Revista EXATO - Edição 32 - Dezembro 2021

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ÍNDICE

EDIÇÃO ESPECIAL

RODRIGO CONSTANTINO

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Rodrigo Constantino: Sem medo da patrulha da esquerda “politicamente correta”

ALLAN DOS SANTOS

44.

LUIS ERNESTO LACOMBE

24.

Luís Ernesto Lacombe: Na contramão da grande mídia

BRASIL PARALELO

56.

CARLA ZAMBELLI

34.

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Carla Zambelli: O poder da voz feminina na política brasileira

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Allan dos Santos: “O maior desafio da direita brasileira, hoje, é ela existir”

O Brasil Paralelo que você precisa conhecer

NIKOLAS FERREIRA

66.

Nikolas Ferreira: “É impossível ser cristão e ser de esquerda”

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COLABORADORES

DANIEL ROHDE CEO da revista EXATO, designer de marcas, catarinense, casado, formado em Administração pela Universidade Católica de Brasília. Gosta de ouvir música e tecnologia.

Instagram: @danielwrohde

SIMONE ROHDE Comercial da revista EXATO, paranaense, casada, formada em Administração pela Universidade Católica de Brasília, e pós-graduanda em Investimentos e Private Banking pelo Ibmec. Gosta de viajar e ler nas horas vagas.

Instagram: @simonewrohde

THAÍS P. VICTORELLO Jornalista, assessora de imprensa, colunista, produtora e editora chefe da EXATO. Paulistana, formada em jornalismo pela Universidade Cidade de São Paulo, cristã, casada e mãe de três filhos. Gosta de viajar e de estar com a família.

Instagram: @thaisvictorello

SAMUEL ANDRADE Fotógrafo de casamentos, lifestyle e retrato. Com mais de 15 anos no mercado, vem buscando trazer para as pessoas uma experiência incrível, eternizando momentos através da arte da fotografia.

Instagram: @samuel.stp

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EDITORIAL

FELIZ FESTAS POR SIMONE ROHDE

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chegamos ao final de mais um ano! As festas nos enchem de novas esperanças e perspectivas, e é o momento perfeito para dar uma freada na rotina e nas correrias, juntar a família e os amigos, e brindar todas vitórias e conquistas de 2021. No nosso ano como equipe Exato, também tivemos muito o que comemorar: chegamos aos 10k organicamente no nosso Instagram e a revista continua de vento em popa, pelo seu terceiro ano, com grandes contribuições e nomes renomados fazendo parte em entrevistas e colunas, erguendo a voz contra quem tenta esmagar os bons princípios e a família, assim lutando por todos brasileiros, seja em território nacional, seja imigrantes por alguma terra estrangeira. Nesse mês, trouxemos algumas entrevistas que realizamos durante esse ano, como um #tbt dos en-

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trevistados mais pedidos pelos nossos seguidores. Se você perdeu alguma, é a sua chance! E se você já leu, lembre-se de compartilhar com algum amigo, é assim que vamos cada vez mais longe! De coração, em nome de todo time da Exato, quero desejar a você e a sua família um Feliz Natal e um Próspero e Abençoado Ano Novo! Que 2022 seja o melhor ano da sua vida, em saúde, prosperidade e metas alcançadas. Um abraço,

Simone Rohde

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EXPEDIENTE

REVISTA MENSAL ANO 3 | EDIÇÃO 32 DEZEMBRO DE 2021 CEO/FOUNDER: COMERCIAL:

Daniel Rohde

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EDIÇÃO/DIAGRAMAÇÃO:

Daniel Rohde

DESIGNER GRÁFICO:

Daniel Rohde

AGÊNCIA DE PUBLICIDADE: JORNALISTA E EDITORA-CHEFE: FOTÓGRAFO: COLUNISTAS E ARTIGOS:

CAPA: ..

BRAUS Marketing Agency

Thaís Partamian Victorello / MTB: 45.072/SP

FOTO CAPA:

Samuel Andrade Thaís P. Victorello . Marisa Lobo Fernanda Melo . Renato Gomes . Soraia Pereira Vernan Wolf . Ricardo Ventura . Carlos Júnior Ricardo Dias . Rodrigo Constantino

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RODRIGO CONSTANTINO: SEM MEDO DA PATRULHA DA ESQUERDA “POLITICAMENTE CORRETA” POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ascido na cidade do Rio de Janeiro em meados da década de 70, economista por formação (com uma

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vasta experiência no mercado financeiro), o comentarista e escritor Rodrigo Constantino é fruto do casamento de um estatístico e de

uma bióloga e psicóloga. Casado há quase duas décadas e pai de dois filhos, ele mudou-se com a família para o estado americano

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muito jovem, ao longo de sua bem sucedida trajetória na comunicação, Rodrigo trabalhou como colunista político em diversos veículos brasileiros de mídia, mesmo após mudar-se para os EUA. Em novembro de 2020 Constantino se viu “no olho do furacão”, após emitir uma opinião em uma transmissão ao vivo em uma de suas redes sociais e sofrer o temido “cancelamento” por parte da patrulha do “politicamente correto” na internet. A repercussão da polêmica foi tamanha, que o profissional teve alguns de seus contratos literalmente cancelados. Não demorou

Luís Lacombe, na Rede TV. A Exato bateu um papo com exclusividade com Rodrigo Constatino, onde ele fala sobre trajetória profissional, política, pandemia, cancelamento, família e novos projetos. Confira a seguir:

muito (no mesmo mês), ele foi convidado para ir para a TV aberta, aceitou o convite e está de casa nova, integrando o time de colunistas fixos do programa “Opinião no Ar”, comandado pelo jornalista

me arrependo. Economia era mais o meu estilo.

EXATO: Quando você decidiu estudar economia e o que o motivou a fazer esta escolha? Rodrigo Constantino: Nunca tive muita dúvida. Meu pai era do mercado financeiro e eu queria seguir o mesmo caminho. Achava que economia era a escolha óbvia, apesar de muitos, na época, considerarem engenharia melhor. Não

Capa do livro “Esquerda Caviar”, um dos livros de autoria de Constantino Foto: Divulgação

da Flórida em 2015, logo após Dilma Rousseff ser reeleita como presidente do Brasil. “Eu já nutria o desejo de morar nos Estados Unidos, mas ali foi a gota d’água.” Interessado por política desde

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EXATO: Quando e qual foi a sua primeira oportunidade profissional?

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Rodrigo é autor de 12 livros Foto: Divulgação

Rodrigo Constantino: Em 1997 entrei como estagiário no Banco Modal, mas fiquei apenas dois meses, pois tinha enviado currículo para o FonteCindam junto, e fui chamado apenas depois. Lá a oportunidade era analista de empresas, o que me atraía mais do que o departamento de macroeconomia do Modal. Quando veio a crise cambial em 1999 e o FonteCindam faliu, fui para a JGP, na qual Paulo Guedes era sócio-fundador. Fiquei seis anos lá.

cado financeiro ainda. Escrevia alguns textos curtos para uma lista de amigos e familiares, sobre política e economia. Quando o PT foi eleito, passei a me dedicar mais à escrita de textos, e acabei tendo uma coluna publicada no MídiaSemMáscara, site ligado a Olavo de Carvalho. Um editor de BH me pediu autorização para usar alguns trechos num livro de um autor seu, e sugeri um livro todo com minhas colunas. Nasceu meu primeiro livro, “Prisioneiros da Liberdade”. Dali em diante a coisa só cresceu, passei a escrever em outros sites, dar palestras, até que fundei, a pedido de Paulo Guedes, o Instituto Millenium, com outras pessoas. Faziam parte João Roberto Marinho e gente da Veja. Fui convidado para escrever coluna no Globo, mais tarde na Veja, e a carreira deslanchou. Abandonei de vez o mercado financeiro. EXATO: Por quais meios de comunicação você já passou?

EXATO: Como e quando surgiu a oportunidade de se tornar colunista?

Rodrigo Constantino: Já escrevi em quase todos! Fui colunista do Globo por seis anos, da Veja por dois anos, da revista IstoÉ, escrevia colunas de gestor no Valor Econômico, fui do jornal ZeroHora, do r7 e da RecordNews, comentarista da JovemPan, colunista da revista Voto, do jornal Correio do Povo. Sou colunista da Gazeta do Povo, do Notícias do Dia em Santa Catarina, do Diário de São Paulo, da revista Oeste e comentarista na RedeTV.

Rodrigo Constantino: O Paulo Guedes me recomendou livros de economistas austríacos, e quando peguei, não consegui largar. Comecei a ler muito sobre filosofia também, para entender mais da natureza humana, de olho no mer-

EXATO: Em novembro de 2020 você foi desligado de veículos de comunicação por opinar em um espaço pessoal. É utopia o pensar que o conservadorismo, apesar de seus recentes avanços, ainda terá um espaço devi-

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do dentro da grande mídia? Rodrigo Constantino: Não acho que seja uma utopia, mas será uma luta árdua. As redes sociais furaram a bolha hegemônica “progressista”, e a turma está reagindo, perseguindo, tentando censurar os conservadores. Mas não é viável, e há enorme demanda reprimida. Os donos dos veículos de comunicação percebem isso, não são bobos. Por isso temos cada vez mais comentaristas e colunistas de direita, ainda que uma minoria. Falta um veículo grande com esse viés predominante, mas ainda teremos isso. A bola está quicando. Alguém vai abrir uma FoxNews do Brasil eventualmente. EXATO: Como surgiu o seu interesse por política? Rodrigo Constantino: Difícil até lembrar. Acho que desde sempre. Quando era adolescente, meu professor de História tentava pregar o comunismo em sala de aula, demonizando empresários, como se fossem exploradores. Eu via meu pai como patrão, tenso, cheio de responsabilidade com seus funcionários, trabalhando muito, e a narrativa esquerdista não batia com os fatos que eu já conhecia. Ali eu já tinha o antídoto contra as bobagens da esquerda. EXATO: Em que ano você decidiu mudar com sua família para os Estados Unidos e o que o motivou a esta mudança? Rodrigo Constantino: Foi em abril de 2015, após Dilma Rousseff ser reeleita. Eu já nutria o desejo de morar nos Estados Unidos, mas ali foi a gota d’água. Eu precisava sair do Brasil, respirar ares mais livres. Me incomodava muito

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o jeitinho brasileiro também, a malandragem carioca, o desrespeito com a coisa pública. Tomamos a decisão em outubro de 2014, empurramos com a barriga, e no começo de 2015 levamos mais a sério e resolvemos tudo em poucos meses. EXATO: Você tem pretensões de voltar a morar no Brasil? Rodrigo Constantino: Não descarto, mas não pretendo, não está em meus planos. Se eu achasse que é o melhor para a minha carreira, para a minha família e para a minha causa, eu poderia morar em São Paulo (não no Rio, decadente

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demais da conta hoje, infelizmente). Mas prefiro viver na Flórida. Tenho melhor qualidade de vida, e acho que isso me torna até mais combativo nas lutas contra a esquerda brasileira. EXATO: Como você avalia o governo do Presidente Jair Bolsonaro? Rodrigo Constantino: Considero um governo bom em geral, com ótimos ministros, uma agenda reformista virtuosa, o desejo sincero de acertar em prol do país. Mas os obstáculos são enormes. A questão da governabilidade não é brincadeira num país

com Congresso tão fragmentado. O STF tem feito de tudo para boicotar o governo. O establishment joga pesado. E Bolsonaro é cada vez mais refém dessa turma. O resultado final, portanto, acaba sendo apenas regular, mas menos por culpa do presidente do que do restante. EXATO: Como você avalia a gestão da pandemia pelo governo de Donald Trump? Rodrigo Constantino: Acho que ele fez o que podia ser feito, o governo federal agiu rápido para ajudar os estados, ele fechou fronteiras com a China no começo

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Rodrigo mora com a família na Flórida desde 2015 - Foto: Redes Sociais

(e foi acusado de xenófobo pelos democratas). Mas há um limite. Os estados têm autonomia, ainda bem. E não era possível impedir todas as mortes. Colocar na conta do presidente cada óbito, como fez a esquerda brasileira também, é pura demagogia barata. EXATO: Você acredita na lisura das eleições brasileiras através do voto eletrônico? Rodrigo Constantino: Acho pouco confiável e prefiro ter voto impresso para aumentar a confiança. Em 2014 mesmo houve

