Entrevista com a banda de Dark Romantic / Darkwave Sweet Sister Pain

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SWEET

SISTER

PAIN


sweet sister pain


gótica e dark wave mundial

banda que vem ganhando espaço na cena

batemos um papo com os alemães do Sweet Sister Pain

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weet Sister Pain nasceu em Julho de 2007 em Hamburgo na Alemanha e encontrou sua identidade no mundo do gótico e dark wave, com facetas de melancolia criadas com a instrumentalização do cello, guitarra e bateria, os quais geram uma atmosfera única para o lírico e a poesia melódica. Além de suas próprias composições, citam obras de Chopin, “Trauermarsch” e Schubert, “Wiegenlied”, incluindo ainda, poemas de Edgar Allan Poe e grandes músicas pops, como “Mad World” de Tears for Fears.


Tivemos a oportunidade de trocar umas palavras com os alemães do Sweet Sister Pain e compartilhamos aqui com vocês. Não podemos deixar de agradecer a Anna Lia Baudracco, que foi quem trabalhou em traduzir as perguntas e respostas, além de ter nos procurado para fazermos essa entrevista. Obrigado Anna e a todos do SSP pela oportunidade.

Textos e entevista por Anna Lia Braudacco e Igor C. Bersan - Fotos Katja Zimmermann e Gert Schober

_extravaganza/ Gostariamos de agradecer a todos do Sweet Sister Pain pela oportunidade em entrevistá-los, ainda mais por sermos uma publicação pequena. Como a banda foi formada? Vocês já se conheciam e decidiram formar a banda? Ou se conheceram durante o processo de formação?

_Sweet Sister Pain/ Foi em 2006, eu estava em Krasnodar/ Russia com “Gregorian” quando meu telefone tocou e Charlie estava na linha. Nós nos conhecíamos de várias bandas, ela estava fazendo alguns vocais para um projeto meu, eu havia feito uma produção para sua banda. Mas isso foi no final dos anos 90. Nós não tínhamos mais contato por anos, então fiquei surpreso com sua ligação enquanto eu estava tão distante. Ela apenas queria saber se eu sabia de alguma banda que estava precisando de cello ou vocais , porque depois de 6 anos apenas trabalhando com música clássica (ela é docente em cello no conservatório

de Hamburgo) ela queria trabalhar com música pop ou rock. Então eu disse: “Você sabe: Eu quero fazer um novo projeto onde eu possa cantar, porque eu apenas estou tocando guitarra por anos, então – vamos nos encontrar quando eu voltar e começar alguma coisa.” E foi o que fizemos. Nós começamos apenas com um dueto de guitarra acústica e duas vozes. Nós queríamos um som vocal de um barítono e uma mezzo soprano que funciona sem truques de estúdio, como a duplicação, correção de passo. Para começar isso nós tentamos várias músicas para ver como o arranjo vocal deveria ser e como poderíamos fazer uma for te harmonia sem parecer muito doce (se você sabe o que quero dizer). Depois de um ano nós tínhamos algumas músicas e tínhamos a impressão de que precisávamos de mais força. Então nós decidimos tentar uma bateria. Eu havia escutado sobre um cara japonês/alemão que fazia a bateria de várias bandas conhecidas como KMFDM, Girls


under Glass, Prollhead e muito mais. Eu peguei seu contato com Jan Eric Kohrs (Diretor musical do Gregorian) e nos encontramos em um café em Hamburgo. Nós nos demos bem um com o outro e naquela mesma tarde fomos ao meu estúdio fazer um pouco de barulho apenas com guitarra e bateria. Eu tinha um velho conjunto de tambores e não esperava um grande som, mas seria bom para uma primeira sessão. Quando ele sentou e chutou o bumbo eu quase caí. Esse cara tinha um som – bem, então eu entendi porque todas aquelas bandas o queriam para gravar etc. Rudolph Naomi é simplesmente a batida de coração do gótico. É claro ele estava dentro! _extravaganza/ Gostariamos de saber como vocês se definem? Hoje em dia temos vários gêneros e subgêneros surgindo a todo momento. Ouvindo as suas músicas, pude perceber várias influências, mas como vocês veem a música de vocês?

