Qualidade total em laboratórios
TECLAB | Análises de água (água potável, mineral, purificada, in natura, termais e outras); | Análises de efluentes domésticos e industriais; | Análises de solos (Passivos, fertilidade, compostagem, outros); | Análises de alimentos; | Análises de resíduos (classificação NBR 10.004/2004, coprocessamento, compostagem, outros); | Análises ocupacionais (NR 15-MT, ACGIH, NIOSH, OSHA); | Testes de ecotoxicidade aguda e crônica – Biomonitoramento Ambiental; | Análises de metais preciosos em minérios, metais pesados em diversas matrizes ambientais por Absorção Atômica; | Testes de compostos orgânicos por cromatografia gasosa; | Controle de qualidade de fármacos e matérias-primas. LABORATÓRIO CERTIFICADO
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A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista. Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!
Ano 5 • edição 23 • maio/junho 2011
12 Entrevista 16 Capa
04 Editorial 06 Sustentando 10 Educando para o Futuro 48 Publicações e Eventos
24 Responsabilidade Ambiental
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Meio Ambiente Ser Sustentável Gestão Sustentável
Colunas
Gestão Ambiental
Neodent dá exemplo de gestão ambiental eficiente
28 Qualidade de Vida
Como são tratados os animais criados para abastecer o seu consumo?
36 RSocial esponsabilidade Corporativa
Empreendedorismo como forma de inserção social e educação
44 Desenvolvimento Local
22 34 39 42
Efluentes na nova política nacional de resíduos
Elas e as compras: Mulheres mais atentas sobre o que colocar nas sacolas
02 05 08 e 09 15 23 27 33 35 47 49 50 51
Teclab Banco do Brasil Parque Carambeí CBIC Banco do Brasil DFD Civitas Ethos EBS GBC Vitrine Sustentável Unimed/PR
Anunciantes e Parcerias
Capa
Beatriz Oliveira, Gerente Corporativa de Meio Ambiente da Ambev
Matérias
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Editorial
Mais tratamento e transparência nos efluentes Esta edição traz os efluentes, como tema de capa, que são classificados com um dos maiores poluidores ambientais provocados pelos negócios, em especial pelas indústrias. A gestão e o tratamento desses resíduos são um dos principais desafios nos sistemas de gestão ambiental das empresas. A nova legislação de resíduos, altas multas, gestão de águas no processo produtivo, destinação... São fatores que estão sendo cada vez mais bem considerados na avaliação de investimentos e na busca de alternativas viáveis e ambientalmente corretas. Os efluentes, que no passado jorravam livremente em rios e canalização de esgotos próximos às empresas, hoje são tratados e utilizados como amostras em constantes pesquisas em laboratórios de modernas tecnologias de análises. As empresas brasileiras veem, a cada ano, adaptando-se a essas novas condições, demonstrando responsabilidade perante a sociedade e os procedimentos ambientais. A mudança é lenta, mas consciente. O retorno vem sendo percebido na reutilização dos resíduos e principalmente da água que é utilizada em outros processos ou mesmo devolvida ao meio ambiente em qualidade igual ou superior ao momento em que foi captada. A economia com o tratamento dos efluentes está viabilizando os investimentos empresariais, visto que o reuso, a redução de perdas e a racionalização da água traz retorno econômico para o negócio e também retorno socioambiental para todos. Boa Leitura! Pedro Salanek Filho
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Diretor Executivo Pedro Salanek Filho (pedro@geracaosustentavel.com.br) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula (giovanna@geracaosustentavel.com.br) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR (juliana@geracaosustentavel.com.br) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck (marcelo@geracaosustentavel.com.br) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Criselli Montipó, Lyane Martinelli e Tania Kamienski (redacao@geracaosustentavel.com.br) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas assinatura@geracaosustentavel.com.br • Fale conosco contato@geracaosustentavel.com.br • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 23ª Edição • maio/junho • Ano 5 • 2011
A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.
Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/000112 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Sustentando
16º Prêmio Ford abre inscrições Em sua 16ª edição, o Prêmio Ford de Conservação Ambiental vai distribuir R$ 100 mil aos melhores trabalhos de proteção da natureza e da biodiversidade realizados no Brasil, em sete categorias. A inscrição pode ser feita a partir de 07 de junho, é gratuita e aberta a pessoas físicas, empresas, escolas, organizações não-governamentais e outras entidades. A premiação é composta pelas categorias Conquista Individual, Negócios em Conservação, Ciência e Formação de Recursos Humanos, Meio Ambiente nas Escolas e Fornecedor. A novidade este ano é o desmembramento da categoria Distribuidor em duas: Automóveis e Caminhões. O regulamento e as orientações para a inscrição podem ser encontradas no site www. premiofordambiental.com.br.
Energia solar? Google Earth diz... A cidade de Berlim, na Alemanha, assumiu o compromisso de fazer uma redução de 40% na sua emissão de CO2 até 2020 (em relação aos níveis de 1990). Para conseguir cumprir sua meta, a prefeitura da cidade contará com a ajuda do sistema Solar Atlas Berlin, um aplicativo do Google Earth. O programa mostra quais são os telhados da cidade (edifícios públicos, residenciais e comerciais), com maior potencial para geração de energia solar. O objetivo é mostrar a rentabilidade da energia solar e estimular a instalação de painéis solares. Os proprietários poderão escolher se fazem o investimento ou se repassam para empresários interessados. Até agora mais de 500 mil telhados já foram mapeados e em um ano já foram instalados pelo menos 60 sistemas de produção de energia solar por toda a cidade.
São Paulo pode aquecer até 4ºC Doze cidades do mundo, incluindo São Paulo, podem enfrentar até 2050 um aumento em até 4º C em sua temperatura. A afirmação, feita no 2º Congresso Mundial sobre Cidades e Adaptações às Mudanças Climáticas, mostra que os governos precisam implantar medidas urgentes de adaptação para evitar impactos ainda maiores no futuro. De acordo com a organização, Governos Locais para a Sustentabilidade (ICLEI), nas próximas quatro décadas as cidades, terão de construir a mesma capacidade urbana conquistada nos últimos 4.000 anos devido às alterações no clima. Além de mostrar os riscos e as vulnerabilidades de cada cidade do estudo, o trabalho também sugere estratégias para atenuar e promover a adaptação a esses problemas, oferecendo opções de políticas a serem adotadas. As doze cidades estudadas receberam o estudo detalhado.
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Sustentando
Troque sua escova de dentes por uma 100% natural A designer libanesa Leen Sadder é a responsável pela criação da escova de dentes 100% natural. Biodegradável e sem precisar pastas de dente, a nova escova desbanca o reinado das atuais feitas em plástico. A receita? Simples. A This (como a designer batizou a escova), nada mais é que um Miswak – um galhinho da árvore salvadora pérsica, popular como instrumento de higiene bucal no Oriente Médio, no Paquistão e na Índia. A designer redesenhou sua forma de usar, para torná-la um produto consumível no mundo ocidental. Ela criou uma embalagem atraente com uma tampa semelhante a um cortador de charuto. Na hora de escovar os dentes, basta girar a tampa cortante sobre o galho, arrancar a casca protetora e liberar as cerdas com os dedos. Depois é só escovar os dentes normalmente e cortar, após o uso, as cerdas já utilizadas.
1ª escola sustentável no Brasil O Brasil ganhou sua primeira escola sustentável. A construção, feita especialmente para promover uma nova forma de aproveitamento dos recursos naturais, consome até 80% menos energia que uma escola comum do mesmo porte. Entre as medidas que conferem o selo à escola está o sistema de captação de água da chuva para uso em descargas, jardins e limpeza, que economiza até 50% da água potável disponível para uso. Outras medidas são o uso de lâmpadas de LED, que reduz em 80% o consumo de energia elétrica, a construção com formato especial para proporcionar melhor circulação de ar, uso do telhado verde e reaproveitamento de 100% do material de entulho usado na obra. A escola foi inaugurada no Rio de Janeiro e é a primeira da América Latina a receber o certificado LEED Schools (Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council. Fora os EUA, que concentram 118 construções desse tipo, Noruega, Bali e agora Brasil somam 121 escolas certificadas em todo o mundo.
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Educando para o Futuro divulgação
Programa “As Vantagens de Permanecer na Escola”
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programa As Vantagens de Permanecer na Escola aborda o tema sustentabilidade, desta forma a Associação Junior Achievement alinha-se com os esforços globais em prol da promoção do desenvolvimento sustentável. Os alunos de 8° série/9° ano são beneficiados com este programa, e os mesmos descobrem a relação entre educação, opções de carreira e o alcance de metas. Os alunos visualizam os níveis de renda em relação ao nível de educação formal das pessoas. Aprendem a visualizar os custos e as vantagens de estudar, aprendem as dificuldades de viver e se sustentar independentemente, possuindo uma baixa escolaridade, realiza um planejamento de carreira e se preparam para uma entrevista de emprego. Os estudantes trabalham em grupos para levantar argumentos e debater sobre a evasão escolar e na conclusão escrevem uma carta a um amigo que esteja pensando em abandonar a escola. Assim os alunos aprendem os conceitos e habilidades de êxito, educação, opções de carreira, renda, oportunidades educacionais, renda média, escolaridade, custos de oportunidade, custos financeiros, custo de vida, orçamento mensal, consulta de vagas no mercado de trabalho, salários, encargos, análise de habilidades pessoais , como se portar em uma entrevista de emprego, argumentação e trabalho em equipe. Os conceitos são passados através de discus-
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
sões orientadas, exercícios escritos, trabalhos em grupo, simulações e jogos, proporcionando um ambiente agradável para aprendizagem. O programa As vantagens de Permanecer na Escola contempla o maior número de alunos atendidos pela JAPR. Desde 2004, foram beneficiados mais de 70.500 alunos em 578 escolas, e somente este ano 26.575 alunos em 290 escolas públicas paranaenses receberão o programa. A aplicação deste projeto é feita por voluntários em sala de aula, aonde os mesmos trocam experiências com os alunos durante uma manhã ou uma tarde em horário escolar. É uma oportunidade única de contribuir para termos uma educação melhor, com profissionais qualificados para o futuro mercado de trabalho e cidadãos conscientizados da importância da educação. O voluntariado educativo é uma proposta que estimula o desenvolvimento de projetos que complementa a função da escola que é promover a aprendizagem, preparando o aluno para a vida e para o trabalho. Uma vez que estas experiências possam ser compartilhadas com crianças em fase escolar, há enorme probabilidade que este tipo de atuação e compromisso social permaneçam ao longo da vida dessas crianças e jovens. Manoele Ruiz - Gestora de Marketing e Comunicação da Junior Achievement/PR
Vida Rural
AEAPR-Curitiba lança AnB em evento do Setor de Ciências Agrárias da UFPR
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Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPR-Curitiba) lançou, em maio, o IV Agronegócio Brasil (AnB) e os Dias de Campo do setor de Ciências Agrárias, que ocorrem em novembro. O lançamento foi realizado durante a solenidade de inauguração do bloco didático do setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O lançamento do IV Agronegócio Brasil foi realizado pelo então presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPR-Curitiba), engenheiro agrônomo, Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, que é coordenador da Câmara de Agronomia do CREA-PR, professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR e organizador do AnB. O evento IV Agronegócio Brasil será realizado em novembro, no Centro de Estações Experimentais do Canguiri e reunirá todos os cursos do setor. Segundo Lucchesi, o evento representa o verdadeiro conceito de universidade ao aproximar comunidade científica, sociedade, futuros profissionais e empresas. “Como resultado disso o Centro de Estações do Canguiri avança no processo de transformar-se num verdadeiro laboratório de campo de práticas agronômicas para a produção sustentável”, explica Lucchesi.
AnB 2011 • A Associação dos Engenheiros Agrônomos concebeu a AnB com o intuito de aproximar profissionais das Ciências Agrárias aos seus clientes, demonstrando as soluções tecnológicas das empresas do ramo. Serão discutidos temas polêmicos e de primeira importância para o agronegócio e segurança alimentar do Brasil. Para saber mais acesse www.aeaprcuritiba.com.br.
