Reféns do Cack

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Editorial

A

Haley aborda um tema polêmico, desagradável, mas fundamental para os pais, adolescentes e os jovens: a dependência química do crack, a droga mais violenta dos últimos tempos e que tem um gigantesco poder de destruição do organismo. Especialistas apontam que basta uma semana de consumo para que o usuário passe a depender profundamente do crack, dando, dessa forma, o primeiro passo para a degradação familiar, profissional e social. O tema é mostrado de forma didática, trazendo depoimentos reais de pessoas que são ou foram vítimas do crack, mostrando a opinião de profissionais e pais sobre esse grave problema social e apontando os caminhos para a prevenção. Ao mesmo tempo em que mostra a gravidade do vício no cenário municipal, estadual e nacional, a reportagem também revela que o crack é uma das portas de entrada para a violência urbana. A reportagem especial de capa mostra ainda o que os pais podem fazer para prevenir o envolvimento dos filhos com as drogas e traz uma entrevista especial com o tenente da Polícia Militar, Anderson Machado Padilha, que desde 2006 está à frente do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), em Dourados. Ele orienta os pais e os jovens, colaborando com a preocupação da revista Haley em

prestar mais esse serviço à sociedade de Mato Grosso do Sul. Nesta edição, você vai ler ainda matérias especiais mostrando, entre outras coisas, a degradação dos oceanos brasileiros e o trabalho que o Greenpeace faz para preservar os mares; vai aprender um pouco mais sobre os cursos superiores a distância; vai conferir uma matéria especial sobre o turismo de pesca; vai aprender um pouco mais da história de Mato Grosso do Sul, que completa 32 anos neste mês; vai descobrir os encantos da Casa Cor MS. O leitor também é presenteado com uma reportagem especial sobre a restrição ao tabagismo; vai entender porque os adolescentes sofrem tanta transformação de humor e conferir uma matéria que aponta as conquistas do Estatuto da Criança e do Adolescente. Numa matéria didática, o leitor vai aprender muito sobre o Pré-Sal, as reservas de petróleo que podem garantir até 100 bilhões de barris para o Brasil e gerar uma riqueza de US$ 7 trilhões. Destaque ainda para a reportagem sobre a Cidade Universitária, mostrando que as quatro universidades de Dourados oferecem mais de 80 cursos superiores e cerca de cinco mil vagas nos vestibulares de final de ano. Descubra ainda como conviver com o dilema de ter apenas um filho e os problemas que são causados pela obesidade infantil. Boa Leitura!

Expediente DIRETORIA EXECUTIVA: João dos Santos / Ailton Dias | DIRETOR ADMINISTRATIVO: João dos Santos | DIRETORIA FINANCEIRA: Claudete dos Santos | CONSELHO EDITORIAL: Ailton Dias / João dos Santos | Claudete dos Santos / Marcos Santos | EDITORCHEFE: Marcos Santos DRT 114/MS | REDAÇÃO: Maria Alice Campagnoli Otre / Caroline Oliveira | COLABORADORES: Isabela Schwengber / Flavio Fagundes / Ademir Baena / Marco Antonio Soalheiro| FONTE MATÉRIA PODER DESTRUIDOR DO CRACK: Agência Brasil | REVISÃO: Rafaela Bonardi | FOTOGRAFIA: Hedio Fazan, A. Frota, Marcello Casal JR/Abr| CAPA FOTOMONTAGEM: Acácio Junior | INFOGRAFIA: Thomas Henrique | DIREÇÃO DE ARTE: Thomas Henrique / Acácio Junior | CHEFE DE IMPRESSÃO: Fernando Hoston | DIAGRAMAÇÃO: Thomas Henrique / Acácio Junior ASSINATURAS: Ozeni Silva Ferbonio 67•3425-7264 | CARTAS À REDAÇÃO: redação@revistahaley.com.br

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A Revista Haley é uma publicação mensal da Marindress Editora Gráfica. É proibida a reprodução de reportagens e anúncios sem autorização. Os anúncios e ofertas são de inteira responsabilidade dos anunciantes. Os artigos publicados refletem as opiniões dos articulistas. AVULSO: R$ 9,50. ASSINATURA ANUAL: R$ 100,00


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Petróleo

Pré-sal um novo

BRASIL Reservas de petróleo da camada pré-sal devem variar de 50 bilhões a 100 bilhões de barris, gerando riquezas de US$ 7 trilhões para o Brasil pelos próximos 20 anos

O

modelo de exploração ainda não foi nem definido pelo Congresso Nacional, mas o Brasil já começa a capitalizar a maior descoberta de riquezas minerais de todos os tempos: o petróleo que fica a oito mil metros de profundidade e que pode gerar divisas da ordem de US$ 7 trilhões pelos próximos 20 anos. Batizada de Pré-Sal, a descoberta não para de proporcionar notícias positivas. A mais recente delas é que a Petrobras encontrou mais uma jazida de petróleo e gás natural na camada pré-sal da Bacia de Santos, nos reservatórios do Bloco BM-S-9 (Bacia Marítima de Santos 9), a partir da perfuração do poço denominado informalmente de Abaré Oeste. A área é explorada pela Petrobras, que opera o Bloco com 45% de participação em um consórcio que conta ainda com a BG Group (30%) e a Repsol (25%). De acordo com a estatal, será dada continuidade às atividades e investimentos necessários para a avaliação da jazida conforme o plano de avaliação aprovado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). A jazida, explorada pela Petrobras, que opera o Bloco com 45% de participação em um consórcio que conta ainda com a BG Group (30%) e a Repsol (25%), está localizada na área de avaliação do Poço 1-SPS-50 (Carioca), a cerca de 290

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quilômetros da costa do Estado de São Paulo e a uma profundidade de 2.163 metros de lâmina d’água. O fato é que descoberta a província petrolífera denominada Pré-Sal, que se estende ao longo de 800km na costa brasileira, do Estado do Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de Santos, a Petrobras tem importantes desafios pela frente. Analisa as múltiplas especificidades dessa nova fronteira exploratória, empenha-se em desenvolver soluções tecnológicas para produzir ali óleo e gás e faz testes para optar pelas melhores alternativas, já que inexistem padrões a serem seguidos. No que diz respeito à nova província, as novidades são muitas. A logística de apoio em alto mar, isto é, de transporte de materiais, equipamentos e equipes e de instalação de sistemas de ancoragem e de operação em poços, terá de ser específica. Afinal, no caso da acumulação de Tupi e de outras da província, a distância em relação à costa brasileira é de 300km, uma extensão considerável. Para se chegar até onde estão situados os reservatórios, mais obstáculos precisam ser transpostos. Será preciso ultra-


passar uma lâmina d’água de mais de 2.000m, uma camada de 1.000m de sedimentos e outra de 2.000m de sal. Feito isso, o óleo e o gás a serem recuperados estarão em reservatórios que implicarão maior tempo de penetração por parte das brocas do que o gasto para penetrar os arenitos da Bacia de Campos, por exemplo, e, no caso de Tupi, a uma distância de 5.000 a 7.000m em relação à superfície do mar. O tipo de rocha existente nos reservatórios também não tem precedentes nas operações da Petrobras. “Em vez de arenitos turbidíticos, característicos de grandes acumulações da camada pós-sal, conhecidos pela Companhia há muito tempo, encontramos carbonatos microbiais, também conhecidos como microbiolitos, formações de caráter heterogêneo praticamente sem parâmetros na história mundial e cujo comportamento em termos de recuperação de óleo ainda é desconhecido por nós. Portanto, não podemos replicar modelos como os que já adotamos em outras bacias”, conta o gerente-executivo de Exploração do Pré-Sal, José Formigli No âmbito da exploração, mais desafios se apresentam. Quando blocos situados na província Pré-Sal foram adquiridos pela Petrobras e por seus parceiros na Bacia de Santos, por exemplo, entre estes os blocos BMS-8, 9, 10 e 11, como se tratava de uma área de cerca de 20.000km² prati-

camente desconhecida, a estatal precisou contratar o maior levantamento sísmico 3D marítimo do mundo realizado até então. A base de dados sísmicos obtida, de excelente qualidade, foi fundamental para o entendimento do contexto geológico das porções mais profundas da bacia e para a interpretação e o mapeamento dos principais horizontes geológicos da área dos blocos. Esses trabalhos culminaram na proposição de locações exploratórias mais confiáveis, o que gerou as descobertas de hidrocarbonetos na Província Pré-Sal da Bacia de Santos, e estão servindo para melhor entendimento do modelo de reservatórios existente em outros trechos da província e previsão das próximas locações exploratórias.

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Preocupação O alto teor de dióxido de carbono extraído juntamente com o óleo, superior a 20% no caso de alguns reservatórios, é outra questão à qual a Petrobras vem dando atenção especial. “Quando o CO2 se junta com a água, forma o ácido carbônico, altamente corrosivo, o que faz com que seja preciso usar ligas especiais de aço para evitar a corrosão gerada pelo ambiente no revestimento e na coluna de produção dos poços, em equipamentos submarinos de produção, como Árvores de Natal Molhadas, e componentes da planta de processo da plataforma de produção”, explica Formigli. Segundo ele, em Tupi, por exemplo, a proporção do gás natural existente é de 220m³ para cada metro cúbico de óleo,

o que totaliza cerca do dobro da proporção normalmente presente nos turbiditos da Bacia de Campos. O CO2 contido nesse gás natural precisa ter uma destinação ecológica, para que não escape para o meio ambiente e contribua para o aumento do efeito estufa. “Por isso, o CO2 será reinjetado nos poços, o que traz ainda a vantagem de reduzir a viscosidade do óleo encontrado, propiciar maior recuperação potencial desse óleo e, por conta disso, assegurar mais lucros à Companhia”, conclui Formigli. A formação de hidratos, compostos resultantes do contato entre gás e água, em baixas temperaturas, o que pode acarretar o entupimento de dutos, também será combatida. As estratégias de

combate incluirão a conservação da temperatura do óleo extraído dos reservatórios e, eventualmente, o aumento da temperatura do óleo nos dutos por aquecimento elétrico ou por meio da injeção de inibidores. Um planejamento bem-feito é essencial para que não venham a malograr todos os esforços empreendidos. Nesse âmbito, a aquisição de blocos exploratórios respaldada em estudos geológicos precisos; a aquisição de dados sísmicos, para cujo processamento foram desenvolvidos algoritmos especiais; e a interpretação dos dados foram cuidadosamente avaliada e acompanhada.

programa, Cristiano Sombra. O trabalho é árduo. Para se ter uma ideia, basta dizer que o sal tem uma natureza plástica. Na medida em que é perfurado, suas tensões podem fazer com que um poço se feche e a coluna de perfuração fique presa. Ultrapassada a fase de perfuração e concluído o poço, faz-se descer um revestimento de aço no poço e o espaço existente entre o revestimento e a rocha perfurada é preenchido com um cimento especial. “O sal pode

danificar o aço. Para que isso não ocorra, estamos pesquisando materiais resistentes. Mas temos que ter o cuidado de atingir um equilíbrio, pois, por um lado, se o aço ou o revestimento pesarem muito, o navio-sonda que vai fazer tais materiais descerem ao poço poderá não ter capacidade para tanto; por outro, como a concessão obtida para se fazer um poço produzir pode durar 27 anos e ainda ser prorrogada, os materiais têm que durar”, explica Sombra.

Tecnologia Para fazer face aos desafios tecnológicos, a Petrobras criou o Programa Tecnológico para o Desenvolvimento da Produção dos Reservatórios Pré-Sal (Prosal), implementado pelo centro de pesquisas e desenvolvimento da Companhia, o Cenpes. “No âmbito desse programa, 23 projetos voltados para a busca de soluções mais eficazes nas áreas de Engenharia de Poço, Engenharia de Reservatório e Garantia de Escoamento estão em andamento”, informa o coordenador do

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Exploração O governo encaminhou ao Congresso quatro projetos sobre o pré-sal. Um deles cria o fundo de desenvolvimento social – que receberá os recursos –; outro estabelece o modelo de partilha na produção; o terceiro é sobre a criação da nova estatal que vai administrar os campos, que será chamada de Petrosal; o último é sobre a capitalização da Petrobras em US$ 50 bilhões, com 5 bilhões de barris a US$ 10. Um dos pontos mais conflitantes sobre o pré-sal diz respeito ao modelo que será adotado para a exploração dos campos petrolíferos. A lei de número 9.478, de 1997, chamada Lei do Petróleo, estabeleceu no Brasil o modelo de concessão na exploração. Neste formato, a União realiza uma licitação e a empresa que oferecer o maior retorno financeiro ao governo ganha o direito de explorar o campo por um prazo de 30 anos, pagando royalties que variam de 5% a 10% da receita (dependendo do potencial de produção do campo), mais participação especial de 10% a 40% dos royalties, além de impostos que incidem sobre as empresas no País. Este modelo é adotado em países como Estados Unidos, Inglaterra e Noruega. No entanto, prevaleceu a ideia de substituir a concessão pelo modelo de partilha de produção. Neste caso, no processo de licitação, ganha a empresa que oferecer a maior quantidade de petróleo ou de receita com o óleo ao governo. Por sua vez, a União seguiria como proprietária do campo explorado. Este formato é usado em países como Nigéria, Líbia e Angola. “Os dois sistemas não são nem bons, nem ruins”, compara Roberto Ardenghy, coordenador de Relações Externas do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). “A única coisa

que deve ser colocada é a questão de quais regras públicas serão adotadas, para que haja igualdade de condições.” De acordo com a proposta do governo, será criado um fundo de desenvolvimento social, que receberá os recursos do pré-sal para destiná-los a projetos de saúde, educação e habitação. Neste caso, a maior parte das receitas será gerida pela União. “Hoje, a renda é dividida em cerca de 60% para Estados e municípios e 40% para a União. O governo propõe um fundo onde a maior parte da renda do pré-sal passa a ir para a União. Ele quer 80% e 20% para Estados e municípios, que, claro, brigam para não perderem renda”, avalia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “A ideia do fundo não é ruim. Mas, politicamente, é complicada, porque o governo vai ter de convencer Estados e municípios a cederem parte da renda, o que não é fácil. O problema é fiscalizar o gasto desses recursos. Historicamente, vemos que as verbas no País nunca vão para o destino combinado”, critica Adriano Pires. Também foi decidido que a Petrobras será a operadora de todos os blocos explorados sob o novo regime de partilha. A empresa terá assegurada participação mínima de 30% nas áreas a serem licitadas. A União poderá contratar exclusivamente a Petrobras ou realizar licitações com livre participação das empresas para a operação. Vencerá a licitação a empresa que oferecer o maior percentual de óleo lucro (Profit Oil) – que representa o total produzido por determinado campo, deduzidos os custos e despesas associados à produção do óleo – ao governo.

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Como funciona A legislação brasileira atual prevê que as concessionárias produtoras de petróleo e gás no Brasil devem pagar uma indenização à União, aos estados e municípios, que envolve o pagamento de royalties mensais e participações especiais trimestrais, que são calculados em função do volume de petróleo e gás produzidos. O sistema adotado atualmente continuará valendo para a exploração de petróleo fora da área do pré-sal e para as regiões que já foram leiloadas dentro do pré-sal. Os estados e municípios próximos aos campos são beneficiados por serem afetados pela exploração do petróleo, que demanda mais investimentos em infraestrutura e traz danos ambientais. Atualmente, as concessionárias responsáveis pela exploração dos blocos de petróleo repassam à Agência Nacional do Petróleo (ANP) os dados sobre as coordenadas geográficas de suas insta-

lações, como poços e plataformas. A partir desses dados, a ANP consulta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que define os limites geográficos e os beneficiários dos recursos. Com essas informações, a ANP repassa os recursos arrecadados. Os valores das participações governamentais são calculados com base no preço corrente do petróleo produzido pelo concessionário. Esse preço é estabelecido pela ANP com referência na cotação internacional do petróleo que tenha características mais semelhantes ao que foi produzido pelo concessionário. Segundo a Petrobras, no ano passado, os municípios receberam R$ 3,7 bilhões em royalties do petróleo, R$ 3,2 bilhões ficaram com os estados e R$ 3 bilhões com a União. Em participações especiais foram distribuídos R$ 5,8 bilhões para a União, R$ 4,6 bilhões para os estados e R$ 1 bilhão para os municípios. y

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Entrevista

Precisamos afastar os jovens das drogas Coordenador do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) alerta que esse problema sempre estará presente no cotidiano da sociedade e explica que a diferença pode ser um bom trabalho de conscientização

D

esde 2006 à frente do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e do Pelotão de Trânsito, em Dourados, o tenente Anderson Machado Padilha tem, nesses trabalhos, caminhos para redução da violência, criminalidade e uso de drogas entre os jovens. Formado no curso de oficiais da Polícia Militar na academia de polícia do Barro Branco, em São Paulo, tenente Padilha está concluindo atualmente o curso de Direito na Unigran e cursando especialização em Segurança Pública e Cidadania, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência é tão importante na prevenção que está sendo levado aos assentamentos rurais e reservas indígenas de Mato Grosso do Sul. Apenas no primeiro semestre deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, o Proerd atendeu 7.775 pessoas

Haley – Como funciona o Proerd em Dourados e o trabalho da Polícia Militar em sala de aula? Tenente Padilha – O Proerd teve início em 1999 em Dourados. Ele surgiu nos Estados Unidos e quando implantamos aqui, seguimos a mesma metodologia do projeto original. Temos a cartilha com 17 lições e elas são trabalhadas pelos instrutores nas escolas municipais e algumas particulares, uma vez por semana, cada semana é uma lição. Os instrutores são policiais militares capacitados para isso. Não é qualquer policial que pode ser do Proerd. Ele tem que ter certa desenvoltura para falar com crianças, tem que gostar de fazer esse trabalho.

Haley – Quais são as frentes de atuação da Polícia Militar para a prevenção das drogas e violências? Tenente Padilha - A gente também trabalha com vários projetos educacionais como o “Siga Alerta”, que atua na prevenção da violência no trânsito, projetos sociais como o “Cavalgando para o Futuro”, desenvolvido pela cavalaria com crianças carentes, e também, fazemos parceria com projetos nos bairros,

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em todo o Estado. Entre os assentamentos rurais beneficiados estão os municípios de Nioaque, São Gabriel do Oeste e Rio Brilhante. As comunidades indígenas beneficiadas pelo programa estão em Dourados, Nioaque e Aquidauana. A iniciativa, que já atende crianças e adolescentes, tem sido direcionada também para os pais daqueles que participam do curso que é oferecido desde 1997, em Mato Grosso do Sul, pela Polícia Militar (PM). O programa atua dentro das salas de aula, com uma linguagem totalmente voltada à faixa etária, com ilustrações, vídeos, dinâmicas e outras estratégias que objetivam fortalecer a criança para resistir ao caminho das drogas. Ao aliar teoria e prática, o tenente Anderson Machado Padilha fala sobre o dia a dia do trabalho preventivo realizado com crianças do ensino municipal de Dourados pelo Proerd e sobre as dificuldades e perspectivas do projeto.

como o Pró-Jovem. A PM dá apoio para entidades e associações que precisem.

Haley – Quais os números do Proerd na cidade? Tenente Padilha – Atendemos 100% das escolas municipais e algumas escolas particulares. Até 2008 foram atendidos 17.536 mil pré-adolescentes entre 10 e 12 anos. Este ano vamos atingir mais de duas mil crianças com o trabalho em sala de aula. Esses projetos ajudam a tirar a criança da ociosidade a que fica exposta, em contato com amigos que influenciam negativamente. O Proerd visa a fazer com que a criança entenda quais são os riscos que ela pode estar sendo levada se procurar as drogas. Por isso que trabalhamos com crianças de 4ª e 5ª série, para que, com instruções lúdicas, possam compreender realmente o que é nocivo para saúde delas, o que é prejudicial. O trabalho é ainda mais interessante porque as crianças são multiplicadoras, auxiliam a gente falando com os amigos e com os pais sobre o fumo, a bebida. O filho vê o pai fumando e chama a atenção e isso é muito bom!