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suspeita de fraude para a reviravolta de Dilma. Tampouco confio no modelo americano com tantos votos pelo Correio este ano. Acho que teve fraude. EXATO: Em época de “polarização” em vários setores da sociedade, como levar os leitores a iniciar uma reflexão sobre a defesa dos princípios e valores que asseguram o exercício da liberdade? Rodrigo Constantino: Justamente por conta da polarização temos que provocar essas

reflexões. Às vezes muitos se perdem em discussões mais acaloradas nas redes sociais, tratando política como disputa de futebol, mas é preciso dar um passo atrás para pensar sobre quais valores devemos defender. O debate mais filosófico sobre quais são os principais pilares da nossa civilização nunca esteve tão em falta e nunca foi tão necessário. Afinal, estou convencido de que a ala radical da esquerda, com o silêncio cúmplice dos “moderados”, deseja implodir tais pilares. EXATO: Qual é a sua opinião so-

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bre o sistema de cotas? Rodrigo Constantino: Sou totalmente contra. Se forem cotas raciais, então, nem se fala. Não consigo ver qualquer lógica em combater o racismo segregando a população com base na “raça”, e não entendo como pode ser justo prejudicar um inocente hoje em nome de injustiças passadas, sendo que o beneficiado com o privilégio sequer foi vítima de fato dessas injustiças. Nem um pai transmite dívida para os filhos. Por que um branco pobre hoje deveria pagar pelo que outros fizeram no passado? EXATO: Qual é o maior desafio do liberalismo? Rodrigo Constantino: O maior desafio é compreender que a liberdade individual, seu valor máximo, não sobrevive num vácuo de valores morais. Ou seja, o liberalismo só prospera mesmo se estiver alicerçado por tradições conservadoras e um povo moral, que preserva virtudes. Muitos liberais só focam na economia, e esse é seu maior erro. EXATO: Como surgiu a ideia de escrever Panaceia, o seu primeiro livro de ficção? Rodrigo Constantino: Estava numa casa de praia com minha esposa, e tinha umas ideias nesse sentido já, mas foi um “chamado”. Sentei, comecei a escrever, e não parei até terminar o livrinho com a história de resgate da sociedade, não com “a cura”, pois ela não existe, mas sim com um remédio amargo, com efeitos colaterais, que mitigasse os sintomas da doença causada pelo “cole” (coletivismo). Era uma tentativa de diálogo entre liberais e conservadores

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pragmáticos, cientes de que na vida não há soluções, apenas “trade-offs”. Era um ataque contra os utópicos, idealistas, românticos, lembrando que política é a arte do possível. EXATO: Quantos livros você já publicou? Rodrigo Constantino: São 12 no total, e mais um em co-autoria. A maioria é coletânea de artigos. Meu estilo é mais o de cronista mesmo, escrevo muitas resenhas dos vários livros que leio. Depois acabo reunindo em livro. EXATO: Em tempos de pandemia e polarização, muito se fala sobre possíveis “teorias da conspiração”. Qual é a sua opinião sobre a possibilidade do vírus chinês ter sido criado em laboratório para instaurar o caos mundial? Rodrigo Constantino: Eu não descarto. Não costumo ser adepto de teses conspiratórias, acho que há uma tendência natural no homem em crer nelas, pois simplificam um mundo mais complexo e caótico. Mas é preciso lembrar que conspirações existem. A União Soviética estava repleta delas e enganou muito “dupe” no Ocidente, muito inocente útil que foi instrumento de suas tramas contra o mundo livre. A China hoje assumiu esse lugar, e não podemos ser ingênuos. Os comunistas jogam pesado na busca de seus interesses. EXATO: Você acha legítima a desconfiança em relação a Coronavac? Qual é a sua opinião sobre a obrigatoriedade da vacinação sugerida por alguns governantes brasileiros?

Rodrigo Constantino: Acho legítimo desconfiar de qualquer vacina feita às pressas, em tempo recorde e com tecnologia revolucionária. Quando os laboratórios pedem aos governos um “waiver” para ficarem imunes de responsabilização em casos de efeitos colaterais, a desconfiança só aumenta. E quando o processo foi feito por uma empresa com passado de corrupção num país sob um regime ditatorial opaco, sem transparência, e responsável pela pandemia, aí a desconfiança é uma obrigação de qualquer pessoa razoável. Eu não tomaria a va-

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era um obscurantista. O povo mesmo era a última preocupação dessa gente, ambiciosa demais da conta. EXATO: Qual é a sua opinião sobre a eficiência da quarentena, do distanciamento social, do uso de máscaras de proteção e do sitema de lockdown como solução para achatar a curva do vírus chinês?

cina chinesa. EXATO: Você acredita que assim como no Brasil, nos EUA a pandemia também foi politizada? Rodrigo Constantino: Foi totalmente politizada, tanto pelos democratas como pela mídia, o que é praticamente sinônimo. Fizeram de tudo para demonizar Trump e elogiar os governadores democratas. Andrew Cuomo, com os piores resultados em Nova York, era tratado pela imprensa como o homem da ciência, enquanto Trump

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Rodrigo Constantino: Acho que não há respaldo científico para essas medidas, e não levaram em conta seus efeitos não programados em outras áreas. A própria ideia de achatar a curva, usada no começo como pretexto, foi abandonado, e depois passaram a pregar o lockdown como uma espécie de cura para a doença, o que não faz sentido. A pandemia do Covid-19 não foi sem precedentes, mas a reação a ela sim. Acho que isso se deve à era das redes sociais, e com a mídia abutre disseminando mais pânico, tudo piorou. Os autoritários oportunistas viram aí uma chance para avançar com seus projetos de controle total da população. As liberdades estão ameaçadas hoje no Ocidente por conta disso. EXATO: Você acredita que a esquerda tenta monopolizar as virtudes e a ciência? Rodrigo Constantino: Não resta a menor dúvida! Essa tem sido sua estratégia para impedir o debate. Só a esquerda se preocupa com os pobres, com as minorias, e só a esquerda usa ciência, fatos, enquanto seus adversários são rotulados das piores coisas, são fascistas, racistas, machistas, obscurantistas. Isso mesmo quando é a esquerda que abraça algo totalmente anticientífico como a

ideologia de gênero, que ignora a biologia. EXATO: Como surgiu o convite para a sua contratação na Rede TV? Como tem sido essa experiência? Rodrigo Constantino: Lacombe apresenta o programa e se diz fã do meu trabalho, e ele sugeriu à direção que me contratasse. A conversa foi rápida e fechamos. Tem sido ótimo trabalhar com Lacombe e os demais, e o programa tem entrevistados de alto nível. Estou gostando muito. EXATO: Quais os principais desafios econômicos, resquícios da pandemia, que o mundo deve enfrentar em 2021? Rodrigo Constantino: Seguir com uma agenda de reformas estruturais para conter o rombo fiscal. Os governos quebraram de vez com os pacotes emergenciais de auxílio durante a pandemia. Aqueles que defendem mais estado nunca desperdiçam uma grande crise. É necessário agora reverter esse quadro, retomar a austeridade fiscal, dar mais liberdade para os indivíduos. EXATO: Quais são seus projetos para 2021? Rodrigo Constantino: Não posso negar que 2020, apesar de tudo, tenha sido um bom ano profissionalmente falando para mim. Quero seguir com esses projetos, o meu independente, que está indo muito bem, meu programa de patronos para garantir essa independência, e eventualmente um projeto solo mais ousado ainda, com investidores por trás, pode ser uma ideia.

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LUÍS ERNESTO LACOMBE: NA CONTRAMÃO DA GRANDE MÍDIA PRESTES A ESTREAR DOIS NOVOS PROJETOS NA REDE TV, LACOMBE COMEMORA SUCESSO DO PROGRAMA “OPINIÃO NO AR”

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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om uma respeitada trajetória no jornalismo brasileiro, Luís Ernesto Lacombe já passou pelas principais emissoras de televisão do Brasil. Atualmente contratado pela Rede TV!, onde de segunda à sexta-feira comanda o programa “Opinião no ar”, ao lado dos comentaristas Silvio Navarro, Amanda Klein e Rodrigo Constantino, que participa diretamente da Flórida,

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além da presença de convidados, Lacombe tem conquistado cada vez mais a audiência do público na TV e a preferência também pela internet, alcançando com frequência a marca de uma das transmissões ao vivo mais assistidas pelo YouTube. No ar desde setembro de 2020, com pautas inerentes aos acontecimentos mais relevantes do país, o “Opinião no ar” já é considerado

pelo público, principalmente conservador, como um dos melhores programas da atualidade da televisão brasileira. Satisfeito com a atual fase profissional, o jornalista carioca se prepara para dois novos projetos dentro da emissora paulista. Ele bateu um papo com a Revista Exato, onde fala sobre jornalismo, esporte, pandemia, política, internet e os novos proje-

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Atualmente Lacombe comanda o programa “Opinião no Ar”, de segunda a sexta-feira, na Rede TV - Foto: Divulgação

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meras modalidades: judô, jiu-jitsu, vôlei, vôlei de praia, basquete, tênis e vela. Depois de muito tempo parado, voltei ao jiu-jitsu há cerca de um ano, mas as medidas restritivas por conta do coronavírus acabaram me impedindo de treinar. Normalmente, faço treinos de musculação e aeróbios cinco vezes por semana e jiu-jitsu de duas a três vezes. EXATO: Como e quando você decidiu pelo jornalismo como profissão?

O jornalista optou pelo jornalismo por incentivo do pai - Foto: Divulgação

tos profissionais. Confira a seguir:

Geográfico Brasileiro.

EXATO: Qual a profissão dos seus pais?

EXATO: Em qual bairro do Rio de janeiro você foi criado?

Lacombe: Meu pai era administrador de empresas, formado pela Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, com pós-graduação em Paris, na ENA, École Nationale d’Administration. Foi executivo de grandes empresas. Minha mãe estudou Literatura Francesa na Sorbonne, também em Paris. Trabalhou por um período como tradutora-intérprete de francês, mas se aposentou como arquivista, especializada em iconografia, no Instituto Histórico e

Lacombe: Nasci em Botafogo, na zona sul do Rio, onde morei até os nove anos, quando nos mudamos para o Flamengo. Já casado, morei por alguns anos no Leblon, até me mudar para a Barra da Tijuca, na zona oeste, em 2005.

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Lacombe: Eu não decidi pelo jornalismo... Meu pai me levou a cursar faculdades das quais eu não gostava: dois anos do que hoje chamam de Tecnologia da Informação e um ano de Estatística. Eu abandonei os dois cursos e fui estudar Psicologia. Durou um ano. O que eu queria, desde o início, era me dedicar a Letras, Literatura Brasileira... Quando tive coragem de dizer isso ao meu pai, ele respondeu assim: “Se você quer escrever, vai fazer jornalismo”. Prestei um novo vestibular, fui aprovado em segundo lugar e, por conta das outras faculdades que já tinha cursado, com todas equivalências, me formei em dois anos e meio. EXATO: Você acredita que na sua época de estudante de jornalismo já havia influência esquerdista na faculdade por parte dos professores?

EXATO: Qual é o seu esporte favorito e com qual frequência pratica?

Lacombe: Sempre houve. Infelizmente, grande parte dos professores se esforça para formar militantes de esquerda, e não profissionais da comunicação.

Lacombe: Comecei a nadar muito novo, aos quatro anos, e pratiquei, ao longo da vida, inú-

EXATO: Como começou a sua trajetória no jornalismo televisivo?