AEAPR-Curitiba e FEAP elegem nova diretoria • A Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPR-Curitiba) e a Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (FEAP) realizaram eleição de sua nova diretoria no dia 16 de maio. A eleição da AEAPR-Curitiba ocorreu na sede da entidade, durante todo o dia. A votação da FEAP foi realizada no Plenarinho do CREA-PR, à noite. A Gestão ReAgronomia - Autoridade Profissional atuará de 2011 a 2013. A diretoria executiva é composta por Hugo Reis Vidal (presidente); Luiz Antonio Corrêa Lucchesi (diretor técnico e social); Edhna Genar Feliciano Maftum (diretor administrativo); Manfred Leoni Schmid (diretor financeiro) e Natalino Avance de Souza (diretor de política profissional). O conselho fiscal é composto por Paulo Chedid Simão Filho, Robson Leandro Maffioleti, e Adriano Munhoz Pereira (membros efetivos) e Marcio José Araújo, Almir Luiz de Souza e Luiz Antonio Siqueira Junior (membros suplentes). A Comissão de Ética Profissional tem como membros efetivos Vitor Afonso Hoeflich, Paulo Fernando Luz Marques, e Clair Masetti Junior, e membros suplentes Carla Beck, Jean Carlos Padilha e Pedro Gil Alves Cardoso.
FEAP •Vale lembrar que a FEAP congrega 19 entidades que representam os 14 mil engenheiros agrônomos do Paraná. A nova diretoria executiva da FEAP é assim composta: presidente Luiz Antonio Corrêa Lucchesi (AEAPR-Curitiba/UFPR); Diretor Administrativo e Financeiro Manfred Leoni Shmid (AEAPR-Curitiba/Agrotis); Diretor de Relações Institucionais Dionísio Gazziero (AEA-LD/ Embrapa-CNPSo); e Diretor de Política Profissional Gilberto Guarido (AEA Campo Mourão/Coamo).
Agenda de eventos da AEAPR-Curitiba 2011 • Viagem técnica à Hortitec 2011 - saída 16 de junho e retorno 17 de junho (ônibus leito trucado) Cursos:
• 17 a 19 de junho - Recuperação e Manejo de Reserva Legal • 28 e 29 de julho - Certificação Fitossanitária de Origem - Sirex noctílio (Vespa-da-madeira) • 02 de julho - Plantar Eucalipto é um bom negócio! • 15 e 16 de julho - Excel para Finanças no Agronegócio • 2 e 3 de agosto - Certificação Fitossanitária de Origem - Cydia pomonella • 26 e 27 de agosto - Jardinagem GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Entrevista
divulgação
Gestão ecoeficiente para uma trajetória sustentável Gerente corporativa de meio ambiente da Ambev, Beatriz Oliveira, destaca os diferenciais da organização na gestão responsável
Beatriz Oliveira
Gerente Corporativa de Meio Ambiente da Ambev Na Ambev a sustentabilidade corporativa é mensurada com indicadores claros de ecoeficiência e de um forte conceito formado de “gente e sonhos”. A redução no consumo da água, redução de efluentes e gestão de resíduos são alguns dos exemplos dessa organização que tem na gestão socioambiental e, no fortalecimento da relação com seus colaboradores, a construção de uma trajetória sustentável. Entre 2002 e 2010, a Ambev reduziu em 27,2% o índice geral de utilização de água para produção. O volume economizado seria suficiente para abastecer, por um mês, uma cidade de 450 mil habitantes, como Uberlândia (MG). Esse conceito fica fortalecido na visão de negócio que é ser a melhor empresa de bebidas do mundo em um mundo melhor. Sobre os projetos e estratégias sustentáveis da organização, ela falou com exclusividade para a Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL. 12
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Em sua opinião como gestor desta corporação, de forma geral, as empresas estão no caminho da sustentabilidade? Nós acreditamos que uma empresa não se torna sustentável de um dia para o outro, que é preciso muita dedicação, estudo, capacitação e propostas claras que promovam a sustentabilidade, assim, por exemplo, como na Ambev, nosso trabalho é de longo prazo. Até 2012, temos um compromisso assumido com a sociedade, de reduzir para 3,5 litros o consumo de água utilizado na produção de 1 litro de bebida e em 10% a emissão de CO2, além de reaproveitar 99% dos resíduos gerados nas fábricas. Uma empresa sustentável não se faz sozinha, é preciso contar com o apoio dos colaboradores, ter metas e objetivos claros e buscar alternativas para alcançá-las. E é assim que fazemos. A Ambev é referência de melhores práticas ambientais em reconhecimento ao nosso Sistema de Gestão Ambiental (SGA), em atividade, há 18 anos, ou seja: não começamos agora, há muito tempo acreditamos nesse sonho que vamos construindo com ajuda de todos. Cada uma das nossas unidades fabris tem metas claras de ecoeficiência: reduzir o consumo de água, gastar menos energia, diminuir a emissão de poluentes, aumentar o índice de reciclagem dos resíduos e, não menos importante, garantir o tratamento da água utilizada para a devolução na natureza. São metas grandes, mas acreditamos que podemos e vamos alcançá-las.
Como vem sendo disseminado o tema sustentabilidade junto aos colaboradores da Ambev? Nós temos um conceito muito forte de que a Ambev é formada por Gente e Sonhos. Nossa visão é sermos a melhor empresa de bebidas do mundo em um mundo melhor. Nossos colaboradores são nosso ativo mais valioso para chegarmos lá e é por meio disso que realizamos e construímos o que sonhamos, todos os dias, vamos construindo uma trajetória sustentável. Nós acreditamos que podemos ser uma empresa ainda maior e melhor, mas sabemos que futuro depende das ações que executamos hoje, por isso, baseamos nosso modelo de gestão no tripé da sustentabilidade – valores econômicos, sociais e ambientais. O tema sustentabilidade está presente no nosso DNA, além da conscientização, ações, projetos e campanhas ambientais, internas e externas, nós incentivamos, cada vez mais, a capacitação dos nossos colaboradores para promovermos cada vez mais a sustentabilidade. Temos, por exemplo, a maior plataforma de virtual desktop do Brasil, sistema utilizado por 17 mil funcionários que possibilita acesso remoto, com-
partilhamento de dados, segurança de informação e economia de energia (gasta, em média, apenas 10% da energia consumida por um PC), além de produzir menos lixo eletrônico. Entre 2002 e 2010, a Companhia evitou o descarte de 15 mil máquinas. A Ambev realizou em 2010 a segunda edição do “Energy Saving Day”, campanha realizada em várias fábricas com controles direcionados para identificar e eliminar desperdícios de energia. Este ano, para continuar a estimular e conscientizar nossos colaboradores quanto à importância de reduzir os índices de consumo de água, a companhia lança, pelo terceiro ano, um concurso interno no qual todas as fábricas, maltarias, Centros de Distribuição e Centros de Excelência podem ser inscrever. A disputa será entre as melhores práticas de redução de água e campanhas de mobilização para o consumo responsável.
Uma das fases mais críticas na gestão ambiental é o tratamento de resíduos e efluentes. Como funciona esse gerenciamento na sua empresa? Acreditamos que a sustentabilidade do nosso negócio está intimamente ligada à do meio ambiente. Dedicamo-nos à manutenção dos recursos naturais, reciclamos subprodutos e resíduos e reduzimos as emissões de carbono, entre outros. Mais do que investir na conservação do planeta, promovemos uma série de ações voltadas à conscientização da sociedade. Ao todo, a Ambev possui 37 Estações de Tratamento de Efluentes Industriais (ETEIs) instaladas nas unidades do Brasil e de HILA-ex que cuidam de 100% dos efluentes industriais gerados pela Companhia. Eles têm capacidade para tratar até 240 mil m³ por dia, índice suficiente para abastecer uma população de 5,6 milhões de habitantes.
A Ambev também desenvolve alguns projetos sociais junto a comunidade, quais são eles? Da mesma forma que motivamos nossos colaboradores a fazer sempre o melhor, apostamos no potencial de disseminação da Cultura da Ambev na sociedade. O Projeto Reciclagem Solidária, realizado pela Companhia em parceria com a ONG Ecomarapendi, visa incentivar o desenvolvimento sustentável de associações e cooperativas de catadores de recicláveis, por meio do incentivo ao aumento de renda das cooperativas atendidas pelo programa e da qualidade de vida de seus profissionais. Patrocinamos um dos maiores centros de Reciclagem da América Latina e reaproveitamos mais de 98,2% dos resíduos industriais na forma de subprodutos. Continuamos desenvolvendo alternaGERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Entrevista
tivas de agregar valor aos nossos resíduos como estratégia de conciliar benefícios ambientais (com a redução de resíduos descartados) e econômicos (com a venda de subprodutos). O programa inicialmente capacita catadores de recicláveis, oferecendo suporte ferramental às cooperativas e associações que recebem da Ambev prensas enfardadeiras, balanças e equipamentos de segurança. Além disso, ajuda a aumentar o volume de materiais recicláveis coletados, minimizando os problemas ambientais provenientes do impacto do lixo sobre o meio ambiente. Principais resultados em 2010: • Mais de 20 cooperativas beneficiadas; • 395 pessoas beneficiadas diretamente; • Aproximadamente 500 mil pessoas beneficiadas indiretamente; • Cerca de 100 mil kg de embalagens PET recicladas e 345 mil kg de plásticos em geral; • Quase 260 mil kg de papel e mais de 4 mil kg de latas de alumínio reciclados; • Mais de 2.500 toneladas de materiais recicláveis foram coletados; • Total de vidros reciclados no período: 1200 kg.
Quais foram os principais resultados atingidos com os projetos ambientais e sociais? Entre 2002 e 2010, a Ambev reduziu em 27,2% o índice geral de utilização de água para produção. O volume economizado seria suficiente para abastecer, por um mês, uma cidade de 450 mil habitantes, como Uberlândia (MG). As unidades de Curitiba (PR), de Goiânia (GO), de Minas Gerais e de Camaçari (BA), por exemplo, consomem 3,3 litros. Já a de Brasília, 3,2 litros. As fábricas que produzem exclusivamente refrigerantes têm índices expressivamente baixos. A unidade de Sapucaia (RS), e a de Jundiaí (SP), por exemplo, consomem apenas 1,56 litro para cada litro de refrigerante produzido. Também hoje, 27% da nossa matriz energética é composta de combustíveis provenientes de fontes renováveis. O uso de biomassa, biogás e gás natural, em substituição ao óleo combustível, reduziu, em cinco anos, 35% a emissão de CO2 na atmosfera - o que equivale ao plantio de 1,6 milhão de árvores. Graças a essas práticas, a Ambev foi a primeira indústria de bebidas apta a negociar crédito de carbono com certificação da ONU, alinhada ao Protocolo de Kyoto, com a prática da Filial Viamão (RS). Atualmente, 14 das 33 fábricas da Companhia no Brasil já reaproveitam 99% dos seus subprodutos. Na área de resíduos, atualmente, a Companhia reaproveita 98,2% dos resíduos industriais e 55% da matéria-prima da fábrica de vidros no Rio de Janeiro é composta por cacos reciclados das unidades pro14
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
dutivas da Ambev e de cooperativas de catadores.
Quais são os principais indicadores que mensuram o desenvolvimento sustentável em sua empresa? A Ambev procura desenvolver suas atividades econômicas de maneira ecoeficiente. Ao mesmo tempo em que busca uma maior competitividade na produção de bebidas, utiliza tecnologias, matérias-primas e processos que visam a minimizar o impacto ambiental. Para tanto, estabelece indicadores que são sistematicamente monitorados. Somos referência no uso racional de água.
