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Porto
Porto FPT EXIGE QUE OS TÁXIS CIRCULEM NO BUS DA FERNÃO MAGALHÃES
De acordo com a Câmara Municipal do Porto, a partir de setembro, o Corredor de Autocarros de Alta Qualidade (CAAQ) da Avenida de Fernão de Magalhães só permitirá a circulação de autocarros STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto).
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“Este corredor consiste numa via de duplo sentido, destinada ao uso exclusivo do transporte público (STCP) e será munido de um sistema de semáforos de última geração que prioriza a passagem dos autocarros em detrimento dos restantes veículos. As paragens serão igualmente de última geração no que diz respeito às condições de informação, conforto e assistência à viagem para o passageiro”, lê-se nos documentos fornecidos pela autarquia.
Em declarações à Rádio Renascença, o presidente da autarquia, Rui Moreira, disse que a “ideia é estudar outras zonas da cidade onde a introdução de via com prioridade para autocarros pode trazer uma melhoria qualitativa, como é o caso da Rua do Amial”.
Carta Aberta FPT ao Presidente da CM, Rui Moreira
(…) Atentas as previstas alterações de trânsito na Av. Fernão de Magalhães, no Porto entre a Praça Francisco Sá Carneiro e o Campo 24 de Agosto, de limitação de circulação na referida artéria apenas e exclusivamente para os STCP, ouvidos os nossos associados e no sentido de salvaguardar o interesse dos utentes dos táxis, solicitamos de V.ª Ex.ª a revisão de tal alteração;
Dado que a implementação da mesma vai necessariamente causar:
Impossibilidade aos táxis de recolha ou largada de clientes, nomeadamente utilizadores do Cartão Porto e Táxi Saúde (+ 65), residentes na referida artéria ou que vão em tratamento às Clínicas existentes na Av. Fernão de Magalhães, bem assim como dos moradores e clientes de restaurantes e lojas do sentido descendente da Avenida.
Aumento do tráfego na Rua Santos Pousada, que não reúne condições para o aumento do trânsito e nem condições de circulação acrescidas (mais de 50% em paralelo irregular).
Aumento do preço para os utentes, dada a impossibilidade de os táxis não poderem circular no sentido descendente e terem de recorrer às vias circundantes, o que terá correspondência no aumento de preço dos serviços praticados, nomeadamente
nos serviços protocolados com a Câmara Municipal do Porto. Aumento de percurso das demais viaturas, com o consequente aumento de poluição.
A partilha pelos táxis de tal Corredor de autocarros (CAAQ) em nada colidirá com a diminuição de velocidade dos mesmos autocarros, que não circularão sequer de minuto a minuto, e em nada impedirá a sua circulação de forma rápida e eficiente.
A limitação de circulação apenas aos STCP, pese embora a desculpa da “eventual” rapidez a ser obtida, discrimina, de forma negativa quer os transportadores em táxi, e seus clientes, e bem assim todo os demais utilizadores de qualquer outra normal faixa de Bus, com prejuízo para os seus utentes/passageiros/munícipes. do Porto.
motoristas do porto indignados
Uma breve conversa, em setembro, que juntou os motoristas João José Costa, Fernando Nascimento e Aníbal Dias (Presidente da TaxisInvicta) permitiu à Táxi registar o sentimento de indignação que vivem os profissionais do Porto.
João José Costa sublinha a incoerência da autarquia ao assumir com os táxis o protocolo Táxi Saúde + 65 – transporte de munícipes por motivos de saúde a preço fixo de dois euros por viagem – e agora atira os mesmos munícipes, alguns de idade bem avançada, para o meio do trânsito. “Antes era preciso ganhar votos, hoje estão reeleitos”, remata.
João José Costa lembra ainda que o “Táxi é um serviço público, logo, não pode ser retirado do corredor BUS e obrigado a ir para as filas do transporte privado. A autarquia não tem essa autoridade”.
Fernando Nascimento corta a direito e conclui: “então, para os autocarros circularem sem paragens, o Táxi fica parado. Até porque a alternativa, a Rua Santos Pousada, não reúne condições para mais trânsito e nem condições de circulação acrescidas (mais de 50% em paralelo irregular).”
Para Aníbal Dias, o problema fica mais sério com a prepotência do Vereador
Porto Táxi Saúde +65
Os portadores do cartão Porto. com 65 ou mais anos de idade continuam a beneficiar de deslocações em táxi, por motivos de saúde, a um preço fixo de dois euros por trajeto. O programa Táxi Saúde +65 continua a incluir viagens de do Urbanismo, Pedro Baganha: “não ouve ninguém. No passado recente, até há 3 anos, havia reuniões de 3 em 3 meses com as associações, agora nem somos recebidos, o que é mau”, sublinha.
e para os centros de vacinação Covid 19.
Cada viagem tem o custo fixo de dois euros. Assim, numa viagem de ida e volta, o utilizador do serviço pagará apenas quatro euros, sendo o restante valor assumido pela Câmara do Porto.
O PRR e o Movimento Cooperativo Breve Nota
Joaquim Pequicho, Dir. Exec. da Confederação Coop. Portuguesa
Éevidente que a base que sustenta o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não é dirigido a setores particulares da economia e às especifi cidades desses mesmos setores, mas sim a pilares relevantes da estratégia europeia 2030, com particular destaque para os processos de transição verde, transformação digital e crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Penso que é aqui que reside o desafi o para as cooperativas no seu geral e a necessidade de compreender os pressupostos deste investimento e fi nanciamento europeu.
Na elaboração da ideia de base que sustenta o plano foi percetível que a proposta seria a implementação de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa ao longo da próxima década.
Desde da iniciativa Emprego + Digital 2025 que visa a capacitação em tecnologias digitais para responder aos desafi os e oportunidades de diversos setores ou, o apoio (coaching) a Modelos de Negócio para a Transição Digital e desenvolvimento de competências organizacionais que fomentem a transformação digital do modelo de negócio das organizações, são 2 exemplos que não respondendo diretamente aos desafi os das organizações cooperativas, não deixam de ser uma oportunidade que deverá ser agarrada pelas mesmas.
Se não o fi zermos, outros agentes económicos aproveitarão este fi nanciamento, fi cando as cooperativas fora dos contextos de transformação digital e ambiental, algo que contraria o princípio cooperativo de interesse pela comunidade.
Naturalmente, as organizações cooperativas deparam-se com um conjunto de desafi os e difi culdades, no entanto, penso não serem no PRR que irão encontrar as respostas imediatas para esses desafi os. Veja-se a difi culdade de elaboração da proposta do Estatuto Fiscal para a Economia Social, que tarda em ser aprovado, mantendo as organizações dependentes das decisões em sede de negociação do Orçamento de Estado, como sabemos, pouco favoráveis às expectativas dos dirigentes do movimento cooperativo. Penso que, sem o devido reconhecimento das organizações da Economia Social, que vá para além de uma narrativa meramente circunstancial, será muito difícil construir caminhos de sustentabilidade.
Desta forma, considero que a proposta que está a ser construída em torno do PT2030 poderá ser uma resposta mais dirigida às especifi cidades das cooperativas de táxis em Portugal. E aí, sim, devemos aproveitar os fundos do fi nanciamento europeu para um contributo e garantia de sustentabilidade económica, mas sem dispensar as oportunidades que o PRR apresenta para o movimento cooperativo e para o setor dos táxis em particular.