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Exathlon Brasil? Lacombe: Tinha tudo para ser uma experiência incrível e vitoriosa. Era um reality show ligado ao mundo do esporte, no qual eu tinha já 14 anos de experiência. O elenco era maravilhoso, não famosos e famosos, como Giba, Mauren Maggi, Daniele Hypólito, Pedro Scooby... Infelizmente, havia erros editoriais, as competições entre os participantes eram repetitivas... E enfrentei muitos problemas com os produtores turcos, na tentativa de melhorar o formato, que eles detinham. Fora questões éticas, das quais jamais abro mão. No ar desde setembro de 2020, o “Opinião no ar” tem conquistando cada vez mais o público - Foto: Divulgação

Lacombe: Como eu sonhava fazer Letras, meu desejo no jornalismo era trabalhar em veículos impressos: jornais e revistas (não havia internet na época). Um professor e um colega de faculdade acabaram me incentivando a fazer inscrição para seleção de estágio na TV Bandeirantes do Rio. Achavam que eu tinha um tipo físico e uma voz que funcionariam em tevê. Aceitei que, até surgir a chance de um estágio num veículo impresso, não havia problema em experimentar o telejornalismo. Fiz a inscrição na Bandeirantes e fui selecionado. Isso foi em 1988. Estou em televisão até hoje. EXATO: Em tempos de internet e redes sociais, qual é o maior desafio da profissão? Lacombe: É não se entregar ao desejo de “ser o primeiro a chegar com as últimas” e, com isso, resumir a apuração de uma história jornalística. É entender que as fontes primárias ainda são as principais, que pesquisa em internet

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não aponta sempre a verdade, não esgota todas as dúvidas, não responde todas as perguntas. É não se render à informação fácil, pasteurizada, manter a curiosidade e a desconfiança, seja qual for a pauta, o assunto, o tema. EXATO: Como surgiu a oportunidade de trabalhar com jornalismo esportivo? Lacombe: Eu era apresentador da GloboNews quando um amigo meu, Emanuel Castro, assumiu a direção do SporTV. Sabendo da minha ligação com esporte, ele me convidou para apresentar o “Supervolley”, programa que estava sendo todo modificado. Depois, foi também o Emanuel que me indicou para apresentar o “Esporte Espetacular” como stand-by, na ausência do titular, que era o Tino Marcos. Em pouco tempo, fui efetivado como apresentador do programa esportivo dominical. EXATO: Como foi a experiência de apresentar o reality show

EXATO: Você chegou a sofrer algum tipo de censura ou boicote por parte de colegas de trabalho ou de empresas por sua posição política? Lacombe: Nenhum governo é 100% defensável. Sou um jornalista posicionado, não um militante. Defendo as pautas liberais do ministro Paulo Guedes, a diminuição do Estado. Sou contra o aborto, a liberação das drogas, sou a favor da posse e do porte de armas. Quando o governo tomar medidas que eu considere boas para o Brasil, qualquer governo, vou apoiá-las. Quando eu considerar que há equívocos, há erros, eu os apontarei, como já fiz. Essa é a diferença entre um jornalista posicionado e um jornalista militante, esse que abre mão do senso crítico, que é partidário, que tem políticos de estimação, que faz parte de patotas, que é passional. Alguns colegas se afastaram de mim, aqueles que acham que democrata é quem pensa como eles e que autoritário é quem pensa de forma diferente. EXATO: Você acredita que nos

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Já fui chamado também de nazista... Mais de uma vez. A resposta costuma ser a mesma. Digo à pessoa que eu poderia indicar a ela dezenas de livros sobre o assunto, mas que indicaria apenas um: “Cartas de Elise – uma história brasileira sobre o nazismo”, que lancei em 2016. O livro conta a história da parte judia alemã da minha família, que foi devastada pelos nazistas. EXATO: As eleições de 2018 demonstraram que o eleitor está mais antenado com as questões políticas e é predominantemente conservador. Você acredita que ainda vai demorar para o país deixar de ser refém de pensamentos provindos da esquerda?

No ar desde setembro de 2020, o “Opinião no ar” tem conquistando cada vez mais o público - Foto: Divulgação

últimos anos o jornalismo ficou mais tendencioso ou já existia essa militância e hoje é só mais notória essa questão partidária? Lacombe: Quando comecei minha carreira, trabalhávamos com fatos. Opiniões não eram permitidas. Nem expressões faciais, como reação a uma reportagem, podíamos fazer. Nada de sorriso irônico, um olhar de reprovação. Esse comportamento, buscando isenção total, de certa forma, afastava o jornalista dos espectadores. Então, vieram os comentaristas. De economia, primeiro. Depois, os analistas políticos. Hoje, há mais opinião, mais posicionamento. O problema é ignorar

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os fatos, é não ter argumentação e aproveitar esse espaço para militância. Infelizmente, como nunca tinha acontecido, temos grande parte da imprensa agindo como um partido político derrotado na eleição, numa guerra particular contra o governo. EXATO: Você vem de uma família judaica. Qual é a sua opinião quando parte da esquerda acusa o presidente Jair Bolsonaro de nazista? Lacombe: O presidente quer desarmar a população? Quer mais Estado? Acredita em supremacia racial? Quem faz esse tipo de acusação é ignorante ou desonesto.

Lacombe: As próximas eleições serão fundamentais para que as ideias liberais e conservadoras se estabeleçam, ganhem espaço. Tenho esperança de que a politização dos brasileiros seja capaz de guiá-los por esse caminho. Quem tem acesso a informações verdadeiras não engole utopias, ideias que não deram e não darão certo em nenhum lugar, em época nenhuma. De qualquer maneira, o processo político é constante e sem fim, ninguém pode jamais esmorecer. EXATO: Você parece ter feito uma escolha muito assertiva ao ir para a Rede TV!, onde está à frente do “Opinião no Ar”, que tem tido um enorme alcance, tanto na TV quanto na internet. Você participa das reuniões de pauta e da produção do programa? Lacombe: O apresentador não é um ser que se materializa no estúdio e sai falando. Desde o início

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Silvio Navarro e Amanda Klein compõe a bancada do programa, juntamente com Rodrigo Constantino, que participa diretamente da Flórida - Foto: Internet

da minha carreira, sempre abracei todas as funções do jornalismo, como produtor, editor, repórter, editor-executivo... Não abro mão de participar de tudo. EXATO: Como é a reação do público quando o encontram nas ruas? Lacombe: A reação é a melhor possível. Mesmo tendo trabalhado 25 anos na Rede Globo, contando os cinco na afiliada em Santa Catarina, nunca tive o reconhecimento de hoje. E as mensagens

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que recebo em todo canto são de apoio, de encorajamento, do tipo: “Você é a nossa voz”, “Continue brigando pela verdade”, “Siga firme na luta”. Isso, claro, me deixa muito feliz, honrado e ciente da enorme responsabilidade que tenho. EXATO: Qual é a sua opinião sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras, lockdown e distanciamento social? Lacombe: O lockdown nos foi vendido como uma medida para

impedir que muita gente se infectasse ao mesmo tempo, para “achatar a curva”, para permitir que o sistema de saúde se preparasse. Não tem relação com o número total de mortes. As pessoas se contaminam mesmo em casa, cumprindo quarentena. Muitas vidas se perderam e se perderão por conta do lockdown: pessoas que abandonaram tratamentos, que não fizeram exames para detecção precoce de doenças, pessoas que não puderam fazer transplantes de órgãos, pessoas que foram atira-

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Em breve Lacombe deve estrear outros dois projetos na emissora paulista - Foto: Divulgação

das à depressão, à miséria, que ficaram sem dinheiro para comprar comida, remédios... Desde o início, deveríamos ter apostado na quarentena dos doentes, de quem teve contato com eles, das pesso-

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as dos grupos de risco. As máscaras, parece, ajudam um pouco em ambientes fechados e com maior concentração de pessoas, mas usá-las em ambientes abertos é bobagem. A contaminação ao ar

livre é raríssima. Sobre o distanciamento social, em certo grau, ainda é necessário. A questão é que o convívio social é fundamental para a saúde mental. Por isso, não embarco em paranoias. Quem

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salvadores da humanidade... É aquela velha promessa de proteção e segurança que precede toda ditadura. EXATO: Qual aprendizado podemos tirar desse período de pandemia? Lacombe: Não podemos nunca abrir mão de questionar, indagar, ser desconfiados e curiosos. Não podemos permitir que neguem o debate e ainda nos chamem de negacionistas... EXATO: A esquerda mundial se mostra muito unida em seus propósitos, tanto que voltou ao poder nos EUA. Na sua opinião, como a direita poderia se unir para obter mais força e êxito em sua principais pautas? Lacombe: Eu acredito que as mudanças vêm dos indivíduos, dos núcleos familiares, das associações de bairro. As soluções começam de forma local e ganham corpo. Achar que a sociedade vai se modificar como um corpo único, que o coletivismo é o caminho me parece uma bobagem. É um trabalho de formiguinha e depende da tentativa de cada um de nós de ser melhor a cada dia. EXATO: Quais são os seus projetos para o decorrer de 2021?

só pensa em sobreviver esquece de viver. EXATO: Você acredita que a pandemia tornou-se uma guerra política em boa parte do

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mundo? Lacombe: Não tenho a menor dúvida disso. Os adoradores do Estado enorme estão se aproveitando. E ainda se vendem como

Lacombe: Em alguns meses, terei mais dois projetos na Rede TV!, um diário e outro semanal. Quero escrever para mais jornais (hoje tenho colunas em dois importantes veículos), lançar meu curso on-line de jornalismo e um projeto incrível que Ana Paula Henkel, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino e eu estamos preparando.

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CARLA ZAMBELLI: O PODER DA VOZ FEMININA NA POLÍTICA BRASILEIRA DE ATIVISTA A PARLAMENTAR, A DEPUTADA FEDERAL POR SÃO PAULO, CARLA ZAMBELLI TEM GANHADO CADA VEZ MAIS ESPAÇO ENTRE OS CONSERVADORES

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a deputada federal pelo PSL (Partido Social Liberal -SP) e atual presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Carla Zambelli ganhou notoriedade no Brasil pelo ativismo em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014. “Se o povo não tivesse ido às ruas não teríamos o impea-

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chment. Os brasileiros entenderam que não era mais possível termos na liderança do Governo Federal uma presidente e seu partido que eram compromissados com a corrupção”, recorda Carla. Fundadora do movimento “Nas Ruas”, Zambelli entendeu que poderia fazer mais pelo Brasil se entrasse de cabeça na política e em 2018 foi eleita para o seu primeiro mandato como deputada

federal. A parlamentar também publicou o livro Não foi Golpe - Os bastidores da luta nas ruas pelo Impeachment de Dilma. Em março deste ano, ao tomar posse como presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Zambelli listou como prioridades a bioeconomia, a regularização fundiária com direitos e deveres para os ocupantes da terra, o

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Zambelli se divide entre as funções de mãe, esposa e parlamentar - Foto: Comunicação do PSL na Câmara

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combate ao desmatamento ilegal, o aumento da segurança jurídica e a universalização do saneamento básico no Brasil. Zambelli também anunciou que o colegiado trabalhará em conjunto com a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Com uma agenda cheia de compromissos como mãe, esposa e parlamentar, gentilmente Carla Zambelli aceitou o convite da revista Exato e concedeu uma entrevista exclusiva que você confere a seguir. EXATO: Como surgiu a ideia e como foi a experiência de morar na Espanha? Carla Zambelli: Foi entre 2003 e 2004, quando vendi meu carro e fiz um “mochilão” para a Espanha. O objetivo foi aprender espanhol e tirar a cidadania italiana, que hoje tenho. Queria ir para a Inglaterra também, mas à época, por questões de visto, não foi possível. Graduada em Planejamento Estratégico Empresarial e Pósgraduada em Gestão Empresarial e Marketing, trabalhei na área, na Espanha, nas empresas Terco (Ernst & Young) e RPZ Consultoria, Trevisan BDO Consultoria e Auditoria e LM Courier.