O bem água é estratégico para o negócio da Ambev, quais são os projetos que a empresa desenvolve para manter a qualidade desse bem? Nós temos um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) consolidado há 19 anos, e tem como prioridade o cuidado com o meio ambiente. Alinhados com essa atuação, lançamos em 2010 o “Movimento Cyan – Quem vê água enxerga seu valor” com o objetivo de, no primeiro ano, alertar a sociedade para a importância discutir o tema do consumo racional de água, além de estimular esse consumo e ajudar na conscientização das pessoas quanto à relevância desse tema. Após, em março de 2011, no Dia Mundial da Água, nós lançamos o Banco Cyan, um dos mais impactantes desdobramentos do Movimento Cyan. Em uma parceria inédita com a Sabesp, as pessoas estão tendo acesso à média de consumo de água de seu imóvel. E à medida que diminuem (ou até mesmo mantiverem) o consumo, ganham pontos que podem ser usados como desconto em sites de compras na internet. Inicialmente, o Banco Cyan ficou disponível para 6,2 milhões de imóveis registrados pela Sabesp, ou seja, 23,6 milhões de pessoas, de 364 municípios de São Paulo. No mês de maio, a iniciativa se expandiu e chegou aos moradores e comerciantes de Uberaba (MG) e os mais de 120 mil imóveis da cidade mineira, atendidos pela Codau (Centro de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba) poderão ser cadastrados no Banco Cyan e, conforme reduzirem a quantidade de água consumida, acumularão pontos também. Para se ter uma ideia, de março a maio de 2011, o Banco Cyan promoveu a economia de 6,8 milhões de litros de água em São Paulo.
Que mensagem final gostaria de deixar aos leitores da revista Geração Sustentável? Mais do que investir na conservação do planeta é preciso promover ações voltadas à conscientização da sociedade para que, juntos, possamos promover ainda mais a sustentabilidade.
Capa
F
azer a gestão ambiental e mostrar há sociedade que sua indústria ou empresa é sustentável, que não causa nenhum dano ao meio ambiente e, principalmente, trata seus efluentes de forma correta, para muitos empresários era uma tarefa árdua e considerada cara há alguns anos. Esse panorama vem mudando, novas tecnologias surgindo e tornaram-se mais baratas e, finalmente, depois de 20 anos, o Brasil aprovou a Nova Política Nacional de Resíduos. Para Dorivaldo Domingues de Souza, diretor da Ambisol – Soluções Ambientais, empresa especializada no tratamento de efluentes, a Lei nº 12.305, que institui a nova política, ajudará ainda mais o avanço no tratamento de efluentes no País, assim como na gestão dos resíduos e, consequentemente, no impacto que as indústrias têm no meio ambiente. “A lei vem juntar-se a normas e resoluções já vigentes, que já vinham funcionando bem e certamente muitos geradores
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mudarão suas posturas quanto ao tratamento dos efluentes, porque as multas serão altas para quem desobedecer“, alerta o diretor. Além da legislação agora vigente existe uma consciência ambiental crescente nas indústrias. Efluentes líquidos, que sempre foram considerados um problema sério, estão tendo seu tratamento cada vez mais eficiente, para que as empresas possam reutilizam a água tratada em seus processos. Na área industrial, há um aumento significativo do tratamento de água pelo custo e pela necessidade de usar esse recurso de forma responsável, pontua o Dorivaldo. “Temos boa conscientização das indústrias para evitar poluir e consumir em excesso esse bem, além disso, o tratamento de água de efluentes e sua reutilização já são programas obrigatórios em grandes empresas”, completa. Para o Giuliano Moretti, diretor da Preserva Ambiental Consultoria, este ano é de adaptação
Efluentes na nova política nacional de resíduos Evoluímos na área industrial, mas não tratamos adequadamente a maior parte do nosso esgoto doméstico, que contamina e gera um grande passivo ambiental Tania Kamienski
à nova política, onde a sociedade organizada vem discutindo e se mobilizando para que a nova legislação seja cumprida. “Essa discussão faz com que o tratamento de efluentes ganhe destaque, acredito que ajudará na mudança de cultura no setor empresarial, onde ainda se vê a questão ambiental como gasto, e não como investimento que beneficie a todos”. Infelizmente, muitas empresas, ainda hoje, somente realizam esses investimentos por sanções impostas, quando são multadas, quando precisam renovar suas licenças ambientais ou quando o mercado força a mudança. Muitas redes de varejos têm uma gestão ambiental que atinge sua cadeia de fornecedores, para isso, há necessidade de adequação para poder vender seus produtos, ainda não há uma mudança voluntária na maioria das empresas, destaca o Moretti. Medidas simples nas indústria, como a correta destinação do esgoto, que em muitas está ligada à rede fluvial, muitas vezes são tomadas so-
mente pelos empresários quando a fiscalização bate à sua porta. É uma mudança de cultura, que a nova lei vai ajudar a se concretizar, visto que as multas podem ser pesadas, acrescenta o diretor da Preserva. “Não sai barato criar uma rede de tratamento de efluentes própria, ainda os empresários pensam no valor final e não nos benefícios ambientais e econômicos que obterão, mas as mudanças estão ocorrendo, de forma lenta, mais avançando”, salienta. Apesar de muitos ainda acharem que podem burlar a lei, a relação da indústria com os recursos naturais, principalmente os hídricos, tem mudado. O uso racional da água nos dias de hoje é prioridade para as empresas que buscam competitividade e sustentabilidade em seus mercados, por isso tratar os efluentes é sinal de redução de custos e ganhos ambientais. Incentivadas por razões econômicas , inúmeras empresas passaram a conduzir programas de gestão GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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dos recursos hídricos, implementando projetos de reuso, redução de perdas e racionalização do uso, obtendo reduções expressivas do consumo de água e dos lançamentos de efluentes ao meio ambiente. Na maior parte dos casos, as economias anuais geradas por esses projetos superam os valores totais investidos, relata o diretor da Ambisol Dorivaldo. A lei também reforça a visão com relação à sustentabilidade, tratamento adequado de efluentes e o crescimento sustentável passam a ser muito mais do que um mero conceito, passam por ações reais, isso tem se tornado uma alavanca importante de negócios. Fatores ambientais passam a ter papel fundamental nesse tipo de decisão, por isso, essa redução de impacto ambiental dos efluentes passa a fazer sentido comercial e o tratamento dos
efluentes é prioritário, acredita Dorivaldo. “Apesar de o Brasil contar atualmente com ótimas leis e tecnologias cada vez mais baratas e diversificadas, a falta de fiscalização abre caminhos para que infratores ambientais não sejam punidos, principalmente em cidades menores, onde ainda muitos efluentes são jogados nos rios e córregos, contaminando o meio ambiente e a água que consumimos“, alerta. Desde os anos 80, o Brasil começou a pensar como tratar seus efluentes e a partir dos anos 90 a legislação que normatiza o setor começou a ser aplicada, aos poucos as indústrias foram de adequando, buscando as certificações como ISO 14001 (ambiental), criando suas próprias áreas de tratamento dos efluentes e algumas destinando para empresas menores, diz o diretor da Ambisol.
Conheça algumas formas de tratamento de efluentes • Para efluentes líquidos existem tratamentos físico-químicos (inorgânicos e biológicos para orgânicos, grandes empresas já têm suas próprias ETEs (Estação de Tratamento de Efluentes). É importante destacar que o tratamento dos efluentes pode variar muito dependendo do tipo de efluente tratado e da classificação do corpo de água que irá receber esse efluente, de acordo com a Resolução CONAMA. Quanto ao tipo, o esgoto industrial costuma ser mais difícil e caro de tratar devido à grande quantidade de produtos químicos presentes. • Quanto à classificação, o efluente deve ser devolvido ao rio tão limpo ou mais limpo do ele próprio, de forma que não altere suas características físicas, químicas e biológicas. Em alguns casos, como por exemplo, quando a bacia hidrográfica está classificada como sendo de classe especial, nenhum tipo de efluente pode ser jogado ali, mesmo que tratado. Isso porque esse tipo de classe se refere aos corpos de água usados para abastecimento. • Para efluentes gasosos são usados filtros (são lavados com química adequada) e sólidos são destinados a aterros controlados, muitos são levados para as cimenteiras onde são incenerados em fornos de clínquer e geram energia.
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A busca por alternativas para tratamento de efluentes e geração de energias renováveis fez a indústria cimenteira, que era a grande “vilã” da poluição, inovar e criar novas tecnologias. Hoje as cimenteiras recebem resíduos de efluentes de outras empresas, que são queimados em fornos e geram energia para fabricação de cimento. O coprocessamento é a operação de reaproveitamento e destinação final, em uma única operação de queima de resíduos industriais com características físico-químicas compatíveis ao processo de produção de clínquer, em fornos rotativos da indústria cimenteira. Enquanto um eficiente, seguro e econômico processo de tratamento e reciclagem de resíduos está ocorrendo, por meio da utilização desses efluentes e resíduos como combustíveis alternativos ou substitutos de ma-
“A Lei Nacional de Resíduos vem juntar-se a normas e resoluções já vigentes, que já vinham funcionando bem e certamente muitos geradores mudarão suas posturas quanto ao tratamento dos efluentes, porque as multas serão altas para quem desobedecer”, Dorivaldo Domingues de Souza, da Ambisol Soluções Ambientais térias-primas, um produto econômico importante está sendo produzido, o cimento. “As indústrias de cimento se organizaram, por intermédio da parceria e transferência de tecnologia hoje acabam ajudando outras empresas a tratarem seus efluentes”. Isso gera uma economia de recursos não renováveis (combustíveis fósseis e recursos naturais), reduz as emissões atmosféricas e a destinação dos resíduos de forma segura e definitiva. Empresas, como a Processa em Colombo/PR, têm papel importante no tratamento de efluentes, porque ela armazena e destina para muitas empresas o mesmo, de forma a garantir que todo o processo seja eficiente. “Levamos muitos efluentes de clientes para a indústria cimenteira, o que possibilita que muitas empresas deem destinos eficientes e não levam mais aos aterros indústrias controlados, o que é muito benéfico” fala Wagner Piz, gerente comercial da Processa. Além da nova legislação, a população vem tenho tem papel decisivo na fiscalização das empresas e hoje com as redes sociais rapidamente a propaganda negativa dos danos ambientais de efluentes não tratados se espalha pela rede e a imagem da empresa é prejudicada, o que ajuda na conscientização dos empresários, conclui Moretti.
Como tratamos os efluentes • Para tratar efluentes no Brasil, os empresários contam com várias possibilidades, mas existe muito a ser feito, pesquisas que melhorem os processos e diminuam seus custos. Parcerias com instituições de ensino, com investimento da indústria para incentivar tecnologias cada vez melhores, possibilitaram que o tratamento de efluente melhorasse no País, entre elas o avanço na área laboratorial. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Para comprovar a eficácia dos tratamentos dos efluentes, exames laboratoriais são importantes e asseguram que as empresas destinem ou reaproveitarem de maneira segura. Servem para verificar a eficácia do tratamento e os requisitos legais das normas para o descarte de efluentes. Tecnologias modernas, como a espectrofotometria, gravimetria, titulometria, cromatografia, espectrofotometria de absorção atômica e ecotoxicologia ajudam as empresas na comprovação da qualidade do tratamento de seus efluentes, fala Silvia Mara Haluch, química do laboratório de análises ambientais Teclab. “Precisamos que o governo olhe para as empresas como geradoras de empregos e renda e ajude com investimento para que tanto instituições de ensino como as próprias empresas possam melhorar o tratamen-
Processos de tratamento de efluentes Processos Químicos Métodos de tratamento nos quais a remoção ou conversão de contaminantes ocorre pela adição de produtos químicos ou devido a reações químicas.
Processos Físicos Método de tratamento nos qual predomina a aplicação de forças físicas (ex: gradeamento, filtração).
Processos Físico-Químicos Método de trabalho no qual se faz uma “junção” dos processos físicos e químicos citados anteriormente.
Processo Biológico Métodos de tratamento nos quais a remoção de contaminantes ocorre por meio de atividade biológica (ex: desnitrificação, remoção de matéria orgânica carbonácea). Os processos biológicos podem ser divididos em anaeróbios (ocorrem na presença de O2) e anaeróbios (ocorrem na ausência de O2), cada qual com suas peculiaridades, oferecendo isoladamente maior ou menor eficácia dependendo da caracterização do efluente a ser tratado.
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to dos efluentes e diminuam os impactos ambientais” alerta a química.
