérgio Pagano (gastronomia) e ilustrações de Filipe Jardim, faz do Travel Guide 2010-2011 do resort Ponta dos Ganchos um objeto de desejo para viajantes de bom gosto. Trata-se de um belíssimo guia para que o hóspede possa conhecer o resort (localizado em Governador Celso Ramos, próximo a Florianópolis) em detalhes, mesmo antes da sua chegada. Mas o guia contempla também o mais completo roteiro de passeios curtos na região, além de dicas de gastronomia, compras e locais históricos da capital catarinense. Seguindo princípios de sustentabilidade, o material foi impresso de acordo com o certificado FSC (Forrest Stewardship Council). Travel Guide 2010-2011, 130 páginas.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O Hotel des Ormes Ormes, localizado na região da Normandia, ao norte da França, não tem olhos a não ser para o mar. A elegante moradia do século XIX foi transformada há 10 anos em hotel e adquirida em 2005 pelo casal Flávia e José De Mello, ela brasileira (gaúcha), ele português. Os dois são simpaticíssimos e adoram receber hóspedes do Brasil. O hotel é uma verdadeira inspiração para casais apaixonados. Com vistas para o porto ou para o jardim, tem apenas 12 apartamentos, sendo dois triplos e 10 duplos. Um de seus grandes atrativos é a alta gastronomia do restaurante “Le Rivage”, que lembra, com sua decoração marinha, a doçura de viver das praias de Cotentin. Cozinha refinada, ambiente elegante e serviço impecável são as características que resumem o espírito do restaurante. As receitas são supervisionadas pelo Chef Anthony Riche, que frequentou a Academia de Alain Ducasse e, após terminar os estudos, viajou muito tempo para aprimorar sua experiência. Procure .hoteldesormes.fr mais informações no site www www.hoteldesormes.fr E vá pra lá correndo!

TRAVEL GUIDE



FOTO: RCARDO JAEGER/DIVULGAÇÃO

PARA AMAR E VIAJAR

FLORESTA MÁGICA Bichos da selva com carinhas pra lá de simpáticas são os anfitriões da Jungle Jungle, loja de moda infantil que acabou de inaugurar em Porto Alegre promovendo uma verdadeira renovação neste segmento do comércio. Toda mamãe se encanta ao entrar na Jungle, afinal, o mix de produtos inclui marcas top do vestuário infantil, peças da moda, acessórios e utensílios cheios de estilo. Mas a grande novidade é que as crianças se encantam mais ainda! A Jungle foi planejada para proporcionar uma experiência agradável e divertida para toda a família na hora das compras. Assim, os pequenos contam com espaços de entretenimento equipados com brinquedos, tv, computador, camarim, cantinho de leitura e até uma casa na árvore. E os pais têm à sua disposição sofás confortáveis, revistas e rede wi-fi. Lá fora, estacionamento e segurança. Dá pra aproveitar a tarde sem notar o tempo passar... Endereço: R ua Coronel Bordini, 634, bairro Rua Moinhos de V ento, P orto Alegre/RS. Vento, Porto

nViajante profissional, Cris Berger acumulou imensa quilometragem nos últimos cinco anos, percorrendo os quatro cantos e todos os miolos do mundo. Publicou reportagens nas principais revistas nacionais do segmento de viagens (a estréia de Cris, diga-se de passagem, foi na Estilo Zaffari!). Pois agora a fotógrafa e jornalista resolveu reunir em um livro os lugares que mais tocaram sua alma romântica. O título é amplamente sugestivo: 69 lugares para amar amar.. Cada capítulo do livro corresponde a um destino que Cris destaca como especial: são lugares ou endereços que tiveram o mérito de encantar, surpreender e seduzir a autora. Do singelo ao luxuoso, da praia à montanha, do tropical ao invernal, da badalação à mais completa tranquilidade. Os textos são curtinhos, mas apresentam cada destino com todos os seus predicados e uma descrição da atmosfera local – sempre, é claro, favorável ao romance. As belas fotos de Cris completam o “pacote tentação”: 69 lugares para amar é um verdadeiro incentivo ao hábito de viajar e, sobretudo, um estímulo ao exercício do amor. À venda na Livraria Cultura, 144 páginas, R$ 24,90.



Cesta básica CENA DE DESIGN BRASILEIRO SABOR PASSO A PASSO Receitas explicadas tintim por tintim. Esse é o asso a P asso grande trunfo da coleção Cozinha P Passo Passo asso, lançada pela Larousse do Brasil. O primeiro livro da série chama-se Pratos Básicos e reúne receitas já consagradas pelo paladar do brasileiro (frango assado, sopa de abóbora...), além de novos clássicos da culinária, como molho pesto, tajine de coelho, etc. O livro está dividido em seis capítulos: Clássicos, Massa e Arroz, Carnes, Peixes, Legumes e Sobremesas. Confeitaria é o nome do segundo livro da coleção, que também prima pela profusão de imagens e explicações detalhadas do modo de fazer cada prato. São 70 receitas ricamente ilustradas que prometem desvendar os segredos da arte da confeitaria. Esta edição conta com cinco capítulos: Cremes & Cia, Bolos Simples, Bolos e Doces Confeitados, Doces e Biscoitos, Tortas. À venda na Livraria Cultura. Editora: Larousse do Brasil.

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Há mais de duas décadas Marilene Bittencourt é referência no mercado do design com sua Habitart Habitart. Desde 1986 a empresa trabalha com edição, distribuição e desenvolvimento de mobiliário assinado original brasileiro. Agora a Habitart tem seu primeiro ponto de venda voltado também ao público final, instalado na Avenida Nilo Peçanha, em Porto Alegre. Até então a empresa funcionava com um show-room, fornecendo para importantes lojas de decoração e design de todo o país. A nova loja, que transpira design em todos os seus recantos e detalhes, é criação da Salvi Giorgi Arquitetura e Design. O material institucional e as aplicações da logomarca foram desenvolvidos pela designer Kátia Prates, com grafismo criado especialmente pelo artista plástico Mauro Fuke. Para inaugurar a loja, Marilene convidou os designers Fernando e Humberto Campana, que na ocasião lançaram com exclusividade para a Habitart a Mesa 2 em 1. Endereço: A v. Nilo P eçanha, 2424, Av Peçanha, Porto Alegre/RS.



Consumo T e T ê

paC h e C o

Nosso muNdo Caiu. ViVa o NoVo muNdo. Fui assistir o TEDXSP, uma conferência que acontece anualmente desde 1984 nos Estados Unidos e que agora também tem sua edição brasileira. Originalmente, TED significa Technology, Entertainment, Design, um formato criado para apresentar e disseminar gente interessante de todos os tipos mostrando ideias, pensamentos e projetos num formato de minipalestras de no máximo 15 minutos. Os 700 convidados e inscritos se reuniram no Teatro da Faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo, para ouvir, durante 12 horas, com três intervalos de 40 minutos, o que o Brasil tem a oferecer para o mundo hoje – o tema proposto. É impossível reproduzir a emoção das apresentações, o clima quase messiânico da organização, a alegria e a leveza que pairava no ar após cada palestra. Num efeito mágico, ao final, esquecemos que somos público e passamos a nos enxergar, de fato, como uma comunidade. Foram muitos os exemplos. Cito alguns. Um rapaz pobre virou ator de teatro, chegou a se apresentar na Broadway e, em plena escalada do sucesso, percebeu que não era para fazer aquilo que ele tinha vindo ao mundo. Deixou a turnê americana e voou direto para a favela do Vidigal, onde, há 23 anos, fundou o projeto Nós do Morro. Uma referência no mundo: www. nosdomorro.com.br Uma educadora carioca chegou à conclusão que os alunos da rede pública não estavam mais tão interessados em aprender e que isso se devia especialmente à antiguidade do modelo de ensino, que não levava em conta o formato como os jovens consomem informação

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hoje. Foi assim que surgiu a Nave (Nucleo Avançado em Educação). Que trouxe para dentro da sala de aula tudo o que é proibido nas outras escolas. O celular, o video game, o computador. www.nave.org.br/ Lindo o projeto do desenhista industrial que desenvolveu a bicicleta de bambu, sensacional a orquestra executando uma partitura criada a partir de uma foto de passarinhos nos fios da rede elétrica, maravilhosa a performance ao vivo de um pianista de 18 anos, louvável a atitude do dentista-ciclista que resolveu cursar medicina para ter condições de avaliar e lutar contra o impacto das emissões de gases na atmosfera na saúde humana. Mas mais do que disseminar bons exemplos, o que acredito que eventos como o TED fazem é mexer diretamente na convicção das pessoas. Não foi uma nem duas pessoas que encontrei no corredor, meio envergonhadas, falando baixinho: e eu que só advogo em causa própria? É impressionante o efeito do “eu também tenho que fazer alguma coisa”. Nosso velho modelo está se esgotando. Não faz mais sentido, não é mais moderno, não é desejável viver apenas para gerar benefício para si mesmo. Desejável e novo é, a partir de si mesmo, gerar soluções que sejam transformadoras para todo mundo. Essa é a nova ordem mundial. Temos que ouvir o chamado. TeTê paCheCo é publiCiTária



Sabor

Verão combina com

pe xes P O R

R E J A N E

M A R T I N S

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O

QUATRO CHEFS APRESENTAM RECEITAS CRIATIVAS, 24

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Quando se fala em alimentação saudável, o peixe desponta como prato imbatível. Sua carne nutritiva, magra, com poucas e benéficas gorduras, é rica em ácidos graxos, ferro, iodo, potássio, proteínas e vitaminas A, B e D. Como fonte de proteína magra, o peixe é excelente item em dietas de emagrecimento, tão cobiçadas em tempos de exposição dos corpos ao sol e ao mar. Aproveitando a temporada, buscamos referências com quem entende do assunto: chefs de cozinha. A francesa Valérie Lafay, o nissei Emerson Miyamato e os brasileiros Felippe Sica e Peter Knoblich lidam diariamente com o peixe como matéria prima de suas criações de ofício e de prazer. Eles selecionaram receitas lindas e razoavelmente fáceis de preparar. Aproveite a inspiração que vem com a brisa marinha. Fuja da rotina de cardápios de frituras, dos empanados ou à milanesa, e mergulhe nas vantagens e no genuíno sabor do peixe.

Peixe sem erro Além das receitas, os chefs deixam dicas bem práticas para quem quiser preparar outras receitas sem correr riscos: procure utilizar peixe sempre fresco, observe a carne firme, olhos e escamas brilhantes, guelras úmidas e vermelhas; lave com muita água e limão; prepare de maneira simples: assado, cozido, grelhado ou no vapor; peixe não precisa muito tempero, conserve o máximo de seu sabor natural, usando apenas azeite, ervas frescas, pimenta e sal grosso; tenha cuidado com molhos, pois os muito elaborados escondem seu sabor. Melhor fazer peixes feitos apenas de caldo reduzido do cozimento do próprio animal (aproveitando cabeça e espinha) e aromatizando com ervas e manteiga.

DELICIOSAS E, SOBRETUDO, MUUUUITO SAUDÁVEIS! Estilo Zaffari

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Sabor

CARINHO PERFUMADO OS AROMAS DOS PRATOS ASSINADOS PELO CHEF PETER KNOBLICH PERMANECEM NA MEMÓRIA DE CADA COMENSAL MESMO DEPOIS DA DERRADEIRA GARFADA. FORTEMENTE MARCADO PELA CULINÁRIA FRANCESA, O CARDÁPIO ASSINADO POR PETER RECEBE TOQUES CONTEMPORÂNEOS. PETER É APAIXONADO PELO SEGMENTO SMOKED FOOD E OUTRAS TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS. A PAIXÃO SE REFLETE EM PRATICAMENTE TODOS OS SEUS PRATOS, QUE CHEGAM À MESA COM UM IRRESISTÍVEL PERFUME, UM TOQUE LEVE DE DEFUMAÇÃO E GENEROSAS PITADAS DE CARINHO. ATÉ CHEGAR AO FOGÃO, PETER PASSOU PELO SALÃO, PELA COPA, E PERAMBULOU PELAS COZINHAS DE RENOMADOS CHEFS. À FRENTE DA COZINHA DO LORITA, EM PORTO ALEGRE, QUE ELE COMANDA AO LADO DA MÉDICA ROBERTA GOMES, PETER CRIA E RECRIA SABORES ÚNICOS EM PERFEITAS DOSAGENS DE ERVAS, AZEITES, CONDIMENTOS E MUITA DEDICAÇÃO.