Haley - E o policial em sala de aula. Como é a relação dele com as crianças? Tenente Padilha – É uma relação diferente. Quando o policial entra na sala de aula, elas veem no policial uma pessoa que atua na área e por isso passa a realidade. É diferente de qualquer outra pessoa dizer isso para a criança, porque nós atuamos com isso o dia todo. O policial explica, por exemplo, como o traficante vai abordar a criança, então é mais fácil dela compreender a mensagem. Além disso, há uma aproximação maior entre o policial e a comunidade, que é a filosofia que a Polícia Militar tem adotado já há um tempo. Foi-se o tempo da imagem da polícia truculenta, que não queria conversar, que queria ver primeiro o criminoso e depois a vítima. Hoje o nosso foco é ver as necessidades das pessoas e tentar ajudar na solução dos problemas. A Polícia Militar no Rio de Janeiro, por exemplo, já olha até o traficante com outros olhos. Haley – O Proerd também chegou às escolas indígenas. Como o projeto é desenvolvido lá? Tenente Padilha – O professor trabalha junto com o instrutor na sala de aula, até porque ele tem o domínio da língua e pode ajudar no que diz respeito às adequações culturais do conteúdo. Nós temos que passar as informações de uma forma que as crianças compreendam. Se a gente falar, por exemplo, dos perigos da internet e isso não fizer parte da realidade ou do dia a dia delas, a professora nos ajuda a adequar o exemplo às situações que tenham vivido. Estamos, inclusive, cogitando em fazer a apostila do Proerd em guarani para atender de maneira mais eficiente essas crianças e comunidades, fazendo as adaptações dos termos.

Haley – Apesar da pouca idade dos atendidos pelo projeto, já houve algum relato de uso de drogas ou pedido de ajuda por parte deles? Tenente Padilha – As crianças contam que um amigo usa alguma droga ou citam exemplos sempre de outros. Às vezes eles estão querendo, de alguma forma, ajudar o irmão, pai, mãe ou conhecidos no problema com drogas. Isso é até comum acontecer, principalmente no problema com álcool, que consideramos uma droga também, apesar de lícita. A criança confia no policial. Se a gente falar que o traficante vai falar assim, vai oferecer a droga assim, eles acreditam. Agora se quem fala é outra pessoa, muitas vezes, eles falam que a pessoa é careta, que não é bem assim. Haley – Quais as principais pistas que o adolescente dá quando se envolve com drogas? Tenente Padilha – Eles apresentam uma irritação maior, se envolvem em brigas, começam a ter um mau desempenho nas atividades escolares, distanciam-se da família, e em fases mais avançadas, começam a realizar pequenos furtos para conseguir manter o vício. Os pais precisam estar atentos a esses sintomas. Haley – No período da adolescência, qual a droga mais consumida? Tenente Padilha – A maconha é ainda a mais consumida, até porque o crack, por exemplo, destrói a pessoa de uma maneira tão rápida, que não interessa para as bocas de fumo. Eles perdem os clientes muito rápido. No geral, as drogas estão se alas-

trando principalmente pelas periferias. O problema nas aldeias, por exemplo, era maior com o álcool. Hoje as drogas chegam até lá e não são os indígenas que vêm buscá-las na cidade. Nós fizemos um trabalho na aldeia, em meu curso de especialização, e constatamos por meio das lideranças que o problema com drogas entre eles é muito grande mesmo; na verdade, a situação toda lá é muito peculiar.

Haley – Quando a prevenção não dá certo, o que fazer para tirar o usuário do problema? Tenente Padilha – É preciso uma rede de suporte muito grande para recuperar esses jovens e também a família deles. A própria polícia, atualmente, já não trata o usuário de drogas como marginal ou bandido, mas ele é visto como uma pessoa doente e que precisa de tratamento. Se não tiver essa rede de apoio aos usuários, muito pouco há de se fazer. Muitas vezes fomos cumprir mandado de busca e apreensão ou interdição de alguns adolescentes e a família já os abandonou, porque não vê mais o que fazer, não vê mais saída. Na teoria, é tudo lindo, a gente pega o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e é perfeito, mas na prática, é cada situação que a gente passa. Se o menor ou a família não tiver apoio, não for tratado, ele vai voltar às drogas e à criminalidade. Na Unei de Dourados, 50% dos jovens que estão lá, atualmente, são reincidentes. Alguns têm mais de 15 passagens pela Unidade. E eles já sabem que a impunidade existe, então a situação só piora. Haley – Atualmente tem-se discutido muito no Estado o toque de recolher e a diminuição da maioridade penal. O que o senhor acha dessas medidas para o combate às drogas? Tenente Padilha – Quanto ao toque de recolher, acredito que pode funcionar. Apesar de não estar instituído na cidade, nós já fazemos esse papel. Muitas vezes, recolhemos alguns adolescentes em locais inapropriados para a idade e só os liberamos com a presença dos pais. Já quanto à redução da maioridade, é necessário que o Estado ofereça uma estrutura para alterar a legislação a esse ponto. Poucas são as prisões do Brasil que levam à ressocialização, que ele cumpra a pena e se readeque à sociedade. Tanto nos presídios quanto nas Uneis, poucas são as instituições que oferecem condições favoráveis para a dignidade humana. Ao diminuir a maioridade, você vai aumentar o número de presídios ou a superlotação e isso não vai resolver, embora tenhamos menores com um grau de periculosidade muito alto, mas entende-se que enquanto ele está nesta fase, ele não tem noção de suas responsabilidades civis e precisa ser recuperado. Alguns até conseguem, mas aí também depende da instituição. Haley – Qual a saída que o senhor vê para este problema? Tenente Padilha – A participação da comunidade é fundamental para a gente traçar uma linha de ação e combate às drogas. Nós recebemos muita informação. Temos que pegá-la e focalizar o problema. A primeira ação, de forma ampla, é fechar a fronteira, aumentar a fiscalização das fronteiras secas, porque a gente sabe que Bolívia e Paraguai são por onde mais entra droga. Também é preciso investir em educação, principalmente, e oferecer uma rede de amparo aos usuários. A droga sempre vai estar lá. Precisamos fazer com que os jovens a rejeitem. y

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Artigo

O uso de jogos

pedagógicos

na educação

O

jogo está presente desde tempos remoLuciane Zanchi Sperafico* tos na vida do homem. A atividade lúdica, que aparece já nos primeiros meses de vida da criança, é uma necessidade não apenas infantil, mas de todo ser humano. Através da atividade lúdica, a criança assimila ou interpreta a realidade a si própria, atribuindo, então, ao jogo um valor educacional muito grande. Neste sentido, propõe-se que a escola possibilite um recurso pedagógico aos seus alunos, por meio de jogos, onde eles assumem as realidades intelectuais, a fim de que estas mesmas realidades não permaneçam exteriores à sua inteligência. Percebe-se, portanto, que os jogos tornaram-se objetos de interesse de psicopedagogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da ideia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento da mesma, a construção ou potencialização de conhecimentos. Para tanto, o jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e significados, que variam conforme a época, a cultura ou o contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a iniciativa da criança, sua intenção e curiosidade em jogar referente a assuntos que lhe interessem e sua utilização de regras que permitem identificar sua modalidade. O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto, ou seja, pelo psicopedagogo e educador, visando a uma finalidade de aprendizagem, proporcionando à criança algum tipo de conhecimento e alguma relação ou atitude. Nesse sentido, os jogos educativos permitem a aprendizagem. Jogando, a criança aprende enquanto busca, descobre e raciocina, por isso, no âmbito do universo lúdico, foram criados os jogos educativos, os brinquedos pedagógicos e outros materiais. Existem também vários benefícios

que os jogos infantis podem trazer para a educação, assim, quanto mais a criança vivencia atividades lúdicas interessantes e variadas, mais estímulos ela terá para desenvolver-se em todos os aspectos: afetivo, cognitivo, psicomotor e social. Brincando, a criança amplia suas capacidades de falar, pensar e imaginar, capacidades fundamentais para seu desenvolvimento e aprendizagem. O jogo pode ser usado como instrumento psicopedagógico, pois o valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança, isto é, como a criança adquire conhecimento e raciocina. Os brinquedos e os jogos trazem experiências inovadoras à vida da criança e ensinam que aprender e resolver problemas podem ser divertidos. Pelo jogo, as crianças exploram os objetos que os cercam, melhoram sua agilidade física, experimentam seus sentidos e desenvolvem seu pensamento. Pedagogos e psicopedagogos estão de acordo em que o jogo infantil é uma atividade física e mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal quanto a sociabilidade, de forma integral e harmoniosa, o jogo tem uma relação estreita com a construção da inteligência

e possui uma efetiva influência como instrumento incentivador e motivador no processo de ensino-aprendizagem. É de grande importância que os professores compreendam e utilizem o jogo como um recurso privilegiado de sua intervenção educativa. Com a utilização desses recursos pedagógicos, o professor poderá utilizar-se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita em matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar os recursos no momento oportuno, uma vez que as crianças desenvolvam o seu raciocínio e construam o seu conhecimento de forma descontraída. As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais. y

* Pedagoga e Psicopedagoga.

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Direitos

As conquistas do

ECA F

altando pouco menos de um ano para completar duas décadas de criação, a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que criou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda é vista com desconfiança por uma parte da sociedade e com desinformação por outra parte, que considera o ECA apenas uma lei para proteger menores infratores. Não é nada disso! O Estatuto é, na verdade, uma das leis ordinárias mais amplas e modernas do mundo, que não basta ser entendida e sim aplicada em todos os seus artigos, incisos e parágrafos. Foi o que fez, por exemplo, a cidade de São Carlos, no interior de São Paulo. Lá, o ECA foi usado justamente para acabar com a violência que era praticada pelo adolescente, mas isso só aconteceu porque os setores organizados da sociedade e, sobretudo, o governo se envolveram

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Para o futuro, a principal meta a ser alcançada é o reconhecimento das crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, cidadãos participantes das políticas que tratam de suas faixas etárias com o projeto. A violência juvenil em São Carlos chegou ao auge em 1997, quando foram registrados mais de 40 homicídios praticados por menores de idade. Foi quando o município criou o Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) para fazer o ECA funcionar e, desde então, as estatísticas foram despencando. Ao tirar do papel o artigo 80, inciso V, do ECA, criando uma ação ágil na intervenção junto ao adolescente autor de ato infracional, que se inicia a partir de pequenos desvios, que tem como centro de sua atenção a pessoa do adolescente, e não o delito praticado, São Carlos promoveu uma grande revolução. Em 1998, o número de homicídios praticados por menores caiu para 15; em 1999, despencou para dois, número que se repetiu em 2000. Porém, desde 2001 não se registra um único homicídio praticado por me-

nor infrator em São Carlos e o índice de reincidência nas pequenas infrações é de apenas 4%, contra uma média nacional de 30%. Em Dourados, a violência juvenil é assombrosa, mas se depender de iniciativas como a do curso de Direito da Unigran, mais especificadamente dos professores Joe Graef Filho e Robson Moraes dos Santos, essa realidade tende a mudar a médio e longo prazo. A iniciativa mais recente dos professores para democratização do ECA foi a realização da 30ª Semana Jurídica da Unigran, onde o Estatuto da Criança e Adolescente foi o maior destaque. Durante cinco dias, especialistas em Direito debateram o ECA e mostraram que a lei 8.069 reúne todas as ferramentas necessárias para acabar com a violência praticada pelo menor infrator, além de garantir cidadania para esses jovens.


Outra iniciativa do curso de Direito da Unigran, que vem sendo desenvolvida desde 2007, é o projeto de extensão coordenado pelo professor Robson Moraes que leva para o interior das escolas, clubes de mães, entidades que trabalham com menores de idade, um grande volume de informações sobre o ECA. O projeto envolve mais de 250 acadêmicos de Direito e Serviço Social, que têm a missão de aprofundar os estudos sobre o Estatuto para, depois, virarem agentes multiplicadores. A iniciativa tem apoio do Juizado da Infância e da Juventude, da Defensoria da Infância e do Ministério Público Estadual, onde o juiz, o promotor e o defensor discutem e analisam as normas de aplicação do ECA com os acadêmicos. “Todos nós podemos transformar a realidade, principalmente das pessoas que não têm sonhos e são esquecidas e rejeitadas pela própria sociedade”, enfatiza Joe Graef Filho.

O professor entende que esteja faltando atenção e educação para os jovens na família, na escola e em toda a sociedade. “Nessas condições, o Estado tem poucas condições de atuar no controle e repressão de crimes e infrações cometidas por menores. Com isso, muitas crianças e adolescentes ficam expostos aos riscos da rua e acabam acolhidos pelo crime organizado, especialmente, nos bairros pobres”, analisa. Já o professor Robson Moraes dos Santos estima que haja 60 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas na Unidade Educacional de Internação (Unei) de Dourados e que, dentre esses, cerca de 40 cometeram infração grave como homicídio ou tentativa de

homicídio, latrocínio, roubo e estupro. Os outros estão recolhidos por atos infracionais e transgressões de menor gravidade. Na visão do professor, essa situação é injusta e longe da ideal, porque priva a criança e o jovem de uma educação que poderia mudar seu futuro. “Infelizmente, os adolescentes e crianças abrigados, institucionalizados, deixam de ter acesso à sua família natural, ou a uma família substituta, por isso as entidades de acolhimento não conseguem fazer com que sigam seu caminho”, avalia.

Conquistas O Estatuto da Criança e do Adolescente ainda depende de progressos para garantir a proteção integral de aproximadamente 62 milhões de crianças e adolescentes que vivem no Brasil, mas são inegáveis os avanços e conquistas dos 19 anos de existência do ECA. Um exemplo está na educação. A lei prevê que toda criança e adolescente tem direito ao ensino público e gratuito. Hoje, 97,3% das crianças brasileiras de 7 e 14 anos estão na escola. O número representa um avanço, já que em 1995, quase 10% ainda estavam fora da escola. Entretanto, os 3% que não têm acesso ao ensino representam 650 mil crianças e jovens. Por outro lado, o quadro dos conselhos tutelares revela uma discrepância. A rede de conselhos hoje já está presente em 93% dos municípios, mas uma pesquisa constatou condições de trabalho precárias, com falta de infraestrutura e capacitação adequada de conselheiros. Com investimentos de R$ 30 mil em cada conselho seria possível viabilizar compra de veículo, computador, linha telefônica e fax, o que caberia aos gestores estaduais e municipais. Pré-natal, amamentação e teste do pezinho estão entre as conquistas de mães e crianças brasileiras que tiveram a criação do ECA como um grande aliado. O esta-

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tuto listou o direito à saúde como uma das garantias fundamentais mesmo aos brasileiros que ainda não nasceram, ao apontar referências diretas à saúde materna. O estatuto é tão amplo que prevê desde a gestação, a necessidade do cuidado que a gestante tem e que o poder público tem que lhe oferecer, o direito de ao nascer ter o registro para ser um cidadão brasileiro. Para o futuro, a principal conquista a ser alcançada é o reconhecimento das crianças e adolescentes como “sujeitos de direitos”, cidadãos participantes das políticas que tratam de suas faixas etárias. “É preciso enxergar o adolescente como uma pessoa maravilhosa, cheia de energia, com muita vontade de contribuir, não são ‘aborrescentes’, estão num momento muito especial da vida. Temos que compreender adolescentes e crianças como sujeitos de direitos, ou seja, eles têm direito a falar, a colocar como estão sentindo suas aflições, suas angústias. E precisamos saber ouvir”, aponta a deputada Rita Camata, relatora do ECA.

Em 1990, Benedito dos Santos, secretário-executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), era o representante do Movimento de Meninos de Rua no grupo de redação do ECA. Ele lembra que, na época, a sociedade se apresentava indignada com a violência contra menores e que foi tal espírito que o motivou a acreditar na legislação. “A atitude do País em relação às crianças está mudando muito. Por isso existem pessoas que dizem que a violação aos direitos da criança está aumentando. O ECA criou mecanismos de exigência de direitos que, hoje, fazem vir à tona violações que já ocorriam no cotidiano e que não eram entendidas, como o trabalho infantil. Por muito tempo, ele foi visto como uma virtude e hoje é visto como uma violação de direitos.”

Magistrados

Ainda há no Brasil uma aplicação em excesso de penas privativas de liberdade aos menores em conflito com a lei, o que resulta em uma estrutura altamente dispendiosa para o poder público. Essa foi a conclusão a que chegou a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República, ao fazer um levantamento dos gastos com as tentativas de recuperação dos adolescentes. “Hoje um adolescente internado custa cerca de R$ 4 mil por mês, enquanto no atendimento de meio aberto, isso não ultrapassa R$ 200. O custo social também é menor, porque esse adolescente que não interna fica menos estigmatizado na sociedade e tem mais chances de ser aceito na família, na comunidade e na cidade”, afirma a subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cármen Oliveira.

Um dos dados mais preocupantes na defesa dos direitos da criança e do adolescente é a ausência de equipes técnicas em todo o País para tratar especificamente do assunto na Justiça. É o que aponta um relatório da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Adolescência (ABMP). O presidente do órgão, Eduardo Rezende Melo, lembra que, dois anos antes que o Estatuto da Criança e do Adolescente atingisse sua maioridade, o Conselho Nacional de Justiça fez uma recomendação a todos os Tribunais de Justiça do País

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CONANDA

A aposta do governo para inverter a lógica de punição é o reforço do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que prevê a instalação de programas municipais de acompanhamento ao adolescente que cumpre medida de meio aberto, como a prestação de serviço à comunidade ou a liberdade assistida. Investimentos que antes eram direcionados para a criação de novas vagas de internação seriam transferidos para a nova modalidade de atendimento. “É ali, quando o adolescente comete um delito mais leve e recebe um acompanhamento de retorno à escola, de inserção em uma atividade cultural ou esportiva, que estão as chances de ele interromper essa carreira delitiva e evitar o agravamento do seu perfil”, defende Carmém Oliveira.

para que as equipes técnicas fossem implementadas. Ainda assim, estados como o Ceará e o Rio Grande do Norte seguem sem nenhuma equipe. “Os juízes estão atuando sem o suporte necessário. Em vários estados, inclusive os mais ricos, vimos que não há critério populacional ou organizacional de distribuição dessas equipes. No Estado de São Paulo, vimos cidades de 200 mil habitantes com dez psicólogas e quinze assistentes sociais e cidades de 600 mil habitantes com três psicólogas e três assistentes sociais.”


Conselhos Eles estão previstos na lei e são os responsáveis por materializar os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em cada município brasileiro. No entanto, a falta de infraestrutura e capacitação faz com que nem sempre os Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA e CEDCA) e os Conselhos Tutelares consigam proteger da melhor forma as garantias do ECA. De acordo com a pesquisa ‘Conhecendo a Realidade’, feita pelo Programa Pró-Conselho Brasil, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), por encomenda do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), dos 4.880 Conselhos Tutelares existentes em todo o Brasil, 12% não têm sede permanente, 15% não têm mobiliário básico, como mesas e cadeiras, e 24% não têm material de consumo, como papel. Além da infraestrutura muitas vezes precária, o secretário-executivo do Conanda, Benedito dos Santos, ressalta a necessidade de capacitar os conselheiros para lidarem com situações que envolvem diferenças culturais. Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como instrumentos de fiscalização e de garantia do respeito aos direitos assegurados pela legislação, os Conselhos Tutelares (CT) ainda causam dúvidas entre muitas pessoas, diz o secretário-executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Benedito dos Santos. “O conselho é um órgão que tem sido muito confundido por muita gente, até por muitos conselheiros tutelares, como um órgão de polícia, de fiscalização, mas não é nada mais do que um órgão de apoio”, destaca. A situação também é observada pelo presidente da Associação dos Conselheiros do Distrito Federal, Antonio Roldino. “Eu sempre digo que a sociedade em geral olha o conselho como um órgão de repressão, ‘Deus me livre levar meu filho no conselho’”, conta. “Na verdade, o trabalho do conselho está aqui para ajudar a família, orientá-la no momento de dificuldade. Mas a visão que a sociedade em geral tem, por desconhecer o trabalho do conselho, é que ele pune pai, pune mãe, toma filho, abriga filho”, lamenta Roldino. Para Benedito dos Santos, os 4.880 Conselhos Tutelares podem ser mostrados como os Procons da infância, “onde as crianças e adolescentes que têm os seus direitos violados vão procurar e buscar apoio”. Presentes em 88% dos municípios brasileiros, eles são órgãos permanentes e autônomos, compostos por cinco membros eleitos para um mandato de três anos, e atuam com outras entidades, que juntam o poder público e a sociedade civil. y

Os professores Joe Graef Filho e Robson Moraes dos Santos: democratizando o ECA

Robson Moraes dos Santos durante abertura do projeto de extensão que haley| 2009 • outubro |21 leva o Estatuto da Criança e Adolescente às escolas


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Rebeldia

A culpa é dos

hormônios

A fase do comportamento impulsivo tem explicação, já que além do corpo, o cérebro do adolescente também passa por transformação; diálogo e paciência são o melhor remédio 24 | outubro • 2009 | haley

A

titudes birrentas, mau humor, crise de existência e rebeldia são algumas das reações do dia a dia de um adolescente, chamado, muitas vezes, de ‘aborrecente’. E não pense que a culpa é dos pais, pois a ciência explica: a culpa é do vulcão de hormônios em ebulição. A adolescência é a fase em que o menino e a menina deixam de ser crianças e iniciam a maturidade física e emocional, mas além dessas transformações, o cérebro passa também por uma série de mudanças. Segundo especialistas, é nesse período que os neurônios sofrem um intenso rearranjo, sendo que as áreas afetadas são as das emoções, discernimento e autocontrole. Daí vem a explicação para o comportamento tão impulsivo desses jovens que deve durar até os 20 anos de idade, quando a estrutura cerebral estará inteiramente madura, capaz de planejar, organizar e controlar os sentimentos. Tudo isso acontece porque ‘pipocam’ novas conexões entre os neurônios em diferentes áreas. A mais significativa ocorre nos lobos frontais, responsáveis pelo senso de organização e autocontrole. É como se houvesse uma faxina com os neurônios para dar espaço a futuras conexões que serão feitas na fase adulta. Assim dá para imaginar que o cérebro está a mil por hora, já que outras partes também estão se modificando, por exemplo, o sistema límbico, local onde são processadas as emoções, tais como a alegria e a raiva. No adolescente, essa região trabalha de forma exuberante, enquanto no adulto é mais contida. É por isso que os hormônios são os responsáveis por boa parte do mau humor, pois agem como mensageiros químicos e determinam aonde e como o corpo vai se modificar e ganhar novas formas.