Efluentes gerados por nós e não tratados no brasil • Quando falamos de efluentes, logo vem à nossa mente as grandes indústrias despejando nos rios, não lembramos que o esgoto doméstico que geramos na maioria dos casos é jogado na natureza sem ser tratado. Grande parte da população brasileira está longe de ter acesso pleno ao sistema de saneamento básico. Um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 2008, 32 milhões de domicílios no país - ou 56% do total - não tinham ligação com a rede de esgoto. Em relação aos municípios, a situação também é preocupante: há dois anos, quase me-
tade (44,8%) das cidades brasileiras não tinham acesso à rede geral de esgoto. São 34,8 milhões de pessoas - 18% da população - viviam em cidades em que não havia nenhum tipo de rede coletora de esgoto. Os dados de tratamento de esgoto também são preocupantes: apenas 28,5% dos municípios em 2008 possuíam tratamento, ante 20,2% em 2000. O volume de efluente despejado na natureza é gigantesco e preocupante, enquanto a iniciativa privada vem avançando, o setor público ainda tem muito trabalho pela frente. Não somente o esgoto como a água tratada gera efluente. “A água, para ser levada às nossas casas, depois de tratada gera lodo contaminado que, na maioria das vezes, é jogado de novamente nos rios sem tratamento, ocasionando contaminação uma temática que deveria ser discutida”. “Não sabemos a água que tomamos”, alerta o diretor da Ambisol. Além do esgoto doméstico, há efluentes gerados em milhares de cemitérios espalhados pelo Brasil, que contaminam os lençóis freáticos em todas as cidades, ressalta Dorivaldo. ”Precisamos começar a pensar nisso e planejar cemité-
rios, onde seu efluente seja coletado a tratado”, incentiva. Esse tema é difícil porque mexe com os sentimentos das pessoas, mas precisa ser questionado, inclusive a cremação, quando feita sem devidos cuidados ambientais, gera um efluente gasoso que polui, alerta Dorivaldo. A localização e operação inadequadas de cemitérios em meios urbanos podem ocasionar a contaminação de mananciais hídricos por microrganismos que proliferam no processo de decomposição dos corpos. Caso o aquífero freático seja contaminado na área interna do cemitério, tal contaminação poderá fluir às regiões próximas, aumentando, assim, o risco de saúde na população que se utilizar dessa água captada por meio dos posos rasos. Uma das maiores preocupações dos ambientalistas é referente ao necrochorume – líquido que é liberado pelos corpos em decomposição. Apenas para ilustrar: um corpo em decomposição pode liberar cerca de 30 litros de necrochorume-composto basicamente de água, sais minerais e substâncias orgânicas biodegradáveis, como a putrescina – em um período de seis meses (fonte: Livro A ameaça dos Mortos).
“Não sai barato criar uma rede de tratamento de efluentes própria, os empresários ainda pensam no valor final e não nos benefícios ambientais e econômicos que terão, mas as mudanças estão ocorrendo, de forma lenta, mais avançando”, Giuliano Moretti, da Preserva Ambiental Consultoria
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Cleverson V. Andreoli
Gestão Ambiental
Professor do Mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE e Eng. de Pesquisa da Sanepar
O lixo e os efluentes são sempre comprados e pagos pela sociedade antes de serem dispostos no meio ambiente, com altos custos econômicos e ambientais
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Unidades de Recuperação de Água A evolução natural do conceito de estação de tratamento de efluentes
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visão predominante, porém ultrapassada em relação ao controle de poluição, entende os processos industriais e os sistemas públicos de saneamento como geradores de efluentes. Antes de serem lançados aos corpos receptores, como são chamados os rios, esses efluentes devem passar por estações de tratamento de efluentes, as ETEs, p ara adequar a carga orgânica lançada à capacidade de suporte dos rios, definidos pelo seu poder de autodepuração. O conceito de sustentabilidade alterou profundamente esses paradigmas que, embora sejam aceitos sob o aspecto teórico, grande parte das empresas, incluindo as gestoras dos serviços de saneamento, ainda não alterou os seus processos produtivos, transformando a retórica em efetiva aplicação prática. Modernamente, a poluição e o lixo são considerados matérias-primas colocadas em local inadequado. Assim, o primeiro passo para a gestão dos efluentes é a avaliação de como poderemos minimizar a sua produção. A redução dos desperdícios tem reflexo direto na produção dos resíduos gerados, com melhoria das eficiências econômica e ambiental, tanto pelo lado da redução do consumo, pela melhor eficiência do aproveitamento da matéria-prima, quanto no fim da linha, reduzindo os custos com gestão de resíduos e tratamento de efluentes. O lixo e os efluentes são sempre comprados e pagos pela sociedade antes de serem dispostos no meio ambiente, com altos custos econômicos e ambientais. Enquanto no passado todos os efluentes eram lançados nas redes de coleta, misturados e encaminhados para as ETEs, hoje cada processo deve ter seus efluentes e resíduos segregados. Os vários processos de uma empresa devem ser avaliados separadamente, considerando quais as matérias-primas necessárias, com especial enfoque à quantidade e qualidade requerida de água e qual a quantidade/volume e qualidade dos despejos gerados. Trata-se de uma evolução do conceito: a clássica Estação de Tratamento de
Efluentes transforma-se em uma Unidade de Recuperação de Água – URA. O próximo passo é promover a integração entre os diferentes processos: quais os efluentes têm qualidade para serem utilizados para outras etapas de produção e quais as técnicas de tratamento que permitem o ajuste da qualidade do efluente para que alcance as características requeridas para outros processos, como matéria-prima. Essa nova prática é denominada como reuso direto: o aproveitamento do efluente dentro da própria unidade produtora. Finalmente, os efluentes que não tenham utilidade potencial interna devem ser devolvidos ao meio ambiente, respeitando as demandas de uso de jusante do rio. O mesmo critério utilizado internamente à empresa deve ser adotado para a sua relação com o ambiente, pois o rio não termina no ponto de lançamento da empresa. Esse processo que considera o potencial de utilização do recurso hídrico rio abaixo é denominado reuso indireto. Em um mundo muito competitivo sob o ponto de vista econômico e tão vulnerável sob o aspecto ambiental, o aumento da eficiência na utilização dos recursos é uma prática imprescindível. As empresas que saírem na frente terão suas políticas ambientais transformadas em diferenciais competitivos, pela melhor eficiência no aproveitamento de seus recursos e pela economia na gestão de resíduos e efluentes gerados no processo produtivo. Da mesma forma, os estados que se anteciparem em adotar políticas ambientais mais eficazes irão criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento global, pois os danos ambientais causados pela irresponsabilidade de alguns representam grande custo que é pago por toda a sociedade. A associação do conceito de eficiência econômica e ambiental, no âmbito interno das empresas e no contexto da cadeia produtiva, aponta para a adoção de políticas ambientais mais arrojadas que transformam resíduos em matérias-primas.
Responsabilidade Ambiental
Neodent dá exemplo de gestão ambiental eficiente Com a implantação de políticas ambientais que preservam o meio ambiente e com índices que chegam a 98% de eficiência no tratamento de seus efluentes Tania Kamienski
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ma gestão ambiental eficiente, além de uma obrigação determinada pela legislação, começa a ser percebida como um diferencial estratégico para a maioria das empresas. Todo esse processo de gestão passa necessariamente pela orientação de uma empresa de consultoria especializada e pela implantação de novas alternativas socioambientais. A Neodent é um desses exemplos. Empresa líder no segmento de atuação e 100% nacional, vem utilizando alta tecnologia em seus processos industriais sendo assim referência em sistemas de gestão ambiental. Em sua nova fábrica na cidade industrial de Curitiba produz implantes, componentes protéticos e instrumentais cirúrgicos, conta com máquinas e equipamentos de última geração que garantem produtos de alta qualidade, além de desempenho que atendem às mais rigorosas normas internacionais e políticas socioambientais. Segundo Fabiana Dian Ferreira, engenheira química da consultoria 3R Ambiental responsável pela implantação dos projetos ambientais da Neodent, a preocupação da empresa com o meio ambiente possibilitou, desde a construção da nova fábrica, uma gestão ambiental eficiente. ”Desde a escolha do terreno, para a nova unidade fabril, que tinha um plano de gerenciamento de resíduos da obra, depois com a construção da estação de tratamentos de efluentes, a Neodent tem atitudes que visam gerenciar de modo ade-
quado os seus resíduos produzidos, colocando em prática a política dos “3 Rs” (Reduzir, Reusar e Reciclar), isso demonstra a sua preocupação com a preservação de recursos naturais”, ressalta a engenheira. Entre as ações efetivadas da Neodent estão o tratamento, por meio processo físico-químico do efluente gerado pelo processo industrial e posterior tratamento em conjunto com o esgoto sanitário, pelo “Sistema de Lodos Ativados”, possibilitando o reuso em irrigação. Outro projeto é o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos através de plano de gestão de resíduos sólidos implantado com treinamentos constantes. Os resíduos gerados possuem total rastreabilidade desde a sua geração até sua destinação final. Considerando que qualquer processo industrial se caracteriza pelo uso de insumos (matérias-primas, água, energia, etc.) que, estes passando por um processo de transformação, geram produtos, subprodutos e resíduos, por isso a importância de gestão de ambiental implantada na empresa. Segundo o gerente geral da Neodent Daniel Lecuona, o sistema e tratamento de efluentes é modelo e recebe muitas visitas técnicas pela sua eficiência. “A Neodent pratica melhorias contínua em seus processos fabris e na parte ambiental não seria diferente. Nosso tratamento de efluentes que reaproveita água para irrigação de jardins e tem uma eficiência de quase 100%, deixa-nos satisfeitos”, acrescenta o gerente.
“A Neodent pratica melhorias contínua em seus processos fabris e na parte ambiental não seria diferente. Nosso tratamento de efluentes que reaproveita água para irrigação de jardins e tem uma eficiência de quase 100%, deixanos satisfeitos”, Daniel Lecuona,Gerente Geral da Neodent
Conheça alguns dos serviços prestados pela 3R Ambiental • Licenciamento Ambiental • Auditoria Ambiental • Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) • Estudo de Impacto Ambiental (EIA) • Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) • Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos • Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil • Projeto de usina de reciclagem de resíduos da Construção Civil • Relatório Ambiental Prévio (RAP) • Tecnologias limpas • Treinamentos Específicos • Caracterização de Efluentes Líquidos • Ensaios de Tratabilidade • Projetos, Adequação e Monitoramento de ETE (Estação de Tratamento de Efluentes Industriais e/ou sanitários) • Sistemas de reuso de efluente tratamento Saiba mais sobre a 3R Ambiental: www.3r-ambiental.com.br - Fone: (41) 3077-9187
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Responsabilidade Ambiental
“A Empresa Neodent tem atitudes que visam gerenciar de modo adequado os seus resíduos produzidos, colocando em prática a política dos “3 Rs” (Reduzir, Reusar e Reciclar), isso demonstra a sua preocupação com a preservação de recursos naturais”, engenheira química Fabiana Dian Ferreira, da consultoria 3R Ambiental
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A 3R Ambiental vem desenvolvendo projetos de consultoria sempre buscando a construção de sistema de Gestão Ambiental eficiente, que possibilite ganhos ambientais e financeiros para as empresas. O uso de tecnologia de ponta de gestão de resíduos sólidos e efluentes para redução de custo e os impactos ambientais são prioritários para a consultoria, que atua no mercado deste 2001. “O objetivo maior da gestão é o aprimoramento permanente de melhoria na qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho e temos conseguidos ótimos resultados como na Neodent, que investiu e hoje é exemplo para outras”, comenta Livia Dian Ferreira, sócia da 3R Ambiental.
Conheça o Sistema de Lodos Ativado da Neodent • A solução escolhida pela Neodent foi a instalação de uma estação de tratamento de efluente eficiente que possibilitasse o reuso do efluente tratado para fins não potáveis. Os processos de tratamento de efluente visam reduzir a emissão de substâncias poluentes no solo e corpos d’água. Nesse sistema, o efluente industrial passa por tratamento físico-químico e, posteriormente, é encaminhado ao tratamento biológico, juntamente com o esgoto bruto, por meio de equalização em um tanque pulmão. Então, eles seguem para um tanque de aeração, com injeção de oxigênio por difusores de ar, acelerando a atividade bilógica de degradação por meio de bactérias aeróbicas. Essas bactérias formam uma biomassa, denominada lodo, totalmente em suspensão, que será separada na unidade seguinte que é o decantador. Esse lodo é recirculado para o tanque de aeração e o excedente é descartado para os leitos de secagem. Salienta-se que o termo efluente é o termo usado para as águas que, após sua utilização, apresentam as suas características naturais significativamente alteradas. O efluente não tratado prejudica o meio ambiente e a saúde das
pessoas. O lançamento do efluente diretamente nos rios causa poluição, levando à morte dos organismos vivos, mau cheiro, maior custo dos municípios para tratamento da água potável. Os agentes patogênicos presentes no efluente sanitário podem causar doenças como cólera, difteria, tifo, hepatite e muitas outras.