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Robalo Primavera 800 G DE ROBALO / SAL E PIMENTA BRANCA A GOSTO 60 ML DE VINHO BRANCO SECO PARA O MOLHO 16 UNIDADES DE LICHIA 100 ML DE AZEITE DE OLIVA (PARA MARINADA) TEMPEROS FRESCOS 1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO 1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO-LIMÃO 1 COLHER (SOBREMESA) DE MANJERICÃO PICADO 1 COLHER (SOBREMESA) DE HORTELÃ PICADA 1 COLHER (SOBREMESA) DE MENTA PICADA 1 COLHER (SOBREMESA) DE CIBOULETTE PICADA TEMPEROS SECOS 4 UNIDADES DE CARDAMOMO EM GRÃO 2 FOLHAS DE LOURO /1 RAMO DE CANELA ½ COLHER (SOBREMESA) DE CURRY ½ COLHER (SOBREMESA) DE AÇAFRÃO ½ COLHER (SOBREMESA) DE CURCUMA ½ COLHER (SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ PARA A GUARNIÇÃO DE FRUTAS 2 MANGAS CORTADAS EM CUBOS 2 COLHERES (SOPA) DE GENGIBRE FINAMENTE PICADO (EM VINAGRE E AÇÚCAR) 2 MAÇÃS-VERDE CORTADAS EM CUBOS / 1 LIMÃO 4 COLHERES (SOPA) DE AZEITE DE OLIVA 1 COLHER (SOPA) DE COENTRO FRESCO PICADO PARA O CUSCUZ RASPAS DE 2 LIMÕES SCICILIANOS PICADAS SUCO DOS 2 LIMÕES / 2 GRÃOS DE CARDAMOMO PICADOS 200 G DE CUSCUZ DE SÊMOLA CANELA EM PAU 3 CM / 1 COLHER DE AZEITE DE OLIVA

POR PETER KNOBLICH

2 FOLHAS DE LOURO / SAL E PIMENTA A GOSTO 400 ML DE CALDO DE FUNDO CLARO DE AVES 20 G DE MANTEIGA SEM SAL / 1/2 COLHER (SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ / AÇÚCAR PARA A QUENELLES 2 COLHERES (SOPA) DE NATA / 1 COLHER (SOPA) DE IOGURTE / SAL E PIMENTA A GOSTO UMA PITADA DE COENTRO FRESCO PICADO UMA PITADA DE CIBOULETTE PICADA UMA PITADA DE RASPAS DE LIMAO SCICILIANO PICADAS ½ COLHER (SOBREMESA) DE ALGA MARINHA CONCENTRADA Modo de fazer: Cuscuz: Numa panela coloque o suco de dois limões sicilianos. Deixe reduzir com uma pitada de açúcar até que fique quase um caramelo. Acrescente o louro, a canela em pau, 2 grãos de cardamomo picados, gengibre em pó e refogue. Acrescente o caldo de aves. Deixe em fogo brando, colocando o cuscuz sempre mexendo. Tampe e cozinhe por 3 minutos. Remova do fogo, mantendo abafado por ainda 5 minutos. Volte ao fogo, acrescente a manteiga, o azeite de oliva e, com auxilio de um garfo, solte o cuscuz enquanto estiver ainda no fogo, por 2 minutos. (total 10 minutos) Frutas: Misture o gengibre e a manga. Reserve. Acrescente a maçã, o suco de 1 limão, sal, pimenta, coentro e azeite de oliva. Marinada de Lichia: Misture os temperos secos aos frescos, junte o azeite de oliva e a lichia cortada ao meio. Deixe descansando por 24 horas sob refrigeração. Peixe: Numa frigideira bem aquecida acrescente um filete de azeite de oliva e sobre este o robalo temperado com sal e pimenta branca. Grelhe dos dois lados até atingir coloração dourada. Finalize com o vinho branco e a marinada da lichia. Tampe e reserve. Montagem: Sobre um aro, disponha o cuscuz já aquecido. Sobre o cuscuz, disponha a manga e a maçã já aquecidas em frigideira, montando um gateaux de cuscuz, maçã e manga. Retire o aro e acrescente o peixe com molho de lichia e ervas. Finalização – Quenelles do Mar: Bata a nata até obter um creme homogêneo, acrescente iogurte, raspas de limão siciliano, tomilho limão, ciboulette e coentro picados. Finalize com sal, pimenta e alga marinha concentrada. Decore o peixe fazendo uma quenelles com auxilio de duas colheres.

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Sabor

Peixe 7ème Sens PARA O PEIXE 800 G DE FILÉ DE CÔNGRIO ROSA ÓLEO DE CANOLA PARA FRITAR 50 G DE FARINHA DE TRIGO / SUCO DE 1 LIMÃO TAITI UM MAÇO DE SALSINHA FRESCA PICADA MOLHO 4 CARAMBOLAS MÉDIAS / 250 G DE AÇÚCAR 150 ML DE ÁGUA / SUCO DE 3 LIMÕES TAITI SAL E PIMENTA A GOSTO / 1 MAÇO DE HORTELÃ PURÊ 1KG DE MANDIOQUINHA SEM PELE 50 G DE MANTEIGA / 100 G DE NATA FRESCA 500 G DE CUSCUZ MARROQUINO 150 G DE MANTEIGA / ÁGUA QUENTE SAL E PIMENTA

P O R V A L É R I E L A FAY

Modo de fazer: Peixe: Tempere os filés com um pouco de sal, pimenta e gotas de limão. Passe na farinha de trigo para que fique uma camada leve e frite um de cada vez em óleo quente até ficar dourado. Molho: Retire a pele das carambolas e corte em fatias, em forma de estrela. Separe quatro estrelas maiores e pique o resto em cubinhos pequenos. Leve os cubos ao fogo baixo com o açúcar, cozinhando até ficar em ponto de geleia. Bata essa mistura em um mixer ou liquidificador e adicione meia xícara de água, sal, suco de limão e as folhas de hortelã. Cozinhe em fogo baixo. Reserve. Purê: Cozinhe as mandioquinhas, retire as cascas e amasse com um garfo. Adicione a nata e a manteiga e acerte o sal. Cuscuz: Prepare o cuscuz conforme as instruções da caixa e finalize com sal e pimenta a seu gosto. Finalização: Coloque o cuscuz e o purê de mandioquinha lado a lado e o filé por cima em um prato individual. Cubra com o molho de carambolas, salpique com salsa e decore com uma fatia da fruta em forma de estrela. Pode servir com legumes na manteiga.

AUTENTICIDADE MEDITERRÂNEA DETERMINADA E CRIATIVA. OS DOIS ADJETIVOS AJUDAM A DEFINIR A FRANCESA VALÉRIE LAFAY. NASCIDA EM CASSIS, NO SUL DA FRANÇA, A CHEF JÁ SE AVENTURAVA NA COZINHA AOS TRÊS ANOS DE IDADE. NO FINAL DOS ANOS 80, CHEGOU AO BRASIL E EM POUCOS MESES, PRESENTEOU A CAPITAL DOS GAÚCHOS COM UM RESTAURANTE AUTÊNTICO FRANCÊS: L'ARMAZÉM, ONDE PRATICAVA O MELHOR DA CULINÁRIA MEDITERRÂNEA. DEPOIS DE ANDANÇAS COMO CHEF EXECUTIVA E CONSULTORA DE HOTÉIS E RESTAURANTES DE SÃO PAULO, SALVADOR, FLORIANÓPOLIS E PUNTA DEL ESTE, VOLTOU À FRANÇA E RETORNOU A PORTO ALEGRE. AGORA, EM SEU REDUTO “À LA CAMPAGNE”, UM ESPAÇO A 40 QUILÔMETROS DA CIDADE, ELA RECEBE PEQUENOS GRUPOS PARA IMERSÃO E DESFRUTE DA CULINÁRIA PROVENÇAL NA PRÁTICA E NA TEORIA COM DIREITO A FOGÃO À LENHA E ERVAS COLHIDAS NA HORTA. À NOITE, ELA MOSTRA SEU ECLETISMO DO BARDÔ – BAR E BISTRÔ, ONDE A COZINHA BRASILEIRA GANHA RETOQUES MEDITERRÂNEOS.



Sabor


Arani de Pargo POR SUSHIMAN EMERSON YOSHIMITSU MIYAMOTO

2 FATIAS DE 200 G DE PARGO COM ESPINHA 200 ML DE ÁGUA 200 ML DE SHOYU 30 ML DE SAKÊ 30 ML DE MIRIM 20 G DE AÇÚCAR 2 FATIAS FINAS DE GENGIBRE Modo de fazer: Junte todos os ingredientes exceto o pargo e cozinhe em fogo brando. Quando começar a ferver, coloque o pargo e abafe com uma tampa por 15minutos até que o caldo comece a ficar grosso. Acompanhe o pargo com bardana palha. Bardana: é uma raiz e tem um formato comprido. Ela deve ser descascada de forma leve e depois cortada em tiras bem finas. No Japão se come cozido, refogado. Só que o sushiman adaptou ao paladar brasileiro e resolveu fritar. Dá um aspecto de batata palha, porém tem um sabor bem característico próprio da bardana. Pode ser comprado em qualquer loja de produtos japoneses. Arani: é um cozido de peixe de carne branca com gengibre e shoyu. Mirim: é um tipo de sakê.

ENCANTO PRECOCE EMERSON YOSHIMITSU MIYAMOTO TEM 28 ANOS E JÁ TRAZ NA BAGAGEM SEUS PRECOCES 11 ANOS DE EXPERIÊNCIA. DESCENDENTE DIRETO DE JAPONÊS (NISSEI), ELE É GAÚCHO DE PORTO ALEGRE, E DEU SEUS PRIMEIROS PASSOS AINDA NA ADOLESCÊNCIA QUANDO, EM 1995, OS PAIS INAUGURARAM O RESTAURANTE MIYUKI, NA RUA CASTRO ALVES. AOS 17 ANOS JÁ ESTAVA ESTAGIANDO NO JAPÃO. FOI EM ITO, CIDADE DA PROVÍNCIA DE SHIZUOKA, QUE EMERSON APRENDEU TODO O PROCESSO DE PREPARO DA CULINÁRIA TRADICIONAL JAPONESA. DE VOLTA AO BRASIL, TRABALHOU TAMBÉM NO RESTAURANTE YASHIRO, EM SÃO PAULO, ONDE APERFEIÇOOU A TÉCNICA. HOJE ELE MOSTRA SUA COMPETÊNCIA E TALENTO NAS VERDADEIRAS OBRAS DE ARTE QUE SAEM DA COZINHA DO DAIMU, DELICIANDO OLHOS E PALADARES UNÂNIMES NO BAIRRO MOINHOS DE VENTO.

PEIXES E MAIS PEIXES... ÔMEGA 3: TODO PODEROSO

Das gorduras contidas nos peixes, a maioria é insaturada. Entre elas, está o ômega 3, um tipo de gordura do bem, chamada monoinsaturada, que auxilia na diminuição do risco de doenças cardiovasculares, ajuda a conter inflamações e atua na regeneração das células-tronco. Como age nas células nervosas, o ômega 3 atua no combate à ansiedade e outros problemas de fundo emocional. Quem tem pressão alta também vai se beneficiar com o consumo regular de peixes, principalmente de atum, sardinha e salmão, ricos neste tipo de gordura.

PEIXE CERTO

Peixes de águas frias, como sardinha, atum, salmão, arenque e cavala são ideais como fonte de nutrientes. A sardinha apresenta uma quantidade significativa de cálcio, devido à sua espinha, por isso é boa fonte para quem tem deficiência desse mineral. A tilápia, por sua vez, é rica em proteínas e possui baixo teor de calorias e gorduras, principalmente saturadas, ou seja, é uma excelente opção para quem quer controlar o peso. Cuidado com os peixes conservados em sal, como bacalhau, salmão defumado e anchova, que são muito ricos em sódio, devendo ser consumidos com moderação, principalmente por quem tem propensão à hipertensão, doenças cardiovasculares ou sofre de retenção de líquidos.

CONSUMO NO BRASIL

O Brasil dispõe de 4,5 milhões de quilômetros de área oceânica, 8,6 mil quilômetros de costa e 15% da água doce de todo o planeta. Seria natural que sua população despontasse como grande consumidora de peixes. Não é bem assim. Anualmente, o brasileiro consome sete quilos de pescado, porém a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é quase o dobro: 12 quilos por pessoa a cada ano. E por incrível que pareça, a pesca por aqui ainda é pouco desenvolvida. Países como a China, o Chile e a Noruega, com extensão litorânea muito menor que a brasileira, são os maiores produtores do mundo.


Sabor

Linguado com Arroz Negro Thai Style

POR FELIPPE SICA

400 G DE FILÉ DE LINGUADO 100 G DE ARROZ NEGRO 200 G DE COGUMELO SHIITAKE 2 UNIDADES DE ALHO PORÓ 1 UNIDADE DE CENOURA 100 G DE ERVILHA TORTA 6 COLHERES (SOPA) MOLHO DE OSTRAS 1 COLHER (CHÁ) DE AÇÚCAR CRISTAL 3 COLHERES (SOPA) DE CALDO DE LEGUMES 4 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO DE CANOLA OU GIRASSOL 1 UNIDADE DE LIMÃO SICILIANO SAL E PIMENTA DO REINO EM GRÃO A GOSTO

Modo de fazer: Comece cozinhando o arroz negro, pois ele demora mais do que o comum. Faça como no risoto, coloque água aos poucos e verifique o ponto dos grãos. Leva cerca de 35 a 40 minutos essa operação ou até que o arroz esteja levemente macio. Deixe esfriar na geladeira. Lamine o shiitake e o alho poró. Cortar a cenoura em juliana e a ervilha torta na diagonal. Seque bem os filés de linguado com papel toalha. Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Aqueça uma frigideira antiaderente e coloque duas colheres de sopa de óleo. Coloque o linguado com a parte da pele para cima e grelhe aproximadamente dois minutos de cada lado, dependendo da espessura do filé. Numa panela wok ou frigideira com as bordas altas, entre com o restante do óleo. Em seguida, coloque os legumes, mexa bem ou salteie por dois minutos. O fogo tem que estar forte sempre. Temperar com o molho de ostras, caldo de legumes e açúcar cristal. Adicione o arroz negro e mexa sem parar (stir fry) por um minuto. Coloque um pouco de pimenta do reino moída. Finalização: Sirva o arroz na base do prato com o peixe por cima. O molho fica por conta do limão siciliano em gomos, espremido na hora. Ele dará o toque de acidez no prato. Decore com ervas frescas como tomilho, alecrim e cebolete.