_Sweet Sister Pain/Nós não somos grandes especialistas em gêneros musicais. Nossas idéias são basicamente cantar e compor idéias que soam melancólicas e sombrias. Parece que, quando Charlie e eu estamos juntos, nós descobrimos que os

“tons de infelicidade” se adequam melhor às nossas vozes. Não que não gostemos de outros estados de espírito - apenas acontece. Deve ter a ver com a extensão e a cor das nossas vozes. E nós tentamos encontrar músicas com o nosso modo de cantar e acabam sendo principalmente o “gótico” ou “dark romantic”. Claro, existem influências - Nick Cave, The Cure (eu esbarrei em Robbie no ano passado no elevador do hotel, em Seul/Coréia do Sul, quando eu estava lá com Sarah Brightman), NIN e também HTKA (“How to Kill Angels”, a Trend Reznor’s “soft” project), mas Sweet Sister Pain é sempre mais uniforme, mais lenta e mais suave do que nossas influências. Isso é apenas a maneira que nós somos ... _extravaganza/ Aproveitando a pergunta anterior. Uma de suas músicas tem como inspiração o poema Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Nos fale um pouco de suas influências para a composição conceitual e estética da banda? Vejo que existe uma proximidade com o goticismo. Vocês estão envolvidos com a cena gótica alemã?

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_Sweet Sister Pain/ Poe é “O” fundador original do estilo “dark romantic” na literatura. É claro, nós lemos suas histórias e nós gostaríamos e tentamos adaptar o estado de espírito místico de seus livros. “Annabel Lee” é um poema frequentemente gravado. Mas eu não sabia disso. Eu achei uma cópia impressa da letra no meu estúdio (alguém deve ter perdido isso lá...) e me inspirou, então eu sentei e escrevi a música, a mesma que está no álbum. Eu tive que repetir algumas linhas para deixála metricamente mais clara e do jeito que eu queria. Depois que nós gravamos, eu procurei se haviam outras versões gravadas do poema e achei várias. Mas eu (e muitos outros críticos) considero a minha versão uma das melhores e mais apropriada ao estado de espírito da história. Cenário Gótico Alemão? Bem – para ser honesto – Eu sou um solitário. Eu não apareço muito com outros músicos. Eu prefiro conversar sobre ciência ou política, sobre a sociedade e o mundo, mais do que conversar sobre amplificadores de guitarra. Nós temos alguns amigos no cenário musical gótico, mas é mais uma coisa privada e não muito sobre música.


Então eu disse: “Você sabe: Eu quero fazer um novo projeto onde eu possa cantar, porque eu apenas estou tocando guitarra por anos, então – vamos nos encontrar quando eu voltar e começar alguma coisa.”



Nós não somos grandes especialistas em gêneros musicais. Nossas idéias são basicamente cantar e compor idéias que soam melancólicas e sombrias.”


_extravaganza/ A banda Sweet Sister Pain não faz parte do mundo commercial do cenário musical, então vocês poderiam cantar em sua língua nativa. Por que escolheram cantar em Inglês?

Muitas das músicas que nós cantamos, quando as começamos são em inglês e nós falamos em inglês com as pessoas e membros da banda de “Gregorian” e “Sarah Brihtman”, nós não pensamos no fato de estarmos fazendo uma música que não é em nossa língua nativa. Se o som das duas vozes ficam bem, nós apenas fazemos isso e “escorregamos” dentro de ser uma banda que canta inglês. Não é uma decisão consciente. Dizendo que – existe um detalhe em cantar em alemão. A maior par te das pessoas que escutam música em inglês, se impor tam mais com o som e apenas um pouco com a letra. Mesmo as pessoas que falam em inglês parecem não se impor tarem muito com o significado da música. A música é mais um estilo, como uma trilha para um poema (se isso faz algum sentido...) Sweet Sister Pain é mais sobre o som e instrumentos e nós perderíamos muito disso se cantássemos em Alemão. Eu realmente não penso muito sobre isso, mas agora que você perguntou: Eu acho que precisamos do inglês para o som.

_extravaganza/ Para nós brasileiros é um tanto complicado compreender o universo musical de outros países, principalmente quando eles não possuem muito espaço na dita mídia especializada. A mim (Igor C. Bersan) vejo a Alemanha como um país que possui uma quantidade muito grande de projetos de EBM, Industrial, Gothic Rock, Dark Ambient, Ethereal e uma variedade de sub-gêneros relacionados a este universo do gótico, o qual eu estou lhes inserindo. Obviamente que existe toda uma exploração de gravadoras e uma indústria dedicada ao gênero, coisa que não temos aqui no Brasil. Como vocês veem a produção musical alemã em relação a música que produzem? Diante de tantas bandas e projetos sendo produzidos, ainda existe fôlego e disposição dos músicos para manter a cena forte?