Projetos ambientais implantados pela 3R Ambiental • Entre os serviços prestados pela consultoria, o tratamento de efluentes e reuso da água são os diferenciais. A implantação de estações de tratamento de efluentes (ETE) tem sido muito importante para as empresas, em função da legislação ambiental, altos custos do consumo de água e do impacto ambiental causado pelo despejo de efluentes sem tratamento na natureza. Para maior eficiência desse tratamento, a 3R Ambiental realiza ensaios de tratabilidade, dimensiona e opera estações de tratamento de efluentes líquidos industriais e também esgoto sanitário. “Após os ensaios de tratabilidade, os projetos são elaborados para a construção da ETE, depois otimizamos o sistema aumentando sua eficiência,“ enfatiza Livia. Esse sistema tem 98% de remoção das cargas poluidoras, um custo reduzido de operação e manutenção e a água pode ser reaproveitada para descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins e gramados, reduzindo o uso de água potável e tendo ganhos ambientais significativos. Essa eficiência deixa os clientes com total confiança em nossos serviços. A competitividade das empresas e uma maior conscientização ambiental dos consumidores, faz todo empresário pensar em investir em qualidade e no cuidado com o meio ambiente, com tratamento dos resíduos e dos efluentes. ”Para ajudar os empresários de maneira eficiente realizamos estudos e parcerias que possibilitem rapidez e qualidade nos processos de gestão ambiental dentro das organizações e temos conseguido êxito nos projetos“, conclui Livia.
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ocê já parou para pensar sobre as formas de produção da carne, do leite e dos ovos que consome? Sabe como são tratados os animais criados para abastecer o seu consumo? A maioria das pessoas vai às compras sem atentar para este importante detalhe. Entretanto, aprende-se desde cedo que a pirâmide alimentar convencional exige uma dieta que contemple a proteína animal encontrada nesses produtos. No Brasil, a média de consumo anual de carne de aves, por pessoa, é de 42 quilos. Em segundo lugar, o consumo de carne bovina, aproximadamente 38 quilos, por pessoa, ao ano. A média de carne suína consumida pelos brasileiros anualmente é de 13 quilos por pessoa, e destes, 11 quilos são compostos por embutidos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil se consolida como o principal produtor e exportador de proteína de origem animal. O país é o maior exportador mundial de carne bovina, maior exportador mundial de carne de aves, e o quarto maior exportador mundial de carne suína. De acordo com o MDIC, tal cenário está relacionado à intensificação das relações comerciais internacionais, ao aumento da renda e ao crescimento da população mundial.
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Para manter esse padrão de consumo, o modelo de produção vigente é o da criação de bilhões de animais confinados em escala industrial, que nem sempre respeitam o bem-estar animal. Ou seja, esses animais vivem em espaços minúsculos, em galpões ou gaiolas, por exemplo, onde não podem expressar seu comportamento natural, como abrir as asas, fazer ninhos, tomar banho de areia ou amamentar seus filhotes de forma apropriada. A maioria nem sequer experimentou a sensação de viver ao ar livre, como o adequado para sua espécie. Grande parte desses animais também não tem nenhuma garantia de morte humanitária. Todavia, de forma geral, o tema bem-estar animal ainda não é suficientemente tratado em todo o mundo. De acordo com a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, da sigla em inglês, World Society for the Protection of Animals) – federação de organizações de bem-estar animal que representa mais de 1 mil afiliadas em 156 países – o sistema intensivo de produção de animais teve início após a Segunda Guerra Mundial, quando houve grande escassez de alimentos na Europa e o modelo de produção industrial em larga escala e em série atingiu todos os setores, inclusive o pecuário.
Como são tratados os animais criados para abastecer o seu consumo? As discussões sobre bem-estar de animais vêm ganhando novos adeptos, como os consumidores. Legislação da UE tem influenciado a produção brasileira Criselli Montipó
Princípios de bem-estar animal • Conforme dados da WSPA, a primeira Lei geral sobre bem-estar animal surgiu no ano de 1822, na Grã-Bretanha. Já os primeiros princípios sobre bem-estar animal começaram a ser estudados em 1965 por um comitê formado por pesquisadores e profissionais relacionados à agricultura e pecuária do Reino Unido, denominado Comitê Brambell, iniciando-se, assim, um estudo mais aprofundado sobre conceitos e definições de bem-estar animal. Esse comitê constituiu uma resposta à pressão da população, indignada com os maus tratos dados aos animais em sistemas de confinamento, denunciados no livro Animal Machines (Animais Máquinas), publicado pela jornalista inglesa Ruth Harrison em 1964. Atualmente, há diversas definições sobre o bem-estar animal. A mais utilizada é a de Donald M. Broom (1986), adotada pelo Laboratório de Bem-Estar Animal (Labea) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ligado ao ensino de Medicina Veterinária e Zootecnia, o Labea foi criado em 2004 e visa o desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa que culminem em aumento do grau de bem-estar dos animais. A definição de Donald Broom estabelece que bem-estar é o estado de um indivíduo em relação às suas tentativas
de se adaptar ao meio ambiente em que vive. “Ou seja, quanto mais difícil for ao animal enfrentar os desafios que o ambiente lhe traz, pior será seu grau de bem-estar. Ele enfrentará dificuldades e sofrerá com isso. Quanto mais intensas e mais prolongadas forem essas dificuldades, com base na perspectiva do animal, menor será seu grau de bem-estar”, explica a coordenadora do Labea, professora Carla Forte Maiolino Molento, médica veterinária que idealizou o laboratório. No entanto, para avaliar o bem-estar dos animais, é necessário mensurar diferentes variáveis. Para isso, o Comitê Brambell desenvolveu o conceito das Cinco Liberdades, aprimoradas pelo Farm Animal Welfare Council (FAWC - Conselho de Bem-estar na Produção Animal) do Reino Unido que têm sido adotadas mundialmente. São elas: Livre de sede, fome e má-nutrição; Livre de desconforto; Livre de dor, injúria e doença; Livre para expressar seu comportamento normal; Livre de medo e diestresse (estresse negativo, intenso, que gera sofrimento). A professora Carla explica que as Cinco Liberdades representam uma excelente organização de ideias para que não se esqueça de nenhum aspecto importante para entender o grau de bem-estar de um animal. “A meu ver, elas tem GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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“A intensidade e a duração do sofrimento enfrentado pelos animais por causa da altíssima densidade de lotação existente, por exemplo, na produção de frangos de corte, vemos que a única solução para tal problema é a diminuição desta densidade. Isso aumentaria custos de produção”, Carla Forte Maiolino Molento, professora e coordenadora do Laboratório Labea
grande valor diagnóstico, apontando onde estão os pontos críticos de restrição de bem-estar e, consequentemente, como podemos começar a agir no sentido de melhorar a situação”. Segundo ela, algumas liberdades têm uma relação direta com produtividade (embora haja exceções). “Por exemplo, a Liberdade Nutricional, em geral é respeitada nos sistemas produtivos. A Liberdade Sanitária é respeitada por meio de medidas de prevenção e tratamento geralmente empregadas nos sistemas produtivos, mas há vários exemplos de doenças e dor gerados pelo ser humano, em sua busca incessante de aumento de produtividade. Exemplos disso são todos os procedimentos invasivos sem controle da dor, como castração e corte de cauda e as doenças criadas pela seleção artificial, como a alta prevalência de problemas articulares em frangos de corte e de mastite em vacas holandesas”, explica. Já a liberdade ambiental (os animais devem estar livres de desconforto), é em grande medida desrespeitada nas condições de criação intensiva, com seus pisos de concreto, pisos ripados e camas úmidas e sujas, amplamente distribuídos nos sistemas de produção mais comuns. As liberdades comportamental e psicológica são amplamente desrespeitadas na produção animal como vigente no mundo atual”, ressalta Carla. Outro ponto importante na discussão sobre bem-estar animal é a senciência animal (capacidade de ter consciência de sensações, sentimentos subjetivos). De acordo com Carla, há um conjunto de evidências que tornam a senciência animal a explicação científica mais plausível para vários grupos de animais. Esse conjunto dá base para a chamada Teoria Cumulativa da Senciência Animal. As evidências são: os animais comportam-se de forma compatível com a presença de sentimentos; os animais têm as estruturas anatômicas, principalmente em termos de sistema nervoso, que no ser humano são responsáveis pela geração de sentimentos; os animais dependeram de sentimentos durante o processo de evolução das espécies por seleção natural das espécies de forma similar ao ser humano; os animais respondem às drogas que controlam sentimentos, como por exemplo a abolição da dor pelo uso de um analgésico (o que comprova que estavam sentindo dor anteriormente) ou da ansiedade pelo uso de ansiolítico.
O que pensam os setores de produção agropecuária • O Paraná é o maior produtor de aves do Brasil, o terceiro maior produtor de suínos no país e ocupa a décima posição na produção de bovinos no cenário nacional. Conforme dados do Sin30
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dicarne, em 2010 foram abatidas 1.351.306.802 cabeças de aves com inspeção federal no Paraná. No mesmo ano, foram abatidas no Paraná 5.237.350 cabeças de suínos e 1.190.025 cabeças de bovinos, com inspeção do SIF. Para o assessor técnico da Ocepar, o médico veterinário Alexandre Monteiro, ressalta que o desafio é manter o padrão de produção em condições que atendam às necessidades biológicas dos animais. Monteiro atenta que a adaptação deve acarretar custos e questiona se o mercado está disposto a pagar por isso. Opinião semelhante tem o médico veterinário do Departamento Técnico-Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Fabricio Monteiro. “Bem-estar animal é componente importante da qualidade, o único entrave é o custo de produção”, acredita. Para Carla, na discussão da viabilidade econômica do bem-estar, vale discutir as possibilidades de se aumentar bem-estar e lucro em determinadas situações. “Quando fazemos treinamento de pessoal que transporta animais ao abatedouro, para que haja menos sofrimento animal por formas inadequadas de manejo, também diminuímos perdas de carne em quantidade e qualidade. Quando percebemos a intensidade e a duração do sofrimento enfrentado pelos animais por causa da altíssima densidade de lotação existente, por exemplo, na produção de frangos de corte, vemos que a única solução para tal problema é a diminuição dessa densidade. Isso aumenta custos de produção”, exemplifica. Em geral, os setores ligados à produção agropecuária alegam que bem-estar animal ainda é um tema controverso, dada a dificuldade de medir cientificamente. “Embora haja verdade nessa afirmação, pois existem dificuldades para mensuração de bem-estar, o argumento é truncado. O fato de haver dificuldades não justifica ignorarmos deliberadamente nenhum assunto. Bem-estar animal tem por base uma preocupação genuína de não causar sofrimento ao outro, especialmente se o outro é menos forte ou está de alguma forma sujeito às nossas decisões, como é o caso dos animais. A tendência, à medida que as sociedades têm oportunidade de evoluir do ponto de vista ético, é que o assunto bem-estar animal ganhe cada vez mais espaço”, defende a professora Carla. Para o biólogo, doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Gastão Octávio Franco da Luz as dificuldades são inversamente proporcionais à existência de equipes pluridisciplinares, quando das tomadas de decisão, ou seja: projetos de bem-estar animal. “Se apenas empresários e a visão econômica atuarem, a questão torna-se, de
fato, impossível. Por outro lado, se profissionais das áreas de Medicina Veterinária, Ciências Biológicas, Engenharia Agronômica, por exemplo, forem chamados às formulações, prescrições científicas serão elaboradas, pois o saber acumulado responde às necessidades de atuação correta sobre o tema”, acredita. A professora Carla destaca: “O Brasil tem uma posição privilegiada quando pensamos em sistemas produtivos de alto grau de bem-estar animal. Que outro país tem área e condições ambientais para manter seus animais em sistemas com acesso ao ar livre durante 365 dias ao ano? Somos intrinsecamente beneficiados pela inserção de questões de bem-estar animal em qualquer negociação de produtos de origem animal. Só que ainda não nos demos conta disso, pois ainda não desenvolvemos a autonomia necessária ao país nesta área”. Para ela, é preciso demandar a consideração de bem-estar animal em todos os ambientes de mercado, se não por questões éticas (o ideal, segundo ela), no mínimo por questões pragmáticas.