O que muda no cérebro?  Região Parietal - Responsável pela atenção e noção de espaço. Atinge a maturidade aos 16 anos.

 Região Frontal - Responsável pelo autocontrole, pela capacidade de discernimento e pelo humor. Atinge a maturidade aos 20 anos.  Sistema Límbico - Responsável pelas emoções, como a raiva. Atinge a maturidade aos 20 anos.  Região Temporal - Responsável pela memória. Atinge a maturidade aos 16 anos. As meninas são as que sofrem maiores mudanças. Entram na puberdade antes que os meninos, por volta dos 11 anos, e chegam aos 16 à maturidade. As mamas e o quadril se desenvolvem, a voz fica mais fina e tem início o ciclo menstrual. Já nos meninos, o turbilhão de alterações vai dos 13 aos 18 anos de idade, é quando a voz começa a engrossar, a laringe cresce, assim como a barba. Com todas essas transformações, o adolescente entra em crise temperamental. E como os pais podem ajudar? Apesar de ser um clichê, conversar é sempre o melhor remédio. É fundamental lembrar que a adolescência passa e os hormônios se regularizam, por isso, nessas horas, além de ter paciência, os pais devem esperar, mas o diálogo deve ser feito com firmeza e sempre que necessário impor limites nas atitudes dos filhos.

O QUE É NORMAL?

 • Ao ouvir um ‘não’ o adolescente protesta, briga, se tranca no quarto;  • Bagunçar em sala de aula, chegar tarde da balada e acordar tarde no outro dia;  • Ouvir o som no último volume;  • Não cumprimentar as visitas e soltar um desaforo a qualquer crítica;  • Estalar um beijo na testa da mãe, meia hora depois de ter uma briga horrorosa com ela, como se nada tivesse acontecido.

E O QUE NÃO É?

 • Quebrar de propósito a mobília e as janelas da escola, quarto ou destruir as coisas dos outros por puro prazer;  • Tirar dinheiro da carteira dos pais sem avisar;  • Usar drogas ou encher a cara toda vez que sai com os amigos;  • Sumir de casa por vários dias e só reaparecer para comer, largar a roupa suja e pedir mais dinheiro;  • Ameaçar se matar toda vez que é contrariado;  • Deixar de tomar banho, usar roupas sujas e descuidar da aparência;  • Deixar de fazer coisas de que gostava, como jogar futebol com a galera, ir ao cinema, ouvir música e sair com os amigos;  • Começar a ir mal na escola de uma hora para outra, mesmo nas matérias em que costumava ir bem. y

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Obesidade Infantil

Isso não é

Fofinho

Em 5 anos, o percentual de crianças acima do peso aumentou de 6,4% para 9,2% da população brasileira, sendo que 6,6% já estão no estágio de obesidade grave

V

ocê sabia que, no Brasil, quase 10% das crianças menores de cinco anos de idade estão acima do peso? É difícil perceber e aceitar, mas a obesidade vem afetando cada vez mais as crianças. Segundo dados do Ministério da Saúde, o percentual de crianças com sobrepeso passou de 6,4% para 9,2% nos últimos cinco anos. Desse total, 6,6% já caracterizavam obesidade grave. As principais causas são o curto período de amamentação, a ingestão precoce de alimentos inadequados, relação familiar instável, além de problemas genéticos. Normalmente, os pais passam a se preocupar que o filho está acima do peso quando a criança tem cerca de quatro anos, entretanto, isso já pode ser diagnosticado no quarto mês de vida. Cedo? Nem tanto. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno exclusivo é recomendado até os seis meses, entretanto, apesar de sancionada pelo presidente Lula em 2008, a lei que aumenta o período de licença à maternidade de quatro para seis meses beneficia, até o momento, apenas as funcionárias públicas, já que só a partir de 2010 as empresas privadas ampliarão a licença. E é a ausência desse leite materno que, segundo pesquisas, os bebês passam a receber alimentos complementares, como

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explica Roseli Sarni, presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “O leite materno é dado poucas vezes ao dia até os dois anos de idade. Essa mudança na alimentação aumenta o risco de errar na dose e na qualidade dos alimentos”. O bebê amamentado no peito só deve receber uma alimentação complementar dos seis aos 11 meses, quando são introduzidas três refeições ao dia como, por exemplo, duas papinhas salgadas e uma fruta ou suco. Mas atenção, nada de acrescentar açúcar ou oferecer alimentos industrializados pré-prontos, pois é nessa faixa etária que a criança está se desenvolvendo, daí a necessidade de criar bons hábitos alimentares. O que deveria ser feito por todos os pais não é o que realmente acontece, como mostra a pesquisa feita pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SVAN) do Ministério da Saúde. O estudo foi realizado com mais de oito mil crianças menores de dois anos. Destas, mais de 42% já haviam consumido bebidas ou preparações com açúcar antes dos primeiros seis meses. A pesquisa revelou ainda que 44% das crianças entre seis meses e dois anos consumiram algum tipo de bebida industrializada, tais como suco, refrescos em pó ou refrigerantes.


Quem nunca ouviu a expressão ‘o exemplo vem de casa’? Por isso, se os pais não têm o hábito de comer frutas ou verduras e nem seguem uma rotina saudável, o filho irá para o mesmo caminho. Porém, o diagnóstico da obesidade deve ser feito por um especialista e com muita cautela, pois não é apenas o peso que deve ser observado, como também o estilo de vida que esta criança leva. Que tipo de alimentos ela ingere? É apenas o leite materno ou leite em pó adoçado com açúcar? Ela belisca outros alimentos durante o dia? É papel dos pais ficarem atentos a esses detalhes e se o diagnóstico é positivo, o apoio emocional é fundamental no tra-

tamento, pois essa reeducação é gradativa e afeta toda a família. Como incentivar seu filho a tomar suco durante o almoço se você não abre mão do refrigerante? É você que vai orientá-lo para pratos mais saudáveis, porque uma criança de dois anos não pode escolher sozinha o que vai comer. Outro fator que deve ser levado em consideração é a construção da autoestima dessa criança, principalmente quando ela começar a estabelecer um convívio social. Para a psicóloga Elaine Alves, é na escola que essa criança que está acima do peso tem o primeiro conflito. “Enquanto está em casa, essa criança recebe o apelido de ‘fofinha’, mas é no convívio com

outras crianças, principalmente na escola, que ocorre um choque da autoimagem corporal, é quando ficam visíveis as diferenças com o outro”. Ela ressalta que a baixa na autoestima leva os pequenos a desenvolverem tão cedo uma depressão, excesso de timidez e isolamento. Desta forma, além de mudar a rotina alimentar do filho, os pais devem também ficar atentos ao seu comportamento emocional. Então, passe mais tempo com ele, dê o carinho necessário, pratique atividades físicas juntos. Que tal brincar de bola com ele? Ajudá-lo a andar ou engatinhar. Além de saudável, aumenta ainda mais o vínculo afetivo entre vocês.

Como prevenir? • Estenda o período de aleitamento materno ao máximo. Isso reduz o risco de obesidade por vários anos consecutivos. • Não force a criança a comer mais do que gostaria. Comer é um ato instintivo. • Jamais ofereça doces como prêmio por um bom comportamento, muito menos como um presente para compensar sua ausência. • Evite que a criança passe mais de duas horas por dia diante da TV. Ela pode se tornar sedentária e ainda vai ter acesso à propaganda de alimentos não saudáveis de uma forma tentadora. Não esqueça que as crianças são

mais vulneráveis a esse tipo de mídia. • Incentive o hábito de comer frutas, legumes e verduras e a prática de exercícios. A criança pode rolar, engatinhar e, depois, andar, correr e pular. • Dê o bom exemplo. Não adianta beber um copo de refrigerante e proibir a bebida para a criança. • Acostume a criança a comer nas horas certas – seis refeições por dia – e mantenha a rotina. • Ensine a noção de porções. Em vez de entregar um pacote inteiro de biscoitos à criança, ofereça três unidades. Ela precisa perceber os limites. y

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Alerta

Dependentes deixam aos poucos o convívio familiar, amigos e trabalho; até os companheiros de uso são abandonados em virtude do isolamento provocado pelo consumo da droga

O poder

destruidor

do crack por Marcos Santos

O

começo do vício é sempre parecido. Primeiro é o consumo das bebidas alcoólicas, geralmente ainda na adolescência, depois vem a maconha e surge a cocaína. O crack é o próximo e, talvez, o último passo de um dependente. Ele não escolhe cor, gênero, classe social ou religião. Com poder avassalador, invadiu a sociedade, quebrou regras, transpôs limites e escravizou milhares de crianças, jovens e adultos. Existem pessoas que acreditam ser mais fortes que o vício. Marcela, 30 anos, que usou crack por seis meses, é um exemplo. “Quando eu comecei, na primeira noite, pensei que fosse ter controle sobre isso, como eu tinha sobre a cocaína. Mas vi que, na segunda semana, já tinha perdido completamente o domínio, porque fazia isso 24 horas por dia”, conta. De família de classe média e mãe de duas meninas, ela começou a consumir crack após a morte da mãe. “Minha família estava passando por uma turbulência e me aproveitei muito disso”, afirma. Marcela não estava sozinha, pois a irmã era sua companheira de uso, inclusive, era ela quem fazia o contato com traficantes. A compulsão pela droga era tão grande que Marcela desfalcou a empresa do pai, na qual também trabalhava, para comprar crack. Rodrigo, 34 anos, usou crack por quatro anos, o suficiente para levá-lo ao fundo do poço. Para conseguir a droga, ele roubava o dinheiro do comércio da mãe. “Ela tem um barzinho, e eu pegava muito dinheiro do caixa. Às vezes, ela tinha dinheiro no cofre e eu furtava para usar drogas”, disse. Rodrigo afirma que o efeito de apenas 15 segundos provoca sensações de poder e êxtase aos usuários. “O crack tem um poder muito grande de vício. Ele dá um prazer ilusório, dá vontade de querer sem-

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pre mais. É nessa vontade que você larga tudo de lado”, revela. O crack é descrito pelos usuários como uma droga egoísta. Dependentes deixam aos poucos o convívio familiar, amigos e trabalho. Isolam-se. Até os companheiros de uso são abandonados. A vida social passa a não existir mais. E as alucinações provocadas pela paranoia pós-droga começam a atormentar. “O pânico com o crack é maior. Você se sente perseguido. Seus amigos e conhecidos parecem que viram seus inimigos”, revela Carla, 30 anos, que experimentou a droga aos 28 anos. O grito por socorro vem quando existe uma consciência da própria desmoralização. Os usuários entendem a realidade e, principalmente, o motivo que os levaram ao consumo. “O que me fez buscar o tratamento foi a dor de perder o caráter. Perdi mulher, filhos, trabalho, amigos”, disse Maurício, 31 anos, exusuário em tratamento. A recuperação é difícil. Exige, acima de tudo, determinação. Existem pessoas que não conseguem se livrar do vício com apenas uma internação. É o caso do sul-mato-grossense Felipe, 32 anos, que começou a usar crack em Salvador há sete anos. Ele já foi internado 15 vezes. “Já andei o Brasil inteiro, já usei droga no País inteiro. Fui internado em São Paulo, Manaus, Recife. Não sei nem como consigo, hoje, depois de tudo que fiz, trocar ideias, fazer coisas”, revela Felipe. Durante a última internação, Felipe disse que não consegue mais consumir crack sem se sentir culpado. “Quando a vontade é muito forte e eu vejo que não vou conseguir segurar, eu me interno, procuro ajuda porque eu tenho que começar de novo. Eu fico espantado, de vez em quando, eu tenho esses pensamentos”, conta.


Denúncia O jornalista Waldemar Gonçalves, o Russo, percorreu os guetos de Dourados para fazer o mapa do crack na cidade e descobriu que a presença da droga é mais ostensiva do que se imagina, tanto que sobra maconha nas chamadas “bocas” porque a maioria dos adolescentes, jovens e adultos acabou seduzida pela “pedra”. Russo entrevistou três usuários, um adolescente de 16 anos e dois jovens de 21 e 28 anos, além de uma adolescente que não disse idade, mas que é viciada em crack há cerca de três anos. Pedro, um dos usuários entrevistados, é um adolescente que convive com o crack há dois anos. Ele conta que sua família é de baixa renda e reside na região do Grande Itália. “Comecei fumando maconha, depois entrei na pedra e não saí mais. Não consigo sair. Sei que ela não presta, faz mal para minha saúde, mas eu gosto”, revela, afirmando que já furtou objetos da própria casa, de vizinhos e de outras pessoas para adquirir a droga. “Uma vez tirei de minha casa o ferro elétrico e um pacote de cinco quilos de arroz para trocar na boca por três pedras”. Pedro conta que raramente aparece em casa, porque tem seus passos vigiados pela mãe e pelos três irmãos. “Eu queria ser igual aos meus irmãos. Eles estudam, são limpos, não bebem e nem fumam, e

um deles até trabalha para ajudar a mãe e o pai, mas eu não consigo ser igual a eles. Não consigo largar a droga”, finaliza. Outro viciado entrevistado por Russo foi Juarez, que está próximo de completar 22 anos e desde os 17 é usuário de crack. Assim como Pedro, o rapaz iniciou sua trajetória na droga fumando maconha com os amigos na região do Jardim Santa Maria. “Muitos daqueles amigos já tombaram e outros estão no cadeião”, conta o rapaz. Ele mesmo revela que foi internado três vezes, mas a recaída vem sempre que reencontra antigos amigos, todos usuários da droga, e cuja grande maioria tem passagem pela polícia pela prática de furtos, tentativa de homicídio, entre outros delitos. “Minha mãe chora muito quando me vê chapado, mas fazer o que, né, entrei nesta barca furada e dela está difícil sair. Acho que é só morrendo”, confidencia. Maria, também entrevistada pelo repórter-policial Russo, não quis revelar a idade, mas conta que usa crack desde os 16 anos. “Comecei direto na pedra. Não gosto de maconha não, ela dá muita sede e fome, é uma droga ruim pra mim”, relata a jovem, que deve ter no máximo uns 20 anos, porém, aparenta mais de 30 anos de idade. Ela conta que consegue dinheiro se prostituindo. “Faz tempo que não vejo a mãe. Ela nem sonha que eu estou nesta vida”, diz a garota que nasceu em Vicentina, onde reside a família dela.

Ao ser questionada pelo jornalista sobre o local onde compra crack, Maria afirmou que em Dourados o que não falta é gente vendendo drogas pela cidade. “Tem um montão de boca fixa e também de correrias”, diz a jovem. Correria, segundo ela, é traficante que, usando moto, bicicleta ou a pé, passa drogas aos usuários, principalmente na área central da cidade. O último entrevistado foi Gilberto, um homem de 28 anos que consome crack há 10 anos. Ele revela que o primeiro contato com a droga ocorreu em Presidente Prudente, no interior paulista. Com uma profissão definida e afirmando que nunca furtou ou roubou para sustentar seu vício, Gilberto conta que já foi casado e que teve dois filhos, porém, o hábito de usar droga fez com que a mulher o largasse. “Sofri muito a ausência de meus filhos. Um dia saí para trabalhar e quando voltei, encontrei a casa vazia. Ela foi embora, sabe lá Deus pra onde”, diz. Ele revela que passou por dois tratamentos, o último deles em Maringá, no Norte do Paraná, com a ajuda dos amigos, mas em nada adiantou, pois teve uma recaída e desde então nunca mais parou de queimar pelo menos cinco ou mais pedras por dia. “Gostaria de voltar a ser normal, mas não consigo parar”, lamenta. “Meus pais e meus irmãos estão todos bem de vida. Eu não estou melhor de vida porque torro o que ganho com droga”, finalizou.

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Epidemia Especialistas apontam para uma possível epidemia deste subproduto da cocaína, que provoca dependência agressiva, exclusão social do usuário e desagregação familiar, além de estimular a criminalidade. Estudo recente realizado em Salvador, São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro, detectou um aumento do número de usuários de crack em tratamento ou internados em clínicas para atendimento a dependentes de álcool e drogas. Eles respondem por 40% a 50% dos indivíduos em tratamento, dependendo da clínica e de sua localização. A idade média dos usuários de crack (31 anos) é inferior a dos demais pacientes em tratamento (42 anos). Entre os dependentes desta droga, 52% são desempregados. O levantamento foi coordenado pelo psiquiatra Félix Kessler, vice-diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas (Abead). No cotidiano de atendimento a dependentes, em Porto Alegre, Kessler ressalta a presença forte da droga no interior. “No Hospital São Pedro, o número de usuários de crack vindos do interior é muito grande. A cada dez pacientes que procuram a emergência psiquiátrica do hospital, cerca de sete são usuários de crack vindos do interior”, conta Kessler. Em Minas Gerais, municípios de médio porte, como Governador Valadares, Montes Claros e Uberaba, apresentam há três anos índices elevados de homicídios entre jovens que coincidem com o aumento das apreensões de crack. Segundo Luís Sapori, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), a droga também está presente há dez anos em toda a região metropolitana de Belo

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Horizonte, com maior peso nas cidades de Contagem, Betim, Ribeirão das Neves e Ibirité. Na cidade histórica de Ouro Preto, jovens que frequentam as repúblicas estudantis admitem, em conversas reservadas, que o crack também passou a ser consumido nos últimos anos. “Podemos concluir de forma categórica que o crack transformou-se na principal droga comercializada porque tem um elemento mercadológico que supera em muito a cocaína”, afirma Sapori, em alusão ao fato de o crack ter mercado consumidor mais amplo e provocar uma dependência mais agressiva, que leva o usuário a gastar mais com o vício. No Rio de Janeiro, em favelas como Jacarezinho e Manguinhos, que eram historicamente livres do crack, há três anos formaram-se cracolândias com a “bênção” de criminosos que viram na droga uma chance de ampliar seus lucros. “É impressionante. A qualquer hora do dia, vemos crianças e adolescentes consumindo a droga e deitados no chão”, descreve a socióloga Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes. No Distrito Federal, pontos de comercialização estão espalhados por praticamente todas as cidades satélites. A venda acontece também na região central da cidade, próximo à Esplanada dos Ministérios. Em meados da década de 1990, usuários de cocaína e crack eram responsáveis por menos de um quinto da procura em serviços ambulatoriais relacionados a drogas ilícitas. Hoje, eles respondem por 50% a 80% da demanda. Nos últimos anos, o crack também começou a ganhar terreno entre grupos com rendimentos mais elevados, apesar de a droga ainda ser mais comum entre as classes de baixa renda. y * Todos os nomes de usuários de crack que aparecem na reportagem são fictícios.