_Sweet Sister Pain/ Boa pergunta. Deixe me dizer: existe luz e existe sombra. Ter vitalidade e ocupação no cenário musical underground é uma grande coisa. Eu acompanho o underground desde o final dos anos setenta. E sempre houve a mesma motivação – punk, wave, eletrônica, gótica – uma rebelião para superar a maneira de ouvir, viver, pensar... questionando o que impor ta, o que é impor tante, o que significa algo para mim.


Eu não vejo as tendências e modas como elas costumavam ser..” É uma contrapar tida necessária para o objetivo final e deveria sempre existir. O outro lado é: Devido ao fato de que as ferramentas de produção para música eletrônica são favoráveis hoje em dia (se você tiver uma ferramenta de programação e guitarras distorcidas...), o que ocasiona várias pessoas que só estão lá no cenário porque eles pensam que é uma maneira fácil de chamar a atenção. Vestidos escuros - sangue ar tificial – maléficas vozes baixas tudo isso não é difícil de se fazer. A maioria das pessoas pode fazer isso. Isso não significa que eles são realmente crentes ou apaixonados pelo dark music. Eles usam isso para um hipe barato. Isso não é bom para o cenário. Então, novamente: Em todos os negócios existem aproximadamente 90% de traidores e pretendentes - então por que não deveriam estar na cena gótica também. Os bons ainda são os bons e eles vão sobreviver.

_extravaganza/ Aqui no Brasil vejo pouco espaço para o estilo que tocam. Dentre as tribos (urbanas) é a com menor número, dentro do meu limitado conhecimento do assunto. Acho que talvez o clima e por questões culturais, o brasileiro procura músicas mais intensas e rítmicas. Qual o conhecimento de vocês sobre o universo musical brasileiro. Principalmente detro da músical que estão inseridos.

_Sweet Sister Pain/ Eu sei. Os Brasileiros amam se mexer, rir e dançar. E eles são bons em tudo isso. Não que na Europa nós não dancemos ou rimos, mas é de um jeito diferente. Eu sou do Nor te da Alemanha onde a terra nos campos é preta no chuvoso outono e a terra é plana. “A terra dos horizontes” nós a chamamos. Existe história sobre cada pedra e durante os séculos nós do nor te aprendemos a lidar com o nosso tempo e as nossas trevas tornaram-se uma par te de nós. Nós podemos ser “alegres” mas não o tempo todo. Alguns anos atrás nós demos uma entrevista para uma revista de metal Brasileira. Nós achamos muito engraçado, porque nossa música não é “metal”. Mas o rapaz explicou-me que na America do Sul a música é chamada de “música latina” e tudo o que não é latino e tem uma guitarra elétrica é chamado de “metal”. Bem então...


hcnal e guitarra a d u a L vo Gunther

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_extravaganza/ Cada um de vocês trabalha com outros artistas. Como é para conciliar outros trabalhos com a banda?

_Sweet Sister Pain/ Boa pergunta. Às vezes não é fácil manter o espírito da sua própria banda quando você está em tour com outros projetos por um longo tempo. Eu estava o tempo fora em 2013 e agora que estou em casa eu tive que mudar meu estúdio – então não podemos fazer muitas coisas. Ano passado, apensa aparecemos em uma faixa com uma versão de capa (“be mine” uma música de nossos amigos “place4tears”). Esse ano nós iremos cooperar com nossos amigos do Japão, “Haruka” e seu produtor “Ken”, porque eu farei mais shows com Sarah e não estarei em casa por um longo tempo. Rudolph está par ticipando de festivais com outras bandas “para continuar em forma” e Charlie tem muitos estudantes para organizar, porque todos querem que ele seja sua professora. Compreensível. _extravaganza/ Vocês tem um novo trabalho em mente? Vocês já estão trabalhando nisso? O que podemos esperar de um novo projeto?

_Sweet Sister Pain/ Eu adoraria ter algum tempo para as minhas canções em alemão. Eu tenho uma pequena coleção de músicas alemãs que foram aumentando ao longo dos anos. Como elas não combinam com o estilo de Sweet Sister Pain, estou pensando em produzi-las sozinho com guitarra e vocal. E é claro, nós vamos voltar com Sweet Sister Pain assim que meu novo estúdio estiver pronto. Isso acontecerá em 2015. Nós também queremos simplificar nossas apresentações para festivais. Nós somos em 3 pessoas e nós temos os equipamentos para os nossos shows, e normalmente nós usamos computadores e efeitos. Para uma mudança seria legal ir para o palco apenas com o cello, guitarra, bateria e vocais. De volta as raízes. Vamos ver... _extravaganza/ E na Alemanha e no resto do mundo? O que vocês têm visto de interessante e inovador? Bandas que se destacam por sua originalidade e que vocês possam nos indicar?