Certificação de bem-estar animal • A Ecocert Brasil - que realiza a certificação voltada para o mercado interno, conhecida pela certificação para produção orgânica – firmou acordo com a Humane Farm Animal Care para concessão do selo Certified Humane Brasil de sem-estar animal. O selo, com referenciais privados, de aplicação voluntária, é baseado em normas que incluem uma nutrição equilibrada livre de antibióticos e hormônios, abrigos e áreas de repouso para os animais, e espaço adequado para manifestação do comportamento natural da espécie. Já estão disponíveis padrões para certificação de frangos de corte, bovinos de leite, galinhas poedeiras, ovelhas, perus, bovinos de corte e suínos. Segundo Consuelo Pereira, responsável pela área de bem-estar animal da Ecocert Brasil, há empresas brasileiras com essa certificação há três anos e o número de empresas que buscam o selo vem aumentado. “Temos recebido muitas solicitações de produtores interessados em certificar suas produções. Também temos recebido muita consulta de consumidores interessados
As Cinco Liberdades de bem-estar animal - Livre de sede, fome e má-nutrição; - Livre de desconforto; - Livre de dor, injúria e doença; - Livre para expressar seu comportamento normal; - Livre de medo e diestresse (estresse negativo, intenso, causa de sofrimento)
As principais discussões sobre bem-estar animal então focadas na criação confinada e nos procedimentos pré-abate, como privação de água e ração, fraturas na apanha, transporte, condições da espera e insensibilização.
Fonte: WSPA Brasil
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Qualidade de Vida
em adquirir produtos, carne, ovos e leite certificados”, conta. A Fazenda São Marcelo, integrante do Grupo JD, em Mato Grosso, foi a primeira empresa brasileira a receber a certificação internacional da Ecocert Brasil. O Programa de Bem-Estar Animal é desenvolvido desde 2009. O gado é criado solto, com alimentação e controle de doenças feitos com o uso de homeopatia e fitoterapia, a partir de plantas medicinais cultivadas na própria fazenda que tem, também, certificação orgânica. Outra diferenciação é o manejo do gado. Uma bandeira branca sinaliza e orienta o animal para o local e a direção correta, não sendo necessário o uso de instrumentos que causem dor no animal, como explica Daniel Watanabe, diretor comercial do Grupo JD. Cerca de 40 mil bovinos são criados ao ano. Há, também, o Sistema Intensivo de Suíno ao Ar Livre (Siscal), em que os suínos são criados em piquetes ao ar livre com ambiente similar ao natural. O pasto, rico em vitaminas e nutrientes, torna o animal mais resistente. “Como o animal vive em meio à natureza, no sol e não fica agrupado, as doenças não se espalham como ocorre com os animais criados em confinamento”, conta. Além disso, a carne possui maior quantidade de Ômega-3, substância que auxilia a reduzir os níveis de triglicérides e colesterol no sangue. São 1,5 matrizes que geram 33 mil animais ao ano.
Toda a produção abastece o mercado interno, principalmente a Rede Pão de Açúcar. Segundo Watanabe, o custo da produção não está sendo repassado ao consumidor. “É a filosofia de trabalho do grupo que não faz isso pensando no mercado”, ressalta. Ele destaca que as pesquisas de mercado têm demonstrado um público mais preocupado com as questões de uma alimentação de qualidade, por isso aberto às questões de bem-estar animal. A Unidade Produtora de Pintainhos da Cooperativa Agroindustrial Lar em Vila Celeste, Santa Helena, Paraná, inaugurada em maio, contempla princípios de bem-estar animal, de acordo com o gertente, Sérgio Luiz Lenz. Neste novo empreendimento são 450 mil matrizes, 9 milhões de ovos incubados aos mês, totalizando 7,5 milhões de pintainhos. Lenz ressalta que devido às normas para exportação, o tema já foi inserido no processo de produção, com funcionários capacitados para atuar dentro das normas de bem-estar animal. Parte da produção de frangos é exportado para 14 países, para empresas como o Grupo Mc Donald’s, que exige densidade de 40 quilos por metro quadrado, por exemplo. “O bem-estar animal é tratado desde a temperatura, a ambiência, a densidade de aves. Elas não ficam em gaiolas, mas em ninhos de madeira e puleiros, soltas nos galpões, ciscando. Não tem confinamento”, explica.
Bem-estar animal e a legislação brasileira No Brasil, a obrigatoriedade de atenção ao bem-estar animal integra o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (RIISPOA) conforme o Decreto 30.691/1952 que traz algumas normas específicas para cada espécie. Entretanto, é a Instrução Normativa 03/2000, com o Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue, que tem conseguido consolidar o tema. Firmado em 2008 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pela WSPA, com consultoria da Animal-i, o Programa Nacional de Abate Humanitário - Steps visa implementar melhorias para o bem-estar dos animais de produção no Brasil. O Termo de Cooperação contou com a adesão da União Brasileira de Avicultura (UBA), da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF - atualmente Ubabef) e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). De acordo com a WSPA, cerca de 1,5 mil profissionais já foram treinados de agosto de 2009 a dezembro de 2010 em 217 frigoríficos no Brasil.
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O conjunto das opções de alimentação, lazer e consumo reflete-se diretamente não apenas em qualidade de vida, mas também nos principais problemas socioambientais da nossa sociedade contemporânea
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Nas trilhas do urbano...
P
arecemos fadados a ter escolhas baseadas na praticidade, no imediatismo e na qualidade de vida exterior proporcionada pela modernidade. Estamos tão longe dos ambientes naturais, tudo é tão rápido e padronizado que parece não existir opções de uma qualidade de vida interior baseada no resgate cultural e na cultura permanente. Então, amanhece um sábado ensolarado com temperatura amena. Essa é a história de dois casais que residem no mesmo edifício e tem uma vida social e financeira bem parecida. “Ken e Barbie” acordaram felizes com aquele sábado ensolarado. A dispensa estava meio vazia, então decidiram pegar o carro e ir até supermercado comprar mantimentos. Adquiriram produtos industrializados como leite, suco, bolo, iogurte, queijo, presunto, pães e frutas, todos embalados em caixas de papel, plástico, isopor, etc. Voltaram para casa e prepararam o desayuno. Após o lanche ficaram horas entretidos com os infinitos canais televisivos. Ao aproximar-se a hora do almoço decidiram sair de carro para comer em uma churrascaria. Tiveram dificuldades em achar uma vaga para estacionar. Como o dia estava muito convidativo, após o almoço resolveram ir ao parque e, mais uma vez, utilizaram o carro. No parque fizeram uma boa caminhada, compraram chá gelado de copinho e admiraram a beleza daquela tarde. Decidiram ir ao cinema, e foram até o Shopping Center mais próximo, onde encontraram novamente dificuldades em para estacionar. Compraram refrigerantes e pipoca e curtiram o filme. Após a sessão de cinema no indispensável passeio pelo shopping ele comprou dois CDs de jogos eletrônicos pelo preço de um e ela trocou o celular velho por um mais moderno. Voltaram para casa. Cada um tomou um banho demorado e pediram delivery de pizza e refrigerante. Ele foi jogar videogame e ela foi desbravar o novo telefone celular até chegar a hora do sono. “Cosmos e Gaia” acordaram animados com belo dia. A dispensa estava meio vazia, então
decidiram ir a pé até a feira tradicional do bairro para comprar suprimentos. Compraram pão integral, geleia, queijo, cereal, mel, peixe, arroz integral e várias frutas e legumes. Voltaram para casa e prepararam uma refeição matinal bem nutritiva, o que gerou certa quantidade de resíduo orgânico, a qual foi utilizada para alimentar a composteira. Ela foi tocar violão enquanto ele finalizava uma pintura, inspirado pela musicalidade da mulher. Resolveram almoçar em casa e fizeram o almoço com os itens comprados na feira. Decidiram ir de bicicleta ao parque. No parque, fizeram yoga e tomaram água de coco no próprio fruto. Pedalaram até uma praça, onde acontecem apresentações de música ao vivo e feira de artesanato. Assistiam aos shows de bandas locais. Ele gostou muito do som de um dos grupos e adquiriu o CD da banda, e ela comprou velas e incensos artesanais. Pedalaram de volta para casa. Tomaram um banho breve e prepararam uma sopa de legumes, suco e chá com ervas colhidas em sua horta indoor. Ela acendeu as velas e o incenso ele colocou o CD para tocar. Deitaram-se e, movidos pela música e pelo aroma, à luz de velas até pegarem no sono. As duas histórias acima representam possíveis realidades vividas por casais que moram em centros urbanos. O conjunto das opções de alimentação, lazer e consumo de cada um deles reflete-se diretamente não apenas em qualidade de vida, mas também nos principais problemas socioambientais da nossa sociedade contemporânea. Existem diversas ferramentas de diagnóstico e planejamento ambiental passíveis de serem utilizadas em ambientes produtivos e/ou de prestação de serviços. Todas têm seu mérito, no entanto, nenhuma delas, utilizadas de forma isolada ou em conjunto, substituirá a necessidade de cada pessoa se comprometer em fazer sua parte, independentemente de decisões institucionais. Mesmo no ambiente urbano e em todos os dias da semana.
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Realização
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Empreendedorismo como forma de inserção social e educação Junior Achievement realiza trabalho para estimular nos jovens o espírito empreendedor
Lyane Martinelli Manoele Ruiz
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A
percepção da importância do estímulo aos jovens para o desenvolvimento fez surgir uma das mais antigas organizações de educação prática em negócios, economia e empreendedorismo do mundo. Focada em investir no crescimento profissional de jovens por meio de programas educativos, a Junior Achievement atualmente desenvolve parcerias com empresas para a formação de um futuro melhor e mais promissor para jovens de todo o mundo. A Junior Achievement desenvolve atividades por meio de programas educativos criteriosamente formulados, aplicados junto aos jovens por in-
termédio de parcerias com escolas e voluntários dispostos a compartilhar suas experiências e conhecimentos com estudantes de diferentes faixas etárias. Por meio dos programas aplicados em escolas públicas e privadas, as ações de responsabilidade social mantidas por pequenas, médias e grandes empresas, propiciam esse modelo sustentável, em que o conhecimento é transmitido gratuitamente aos alunos. O sucesso da Junior Achievement é resultado da sinergia e da dedicação de todas as partes envolvidas: empresas, escolas, alunos, tendo como principal vínculo entre eles os voluntários. No Brasil, aproximadamente 2.300.000 alunos
foram beneficiados por 90 mil voluntários, e globalmente, cerca de 27.000 alunos participam diariamente dos programas, consolidando a formação de uma cultura empreendedora ao redor do mundo, dentro de uma perspectiva ética e responsável. O trabalho da Junior Achievement acontece em parceria com empresas que compartilham do mesmo ideal de contribuição para formações humana e social. Segundo Fabrício Campos, diretor executivo do Junior Achievement, explica que “as empresas engajadas nesse projeto possuem grande credibilidade no mercado e rigor na escolha dos programas sociais que apoiam, uma vez que muitas delas atuam ativamente na coordenação das atividades da JAPR.” De acordo com João Guilherme Brenner, presidente executivo da Nutrimental, empresa parceira da Junior e mantenedora do projeto no Paraná, “a crença de que a formação do jovem é a melhor forma de construir um futuro é o que nos leva a investir no projeto. Partilhamos o mesmo princípio, de crescimento baseado na educação”. Hoje, a Nutrimental abre suas portas para que jovens possam aprender e vivenciar com os voluntários da empresa as experiências importantes para seu futuro, desde o estímulo à educação até a vivenciar experiências do mercado empresarial.