TEMPERO DESCOLADO A CHEGADA DA FILHOTA DORA, NASCIDA EM AGOSTO, FOI FATOR DECISIVO PARA QUE FELIPPE SICA DECIDISSE LARGAR A INTENSIDADE E A DEDICAÇÃO QUE A COZINHA DE UM RESTAURANTE EXIGEM PARA GANHAR MAIS TEMPO PARA SI. FORAM TRÊS ANOS ATUANDO NOS BASTIDORES DO KOH PEE PEE, EXCELÊNCIA EM CULINÁRIA TAILANDESA E UMA DAS CASAS MAIS APLAUDIDAS DO SUL DO BRASIL. ANTES, ELE JÁ HAVIA ENRIQUECIDO A CULINÁRIA DE DOIS OUTROS ÍCONES LOCAIS: CHEZ PHILIPPE E CONSTANTINO. AGORA, FELIPPE FAZ JANTARES EXCLUSIVOS, CONSULTORIAS E AULAS COM DIREITO A TEMPERO EXTRA, POIS ELE ENFATIZA O CICLO COMPLETO: PERCEPÇÃO DO GOSTO DE CADA ALUNO, SUGESTÕES E PROVOCAÇÕES GUSTATIVAS DO CHEF, COMPRAS NO MERCADO PÚBLICO, ENCONTRO COM SOMMELIERS PARA COMPRA DE VINHOS, PREPARO DOS PRATOS E, AÍ SIM, O JANTAR. SOBRA TEMPO PARA A FAMÍLIA E PARA ALIMENTAR O BLOG (HTTP://FELIPPESICABLOGSPOT.COM) EM QUE ELE NARRA SUAS DESCOBERTAS, RECEITAS E PENSATAS CULINÁRIAS.



(con)vivências R U Z A A M O N

NÃO GRUDE NO CLIENTE

“Senhores fabricantes, prometo não esquecer de suas marcas. Mas, por favor, permitam-me usar seus produtos – que já foram pagos e que agora são meus – do jeito que eu bem entender”. Esta será a introdução de uma carta aberta que pretendo endereçar aos fabricantes como um todo, pois eles formam uma entidade que insiste em estar presente em todos os momentos e objetos da minha vida, tal qual criança agarrada à mão de um adulto temendo ser abandonada. Potes de vidro, por exemplo, geralmente têm etiquetas grudadas com colas invencíveis, que só sairão depois de o vidro já estar todo arranhado de tanto a gente esfregar. As etiquetas das roupas especialmente as que ficam na altura da nuca – são costuradas com nylon em pontinhos ínfimos, para intimidar quem queira retirá-las. Não sei o que me atrapalha mais: a etiqueta, a torturante linha de nylon ou a insistência do fabricante em grudar em mim. Aliás, os botões das roupas deveriam ser presos com igual eficiência, coisa que não acontece, pois a uma única puxadinha da ponta da linha eles despencam despudoradamente. Uma mulher pode ficar nua em plena avenida por causa dos botões costurados à máquina, mas jamais correrá o risco de esquecer a grife patrocinadora do espetáculo, pois a etiqueta estará lá, mais à mostra do que nunca, pra quem quiser conferir. Dia desses, levei uns dez minutos na meticulosa cirurgia de retirada da etiqueta de uma camisa, com direito a extração à pinça dos últimos vestígios do nylon usado para prendê-la. “Etiquetomia” é o nome dessa prática, que já me custou buracos em camisetas e peças de tricô, tudo por culpa dos fabricantes que desejam ser irritantemente lembrados. No fundo, eu entendo e concordo com essa filosofia. Porém, as marcas devem estar presentes na cabeça do consu-

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midor e não no pescoço dele. Não é de hoje que as maisons de moda aplicam suas logomarcas em estampas de lenços e tecidos de bolsas. Porém, antes de sua total vulgarização, esse era um recurso relativamente discreto, usado com elegância. Nos últimos 20 anos, no entanto, as grifes ficaram salientes e assanhadas porque os consumidores passaram a valorizar os produtos 'de marca', fazendo questão de exibir suas escolhas. Desde então, a gente vê etiquetas de tudo que é jeito, estampadas, costuradas e até penduradas em todos os cantos de roupas e acessórios, ao ponto de trazer confusão a certas pessoas. Uma vez, encontrei um homem que vestia um sobretudo. Na manga esquerda (na mesma altura do Rolex de procedência duvidosa), via-se uma etiqueta imensa onde estava escrito “100% wool”. Ela era muito grande para passar despercebida, ficando evidente que o dono do casaco decidira não retirá-la, mesmo sem saber o que ela informava. Talvez ele tenha considerado que o termo em língua estrangeira conferia importância à roupa. E aí está mais uma obsessão do momento: palavras e grafismos de difícil tradução. Neste quesito, os campeões de preferência são os ideogramas do alfabeto Kanji. Particularmente, eu teria medo de exibi-los sem a assessoria de um japonês de confiança que me fizesse a tradução precisa do significado. Já pensou sair desfilando com um “aluga-se”ou “fechado aos domingos” nas costas de uma jaqueta ou mesmo na tatuagem do tornozelo? Pensando melhor, as etiquetas internas podem até arranhar o pescoço, mas pelo menos não fazem a gente passar vexame. RUZA AMON É JORNALISTA



Casa

água esculturas de

em

movimento

QuANDO ESTAMOS PERTO DE uMA FONTE CONSEguIMOS NOS AbSTRAIR COMPLETAMENTE DA REALIDADE AO NOSSO REDOR. É O PODER DO buRbuRINhO RELAxANTE COMbINADO AO MOvIMENTO SuAvE DA águA. CRISTALINA, ELA bROTA DAS PAREDES DE PEDRA, vERTE DAS CASCATAS Ou IRROMPE DA bOCA DO LEÃO. NÃO IMPORTA O ESTILO. O QuE IMPORTA É QuE ESTAS bELÍSSIMAS ESCuLTuRAS EM MOvIMENTO TAMbÉM SERvEM PARA REFRESCAR... A ALMA, CLARO.

P O R

I R E N E

F OTO S

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M A R C O N D E S

L E T Í C I A

R E M I Ã O



mini-ecossistema 38

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Cascata traz boas energias Segundo a arte milenar do Feng Shui, o movimento da água deve ir em direção à casa para que as boas energias permaneçam nela. Aqui, neste projeto de uma residência no condomínio Jardim do Sol, em Porto Alegre, não poderia ser diferente. “O jardim foi todo criado para dar boas vindas e trazer vibrações positivas. Nada melhor do que um riachinho, uma cascatinha e um minilago”, descreve o agrônomo e paisagista gaúcho Toni Backes, que conta com mais de 24 anos de experiência. Para surpresa de muitos, este mini-ecossistema levou apenas uma semana para ser construído e, segundo a moradora, a manutenção é simples e pode ser feita pelo próprio jardineiro da casa. Um dos segredos é a escolha das espécies, que se adaptam facilmente ao ambiente. “Para as aquáticas optei pela alface d’água, papiro e iris amarela. Já para as folhagens, escolhi dólar roxo, hedichium, bromélias, clívia, aspargo vela e liriópsis”, aponta. A cascata foi criada para ficar discreta na paisagem, parecendo o mais natural possível.



Casa


spa em casa

Espaço para o bem-estar

Na serra gaúcha, a vida agitada de uma empresária pedia um espaço dentro de casa que fosse totalmente voltado para os cuidados com o corpo e com a alma. A designer de interiores Maria Lucia Finger debruçou-se sobre o projeto para atender ao desejo da cliente. Imediatamente elegeu o tom acqua como paleta principal que nortearia as demais escolhas. Desenhou um mosaico com diferentes pastilhas verdes para revestir a piscina de forma a alcançar o tom desejado. Na parede principal, recoberta com placas de pedra em estilo fossilizado, três quedas d´água reforçam a proposta zen do local. “As cascatas são elementos fortes nesta arquitetura, já que conseguem trabalhar com os principais aspectos sensoriais - fundamentais em qualquer espaço voltado ao relaxamento e ao bem-estar”, explica Maria Lucia, que apostou em um moderno sistema de automação para controlar as quedas d´água. Vasos vietnamitas feitos com pedra vulcânica pontuam a decoração, que conta também com plantas típicas da vegetação balinesa. “Esta piscina indoor integra-se harmoniosamente ao jardim externo, onde a família e amigos relaxam aos finais de semana”, explica a designer de interiores.

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suave burburinho 42

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Queda d´água no jardim Se internamente a casa conta com as três quedas d’água no SPA, o jardim exibe a minifonte construída com pedras palito. Linda e com um burburinho suave, ela nasceu de improviso. “Eu queria esconder todo o maquinário da piscina indoor e para isso ergui uma coluna que serviu como base para esta fonte”, explica a designer de interiores Maria Lucia Finger, responsável pelo projeto desta casa localizada na serra gaúcha. “Ao todo coloquei quatro fontes em lugares diferentes da residência, tamanha paixão que a moradora tem pela água e pela sensação de bem-estar que estas fontes proporcionam”, conta Maria Lucia. Diferentemente do SPA que exibe plantas de Bali, o jardim aposta nas suculentas para dar vida aos vasos vietnamitas. “Elas resistem bem ao nosso clima gaúcho e garantem o jardim sempre bonito”, conclui Maria Lucia.



Casa


Esta fonte de pedra pertenceu ao engenheiro gaúcho Fernando Martins, que desempenhou importante papel na administração do prefeito Otávio Francisco da Rocha, na década de 20, em Porto Alegre. Nesse mesmo período, o engenheiro concluía a obra do seu casarão, então localizado no Morro Ricaldoni, região que abrigava belos projetos arquitetônicos da cidade. A fonte decorava o jardim da casa. Décadas depois, a história se repete. Só que desta vez, a escultura de pedra decora a residência de um de seus descendentes. Acolhida pelas árvores frondosas, ela forma um dos recantos mais agradáveis do bosque. É ao redor desta relíquia que os bisnetos do engenheiro Fernando Martins brincam, admirados, com a quantidade de passarinhos que ali passeiam. O burburinho da água deixa o refúgio ainda mais bucólico – fazendo com que ali a vida passe com mais tranquilidade.

relíquia no bosque

herança de família

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Qual o sabor? c a r l a

p e r n a m b u c o

Qual o sabor de

Fernanda azevedo exÍmIa coZInHeIra, alQuImISTa De SaboreS, banQueTeIra por proFISSÃo, FernanDa aZeVeDo praTIcamenTe naSceu e creSceu enTre panelaS, FrIGIDeIraS e lIVroS De receITaS e reVISTaS De DecoraÇÃo. o Dna, eSTÁ lÁ, HerDaDo DoS paIS eunIce e JoaQuIm aZeVeDo, VanGuarDISTaS por naTureZa. ela Tem o Dom De receber com muITo eSTIlo e reQuInTe. como naS receITaS, o aSpecTo VISual É TÃo FunDamenTal QuanTo a coerencIa De DeTalHeS DoS InGreDIenTeS. aTualmenTe DIVIDe Seu Tempo enTre a conSulTorIa para bISTrÔS cHarmoSoS Da cIDaDe e o buFFeT Que FaZ FeSTaS IneSQuecÍVeIS e leVa Seu nome e aSSInaTura. Sempre recrIanDo o paSSaDo De olHo no FuTuro. aQuI reVelou para eSTIlo ZaFFarI ToDaS aS SuaS preFerêncIaS e SeGreDoS. VoIlÀ! com VocêS, maDame FernanDa aZeVeDo, prêT-a-a-FaZer!

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DuaS palaVraS bonITaS e DuaS FeIaS Saudade e luz. Medo e fome.

uma FraSe Que Você nunca uSa Jamais farei.

uma FraSe Q Te IrrITa “Esta crise...”

SIGno e aScenDenTeS Sagitário e sagitário.

o munDo Tem SoluÇÃo? Impossível é nada.

eSTIlo É... conceito. luxo É... com o mínimo fazer o máximo. QuaTro InGreDIenTeS De luxo

Temperos, azeites, ovos e farinha.

QuaTro InGreDIenTeS nobreS Ostras, trufas, frutas, vinho.