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Prevenção

Na luta contra o

Entidades como o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas se movimentam em Dourados para melhorar os índices de combate e prevenção ao uso de drogas lícitas e ilícitas

D

ados do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) demonstram que o Centro-Oeste, onde se localiza o Mato Grosso do Sul, registra, de 2001 para 2005, um aumento no consumo de drogas por parte da população. O Obid, vinculado à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), apresentou aumento quanto aos entorpecentes mais conhecidos. Álcool, tabaco, maconha, cocaína, alucinógenos e esteroides estão entre eles. Várias outras estatísticas complementariam esses dados, como o aumento da violência doméstica, no trânsito, contra mulheres e crianças e índices de mortalidade entre os jovens. Apesar da desesperança que a sociedade vivencia nessa questão, o número de entidades e a qualidade das ações antidrogas vêm ganhando espaço em Dourados. Sete são as entidades registradas na Senad para a prevenção ou tratamento do problema. O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (Caps Ad) é uma das entidades municipais que desenvolve o trabalho de recuperação de usuários. O Centro, que dispõe de um clínico geral, um psiquiatra, uma enfermeira e duas psicólogas, realiza três formas de atendimento: tratamento intensivo, em que os pacientes vão todos os dias para o Caps; o semi-intensivo, em que vão cerca de três vezes por semana; e o atendimento individual, consultas esporádicas chegando a ser até três no mês para cada paciente. A busca por ajuda para largar o vício tem sido intensa. Levantamentos na entidade demonstraram que em agosto de 2009 a Instituição realizou 363 consultas individuais, manteve 33 pacientes no sistema intensivo e 16 no semi-intensivo. De acordo com Rosemeire Galindo, funcionária do Caps Ad, dos grupos que fazem um acompanhamento mais permanente (intensivo e semi-intensivo), a maioria tem como problema principal o alcoolismo, cerca de 77,5%. O restante, onze deles, estão envolvidos com outras drogas como maconha, crack e cocaína. Sabe-se ainda que 69,4% dos pacientes dos grupos permanentes são homens.

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Além do Caps Ad, sete entidades estão cadastradas na Senad como responsáveis pelo tratamento e prevenção de drogas na cidade de Dourados, sendo elas o Amor Exigente (com três grupos cadastrados), Desafio Jovem Peniel - comunidade terapêutica, Associação Maria Auxiliadora (AMA), Casa da Esperança e Centro de Apoio Psicossocial. Isso sem considerar os grupos e ONGs não cadastrados, dentre eles, o grupo dos narcóticos anônimos, que se reúne duas vezes por semana numa tentativa de se ajudar mutuamente. Para os que atuam na luta contra as drogas, a novidade deste segundo semestre de 2009 é a reativação do Conselho Municipal Antidrogas, que vem para unir forças às outras entidades. Desativado há três anos, segundo o coordenador da Casa dos Conselhos da Prefeitura de Dourados, João Pinheiro, o Conselho funcionou de 2002 a 2006. A nova equipe tomou posse no dia 23 de setembro, com 52 novos conselheiros – entre titulares e suplentes – representantes de órgãos como Polícia Federal, Polícia Militar (PM), Polícia Civil,

Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Corpo de Bombeiros, OAB, instituições de ensino superior, Ministério Público, Conselho Tutelar, igrejas e ainda integrantes do poder público. De acordo com a secretária de Assistência Social de Dourados, Itaciana Pires Santiago, “o Conselho tem como competência elaborar o plano da política municipal antidrogas, deliberar sobre essa política, normatizar, realizar campanhas permanentes a fim de dar visibilidade para o problema drogas e buscar soluções junto aos órgãos competentes para dar soluções no enfrentamento do problema”. Itaciana comemora a reativação do conselho, ao afirmar que o problema das drogas é grave e assola a sociedade, porém, enxerga possibilidades de renovar a juventude por meio da prevenção. “Eu acredito no ser humano e acredito nas superações de que somos capazes de realizar. Buscamos a efetivação da política de assistência social em nosso município, pensamos no cidadão como sujeito de direito e lutamos para que isso ocorra”, conclui a secretária. Pacientes do CAPS-Ad em oficina de artes

Precisando de ajuda? Narcóticos Anônimos Igreja N. Sra. de Fátima. Av. Weimar Gonçalves Torres. Quarta e sábado, das 19h30 às 20h30 Fone: (67) 8155-2282 Desafio Jovem Peniel - comunidade terapêutica Rua Eulália Pires, 2.660, Jd. Clímax Todos os dias, horário comercial Fone: (67) 3421-2625 Servi – Serviço de Esperança e Resgate à Vida - Amor Exigente Paróquia São João Batista, centro catequético - R. Bela Vista, 1.230, Jd. Água Boa Fone: (67) 3421-6897

Casa da Esperança Rua Major Capilé, 2.597, Centro Fone: (67) 3421-1848 Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas CAPS Ad Rua Hilda Bergo Duarte, 865, Centro Fone: (67) 3411-7778 Grevim – Grupo de Resgate e Esperança de Vida Melhor Amor Exigente Centro Catequético da Igreja São José Operário. R. Floriano Peixoto, 429, Centro Fone: (67) 3422-2728 y

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Efeito

tem

Crack relação com

violência Famílias de classe média e média alta também começam a sofrer com os trágicos efeitos da droga que atinge cada vez mais as camadas mais altas da sociedade por Marcos Santos

O

abalo psicológico e os gastos necessários para manutenção do vício são dois elementos do consumo do crack que potencializam o flerte do usuário com as ações criminosas. A maior parte dos usuários é formada por jovens de classes sociais mais baixas. “O indivíduo se isola num processo de embrutecimento absurdo e desumanização que gera rompimentos familiares, de trabalho e de escolaridade”, diz o coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Luis Sapori. “Isso gera um tipo de violência mais intensiva, consistente e perversa do que a cocaína e a maconha.” O psiquiatra Félix Kessler, que realiza pesquisas sobre o consumo de crack, confirma a relação preocupante entre o consumo de crack e a violência. “Os danos familiares, sociais e profissionais que essa droga causa, a violência que ela gera, levando às vezes o indivíduo para a criminalida-

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de, preocupam muito. Os pacientes se tornam mais agressivos e, no desespero do uso da droga, temos vistos meninos indo para criminalidade e meninas se prostituindo em troca da pedra”, relata Kessler. O coordenador do Núcleo de Pesquisa em Criminalidade, Violência e Políticas Públicas de Segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Luiz Ratton, acredita que o crack talvez seja a única droga disponível no mercado brasileiro que tenha relação direta com certos tipos de criminalidade. “O problema da disponibilidade de armas junto com o crack, nas áreas pobres, é muito grave. Não é só o crime contra a propriedade, mas o crime contra a vida. A combinação destes elementos é explosiva”, ressalta Ratton. A obsessão pelo consumo gerada pelo crack também preocupa policiais. “O usuário do crack faz o que for possível para comprar a droga. A droga domina o ser humano de uma forma que ele está pouco ligando se vai ser preso. Se não tiver uma repressão muito forte, repercute principalmente nos crimes contra o patrimônio”, diz o chefe da Coordenação de Repressão às Drogas da Polícia Civil do Distrito Federal, delegado João Emílio de Oliveira. Indícios da relação direta entre o crescimento do consumo de crack e o aumento dos índices de criminalidade nas localidades motivaram pesquisadores a colocarem como prioridade o desenvolvimento de estudos que garantam diagnóstico preciso do problema. “Quero fazer um grande estudo local e nacional para comprovar que o crescimento dos homicídios em várias regiões brasileiras não pode ser separado da entrada do crack nestas localidades”, afirma Sapori, da PUC Minas. Ele acredita que uma combinação de ações repressivas e preventivas eficientes contra o comércio e o uso de crack pode levar a uma redução do nível de homicídios no Brasil. Mas, por ora, as estruturas públicas se mostram aquém do desafio, a começar pela ausência de informações empíricas consistentes. “A polícia percebe o problema, mas ainda precisa compreender melhor o que se passa. Ainda sabemos pouco da relação direta do crack com a criminalidade. Os americanos já cuidaram disso nas décadas passadas. No caso brasileiro, é hora de fazer o mesmo, ou seja, estudar o problema do ponto de vista da saúde pública, da reinserção social e do tráfico”, alerta Sapori.

Classe Média Famílias de classe média e média alta também começam a sofrer com os trágicos efeitos do crack. Carla, 30 anos, mora com a tia e começou a usar droga aos 12 anos. Aos 28, veio a experiência com o crack: ela fugiu de uma clínica em São Paulo e comprou 20 pedras na cidade de Suzano. Com dois filhos, um de 11 anos e outro de 8, Carla tenta hoje se recuperar do vício: “O crack está na classe média e tem muita mulher usando. Está começando mais cedo. Hoje você encontra meninas de 14, 15 anos, já no fundo do poço”, conta Carla. Para saciar o desejo de consumir crack, Carla caiu na criminalidade. “Você começa a fazer coisas que fogem de todos os princípios. Não cheguei a me prostituir, mas cheguei a roubar. Eu trabalhava, mas meu dinheiro não dava.” Jéssica, 22 anos, experimentou o crack por influência de uma amiga. “O consumo de crack está crescendo em todas as partes. Antes não se ouvia falar de crack. Os traficantes vendiam somente maconha, cocaína e, às vezes, merla. Agora vendem e usam crack”, revela. Após seis internações, Jéssica se diz disposta a reescrever sua história. Ela tem

consciência de que as perdas não foram poucas com a experiência. “Deixei de estudar, de me formar, perdi um emprego no Ministério da Agricultura, bati o carro várias vezes. O efeito (do crack) dura menos, e a fissura é maior. Acaba de fumar, dá uns dois minutos e você fica desesperada querendo mais. Me envolvia com assaltante, traficante, prostitutas”, conta. G.P., 33 anos, é ex-usuário de drogas e tem origem numa família rica. Ele estima ter gasto mais de R$ 300 mil por causa do vício, especialmente, após passar a consumir crack. Perdeu carro, foi roubado e garante que o crack não é mais droga de pobre. “Hoje estou vendo playboy chegar de BMW para comprar pedra e depois terminar na rua doidão. Já vi gente vender até a porta de casa”, salienta. Márcia, 58 anos, mãe de um usuário de crack em tratamento, sentiu em casa a transformação do filho. “Ele era um cara limpo, arrumado, mas passou a ser uma pessoa que não se importava com nada. Parecia sempre deprimido. Cheque, bolsa e dinheiro não podia deixar em qualquer lugar. Eles vasculham tudo numa rapidez que ninguém entende”, conta. y

*Todos os nomes de usuários de crack que aparecem na reportagem são fictícios.

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Artigo

A VEZ

E A VOZ

da criança P ercebo no dia a dia do atendimento clínico fonoaudiológico, que raramente a criança chega ao consultório com a queixa de alteração da voz; grande porcentagem, acredito que por volta de 90%, apresenta a queixa principal como alteração na fala.

Pais, educadores, pediatras dão pouca importância às alterações vocais na infância, o que faz com que a incidência da DISFONIA (Distúrbios Vocais) na população pediátrica seja ainda controversa na literatura. As alterações da fala chamam mais a atenção e são uma preocupação de todos, enquanto as alterações na voz não representam preocupação, mas deveriam, pois elas podem interferir no comportamento social, emocional, comprometendo também o desenvolvimento pedagógico da criança. Uma criança que arrasta um problema vocal para a idade adulta tem, certamente, chances de escolha profissional mais reduzida. Estudos epidemiológicos realizados em escolas apontam uma incidên-

cia entre 6% e 23%, dependendo da localização da escola, aspectos variados e de uma série enorme de considerações metodológicas. Constata-se que 70% das crianças que são roucas, apresentam nódulo vocal, o pico de incidência ocorre em 5 e 10 anos de idade, sem diferença quanto ao sexo, embora se observe uma maior tendência no sexo masculino, provavelmente pela exigência social de um comportamento mais agressivo nesse sexo. Os fatores causais são diversos, podemos citar hábitos inadequados, fatores ambientais, físicos e psicológicos, estrutura de personalidade, inadaptação fônica e fatores alérgicos, entre outros. A disfonia infantil tem se constituído em um desafio para médicos e fonoaudiólogos, tanto no que se refere ao diagnóstico quanto ao processo terapêutico. As pesquisas, que têm por objetivo o conhecimento da produção da voz normal, e os avanços tecnológicos, que resultaram na utilização de fibras óticas para a visualização da laringe infantil, têm permitido compreender de forma mais plena tanto a anatomia como a fisiologia desse órgão infantil, que sabidamente não se consti-

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tui em uma “laringe adulta” em miniatura. Esses exames têm permitido precisar o diagnóstico e planejar um atendimento à criança com alteração vocal. É importante não só se preocupar com a criança que apresente dificuldades para falar, mas também com as crianças que apresentem um quadro de disfonia. É necessário conhecer, estar atento, é preciso diante de sintomas como uma rouquidão mais frequente, “veias” saltadas do pescoço, esforço vocal, que todos aqueles que têm contato mais próximo com a criança a encaminhem ao médico otorrinolaringologista ou procure o fonoaudiólogo, que são os profissionais aptos a conduzirem orientações e o tratamento adequado dos distúrbios vocais. Diante disso, o autoconhecimento vocal ganha importância, assim como adquirir comportamentos que levem ao uso correto e a preservação da voz pela criança. A voz é um meio essencial de comunicação e um instrumento precioso de trabalho, portanto merece atenção e carinhos especiais. y

*Ademir G. Baena é fonoaudiólogo, Conselho Regional de Fonoaudiologia. 0176/MS; especialista em voz.

Ademir Baena *

Oportuno, quando neste mês de outubro se comemora o Dia da Criança, comentarmos sobre um assunto muito pouco divulgado, muito pouco conhecido: a voz da criança. A voz é uma produção sonora emocional, expressa nossos sentimentos, nossos anseios, nossas emoções, revela saúde e outras características. É uma das extensões mais fortes da nossa personalidade.


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SOS Meio Ambiente

Apenas 0,4% dos mares brasileiros é protegido, porcentagem muito inferior à média mundial de 1%, que já é insuficiente para a recuperação da biodiversidade

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ceanos

Brasileiros O

Greenpeace entrevistou 40 especialistas em oceanos, entre membros do governo, representantes de ONGs e pesquisadores acadêmicos ligados ao tema em todo o País, para saber o que deve ser feito com urgência para impedir que a degradação que já atinge as florestas também se estenda aos oceanos. Todos concordam num ponto: os desafios são muitos e urgentes. Com base nas informações levantadas, o Greenpeace Brasil elaborou o relatório “À Deriva - Um Panorama dos Mares Brasileiros”, dividido em quatro temas prioritários: Áreas Marinhas Protegidas, Estoques Pesqueiros, Clima e Política Nacional. O mar quando quebra na praia é bonito, mas também poluído e degradado em termos de biodiversidade e recursos pesqueiros. Os oceanos, que cobrem mais de 70% da superfície do planeta e são fundamentais para o seu equilíbrio climático, estão agonizando em praia pública. E apesar de todos os sinais do iminente colapso, pouco ou nada se faz para evitar essa catástrofe. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que, no curto e médio prazo, 20% dos oceanos sejam protegidos com a adoção de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs), subindo para 30% no longo prazo. Devido ao estado precário dos mares, o Greenpeace defende uma proteção ainda maior – 40%, baseado em estudos realizados por renomados cientistas. No entanto, apenas 1% dos oceanos mundiais está protegido atualmente. No Brasil, a situação é ainda pior: 0,4% dos 4,3 milhões de quilômetros quadrados de mar sob jurisdição brasileira está sob os cuidados de unidades de conservação federais. As Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) são a melhor ferramenta para proteger a biodiversidade dos oceanos e garantir a reposição de seus estoques pesqueiros. Essa é a opinião de especialistas consultados pelo Greenpeace durante a elaboração do diagnóstico sobre a atual situação dos oceanos no Brasil. Com as AMPs, são garantidos benefícios ecológicos e econômicos daí a urgência para que elas sejam implementadas o quanto antes.


Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, é preciso criar uma rede que inclua áreas altamente protegidas, com proibição da pesca, e outras (mais amplas) mais flexíveis, em que há o manejo sustentável dos recursos marinhos - tanto da pesca quanto do turismo. Por isso é fundamental que a sociedade pressione o governo brasileiro para que se invista na criação de AMPs nos mares nacionais, implemente para valer, fiscalize as já criadas e garanta recursos humanos e financeiros para a administração dessas unidades de conservação. “A imensidão do mar sempre deu a sensação que o mundo tem uma fonte inesgotável de comida logo ali, no litoral. Não é bem assim. Apenas 10% dos oceanos são produtivos em termos de pesca, os 90% restantes são quase desérticos. Mas ainda assim deles são retirados boa parte do sustento alimentar. O problema é que tiramos e tiramos recursos do mar, sem dar tempo para ele se recompor. E de onde tudo se colhe e nada se planta, tudo pode acabar”, alerta Leandra Gonçalves, coordenadora da Campanha de Oceanos do Greenpeace Brasil. Ela lembra que segundo dados do governo brasileiro, 80% dos recursos marinhos enfrentam problemas devido à exploração excessiva, sem critérios e, muitas vezes, irregular. Não à toa a produção de pescado no País cresce lentamente e, no caso de algumas espécies como a sardinha, tainha, camarão e corvina, chegou ao limite do colapso. “Ou encontramos meios sustentáveis de exploração, ou vamos sentir saudades daquele peixinho frito dos fins de semana”, avisa. Outro problema sério da atividade pesqueira é a pesca incidental. Diversas espécies, como tartarugas, golfinhos, albatrozes, são capturadas e mortas sem necessidade devido ao uso de redes de arrasto e outras técnicas ultrapassadas de pesca. É preciso um ordenamento sério e eficaz da atividade para evitar a pesca incidental, incluindo aí a conscientização dos empresários do setor e também dos pescadores de comunidades costeiras. “Com a campanha de Oceanos, o Greenpeace quer colaborar para encontrar soluções viáveis e eficazes para essa crise pesqueira que ameaça a todos nós. Para isso é preciso, além de ordenar adequadamente a atividade pesqueira, incentivar a criação de mecanismos de certificação do pescado, desestimulando a captura ilegal; cobrar uma fiscalização eficiente da pesca; informar e conscientizar a população sobre o problema; e pressionar o governo para que medidas sejam tomadas para evitar o colapso dos recursos pesqueiros nacionais”, orienta Leandra Gonçalves.

Aquecimento Não se fala de outra coisa: o aquecimento global está aí e tem causado inúmeros problemas no planeta. Mas o que não se comenta é o papel fundamental dos oceanos nessa história toda. São eles o grande amortecedor climático do planeta e vêm acomodando a variação da temperatura desde os tempos da Revolução Industrial (século 18). Mas para tudo há um limite e este chegou também para os oceanos. Eles já estão absorvendo CO2 demais e segurando boa parte do calor produzido pelo homem no planeta. Agora a tendência é o mar, que cobre 71% da superfície da Terra, se expandir. Com isso, as áreas costeiras dos países, onde vivem boa parte da população mundial, estão sob grande risco de inundações – em alguns casos mais graves, até de desaparecer. A vida de milhões de pessoas está em xeque. “Ou redobramos nossa atenção e agimos o quanto antes para combater o aquecimento global ou teremos sérios problemas mais adiante com o aumento do nível do mar. Sim,

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porque os oceanos demoram a sentir os efeitos desse aquecimento, mas, uma vez iniciados, são difíceis de serem parados”, explica a coordenadora da Campanha de Oceanos do Greenpeace Brasil. O superaquecimento dos mares não afetará apenas as comunidades costeiras, mas também a fauna marinha, causando grandes impactos ambientais e socioeconômicos, com a significativa redução dos estoques pesqueiros. Além disso, há o risco de intensificação de eventos climáticos extremos, como furacões e enchentes. No Brasil, a história não é diferente. São 42 milhões de brasileiros vivendo ao longo dos 8.698 quilômetros de costa e diretamente ameaçados por uma possível elevação dos mares. “E temos que levar em conta ainda os custos econômicos que o problema geraria ao País com os danos causados às cidades

litorâneas - cinco das quais metrópoles à beira-mar como Belém, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador, onde vivem 22 milhões de pessoas”, alerta Leandra Gonçalves. O que podemos fazer para enfrentar esse problema? Muita coisa! Um pouquinho de ação de cada um já é uma enorme contribuição para frearmos o aquecimento global e evitar o aumento do nível do mar. E são muitas as frentes que exigem a nossa colaboração:

• Parar com a destruição das florestas;

• Troca da energia suja (petróleo, carvão, nuclear, grandes hidrelétricas) por energia limpa (solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas); • Economia de energia; • Mais transporte coletivo e bicicleta, menos automóveis; • Evitar o desperdício de água; • Sistemas eficientes de drenagem urbana, coleta

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e tratamento de esgoto; • Uso racional de água e energia em residências; • Recuperação de áreas verdes nas cidades e mata ciliar à beira de rios e nascentes; • Comprar madeira certificada.