Conheça a Junior Achievement A Junior Achievement, fundada em 1919, nos Estados Unidos, é uma associação educativa sem fins lucrativos, mantida pela iniciativa privada, cujo objetivo é despertar o espírito empreendedor nos jovens, ainda na escola, estimulando o seu desenvolvimento pessoal, proporcionando uma visão clara do mundo dos negócios e facilitando o acesso ao mercado de trabalho. Atualmente, está presente em 123 países, beneficiando mais de 9 milhões de jovens ao ano em todo o mundo. No Paraná, iniciou as atividades em 2003 e beneficiou mais de 200 mil alunos desde então, e somente para o ano de 2011 a meta é beneficiar 100.000 estudantes dos ensinos fundamental e médio, em 40 cidades paranaenses.
“É importante que as empresas estejam em projetos como esse. Através da Junior, nós, e outros empresários, podemos contribuir para a formação de um mundo melhor”, Paulo Penacchi, diretor comercial Penacchi
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“A crença que a formação do jovem é a melhor forma de construir um futuro é o que leva investirmos no projeto. Partilhamos o mesmo princípio, de crescimento baseado na educação”, João Guilherme Brenner, presidente executivo da Nutrimental
A Penacchi Distribuidora, outra empresa mantenedora da Junior Achievement, reforça a crença nos valores pregados pela organização junto aos jovens. “Vemos na Junior a oportunidade de dar aos jovens educação e conhecimento não só sobre empreendedorismo e vivência empresarial, mas também sobre questões importantes na vida, como responsabilidade e respeito”, afirma Paulo Penacchi, diretor comercial da Penacchi. A empresa, que tem uma parceria há cinco anos com a Junior Achievement, faz questão de investir nos projetos em prol de um futuro melhor para os jovens de sua região. “É importante que as empresas estejam em projetos como esse. Através da Junior, nós, e outros empresários, podemos contribuir para a formação de um mundo melhor”, comenta Penacchi. O trabalho é desenvolvido por voluntários das empresas mantenedoras, que doam tempo de suas rotinas e compartilham experiências com jovens que participam do projeto. Bruno Godoy é colaborador da Nutrimental e voluntário nas oficinas que a Junior Achievement promove. “Esse já é o segundo ano em que eu atuo como voluntário. No ano passado, participei de um programa cha-
mado ‘As Vantagens de permanecer na escola’, que combatia a evasão escolar. Nesse ano, participo do programa ‘Miniempresa’. Dedico-me a esse projeto, pois acredito que todos podemos fazer a nossa parte e não apenas esperarmos iniciativas públicas para que algo aconteça na nossa sociedade. Alunos mais bem preparados, certamente, serão pessoas melhores e terão maiores oportunidades”, afirma Bruno. Atualmente, o Conselho Consultivo da Associação Junior Achievement Paraná é composto pelas seguintes empresas que enxergam longe e financiam os trabalhos em todo o Estado: Gerdau, Grupo Boticário, CCR Rodonorte, ALL, Brafer, Trombini, SESI/PR, CESBE Engenharia, UNIFAE, Nutrimental, Cassol, Volvo, AAM do Brasil, Bematech, Pennacchi, Águia Participações, Maxiprint, Indusfrio, Atlas Schindler, PESA, Grupo Hübner, Moinho Arapongas, Caramuru, Prodasa, Ultragaz, Brazilian Pet Foods, Masisa, Peróxidos do Brasil e Brookfield. Além dessas organizações que mantém a entidade, outras empresas também contribuem por meio do apoio com serviços e do envolvimento de seus colaboradores nas ações de voluntariado nas escolas.
Projetos da Junior Achievement no Paraná Os programas a seguir são os que beneficiam atualmente o maior número de alunos no Estado do Paraná.
• Nossa Região
Leva os jovens a refletir sobre os recursos necessários para os negócios e sobre o planejamento de negócios baseados em recursos.
• Vamos Falar de Ética
Leva aos jovens reflexões sobre uma conduta ética em suas vidas profissional e pessoal, contribuindo para a compreensão de seu papel como cidadãos.
• Vantagens de Permanecer na Escola
Mostra aos alunos a importância de continuar estudando, integrando conceitos de empregabilidade, educação e qualificação.
• Miniempresa
Proporciona uma experiência prática em negócios através da organização e da operação de uma empresa. Equipes de voluntários com diferentes experiências nas áreas de Recursos Humanos, Finanças, Produção e Marketing acompanham os alunos no decorrer deste projeto.
Quer ser voluntário da Junior Achievement? (41)3271-7624 | www.japr.org.brw twitter.com/japarana Facebook Junior Achievement Paraná www.loucosporempreender.org.br 38
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Educação e desenvolvimento no Brasil
A
mais importante contribuição do economista Amartya Sem – Nobel de 1998- foi, sem dúvida, a demonstração de que a ideia de desenvolvimento deveria recuperar o conceito aristotélico de felicidade como o objetivo de nossa existência. A busca do aumento de PIBs, de rendas médias, de produtividades, de valores, enfim, de crescimento econômico como indicadores primordiais do grau de desenvolvimento de um povo ou nação demonstraram, na prática, que não acarretavam na expansão da liberdade de escolhas das pessoas, segundo Sen. Esse necessário redirecionamento da visão econômica para o campo da ética tem um pré-requisito: que as pessoas tenham as mesmas condições de escolha. Todas as pessoas, portanto, e, naquilo que aqui nos interessa, todos nós brasileiros deveríamos ter bases de formação e níveis de informação semelhantes para que pudéssemos, de fato, sermos livres agentes de nossas preferências. Parece ser um tanto óbvio, então, que nosso ponto de partida deveria ser um esforço hercúleo para a melhoria do sistema educacional do Brasil. Ocupando a 53ª posição no ranking de 2010 do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que avaliou alunos de 63 países), tendo uma evasão escolar de 10% no Ensino Médio, liderando taxas de reprovação e ocupando a última colocação em aprovação dentre os 6 mais importantes países da América do Sul, dificilmente conseguiremos alinhar nosso crescimento ao conceito de Sen. Todavia, alguns sinais – práticas discursivas, talvez - de preocupação com a formação dos brasileiros nos fazem acreditar que nem tudo está perdido. Sinais como o anúncio de boas práticas educacionais e a denúncia de descasos com a educação das crianças e jovens brasileiros feitos por programas de televisão. Ou como a incrível audiência que o desabafo de uma professora potiguar, denunciando as péssimas condições do ensino em seu Estado, tem obtido na internet. Ou ainda a repulsa imediata, em toda a mídia, da aceitação da absurda noção de “preconceito linguístico” para quem diz “nós pega”, apresentado em um livro aprovado e distribuído às escolas pelo MEC. Felizmente, estamos alertas!
O “PIBÃO” E O BOLO • O “pibão” proclamado há algumas semanas pela Presidente da República, o recente e inédito posicionamento do Brasil como sétima economia do mundo, anunciado pelo o Ministro da Fazenda e outras divulgações de melhora nos indicadores econômicos, contrapostos à realidade acima exposta, demonstram que ainda estamos inoculados com o vírus do antigo desenvolvimentismo: aquele do tempo em que “era preciso crescer o bolo para depois reparti-lo”. Não existe alternativa para buscarmos o verdadeiro desenvolvimento e não é preciso reinventar a roda. O Japão demonstrou, na década de 1960, que só se desenvolve investindo em educação. Na década de 1980 foram os “Tigres Asiáticos” e, nas décadas mais recentes, a China. Não é coincidência que dentre os seis melhores pontuados no ranking do Pisa, cinco são desse bloco asiático. O valor investido pelo Brasil na educação não é ruim: mais de 5% do PIB (2010). Mas investimos sete vezes mais no Ensino Superior do que no Ensino Básico, ou seja, continuamos privilegiando uma pequena parcela de estudantes que, por terem melhores recursos de toda espécie, têm acesso ao Ensino Superior. De acordo com o próprio MEC (2010), de cada 100 alunos que ingressam no Ensino Fundamental, apenas 42 o concluem e, destes, somente 11 terminam o Ensino Médio. Ou seja, estamos investindo mais de 80% do nosso orçamento em menos de 11% dos alunos que ingressam nas nossas escolas. À luz das Políticas Educacionais, podemos perceber que programas, como o Bolsa Família, podem incentivar o ingresso, mas, de longe, asseguram a permanência dos alunos nas escolas, tampouco garantem a qualidade da formação das crianças brasileiras. Pouco adianta investirmos mais de 5% do PIB num sistema de ensino que não investe na capacitação de professores e, em muitos casos aprova automaticamente os alunos do Ensino Básico. Continuaremos, apenas, “formando” crianças semi-analfabetas e incapazes de realizar operações aritméticas básicas e nosso objetivo aristotélico de vida ficará ainda mais distante.
IVAN DE MELO DUTRA Arquiteto e Urbanista e Mestre em Organizações e Desenvolvimento
Programas como o Bolsa Família, podem incentivar o ingresso, mas não asseguram a permanência nas escolas e tampouco garantem a qualidade da formação das crianças brasileiras
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GESTÃO
SUS EN ÁVEL jerÔnimo mendes Administrador, Consultor, Professor Universitário e Palestrante Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local
Paradoxos do crescimento econômico
O A miopia provocada pelo consumismo não é capaz de criar o discernimento necessário para frear as consequências de um planeta que optou pela geração de lixo em progressão geométrica
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consumismo generalizado que tomou conta do planeta é o novo ópio do povo, vislumbrado com as possibilidades de melhoria de vida e ampliação do conforto por meio da aquisição desenfreada de produtos que vão de cosméticos a eletrônicos, de iguarias a veículos cada vez mais sofisticados. Por outro lado, a miopia provocada pelo mesmo consumismo não é capaz de criar o discernimento necessário para frear as consequências inevitáveis de um planeta que optou pela geração de lixo em progressão geométrica, em todos os continentes, sem perceber a extensão do problema e dos seus reflexos no meio ambiente. Em grandes centros urbanos, como Nova Iorque, Paris, São Paulo e Buenos Aires, o paradoxo é inevitável: estimular a economia ou conter o consumo? A economia gera empregos e renda; o consumo desenfreado gera lixo e poluição. Como se trata de uma questão de sobrevivência pura e simples, na prática, prioriza-se a economia em detrimento da sustentabilidade do planeta, sempre relegada a um segundo plano. Na medida em que o consumismo foi se enraizando em todas as culturas do mundo ocidental, a partir da década de 1950, e posteriormente no mundo oriental, a partir da década de 1980, principalmente com a entrada dos chineses na economia de mercado, tornou-se um propulsor irreversível do aumento da demanda por recursos naturais e também da geração de lixo que aumenta a dor de cabeça dos governantes e sacrifica o esforço de uma minoria preocupada com o futuro do planeta. Obviamente, os impactos ambientais decorrentes do consumo a qualquer preço – deflagrado logo após a Segunda Guerra Mundial para estimular a economia e ajudar na reconstrução dos países destruídos pelo conflito – não seriam possíveis sem a explosão demográfica populacional e o consequente aumento da demanda por produtos, serviços e tecnologia. A questão é muito mais complexa do que se imagina: culturas de consumo são mais vo-
razes e eficientes do que sistemas de sustentação ambiental. Se o mundo consome mais do que consegue produzir, a natureza não consegue repor com a mesma velocidade o volume de recursos necessários para isso. Livrar-se dos resíduos decorrentes da ausência de pensamento sistêmico e sustentável seria quase um milagre. Além disso, o tempo da natureza é diferente do tempo exigido pelas organizações que fomentam o consumismo desenfreado. Partindo-se do pressuposto de que as forças de mercado são incontroláveis e, portanto, tudo precisa crescer, e que o crescimento, por sua vez, tem consequências desastrosas e irreversíveis, há pouca esperança para o planeta. Ela reside, basicamente, na conscientização das pessoas para a prática do pensamento sistêmico, da consciência ecológica e da educação sustentável. Uma economia forte e saudável é a base para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária. Contudo, nenhum discurso político ou econômico resiste sem considerar os principais fatores condicionantes para o fortalecimento da sociedade ideal que tanto sonhamos: a educação básica da sua gente, a educação moral e política dos seus governantes e, principalmente, a redução das desigualdades sociais. Na minha modesta concepção, uma população humana de 8 a 10 bilhões de pessoas não pode ser mantida sem a devastação da Terra. Considerando que a atividade econômica está alterando o equilíbrio do planeta, a industrialização em âmbito mundial tende apena a acelerar o desequilíbrio. É uma visão desoladora, mas torço para que seja apenas um pesadelo. Por fim, se não adotarmos medidas práticas econômicas e sustentáveis, os próprios mecanismos autorreguladores da natureza tornarão a Terra menos habitável para os seres humanos ou as consequências das suas próprias atividades abreviarão a expansão econômica e demográfica. Ser sustentável, ambiental e economicamente, não é a melhor alternativa para a preservação da espécie humana. É a única.