Sabor Que Você reJeITa... xuxu. uma proFISSÃo Que InVeJa

e FelIZ? Família.

o Que Você eSTÁ penSanDo neSTe exaTo momenTo? Jantar com amigos.

Qual o Tempero Da Sua VIDa? Amor.

Você É conTra ou a FaVor Do coenTro? A favor.

um cHeIro De... cozinha. um GoSTo Que nÃo eSQuece... cozinha indiana. uma comIDa De alma

Paella de Frutos do Mar do meu pai.

Sal ou aÇÚcar? Sal.

QuanTo maIS QuenTe É melHor? Sopa.

a VInGanÇa É um praTo Que Se come FrIo? Não se come.

Doceira.

luxo na meSa É... o que importa é a comida.

TenTaÇÃo IrreSISTÍVel ao palaDar... frutos do mar.

cInco InGreDIenTeS eSSencIaIS

o Que maIS SeDuZ em uma coZInHa? Cheiro e misturas.

praTo FaVorITo?

Louças, talheres, comida bem feita, vinho e educação.

Se Vc FIZeSSe um JanTar para 6 peSSoaS FamoSaS, Quem conVIDarIa?

Muitos!

Carla Bruni, Benicio Del Toro, Barak Obama, Audrey Hepburn e Sean Penn.

o Que nunca comerIa?

Seu olHo É maIor Que a boca?

Pedra.

SorTe É... educação. a Gula É um pecaDo conSTanTe em Sua VIDa? Sim.

VIVer bem É... simplicidade. o Que maIS Te DeIxa InFelIZ? Injustiça.

Com certeza!

uma receITa De SuceSSo Bacalhau às natas.

Seu praTo De crIanÇa era.... milk shake de creme.

um praTo para comer... filé de atum. um praTo para FaZer... cordeiro com muitas ervas.

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Reiki


Um toque de

mag ca se o Reiki não for uma experiência mística, só pode ser um passe de mágica. Do contrário, como explicar que, apenas com a imposição das mãos sobre minha barriga, sem nem tocar no meu corpo, a terapeuta reikiana tenha feito eu sentir os órgãos internos se mexendo? Pelo menos foi essa a sensação que tive ao receber o meu primeiro Reiki: minhas entranhas pareciam estar sendo massageadas. Ok, eu sei, não é mágica. mas que o Reiki tem lá seus encantamentos, isso tem. aliás, está aí uma questão que nem os mais céticos poderão negar.

P O R

PaU l a

ta i t e l b aU m

i lU s t R a ç õ e s

n i k

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Reiki

O Reiki FiCOU aDORmeCiDO atÉ seR ReDesCObeRtO nO JaPÃO Apesar de ter natureza espiritual, possuir muitos seguidores e pregar o amor ao próximo, o Reiki não é seita ou religião. Na verdade, é uma técnica oriental reconhecida pela OMS, Organização Mundial de Saúde, para oferecer harmonia, equilíbrio, cura e auto-cura. Para revelar o mistério, basta dizer que as mãos que captam a boa energia universal Rei – que está no ambiente – a unem com a energia vital Ki – que pertence a cada indivíduo. Sim, eu sei, não é muito fácil de entender. Por hora, basta dizer que funciona. Se duvidar, vá lá e experimente pra ver. Nascida como uma antiga arte tibetana, o Reiki ficou séculos adormecido até ser redescoberto no Japão, em 1922, pelo monge budista Mikao Usui. Conhecedor do idioma sâscrito, Usui traduziu os milenares manuscritos que falavam sobre técnicas de cura pelas mãos e, para compreendê-los, passou 21 dias no Monte Koryama, orando e jejuando, até iluminar e desvendar os segredos do Reiki. Do Japão, o Reiki viajou até o Havaí e de lá espalhou-se rapidamente pelos EUA. A partir daí, foi sendo disseminado pelos meridianos do mundo até chegar timidamente ao Brasil no início dos anos 1980. Trinta anos depois, estima-se que mais de um milhão de brasileiros são iniciados no Reiki. São três os níveis de iniciação. O Nível I é quando as energias Rei e Ki são pela primeira vez sintonizadas. No Nível II, o reikiano potencializa essa sintonização e conhece três dos quatro símbolos ativadores de energia. O Nível III é o mestrado e a revelação do quarto símbolo. Tentando explicar melhor, esses símbolos são como chaves que abrem as portas da percepção e os chakras que estão bloqueados, são desenhos que, feitos com a mão ou mentalmente, permitem a conexão com outras dimensões e a efetiva realização do Reiki (deve ter sido um desses símbolos que fez com que eu sentisse aquele mexe-mexe dentro de mim). Para completar, são cinco os princípios do Reiki: hoje

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eu abandono a minha raiva; hoje eu abandono as minhas preocupações; hoje eu conto com todas as minhas bênçãos; hoje eu faço meu trabalho honestamente; hoje sou gentil com todas as criaturas vivas. Não que o passado e o futuro não importem, mas dá pra perceber que o aqui e agora são, como no budismo, o foco do Reiki, de todos os Reikis. Sim, porque ao longo dos anos, a partir do tradicional método de Usui Mikao, foram surgindo várias outras vertentes que adaptaram e acrescentaram símbolos e rituais. Há, por exemplo, o Blue Star Reiki, o Golden Age Reiki, o Iron Reiki, o Men Chhos Reiki, o Rainbow Reiki e outras centenas de Reikis espalhados pelos continentes. Por via das dúvidas, prefiro sempre seguir as tradições originais. Mas sabe como é, cada um é livre para procurar o que mais combina com seu estilo. Johnny D’ Carli é, atualmente, o mais famoso mestre de Reiki do Brasil. Com uma escola no Rio e outra em São Paulo, foi ele que iniciou Maitê Proença e o reikiano Nível III Roberto Carlos. Pois Johnny estudou na escola Usui Reiki Gakkai, em Tóquio, e me explicou – citando as palavras da Sra. Koyama, chefe da escola – que, independente do tipo de Reiki, “a energia é sempre a mesma, em todo lugar, não importa de que país ou filosofia veio”. Mas desde que tenha derivado do Mestre Usui, é claro. Johnny, além do sistema tradicional, trabalha com Osho-Neo-Reiki e Karuna Reiki. E entre os vários livros que escreveu está Reiki para Crianças. “Muitas crianças foram nossas alunas. Elas vinham ao seminário acompanhadas de seus pais e avós. Minhas filhas foram iniciadas no Nível I quando tinham apenas 6 e 8 anos de idade. Já iniciei bebês HIV positivos, em um deles o vírus desapareceu. A iniciação no Reiki torna uma criança mais feliz”, responde Johnny depois de questionado sobre o assunto. E foi justamente para deixar o filho mais feliz e tranquilo que Maria Helena Damo acabou chegando ao Reiki. Mãe de um garotinho que não dormia nunca e andava sempre na ponta dos pés, Maria Helena foi em busca de terapias alternativas. Começou com a homeopatia, passou por pedras



Reiki e florais e, um dia, ao comentar com uma amiga que suas mãos ficavam quentes quando fazia certas coisas, ouviu pela primeira vez a palavra Reiki. Maria Helena matriculou-se na Escola Brasileira de Reiki em Porto Alegre, uniu a técnica a seus conhecimentos como bióloga e, alguns anos depois, além de ter conseguido fazer seu filho “aterrar” com o Reiki, sentiu-se pronta para atender pacientes e ministrar cursos. “A ideia é ajudar as pessoas a serem mais felizes, possibilitar com que façam o que querem, mas não conseguem”, fala Maria Helena que, atualmente, não tem a menor dúvida de que existe um mundo energético e que é fácil acessá-lo. “Tem a ver com física quântica”, declara. E não pense você que as mãos precisam estar próximas ao corpo. Maria Helena, assim como Johnny e outros mestres reikianos, aplica Reiki à distância. “É ideal para crianças, pois elas são muito curiosas e dificilmente ficam quietas para receberem o Reiki. Nesse caso, basta saber o nome, o endereço e o horário que a criança vai estar dormindo para mentalizar os símbolos e enviar a energia para elas”, explica Maria Helena. Johnny completa contando que o Reiki não apenas pode ser aplicado à distância como traz grandes resultados. O

eneRGia UniVeRsal


único pré-requisito, segundo ele, seria a aceitação por parte de quem recebe: “Existem mestres que pregam que podemos aplicar Reiki sem o consentimento do receptor, alegando ser uma energia de amor e que não precisamos de autorização para amar alguém. Particularmente, não discordo dessa tese, porém observei intensas contaminações energéticas no campo áurico de reikianos que assim o fizeram. O pedido de autorização em alguns casos pode ser feito mentalmente, pela conexão com o Eu Superior da pessoa que irá receber”. Ai, agora preciso abrir um parênteses para confessar que nessa parte o meu Eu Cético quase brigou com o meu Eu Místico. Mandar Reiki pelo endereço? Sem conhecer a pessoa? Como assim? Seja como for, o mais comum mesmo é o Reiki com presença física. O receptor deitadinho na cama, o mestre de pé com suas mãos postas e todo o sossego do mundo para acalmar o corpo, a mente e o coração. Tudo muito relaxante, energizante e reconfortante. “Tenho a sensação de um calor que se movimenta dentro do corpo”, diz a fotógrafa Sandra Bordin. “Parece que após a sessão o mundo é maravilhoso, na verdade, nada mais é do que a presença da paz”, conta a publicitária Vanessa Machado. “O Reiki é uma coisa mara-

vilhosa, só um reikiano sabe o valor que ele tem”, declara o Rei Roberto Carlos. E ainda há depoimentos sobre a grande sensação de leveza, as dores que sumiram, as Síndromes do Pânico que evaporaram e os animais de estimação que de nervosos passaram a tranquilos. Isso mesmo: animais. Em Porto Alegre, a veterinária Adda Moreira aplica Reiki em pets para que fiquem mais dóceis ou mesmo para tratar distúrbios de comportamento como agressividade, estresse, depressão ou ainda para doenças e recuperações pós-cirúrgicas. Nesse caso, o Reiki vem em forma de carinho, com um leve toque sobre o pêlo. E um bichano calminho é só mais uma das vantagens que o Reiki tem. Outra que me chamou a atenção é que os iniciados podem aplicar Reiki em si mesmos. A fotógrafa Sandra é uma: “Hoje, auto recebo Reiki duas vezes por dia e faço no meu filho, que dorme muito mais tranquilo, e no meu cachorro, que andava doente há anos e agora está muito melhor”. Ou seja: não importa a idade, a crença religiosa, a angústia que lhe aflige, não importa nem de que espécie você é ou em que voltagem está ligado, o Reiki está aí para ajudá-lo. E para recarregar sua luz de energia.

tRaZ CURa, Calma e COnFORtO

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O sabor e o saber F e r n a n d O

lO k s c h i n

sOja, a vaca verde ‘Pássaros sem canto, flores sem perfume, homens sem honra, mulheres sem honestidade’. Para o europeu recém chegado, o novo continente era degenerado, ‘terra ainda molhada e lânguida pelo dilúvio’ onde ‘até o ferro é mais mole’. A fauna era decepcionante, até existiam grandes árvores (‘de raízes diminutas’...) mas não grandes animais; em vez de elefantes, antas; no lugar de rinocerontes, capivaras. Não haviam imponentes camelos, mas tímidas lhamas. As lhamas eram exploradas pelos andinos para tração, couro, lã e carne, mas não para leite. Diferentemente dos árabes que bebiam o leite de camela, os incas e astecas não ordenhavam suas lhamas por serem incapazes de absorver a lactose. Da mesma forma, muitas tribos norte-americanas viviam da carne e couro do bisão, mas não do leite; os peles vermelhas sofriam a mesma indigestão dos primos do sul. Ainda em 1858, Sir Richard Burton, cônsul britânico em Santos, espantava-se como a ausência de leite na dieta dos brasileiros, fossem eles portugueses, africanos ou índios. Há lógica evolutiva na intolerância ao leite, um alimento próprio do recém nascido – não faz sentido adultos disputando com crias a mesma fonte nutricional. Livre na natureza, não há uma única espécie onde adultos bebam leite, todo animal desmama. O primeiro censo chinês ocorreu há 2.100 anos e contou 60 milhões de bocas. Em contraste com o novo mundo, o sudeste asiático é há tempos cheio de gente e vazio de bichos. Além da intolerância à lactose, havia escassez de proteína animal e foi vital que lá surgisse uma planta afim ao leite e carne. Se todo animal é rico em proteína, são poucos os vegetais capazes de proporcioná-la, isto só acontece com a espelta, a quinua, o cânhamo e, especialmente, a soja – a proteína da Ásia. A soja é chamada lá de ‘carne sem ossos’ e ‘vaca verde’, mas o mais justo seria chamarmos aqui a carne de ‘soja animal’ – 68% da proteína consu-