Fiscalização O Brasil tem uma Secretaria de Pesca (Seap), um Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um Ministério do Meio Ambiente (MMA), a

Marinha, mas... Quem cuida do mar, afinal? Ninguém sabe, nem os integrantes dos órgãos citados. O descaso brasileiro em relação ao mar é por falta de uma organização na gestão, ausência de governança e falta de prioridade. São vários setores do governo cuidando da mesma questão e deixando várias outras à deriva. E uma coisa puxa a outra: há confusão na hora de determinar quem cuida do que, no planejamento e, consequentemente, também na execução dos projetos. Com cada órgão puxando a sardinha pro seu lado, ninguém sai do lugar. Os oceanos precisam ser pensados de forma integrada, pois nenhuma das áreas a serem discutidas (pesca, poluição, ordenamento costeiro, reservas marinhas, turismo, extração mineral, entre outras) pode ser abordada isoladamente - uma influencia a outra. “Some-se à confusão do governo a falta de informação por parte da população em relação à situação do mar, temos então a fórmula perfeita para a sua acelerada degradação. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, feita a pedido do Greenpeace, os oceanos não estão entre as principais preocupações dos brasileiros em relação ao futuro do planeta - apenas 17% aponta-


ram a questão como prioridade”, esclarece Leandra Gonçalves. Se a sociedade não vê os oceanos como prioridade nacional, como pressionar o governo para que resolva problemas sérios ligados ao colapso dos estoques pesqueiros ou implantação de áreas marinhas protegidas? “Esse é um dos motivos pelos quais o Greenpeace lançou a campanha de Oceanos, para mostrar à população brasileira a importância do mar para a sociedade e para o planeta”, ressalta. “Mais do que isso, temos que revelar a situação precária atual dos oceanos e quais os impactos diretos que isso tem para a vida das pessoas”, conclui a coordenadora da Campanha de Oceanos do Greenpeace Brasil.

Especialistas Preocupado com as condições dos mares brasileiros, o Greenpeace Brasil reuniu alguns dos mais renomados pesquisadores do País para realizar um diagnóstico detalhado das questões relacionadas ao bioma marinho. Foram abordados temas como pesca, poluição, ordenamento costeiro, reservas marinhas, turismo, extração mineral e os impactos das mudanças climáticas. O trabalho, que também incluiu uma pesquisa de opinião pública para identificar as preocupações do brasileiro sobre o tema, resultou neste relatório. Trata-se de um panorama da conservação dos nossos mares, cuja principal conclusão é: os oito mil quilômetros da costa brasileira precisam de proteção urgente. “A falta de informação da sociedade, detectada na pesquisa, resulta em uma baixa cobrança do governo que, aliada à falta de coordenação entre os órgãos públicos de gestão, transforma nossos mares em um bioma completamente à deriva”, enfatiza Leandra Gonçalves. O relatório “À Deriva – Um Panorama do Mar Brasileiro” tem como objetivo fornecer informações e subsídios para

tornar os indivíduos mais informados e engajados na luta pela preservação dos mares. Os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra e são fundamentais para todas as formas de vida que aqui habitam. No imaginário da maioria das pessoas, os mares são apenas sinônimos de praia, feriado e diversão e não sofrem influências das ações do dia a dia. Mas não é bem assim. Os oceanos são responsáveis por 50% do oxigênio que respiramos. Eles nos fornecem alimentos, energia, água, sal, entre outras matérias-primas importantes, além de meios de locomoção. E como eles são fundamentais para o equilíbrio climático da Terra, o planeta inteiro sentirá as consequências de qualquer mudança marítima. Pesquisas científicas demonstram que os processos de circulação dos oceanos e dos ventos estão interligados, e ambos

são responsáveis por regular a temperatura da Terra. “Qualquer alteração na temperatura da atmosfera afeta os oceanos de várias maneiras, e estes influenciam de volta a atmosfera”, afirma Ilana Wainer, professora do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Dentre as diversas ameaças do aquecimento global para a humanidade, uma está diretamente ligada a esses processos: a elevação do nível do mar. Ilana ressalta que nos últimos 150 anos, esse aumento alcançou 1,5 a 2 milímetros por ano e, a partir do ano 2000, praticamente dobrou. O Brasil tem muito a temer. Se o aquecimento global não for contido, cidades como o Rio de Janeiro e Recife, por exemplo, enfrentarão sérios problemas com o avanço do mar. Além disso, projeções de cenário futuro mostram que podem ocorrer furacões tropicais na costa brasileira – o primeiro, em 2004, atingiu cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, matando 11 pessoas e causando destruição em dezenas de municípios. y

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Educação

Uma Cidade

Universitária Mais de 10% da população douradense está envolvida de alguma forma com o mundo acadêmico; juntas, as quatro universidades oferecem mais de 80 cursos superiores e abrem quase 5 mil vagas todos os anos

U

ma cidade que tem, em média, um Professor Doutor para cada grupo de 455 habitantes, quando a média nacional é um Professor Doutor para cada grupo de 5.500 pessoas, não poderia caminhar para outro rumo senão o da excelência em Ensino Superior. Assim é Dourados, município que vai ofertar cerca de cinco mil vagas nos vestibulares apenas neste fim de ano. Juntas, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Faculdades Anhanguera e Faculdade Teológica Batista Ana Wollerman vão oferecer mais de 80 cursos superiores. Com a aproximação da temporada de processos seletivos, a Haley traz informações sobre as universidades e destaca os principais cursos em cada uma delas. Hoje, cerca de 10% da população douradense tem algum tipo de envolvimento com a Cidade Universitária, ou seja, quase 20 mil pessoas. A Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) vai ofertar 27 cursos, dentro de nove grandes áreas do conhecimento, para o vestibular 2010, onde serão oferecidas 1.465 vagas. Desse total, 25% serão destinadas aos candidatos que cursaram, com aprovação, a totalidade de seus estudos no Ensino Médio em escola pública. As provas serão realizadas no dia 10 de janeiro, no período matutino e vespertino, nas cidades de Dourados, Campo Grande, Ponta Porã, Corumbá, Três Lagoas, Nova Andradina, Naviraí, Aquidauana, Paranaíba, Coxim, Amambai,

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Bataguassu, Jardim, Cassilândia e Mundo Novo. Para se inscrever no Vestibular UFGD 2010, será obrigatório o uso do CPF. Mais informações estão disponíveis através do Disque Vestibular 3427-2587 ou pelo e-mail: vestibular@ufgd.edu.br. A reitoria da UFGD enfatiza que todos os cursos têm a sua importância não só para a comunidade acadêmica, mas para o contexto regional, de compromisso com o desenvolvimento econômico, social e cultural da região da Grande Dourados. Entre os cursos destacados pela instituição, está Engenharia de Produção, que em julho deste ano obteve o conceito máximo 5 (em uma escala de 1 a 5 com múltiplos critérios), após passar pelo processo de avaliação in loco executado por uma comissão de especialistas designada pelo Ministério da Educação. O curso foi implantado em 2006 e visa a contribuir para o desenvolvimento da região. A modalidade é considerada uma das mais promissoras da Engenharia e tem papel de destaque na atração e no fomento às empresas. Já o curso de História da UFGD recebeu recentemente do Inep/MEC também conceituação máxima de 5 pontos, dentro do Conceito Preliminar de Curso (CPC), que leva em consideração a formação dos alunos, dados sobre o corpo docente, infraestrutura e as práticas pedagógicas da instituição. E ainda conceito 4 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), considerado acima da média, já que no País uma em cada três graduações avaliadas teve nota ruim (conceitos 1 e 2), considera-


dos desempenhos insatisfatórios. O curso de Ciências Biológicas (Biologia) da UFGD teve a proposta do Programa de Educação Tutorial (PET) 2009 aprovada em quinto lugar na concorrência nacional. Através do projeto, haverá a construção dos eixos temáticos de forma a garantir um trabalho integrado e com troca de experiência entre os membros do grupo PET com a população local e a população dos assentamentos, buscando formas de assegurar a sustentabilidade do uso da biodiversidade no bioma Cerrado e a geração de renda em consonância com a conservação dos recursos naturais. O aluno vivencia experiências ainda por muito desconhecida, como por exemplo, a realidade dos assentamentos. A proposta ainda prepara o aluno para o exercício profissional de forma crítica, ética e consciente, desenvolvendo a cidadania dos integrantes. O 27 cursos oferecidos pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) são os seguintes: Administração, Agronomia, Artes Cênicas, Biotecnologia, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Sociais (Bacharelado), Direito, Economia, Educação Física, Engenharia Agrícola, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Energia, Engenharia de Produção, Geografia, Gestão Ambiental (Bacharelado), História, Letras, Matemática (Licenciatura), Medicina, Nutrição, Pedagogia, Psicologia, Química (Bacharelado), Relações Internacionais, Sistemas de Informação e Zootecnia.

Unigran O Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) abre, na segunda quinzena de outubro, as inscrições para o vestibular que acontece em novembro e que vai ofertar vagas em 26 cursos. Um dos destaques é o curso de Direito, coordenado pelo professor Joe Graef. O curso está pautado no estudo e na difusão das Ciências Jurídicas e Sociais, no plano epistemológico (perspectiva interpretativa) e metodológico (diálogo e pluralidade). O curso forma operadores do Direito para o exercício da profissão em todas as suas dimensões, capacitando para o entendimento das finalidades do Direito, com a procura da Justiça e sem apego exagerado às formas legais. O curso de Direito da Unigran oferece ferramentas para o aluno

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interpretar as leis na forma prevista no Código Civil Brasileiro, isto é, fazendo sua aplicação para atender seus fins sociais e as exigências do bem comum. Além disso, permite ao acadêmico de Direito uma formação geral e humanística calcada nos princípios que regem o Estado Democrático e de Direito, respeitando os fundamentos inseridos na Constituição Federal. Dois cursos se destacam na área da saúde na Unigran: Odontologia, coordenado pela professora Pollyana Borges, e Enfermagem, que tem na coordenação a professora Érika Kaneta Ferri. O primeiro tem por finalidade precípua formar profissionais técnica, científica, humanística, crítica e eticamente competentes para atuar como um profissional generalista, tendo como preocupação a programação da saúde bucal da população. Já o curso de Enfermagem oferece formação capaz de proporcionar condições para uma aprendizagem técnica, científica, política, humanística ética que habilite o profissional à utilização de todas as suas potencialidades como enfermeiro generalista, na solução de problemas pertinentes

nicação Social (Publicidade & Marketing), Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia. A Unigran oferece ainda cursos tecnológicos em Produção Agrícola; em Estética e Cosmética e em Produção Publicitária.

à enfermagem. O curso capacita o profissional para o desempenho das funções assistenciais, administrativas e educacionais no que tange à prestação de assistência de enfermagem ao ser humano nos aspectos preventivos, curativos e de reabilitação; à administração de serviços de Enfermagem de instituições hospitalares, empresariais e de saúde coletiva; o planejamento, coordenação, execução e controle de Programas de Saúde. Os cursos oferecidos pelo Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) são os seguintes: Direito, Serviço Social, Ciências Exatas e da Terra, Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Artes Visuais, Letras, Matemática, Pedagogia, Administração, Administração de Agronegócios, Ciências Contábeis, Comunicação Social (Jornalismo), Comu-

no próximo vestibular. Destes cursos, a Anhanguera destaca a Agronomia, que é diurno e tem duração de 5 anos. Seu corpo docente é composto em sua maioria por professores mestres e doutores. As aulas práticas acontecem nos laboratórios, casa de vegetação, viveiros e nas estufas de hidroponia do campus. Além disso, os alunos podem contar com a Fazenda Escola, que possui uma área de 120 hectares e comporta aulas práticas, projetos de pesquisa e experimentos de alunos e professores. A Fazenda Escola também atende os alunos do curso de Medicina Veterinária, em aulas práticas com animais de grande e médio porte. O curso conta com a completa infraestrutura do Hospital Veterinário para aulas práticas, projetos e estágios. O curso de Medicina Veterinária das Facul-

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Anhanguera As Faculdades Anhanguera de Dourados oferecem nove cursos presenciais, sendo eles: Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Comunicação Social – Hab. Publicidade e Propaganda, Medicina Veterinária, Psicologia, Relações Internacionais, Tecnologia em Gestão Financeira e Tecnologia em Produção Multimídia. Além de 10 cursos da Interativa: Administração; Ciências Contábeis; Enfermagem; Letras, Pedagogia; Serviço Social; Gestão de Recursos Humanos; Logística; Marketing; Gestão de Serviços de Saúde; Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas. Todos estes cursos serão oferecidos

dades Anhanguera de Dourados também tem duração de 5 anos e conta com um corpo docente de alta qualificação, formado em sua maioria por professores mestres e doutores. Dentre os cursos presenciais oferecidos no noturno, a Anhanguera Dourados destaca o curso de Administração. Com duração de 4 anos, o curso recebe grande procura em todos os processos seletivos realizados pela instituição. Seus alunos contam com corpo docente qualificado e atividades complementares como minicursos e palestras organizadas pela coordenação. O curso é pensado com a preocupação de oferecer aos seus alunos uma visão sistêmica das atividades inerentes ao administrador, o que possibilitará ao profissional uma amplitude de seu campo de trabalho. Para o ano letivo de 2010, as Faculdades Anhanguera de Dourados oferecerão 60 vagas para cada curso, com exceção do curso de Administração, que abrirá 120 vagas. As inscrições para o processo seletivo se estendem até o dia 4 de novembro e podem ser feitas através do site www.vestibulares.br. O Processo Seletivo Principal

acontecerá no dia 8 de novembro.

UEMS

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) oferta 20 cursos apenas no campus de Dourados e outros 32 espalhados pelas unidades de Amambai, Aquidauana, Campo Grande, Cassilândia, Coxim, Dourados, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba e Ponta Porã. No vestibular que será aplicado no dia 6 de dezembro, a Uems vai disponibilizar 2,3 mil vagas, sendo 1.610 gerais, 460 da cota reservada para negros e 230 da cota para índios. As inscrições serão feitas exclusivamente pela internet e as unidades da Uems vão disponibilizar aos candidatos acesso à rede para o preenchimento da fi-


cha e impressão do boleto. A taxa é de R$ 60 e o ensalamento poderá ser consultado a partir do dia 20 de novembro, através do site do vestibular. Dentre as principais novidades que a Uems traz para o Vestibular 2010, que será realizado em 6 de dezembro, os cursos tecnológicos ganham destaque. São eles: Tecnologia em Alimentos (Naviraí), Tecnologia em Horticultura (Ivinhema), Tecnologia em Produção Sucroalcooleira e Tecnologia em Agroecologia (ambos em Glória de Dourados). Os cursos tecnológicos da Uems, além de serem novos e gratuitos, buscam atuar diretamente junto às áreas que estão recebendo investimentos no Estado e prometem movimentar a economia dessas regiões. Os cursos de Turismo com ênfase em Ambientes Naturais da Uems são ofertados nas Unidades Universitárias de Dourados e Jardim, passam a ter quatro anos de duração, a partir deste vestibular. No entanto, é no enfoque das grades curriculares que está a diferença. Segundo o volume dez da Revista do Turismo, no Brasil, apenas 13 Universidades possuem ênfase em meio ambiente, dessas, só seis são públicas. Proporcionar esse curso é aumentar as oportunidades dos egressos no mercado de trabalho, uma vez que cada vez mais se têm buscado profissionais capacitados que lidam com as questões ambientais com vistas à sustentabilidade.

O curso de Ciência da Computação destaca-se devido à sua relevância para o mercado de trabalho, já que nessa época de acelerada evolução tecnológica o desenvolvimento de softwares é uma demanda essencial em todas as áreas de atuação. No curso, procura-se acentuar a formação em desenvolvimento de softwares, especialmente científicos e aplicativos, com ênfase em metodologias de pesquisa

científica, projeto e desenvolvimento de teorias e ferramentas para ambientes computacionais. Mais informações sobre os 52 cursos da Universidade, acesse www. uems.br. No campus de Dourados, a Uems oferece os cursos de Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Direito, Enfermagem, Engenharia Ambiental (novo), Engenharia Física (novo), Física (Matutino), Física (Noturno), Letras (Português/Espanhol), Letras (Português/Inglês), Matemática, Normal Superior, Normal Superior Indígena, Pedagogia, Química (Noturno), Química (Vespertino), Química Industrial, Sistemas de Informação, Turismo (Matutino) e Turismo (Noturno).

Matemática Coxim Ciências Biológicas Glória de Dourados Geografia Tecnologia em Agroecologia (novo) Tecnologia em Produção Sucroalcooleira (novo) Ivinhema Ciências Biológicas Tecnologia em Horticultura (novo) Jardim Geografia Letras - Português/Inglês Turismo

Cursos oferecidos pela Uems nas unidades

Maracaju Administração Pedagogia

Amambai Ciências Sociais História

Mundo Novo Ciências Biológicas

Aquidauana Agronomia Engenharia Florestal Zootecnia Campo Grande Geografia (novo)

Letras Hab. Português/Inglês (novo) Letras Hab. Português/Espanhol (novo) Normal Superior Normal Superior Indígena Pedagogia Tecnologia de Alimentos (novo) Cassilândia Agronomia Letras - Português/Inglês

Naviraí Direito Química Tecnologia de Alimentos (novo) Nova Andradina Computação - Licenciatura (novo) Letras - Português/Inglês

Matemática Paranaíba Ciências Sociais Direito Pedagogia Ponta Porã Administração Ciências Contábeis Ciências Econômicas y

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Educação a Distância

ENSINO de

OPORTUNIDADE

São mais de 5 mil polos presenciais e 2,5 milhões de estudantes que aproveitam a educação a distância para concluir um curso superior

D

e um lado, baixo custo e comodidade de fazer o seu tempo de estudo. Do outro, gosto pela leitura, compromisso e disciplina. Características fundamentais da Educação a Distância (EAD), modalidade de ensino que caminha a passos largos no Brasil. Entre 2003 e 2006, os cursos de graduação e pós-graduação cresceram 571%. Em 2007, outro levantamento mostrou que o número de alunos avançou 356% em três anos, sendo que 73% em escolas particulares. São mais de 2,5 milhões de estudantes de EAD em todo o País. Para quem não sabe, o sistema surgiu na Alemanha em 1890. Logo após, inúmeros países adotam a EAD como uma opção a mais para ministrar cursos em nível médio, técnico, universitário e, de pós-graduação. A Inglaterra foi o primeiro País a instituir a “Universidade Aberta” (Open University). Ela conta com 40 mil alunos em 180 países, mas no ranking das melhores instituições que oferecem a EAD estão ainda Oxford e Cambridge. No Brasil, a implantação da Educação a Distância ocorreu em 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Nesse período, constituíram-se os primeiros cursos superiores já regulamentados pelo Ministério da Educação (MEC), mas quem não se lembra do Telecurso 2000, dos cursos oferecidos pelo Instituto Nacional Brasileiro ou por via correspondência e até mesmo pelo rádio? O que começou assim, hoje é considerado por especialistas a democratização do conhecimento intelectual e o acesso à educação de forma mais fácil. Basta apenas um computador com acesso à internet ou uma televisão e telefone para que o aluno conquiste o seu diploma sem sair de casa.