Desenvolvimento Local
Elas e as compras Mulheres mais atentas sobre o que colocar nas sacolas O consumo consciente tem recebido grandes contribuições do público feminino. Elas se preocupam com questões ambientais, sociais e econômicas Criselli Montipó
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mulher contemporânea tem conquistado novos espaços e assumido novas responsabilidades na construção de uma sociedade melhor para todos. A participação mais ativa do público feminino nos ambientes sociais, econômicos e ambientais está gerando grande impacto no tripé do desenvolvimento sustentável. Basta lembrar-se de que elas são responsáveis por cerca de 70% do consumo em todo o mundo. É preciso destacar, também, que o consumo está relacionado direta – ou indiretamente – a todos os elementos da tríade sustentável, ou seja: um modelo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.
Dentro desse contexto, há o consumidor consciente. Para o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente é aquele que considera os impactos provocados pelo consumo. Por isso busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta. Assim, ser um consumidor consciente significa ser comedido no consumo de recursos naturais, de produtos e de serviços e ter consciência de que, ao comprar um produto ou serviço, se escolhe quais tipos de empresas se quer ter na sociedade. O consumidor consciente também procura disseminar esse conceito e essa prática, fazendo com que pequenos gestos de consumo, rea-
lizados por um grande número de pessoas, promovam grandes transformações. Aí não dá para deixar de mencionar o caso que ocorreu recentemente com a marca Arezzo, empresa fabricante de calçados e acessórios femininos. Em abril, logo após o lançamento da coleção chamada Pelemania (peças feitas com couro de cabra e peles de coelhos e raposas), houve a reação imediata de consumidores (na maioria consumidoras) e de defensores dos animais nas redes sociais. Diante dos protestos dos consumidores conscientes a empresa emitiu um comunicado em sua página na internet, no Facebook e no Twitter, informando que decidiu encerrar a coleção Pelemania. “Em respeito aos consumidores e por acreditar na pluralidade de opiniões, a Arezzo reitera que não comercializará mais em suas lojas qualquer produto com pelo de animais. Para que não pairem dúvidas, a empresa determinou também a suspensão da venda de produtos com pelo sintético, finalizando definitivamente o tema Pelemania nas nossas lojas”, diz a nota. O episódio demonstra que as mulheres da atualidade – em geral, mais presentes no mercado de trabalho e com isso, mais participantes da economia – têm hoje maior poder de compra e de decisão quando o assunto é consumo. Afinal, a pesquisa realizada pela consultoria The Boston Consulting Group (BCG), em 2008, demonstra a grande participação da mulher consumidora na economia e chama atenção porque ela alia seu consumo ao bem-estar individual e coletivo. Mais de 12 mil mulheres de 22 países participaram da captação dos dados dessa pesquisa que mostra os valores compartilhados pelo público feminino. Segundo o estudo, as coisas mais importantes para elas são: amor (77%), saúde (58%), honestidade (51%) e bem-estar emocional (48%). A administradora de empresas Stella Kochen Susskind, executiva que preside a empresa de pesquisa Shopper Experience e a divisão latino-americana da Mystery Shopping Providers Association, comenta que em seus 20 anos de experiência em analisar hábitos de consumo tem percebido que as mulheres, sobretudo as mães, estão levando a sociedade a um novo patamar de consumo. Segundo ela, o comportamento feminino e materno tem o componente emocional quando trata-se de consumir. “Muito mais presente que o paterno, principalmente as mães que trabalham fora, que muitas vezes tentam ‘camuflar’ a culpa da ausência por meio de presentes”, comenta. De acordo com a executiva, a mulher brasileira decide a compra no lar em diversos segmentos: do automóvel ao material escolar. “A mulher
participa mais intensamente do orçamento doméstico e é extremamente formadora de opinião, infuenciando o parceiro, os filhos e toda a família”, acrescenta. Tal afirmação é constatada pela pesquisa Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado, elaborada por meio de uma parceria entre o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Fundação Perseu Abramo. O estudo foi realizado em agosto de 2010 e retrata o pensamento das mulheres e da sociedade em geral sobre a realidade vivida por elas no país. O material complementa pesquisa similar realizada em 2001, com diversas abordagens. Nesse recorte, a opinião dos homens foi inserida como forma de enriquecer o estudo e ter a perspectiva comparativa entre homem e mulher. A pesquisa é composta de temas como a Percepção de Ser Mulher: Feminismo e Machismo; Divisão Sexual do Trabalho e Tempo Livre; Corpo, Mídia e Sexualidade; Saúde Reprodutiva e Aborto; Violência Doméstica e Democracia, Mulher e Política. O estudo ouviu a opinião de 2.365 mulheres e 1.181 homens, com mais de 15 anos de idade, de 25 unidades da federação. O levantamento envolve a inclusão de 176 municípios na amostra feminina e 104 na masculina.
Consumo feminino: por trás da divisão sexual do trabalho doméstico e remunerado • No tópico Divisão sexual do trabalho doméstico e remunerado - satisfação com o tempo livre contemplado na pesquisa, os índices demonstram que cerca de metade das mulheres (52%) está na População Economicamente Ativa (PEA), contra quatro em cada cinco homens (79%). Uma em cada quatro declara-se dona-de-casa (25%). Como em 2001, cerca de uma em cada cinco mulheres (19% hoje, 18% antes) declarou-se a principal responsável “pelo sustento da casa e da família”. Somadas a outras mulheres indicadas (principalmente as mães), quase um terço dos domicílios (30% hoje, 29% antes) tem uma mulher como principal provedora. Na maioria dos casos, indicaram como tal algum homem (64% hoje, 66% antes), sobretudo o próprio cônjuge (47% e 48%). Em resposta múltipla sobre quem chefia a família, duas em cada cinco mulheres (39%, antes uma em cada três, 35%) indicaram alguma mulher do domicílio; 62% (co) indicaram algum homem (antes 66%), principalmente o cônjuge (46% hoje, 49% antes). Ainda que de forma tímida, percebe-se o crescimento da participação da mulher na economia e na gestão das finanças domiciliares.
A participação mais ativa do público feminino nos ambientes sociais, econômicos e ambientais está gerando grande impacto no tripé do desenvolvimento sustentável. Basta lembrar-se de que elas são responsáveis por cerca de 70% do consumo em todo o mundo
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Desenvolvimento Local
Os índices foram comprovados pela pesquisadora Angela Romanó Sartor, que desenvolveu sua dissertação de mestrado sobre a Sustentabilidade da Vida Humana e as Possibilidades da Divisão Sexual do Trabalho Doméstico, no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Na investigação acadêmica de Angela, que integra o Grupo de Estudo e Pesquisas em Relações de Gênero e Tecnologia (GeTec), a sustentabilidade da vida humana é entendida como conjunto de atividades necessárias para o processo de reprodução social e manutenção da vida e é desenvolvida, basicamente, por mulheres no ambiente doméstico, pois elas não conseguem dividir responsabilidades e vivem a dupla, e às vezes tripla jornada de trabalho. Essa pesquisa investiga quais as estratégias das mulheres curitibanas, que possuem trabalho remunerado fora do lar com exigência de escolaridade de nível médio, estão utilizando para enfrentar este desafio, com quem e com o que podem contar. É uma pesquisa qualitativa- interpretativa, que entrevistou 15 mulheres. Segundo Angela, com base nos discursos das entrevistadas, percebe-se que o momento é de avanços e permanências, em que a reprodução de comportamentos convive com mudança de valores e atitudes. Stella, da Shopper Experience, ressalta que as mulheres têm influenciado a criação de hábitos de consumo consciente e inclusivo de sua família, seus colegas e amigos de inúmeras maneiras. “Por meio da divulgação de hábitos de consumo consciente, participando de campanhas e palestras com os filhos, compartilhando notícias nas redes sociais, e discutindo questões cruciais como distribuição da renda, aquecimento global, poluição dos recursos naturais, entre outros”, exemplifica.
Ela acrescenta que a consumidora brasileira está mais consciente. “Recebo, diariamente, dezenas de relatos de compras descrevendo experiências ruins. Quando o assunto é consumo para os filhos, isso é mais forte ainda”, analisa.
Comércio justo • A predileção das mulheres pelo comércio justo e pela economia solidária também é comentada por Stella. “Apesar do emocional forte, a mulher não admite mais ser mal atendida, pagar mais, receber menos, desperdiçar. Por isso assistimos diariamente o compartilhamento de informações entre as mulheres, seja por meio de redes sociais, contato pessoal ou e-mails. A tendência é de crescimento”, acredita. O Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria), com sede em Curitiba, visa fortalecer a organização popular e as lutas do povo por melhores condições de vida. Por isso, desenvolve trabalhos voltados à economia solidária por meio de nove clubes de troca, da rede composta por 23 padarias comunitárias e de uma cooperativa de catadores. Todas as iniciativas envolvem a população de Curitiba e região metropolitana, como explica Lourdes Marchi, que integra o conselho da entidade e participa das ações de economia solidária há mais de 13 anos. Ela conta que os clubes de troca e a rede de padarias comunitárias são compostos, na maioria por mulheres, muitas de terceira idade, que apostam no cuidado do outro e da natureza para transformação pelo trabalho. O Curso de Formação Básica para Multiplicadores em Economia Solidária, oferecido pelo Cefuria, é bastante procurado pelo público feminino. O curso e outras ações da entidade reforçam o consumo consciente, ético e solidário, que deve ser responsabilidade de todos.
Por que elas consomem mais? A psicóloga e filósofa Odegine Graça, que é sociaproprietária do Instituto de Desenvolvimento Humano Integral (Idehi), ressalta que a mulher consome mais que os homens. “São elas e os homossexuais que decidem o que vai acontecer no mercado”, observa. Odegine explica que isso ocorre por dois motivos: porque a mulher tem a necessidade de comprar acentuada nos períodos de tensão pré-menstrual (para suprir o vazio que sente neste período, por exemplo); e porque são as mulheres que têm maior tendência a desenvolver o comportamento compulsivo no ato da compra (doença muitas vezes ligada aos seus anseios emocionais). Ela também lembra que é preciso ter cuidado para não estigmatizar o comportamento feminino na hora da compra, já que há diversas vertentes sobre as características específicas da mulher. Ela destaca a linha de pensamento que vê a mulher como construção social, portanto, dependente do meio; e a vertente que relaciona a mulher à mãe Terra, como mais sensível e preocupada com as questões da natureza. “Acredito que é papel do homem e da mulher cuidar do planeta, é preciso reciclar o pensamento”, defende.
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Publicações e Eventos
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira
Editora SARAIVA MANUAL DO EMPREENDEDOR Como construir um empreendimento de sucesso jerônimo mendes editora atlas
aquecimento global e créditos de carbono rafael pereira de souza (ORG.) editora quartier latin
Auditoria ambiental florestal Julis orácio felipe editora clube dos autores
ORGANIZAÇÕES INOVADORAS SUSTENTÁVEIS José Carlos Barbieri Moysés Alberto Simantob Uma reflexão sobre o futuro das organizações José carlos barbieri moysés alberto simantob Editora atlas
gestão para a sustentabilidade Julis orácio felipe editora clube dos autoresEditora atlas
Evento: FIBoPS - Intercâmbio Internacional Pro-Sustentabilidade Data da Realização: De 26/07/2011 a 28/07/2011 Cidade: São Paulo Estado: SP Local: Centro de Eventos São Luís Mais informações: (11) 3138-9667 Site:http://www.fibops.com.br/modules/news/article. php?storyid=23
Evento: XIII EPEA - Encontro Paranaense de Educação Ambiental Data da Realização: 11/08/2011 Cidade: Ponta Grossa Estado: PR Local: Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Site:eventos.uepg.br/
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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