Arnaldo Jabor sobre o processo de cassação do mandato da então deputada Jaqueline Roriz. Tinha um vídeo mostrando ela e o marido roubando cerca de R$50 mil reais e, na Câmara queriam que a votação de cassação fosse fechada, sem ninguém saber como cada um votaria. Por que não podíamos saber como cada parlamentar votaria? Foi aí, inclusive, que nasceu o Nas Ruas. Essa movimentação contra o voto secreto surtiu resultado no ano seguinte, quando a cassação de mandato passou a ser com voto aberto, tanto que o Eduardo Cunha foi cassado por meio desse procedimento. Outro ponto foi o parto do meu filho na rede pública. Tive problemas sérios, pois eu estava com 42 semanas de gravidez e quiseram induzir no soro sem qualquer analgesia. Depois cortaram o períneo e costuraram com spray de xilocaína. Fiquei em trabalho de parto por mais de 15 horas e não permitiram que eu fizesse cesárea. Esse trauma e descaso começou a abrir meus olhos para a realidade que muitas outras mulheres grávidas passavam, além dos inúmeros outros problemas da rede pública de saúde.

EXATO: Como e quando surgiu o seu interesse pela política?

EXATO: Antes de você se envolver na política, algum familiar seu já atuava nessa área de alguma forma?

Carla Zambelli: São alguns fatores. Uma vez eu estava dirigindo, um dia chuvoso, muito trânsito, a rua cheia de buracos e crianças pedindo comida e dinheiro na rua. Comecei ali a pensar como era possível que um país que arrecadava tantos impostos deixava tanto a desejar. Para onde ia nosso dinheiro? Somado a isso, no carro estava ouvindo um comentário do

Carla Zambelli: Não, minha família não era envolvida na área. Uma vez só que meu pai foi candidato a vereador, mas nada mais. Eu me espelhava muito em minha avó Olga Gomes, porque ela sempre foi referência de uma pessoa que exercia com muita vontade a sua cidadania. Gostaria muito que ela estivesse entre nós para que pudesse acompanhar nosso tra-

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balho aqui na Câmara. EXATO: Como surgiu o movimento “Nas Ruas”? Carla Zambelli: Devido à tentativa de cassação do mandato da Jaqueline Roriz via voto secreto, organizamos uma manifestação para 7 de setembro de 2011. O Facebook foi a ferramenta que encontramos para disseminar o protesto. Ficamos assustados como aquilo teve uma repercussão grande pelo país. Percebemos que a indignação era geral na sociedade. As cidades começaram a organizar suas próprias manifestações por meio de grupos na rede social. Foi quando surgiu a ideia de criar a página do Nas Ruas, até mesmo como forma de unificar os protestos. Adotamos ali o compromisso de sempre lutar contra a corrupção e a impunidade. EXATO: Você ganhou notoriedade como ativista, ao apoiar o impeachment de Dilma Rousseff. Qual foi o papel da população durante esse período? Carla Zambelli: Fundamental. Se o povo não tivesse ido às ruas não teríamos o impeachment. Os brasileiros entenderam que não era mais possível termos na liderança do Governo Federal uma presidente e seu partido que eram compromissados com a corrupção. Tantas mentiras, acordos escusos, favorecimentos ilícitos, financiamentos de obras em países socialistas em detrimento do investimento no próprio Brasil. Eram muitas as razões pelas quais fomos motivados a ir para as ruas. Nós do Nas Ruas começamos a luta pelo impeachment em novembro de 2014, logo após a reeleição da Dilma. Ainda era pequena a movimentação popular, mas aqui-

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lo foi tomando corpo dia a dia, até se tornar o que se tornou: a realização da maior manifestação da História do Ocidente. E detalhe: sem um único quebra quebra. EXATO: O que mudou na sua rotina desde que passou de ativista política para deputada federal por São Paulo pelo PSL, nas eleições de 2018? Carla Zambelli: Muda muita coisa porque a gente assume também um papel institucional. E isso fomos aprendendo aos poucos. Seguimos defendendo o que sempre defendemos. Nosso trabalho contra a impunidade e corrupção, pela redução do Estado, em defesa dos valores conservadores nos costumes e liberais na economia não mudaram nunca. Continuamos participando das manifestações e, quando não é possível comparecer, colaboramos na divulgação. O que muda bastante é que antes tínhamos o poder da voz, hoje temos da voz e do voto. Por mais que seja somente um voto, temos mais aberturas para conversar com outros deputados para explanar nossas ideias e angariar apoios. EXATO: Como você consegue conciliar o papel de mãe, esposa e deputada federal? Carla Zambelli: Amo ser mãe, esposa e deputada. Ter uma família talvez seja a coisa mais importante na vida de uma pessoa. É naqueles que estão ao seu lado diariamente que você encontra força e apoio, recebe carinho e motivação para seguir em frente. E quando sua profissão é política, aquilo que você mais precisa ao chegar em casa é receber um beijo e um abraço. Revigora a alma, traz calma e felicidade. Amo muito

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estado significa redução da possibilidade de negociação de interesses escusos. Ensino de qualidade promove maior capacidade de raciocínio e de entendimento do que acontece no país, reduzindo a probabilidade do corrupto induzir o cidadão a uma narrativa criminosa ou falsa. E, claro, Justiça para todos. Justiça que não senta em cima de julgamentos importantes porque o acusado é alguém poderoso econômica ou politicamente. EXATO: Como um cidadão comum pode se tornar um agente de mudança para o país? Em 2018 Zambelli foi eleita para o seu primeiro mandato como deputada federal - Foto: Comunicação do PSL na Câmara

minha família e sou muito grata por me entenderem quando estou ausente e por me apoiarem em tudo, principalmente nos momentos mais difíceis. Quando pensamos em desistir, tem sempre alguém ao nosso lado para nos mostrar que é preciso continuar. EXATO: Nos últimos anos nós vimos um maior envolvimento de mulheres na política. Você acredita que os desafios e oportunidades tem se igualado com essa participação mais ativa? Carla Zambelli: É verdade que as mulheres enfrentam uma dificuldade maior na política, mas acredito que a mulher precisa saber se impor. O discurso vitimista na internet serve somente para ganhar like, pois isso não muda nada. O que muda é você mostrar que tem valor, opinião e postura. Isso é muito importante para obter respeito, seja aonde for e seja com quem for. Digo que a participação feminina na política é extremamente válida, pois a corrupção 38

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no ambiente da mulher é menor, além de haver mais sensibilidade na avaliação do mérito das pautas. EXATO: Você é a favor de cotas para mulheres na política? Carla Zambelli: Não. A mulher é capaz de alçar altos voos assim como o homem. As dificuldades existentes no caminho são para ser superadas. É muito melhor conquistar uma vitória demonstrando a capacidade de ter vencido os obstáculos, do que ter êxito sem, de fato, ter sido todo seu o mérito. As cotas para mulheres unicamente porque são mulheres é um estímulo ao preconceito, pois passa a imagem de que ela não é capaz de chegar lá por sem uma “ajudinha”. EXATO: Você acredita que seja possível combater a corrupção e a impunidade, através de pilares de mais justiça, menos estado e ensino de qualidade? Carla Zambelli: Sim, esse foi nosso mote na campanha. Menos

Carla Zambelli: Primeiro é preciso ter disposição. Segundo, sair da zona de conforto. A internet pode ser o caminho inicial, mas é preciso se envolver com os movimentos ativistas, articular-se perante as autoridades locais e os representantes da sociedade para reivindicar o que se quer e precisa. Todos podem ser um agente de transformação, seja na comunidade local, seja em todo o país. EXATO: As eleições de 2018 mostraram que o brasileiro está mais atento à política. A que você atribui esse interesse? Carla Zambelli: As pessoas começaram a perceber como a atuação das autoridades impacta em suas rotinas diárias. Que a roubalheira que havia no Governo Federal estava já batendo no pescoço dos brasileiros e a má aplicação dos impostos nos serviços públicos começou a pesar de fato. O alerta do risco que nossa liberdade corria também foi um ponto importante, além da inversão de valores e o desrespeito aos valores tradicionais e conservadores, que formaram e guiam, até hoje, a sociedade brasileira.

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EXATO: Quais os principais desafios do cargo de presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável? Carla Zambelli: Um dos nossos principais desafios é, certamente, aprovar temas que melhoram o ambiente das cidades, combatendo os lixões e a falta de saneamento básico. A questão ambiental urbana foi, por muito tempo, ignorada no Brasil e é preciso reverter isso. Também queremos aprovar a regularização fundiária e promover o incentivo à Bioeconomia. EXATO: Como a Comissão pode ajudar na fiscalização dos desmatamentos da Floresta Amazônica? Carla Zambelli: Primeiro é preciso entender que tipo de queimada ocorre: se é acidente sazonal, criminosa ou uma forma de limpeza do local para o replantio. A partir disso, a fiscalização é necessária para combater a criminalidade. Porém esse trabalho deve ter também um ponto de vista que não havia em outros governos: o social. Por não se ter desenvolvimento nas comunidades da Amazônia, por exemplo sem escola, habitação de qualidade, saneamento, os moradores ficam expostos a cometerem crimes ambientais, porque é o que lhes resta. Precisamos levar qualidade de vida para essas pessoas, incluí-las de fato no mundo moderno ao qual temos acesso. Esse é um ponto fundamental no combate às criminalidades ambientais. Mas, é preciso deixar claro que o Brasil não pode ser culpado pelas queimadas no mundo, ou pelas mudanças climáticas. Cerca de 70% do território brasileiro é coberto por áreas verdes. 80% do território

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A deputada federal é uma das fieis escudeiras do Presidente da República Jair Bolsonaro - Foto: Palácio do Planalto

do Amazonas é protegido legalmente. No Cerrado, 35%. Nenhum outro lugar do mundo tem uma legislação ambiental tão rigorosa quanto a do Brasil. Outro dado: só o estado do Amazonas tem mais florestas do que os territórios reunidos de países como França, Alemanha, Noruega, Holanda, Bélgica e Dinamarca. EXATO: Quais são os temas prioritários para serem colocados em votação nos próximos meses? Carla Zambelli: Na Comissão do Meio Ambiente analisamos semana após semana, mas nosso objetivo, como já dito, é focar em melhorar o ambiente urbano. Por exemplo, hoje temos em torno de 100 milhões de brasileiros sem tratamento de esgoto, 35 milhões sem água potável e mais de 3 mil lixões espalhados pelos municípios do Brasil. Também trabalhar pela regularização fundiária, que é

uma forma de proteção ao desmatamento ilegal. EXATO: Qual foi a sua reação ao saber que o STF havia anulado as condenações do Lula na Lava Jato? Carla Zambelli: Claro que de total inconformismo. E mais ainda quando a 2ª turma do STF disse ter havido parcialidade na decisão de Moro quando da condenação de Lula do caso do triplex. Foi um dos maiores erros políticos do Supremo. Isso não deveria ter acontecido, a ministra Carmen Lúcia não poderia ter mudado seu voto. Em todo o processo da Lava Jato, nunca houve cerceamento de defesa. Se tivesse acontecido, o TRF, responsável pelo julgamento em 2ª instância dos casos da Operação, não teria aumentado a pena do Lula, o STJ não teria confirmado e não teria julgado favoravelmente à decisão de Sérgio Moro à época da condenação.

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Zambelli tem conquistado cada vez mais o respeito e admiração dos conservadores brasileiros - Foto: Palácio do Planalto

Infelizmente ainda há muito trabalho a ser feito em todos os âmbitos de atuação no Brasil.

passou de 1 milhão de assinaturas em menos de 24 horas da criação do documento.

EXATO: O que você achou do pedido de prisão do deputado Daniel Silveira?

EXATO: Você acredita que ações como essa abrem precedentes para que pessoas públicas ou não, que difamam o Presidente da República nas redes sociais também sejam seriamente punidos?