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mida provem da soja, a planta mais cultivada no mundo. A proteína é a maquinaria da vida e o próprio termo saído do G. protos, ‘primeiro’, diz a sua importância. Uma pessoa de 70kg tem 11kg de proteínas; retirando-se a água de um corpo, o que permanece, sejam músculos, órgãos, cabelos, unhas, até ossos e dentes, é quase só proteína. A gordura e carboidrato são os combustíveis, a proteína é motor e carroceria, confere a forma e função ao ser vivo. A necessidade de proteína não é pequena – 60g – que corresponde a 280g de queijo ou 6 ovos ou 2.3l de leite ou 400g de carne. É tanto como 3.5kg de batatas ou tão pouco como 140g de soja. Se as pessoas, como as abelhas e os pandas, dependessem de um único alimento, este alimento teria de ser a soja. O grão, 40% proteína, contém todos aminoácidos essenciais, qualidade que nem a carne, deficiente de metionina, tem. Há perto de 10.000 variedades de soja, todas descendentes de uma espécie nativa e abundante na Mongólia e China. A poesia e o carinho contidos nos nomes das variedades chinesas testemunham o valor de uma cultura na outra: ‘jóia grande’, ‘pérola redonda’, ‘olho negro’, ‘ouro precoce’, ‘tesouro’, pássaro do céu’, ‘espírito do vento’, ‘flor de jardim’. Já havia manipulação genética na pré-história. Animais e plantas são artefatos concebidos pelo engenho humano tanto quanto potes de cerâmica e pontas de flecha, e têm um desenvolvimento como o das construções e aviões. A domesticação da soja iniciou há 3.000 anos na China e se espalhou pelo Japão para abranger a Ásia. Foram criadas plantas menos sensíveis ao sol, com mais e maiores sementes, de vagens que não se abrem na maturação e com caules mais altos e eretos para facilitar a colheita. Não é a toa que Mendel era um monge e seu laboratório, uma horta de ervilhas. Se os mosteiros cristãos foram polos de pesquisa agropecuária (verdu-


ras, mel, frutas, cervejas, vinhos e queijos) os budistas desenvolveram e espalharam a soja (e o chá) pela Ásia como acompanhamento de seus preceitos vegetarianos (e abstêmios de álcool). Os budistas também criaram todos os beneficiamentos que chegam aos nossos dias: o farelo, o leite, o molho de soja e o tofu. Há razões para estes subprodutos já que os feijões de soja in natura não se prestam ao consumo: duros, custam a cozinhar, têm sabor adstringente, absorção difícil e causam enorme flatulência. Também possuem toxinas que danificam o pâncreas. Devido a tais limitações, a Europa não acolheu a soja tão pronto como os produtos do novo mundo. Os termos ocidentais para soja não derivam dos seus nomes asiáticos (C. dadou e J. daizu), mas do J. shoyu, o shoio, testemunho que o molho de soja chegou à mesa europeia séculos antes do que o grão. O molho de soja é a mistura fermentada de soja, trigo e sal. Criado no Séc. I AC, evoluiu como contrapartida ao garum, o molho de peixe dos romanos, com quem os chineses comerciavam. Sua confecção tradicional leva um ano inteiro e exige as variações climáticas das quatro estações. Rico em monoglutamato de sódio, o shoio tem presença semelhante ao sal no ocidente: todo o alimento é banhado em shoio. Versão vegetal do leite de vaca, o leite de soja é obtido pelo embebimento dos feijões em água, amassamento, fervura, pressão e filtragem. O conteúdo protéico torna-se assimilável, mas como o sabor é amargo os japoneses adicionaram flavorizantes como baunilha e frutas. Réplica chinesa do queijo de égua dos mongóis, o tofu é o queijo de soja. O leite de soja é coagulado com cristais salinos obtidos por fervura de água do mar e prensado em forma para dessorar. No registro de Domingos de Navarrete, missionário português na China (Séc. XVII), o tofu, ‘bolo que parece queijo, é o mais

shOiO de shOgun laminar alcatre e temperar cOm sal, pimenta e shOiO. passar as Fatias na Farinha de trigO. aquecer óleO e dOurar cebOlas em pedaçOs. Fritar a carne, retirar as cebOlas, cOlOcar cOgumelOs Ou brócOlis. acrescentar mais shOiO e caldO de carne. cOzinhar 1 minutO. servir cOm arrOz. Estilo Zaffari

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comum e barato dos alimentos’ e serve ‘desde Imperador até o mais humilde dos súditos’. Prato preferido do Camarada Mao, há até o suzu, o tofu fedorento que sugere a textura e fragrância do Camembert. Tanta proteína e a soja é a planta da gordura. Metade do óleo vegetal fabricado vem da soja e seu emprego é culinário e industrial, num leque que vai desde a fabricação de margarina até a lubrificação dos elevadores do Empire States. Embora Benjamin Franklin plantasse algumas sementes no seu jardim, a soja debutou na América no fim do Séc. XIX quando os grãos trazidos como lastro dos navios chineses que chegavam à Califórnia passaram a ser cultivados para forragem de gado. Mas o ocidente manteve distância da soja até a II Guerra quando os aliados necessitaram de substitutos de carne para nutrir soldados e civis. Mesmo hoje, quase toda soja ocidental destina-se a óleo vegetal e aplicações industriais tais como alimentos processados, tintas, vernizes, saponáceos, cosméticos, adesivos, celuloses, borrachas, plásticos e, inclusive, explosivos. Paradoxalmente a soja favoreceu o consumo de carne ao baratear seu custo – tornou-se mais econômico alimentar peixes, aves, suínos e gado com farelo de soja. Entusiasta da planta à beira da inconveniência, Henry Ford vestia ternos de tecidos à base de soja e submetia seus convidados a jantares onde os grãos figuravam em todos pratos servidos, do canapé à sobremesa. Havia soja até nos seus automóveis, cada Modelo A que fabricava utilizava meio saco de soja na pintura e plásticos. Planta feminina, a soja é rica em isoflavona, um gêmeo do estrogênio, e seu uso poderia minimizar os sintomas da menopausa e osteoporose. Há quem especule que a menor incidência de calvície e tumores de próstata dos asiáticos estaria relacionada ao seu alto consumo. Nutrição boa e barata, soja é a base das ajudas humanitárias da ONU nas grandes calamidades de fome como as do Haiti, Biafra e Somália. Duzentos e cinquenta dólares compram óleo e farelo suficientes para alimentar 80 pessoas por um mês inteiro. A era brasileira da soja iniciou em 1914 em Santa Rosa (RS) quando um pastor anglicano trouxe dos EUA 2 kg de feijões que distribuiu entre seus paroquianos. Em poucos anos se criava lá uma cooperativa e, em 1941, uma usina de beneficiamento. Um ciclo de crescimento de 4 meses e a propriedade de restaurar o solo na lavoura rotativa com o trigo deram grande

expansão ao plantio, e o Brasil colhe hoje 60 milhões de toneladas, quase toda transgênica, competindo com os EUA como o maior exportador mundial. Do sul, a soja escalou o centrooeste até a floresta amazônica, onde compete com a pecuária como a principal causa de riqueza e desmatamento. E Santa Rosa ostenta hoje duas titulações: Berço Nacional da Soja e Terra Natal da Xuxa; é sede da Fenasoja e do Museu da Xuxa. Duplo celeiro, na região gaúcha da soja brota a beleza: Shirley Mallmann (Santa Clara), Letícia Birkheuer (Passo Fundo), Raquel Zimmermann (Bom Retiro), Ana Hickmann (Santa Cruz), Carol Trentini (Panambi), Alessandra Ambrosio (Erechim) e last but not least Gisele Bündchen, de Horizontina, cidade pioneira na mecanização da lavoura de soja. Não surprende que estes grãos mágicos transbordem de isoflavona, um análogo vegetal do hormônio sexual feminino. Mais que a nutrição, muito mais que a gastronomia, este é o fascínio que nos deixa, como Henry Ford, entusiastas da planta à beira da inconveniência.

FernandO lOkschin é médicO e gOurmet

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fernando@vanet.com.br



Viagem

O ponto alto de

ipanema T E X TO S

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F OTO S

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B E R G E R



Viagem

DA COBERTURA, A VISTA É ESPETACULAR. ESPELHOS CRIADOS POR PHILIPPE STARCK REFLETEM A PAISAGEM O Rio de janeiro é paixão mundial. A praia de Ipanema, um dos lugares mais badalados da Cidade Maravilhosa. O nome Fasano remete imediatamente a um conceito de luxo, requinte, bom gosto, exclusividade. E o hotel Fasano Rio é, há cerca de dois anos, o lugar mais exclusivo de Ipanema. As portas do Fasano na avenida Viera Souto foram abertas ao público em agosto de 2007. No local onde existia a mansão da família Bezerra de Mello foi construído um pequeno prédio, com 89 apartamentos, no qual a cobertura é o ponto alto, literalmente. Não apenas porque de lá se tem uma vista incrível do morro dos Dois Irmãos e da orla de Ipanema e Leblon, mas pelo belo espaço de lazer ali instalado, com direito à piscina com borda infinita, charmosas espreguiçadeiras, sauna úmida, fitness center e bar com de60

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liciosos drinks, sorvetes artesanais, petiscos e pratos à base de peixes. Rogério Fasano – criador e proprietário do hotel, representante da quarta geração de empreendedores da família Fasano – chamou Philippe Starck para assinar a decoração e criar algumas peças exclusivas. Starck usou espelhos, longas cortinas de veludo, luminárias arrojadas e deu ênfase aos detalhes. Um bom exemplo é o genial espelho chamado “orelhas que vêem”, inspirado em Dalí. Exemplares dessa peça estão espalhados nos quartos e na cobertura do hotel. Conforto e vista O hotel tem quatro tipos de acomodações: apartamento Superior, apartamento Deluxe, Suíte e Suíte Deluxe. Todas têm sacadas, entretanto, o apartamento


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PEÇAS DE DESIGN COMPÕEM A DECORAÇÃO DOS QUARTOS. O EFEITO É SÓBRIO, AGRADÁVEL E ELEGANTE Superior é o único que não tem vista para o mar. As Suítes se diferenciam pelo espaço. E pela lindíssima vista, é claro. Na hora de distribuir os móveis, a cama ficou de costas para a porta e de frente para a sacada. Assim, mesmo deitado o hóspede pode apreciar a paisagem e ver a linha do horizonte. O mesmo acontece no chuveiro, pois a parede lateral é de vidro. A sacada é decorada com cadeiras assinadas pelo arquiteto e designer Sérgio Rodrigues. Ao lado da cama, sandálias Ipanema desenhadas pelo estilista Oskar Metsavaht esperam por você. Fazem parte dos pequenos e importante detalhes do Fasano os lençóis de fio egípcio, travesseiros de pena de ganso, roupões, serviço de buttler – encarregado de desfazer e fazer sua mala –, televisão LCD e DVD. O atendimento é personalizado dentro das suas

necessidades e desejos. O concierge pode, por exemplo, montar uma agenda de programas culturais e gastronômicos especial para você, além de reservar carros particulares do hotel para transportá-lo durante essas programações. E se você gosta de viajar na companhia de seu melhor amigo de quatro patas, saiba que o Fasano recebe com alegria cachorros e gatos, e ainda os presenteia com o VIPET, kit com caminha, potinhos de comida e água, brinquedinhos e um cartão de boas vindas assinado: seu novo Amigo Fasano. Agito e requinte Logo ao entrar pela porta principal do hotel você observa o corredor limitado por altas cortinas de veludo bordô que o leva ao Bar Londra, um dos lugares

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O BAR LONDRA E O RESTAURANTE EL MARE SÃO DUAS DAS MAIORES ATRAÇÕES DO FASANO RIO mais em voga na noite carioca. O ambiente lembra os pubs londrinos. Tijolos argentinos do século XIX cobrem as paredes, decoradas com as capas dos LPs da coleção de Rogério Fasano, um aficionado por rock dos anos setenta. A esquerda da entrada está montado o living, com móveis assinados por Ocimar Versolato. Ele criou o mobiliário com inspiração no estilo dos anos 50 e 60 no Rio de Janeiro, conhecidos como os “Anos de Ouro” (e da Bossa Nova). Ao lado do living está o restaurante El Mare, mais uma das grandes atrações do Fasano Rio. Fasano gastronomia O El Mare é especializado em cozinha mediterrânea, que ganha a assinatura do chef italiano Luca Gozzani, radicado no Rio desde que a casa inaugurou. Cozi64

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nhar com maestria é um dom natural que ele aperfeiçou no Instituto Prefessionale Alberghiero Dio Stato Bernardo, em Florença, Itália. Sua trajetória incluiu o restaurante Don Alfonso, em Sorrento na província de Nápoles, destacado com três estrelas no Guia Michelin (a bíblia da gastronomia mundial); a Enoteca Pinchiorri, em Florença, também detentora de três estrelas Michelin e o Ântica Osteria del Teatro, na província de Piacenza. De posse desse currículo, Luca chegou ao Brasil com o desafio de fazer o El Mare ganhar a admiração e o respeito devotados ao Fasano de São Paulo. Para fazer parte do clã Fasano teve de preparar 30 receitas que Salvatore Loi, chef executivo do grupo, provou e aprovou. Dez delas hoje fazem parte do cardápio do El Mare que privilegia peixes e frutos do mar e brilha como um dos melhores endereços gastronômicos da cidade.