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O curso de Pedagogia oferecido pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) foi um dos primeiros a ser autorizado pelo MEC a funcionar como graduação a distância no Estado, oferecido em quatro cidades: Bela Vista, Camapuã, São Gabriel e Coronel Sapucaia. Em Dourados, o Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) foi pioneiro nesta modalidade de ensino. O diretor Marcelo Koche conta que a instituição aderiu ao sistema em 2005 com 10 cursos de graduação e pós-graduação. “Quatro anos depois oferecemos 17 cursos e levamos educação a cada canto do Brasil, além da Europa e Japão, onde também existem polos da Unigranet”. Koche explica que as aulas acontecem em um ambiente virtual. O aluno acessa as aulas disponíveis em vídeo, visualiza o conteúdo de cada disciplina, responde às atividades, interage com o professor e com os outros alunos, usando as ferramentas de fórum ou chats. Além disso, o acadêmico recebe também um material impresso, chamado Guia de Estudo, com o conteúdo das aulas disponíveis na internet. “Apenas a avaliação no final de cada módulo é presencial e realizada nos polos presenciais”. O sistema oferecido pela Universidade Anhanguera é um pouco diferente, como explica a coordenadora Valéria Bleyer. “Os alunos matriculados no sistema Interativo vêm até o polo e assistem quatro horas/ aulas transmitidas via satélite em tempo real. Um professor tutor presente na sala é o mediador para eventuais dúvidas ou questionamentos. Além disso, também são oferecidas atividades semanais”. O sistema Interativo Anhanguera começou com três cursos e hoje somam 14. Na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), a modalidade a distância está sendo implantada com o projeto pedagógico de pós-graduação em Gestão Pública Municipal. A iniciativa é vinculada ao programa nacional de formação de administradores e é parte de um projeto institucional de fomento à EAD, que contempla a aquisição de recursos tecnológicos e a capacitação profissional para atuação na modalidade. Outra universidade pública que também abre as portas para EAD é a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que oferece 100 vagas para a graduação, exclusiva de professores em exercício nas redes públicas (estaduais e municipais) no Estado. Está prevista a graduação em Pedagogia, na modalidade presencial, com polo

em Dourados e graduação em Informática, na modalidade a distância, com polo na cidade de Eldorado. São 50 vagas por ano e até 2011 serão oferecidas ao todo 614 vagas, das quais, 150 vagas são para cursos a distância. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, até março deste ano foram registrados 5.636 polos de apoio presencial – local que é considerado o ‘braço operacional’ onde o estudante tem acesso a biblioteca, laboratório de informática, atendimento de tutores – veiculados a 145 instituições credenciadas ao MEC. “Está mais que provado que o ensino a distância pode ser oferecido com excelência. Por isso, existe a preocupação de imperdir que os alunos matriculados sejam prejudicados por instituições ainda mal estruturadas”. E foi visando à qualidade que no ano passado o MEC desativou 1.337 polos. A fiscalização apontou irregularidades, como ausência de coordenadores, falta de laboratórios de informática e de bibliotecas. De acordo com o secretário de EAD, Carlos Eduardo Bielschowsky, a medida foi tomada porque os locais “estavam muito abaixo da crítica”. De janeiro a março deste ano, foram avaliadas 13 instituições que concentram um maior número de estudantes, todas apresentaram algum tipo de deficiência. Elas representam 12% do total e concentram 61% dos estudantes de graduação a distância.

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Instituições Credenciadas Dourados

Campo Grande

Universidade Anhanguera

Universidade Anhanguera

POLO PRESENCIAL: Av. Presidente Vargas,1775 – Vila Progresso CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 29/11/2010)

POLO PRESENCIAL: R. Ceará, 333 – Miguel Couto CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 29/11/2010)

Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) POLO PRESENCIAL: R. Balbina de Matos, 2121 – Jd. Universitário CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 29/11/2010)

Centro Universitário de Campo Grande (Unaes) POLO PRESENCIAL: R. Fernando Corrêa, 1800 – João Rosa Pires CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 22/11/2010)

Universidade Paulista

Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)

POLO PRESENCIAL: Av. Marcelino Pires, 1201 – Centro CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 09/11/2009)

POLO PRESENCIAL: Av. Tamandaré, 6000 – Jd. Seminário CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Processo de Recredenciamento)

Universidade Anhembi Morumbi

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

POLO PRESENCIAL: R. Antônio Emílio de Figueredo, 1755 - Centro CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Até 29/12/2010)

POLO PRESENCIAL: R. UFMS (Entrada de Campo Grande) CREDENCIAMENTO: Oferta de graduação e pós-graduação lato sensu (Processo de Recredenciamento) (Fonte: MEC/Inep)

Mesmo assim, pesquisa realizada pelo MEC aponta que, em uma escala de 0 a 100, a EAD obteve a média de 47,5. Nota que não é considerada alta, mas que prova que este sistema, gradativamente, conquista o seu

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espaço no País. “Percebemos este avanço quando analisamos as notas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os alunos de EAD se saíram melhor em sete das 13 áreas analisadas, explica Bielschowsky.


CURSO

PRESENCIAL

Administração Biologia Ciências Contábeis Ciências Sociais Filosofia Formação de professores Geografia História Letras Matemática Pedagogia Turismo

Cerca de 80% dos jovens brasileiros estão fora de uma universidade. Os motivos são vários, quase sempre envolvem condições financeiras ou a falta de conciliação do trabalho com o estudo. Este é o público que a EAD quer atingir, pois as mensalidades são até 50% mais baixas e existe a flexibilidade de horário nos cursos. Diferencial que atrai muita gente a voltar a estudar. Fredis Saldivar é um deles. O jovem acadêmico de Produção Publicitária tem experiência tanto no presencial como no a distância. “Comecei minha graduação no sistema tradicional, mas por não conseguir conciliar trabalho e estudo, acabei perdendo um semestre do curso. Para recuperar o tempo perdido, estou fazendo as matérias a distância e vejo vantagens, pois tenho uma flexibilidade de ho-

37,71 32,67 34,97 41,16 32,50 42,82 39,04 38,47 35,71 31,68 43,35 46,34

rário e a mensalidade também é um forte atrativo”. Entretanto, a aparente facilidade requer muito mais esforço. É preciso disciplina, iniciativa e uma boa dose de autonomia. Exigências que explicam a prevalência de alunos mais velhos e que já estão no mercado de trabalho como relata o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) Frederic Litto. “O estudante que pensa em fazer um curso a distância não pode ser dependente de professor, por isso, quem escolhe a EAD são, normalmente, pessoas acima de 25 anos. Essa forma de aprender não é para todos”. Segundo um levantamento feito em 140 instituições, só 22% dos estudantes têm menos de 24 anos. Apesar deste perfil, as taxas de eva-

EAD 37,99 32,79 32,59 52,87 39,62 41,52 32,58 31,60 33,05 34,16 46,09 52,26

são são maiores na EAD do que no presencial. Nos telecursos, por exemplo, às vezes é de 60%. Há redução na internet, mas em menor escala, porque o contato entre os alunos nos fóruns estimula muitas vezes o estudante a continuar. Há quem torça o nariz para esta modalidade de ensino, então se você é um deles, fique sabendo que os cursos a distância, desde que reconhecidos e autorizados pelo MEC, têm plena validade para todos os fins legais. O que significa que o diploma tem a mesma validade que o do presencial. E para aqueles que tinham medo de fazer uma graduação a distância, não perca mais tempo, garanta uma formação acadêmica ou especialização sem sair de casa. y

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História

32 anos de

conquistas

Mato Grosso do Sul completa mais um aniversário de criação e renova as esperanças de consolidar um Estado cada vez melhor para morar, trabalhar e construir o futuro 58 | outubro • 2009 | haley

N

o mês em que comemora 32 anos de criação, o Mato Grosso do Sul renova as esperanças da sua população em ver consolidado o projeto de um Estado moderno, desenvolvido e com políticas públicas capazes de atender as necessidades sociais de toda uma sociedade. A história dessa jovem Unidade da Federação começou a ser escrita ainda em 1889 quando alguns políticos corumbaenses divulgaram um manifesto no qual propunham a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá, mas ganhou força em 1932, quando a população e as lideranças políticas do Sul de Mato Grosso aderiram à revolução constitucionalista e deram asas à ideia da divisão que vinha desde o início do século, mas esbarrava-se na forte resistência da região Norte do Estado.


Alguns fatores, como a sistematização da pecuária, o desenvolvimento socioeconômico das vilas e cidades, a exploração da erva-mate pela Companhia Matte Larangeira e a ligação entre o Sul de Mato Grosso e São Paulo, marcaram a origem do movimento divisionista, que pode ser dividido em quatro grandes fases que acompanham a evolução histórica do Estado no período republicano. A primeira fase, de 1889-1930, é marcada pela formação das oligarquias sul-mato-grossenses que lutam pelo reconhecimento da posse da terra. A partir de 1920, com a transferência do comando da Circunscrição Militar para Campo Grande e o aumento do contingente militar no sul de Mato Grosso, as oligarquias sulinas decepcionadas com as antigas alianças, aliamse ao militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local. Outro reflexo das viagens ferroviárias é a vinculação do sul de Mato Grosso com a economia paulista e o consequente desenvolvimento das cidades exportadoras de gado, particularmente Campo Grande, e a transferência do eixo econômico Cuiabá-Corumbá-Rio Paraguai para Campo Grande. A segunda fase, de 1930-1945, é o período em que o movimento começa a organizar-se; as lutas armadas, gradativamente, são substituídas por pressões políticas junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossenses aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. A terceira fase vai de 1945 a 1964. Após a deposição de Getúlio Vargas, o novo presidente da República é o general Eurico Gaspar Dutra, que era mato-grossense de Cuiabá. Ele adota uma política de redemocratização do País, a qual reforça a política de integração nacional que incentiva a manutenção da unidade estadual. A quarta fase é de 1964-1977. O golpe de 31 de março de 1964 põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Os militares, buscando um maior controle dos problemas da sociedade, adotam a política do desenvolvimento com segurança, o que permitiu a criação de programas que facilitaram o desenvolvimento de alguns Estados, entre eles Mato Grosso. Conta a história que em 1975, a Associação dos Diploma-

dos da Escola Superior de Guerra (ADESG) aprovou a tese intitulada “Divisão Político-Administrativa de Mato Grosso”, reforçando a tese do desmembramento. A decisão do Governo Federal sobre a criação de um novo Estado foi comunicada pelo presidente Ernesto Geisel ao governador José Garcia Neto em 4 de maio de 1977 e a nova Unidade seria chamada de Estado de Campo Grande. Contudo, a lei aprovada pelo Congresso Nacional, em 14 de setembro de 1977, e sancionada pelo presidente da República, no dia 11 de outubro do mesmo ano, mudou o nome para Mato Grosso do Sul, com Campo Grande sendo capital. O MS foi instalado em janeiro de 1979, tendo como primeiro governador o engenheiro Harry Amorim da Costa. Na ocasião, o presidente Ernesto Geisel acentuou que a criação de Mato Grosso do Sul significava o reconhecimento de uma realidade econômica e social, destacando no novo Estado a extraordinária vocação para o desenvolvimento agropecuário e agroindustrial, em função de Dourados e das grandes possibilidades agrícolas do cerrado. Para alguns historiadores, o Estado de Mato Grosso do Sul nasceu naturalmente da dualidade geográfica, histórica, administrativa e cultural existente nos primórdios do Estado de Mato Grosso, em que o norte e sul encontravam seus próprios caminhos. A criação se deu na concepção de que seria um Estado modelo na sua organização administrativa, o que fatalmente o transformaria em um novo modelo econômico, por conta de suas potencialidades, bem como suas vocações naturais. Foi assim que em 11 de outubro de 1977, através da Lei Complementar n.º 31, criou-se o Mato Grosso do Sul, um dos Estados que compõem a região Centro-Oeste, fazendo divisa ao norte com Mato Grosso e Goiás; ao sul com o Paraguai e o Estado do Paraná; no leste com os estados de São Paulo e Minas Gerais; e no centro-oeste, fazendo fronteira com Paraguai e Bolívia. A extensão de fronteira com a Bolívia é de 386 km, com o Paraguai é de 1.131 km, perfazendo um total de 1.517 km. A altitude está compreendida entre 80 m (no município de Corumbá) e 1.065 m (Morraria de Urucum). O Estado ocupa posição de destaque em extensão territorial, perdendo apenas para o Amazonas, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. Possui uma área de 357.124,96 km², representando 22,23% em relação ao Centro-Oeste e 4,19% em relação ao Brasil. O Pantanal em Mato Grosso do Sul abrange uma área de 89.318 km², com 25,01% da área do Estado, composto pelos municípios de Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Sonora e Bodoquena. Com relação aos recursos minerais, destacamse argila, basalto, manganês, ferro, calcário (maior reserva do País), granito, mármore, areia e cascalho, cobre, pedras britadas, quartzo, calcita, filito e outras pedras naturais. O território estadual conta com quatro mesorregiões geográficas, 11 microrregiões geográficas, 78 municípios e 88 distritos, tendo como capital a cidade de Campo Grande. Desde a instalação, em 1º de janeiro de 1979, Mato Grosso do Sul foi governado por Harry Amorim Costa (01/01/1979); Londres Machado (13/06/1979 a 30/06/1979); Marcelo Miranda Soares (30/06/1979 a 20/10/1980); Londres Machado (28/10/1980 a 07/11/1980); Pedro Pedrossian (07/11/1980 a 15/03/1983); Wilson Barbosa Martins (15/03/1983 a 14/05/1986); Ramez Tebet (14/05/1986 a 15/03/1987); Marcelo Miranda Soares (15/03/1987 a 15/03/1991); Pedro Pedrossian (15/03/1991 a 01/01/1995); Wilson Barbosa Martins (01/01/1995 a 01/01/1999); José Orcírio Miranda dos Santos (01/01/1999 a 31/12/2006); André Puccinelli (01/01/2007 até os dias atuais). y

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Primeiro e

Comportamento

Único

A família brasileira vem se resumindo a pai, mãe e filho. O que nos anos 90 era uma para cada dez mães a opção por apenas um filho, hoje, o índice é de uma para cada três mulheres 60 | outubro • 2009 | haley

E

les são tachados de mimados, egoístas e tratados como o reizinho da casa. Tudo porque a ideia de ter apenas um filho é seguida cada vez mais pelos casais. Foi-se a época que família feliz era sinônimo de família numerosa. O que na década de 1990 era uma em cada dez mães que tinha apenas um filho. Hoje, o índice mudou para uma em cada três. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a família brasileira tem, em média, menos de dois filhos. Números bem diferentes se comparados com os anos 70, quando era registrada uma taxa de 5,76 filhos por mulher. A estimativa é que esse índice passe a ser 1,5 filho entre os anos 2027 e 2028 no Brasil. E a opção de ter apenas um herdeiro é mais comum entre a classe média e alta. Quanto maior a escolaridade e a renda, menos filhos ou nenhum os casais vão ter. Ser filho único é ter todas as expectativas dos pais concentradas nele, havendo, às vezes, o desejo de perfeição, que fazem com que vivam com sentimentos de insegurança e ansiedade. “E quando isso não ocorre, os pais, por trabalharem o dia inteiro,


tentam compensar a ausência com uma superproteção oferecendo presentes e fazendo todas as vontades da criança”, como explica a psicóloga Caryne Gnutzmann. E além das preocupações de dar carinho e afeto, os pais querem, acima de tudo, proporcionar conforto e boa educação aos filhos e isso gera um custo, como mostra o estudo realizado pelo professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP) Fabio Gallo Garcia. Em 2007, um filho de classe média gastava, apenas em educação, em torno de R$ 400 mil, do berçário à faculdade. “Não tenho estimativas de gastos com saúde e alimentação, mas se há um segundo filho, apesar de a família reaproveitar alguns itens, as despesas também podem dobrar”, afirma. Desta forma, além da falta de tempo e os altos custos financeiros, outros motivos como baixas taxas de fecundidade, ingresso da mulher no mercado de trabalho e a disseminação dos métodos contraceptivos têm levado à opção do filho único. Pois bem, pais que assumem essa condição enfrentam situações de vida, de criação, tão complexas quanto aqueles que optaram por dois, três, quatro filhos. Mas lembre-se, a criança necessita de mimos, entretanto, se oferecida em excesso é provável que afete o seu desenvolvimento social. “Todos nós sabemos que o pai quer o melhor para o filho, mas a superproteção pode fazer dessa criança uma pessoa individualista”, diz Gnutzmann . Por isso atenção, o fato de ser filho único não define sozinho o futuro de uma criança, pois sua evolução é como a de qualquer outra e depende da educação dada pelos pais. O grande problema é que muitos pais não conseguem dizer não ao filho, como explica a psicóloga Caryne. “Na tentativa de agradar, os pais acabam cedendo aos gostos do filho, mas se isso sempre acontecer, ele vai crescer acreditando que terá tudo ao alcance, e com facilidade. E é bem provável que essa criança torne-se um adulto problemático”, explica a psicóloga. É uma tarefa difícil, mas os pais precisam mostrar disciplina e estabelecer limites. Atitudes que devem nortear a educação dada aos filhos únicos e que resultam em sociabilização, e é na escola que isso acontece, pois é onde ocorre a convivência diária com outras crianças, e quando ele irá perceber que é necessário respeitar o espaço e a individualidade dos outros amiguinhos. Além disso, essa convivência prepara-o para uma possível vinda de um irmão. Ele saberá dividir o quarto, brinquedos e a atenção dos pais. Se isso ocorrer quando o primogênito tiver entre 7 a 12, é recomendado diálogo para que o novo membro da família não seja visto como inimigo, mas sim como um novo amigo. Encontrar o equilíbrio para ajudar o filho está nas mãos dos pais. Se o amor e a atenção forem dados na dose certa, ele será criado como se tivesse muitos irmãos.