Carla Zambelli: Arbitrário e um precedente muito grande para cassar o direito à imunidade parlamentar garantida a nós pela Constituição Federal. Fomos eleitos para parlar, ou seja, para falar. Se fosse para haver qualquer punição ao deputado Daniel, que fosse feita em âmbito legislativo, para isso há o Conselho de Ética da Câmara. Devido ao que aconteceu, apoiamos o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O comentarista político Caio Coppolla criou um abaixo-assinado online para mostrar apoio à destituição de Moraes e o apoio

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Carla Zambelli: Eu defendo que devemos ter o direito à fala, sejamos quem for. Somos seres livres, acreditamos na liberdade de expressão. E, quem porventura se sentir ofendido e difamado, é só acionar a Justiça para reivindicar seus direitos. Já há punições para calúnia, difamação e injúria. EXATO: Quais os principais desafios vencidos pelo presidente Jair Bolsonaro no decorrer des-

ses primeiros anos de mandato? Carla Zambelli: Ele foi muito criticado por supostamente não ter base no Congresso. E vimos que isso não é verdade. É fato que temas mais polêmicos são mais complicados de passar, mas a Câmara e o Senado já aprovaram muitas pautas do Governo. A Reforma da Previdência foi uma vitória histórica. Enquanto em outros países a pressão da população é enorme para não aprovar, aqui tivemos um apoio maciço do povo. Isso mostra credibilidade e confiança. EXATO: Você acredita que todas as “máscaras” que tinham para cair, em relação aos políticos que usaram o nome do Bolsonaro para vencer as eleições em 2018, já caíram?

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Carla Zambelli: “Todas”, nesse sentido, é uma expressão complicada. Só o tempo para dizer. Muitas máscaras já caíram, de fato já conseguimos reorganizar a base. EXATO: Você já recebeu ameaça de morte? Carla Zambelli: E como! Ameaças de morte, agressão e violência sexual sempre têm, mas já foram maiores. Inclusive direcionadas a meu filho. EXATO: Você acredita que a eleição de Joe Biden tenha enfraquecido a direita mundial e a relação dos EUA com o Brasil? Carla Zambelli: Acredito que o Governo tem capacidade de relacionamento. É claro que torcíamos pela vitória do Donald Trump, mas isso não significa que o Brasil e os Estados Unidos irão se distanciar com o novo cenário. Os EUA seguem sendo uma referência em Democracia para todos nós.

Carla Zambelli: Queremos que as nossas bandeiras de campanha sejam postas em prática. Ao menos, naquilo que nos for possível, vamos seguir trabalhando para alcançar o objetivo final. Nossa meta é lutar pela liberdade do povo dia a dia, sem descanso. É trabalhar para fazer do Brasil uma Nação que, de fato, sabe colocar em prática todos os seus talentos e qualidade e mostrar ao mundo que somos um povo de coragem, patriota e defensor daquilo que Deus confiou a nossa terra. EXATO: O que você gosta de fazer nos momentos de lazer? Carla Zambelli: Apesar de serem poucos, curtir com a família, ouvir uma boa música. EXATO: Qual é o seu maior sonho?

Carla Zambelli: Morar num Brasil completamente livre das ameaças ditatoriais de expressão, justo em suas decisões jurídicas, que respeita a liberdade individual, que promove o livre mercado de fato, e que honra as suas famílias em seus valores e princípios. EXATO: Qual recado você daria para os brasileiros que saíram do país para morar nos EUA em busca de uma melhor qualidade de vida? Carla Zambelli: Que, mesmo à distância, não deixem de acreditar no Brasil e na capacidade que temos de sermos uma Nação cada vez melhor. E que, aí no exterior, façam o máximo para levar uma boa imagem do nosso país e ressaltar sempre nossas qualidades e nossos aspectos positivos. Pois isso nós temos de sobra!

EXATO: Mesmo com esse passado recente tão ligado a corrupções, você acredita que a candidatura Lula possa representar um perigo real para uma possível reeleição do presidente Bolsonaro em 2022? Carla Zambelli: O Lula tem capacidade retórica, isso é fato. Mas acredito que a população não irá ceder aos falsos encantos que ele e seus aliados produzem. Já passamos pelas mãos deles por muitos anos, não creio que sejam capazes de reconquistar a confiança do povo em sua maioria novamente. EXATO: Qual o maior legado que você quer deixar na política brasileira?

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Carla foi a fundadora do movimento “Nas Ruas” - Foto: Comunicação do PSL na Câmara

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ALLAN DOS SANTOS: “O MAIOR DESAFIO DA DIREITA BRASILEIRA, HOJE, É ELA EXISTIR” POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ascido em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, o jornalista Allan dos Santos estudou teologia em um seminário nos Estados Unidos, com o objetivo de se tornar padre. Ao perceber que essa não era a sua verdadeira vocação, seus planos mudaram. A comunicação e o interesse por questões políticas, por influência do professor Olavo de Carvalho, falaram mais alto e Allan, juntamente com amigos

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que tinham ideais em comum, em novembro de 2014 criaram o canal Terça Livre, de forma despretensiosa. “A criação do Canal Terça Livre surgiu da necessidade de expor para as pessoas aquilo que nós estávamos aprendendo, de observar o quanto que a mídia manipulava, escondia e não falava dos fatos, sobretudo em relação ao PT e aos partidos comunistas, os partidos de esquerda”. A ideia de falar de política, trazendo a informação de uma forma

diferente do que se vê na grande mídia, com uma linguagem mais acessível e levando os internautas à reflexão da importância do envolvimento político deu muito certo, tanto que o canal “Terça Livre” começou a incomodar e a sofrer perseguições, chegando ser suspenso pelo Youtube por quase um mês, no primeiro trimestre deste ano. Com as funções de transmissões reabilitadas, após o YouTube obedecer a liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o

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A Brasil Paralelo já soma mais de 50 produções, entre séries, documentários e filmes gratuitos - Foto: Equipe Brasil Paralelo

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Allan dos Santos - Foto: Divulgação

canal voltou a sua ampla programação de conteúdos diários. Hoje o Terça Livre cresceu e não é só um canal no YouTube, mas também um portal de notícias e revista digital, além de uma plataforma própria de cursos e livraria, que conta com uma equipe sob a liderança dos seus fundadores, Allan dos Santos e Italo Lorenzon. A revista Exato bateu um papo com o Allan dos Santos, para conhecer um pouco mais da sua trajetória e de como surgiu o Terça Livre. Confira a entrevista a seguir. EXATO: Como e quando surgiu

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o seu interesse pela política? Allan: Quando percebi que eu precisava aprender muito mais sobre o que estava acontecendo na política brasileira. A grande influência foi o professor Olavo de Carvalho e as suas denúncias em relação ao comunismo e o quanto o comunismo influenciava na política brasileira. Percebendo que o comunismo ainda existia e era um perigo eu comecei a ler mais, ficar mais atento, e sair um pouco da superficialidade do dia a dia da política. Eu comecei a entender a estratégia deles, a entender onde eles queriam chegar e percebi que

não poderia ficar de braços cruzados, isso era 2007, 2008, mais ou menos. A partir de então eu comecei a ler mais, a estudar mais e me interessar mesmo, de fato, pela política e não apenas ficar observando o que os políticos falavam mas estar mais atento àquilo que eles faziam. EXATO: De onde você e o Italo Lorenzon se conhecem? Allan: O Italo era meu amigo no Facebook, por causa das publicações do Olavo de Carvalho e então a gente acabou se conhecendo, curtindo um ao outro e uma vez eu percebi que o Italo sabia italia-

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no, e aí eu pedi para que ele começasse a traduzir alguns trechos de comentários de São Tomás de Aquino, do italiano, que eu estava lendo e isso me ajudou muito. EXATO: Como surgiu a ideia do canal Terça Livre? Allan: Surgiu da necessidade de expor para as pessoas aquilo que nós estávamos aprendendo, de observar o quanto a mídia manipulava, escondia e não falava dos fatos, sobretudo em relação ao PT e aos partidos comunistas, os partidos de esquerda. Então as pessoas tinham muito desconhecimento, uma ignorância muito grande na política, nós percebemos que precisávamos expor, sobretudo numa linguagem acessível para as pessoas, aquilo que a gente aprendia com o professor Olavo de Carvalho. É óbvio que o que a gente aprende com o professor Olavo de Carvalho é sobretudo filosofia, mas isso abre muito o horizonte de consciência para entendermos as ações políticas em si e não apenas ficar acreditando naquilo que eles falam mas prestar mais atenção àquilo que eles fazem de fato. Então, nós estávamos ali fazendo os estudos de filosofia, falando de teologia e queríamos também falar de política, porque estava iminente alí uma eleição da Dilma e as pessoas precisavam ser esclarecidas com relação a isso, então, esse desejo de querer esclarecer as pessoas sobre o que estava acontecendo na política acabou gerando a criação do Terça Livre, em novembro de 2014. EXATO: Vocês imaginavam que o canal teria o alcance e relevância que tem hoje? Allan: Nós começamos ape-

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Allan posa ao lado do Presidente Jair Bolsonaro - Foto: Divulgação

nas para tentar falar com pessoas próximas, o desejo, óbvio, era para falar com todo mundo, mas nós sabíamos dos limites que nós tínhamos, limite de seguidores, limite de meios de ação, de meios de comunicação, nós não tínhamos ideia de onde o Terça Livre iria chegar, mas o desejo de que ele iria chegar longe existia desde o início, como isso se daria, o que que a gente usaria, era realmente uma incógnita, mas o fato é que nós sabíamos que esse desejo estava presente, de chegar em muita gente, mas nunca imaginávamos que isso aconteceria em 7 anos,

a gente imaginava que talvez em 15, 20 anos de trabalho a gente poderia chegar em algum lugar de relevância. Depois de, ainda para completar 7 anos, ser divulgado por exemplo pelo Donald Trump, entrevistar Candace Owens, Nigel Faraj, Steve Bannon e o próprio Presidente da República e ministros, deputados e senadores, isso nunca a gente imaginou que iria acontecer num curto prazo de tempo, mas para nossa grata surpresa isso ocorreu dessa maneira, então, é uma alegria hoje, graças ao engajamento do nosso público a gente chegar tão longe e ain-

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da não chegamos onde gostaríamos, a gente sabe que pode muito mais e o nosso público também está disposto a fazer o Terça Livre crescer cada vez mais. EXATO: A princípio o conteúdo do Terça Livre era semanal, quando vocês perceberam que precisariam se dedicar a produzir mais conteúdo? Allan: Vimos a necessidade de colocar o conteúdo diariamente quando nós passamos de um hangout semanal, todas às terças-feiras, nós tínhamos mais pessoas para entrevistar, mais pessoas para falar conosco, então passamos a fazer às terças e quintas-feiras, depois vieram assuntos que demandavam uma importância maior, então a gente passou a fazer transmissão às segundas, terças e quintas, depois segunda, terça, quarta e quinta-feira e depois a gente passou a fazer às sextas-feiras também e então acabou completando a semana. À medida em que o volume de coisas abjetas e horrorosas iam acontecendo e a gente precisava esclarecer as pessoas sobre isso foi quando surgiu a necessidade de falar manhã e noite, que foi quando a gente quis realmente profissionalizar o Terça Livre e fazer dois programas por dia, em formato de jornal opinativo, gênero de jornalismo opinativo. Então passamos a falar das notícias na parte da manhã e da noite. EXATO: Em algum momento vocês pensaram em desistir? Allan: Desistir, não! Desistir nunca foi uma opção, pelo contrário, quanto mais difamados, quanto mais perseguidos, mais a gente tinha vontade de continuar, de mostrar que nós não viemos para

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Allan dos Santos - Foto: Divulgação

ceder facilmente ou desistir facilmente. Estávamos sempre muito animados. É óbvio que a dificuldade financeira batia muito à porta e a gente pensava: Meu Deus, como que nós vamos fazer para superar essa situação? Então a gente acabou criando novos produtos para poder fazer o Terça Livre crescer: primeiro foi o Terça Livre Escola, depois o Terça Livre Academia, depois a revista, depois o diário e depois nós reunimos todos os produtos num só e passamos a ven-

der mais e mais. Nós queríamos sempre nos reinventarmos para poder ter uma linguagem acessível para as pessoas entenderem e ao mesmo tempo também vender um tipo de produto que fosse do interesse das pessoas, tanto para fazer aumentar a receita da empresa quanto, sobretudo para fazer com que as pessoas ganhassem conhecimento com isso. EXATO: Qual é a missão do Terça Livre?