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gusto

C A R L A

P e R n A M b u C o

w w w. c a r l o t a . c o m . b r

A palavra “Paris” provoca uma espécie de encantamento a cada vez que alguém a pronuncia. Faça o teste. basta dizer o nome da capital francesa e todos querem saber do que você está falando. e comentar sobre Paris é um hábito que o planeta inteiro adotou. senão, como explicar que mais de 30 milhões de visitantes cheguem anuamente à cidade que se tornou o destino turístico mais procurado do mundo?

o “estilo de Paris” é realmente quase indefinível. difícil explicar aquela combinação de pessoas com elegância nada exibicionista, de mulheres com cortes de cabelos impecáveis, de pequenos cafés onde se pode ler durante horas sem ser incomodado, de floristas com singelos buquês, de aroma de tabaco no ar, de baguetes com queijos sublimes, de taças de vinho sorvidas sem nenhuma pretensão “enóloga”, de vitrines com objetos misteriosamente belos.

sim, sabemos que motivos não faltam: história, arte, cultura, compras, moda, gastronomia, monumentos, romantismo e mais uma centena de possibilidades. Paris encanta também pela arquitetura de perspectivas de largas avenidas, imensos jardins, monumentos grandiosos, ruas estreitas, pontes, igrejas e o sena sempre soberano (o rio é considerado monumento mundial). Mesmo que você viaje até lá apenas para reverenciar a culinária dos bistrôs ou olhar mais uma vez a Place des Voges, Paris será sempre surpreendente.

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A n dA n ç A s

P o R

PA R I s

Como descrever as fachadas históricas de museus, hotéis e antigas lojas? e a mistura de elementos contrastantes dos prédios modernos ou de projetos como a pirâmide de cristal do Louvre? Inesquecível voltar a pé de madrugada para seu hotel, no Marais ou na bastille, abrir a janela do quarto e permanecer observando a cidade que há séculos encanta a humanidade. Paris pode, nesses momentos, parecer um sonho, um filme, uma tela. então sugiro que você celebre em silêncio a felicidade que é pisar as mesmas calçadas em que caminhavam Chanel, Picasso, Proust, Hemingway, dali, Piaf... é assim que acontece a melhor experiência de uma viagem: deixar o espírito da cidade tomar conta de nós. e vamos combinar: ser invadido pelo espírito de Paris é emocionante. será esse o segredo do estilo parisiense? Faça o teste.

A cidade tem números que merecem atenção: é a maior metrópole da França e segunda da europa (só Moscou é mais populosa). e quem nós podemos chamar hoje de “parisiense” – já que são raros os que nasceram ali? os mais velhos se retiraram para o campo e, nos últimos anos, Paris atraiu levas de uma população mais jovem, proveniente de todos os cantos do planeta. existem quase 400 mil estrangeiros residentes. o mix de etnias e a renovação de ideias são responsáveis pela atmosfera de charme que encontramos a cada esquina. sem falar que o estilo de Paris prossegue inigualável e quase intransferível.

PARIs é o PARAíso de gouRMets e gouRMAnds. quAndo se FALA nA CIdAde Luz,todos têM seMPRe ALguMA IndICAção PReCIosA PARA FAzeR. AquI estão As MInHAs PARAdAs obRIgAtóRIAs quAndo de PAssAgeM PoR Lá.

PARA FICAR

Hotel Pavillon de La Reine, na Place des Vosges, no coração do Marais. Charmoso, aconchegante e com tratamento especial faz você se sentir em casa de amigos.

PARA CoMeR

o neo bistrô do chef Yves de Camdeborde. depois e 13 anos no Le Regalade, Claudine e Yves tocam o projeto em saint germain. Mesas muito disputadas para provar o menu degustação, com 5 pratos só no jantar!! Reservas com muita antecedência. no almoço,o bistrô vira uma deliciosa brasserie. Vale a visita.

guLoseIMA

berthillon: esta sorveteria que já completa meio século segue tocada pela mão dos proprietários originais. Isto se nota quando provamos um dos muitos sabores irressitíveis dos sorbets e sorvetes artesanais – marrom glacê, pralinê, pessego, peras e laranja. 2931 Rue saint Louis en I’Île

IguARIAs

bar thélemy: nicole bar thélemy é especialista em camember t. nesta pequenina loja você pode encontrar uma variedade de queijos especiais de todas as regiões da França, verdadeiras iguarias. 51,rue de grenelle

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Bom conselho P O R M A LU C O E L H O

ÁGUAS COM SABOR E COR O verão chega e o calor pede água, muita água. Sabemos que nosso corpo precisa estar hidratado: estipula-se a dose diária em 1,5 litro de água. Mas, como fica quem não gosta de beber água pura? Pensando nisso, minha garotinha interior vem à memória, aquela que nunca gostou de água pura. Lembro, então, de minhas tias pelotenses usando a criatividade e preparando lindas jarras de água com fatias de frutas cítricas e alguns galhos de hortelã ou alecrim, por puro carinho, criando uma forma mais agradável de me fazer consumir essa bebida tão importante. Hoje as águas com sabores cumprem este “dever” de nos fazer hidratar o corpo, mas associado ao prazer de experimentar um gostinho diferente. Apesar de, no Brasil, a água saborizada ser definida pela ANVISA como refrigerante, ela é composta por água comum, sais minerais, leve adição de aromatizante de frutas e adoçante. Desde o ano passado o Brasil convive com a expansão das indústrias de água com sabor e hoje conta com doze marcas no mercado. Eu, que hoje superei o problema de tomar água, gosto de variar. A tangerina é minha preferida, seguida da água plus morango. Destaco também as de uva e framboesa, mas a de pitanga estimula meu paladar. Hummmmm... Portanto, considero beber água uma arte (nem tanto quanto o vinho), lembrando até que existem estudos sobre este tema. As empresas que disputam esse mercado investem na cor e no sabor de frutas, tudo para atrair a nova geração de consumidores. E acrescentam, além do sabor, vitaminas e ingredientes diversos: a de uva contém fibras para o intestino, a de maracujá tem camomila e passiflora, a de pêssego é acompanhada de zinco e ácido fólico... Novidades à parte, vale lembrar que para servir uma bela mesa de verão é muito elegante encher uma jarra de vidro transparente com bastante gelo, incluindo rodelas de laranja ou limão e galhinhos de ervas, como alecrim ou hortelã. Lindo de ver e delicioso de degustar!

PORTANTO, UM BRINDE ÀS ÁGUAS SABORIZADAS! 70

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Jardins suspensos P O R F OtO S

Pau l a

ta i t e l b au m

c R i S t i a n O

S a n t ’ a n n a



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belOS cORRedOReS FORmadOS POR tRincheiRaS eSVeRdeadaS Armando foi uma criança como a maioria das que conhecemos: fazia cara feia quando a mãe colocava salada verde em seu prato. E mesmo ao escolher agronomia como opção do vestibular da UERJ – Universidade Estadual do RJ – jamais pensou que seriam elas, as verduras, que fariam com que se tornasse um empresário bem sucedido. Recém formado, Armando trocou a brisa da praia pelos ares do pampa: mudou-se do Rio de Janeiro para Porto Alegre, tornou-se bolsista da UFRGS – Universidade Federal do RS e, um belo dia, ainda em meio ao seu doutorado, percebeu que estava com suas raízes bem fincadas no sul do Brasil. Raízes essas que, diga-se de passagem, não foram plantadas na terra, mas sobre pequenas espumas especiais embebidas em água e nutrientes. Atualmente dono das empresas Acqua e Hortiflor, Armando Martins dos Santos produz rúcula, radicci, agrião e quatro tipos de alface hidropônicos. Senhor do seu próprio mundo verde, é possível dizer que, quatro anos depois de iniciar o negócio, está chovendo na sua horta. Hoje, toda a produção da Acqua e da Hortiflor vai parar nas prateleiras dos supermercados Zaffari e Bourbon de Porto Alegre. Mas não pense que o começo foi assim tão fácil: muita água precisou

rolar para que a produção de 5 mil pés mensais saltasse para os atuais 60 mil pés por mês. Com recursos reduzidos e nenhuma experiência como empresário, ele ficou três meses procurando um lugar para montar suas estufas. Acabou escolhendo um local cujo nome parecia ser um bom presságio: Águas Claras. Instalado a 50 km da capital gaúcha, o novo investidor logo descobriu que havia vento demais e a estrada que levava ao sítio era tão esburacada que praticamente destruiria seu carro. Para completar, o jeito chiado de falar de Armando causava desconfiança entre os bairristas gaúchos. Aos poucos, no entanto, o carioca foi conquistando mercado, foi plantando boas relações, foi colhendo os louros dos seus hidropônicos. “Hoje dou consultoria no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, diz ele, enquanto caminha entre os corredores formados pelas trincheiras esverdeadas de suas hortaliças, ao mesmo tempo que vai indicando: “Aqui é o berçário, aqui é o pré-primário...” Armando mostra todo o processo – que mais parece uma escola de formação –, orgulhoso de seus babys alfaces, de suas pré-adolescentes rúculas, de seus jovens agriões e de seus maduros radiccis. E ele tem motivos para isso. Dentro dos 4.000 m2 de área

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hidROPOnia, em gRegO, SigniFica tRabalhO em água

coberta que formam as estufas da Acqua, é possível encontrar um pé de alface crespa tão farto de folhas que é preciso quase abraçá-lo na hora de colocar na embalagem. E ao visitar o lugar, sente-se um delicioso perfume herbáceo que se desprende de delicados buquês verdes que crescem sobre os canos por onde passa uma bem nutrida água de poço. São entre 30 e 40 dias desde a semente até a colheita das verduras. Tempo esse que varia de acordo com a época do ano. “No inverno, a planta para, demora mais”, explica Armando. Assim como a terra, que possui elementos essenciais para o crescimento saudável da planta, a água dos hidropônicos deve ter tudo o que as plantas precisam para que, ao chegarem até você, estejam saudáveis e saborosas. Trazida em 1986 ao Brasil pelos japoneses Shigeru Ueda e Takanori Sekine, a hidroponia que, em grego, significa “trabalho em água” (hydro + ponos) desembarcou em solo nacional com séculos de atraso. Há achados arqueológicos que revelam que, por volta do quinto milênio antes de Cristo, os Sumérios já utilizavam poços e canais para o desenvolvimento de plantas no meio líquido. Os jardins suspensos da Babilônia, os jardins flutuantes dos chineses da dinastia Chou, as chinampas astecas, todos eles desenvolveram suas

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próprias técnicas de cultivo na água. Mas somente a partir de 1600, cientistas de diferentes lugares do mundo deram início a uma série de experimentos na tentativa de descobrir a fórmula de nutrientes essenciais para as plantas. Muito tempo e tentativas depois, em 1930, o norteamericano William F. Gericke não apenas propôs o uso do termo hidroponia para nomear essa forma de cultura, como foi o primeiro a produzir tomates, cereais, frutas, flores e tubérculos hidropônicos em escala comercial. A partir das descobertas de Gericke, em meados da década de 1960, foi desenvolvido o que se chama de NFT – Nutrient Film Tecnique, uma fórmula de plantio onde a solução nutritiva passa por canaletas, entrando em contato direto com as raízes das plantas. Foi um marco da hidroponia moderna. Outros sistemas e inovações vieram a partir daí. E as experiências relacionadas com o cultivo de vegetais em água e a busca por técnicas cada vez mais inovadoras nunca mais pararam. No Brasil, um dos polos de pesquisas na área está plantado em Florianópolis, no Laboratório de Hidroponia da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, o chamado LabHidro. Coordenado pelo professor Jorge Barcelos, o LabHidro é uma referência nacional. Realiza estudos, oferece



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FOtOS: liliane giORdanO

aS mudaS de mORangO SãO imPORtadaS dO chile cursos, esclarece dúvidas em seu site, defende a produção sem agrotóxicos e busca novos meios para enfrentar as pragas das quais os hidropônicos não estão livres. Barcelos diz, por exemplo, que a maior dificuldade está em produzir morangos e tomates sem o uso de pesticidas, pois são tão deliciosos que “todos os bichinhos querem saboreá-los”. Mesmo sendo difícil, o professor trabalha com as duas culturas desde 1998 e costuma dar várias dicas para quem deseja investir nos mais puros moranguinhos pelo método hidropônico. Para se colher bons frutos, por exemplo, as mudas devem ser de alta qualidade. As melhores, aliás, costumam ser importadas do Chile. É do Chile que vêm as mudas dos morangos que nascem aos cachos na Rio do Vento Hidroponia, empresa criada em 1998 em Caxias do Sul, cidade da serra gaúcha. Cultivados com água da chuva (captada por um moderno sistema de calhas e cisternas), em estufas com temperatura controlada e livres de vento, sol e geada, os morangos e tomates-cerejas da Rio do Vento têm cores mais cintilantes e sabores mais adocicados. “Todo mundo me chamava de louco por investir em morangos hidropônicos. E eles tinham razão, pois não havia literatura e resultados de pesquisas sobre esse tipo de

cultura no Brasil”, conta Mauricio Fedrizzi, proprietário da Rio do Vento. Ele explica que, enquanto no cultivo de alface e rúcula basta o tempo de crescimento das folhas, no morango e no tomate é preciso produzir as folhas, em seguida as flores, para só depois obter os frutos. E por ser um ciclo mais longo, consequentemente, traz mais riscos para o produtor. No inverno, são 90 dias desde a colocação da muda até o início da produção. E no verão, o período completo é de 75 dias. Vale dizer que ali o cultivo é realmente especial e as frutinhas não apenas recebem atenção e carinho, como vivem mergulhadas no som de Beatles, Cat Power, Eric Clapton, Vander Wildner, REM, Pink Floyd, entre outros. “Só é totalmente proibido sertanejo, pagode e outras toxinas do gênero”, fala Mauricio, revelando que seu paladar musical também é apurado. Ficou com vontade de experimentar o gosto que essas frutinhas roqueiras têm? Então prepare-se para tomar o rumo de Caxias do Sul. Isso porque praticamente toda a colheita é consumida no próprio bar da Rio do Vento, o Barlavento. Um lugar diferenciado que oferece sucos, sorvetes, geleias e outras delícias feitas a partir da produção desse verdadeiro jardim suspenso na serra. E já que estamos falando em viagem, outra opção para