Como agir?  Respeite a individualidade e personalidade da criança;  Não tente suprir desejos e frustrações com a desculpa de ser filho único;  Não subestime a capacidade da criança;  Estabeleça limites e regras disciplinares;  Incentive a convivência com outras crianças, especialmente as de mesma idade.  Pais precisam ser figuras valorizadas, até idealizadas pelo filho. Assim sendo, precisam ser pessoas completas, não apenas mãe e pai.  Ensine seu filho a lidar com frustração, a tolerar espera e a adiar satisfação de desejos. Ele precisa aprender a considerar os desejos e as necessidades alheias, para que possa fazer trocas afetivas com as outras pessoas.  Evite a convivência exagerada com adultos.  O filho se torna superprotegido pelos pais, pois todas as atenções estão voltadas, exclusivamente para ele. Se esquecer um casaco, os pais levam; se esquecer um caderno, os pais levam. Faz-se necessário, às vezes, no seu esquecimento, que os pais deixem o filho arcar com as consequências da distração. Assim, ele começará a lembrar mais de suas coisas e de suas responsabilidades. y

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Saúde

Obrigado por

não fumar A fumaça inalada pelo fumante passivo é altamente cancerígena e permanece na circulação sanguínea por 48 horas; em 2010, o fumo deve matar seis milhões 64de | outubro • 2009 | haley pessoas em todo o mundo


É proibido fumar, diz o aviso que eu li...” Já dizia a música do rei Roberto Carlos, mas o que ele não podia imaginar é que 45 anos depois de compor a letra, ela seria tão atual e resumiria um assunto que está em pauta no momento: fumar ou não em lugares fechados. Apesar de polêmico e de gerar discussões acaloradas, o fato é que o tabaco é a segunda droga mais consumida no mundo, principalmente, entre jovens e isso acontece devido às facilidades e estímulos para obtenção do produto, entre eles o baixo custo. Atualmente, são cerca de 1,2 bilhões de fumantes em todo o mundo, sendo que 38 milhões vivem no Brasil. É por isso que o cigarro é a principal causa de morte; segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente cerca de 4,9 milhões de pessoas vão a óbito. A previsão é que em 2010 o fumo deve matar seis milhões de pessoas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 200 mil mortes por ano sejam decorrentes do tabagismo. Um único cigarro possui mais de quatro mil substâncias, entre elas a nicotina que atinge o cérebro em menos de 20 segundos e é a responsável por aquela sensação de prazer. A combinação de gás carbônico, monóxido de carbono, amônia, benzeno, tolueno, alcatrão, ácido fórmico, ácido acético, chumbo, cádmio, zinco, níquel, dentre muitas outras substâncias encontradas no cigarro, são as responsáveis pelo desenvolvimento de doenças como câncer de pulmão e boca, doenças coronarianas, má circulação sanguínea, enfisema pulmonar, bronquite crônica, derrames cerebrais, úlceras, e impotência sexual. E quanto aos malefícios causados aos chamados fumantes passivos? De acordo com o pneumologista Sérgio Ricardo dos Santos, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), para o organismo não importa de onde vem a fumaça inalada. “Por isso o fumante passivo pode desenvolver as mesmas doenças, mesmo sem ter acendido um único cigarro na vida”. Segundo especialistas, a fumaça que sai da ponta do cigarro é altamente cancerígena, pois ela não é filtrada e permanece no sangue por 48 horas. Estudo realizado pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) comprovou que pessoas não-fumantes que sofrem exposição

regular à fumaça têm concentração de monóxido de carbono compatível com cidadãos fumantes. • 35,9% – são considerados fumantes

• 18% – fumantes leves (que consomem menos de um maço de cigarros por dia) • 15% – fumantes médios (menos de dois maços de cigarros diários • 2,29% – fumantes pesados (mais de dois maços por dia). (Fonte: Cratod) Imagine uma manhã de trabalho em um escritório onde várias pessoas fumam. Situação muito comum, não é? Mas o que você não sabe é que a concentração de nicotina no sangue de uma pessoa que não fuma pode atingir níveis de como se tivesse fumado de três a cinco cigarros. Assim, uma pessoa que nunca fumou, mas trabalha há mais de 20 anos com pessoas que fumam tem queda na capacidade respiratória igual a uma pessoa que fuma dez cigarros por dia. Em vários países do mundo, o fumo passivo é considerado problema de saúde pública. Na Europa, estima-se que 79% das pessoas estão expostas à fumaça, enquanto, nos Estados Unidos, são cerca de 90% de fumantes passivos. Pesquisa da Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira principal causa de morte no país.

relação clara entre o fumo e o câncer de cólon. Asma - A fumaça pode piorar a asma em crianças. Predisposição ao Fumo - As filhas de mulheres que fumavam durante a gravidez têm quatro vezes mais probabilidade de fumar também. Leucemia - Suspeita-se que o fumo cause leucemia mieloide. Contusões em Atividades Físicas - Segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos, os fumantes têm mais probabilidades de sofrer contusões em atividades físicas. Memória - Doses altas de nicotina podem reduzir a destreza mental em tarefas complexas. Depressão - Psiquiatras estão investigando evidências de que há uma relação entre o fumo e a depressão profunda, além da esquizofrenia. Suicídio - Um estudo feito entre enfermeiras mostrou que a probabilidade de cometer suicídio era duas vezes maior entre as enfermeiras que fumavam. Outros perigos a acrescentar à lista Câncer da boca, laringe, gargantas, esôfago, pâncreas, estômago, intestino delgado, bexiga, rins e colo do útero; derrame cerebral, ataque cardíaco, doenças pulmonares crônicas, distúrbios circulares, úlceras pépticas, diabetes, infertilidade, bebês abaixo do peso, osteoporose e infecções dos ouvidos. Pode-se acrescentar ainda o perigo de incêndios, já que o fumo é a principal causa de incêndios em residências, hotéis e hospitais. (Fonte: Ministério da Saúde)

PRINCIPAIS DOENÇAS Câncer de Pulmão – 87% das mortes por câncer de pulmão ocorrem entre os fumantes. Doenças Cardíacas - Os fumantes correm um risco de 70% maior de apresentar doenças cardíacas. Câncer de Mama - As mulheres que fumam 40 ou mais cigarros por dia têm uma probabilidade 74% maior de morrer de câncer de mama. Deficiências Auditivas -Os bebês de mulheres fumantes têm maiores dificuldades em processar sons. Complicações do Diabetes - Os diabéticos que fumam ou que mascam tabaco correm maior risco de ter graves complicações renais e apresentam retinopatia (distúrbios da retina) de evoluções mais rápidas. Câncer de Cólon - Dois estudos com mais de 150.000 pessoas mostram uma

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Leis antifumo se multiplicam Depois que passou a ser proibido fumar em território paulista, leis semelhantes já foram aprovadas em diversos lugares do Brasil. Entretanto, este assunto não é novidade. Existe uma lei federal nº 9.496 de 1996 que proíbe fumar em recintos coletivos, privados e públicos, desde que haja espaços destinados, exclusivamente, para os fumantes. Em São Paulo, a lei que entrou em vigor em 7 de agosto é um pouco diferente da lei existe, já que proíbe, inclusive, os fumódromos, tanto em ambientes de trabalho como bares e restaurantes. Pela nova determinação, não é mais permitido fumar em áreas de uso coletivo que são entendidas como locais total ou parcialmente fechados, onde haja permanência ou circulação de pessoas. É permitido fumar apenas em locais de culto religioso, em que o uso

Poder destrutivo

200

150

US$

do cigarro faça parte do ritual. Em um mês de vigor da lei antifumo, a Vigilância Sanitária e o Procon de São Paulo multaram198 estabelecimentos que desrespeitaram a proibição do uso do fumo. O valor da multa é de R$ 1 mil, em caso de reincidência, o valor é dobrado. As mesmas determinações foram aprovadas em Curitiba e Belém. O Rio de Janeiro também aprovou novas regras que proíbem fumar em qualquer lugar público ou fechado. Entretanto, é permitido em quartos de hotéis e em encenações teatrais e gravações para cinema ou TV. As multas variam de R$ 3 mil a R$ 30 mil. Em Minas Gerais, que aprovou a lei em primeiro turno na Assembleia Legislativa (AL), as regras são mais brandas. A nova determinação prevê que em ambientes fe-

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chados e de uso coletivo o fumo é permitido, desde que haja lugares isolados por uma barreira física e arejada. Salvador e Maranhão implantaram também a lei antifumo, mas ainda estão em fase de orientação e conscientização junto à população. Em Mato Grosso do Sul, a lei existe há um ano, porém, nunca saiu do papel. Criada em 2005 pelo presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos, a lei proíbe o uso do cigarro em locais públicos ou particulares, onde ocorra o trânsito ou a permanência de pessoas, tais como elevadores, garagens, estabelecimentos comerciais, ônibus e bibliotecas, em todo o território do Estado. É permitida a instalação de salas destinadas aos fumantes, desde que sejam abertas ou ventiladas e atendidas as recomendações oficiais quanto às medidas de prevenção de incêndios.

milhões de pessoas morrem por ano no mundo por causa do tabagismo

mil pessoas morrem todos os anos no Brasil por causa do tabagismo

milhões por ano são gastos com internações na rede pública

Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS), Secretatia Mundial de Saúde de São Paulo e Cartilha do Empreendedor do SESI e da Fiesp.

90% dos cânceres de pulmão 80% das bronquites crônicas e enfisemas pulmonares

% dos acidentes 30vasculares cerebrais estão relacionados ao fumo

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Os males do cigarro Considerado uma droga, o tabaco afeta a saúde e é responsável por inúmeras doenças • A nicotina é o princípio ativo do tabaco, usado nos cigarros e seus derivados como charutos. Considerada uma droga, a exemplo da cocaína e do crack, a nicotina age na região do cérebro relacionada com o prazer.

4

• A nicotina causa rápida dependência e alterações fisicas, emocionais e comportamentais nos usuários. Ela entra na corrente sanguínea pelos pulmões e entre 7 a 19 segundos chega ao cérebro.

1 O sangue do fumante tem alta concentração de monóxido de carbono e por isso é mais grosso em relação ao sangue normal

A fumaça do cigarro possui 4.600 substâncias, sendo que 40 delas são cancerígenas

3

1

2

50

doenças graves estão relacionadas ao tabaco

1

Câncer de boca, língua e pulmão

2

Enfisemas pulmonares

3

Parada cardíaca

4

Derrame cerebral y

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Turismo de pesca

Peixe para todos os

anzóis

Faltando pouco menos de um mês para o início da piracema, turistas de todo o Brasil devem invadir os rios de MS em busca de pintados, dourados, cacharras, jaús, piraputangas, curimbatás e outras espécies

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C

om a aproximação da piracema, período de defeso dos peixes que habitam os rios do Estado, o Mato Grosso do Sul começa a se preparar para receber milhares de turistas de todo o Brasil que buscam nossos rios para desfrutar do turismo de pesca. Algumas cidades, como Bela Vista, portão de entrada para o Rio Apa, Miranda, Pedro Gomes, Porto Murtinho, Coxim, Aquidauana e, é claro, Corumbá, estão prontas para receber os pescadores que prometem explorar os rios do Estado até o dia 3 de novembro, quando deve começar a piracema. Os municípios de Pedro Gomes e Coxim, por exemplo, estão investindo pesado no setor. A novidade são as Chalanas, que além de possuírem placas de educação ambiental, levam os turistas para que realizem a pesca esportiva. Como regra, os menores e os maiores peixes são devolvidos à água, limitando o abate a peixes de tamanho intermediário, para consumo durante a pescaria. Em Bela Vista, a atração são os pesqueiros insta-


lados às margens do Rio Apa e de seus afluentes. O destaque fica para o Bacuri do Apa, localizado na fronteira com o Paraguai e que oferece aos turistas, além de um dos rios com maior potencial piscoso de Mato Grosso do Sul, atrativos como apartamentos com ar-condicionado, TV, frigobar e área de camping, onde o turista pode montar acampamento e desfrutar de quiosques com churrasqueiras, pias, energia elétrica e toda infraestrutura. Acesse www.bacuridoapa.com.br e confira tudo que o pesqueiro oferece. Em Corumbá, o turismo de pesca está consolidado. A cidade conta com uma importante frota de barcos para pesca amadora fluvial, oferecendo conforto, segurança e atendimento personalizado. O Pantanal é um atrativo à parte, com a sua exuberância, belezas e a diversidade das espécies. A Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo (Acert) explica que, de março a outubro, o setor injeta cerca de R$ 30 milhões na economia do município. Já entre os meses de novembro a fevereiro, época da piracema e de manutenção e reforma das embarcações, são injetados aproximadamente, R$ 9,5 milhões. O setor emprega diretamente mais de 4.500 pessoas e movimenta ainda aproximadamente 560 profissionais liberais para a manutenção das empresas e embarcações, tais como mecânicos, eletricistas, encanadores, costureiras, marceneiros, soldadores, pintores, entre outros. Ainda de acordo com os dados da Acert, as 20 empresas associadas fecharam para este ano 254 grupos, ou seja, cerca de 4 mil pessoas vão passar por Corumbá até o fim da temporada. “O turismo de pesca é o único produto que nós vendemos e podemos entregar. Faça chuva, faça sol, o Rio Paraguai é navegável. Cada pescaria é uma história, por isso 70% dos nossos turistas sempre voltam”, explica o empresário Luís Martins. Para ele, o turismo de pesca melhorou quase 100%. “Tivemos momentos em que 90% do turismo eram de contemplação e apenas 10% de pesca, devido às dificuldades de logística, perdemos este mercado. Hoje a realidade que vivemos é inversa, 90% são de pesca e apenas 10% de contemplação. Acredito que em Corumbá há espaço tanto para o turismo de pesca, quanto para o ecoturismo”, afirma. A frota de Corumbá é composta por mais de 30 barcos que somam mais de 600 leitos. A frota é submetida a rigorosas vistorias efetuadas pela Capitania dos Portos do Pantanal. Vistoria em seco onde são inspecionados os cascos das embarcações e vistoria flutuando, na qual são analisados segurança, salvatagem, máquinas, combate a incêndio, luzes de navegação e rádio-comunicação. Os barcos oferecem um pacote de cinco dias, onde estão inclusos, camarotes com banheiro privativo, ar-condicionado, alguns com frigobar, refeitório com ar-condicionado, TV, DVD, karaoquê, aparelho de som, antena parabólica e bar.

Pescador exibe pintado fisgado no Bacuri do Apa

ESTUDO O Pantanal tem 263 espécies identificadas de peixes, que se aventuram em saltos fora d’água, exibindo a beleza ao sol. Essa paixão de ambientalistas e pescadores brasileiros deve ganhar um estudo detalhado, com um levantamento ecológico de toda região. A meta é pesquisar meios para exploração do turismo de pesca, com a garantia de reprodução natural da fauna aquática, criando uma tese para cada uma das principais espécies. O desenvolvimento sustentável da área — geração de renda, com preservação à natureza e respeito à comunidade — faz parte do Programa Pantanal, um acordo do governo federal e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Estão sendo pesquisados três grandes rios: Paraguai, Cuiabá e Taquari. Também entraram no levantamento

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os grandes lagos que se conectam aos rios. Há lagoas no Pantanal que são tão grandes que aviões monomotor chegam a voar até 30 minutos para percorrer todo o seu tamanho. Estão sendo estudados os principais peixes do Pantanal, como pintado, dourado, cachara, pacu, piraputanga, piavuçu, barbado, jaú, curimbatá, tuvira e mussum. A média de captura de peixes é de 145 mil toneladas no Mato Grosso do Sul, sendo 60% pela pesca esportiva. No ano passado, passaram 1,6 milhão de turistas pelo Estado. Eles costumam ficar quatro dias e gastam, em média, US$ 120 por dia. A estimativa do Estado é que 40% deles sejam atraídos pela pesca. O Pantanal, a maior planície inundável do mundo, tem 138

mil quilômetros quadrados, com 65% do território em Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso. Está localizado em área de influência dos rios que drenam a Bacia do Alto Paraguai. Essa bacia tem 396 mil quilômetros quadrados. Com duas estações distintas: chuvosa e seca. O Rio Paraguai e seus afluentes percorrem o Pantanal, formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo para peixes, jacarés, capivaras, ariranhas. Muitos animais ameaçados de extinção em outros locais do Brasil ainda têm populações vigorosas nessa região, como a capivara. O tuiuiú também. É a ave característica da região, de pernas longas, com corpo branco e bico comprido preto.

Turista posa com dourado fisgado no Rio Miranda

LEGISLAÇÃO A atividade de pesca nos rios sul-mato-grossenses é entendida como uma atividade de lazer e, portanto, não deve ser predatória. No entanto, todo o turista e mesmo o cidadão nativo tem o direito de praticar a pesca desde que respeite algumas medidas legais que visam à conservação dos recursos pesqueiros. São elas:  Obedecer o tamanho mínimo e cota para captura das espécies;  Respeitar o período da piracema;  Passar pelos postos da Polícia Militar Ambiental (PMA) para vistoriar e lacrar o pescado. O pescador deverá estar munido da Autorização Ambiental para Pesca Desportiva. O formulário está disponível nas agências do Banco do Brasil no MS. Também pode ser obtido via Internet através do site www.sema.ms.gov.br. A autorização permite, juntamente com o selo turismo, a captura e o transporte do pescado (desde que sejam obedecidos os tamanhos mínimos de captura, a cota e período de pesca). Obrigatoriamente, o pescador deve se dirigir a um posto da Polícia Militar Ambiental

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para lacrar e declarar seu pescado, quando receberá uma Guia de Controle de Pescado. Na pesca desportiva só é permitida a utilização de embarcações da classe recreio. Para a pesca subaquática, são necessárias a Autorização Ambiental de Pesca Desportiva e filiação a uma associação de pesca dessa modalidade.

APETRECHOS PERMITIDOS Linha de mão, molinete, caniço, carretilha, anzol e iscas vivas ou artificiais.

APETRECHOS PROIBIDOS  Rede, tarrafa, anzol de galho, espinhel, cercado, covo, pari, fisga, gancho, garateia, arpão, flecha, substâncias explosivas ou tóxicas. Também é proibida a pesca pelo processo de lambada, com equipamento elétrico, sonoro, luminoso ou qualquer outro aparelho de malha.  Não será permitida a prática da pesca embarcada com motor ligado em movimento circular (cavalo-de-pau).


PENALIDADES  Sanções administrativas: multas de 100 a 10.000 Uferms, além da apreensão do pescado, dos instrumentos, apetrechos, equipamentos, veículos de qualquer natureza embarcações utilizadas na infração (Art.32, itens II e III Lei 1826/98-MS);  Sanções penais: em caso de flagrante delito por pesca predatória, ou mesmo transporte, armazenamento e beneficiamento de pescado oriundo de pesca predatória, detenção e multa;  Ação civil pública: reparação de danos.

Grupo de turistas se prepara para pesca no Pantanal

LOCAIS DE PESQUE E SOLTE ÁREAS DE RESERVA DE PESCA PERMANENTE

 Rio Negro: trecho situado na confluência do Rio Negro com Córrego Lajeado, localizado próximo à cidade de Rio Negro, até o brejo existente no limite oeste da fazenda Fazendinha, no município de Aquidauana.

 200 metros acima (montante) e abaixo (jusante) das barragens, corredeiras, cachoeiras, escadas de peixes e embocaduras das baías.

 Rio Perdido: em toda sua extensão, compreendendo os municípios de Bonito, Jardim, Caracol e Porto Murtinho.

 Bacia do Rio Taquari: (acima da Ponte Velha da cidade de Coxim).

 Rio Abobral: em toda sua extensão, compreendendo os municípios de Aquidauana e Corumbá.

 Rio Taquari, Rio Ariranha, Rio do Peixe, Rio Claro, Rio Jauru, Rio Jauruzinho, Rio Coxim, Rio Santo Antônio, Rio Manso.

 Rio Vermelho: em toda sua extensão, município de Corumbá.

 Bacia do Rio Aquidauana (acima da Ponte Velha que liga as cidades de Aquidauana e Anastácio); Rio Aquidauana, Rio São João, Rio Viradouro, Rio Bareiro, Rio Cachoeirão, Rio Vermelho, Rio Dois Irmãos, Rio Taquarussu e Rio Engano.

 Rio Salobra e Córrego Azul – Município de Miranda

 Bacia do Rio Miranda (acima da Ponte Velha da cidade de Miranda que dá acesso ao município de Bodoquena); Rio Miranda, Rio Betione, Rio do Peixe, Rio Nioaque, Rio Bacuri, Rio Mimoso, Rio Formoso, Rio Canindé, Rio da Prata, Rio Verde, Rio Desbarrancado, Rio Santo Antônio e Rio São Francisco.

 Proibida a pesca de qualquer natureza (menos a científica) nos seguintes cursos:  Rio da Prata e Rio Formoso – Município de Bonito OBS: Nestes rios é permitida a navegação somente com motor 4 tempos, de potência até 15Hp. Para obter autorização, basta acessar o site da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (www.sema. ms.gov.br). Nele, você vai obter informações de como preencher o cadastro para solicitação do guia de pesca. y

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No balanço dos audiolivros O

Artigo

Isabela Schwengber *

Há tempos, a cadeira se foi e há mais de uma década meu pai também não está mais aqui. Mas as viagens pelos livros continuam, porém embalados por outros ritmos. A aventura ao mundo literário agora começa com o apertar da tecla play e as tramas dos textos são conduzidas pelos sons. Você ainda não experimentou essa nova sensação? Bem-vindo ao universo dos audiolivros. Criado para a inclusão de deficientes visuais, o audiolivro acabou conquistando uma fatia de público bem mais ampla. Esses dias li que um em cada quatro livros vendidos nos Estados Unidos é de áudio. Com um mercado consolidado em outros países, os audiolivros tiveram crescimento significativo nos últimos anos no Brasil. Novas editoras especializadas e maior espaço nas livrarias têm feito diferença nas vendas. Estima-se que hoje 2,9 milhões de brasileiros leiam ou escutam obras literárias em áudio, segundo uma pesquisa recente do Instituto Pró-Livro sobre o comportamento do leitor brasileiro. Uma experiência bacana em audiolivros eu conheci na Biblioteca Pública de Joinville, a maior cidade de Santa Catarina. Lá, o setor braile é responsável pela gravação de livros didáticos para estudantes com deficiência visual dos ensinos médio e superior. Para os livros de literatura, a biblioteca recebe o acervo em CD da Fundação Dorina Will para Cegos, maior produtora de material em braile e audiolivros do Brasil. Já para o material didático, a biblioteca conta com 12 voluntários para a gravação. Para aqueles que têm o privilégio de enxergar, eu ainda questiono se a percepção de uma obra é a mesma em áudio. Sinceramente, sou de uma geração que acha insubstituível o prazer da leitura no aconchego do sofá (ou da cadeira de balanço). Mas acredito que a inovação do formato áudio está em possibilitar novos e inesperados contatos com a literatura.