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país. EXATO: Você acredita que a vitória de Biden nas últimas eleições americanas enfraqueceram, de alguma forma, a direita no mundo? Allan: Sem dúvida a vitória do Biden é questionável, sob vários aspectos, mas é óbvio que mesmo sendo questionada ele é o atual presidente dos Estados Unidos, e isso fez com que a direita no mundo todo, que tinha a esperança de ter o apoio dos Estados Unidos contra todos os absurdos que estão sendo cometidos pela China, se visse desarmada, sem o apoio da maior potência militar e econômica do mundo. Isso certamente fez com que animasse mais ainda a esquerda mundial para tantar derrubar os remanescentes de direita que recentemente chegaram ao poder em vários países como Chile, Brasil, Itália, Hungria, Polônia e algumas vitórias menores, não tanto de eleições gerais mas como na Espanha e em outros países. Isso enfraqueceu muitíssimo e fez com que a esquerda ganhasse ânimo. E foi exatamente o que aconteceu na Argentina.

Allan: Falar da missão do Terça Livre é difícil porque o objetivo do Terça Livre é levar conhecimento para as pessoas, o que acaba fazendo com que isso passe pelo jornalismo. Então a missão do Terça Livre não é fundamentalmente, simplesmente noticiar as coisas, mas noticiar desmascarando os mentirosos, esclarecendo fatos, expondo as intrigas e as mentiras que são controladas pela mídia esquerdista e levar para as pessoas aquele conhecimento de

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quem está atrapalhando a vida delas. Nós acreditamos profundamente que sem esses empecilhos o Brasil poderia ser um país muito forte intelectualmente, um país de um povo apaixonado pela sua pátria, pela sua nação, consciente desses empecilhos. Fazer com que a pessoa mais pobre possa entender porque que ela está nessa situação, porque que ela foi privada de conhecimento, porque que ela foi privada de saber, o que realmente estava acontecendo no

EXATO: Pra você, qual foi o maior feito do governo Bolsonaro até hoje? Allan: O Presidente Bolsonaro teve o grande feito de ser o primeiro governo a não roubar. Então, o grande feito do Presidente não é tanto o que ele fez, mas o que ele deixou de fazer, ou seja, no sentido de que todos os outros governos faziam, que era roubar e destruir o país. O governo Bolsonaro conseguiu evitar esse mal, conseguiu ser essa barreira, aí teve a Reforma da Previdência e também o próprio trabalho que está sen-

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do feito contra o narcotráfico. É um trabalho silencioso, mas você percebe que a Polícia Federal tem atuado muito no desmantelamento do esquema das organizações criminosas e isso fez com que o Presidente Bolsonaro conseguisse ter mais êxito que quase todos os governos anteriores desde a tal da redemocratização em 1988, basta lembrar que em 1999, Fernando Henrique Cardoso recebeu apoio dos Estados Unidos para poder atuar contra as FARC e destruir por completo o esquema do narcotráfico na América Latina e disse que queria dialogar com a guerrilha armada, grupo terrorista FARC, disse que queria dialogar, dizendo que o Brasil não seria a polícia da América Latina. Imagina se hoje o Presidente Bolsonaro recebesse apoio dos Estados Unidos para poder destruir o narcotráfico na América Latina, Fernando Henrique Cardoso teve essa oportunidade na mão e não fez nada. Então para mim, o grande feito do Presidente Bolsonaro é, apesar de todos os seus inimigos: mídia, STF, Congresso, e o mainstream como os artistas e o pessoal que estava acostumado a ficar mamando no governo, apesar de tudo isso, continuar fazendo o país crescer e levando mais seriedade à administração pública. EXATO: Qual é o maior desafio da direita hoje no Brasil?

Allan dos Santos - Foto: Divulgação

Allan: O maior desafio da direita brasileira, hoje, é ela existir. Ela ainda não existe porque um sentimento presente em um grande número de pessoas ainda não é o movimento político. Um movimento político exige organizações, instituições, partidos, estruturas e isso a direita brasileira não tem. Então, a única coisa que a direita

brasileira aprendeu recentemente foi obter manifestações de rua, que é muito bom, e tentar se organizar para eleger cargos eletivos nos períodos eleitorais, mas isso, você percebe que da manifestação de rua para a eleição de cargos eletivos é um salto muito grande, e a direita brasileira só

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aprendeu o início e o fim, ela não entendeu os meios que precisa obter, então ela não tem o domínio dos meios. Quais seriam esses meios? A criação de locais de formação, instrução e ação cultural, e ela não tem isso, ela tem apenas o início e o fim, ela só tem a manifestação de rua que faz com

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ações que possam ter um efeito mais positivo, um efeito mais efetivo, e daí ela tenta eleger os políticos que muitas das vezes acabam querendo apenas se aproveitar dessa vantagem majoritária da direita e a direita acaba não levando os seus candidatos ao poder eletivo, ou seja, aquelas pessoas que saíram das manifestações de rua e provaram que tem um trabalho sendo feito na política e na cultura, um trabalho que pudesse legitimar o nome daquela pessoa para a política eleitoral. EXATO: Qual é a sua opinião sobre as urnas eletrônicas brasileiras nas eleições?

que outras pessoas vejam que ela existe e dali ela não consegue criar instituições e organizações que possam, numa linguagem mais técnica, aproveitar esse número enorme de indignados para poder levá-los a uma formação mais profícua, mais profunda, mais estruturada e assim poder organizar

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Allan: É a mesma que o próprio TSE teve em 2017. Um vídeo que ainda está no Canal Oficial do TSE mostra a necessidade de modernização das urnas, ou seja, já passaram várias gerações. Você tem a urna de primeira geração, urna de segunda geração, de terceira geração e na ocasião o TSE mostrou uma urna que imprimia os votos para poder cumprir as exigências decididas no Congresso Nacional. E, por um motivo que para nós ficou oculto mas parece que é evidente, Bolsonaro é eleito em 2018 e eles já não querem mexer em mais nada, pelo contrário, querem tornar cada vez mais a impossibilidade da auditoria dos votos uma permanência eterna, ou seja, fazer com que não se possa ter a auditoria dos votos. É um absurdo isso. Não se pode permitir esse tipo de desmando, uma vez que o Congresso decidiu, chama-se: A Casa do Povo, então é necessário cumprir o mais rápido possível a auditoria dos votos. E, por incrível que pareça, o Guga Chacra, correspondente internacional pela Globo, em 2016 disse que seria

interessante, inclusive voltarmos ao voto de papel, depois ele mudou de opinião. O Partido Novo também defendia isso na época e agora mudou de opinião. Todo mundo mudou de opinião depois que o Bolsonaro foi eleito. Por que? Essa é a grande pergunta. EXATO: Você venceu o processo que moveu contra a revista Isto É por danos morais, mesmo assim matérias difamatórias e cheias de fake news não deixam de existir. A que você atribui os ataques da mídia contra você? Allan: Comprovando que eles estavam falando mentira eles continuam a mentir e continuam a tentar enganar. Isso é o efeito de você ter um grupo organizado e institucionalizado. É o quê a esquerda tem e a direita não tem. Por que a mídia continua fazendo isso? Porque ela é articulada, ela é organizada e institucionalizada. Eles têm a missão de calar e destruir quem quer que seja, uma vez que essa pessoa ou esse grupo de pessoas estejam atrapalhando os trabalhos políticos deles. Então, eles sabem a necessidade de destruir o Terça Livre e continuam mentindo dia e noite, para ver se cola. Mas comigo não vai ter chance porque eu irei processar todos que me difamam e caluniam, atribuindo a mim mentiras e crimes que eu jamais cometi. EXATO: Em fevereiro deste ano o YouTube suspendeu o canal Terça Livre. Como se deu o processo para reativação do canal? Allan: O Youtube desativou a nossa conta, a plataforma, sob a alegação de que nós teríamos incorrido em três violações graves, o que leva, segundo as próprias

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Allan dos Santos - Foto: Divulgação

regras do Youtube, ao cancelamento da conta. Entretanto, uma das graves violações, segundo o

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Youtube, teria sido a divulgação da entrevista do Donald Trump, a sua primeira aparição ainda como

presidente depois dele ter sido banido do Twitter. E ele não faz nada mais nada menos que falar para

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que o Terça Livre acabou dando foi uma legenda em português, ou seja, nós legendamos o vídeo em português, nada mais, e o Youtube marcou o vídeo como promoção de organização criminosa violenta. Quando o juiz viu isso na nossa apelação, imediatamente ele deferiu o nosso pedido, ou seja, ele aceitou o nosso pedido de punir o Youtube por danos financeiros à empresa, um absurdo, por censura, e então o Youtube foi condenado a pagar R$ 1,000 (mil reais) por dia, inicialmente, depois o Youtube tentou recorrer e o juiz elevou a multa para R$ 5,000 (cinco mil reais) diários, até que o canal voltasse, retornasse. Nesse momento, nós entramos com uma ação na justiça brasileira, de acordo com as leis brasileiras o Youtube não pode fazer isso. Conseguimos a vitória na liminar e estamos aguardando a decisão na segunda instância, devido ao apelo do Youtube. Estamos aguardando, agora, a decisão dos desembargadores para ver se o canal retorna de vez ou não. E nós ainda estamos impedidos de transmitir para fora do Brasil, com isso todos os nossos seguidores aqui nos Estados Unidos, na Europa e em outros lugares do mundo ainda não conseguem acompanhar o Terça Livre pelo Youtube. Aguardemos a decisão da justiça e que a justiça seja feita, de acordo com as leis brasileiras. EXATO: Quais são os projetos do Terça Livre para o restante de 2021?

jornalistas que perguntaram-no o que ele acha desse banimento. O vídeo era só isso. O acréscimo

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Allan: O Terça Livre quer a todo custo chegar na rádio e na TV. Não na rádio on-line e nem na TV on-line, porque isso a gente já faz e a audiência do Terça Livre inclusive vence a audiência da CNN e até da

Jovem Pan em vários programas. Uma vez que o Terça Livre nunca utilizou o patrocínio da SECOM federal ou SECOM municipal, ou estadual, nós só vivemos da assinatura dos nossos seguidores, diferente dos outros órgãos de mídia que vivem de financiamento de publicidade de bancos e grandes empresários nós só temos o povo. Nosso objetivo é chegar na rádio e na TV ainda utilizando os mesmos meios, e se Deus quiser nós chegaremos lá. EXATO: Você pensa em voltar a morar no Brasil? Allan: Eu não faço planos de longo prazo. Eu tenho esse plano de poder fazer o Terça Livre crescer internacionalmente, ainda tem muitos objetivos para serem alcançados aqui, o que vai me exigir viver ainda alguns anos aqui nos Estados Unidos, então se eu falar que eu tenho planos para voltar, não! Eu quero continuar agindo e estruturando tudo que eu preciso para o Terça Livre, aqui. Quero aumentar a presença do Terça Livre na América Latina e também consolidar de alguma maneira, primeiro iniciar, depois consolidar a presença do Terça Livre na América do Norte, pensando em México, Estados Unidos, Canadá e também na Europa. Uma vez que nós tenhamos alguma coisa em inglês queremos alcançar a comunidade europeia e quem sabe depois conseguir até um conteúdo em outros idiomas além de inglês, espanhol e português. E não penso em desistir desse plano e como esse plano exige que eu esteja nos Estados Unidos, não penso em retornar tão cedo.