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teR uma hORta hidROPônica em caSa é um SaudáVel hObby

provar morangos hidropônicos é atravessar as águas do Atlântico e ir até o Algarve, em Portugal. É lá que está a cooperativa Madrefrutas que, só em 2009, produziu cerca de 900 toneladas de morangos por hidroponia. Acondicionados em caixinhas trasparentes com 400 gramas, os luxuosos morangos algarvianos são exportados para Holanda, Noruega, Suécia, Bélgica, França e Inglaterra e fazem um enorme sucesso entre os europeus que querem saborear frutas silvestres sem nenhuma gota de agrotóxico. Estar livre de defensivos agrícolas é apenas uma das vantagens dos cultivos hidropônicos. Entre os pontos positivos, pode-se ainda listar que essa técnica preserva o meio-ambiente, a colheita é mais rápida e, por ser verticalizada, a hidroponia permite um maior rendimento por área. E enganam-se aqueles que pensam que há desperdício de água. Um único pé de alface da Acqua, por exemplo, utiliza, do início ao fim de seu cultivo, apenas quatro litros de água. Água essa que, após o uso, é tratada e utilizada novamente. Vantagem também existe para as comunidades cuja terra não é boa para o plantio. No nordeste brasileiro, principalmente em Alagoas, já estão sendo desenvolvidos projetos que utilizam garrafas pet recicladas na produção de sistemas

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hidropônicos em locais semi-áridos. Como você pode ver, a hidroponia é assim: totalmente democrática e adaptável aos mais diferentes climas. Inclusive àquele cantinho da sua sacada. Sim, porque ter uma horta hidropônica em casa é um saudável hobby que já possui muitos adeptos. O espaço destinado para isso não precisa ser dos maiores e os mais habilidosos podem até construir sua própria bancada para a colocação das mudas. Já se você for do time dos menos prendados, como eu, pode adquirir tudo o que precisa pelo site da Hidrogood que oferece um kit completo para quem se habilitar a criar hidropônicos caseiros. O investimento não é muito alto e você poderá colher sua própria alface antes do almoço. E para os que gostam de uma tecnologia mais avançada, já chegou ao Brasil o Aerogarden, um sistema computadorizado que vem com sementes, nutrientes e cujo único trabalho do agricultor amador será escolher o programa de cultivo e colocar água no reservatório. Além dos mais variados tipos de folhas verdes, tomates e morangos, você ainda pode plantar temperos, pimentões coloridos, legumes e muito mais. Com uma horta hidropônica própria dessas, talvez fique até mais fácil convencer o seu filho a comer todas essas delícias.



Ser & Vestir ROBERTA GERHARDT

ESTILO PRÓPRIO E ECOLÓGICO O estilo ecológico é uma tendência da moda que veio para ficar, a tal ponto que, logo mais, nem será visto como um simples modismo, pois estará inserido no cotidiano de todas as mulheres. Ele é interessante porque nos faz refletir sobre o quanto as nossas atitudes, e escolhas pessoais afetam, de alguma forma, todo o nosso Planeta ao tornar nosso guarda-roupa ecologicamente correto. Com pequenos ajustes, seja nas atitudes seja nos detalhes da vestimenta, todos os estilos podem e devem aderir à "cartilha verde". Vou dar alguns exemplos. A mulher esportiva, que prima tanto pelo conforto, ao comprar tecidos orgânicos, como os feitos de fibras de bambu, entra na onda ecológica. Já a mulher tradicional, que busca a qualidade acima de tudo e desconsidera modismos, ao comprar apenas as suas peças atemporais e duráveis está, no fundo, ajudando o meio ambiente mais do que imagina. A mulher de estilo elegante contemporâneo, que adora um toque de glamour em tudo o que veste, ao escolher a seda de alta qualidade segue totalmente "a cartilha do selo verde", uma vez que a seda consta na lista dos tecidos renováveis e biodegradáveis; especialmente quando não foi quimicamente tratada ou misturada a sintéticos. Já a mulher de estilo feminino romântico, que adora os detalhes do feito à mão e do artesanato, adere à tendência quando escolhe sementes e materiais reciclados para compor sua vestimenta. O estilo sexy com certeza contribui com o meio ambiente quando prima por peles sintéticas e saltos de madeira reciclada. Enfim, há uma necessidade imperiosa de mudar os padrões de consumo e de comportamento com o guarda-roupa de todos os estilos, a fim de atender aos novos tempos deste novo século que exige um ser humano realmente atento à Mãe Natureza. Está mais do que na hora de cuidarmos da "nossa casa" de uma maneira como nunca antes feita. Descubra o seu estilo pessoal e mãos à obra!

DICAS RECICLE PEÇAS DO GUARDA-ROUPA ENTRANDO NA MODA. QUE TAL TINGIR T-SHIRTS VELHINHAS COM OS MODERNOS TONS CÍTIRICOS? OU CRIAR ESTAMPAS DE PATCHWORK COM RESTOS DE TECIDOS? DESCUBRA O PODER DE UMA PEÇA VINTAGE. QUANDO TEM ALTA QUALIDADE E ETIQUETA RENOMADA, DEIXAM O LOOK COMPLETAMENTE ACIMA DA ELEGÂNCIA COMUM E É UMA ATITUDE TOTALMENTE ECOLÓGICA. DÊ UM "RESPIRO DE VERÃO" ÀS PEÇAS CLÁSSICAS DE ALFAIATARIA, QUE SÃO ÓTIMAS PARA O TRABALHO E GERALMENTE TÊM CARINHA DE MEIA-ESTAÇÃO, USANDO PEÇAS CLARAS E ACESSÓRIOS DE MATERIAL RECICLADO, COLARES DE PALHAS, CONCHAS, SEMENTES NATURAIS.

ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E COMPORTAMENTO robertagerhardt@terra.com.br

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GUARDA-ROUPA SUSTENTÁVEL Você já parou para observar o quanto o seu guarda-roupa anda sustentável? A busca de um estilo de vida ecológico é uma exigência que a Mãe Terra anda fazendo a todos os seres humanos do nosso Planeta, e o guarda-roupa do homem contemporâneo precisa e pode responder a este chamado com todo o charme. Muita gente acredita que o guarda-roupa sustentável é aquele onde só há peças com tecidos orgânicos e artigos vindos de fonte renovável; que não passaram por nenhum processo químico do cultivo à manufatura. Seguindo esta ideia, a busca dos tecidos ecologicamente corretos – as fibras de bambu e algodão orgânico – é obrigatória; assim como a cartela de cores acaba nos modernos tons neutros, que tem os corantes ambientalmente adequados e de excelente qualidade. Este é um jeito maravilhoso de você tornar o seu guarda-roupa ecologicamente correto, entretanto, há um porém: tais peças costumam ter preços bem acima da média, fazendo com que você pense duas vezes antes de aderir com fervor a tudo que tenha o tal do selo verde. Sem entrar no mérito do motivo dos altos custos dessas peças orgânicas, há outras estratégias que podem deixar o seu guarda-roupa sustentável e ao mesmo tempo econômico. Quer exemplos? Aqui vão alguns: buscar roupas de alta qualidade e com estilo atemporal para ser coringas em muitos looks, pois assim, com poucos acessórios novos, você os deixa sempre atuais; aprender a cuidar da conservação correta das peças existentes no guarda-roupa, principalmente artigos de couro e alfaiataria, de modo que eles estejam sempre impecáveis, garante mais tempo de uso. São atitudes que ajudam você a consumir menos e respeitar o meio ambiente. O importante é você ficar atento a esta tendência importantíssima e que veio para ficar devido ao alcance dos benefícios que a Mãe Terra tanto reivindica – e com toda a razão!

DICAS SEGUIR A ESTRATÉGIA DO GUARDA-ROUPA COM ESTILO ECOLÓGICO TAMBÉM PASSA PELO CONFORTO. NESTE VERÃO, AS PEÇAS ESTÃO MAIS LARGAS PARA A ROUPA CASUAL. ASSIM, ABUSE DO VISUAL RELAXADO DAS CALÇAS E CAMISAS DE ALGODÃO ORGÂNICO NO MESMO TOM, DE PREFERÊNCIA CORES CLARAS, COMO O BRANCO, O NUDE E O OFF-WHITE. E BRINQUE COM A DESPROPORÇÃO, ARREGAÇANDO MANGAS DAS CAMISAS E BARRAS DAS CALÇAS. QUANDO O LOOK É MONOCROMÁTICO, EVITE COLOCAR CORES FORTES OU CONTRASTANTES NOS ACESSÓRIOS, COMO NO CASO DE CINTOS E SAPATOS, POIS GERALMENTE TENDEM A DAR A ILUSÃO ÓPTICA DE ACHATAR OU ENGORDAR A SILHUETA DO HOMEM. O TERNO FORMAL DE ALFAIATARIA QUE LHE ACOMPANHA NO TRABALHO E EM MOMENTOS QUE O TRAJE EXIGE, NÃO COMBINA COM PEÇAS DESCONTRAÍDAS E CASUAIS COMO CAMISAS DE TECIDO ORGÂNICO COM DETALHES DE BOTÕES E AVIAMENTOS ESPORTIVOS. PREFIRA OS MODELOS CLÁSSICOS. JÁ EXISTEM BOAS MARCAS QUE OFERECEM TECIDOS ECOLÓGICOS.

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Perfil

e suas criações Realidade e fantasia se mistuRam na tRajetóRia do caRtunista mauRício de sousa. o soRRiso laRgo e a Pele lisa dificultam acReditaR que o Pai da mônica e do cebolinha tenha 74 anos de vida. aliás, de muitas vidas. mauRício é Pai de 10 filhos Reais, todos tRansfoRmados em PeRsonagens de suas históRias, somando-se a mais de 200 filhos fictícios cRiados em 50 anos de caRReiRa e que se esPalhaRam mundo afoRa em mais de um bilhão de Revistas Publicadas. os PRimeiRos a daR o aR da gRaça foRam o cachoRRinho bidu e seu dono fRanjinha, em 1959. mônica, a filha mais famosa, suRgiu em 1963. símbolo do sucesso de seu cRiadoR, há dois anos ela foi escolhida PaRa seR a PRimeiRa PeRsonagem em quadRinhos a ocuPaR o Posto de embaixadoRa do fundo das nações unidas PaRa a infância – unicef. Pais, PRofessoRes e cRianças em difeRentes geRações, ao longo destas cinco décadas, fazem coRo ao ReveRenciaR o mestRe dos quadRinhos que RomPeu as fRonteiRas nacionais e continua cRiando com fôlego de menino.

