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OPINIÃO

O QUE PODEMOS FAZER HOJE?

POR ANDERSON V. BORILLE, PROF. DR.

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Nos tempos difíceis que estamos enfrentando, relembrar os problemas causados pela pandemia e pela guerra pode parecer coisa de quem gosta de sofrer. No entanto, algumas destas situações podem ser interpretadas de formas distintas, a depender do ponto de vista - a velha história do copo meio cheio ou meio vazio. Especificamente no setor produtivo, vem à mente a situação do comércio internacional, seja pela escassez de suprimentos, pela alta nos custos logísticos, entre outros fatores. Entretanto, só constatar e lamentar que o problema existe é algo raso, apenas nos traz angústias; prefiro parar para pensar o que pode ser feito. E tenho investido um bom tempo nisso. Assim, quando analisamos o contexto global, podemos identificar iniciativas no sentido de aumento da resiliência das cadeias de fornecimento, onde tem-se buscado parceiros comerciais mais próximos geograficamente, a não dependência de fornecedores únicos entre outras ações. Acredito que aí residem boas oportunidades, buscando o fortalecimento das relações com clientes locais, recuperando terreno perdido.

Iniciativas de fortalecimento da cadeia produtiva também têm sido conduzidas no Brasil. Gostaria de destacar duas: Rede Colaborativa para o Aumento da Produtividade e da Competitividade do Setor Automotivo Brasileiro, denominada Made in Brasil Integrado (MiBI), instituído pela portaria SEPEC/ME Nº 9.035, de 17 de setembro de 2021; e, particularmente importante para o setor de ferramentarias, o Programa Prioritário de Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas (FeB+C), instituído pela portaria Nº 2.519, Ministério da Economia, de 18 de setembro de 2019. Na primeira, diversas organizações setoriais atuam em grupos de trabalho a fim de identificar demandas e oportunidades, estruturar planos de trabalho e dar encaminhamentos às ações propostas. A segunda iniciativa, coordenada e gerida respectivamente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), atua fomentando ações de P&D, formação de recursos humanos, empreendedorismo entre outras ações específicas para o setor de ferramentarias. Importante destacar que o FeB+C, assim como os demais 5 programas prioritários vinculados ao Rota 2030 – incluindo aí o recém aprovado programa Estímulo à Produção de Tecnologias Relacionadas à Conectividade Veicular – são abastecidos de recursos financeiros do Programa Rota 2030, conforme descrito no Capítulo III (Regime de Autopeças Não Produzidas – RANP, da LEI Nº 13.755, de 10 de dezembro de 2018). Convido a todos a buscarem tais referências, e verificarem quais instituições estão presentes nos respectivos programas.

Ainda sobre os programas prioritários do Rota2030, uma consulta, por exemplo, no site da FUNDEP permite perceber que há ainda muito recurso disponível, o que, por si só, indica uma oportunidade para bons projetos. Além do mais, é possível também consultar projetos em desenvolvimento, que permite observar temas em desenvolvimento, quem são os parceiros e, por que não, aproveitar o conhecimento gerado. Um ponto que destaco, são os projetos com uma grande constelação de parceiros acadêmicos e industriais – clientes e fornecedores. Vejo nisso um aspecto importante. Em tempos de fortalecimento da cadeia de fornecedores, espera-se que bons projetos agreguem diversos níveis da cadeia, certo? Quem ganha é o setor, o país unindo esforços.

Importante destacar que vários projetos que estão lá surgiram de demandas identificadas das discussões realizadas no MiBI. Reforço o convite: consultem o quem tem sido feito e encaminhem demandas pelos representantes nos programas. A ABINFER, inclusive, tem feito um trabalho muito interessante de articulação. A metade cheia do copo está aí: clientes procurando soluções, recursos disponíveis para desenvolvimento tecnológico e muita gente trabalhando para o desenvolvimento da indústria no país.

Anderson V. Borille, Prof. Dr.

borille@ita.br Instituto Tecnológico de Aeronáutica/ Centro de Competência em Manufatura – ITA/CCM Membro do Conselho Diretor da Associação de Engenharia Automotiva – AEA

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