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O BRASIL PARALELO QUE VOCÊ PRECISA CONHECER POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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undada em 2016, em Porto Alegre, a Brasil Paralelo é, atualmente, uma das principais empresas de mídia independente no Brasil. Sem nenhum patrocínio ou investimento provindos do dinheiro público, em seus cinco anos de existência, a Brasil Paralelo já fez mais de 50 produções, entre séries, documentários e filmes gratuitos, com temáticas sobre Política, História, Educação, Arte e Filosofia. Com a missão de resgatar bons valores, ideias e patriotismo, usando o entretenimento de qualidade em suas produções, com uma abordagem conservadora, que até então tinha pouco ou nenhum espaço nos meios de comunicação da velha mídia e nas instituições de ensino, todo conteúdo é produzido com base em uma ampla pesquisa e a participação fundamental de especialistas nos temas abordados, narrando

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a realidade de fatos históricos, muitas vezes distorcidas por narrativas ideológicas, que foram enraizadas ao longo dos anos na cultura brasileira. Apesar do conteúdo estar disponível de forma gratuita no YouTube, a qualidade artística e cinematográfica, impressionam e só é possível graças a contribuição de membros do projeto, que por um pequeno valor mensal, tem acesso a conteúdos exclusivos, além de cursos ministrados por um núcleo de formação composto por grandes e experientes professores, com o objetivo de expandir a consciência e recuperar o verdadeiro significado da busca pelo conhecimento. Nesta edição especial de 2 anos da revista Exato, conversamos com os jovens empreendedores Henrique Viana, Filipe Valerim e Lucas Ferrugem, idealizadores da Brasil Paralelo, que nos conce-

deram a entrevista exclusiva, que você confere a seguir. EXATO: Vocês já eram amigos antes de surgir o projeto? BP: Conheço o Filipe Valerim há mais de 10 anos. Já fomos sócios e quebramos juntos anos antes da Brasil Paralelo. Conhecemos o Lucas em 2013, somos amigos desde então e já esperávamos a oportunidade certa para trabalharmos juntos, tamanha afinidade. Quando nos juntamos, foi uma tremenda empolgação. EXATO: De forma geral, como surgiu o interesse de vocês por política e por entender melhor a real história do Brasil? BP: Sempre tivemos interesses filosóficos. A afinidade da amizade, que antecede a criação da empresa, se dava por esse interesse em comum, todo assunto era motivo

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A Brasil Paralelo já soma mais de 50 produções, entre séries, documentários e filmes gratuitos - Foto: Equipe Brasil Paralelo

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de “filosofia de buteco”. A gente realmente sempre gostou muito disso e quando o país se voltou inteiramente para o debate político, de forma escalável a partir das manifestações de 2013, passamos a observar mais de perto toda a confusão. A nossa sorte foi contar com a internet, bons professores e um ambiente no qual podíamos debater entre nós e confrontar nossas próprias percepções. EXATO: Como e quando surgiu a ideia da Brasil Paralelo? BP: Nos deparamos com muitos amigos que decidiram participar das manifestações que ocorreram nos anos seguintes, em geral contra o governo do Partido dos Trabalhadores, mas que não tinham necessariamente uma percepção ampla daquele contexto político, ou até mesmo do que lhes incomodava exatamente. Decidimos reunir alguns desses amigos e fazer-lhes uma apresentação de um compilado de estudos e pesquisas. Nessa apresentação, expusemos teses sobre as origens, o desenvolvimento e o estado atual da cultura marxista, bem como de seus descendentes, os movimentos políticos e ideológicos. Além disso, apresentamos uma pesquisa pontual sobre o financiamento de ONGS promotoras, consciente ou inconscientemente, dessa cultura no Brasil. A apresentação fez sucesso, sendo repetida dezenas de vezes para públicos cada vez maiores, de 50, 80 e até mais de 100 pessoas. Era uma atividade totalmente voluntária, mas que nos agradava muito pelo espírito de propósito que carregava. Os pedidos para que expandíssemos o trabalho para todo o Brasil era muito grande, mas não tínhamos ideia de

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como fazer isso. Até que, em uma das apresentações, o empresário gaúcho Leandro Ruschel, que estava assistindo, provocou: “vocês estão resolvendo um grande problema das pessoas, que é facilitar o acesso ao conhecimento, vocês já são empreendedores, façam uma empresa para viabilizar que essa mensagem chegue em todo o Brasil e aposto que será um sucesso empresarial, além de fazer um bem para o país”. Pegamos as economias guardadas (13 mil reais) e apostamos todas as fichas no projeto mais maluco que poderia existir, mas o mais entusiasmante que eu já havia tomado contato. EXATO: Qual é a missão da Brasil Paralelo? BP: Resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. EXATO: Qual foi o tema do primeiro documentário produzido por vocês e quanto tempo ele demorou para ser produzido? BP: A primeira série de 5 documentários que lançamos foi baseada na palestra que contei anteriormente. O “Congresso Brasil Paralelo” se propôs a fazer um “raio x” nos problemas do Brasil e explorar os aspectos ideológicos envolvidos. Do momento em que a empresa foi criada até o lançamento do primeiro episódio foram mais de 6 meses. Desses, uns 3 devem ter sido de produção, e os demais a concepção do negócio, com uma série de idas e vindas que fizeram os nossos 13 mil reais virarem pó e os empréstimos a altos juros nos afogarem em preocupações, tensões e dificuldades pessoais.

Lucas Ferrugem, Filipe Valerim e Henrique Viana, estão a fr

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EXATO: Qual é o segredo para fazer uma pauta (como por exemplo a história do Brasil), se tornar atrativa para a sociedade de forma geral? BP: A pergunta é: por que um tema é importante para a sociedade de forma geral? E qual a missão que nós temos diante desse desafio de comunicação? Na realidade, a Brasil Paralelo é uma missão, não estamos aqui para entreter e gerar audiência, mas para um propósito específico de resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. Quando você tem uma missão clara, tanto o tema quanto a forma de abordá-lo são naturais consequências disso. Quanto maior for a maturidade daqueles envolvidos no processo e maior for a consciência de que a busca pela verdade é a missão, e não a defesa de uma ideologia, maior será o alcance daquela campanha. EXATO: Quantos documentários já foram produzidos por vocês e qual vocês consideram que tenha sido o mais importante? BP: Mais de 50. É uma pergunta muito difícil, cada um tem a sua função e a qualidade artística deles vai aumentando a cada ano, mas a série Brasil: A Última Cruzada, é a mais transformadora para o público – e para nós também. EXATO: Como é feita a escolha dos temas a serem abordados? BP: Considerando os aspectos abordados duas perguntas atrás, sobre a missão da busca pela verdade e do resgate cultural.

rente da ideia que vem mudando a percepção sobre a história do Brasil. - Foto: Equipe Brasil Paralelo

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EXATO: Qual vídeo recebeu mais visualizações ou teve mais repercussão até hoje? BP: Como peça única, o documentário mais visto até hoje é o “1964: o Brasil entre armas e livros”, com quase 9 milhões de visualizações – o documentário longa-metragem brasileiro mais visto da história. A série mais vista é “Brasil: A Última Cruzada”, com mais de 9 milhões de visualizações na soma dos episódios. EXATO: Como são feitas as pesquisas sobre esses temas? BP: Uma equipe grande de funcionários envolvida, bibliografia vasta de todos espectros políticos e correntes de pensamento, fontes históricas primárias, especialistas, intelectuais e pessoas com notório saber no tema a ser tratado, viagens exploratórias e muita contestação interna sobre teses estudadas e dados que se confrontam. Muita narrativa já caiu por terra nos bastidores da Brasil Paralelo, muitas visões sobre um tema surgiram nas madrugadas cansativas, debruçando-se em um tema por muitos dias. É um processo de investigação sério e compromissado com o público. EXATO: Como vocês selecionam os especialistas que participam dos depoimentos e profissionais que atuam por trás das câmeras? BP: Os profissionais são da equipe da Brasil Paralelo e são contratados mediante processo seletivo rigoroso coordenado pelo nosso RH. A seleção de especialistas é de responsabilidade da equipe de produção e é a mais ampla possível, tendo duas etapas: a) conversas preliminares, nas quais

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A equipe, que começou com apenas 5 pessoas, hoje conta com 92 profissionais. - Foto: Equipe BP

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Os três amigos se uniram devido a afinidade de ideias e esperaram o momento certo para trabalharem juntos - Foto: Equipe Brasil Paralelo

o maior número de especialistas é ouvido; b) entrevistas, quando alguns especialistas aceitam partici-

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par como entrevistados. EXATO: Quantos profissionais

havia na equipe no início do projeto e quantos são atualmente?

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BP: No início éramos 5, hoje 92 pessoas trabalham diretamente empregadas na Brasil Paralelo. EXATO: Quanto tempo, em média, dura cada produção, desde a pesquisa até a edição final? BP: A média em 2020 foi de 60 dias. EXATO: O conteúdo e a qualidade dos documentários produzidos por vocês impressionam. É verdade que 100% das produções são provindas da assinatura dos membros? BP: É verdade. A BP é uma empresa privada que decidiu nunca receber nenhum centavo do dinheiro público, diferente das grandes companhias estabelecidas. As contas da Brasil Paralelo são auditadas por uma das maiores empresas do mundo no setor, a EY, e iniciamos em 2020 o nosso programa de compliance, também com uma das maiores, a Grant Thornton, para garantir excelência ética em todos os processos. Divulgamos dados e somos transparentes com nossos clientes. Não há mistério: somos uma jovem empresa de mídia crescendo muito rápido, com um modelo de negócios eficiente e sem nenhuma rodada de investimentos até aqui. Recentemente, divulgamos aos membros assinantes dados de receita num deck institucional: a receita em 2020 foi de 30 milhões de reais, com 40% de geração de caixa (ebitda). Nosso modelo, nossa boa execução do negócio e nosso código de ética combinados nos dão independência editorial, controle do negócio e capacidade de investimento para crescimento. EXATO: Além dos documentá-

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A missão da BP é resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros Foto: Equipe BP

rios, qual o conteúdo oferecido pela Brasil Paralelo? Os membros assinantes acessam a área de formação da Brasil Paralelo, através do app no celular

ou plataforma web, com centenas de horas de cursos nas mais variadas áreas, distribuídos em diferentes planos de assinaturas. Consideramos a melhor plataforma de cursos online do Brasil.

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NIKOLAS FERREIRA: “É IMPOSSÍVEL SER CRISTÃO E SER DE ESQUERDA” SEM MEDO DO POLITICAMENTE CORRETO, O JOVEM VEREADOR POR MINAS GERAIS LUTA EM FAVOR DA FAMÍLIA E DO CONSERVADORISMO

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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le chegou na política determinado a fazer a diferença. Nascido em Belo Horizonte (Minas Gerais) e criado no bairro Cabana do Pai Tomás, na Região Nordeste da capital mineira, o vereador Nikolas Ferreira (PRTB), tem 25 anos, é filho de psicólogos, se formou em Direito pela PUC Minas, cristão, conservador e defensor da família, como se descreve.

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Com o apoio de familiares e amigos, Nikolas conseguiu o feito de ser o segundo parlamentar mais votado da história da capital mineira, escolhido por 29.388 eleitores para o seu primeiro mandato como vereador. Apoiador do governo Bolsonaro, já recebeu ameaças de morte, mas não se deixa intimidar e segue em frente, na luta em defesa pelo que acredita ser o melhor para o Brasil.

Em um bate-papo franco com a reportagem da revista Exato, Nikolas Ferreira falou sobre família, juventude, cristianismo, perseguições nas universidades, o papel da esquerda na revolução cultural, linguagem neutra e os principais desafios da direita. EXATO: Como foi a sua infância? Nikolas Ferreira: Minha infância

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Foto: Luidgi Carvalho

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Nikolas foi eleito vereador pelo PRTB - Foto: Divulgação

foi muito boa, divertida, jogando bola, andando de bicicleta, estudando, indo para a igreja. Foi uma infância muito proveitosa. EXATO: Você nasceu em um lar cristão ou se converteu no decorrer da sua trajetória? Nikolas Ferreira: Eu nasci em um lar cristão, meus pais também vieram de berço cristão. Meu avô fundou a Assembléia de Deus do Cabana, que é a favela onde eu nasci e fui criado.

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EXATO: Como surgiu o seu interesse por política? Nikolas Ferreira: Meu interesse por política veio pelo meu senso de justiça. Eu sempre gostei de me posicionar, de questionar... Eu acredito que veio de uma forma natural essa escolha pela política, uma vez que na política você se defende, toma posicionamentos... Eu gosto bastante deste embate. EXATO: Como se deu a escolha do PRTB como partido?

Nikolas Ferreira: A escolha do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) foi por causa da definição do candidato a prefeito de Belo Horizonte, Bruno Engler, que teve apoio do Bolsonaro, então eu fui junto para ficarmos na mesma chapa. EXATO: Nas últimas eleições vimos muitos jovens candidatos. A que você atribui esse interesse da juventude brasileira em participar mais ativamente da política?