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Perfil

bidu e fRanjinha foRam os PRimeiRos a aPaReceR, em 1959. a m么nica veio em 1963

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você é de santa isabel (sP) e começou a tRabalhaR em mogi das cRuzes desenhando. como milhões de outRas Pessoas de todo o bRasil, Resolveu que seRia em sP que RealizaRia seu sonho PRofissional. como foi esse “início Paulistano”? Ainda hoje muitos jovens saem de suas pequenas cidades do interior para estudar e conseguir trabalho nos grandes centros. Comigo não foi diferente. Queria trabalhar em um grande jornal, mas até chegar lá trabalhei em escritórios de contabilidade, como datilógrafo, como colaborador de uma agência de empregos... Até que consegui entrar na Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo. Ao mesmo tempo em que uma cidade como São Paulo assusta por sua grandiosidade, também era um sonho para um jovem como eu. Mas é preciso estar preparado para receber muitos “nãos” até ganhar o primeiro “sim”! e esse PRimeiRo tRabalho na folha da manhã eRa de RePóRteR Policial, nada a veR com o que queRia de veRdade. como foi essa “fase joRnalista”? Ih, muito difícil! Eu fazia o plantão policial para o jornal. Ficava junto às delegacias para conseguir aquelas matérias de crimes... Na verdade, em 1954, visitei a redação da Folha para tentar trabalhar como desenhista mesmo. Fui recebido pelo editor de arte, que depois de ver meus desenhos me aconselhou a desistir... Não foi fácil... Fiquei tão pra baixo que minha expressão chamou a atenção de um jornalista da redação, o Mario Cartaxo. Então ele me aconselhou a tentar outro trabalho dentro do jornal enquanto me aprimorava no desenho. Ligou para o departamento pessoal e conseguiu um serviço de copidesque (função hoje extinta), que era basicamente melhorar textos antes de publicá-los. Na verdade, foi depois disso que prestei um concurso e entrei na vaga de repórter policial. Só após cerca de cinco anos consegui publicar minha primeira tira no jornal! suas tiRinhas, no início, tinham um Público adulto, emboRa os PeRsonagens fossem cRianças, meio à la chaRles schulz (cRiadoR do chaRlie bRown e do snooPy). quando elas começaRam a atRaiR as cRianças, hoje seu maioR Público, e PoR quê? Não sei se era exatamente para um público adulto... É que no começo, como publicava apenas as tiras dentro do jornal, é claro que imaginava um público adulto lendo as piadas e isso me influenciou a agradar a esse leitor. Mas quando tive a possibilidade de desenhar os personagens para o suplemento infantil Folhinha de S.Paulo, acho que encontrei meu público mais direto. Na Folhinha, tínhamos muitas cartas dos leitores que chegavam à redação, e eu as usava para sentir o retorno das histórias. Foi um aprendizado importante para que eu conquistasse cada vez mais fãs da turminha. O ponto alto

mesmo veio em 1970, com a publicação de minha primeira revista na Editora Abril. Desde então, nunca deixei de acompanhar as cartas dos leitores, para sempre atualizar o diálogo com eles.

a mônica, a magali, a maRia cebolinha, a maRina, o nimbus e o do contRa foRam baseados em filhos seus (esqueci algum?). aliás, quantos filhos você tem e quais ainda “viRaRão” PeRsonagens? Sim, esqueceu o Professor Spada / Doutor Spam, que também é meu filho. Tenho dez filhos e só faltam virar personagens o Marcelinho, que é o caçula e já está “esboçado”, e as gêmeas Vanda e Valéria, que já estão criadas e devem entrar pra Turma da Tina. no início você fazia tudo quanto aos seus PeRsonagens (desenhos, RoteiRos e tudo mais), mas com o temPo foi delegando os tRabalhos. foi difícil deixaR seus “filhos” nas mãos de outRos, PoR mais comPetentes que fossem? O sucesso não depende só de uma boa criação de personagens e de histórias, mas de poder criar uma estrutura para a produção desse material. No começo eu fazia tudo, inclusive visitar redações de jornais pelo interior de São Paulo para vender minhas tiras em formato de clichê (chumbo com o desenho em alto-relevo para as impressoras da época). Depois, quando a minha produção teria que ser de mais de 200 tirinhas por mês, ficou impossível sem montar uma equipe! Tenho hoje desenhistas e roteiristas que fazem esse trabalho – mas nenhuma história é publicada sem passar por minha avaliação! Com isso, consigo manter a qualidade que esse material teria como se eu mesmo estivesse produzindo tudo. e PoR que o único que você não delegou foi o hoRácio? É que o Horácio sempre foi muito ligado ao meu pensamento filosófico. Até já delego algumas historinhas dele, mas sempre terá que ter muito de mim ali. Como digo, às vezes me sinto realmente um dinossauro dentro desse mundão! quantos Países já conhecem a tuRma da mônica e que outRos estão na sua miRa? Atualmente, estamos em cerca de 40 países. O mercado externo é muito dinâmico e vive não apenas de gibis, mas também de uma visualização na mídia eletrônica. Com o Ronaldinho Gaúcho estou conseguindo entrar em vários países, mas estou consciente de que minha produção de desenhos animados é que pode dar uma sequência consistente diante de tanta concorrência hoje em dia. Para isso, estou produzindo uma série de animações para TV por conta própria. Já terminamos a primeira série de 13 episódios que logo estarão em algum canal no Brasil e vários no mundo. Para você ter

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Perfil


dez filhos de caRne e osso, mais de 200 de ficção, 74 anos de vida e 50 de caRReiRa uma ideia do potencial, a China acaba de comprar histórias em quadrinhos da Turma da Mônica para serem utilizadas na área educacional do país.

você não abRe mão do tRabalho social usando a tuRma. o que está fazendo nesse sentido atualmente? Hoje temos uma série de revistas com temas de importância educacional sobre ecologia, saúde e direitos das crianças. Geralmente, são produzidas para a área educacional e de saúde. Mas a responsabilidade aumentou no final de 2007, quando a Mônica foi convidada a ser embaixadora do Unicef no Brasil, juntamente com Renato Aragão e Daniela Mercury. Ela é a primeira personagem de quadrinhos convidada para este cargo no mundo. Com certeza, trabalharemos nas ações da entidade que promovem a qualidade de vida para as crianças mundialmente. Além disso, temos o Instituto Mauricio de Sousa, que está sempre realizando ações ligadas a causas sociais. É uma bandeira minha e da Turma da Mônica. você Resolveu cRiaR novos PeRsonagens e situações que Refletem a diveRsidade de nossos dias, um jeito de insPiRaR ResPeito ao PRóximo e suas difeRenças, como no caso do luca (cadeiRante), da doRinha (deficiente visual) e do xaveco (filho de Pais sePaRados). como o Público os Recebeu? Sei da responsabilidade de ser um interlocutor das crianças e da influência que meus quadrinhos têm sobre elas. Assim, sempre procuramos, por meio da Turma da Mônica, passar mensagens sobre direitos das crianças, saúde, contra a violência e sobre a inclusão social. O Luca e Dorinha vieram para mostrar às crianças que são exatamente iguais a elas. Querem – e devem – ser tratadas da mesma forma para se sentirem parte da sociedade. Esse trabalho repercute na criança, que um dia será um adulto mais resolvido nessa questão. O caso do Xaveco, que é filho de pais separados, por exemplo, é uma realidade que vivemos no mundo atual com constância. Não adianta esconder assuntos das crianças quando elas convivem com isso diariamente! É melhor que entendam do que não conheçam, pois estão mais ligadas nessas questões do que os pais possam imaginar! Recentemente, criamos uma personagem com síndrome de Down, mas ela não estreou ainda porque queremos estar bem seguros dessa realidade. Por isso, estamos entrevistando os pais dessas crianças e especialistas na área.

uma vez estávamos conveRsando em seu escRitóRio e seu celulaR tocou. tinha acabado de nasceR seu PRimeiRo bisneto (neto da magali). “agoRa eu sou bisavô”, você dizia todo feliz. então PaRou de RePente e bRincou: “RaPaz... a ficha tá caindo”. caiu mesmo? Ser avô é uma experiência sensacional. É como “ser pai duas vezes”. Então, ser bisavô é ser pai três vezes! Caiu a ficha, sim, e estou adorando! as Pessoas se suRPReendem quando descobRem sua idade. qual é o segRedo de aPaRentaR seR bem mais novo, “conseRvadão” assim? Em primeiro lugar, procurar manter o bom humor. Sempre! Sei que é uma tarefa complicada nos momentos difíceis, mas ajuda a passar por eles mais facilmente. Depois, é ter uma alimentação saudável e sentir-se sempre criança. Poucos aRtistas Podem PResenciaR sua obRa seR aPReciada PoR tRês geRações. como é essa sensação? O segredo de manter um público constante num mercado inconstante é sempre estar antenado na linguagem atualizada das crianças. Os pais curtem ter lido a Mônica, que falava com eles na linguagem da época e que se adapta hoje à linguagem do filho. Que pai não aprecia um filho que gosta das mesmas coisas que ele quando era criança?Além disso, não nos esquecemos dos antigos leitores. Relançamos as primeiras tiras e os primeiros gibis da Turma da Mônica mantendo aquelas histórias originais, e a resposta do público demonstra o quanto foi feliz essa ideia. Espero que muitas outras gerações divirtam-se com a turminha. como é são Paulo Pelos olhos do mauRicio? como você inteRage com a cidade? tem um cantinho PRedileto na caPital? Adoro São Paulo! Foi a cidade que me abrigou e me possibilitou a realização pessoal e profissional. Tem muitos lugares que adoro aqui, como o Parque Villa-Lobos e o bairro onde moro, Alto de Pinheiros, com suas ruas arborizadas. Gosto de belas paisagens, desenhos bonitos, muito verde. E lá no meu bairro tem tudo isso! Difícil mesmo é dizer do que menos gosto... Sou muito carinhoso com a terra onde piso. Mas... há uma coisa que me desgosta: os muros altos escondendo as belas construções da cidade. Culpa da sensação de insegurança que, infelizmente, nos cerca.

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Palavra

LUÍS AUGUSTO FISCHER

CINCO PALPITES PARA LER MELHOR 1. Se você estiver diante de um texto consagrado, um clássico mesmo – Shakespeare, Voltaire ou Machado de Assis, por exemplo –, e acontecer alguma dificuldade na leitura, pode ter certeza que o problema é seu, não do texto. Isso quer dizer que vale a pena insistir na leitura, na hora mesmo ou em algum momento posterior. Bons textos muitas vezes exigem mais de uma tentativa de leitura. (Se, ao contrário, o que estiver diante de seus olhos for um autor não-consagrado, pode bem ser que o problema seja do texto, e não seu. Seja sincero consigo mesmo: feito um honesto esforço de leitura e persistindo algum embaraço real, o leitor tem todo o direito de abandonar o texto, exercendo seu inalienável direito de cair fora.) 2. No concreto de uma leitura, dentro de um texto, no miolo de um parágrafo ou mesmo de uma frase, pode acontecer que a compreensão trave, que a fruição fique embaçada. Por que isso acontece? São vários os motivos potenciais, de limitação do leitor a complicações inúteis do texto mesmo. Seja qual for o problema, e antes de entrar em pânico ou de abandonar tudo, tente localizar com precisão o foco do impasse: se for uma palavra específica que seja desconhecida (ou duas, ou três), bem, para isso existe o dicionário; se não estiver numa palavra o problema, volte a atenção para os “que” (ou “cujo”, ou “onde”), para palavras que fazem nexos entre as partes da frase – em torno desses nexos é que circula o perigo da falta de clareza, de fluência, de solidez do texto. (A outra hipótese tem a ver com a pontuação: o autor do texto pode ter utilizado os sinais de trânsito que são as vírgulas e os pontos de modo criativo, e isso pode render bem, mas também de modo equivocado, o que bota tudo a perder.) 3. Um texto literário, obra de arte que é (ou aspira a ser), tem direito de ser como é, em sua integridade, em seus detalhes, em sua extensão. Esse princípio alerta para a necessidade de a leitura ser respeitosa: o leitor deve dispor-se a receber as informações e as formas do texto tal como o autor as concebeu, e portanto idealmente o leitor deve ler o texto totalmente, de cabo a rabo, para poder avaliar como a coisa funcionou (ou não). Mas tal verdade geral não impede que o leitor comum, não-especialista, o leitor que quer o prazer do texto e não está ali cumprindo

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uma tarefa, pule fora ao perceber que seu honesto empenho de leitura não está sendo recompensado; também não impede, por outro lado, que o leitor se dê o direito de fruir apenas aspectos parciais do texto: tenho um amigo, que se chama de leitor fútil (sendo porém um leitor muito agudo à sua maneira), porque vibra quase que exclusivamente com aspectos parciais de um texto, um gerúndio bem apanhado, uma palavra rara bem colocada, um giro narrativo, etc., sem atenção ao conjunto. 4. Um texto literário merece ser lido em pelo menos duas dimensões: uma é linear, uma palavra depois da outra, uma frase após outra, tudo encadeado da esquerda para a direita e de cima abaixo da página; a outra é menos perceptível, mas muitas vezes é decisiva, e tem sua carnadura num plano alusivo, nas chamadas entrelinhas, num patamar figurado ou alegórico. Grandes escritores compõem em suas obras essa segunda dimensão mediante reiteração (sutil ou escancarada) de motivos, de termos, de figuras, numa composição que, nesse particular sentido, vizinha com a poesia. Isso quer dizer que muitas vezes a leitura não pode contentar-se com a decifração daquela primeira dimensão, necessitando uma atenção mais difusa, menos imediata, alguma coisa próxima da atenção dita flutuante que os psicanalistas praticam ao ouvir o paciente. 5. Em narrativas, um detalhe radicalmente importante, em especial nos romances e contos escritos a partir do final do século 19 (no Brasil, o marco é Machado de Assis, mas você pode pensar em Dostoiévski, em Poe, em Flaubert), é o jeito de ser do narrador. O bom leitor sempre mantém em vista que o narrador pode ser parte interessada no enredo, quer dizer, ele pode ser parcial na avaliação dos fatos e das pessoas que menciona e comenta, pode saber mais ou menos do que aparenta. Se a história for contada em primeira pessoa, essa desconfiança é lei (alguns dos maiores romances brasileiros são dessa natureza, Dom Casmurro, São Bernardo, Grande sertão: veredas, e assim também são muitos casos de outros quadrantes, como Joseph Conrad ou Ítalo Svevo), mas também se a narração estiver organizada em terceira pessoa vale a advertência. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR




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