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Transporte Flexível a pedido

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Ninguém fica para trás

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Coesão territorial. Inclusão social.

Em Coimbra, Viseu, Dão, Lafões e Médio Tejo é o Táxi que assegura a mobilidade em territórios de baixa densidade populacional. Idas ao médico, compras no mercado e na farmácia, transporte escolar. O Táxi reinventa-se, adapta-se e reforça a sua identidade de serviço público. Está na estrada o Transporte Flexível a Pedido que se junta ao Transporte Escolar Contratualizado.

O que é o Transporte Flexível a Pedido?

O Transporte Flexível a Pedido é um serviço de transporte público em táxi. O passageiro faz antecipadamente a reserva da sua viagem.

Como reservar?

(procedimento tem variáveis de município para município) Em regra, as reservas são feitas na véspera, através de um número de telefone 800, disponível de segunda a sexta- feira, de manhã e à tarde.

Até onde vai o Transporte Flexível a Pedido?

O Transporte Flexível a Pedido está disponível nos municípios aderentes e faz viagens de e para os centros dos concelhos (escolas, centros de saúde, farmácias, mercados, bancos, correios, etc.).

Como pagar a viagem?

Para o passageiro, a viagem tem um custo igual ao de um bilhete de autocarro, que tem de ser pago, no início da viagem, ao motorista de táxi. A diferença do custo real da viagem é suportada pela autarquia e é paga, regra geral, a 30 dias.

Onde esperar pelo táxi?

No dia e hora marcada, junto à placa de paragem especialmente criada e identificada com o nome do serviço de transporte flexível. O táxi selecionado está identificado com um dístico.

Transporte Flexível a Pedido: nasceu em Mação

O Transporte Flexível a Pedido foi criado em 2013 pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Começou por ser concretizado no concelho de Mação, como resposta à necessidade de criar mais soluções de mobilidade nas zonas de baixa densidade populacional e onde a rede de transportes regular é escassa.

Hoje, o Transporte a Pedido abrange as sedes de concelho do Médio Tejo: Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Fátima, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sertã, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha. A viagem custa entre 1.60€ e 4.00€. Existe a possibilidade de aquisição de uma carteira de 10 bilhetes pré-comprados que oferece um desconto de 30% e possui validade de 2 meses a partir da data da primeira viagem. Este serviço envolve 32 operadores de táxi, transporta 1.200 passageiros/mês, está disponível para mais de 214 mil habitantes, cobre mais de 70 circuitos e tem mais de 1.300 paragens. Já provou a sua sustentabilidade económica - ganhos e proveitos mensais de 7.000 euros. Graças ao sucesso que alcançou está a ser replicado no país.

Transporte Flexível a Pedido Médio Tejo: Organização e balanço da experiência.

Coimbra os primeiros passos num novo caminho

Em Arganil, distrito de Coimbra, o Transporte Flexível a Pedido, ainda em projeto piloto desenvolvido pelo Sistema Intermunicipal dos Transportes da Região de Coimbra e Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra, começou no verão. Com algumas dúvidas e poucas certezas, o sentimento de “vamos ver o que isto vai dar” domina as opiniões dos motoristas. No entanto, já há quem veja nesta iniciativa uma oportunidade para fazer negócio e rentabilizar o investimento.

Bruno Costa - Delegado FPT Arganil

Para Bruno Costa, delegado da FPT em Arganil, o Transporte Flexível a Pedido começou muito bem: “Inicialmente teve muita afluência”. No entanto, “após as férias de verão, os familiares destas pessoas muito idosas regressaram às suas casas e as reservas feitas por chamada telefónica baixaram”. A leitura de Bruno Costa é que deve ser reavaliada a forma de ajudar estas pessoas porque elas continuam a precisar de se deslocar, ”de vir até à vila, ao mercado, ao médico, ao banco(..)”. Bruno Costa acrescenta que é preciso ajustar as rotas: “não estão bem estruturadas, é preciso ver o que é rentável”, considera. Apesar das vicissitudes deste projeto piloto, o delegado da FPT em Arganil considera que o Transporte Flexível a Pedido deve ser afinado pois “é uma ajuda social e dá dinheiro aos táxis”.

“Ó senhor, claro que é bom!”

É o comentário da Dona Lurdes que aguardava na praça pelo táxi de Bruno Costa. Esta habitante da zona serrana já ouviu falar no Transporte Flexível. Ainda não experimentou, mas diz que já lhe disseram que “é mais barato para vir à vila”. À pergunta: É uma boa ideia para quem está longe de tudo? a resposta é: “Ó senhor, claro que é bom!”.

Nova oferta a caminho

No dia da reportagem Táxi em Arganil, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra tinha reunião marcada para fazer o balanço destes primeiros meses de Transporte Flexível a Pedido. Dias mais tarde, a Câmara Municipal de Arganil fez-nos chegar o seguinte comentário: “(…) Três meses de projeto fizeram-nos entender que os munícipes procuram uma solução de mobilidade com ligação direta ao seu destino, sem transbordos, e com tempos de permanência reduzidos. É neste sentido, que o Município de Arganil se encontra a delinear nova oferta que será apresentada aos operadores aderentes e publicitada junto da população brevemente (…)”.

Transporte contratualizado de crianças para as escolas de Arganil

Em paralelo com o Transporte Flexível a Pedido, o transporte contratualizado de crianças para as escolas de Arganil está em franco desenvolvimento. “É o que nos safa! Caso contrário, mais valia estarmos em casa a dormir”, diz satisfeito Bruno Costa. “Com 5 motoristas para uma frota de 5 táxis - 9 lugares incluídos, transporta diariamente 40 crianças. É um retorno financeiro que “ronda os 15 mil euros por ano letivo”, conta o delegado da FPT em Arganil.