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Nikolas Ferreira: Eu acredito que o interesse dos jovens em entrarem para a política foi por que com a chegada do Bolsonaro, mostrou-se que era possível você manter seus princípios, seus valores, influenciar as pessoas e não se curvar na pressão do coletivo, que quer fazer com que você negue seus valores em prol de uma ideologia, como por exemplo a de esquerda, onde somente eles podem ter voz ativa na política. A chegada do Bolsonaro mostrou que é possível promover mudanças e manter os nossos princípios.

miliares e os meus amigos me ajudaram a concorrer às eleições sim, meu pai era praticamente o meu coordenador de campanha, ele coordenava o meu comitê, estava todos os dias comigo. Eu não tive apoio de sindicatos, de nada, só mesmo de amigos e da família, que todos os dias saíam para panfletar. Não usei nenhum centavo de recursos públicos. Eu fiz uma vaquinha e amigos que me ajudaram nessa caminhada que, graças a Deus, obtive sucesso.

EXATO: Você ficou surpreso ao saber que foi o segundo parlamentar mais votado da história da capital mineira? Nikolas Ferreira: Eu fiquei surpreso sim... O mais jovem votado da história da capital mineira. Graças a Deus conseguimos essa vitória, essa expressão que não é somente minha, mas é também de todos os conservadores de Belo Horizonte, de Minas Gerais...

EXATO: Durante o período de faculdade você chegou a sofrer algum tipo de hostilidade ou mesmo perseguição por ser um estudante cristão, conservador e de direita? Nikolas Ferreira: Sim, na época de faculdade sofri muita hostilidade, perseguições, por ser de direita, por ser cristão. O grande problema das faculdades não é nem o comunismo, é o anticomunismo... Você não pode ser anti-comunista na universidade... Então ir com uma camiseta do Bolsonaro, ou uma blusa que leve uma mensagem do cristianismo ou da direita, você já sofre uma repulsa, principalmente dos professores. Por mais que eu tenha estudado em uma instituição católica, a PUC, ela é católica somente mesmo no nome, por que de fato eles usaram da universidade para poder destruir o cristianismo e as bases que inclusive criaram a própria universidade. EXATO: Você teve o apoio de familiares e amigos quando externou a vontade de concorrer nas eleições? Nikolas Ferreira: Os meus fa-

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O vereador é formado em Direito pela PUC Minas - Foto: Divulgação

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EXATO: Você sofre ou já sofreu preconceito no meio político por ser jovem? Nikolas Ferreira: Eu acredito que é um preconceito, mas é mais uma forma de ofensa... Tentam usar desta questão da minha idade para querer me ofender, já que eles não podem me chamar de corrupto, de mau-caráter, não podem falar do meu trabalho... Eles podem falar qualquer coisa, menos que eu não trabalho nessa câmara, então tudo que eles vão falar é sobre a minha idade, como o prefeito, Alexandre Kalil, fez aqui

em Belo Horizonte, quando eu o questionei sobre os gastos com publicidade e o motivo dele não ter investido no combate à pandemia e ele me chamou de garoto. Eu prefiro continuar sendo um garoto, reto e íntegro do que esses velhos que tem destruído a nossa capital. EXATO: Os estudantes universitários são os principais alvo da doutrinação ideológica?

momento da vida em que você é pressionado a se posicionar, nem que seja fisicamente, espiritualmente ou mesmo no esporte, para qual time você torce... Quando jovem você tem que tomar várias decisões e acaba que a pressão do coletivo faz com que essas pessoas sofram isso, sejam alvo, pela ânsia em se posicionar. Os estudantes universitários chegam nas universidades achando que o professor possui a verdade eterna.

Com certeza os jovens são o alvo da doutrinação e do patrulhamento ideológico, por ser o

EXATO: Como se dá a evolução cultural e qual a influência da participação da esquerda em

O apoio de familiares e amigos foi fundamental para a eleição de Nikolas Ferreira - Foto: Divulgação

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Nikolas está a frente de um projeto de lei que proíbe a linguagem neutra nas escolas públicas de BH - Foto: Divulgação

pautas que envolvem arte e cultura no Brasil? Nikolas Ferreira: A revolução cultural, a influência da participação da esquerda na arte e na cultura no Brasil, se dá com as teorias gramscistas, ou seja, você ganha através da cultura, da hegemonia cultural. Através da escola, do cristianismo, das bases... Aos poucos você vai conseguindo ganhar as bases. A hegemonia significa o domínio psicológico das massas, ou seja, através do domínio psicológico das massas, você consegue fazer uma revolução, para quando o partido comunista tomar o poder, não seja necessário fazer uma revolução armada, uma vez que

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todo mundo já pensa como você. EXATO: A direita brasileira é unida? Nikolas Ferreira: Sim, mas ela está em estruturação, então nós vemos que, infelizmente, há muito ego, há muita luta por protagonismos, então há essa briga interna, mas onde há pessoas também há atritos, mas da mesma forma que a esquerda se estruturou, nós estamos buscando também se estruturar. EXATO: Você acredita que o marxismo cultural vem sendo descontruído? Nikolas Ferreira: Sim, aos pou-

cos... Mas a força dele é muito grande. O que antes era sólido, agora se tornou gasoso, ou seja, ele está em toda parte...Tá na revista de jovens, tá no programa Big Brother, tá na TV Globo, tá na Netflix, nas propagandas dos celulares, no Youtube e em todos os lugares. Eles possuem um poder muito, muito grande e não creio eu que nós vamos destruí-lo por completo, mas reduzir os danos. EXATO: Quais os principais desafios da direita brasileira? Nikolas Ferreira: Pra mim os principais desafios da direita brasileira é de fato nos estruturarmos, criar uma militância organizada...

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“Na época de faculdade sofri muita hostilidade e perseguições, por ser de direita, por ser cristão” - Foto: Luidgi Carvalho

Militância significa colocar pessoas capacitadas em locais estratégicos. Eu entendo que nós precisamos formar professores, formas intelectuais, artistas, pessoas que fazem seu trabalho e se posicionam de forma conservadora e passem isso para a nossa juventude de uma forma implícita e não

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explícita. É incluir os princípios na nossa cultura. EXATO: Você acredita que é possível ser cristão e ser de esquerda? Nikolas Ferreira: É impossível ser cristão e ser de esquerda... A pessoa que é cristã e é de esquer-

da, ou ela não sabe nada sobre o comunismo, ou ela não sabe nada sobre o cristianismo. Jesus nunca pregou uma luta de classe, Jesus não veio para acabar com a desigualdade econômica ou qualquer tipo de desigualdade. Ele veio para trazer salvação... Ele, em momento algum, negou a liberdade

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de expressão de pessoas, como é feito em países comunistas, ele nunca falou sobre abolir a família, pelo contrário, ele instituiu a família. Então há uma diferença exorbitante... Jesus multiplicou o pão, ele não dividiu o pão. Então quem fala isso, realmente não sabe absolutamente nada sobre a bíblia. EXATO: Para você quais são os principais feitos e quais são os

principais desafios do governo Bolsonaro? Nikolas Ferreira: Eu acredito que os principais feitos do governo Bolsonaro foi mostrar que se parar de roubar, tem dinheiro, né? Que a política não é algo tão distante ao cidadão. Essa conexão que o presidente tem com o cidadão é algo muito importante, então quando ele grava os vídeos,

mostra a verdade, mostra que por muito tempo a mídia comandou os rumos do nosso país, juntamente com os partidos de esquerda e nós temos quebrado isso. Eu vejo que um dos maiores trunfos do governo Bolsonaro é a verdade, é mostrar que realmente as instituições estão aparelhadas, de que ele está tentando fazer o máximo para prover educação, saúde, infraestrutura, com os ministros, por

Nikolas posa para foto ao lado do presidente Jair Bolsonaro - Foto: Divulgação

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O vereador mineiro não acredita em uma “terceira via” nas eleições presidenciais do Brasil, em 2022 - Foto: Divulgação

exemplo o Tarcísio, a Damares, o Paulo Guedes... Todos eles que foram indicados por ele, sem o famoso “toma lá, dá cá”, mas sim de competência, eu acredito que é a maior demonstração de que a política é dura, é difícil, mas se mantermos a nossa coerência, a nossa integridade, nós conseguimos mudar o nosso país aos poucos... EXATO: Qual é a sua opinião so-

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bre a reformulação do currículo das escolas da rede municipal e quais são suas sugestões para melhorias na educação? Nikolas Ferreira: É um tema muito melindroso e difícil, pois a educação ainda está nas mãos da esquerda, pelo fato da produção de professores dentro das universidades. Eu não cheguei a ver a reformulação do currículo das esco-

las da rede municipal, mas eu vejo que a gente precisa ter a divisão de que a escola ensina, mas são os pais que educam... Nós não podemos terceirizar as responsabilidades da família para a escola. Eu vejo que qualquer reformulação no currículo deve se atentar a isso, tirar qualquer resquício de Paulo Freire, de pedagogia do oprimido, que coloca que o aluno é uma vítima, que está sendo oprimido e

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neutra nas escolas municipais de Belo Horizonte. O projeto trata de que deve-se atentar estritamente à língua portuguesa. Nós sabemos que todo tipo de movimento, especialmente de esquerda, nunca chegam com o real propósito, então eles vem com algo exorbitante, depois te dá uma proposta menor e assim, você aceita com maior tranquilidade. Eles falam que não é nenhum ataque à língua portuguesa, que é uma nova língua, que a língua se adapta, que é uma língua da internet, mas nós sabemos que tudo isso é para suprimir o homem e a mulher da sociedade, os papéis que são estruturais na sociedade. A parcela de pessoas não binárias , que não possuem um gênero, é pouquíssima no Brasil, então não é uma inclusão, mas sim uma exclusão dos outros sexos: do homem e da mulher, que aliás, existem só esses dois mesmo. EXATO: Como você lida com os haters?

realmente produzirmos conhecimento e não somente reproduzirmos. As escolas têm sido campo de produção de ativistas e não de estudantes de fato.

Nikolas Ferreira: Eu levo os haters na zoeira mesmo... Eu sei que são pessoas que são completamente incapacitadas para enfrentar um debate, para defender uma ideia de fato, então eu fico tranquilo... Eu brinco, levo na brincadeira. Quando é algo mais sério, uma ameaça é óbvio que eu registro, faço um boletim de ocorrência, entro com um processo jurídico para que, de fato, a gente consiga colocar limite nesse tipo de pessoa.

EXATO: O que dispõe o Projeto de Lei - 54/2021, proposto por você?

EXATO: Você acredita no surgimento de um candidato de terceira via nas eleições de 2022?

Nikolas Ferreira: O meu projeto 54/2021 é sobre linguagem neutra, que proíbe a linguagem

Nikolas Ferreira: Eu não acredito no surgimento de uma terceira via, eu acredito que realmente já

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está bem decidido entre Bolsonaro ou Lula. Isso é até bom, porque já tira qualquer tipo de centrão, pessoa em cima do muro. É melhor você ser quente ou frio, já dizia a Bíblia... O morno Deus cospe, vomita... EXATO: Quais são suas perspectivas para o ano de 2022? Nikolas Ferreira: Minhas perspectivas para 2022 são boas. Eu acredito que as coisas irão ficar mais claras, no sentido de quem é quem de fato, tanto de lideranças evangélicas, católicas de fato, quanto lideranças da nossa sociedade de modo geral. Você pode não concordar 100% com Bolsonaro, eu mesmo não concordo 100% com ninguém, só com Jesus Cristo, mas escolher um cara que já deu errado ao invés de escolher um que em três anos, mesmo com pandemia, já conseguiu conseguiu bater recordes na bolsa e fazer os maiores planos de infraestrutura do nosso Brasil, eu acho que é falta de neurônio... EXATO: Qual recado você deixa para os brasileiros que residem nos Estados Unidos? Nikolas Ferreira: Persistam... Continuem amando o nosso país e orando por nós... Nós sabemos que essa luta é também espiritual e que nós precisamos tornar o nosso país um país referência, nós temos tudo. Saibam que nós estamos aqui, batalhando pelo nosso país, onde nascemos e que aquilo que vocês sentem aí, dessa liberdade econômica, de segurança, nós também estamos procurando aqui, para que realmente possamos viver em um país melhor.

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