_Sweet Sister Pain/ Outra boa pergunta. Mais e mais eu acho que os gêneros e estilos não impor tam tanto como se costuma fazer. Eu não vejo as tendência e modas como elas costumavam ser. Nos dias de hoje tudo está em todo lugar e a qualquer hora. Crianças são Hip Hoppers, na metade do


estilo. É uma questão de qualidade. Seja o melhor e as pessoas irão reconhecê-lo e irão te amar. ano seguinte elas mudam de pensamento e são roqueiras. É como um novo penteado. Não é uma ar ticulação de um movimento geral. No final das contas “a música é sempre a mesma”. Essa é a música e a questão é: Eu acredito nesse cara ou não? De um modo geral: A possibilidade de vender CDs está cada vez menor. A internet parece ser a chance para novas bandas, mas eu duvido disso. A maior par te dos grandes sucessos da história foram feitos por esses sonhadores que acreditaram que teriam a chance de fazer algo grande. Mas a maior par te não consegue. Todo mundo tem que fazer sua vida e se a gravação de músicas não der mais dinheiro, isso se tornará um hobby de crianças ricas. Então o foco vai para o cenário musical vivo. Ainda existe uma chance de todos mostrarem o que eles podem fazer. As bandas devem desenvolver suas performances ao vivo em todos os aspectos. Som, apresentação de palco, idéias musicais, mostrar elementos - tudo o que não pode ser feito em um computador irá manter seu valor. O bom e velho rock ‘n roll, se você quer assim. Não é uma questão de gênero ou

_extravaganza/ Um de seus últimos trabalhos foi a música 16-6 (drowning) que tem um estilo diferente da música de vocês. Quais foram as influências para a música e como os fãs a receberam?

A música foi uma promoção de um show que fizemos com um casal de amigos convidados em 16.06.2012 no “Markhalle” em Hamburgo. Eu queria 2 convidados para dividir os vocais conosco. Então, Richard Naxton (Gregorian) e Constance Ruder t (Blutengel) se juntaram a nós. Isso proporcionou a nossa música uma cor diferente e uma excelente abordagem. Mais rock e menos dinâmico. Orginalmente era apenas para uma propaganda do show e nos levou para a 4ª posição das paradas

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SWEET SISTER PAIN “The Seven Seas of Blood and Honey” Gravadora: Dance Macabre Ano de lançamento: 2010 Estilo: Darkwave/Gothic/Ethereal Membros: Gunter Laudahn, Charlotte Kracht e Rudolph Naomi País: Alemanha cLIQUE AQUI PARA OUVIR

O universo que compõe a cena gótica mundial é repleto de sonoridades e influências musicais. Das batidas eletrônicas do industrial, EBM e agrotech, passando para sonoridades mais ambientes como o darkwave, dark ambient, neoclássico e ethereal e chegando enfim a sua proximidade com o rock’n’roll com o gothic rock, não impor tando qual seja o gênero escolhido, os fans se reúnem pelo mundo todo para celebrar o aspecto melancólico da existência. E é nesse universo que suge o Sweet Sister Pain, banda que dedica a sua música as inflências de darkwave, com passagens de um belo ethereal, instrumentações

sublimes de violinos e o dueto de vozes de Gunther Laudahn e Charlotte Kracht. Sem deixar de lado o aspecto mais enérgico e rítmico do rock, valendo se de composições de guitarra, baixo e bateria. “The Seven Seas of Blood And Honey” se mostra uma grande surpresa, álbum que contempla uma variação musical e uma dedicação dos músicos em compor sonoridades que abrangem a variedade do gênero. Uma música bela e inspirada, melancólica sim, mas não sem vida, cheia de referências literárias e paixão pela música. Um disco para ouvir e compreender que nem tudo é claridade, mas também não é pura escuridão. É a medida cer ta das emoções e sentimentos.

{ www.revistaextravaganza.com.br {


ENTREVISTA REALIZADA PELA REVISTA DIGITAL EXTRAVAGANZA. LAYOUT E DIAGRAMAÇÃO POR IGOR C.BERSAN

© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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