Táxi Vamos à Escola: as crianças já não têm de acordar de madrugada

Na Escola Básica São Martinho da Cortiça, em Arganil, o transporte das crianças feito pelos táxis do município é uma “grande ajuda na inclusão social e na coesão do território”. Na avaliação do coordenador da escola, Anacleto Vaz, “as crianças já não têm de acordar de madrugada para virem à escola e é também assim que se combate o insucesso escolar”, conclui.

Anacleto Vaz - Coordenador Escolar

Alunas da EB São Martiho da Cortiça

Condições gerais para candidatura ao transporte crianças

• Seguro de responsabilidade civil no valor de 14.580.000,00€ (12.140.000,00€ para danos corporais e 2.440.000,00€ para danos materiais); • O táxi tem de estar licenciado pelo IMT (licença renovável no máximo de 2 em 2 anos), ter no máximo 16 anos a contar da data da 1ª matrícula e a inspeção é feita especificamente para o transporte coletivo de crianças; • O motorista tem de ter o certificado de transporte coletivo de crianças válido (obtido através de formação e renovável de 5 em 5 anos); • O táxi tem de ter o dístico do transporte coletivo de crianças, caixa de primeiros socorros e sistema de retenção para crianças;

(A Legislação em vigor para o transporte contratualizado de crianças tem sido alvo de forte contestação por parte da FPT. Admite-se novo quadro legal saído do Grupo de Trabalho para a Modernização do Táxi)

Vale um prémio europeu? Pelo menos é finalista

O projeto Transporte a Pedido, criado e desenvolvido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIM do Médio Tejo), faz parte da lista dos 25 finalistas aos prémios REGIOSTARS 2021 da Comissão Europeia, concorrendo na categoria de “TOPIC OF THE YEAR: Enhancing Green Mobility in The Regions: European Year of Rail 2021”.

Soure - Coimbra acompanha os primeiros passos do Transporte Flexível a Pedido

Maria Roxo, Motorista de Táxi em Soure, Coimbra

Maria Roxo, profissional de Soure, ainda só fez dois serviços, duas viagens com o mesmo casal de idosos na casa dos oitenta anos, moradores de Quatro Lagoas. “Vieram até ao centro do concelho - Fazer o quê? Não sei - e regressaram à residência em Quatro Lagoas”. “Pagaram-me 2,45 euros cada um, na ida e na volta, e agora o meu marido que também é motorista vai passar a fatura”. Ou seja, se este casal pagasse o custo real da viagem, diz Maria Roxo, “seria mais ou menos 17 euros para ir e outros 17 euros para voltar”. De acordo com o estabelecido, a diferença é agora paga pelo município. Tal como em Arganil, em Soure, o Transporte Flexível a Pedido, precisa de avaliação das necessidades. Na opinião de Maria Roxo, estas pessoas, quase sempre muito idosas, “dizem que o que era bom, era puderem ser levadas até ao hospital em Coimbra, mas isso acho que não vai acontecer. E as horas de espera? Os idosos querem que fiquemos permanentemente ali, ao pé deles. No fundo eles querem tudo”, remata com uma gargalhada. Até porque, acrescenta Maria Roxo “as despesas, o aumento do gasóleo têm de ser pagos no momento e termos muitos serviços assim, o dinheiro só vem depois”. Em jeito de conclusão, Maria Roxo ainda não tem opinião feita sobre o transporte flexível a pedido: “Nós andamos uns atrás dos outros. Uns motoristas dizem que sim, outros que não. Não sei”.

Ir e Vir em Viseu, Dão e Lafões

O Transporte Flexível a Pedido IR e VIR é uma solução desenvolvida pela Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões que tem como principal objetivo alargar e reforçar a oferta de transporte público de passageiros, garantindo uma cobertura adequada em zonas de menor densidade demográfica, nomeadamente, nos concelhos de Aguiar da Beira, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Tondela e Vouzela. É a nova mobilidade a populações que residem em áreas que não dispõem de um serviço regular de transporte público de passageiros.

À semelhança do transporte coletivo regular, o IR e VIR tem (20) circuitos com horários e paragens pré-definidas, sendo que as deslocações apenas podem ser efetuadas nesses circuitos. Com tarifas que podem oscilar entre os 1,05 euros e os 4,05 euros, dependendo do percurso, este projeto inovador contempla, para já, 20 circuitos, distribuídos pelos 6 concelhos. Segundo o Vice-Presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Paulo Almeida, “Este é um projeto ambicioso da CIM na medida em que permite anular, de uma forma definitiva, carências do transporte público de passageiros nas zonas mais isoladas do nosso território, assegurando assim uma maior coesão territorial. Com esta proposta, procuramos garantir que setores da população mais isolados e com maior dificuldade de deslocação possam aceder de forma cómoda e economicamente justa aos serviços disponíveis na sede do seu concelho”. De acordo com a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, “Este é um bom exemplo de utilização dos fundos europeus das regiões para promover a coesão e a qualidade de vida da população, já que assegura um serviço público mais próximo e eficiente para os cidadãos deste território, independentemente de onde vivam. Queremos apoiar projetos como este em todas as CIM do Interior. Para isso precisamos que as nossas autarquias continuem a trabalhar em conjunto pelos seus objetivos comuns, como fez, neste caso, a CIM Viseu Dão Lafões”. Para o Presidente do Município de Tondela, José António Jesus, “É um dos mais fortes contributos para a coesão. Garantir mobilidade, acesso a serviços essenciais, como aos serviços públicos, à saúde, é uma obrigação resultante do modelo de desenvolvimento que conjuntamente desejamos aprofundar.”

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