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s sons e as cores da primavera me lembram meu pai. Ele era fascinado pela beleza das flores e do canto dos pássaros, e hoje me dou conta de que sem o seu jardim a casa da minha infância não teria o mesmo aconchego. No voo das minhas lembranças, senti saudade da cadeira de balanço que lhe demos de presente em 1989, se não me falha a memória. Por uns três anos ela embalou minhas viagens ao espaço, a ilhas desertas, tramas policiais ou qualquer outra história da coleção Vagalume, cuja lista de títulos eu me gabava ter lido quase inteira.

Portanto, tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer que os audiolivros têm lá os seus pontos positivos. O primeiro deles é permitir que a experiência possa ser compartilhada em tempo real. Numa viagem longa, por exemplo, você pode “ler” ao som do rádio do carro ao mesmo tempo em que seus amigos. O livro narrado também é um bom aliado nos engarrafamentos, nas viagens de ônibus (ainda mais pra quem enjoa quando lê em veículos), na academia, na praia, nas atividades domésticas. E você ainda pode receber a obra em seu aparelho de celular. Outro fator é o acesso. Como a produção e a distribuição dos audiolivros

são de custo mais baixo do que os livros impressos, o produto final fica mais em conta para o consumidor – sem falar das obras gratuitas na internet. Dessa forma, os audiolivros entram de forma definitiva no mercado e colaboram para diminuir graves problemas de inclusão literária que encontramos em nosso País. Por fim, reconheço que tempo é produto em falta no mercado da modernidade e os audiolivros trazem informações de forma mais prática e rápida. Em tempos de tão pouca leitura e do individualismo crescente, compartilhe uma leitura e se deixe conduzir pelo som dos audiolivros. E viva a inclusão. Em todos os sentidos. y

*Jornalista, autora de “Quando o MST é notícia”, editora UFGD.


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Divã

Olhar psicológico sobre a velhice

Para o estabelecimento de uma velhice saudável, faz-se necessário o entendimento que o envelhecimento é um processo construído ao longo da vida

O

tema sobre o cuidado com o idoso tem sido cada vez mais importante e frequente nas discussões e produções acadêmicas, assim como na prática dos atendimentos ambulatoriais e clínicos. Existe uma necessidade de preparação dos profissionais na área da saúde, especialmente da Psicologia, para lidar com essa demanda.

Isso permite que os profissionais cheguem mais perto do ser idoso, não focando o sintoma ou a doença, mas o ser em sua totalidade. É necessário perceber o valor da presença do idoso na família e na sociedade, pois ele representa a memória viva de uma história, assim como possui um papel unificador da família. A saúde é um processo em criação. É a capacidade de enfrentar as situações e obstáculos, transformando-as em condições ou realidades mais satisfatórias para si mesmo.

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“O cliente que procura o terapeuta vem muitas vezes sentindo-se angustiado, ansioso, com uma sensação de vazio e falta de graça em sua vida, mas, muitas vezes, não tem realmente contato com o que lhe faz sentir-se assim, mas quando tem, não consegue mobilizar-se para agir de forma a atender à suas necessidades”, conclui a psicóloga Ediles Vieira Cintra. “. Por exemplo, a pessoa pode sentir-se solitária, mas não conseguir ir em busca de um contato humano que lhe seja acalentador. Quando isso acontece, a energia dos pensamentos e as emoções estão provavelmente presas em situações inacabadas do passado, são experiências antigas que ficam como imagens fixas no presente, impedindo o fluxo livre e criativo de percepção e resposta a situações novas. Como se o indivíduo usasse um óculos que colorisse qualquer perspectiva presente ou futura com as cores das experiências passadas. Assim, no exemplo da pessoa solitária, experiências passadas doloridas, negativas e frustrantes podem estar revestindo de desesperança a perspectiva de qualquer movimento em busca de outro caminho. A função da terapia é, sobretudo, a de ajudar o indivíduo a poder instalar ou restaurar um fluxo de interação criativa com o mundo, ampliando, assim, sua abertura para a vida. Esse processo consiste na integração do indivíduo com o meio em

que vive, e nesse processo ele permite-se estar centrado em si, sem culpar os outros ou as circunstâncias pela sua realidade pessoal; assumindo a responsabilidade por sua existência, permitindo-se ser aquele ou aquela que pode ser no momento presente, dependendo de suas capacidades, aptidões, potencialidades e de seus contatos, permitindo-se, então, ser e viver a sua vida como ser único, singular, em sua forma de estar no mundo. “E isso é válido, especialmente, para a pessoa que está vivenciando de perto o seu processo de envelhecimento ou a sua velhice”, enfatiza a psicóloga. “Nessa fase tão significativa da vida, que coroa toda uma existência, em que as preocupações com a saúde e o que se convencionou chamar de qualidade de vida exercem uma pressão crescente”, ressalta Ediles Vieira Cintra. Quando, como nos dias atuais: valoriza-se ao extremo a beleza física e a juventude; limita-se o campo e o espaço econômico e social do idoso; desvaloriza-se o idoso como pessoa com desejos, necessidades, gostos, sentimentos, talentos, história de vida e objetivos por alcançar próprios; propõe-se papéis familiares e sociais sem realmente ouvir. Para o estabelecimento de uma velhice saudável, faz-se necessário o entendimento de que o envelhecimento é um processo, que é construído ao longo da vida e que vai se tornando mais e mais perceptível à


medida que o ser humano vai avançando em idade. “Então, tudo o que o indivíduo acumulou de vivências e o que ele faz, pensa, sente, expressa, a velhice nos aspectos biopsicossociais”, comenta. Em outras palavras, um saudável processo de envelhecimento proporcionará uma velhice saudável. A criação de conhecimento e de crescimento, aprendizagem, descoberta do seu potencial, de ver o que está acontecendo, ampliar os horizontes, enfrentar e assumir responsabilidades- reconhecimento de seus limites. Isso é válido tanto para quem caminha para o processo de envelhecimento, quanto para quem já é idoso. Entretanto, acredita-se que, mesmo num processo de envelhecimento não tão saudável assim, é possível uma mudança no curso de vida e da velhice prevista como não saudável. Isso porque a crença na possibilidade e na capacidade de mudança e de cres-

cimento permite esperar que, mesmo na velhice, existam condições para buscar uma vida saudável possível para a realidade de cada idoso, desde que existam um desejo e uma ação da parte do idoso nesse sentido. Essa crença já é amplamente divulgada pela ciência: que existe no ser humano um impulso dominante, um potencial inerente e motivador para o funcionamento saudável corporal e emocionalmente; que o ser humano tem dentro de si as potencialidades que regulam o seu próprio crescimento, e isso o move para frente. “Em que uma mudança de uma parte, ou de partes da vida do ser humano, interfere e provoca mudanças no todo (por exemplo, quando percebo a vida como um aprendizado constante); na visão do ‘aqui e agora’, que permite experienciar a realidade interna e externa, como ela acontece no presente”, explica Ediles Vieira Cintra.

CONSTRUÇÃO DA VELHICE O processo de envelhecimento e uma velhice saudável, em última análise, são construídos a cada momento no aqui e agora, com confiança, podendo conviver com as perdas da idade e buscando os ganhos, a autorrealização e o crescimento, envolvendo fundamentalmente o processo de ajustamento criativo. “Fundamentar-se neste processo e viver com ele é saudável e denota maturidade, o que significa dizer que o indivíduo que envelhece consegue lidar com as circunstâncias conforme elas se apresentam, é responsável por sua existência, e é o que tem capacidade e condições de ser”, explica Ediles Vieira Cintra. Segundo ela, saúde e maturidade se revestem com a forma o seu funcionamento, na sua realidade. “Será diferente para cada pessoa, dependendo da singularidade, da sua história e de suas circunstâncias sociais, culturais e pessoais. Todos conhecem histórias de seres humanos que enfrentaram as maiores adversidades na velhice e se tornaram personagens de referência saudável a ser imitado pela humanidade”, enfatiza. O escritor L.Hanson escreveu que o grandioso artista PierreAuguste Renoir, com quase 80 anos, tinha artrite degenerativa e

bronquite crônica e havia perdido sua mulher. Ele estava preso em uma cadeira de rodas, e sua dor era tão aguda que não conseguia dormir à noite; ele não era capaz de segurar a paleta ou o pincel: seu pincel teve que ser amarrado à sua mão direita. No entanto, ele continuava a produzir pinturas brilhantes, repletas de cor e vibração. Por fim, atingido pela pneumonia, ele estava deitado na cama, olhando atentamente algumas anêmonas que seu ajudante havia colhido. Reuniu forças para esboçar a forma dessas lindas flores, e então - pouco antes de morrer - deitou-se e sussurrou: “Eu acho que estou começando a entender alguma coisa sobre elas”. Com um ciclo de vida limitado, ninguém pode realizar todas as potencialidades, satisfazer todos os desejos, explorar todos os interesses ou viver toda a riqueza que a vida tem a oferecer. Ao escolher qual possibilidade explorar e continuar a explorá-las tanto quanto possível, mesmo até o próprio fim, cada pessoa contribui para a história inacabada da humanidade.

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 Segundo a psicóloga Ediles Viera Cintra, na velhice, a pessoa inevitavelmente precisará fazer ajustamentos significativos, tendo que, gradualmente, aceitar e conviver com:  As mudanças e limitações (de ordem física, psicológica e social);  As desilusões e frustrações (de ordem pessoal, familiar, profissional e social);  As perdas (do corpo jovem, da posição familiar e social, do status, da fantasia de que a morte não chegará, a morte de familiares e amigos, etc.);  Os mitos e preconceitos, os medos, a sua própria velhice e as questões inacabadas .  Os pensamentos e sentimentos de inutilidade, inadequação, abandono e solidão.  Procurando lidar bem com essas perdas e aspectos negativos, também precisa deixar de lado as máscaras sociais, deixando de desempenhar papéis, aparentando ou fingindo ser quem não é; assim como evitar as fugas ao passado e no isolamento.  Do outro lado, enfatiza Ediles Viera Cintra, é muito importante que as pessoas, que estão vivendo o envelhecimento ou a velhice, possam resgatar e trabalhar os ganhos, os aspectos positivos, dessa fase vital. Podendo, dessa forma, transitar de modo saudável entre as polaridades (perdas - ganhos). Podem ser relacionados como ganhos:  Os valores e as virtudes dessa fase (maturidade, sabedoria, serenidade, respeito, compreensão, tolerância, harmonia, etc.);  Os oportunidades de atualização e crescimento pessoal e espiritual;  A retomada de interesses e motivações antigas;

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 Continuar a aprender, a sonhar e a criar através de projetos interessantes;  Buscar a autorrealização de forma criativa;  A aprendizagem de uma atitude de desapego;  Resgatar o eu (abafado, sufocado pelo tempo, os compromissos, etc.);  Resgatar a curiosidade que move em direção ao novo e ao meio;  Re-aprender a ter carinho e cuidado consigo mesmo;  Manter/construir novos vínculos afetivos, amorosos e construtivos;  Manter vivas suas aspirações e seus sonhos;  Permitir-se curtir a vida, o prazer, a família, os netos, a natureza, etc.;  Permitir-se o fazer, mas também o não fazer;  Ter mais tempo para si mesmo, para o lazer, para novas prioridades, metas e objetivos;  Poder olhar a vida com serenidade e otimismo;  Poder levar uma vida mais contemplativa e sem estresse;  Poder buscar a seu modo e tempo o bemestar pessoal e social;  Poder desenvolver novos hábitos, interesses, potencialidades e atividades;  Poder administrar seu tempo, horários, compromissos e interesses. y


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Bíblia

grande

O

poder libertador de

Jesus Cristo

... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres. (João 8: 32, 36)

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A

palavra liberdade vem do latim libertate; um substantivo feminino, definida em nossos dicionários como: faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação; poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas; faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei; supressão ou ausência de toda a opressão considerada anormal, ilegítima, imoral; estado ou condição de homem livre; independência, autonomia, etc... Numa estimativa geral, creio que com certeza todas as pessoas gostam de ser livres, ninguém gosta de ter seus planos e projetos proibidos ou restritos, mesmo que sendo projetos prejudiciais a alguém, mas a vontade da pessoa que idealizou é que tal intento seja estabelecido; assim, portanto, acabam ganhando inimizades entre as piores coisas que conseguem através de seus esforços, para que seja estabelecida a sua vontade sem se importarem com a vontade ou liberdade que cada indivíduo possui. Por outro lado, existem aqueles que seus planos, projetos, ideais etc. giram em torno da preocupação em realizar e estabelecer o que é melhor não só para si mesmos, mas sim para todos quantos estejam ao seu alcance, família, sociedade, empresa, ou melhor, por toda a sua vida ante tudo o que vier à sua mão para ser realizado. Existe até um provérbio que diz: “A minha liberdade/direito termina quando começa a/o do meu próximo”. Pode se dizer que dentro da liberdade cabe perfeitamente o livre-arbítrio, que é definido como ‘possibilidade de exercer um poder sem outro motivo que não a existência mesma desse poder; liberdade de indiferença’. Assim sendo, são muitíssimas as formas que poderíamos citar de uso da tal liberdade, mas queremos aqui abordar de forma resumida, através do ponto de vista bíblico, nosso manual de fé.


O Senhor Deus criou os seres humanos e não máquinas robóticas Quando o grande Deus criou os céus e da terra, o “homem”, preocupou-Se em fazê-lo como imagem e semelhança de Si mesmo, conforme diz o livro de Gênesis, capítulo 1 e versículos 26 e 27, ou seja, Deus, o único Todo-Poderoso, queria que o homem tivesse em si a liberdade de escolha, mas não a liberdade para deixá-Lo e fosse servir ao pecado; muito pelo contrário, que o homem viesse a prestar-Lhe adoração plena, genuína e voluntária; Ele poderia ter criado um certo tipo de dispositivo (ou numa linguagem figurativa, um supercontrole remoto) para barrar o homem de fazer escolhas erradas, em vez disso, criou o homem perfeito (até então) e deixou a Sua Divina presença através de Seu Santo Espírito, ao lado daquela que seria a “coroa” da criação, tanto é que desde o início, Ele preocupou em conversar com o homem o que lhe era permitido ou não: “E formou o SENHOR Deus o ho-

mem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente... E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2: 7, 15, 16, 17)”. Era assim ao princípio: o homem

usando o seu livre arbítrio, para obedecer e servir ao Deus dos céus. Mas a Bíblia conta-nos que influenciado pelo inimigo de Deus, o homem cedeu e passou a usar sua liberdade para escolher o erro, escolheu, portanto, deixar as ordenanças do Senhor de lado, talvez numa ganância diabólica de ser igual a Deus, pois esta foi a proposta satânica (Gênesis 3: 4, 5), e isso ainda hoje faz com que muitos se intitulem “senhores de sua vida” ou “deuses de si próprio”, ou ainda, “donos de seus narizes”, esquecendo que já eram imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1: 27). Desde então, tanto na história secular quanto bíblica, vemos que a tal admirada e idolatrada liberdade do homem, por causa de suas escolhas, não tiveram, de certa forma, tantos benefícios assim, vejamos alguns exemplos, então: - Adão e Eva – depois da queda foram sentenciados à multiplicação das dores e sofrimentos; foram expulsos do jardim; dentro de sua família houve intriga e homicídio (Gênesis 3: 16, 19, 23, 24; 4: 8). - A geração da época de Noé – preferiram a destruição através do dilúvio que a “salvação” oferecida na arca (um símbolo figurativo da proteção oferecida por Jesus Cristo), o que é visto nos capítulos

6, 7 e 8 de Gênesis, resumido no versículo 23 do capítulo 7 que diz: “Assim, foi

desfeita toda substância que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca”.

- Os moradores de Sodoma e Gomorra – preferiram os juízos divinos em vez de se arrependerem dos seus maus caminhos (Gênesis 18 e 19). - A nação de Israel na época do profeta Jeremias – preferiram o cativeiro babilônico e a destruição de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor (Jeremias 25: 4). - A sociedade da época em que Jesus viveu nesta terra – ousaram escolher um malfeitor por nome de Barrabás, em vez da bendita pessoa do Filho de Deus (Mateus 27; Marcos 15: 7, 15; Lucas 23; João 18). Esses, entre outros muitos exemplos que poderíamos citar... Resumindo, foram estas as palavras do sábio Salomão:

“Vede, isto tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenções (Eclesiastes 7: 29)”...

Deus fez tudo bom (Gênesis 1: 31), mas o homem usou sua “liberdade” para estragar tudo, e suas escolhas erradas fazem com que lhe sobrevenham situações terríveis. Usa a liberdade/livre-arbítrio que lhe foi concedida para pecar contra Deus, se entregando aos vícios, às drogas, às orgias, à prostituição, à impureza, à idolatria, aos assassinatos, roubos, etc. destruindo seus próprios sonhos, projetos, famílias, saúde. Alguns ainda ousam dizer que Deus não é bom por causa de tantas desgraças que ocorrem neste mundo, mas não se lembram que foram suas próprias escolhas que deixaram este mundo um lugar impossível de se viver em paz, disse o profeta Jeremias em Lamentações 3: 39: De que se queixa, pois,

serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem”.

A Bíblia diz que sobre tais coisas vem a ira de Deus (Efésios 5: 3, 6; Colossenses 3: 5, 6); e que não herdarão o reino dos céus (Gálatas 5: 19, 21; Apocalipse 21: 8 e 22: 15), os que agem assim.

o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.

Já o apóstolo Paulo disse, em Romanos 1: 18, 32: “Porque do céu se mani-

festa a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e

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JESUS, O FILHO DE DEUS, LIBERTA O HOMEM

Quando Jesus manifestou as palavras do versículo que usamos como tema no Evangelho de João 8: 32, 36, os judeus não gostaram do que ouviram (João 9: 33): Responderam-lhe: Somos descen-

dência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?

O mais intrigante é que gostavam de viver enganados, pois só em questão histórica, os israelitas serviram como escravos ao Egito antes de serem libertados por Moisés; serviram ao império assírio; foram escravos do império babilônico; passaram pelo jugo do império medo-persa; foram subjugados pelo império grego de Alexandre, o grande; e por terminar na época de Jesus, eles serviam ao império romano, tudo isso sem citar a época dos juízes e outras vezes que viveram sob domínio de filisteus e outros povos. Mesmo que Deus sempre tenha cuidado de Israel, e sempre livrou do jugo de todos os que o oprimiram, mas não era essa a missão do Verdadeiro Rei dos Judeus, do Messias enviado, foi assim então que Jesus respondeu: ... Em

verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres (João 8: 33, 36), pois a sua missão é buscar e salvar o que se havia perdido (Lucas 19: 10). Jesus não veio simplesmente livrar de uma servidão terrestre, esta servidão um dia acabará; mas Jesus veio para conceder novamente a verdadeira liberdade ao homem, liberdade para novamente se chegar a Deus, liberdade para o homem abandonar seus maus caminhos e andar no verdadeiro Caminho que leva aos Céus: Disse-lhe Jesus: Eu

sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14: 6); Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1º Timóteo 2: 5). Trágico foi o fim de quem virou as costas para Deus. Mas bênçãos sem comparações para quem usou seu livrearbítrio em prol da causa do SENHOR. A família de Adão e Eva, aparentemente destruída, mas através de Sete, nasceu uma linhagem de homens piedosos que louvavam ao Senhor. Já a família

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Jesus liberta

o homem!


de Noé entrou na Arca e todos foram livres da destruição vinda pelo dilúvio, e de seu filho Sem veio a linhagem terrestre de Abraão e, consequentemente, de Jesus Cristo. E o que falar sobre Ló? A princípio errou em suas escolhas, mas ouviu a voz de Deus e depois foi considerado como justo (2º Pedro 2: 7, 9). E por fim, aqueles que escolhem Jesus, em vez de Barrabás, estes vão morar no paraíso: ... E disse a Jesus: Senhor, lem-

bra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas 23: 42, 43)... pois quem usa sua liberdade pra servir a Deus, este sim permanecerá para sempre: “E o mun-

do passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1º João 2: 17)”. Disse Moisés: Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência... (Deuteronômio 30: 19)... E ainda: Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve. (Malaquias 3: 18).

Jesus liberta

você!

Encerramos com as palavras de Paulo aos Romanos 8: 1: Portanto, agora

nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. E do Senhor Deus através de Isaías 1: 18: Vinde então, e argui-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. E ainda as palavras do Senhor Jesus que desfaz as obras do diabo (1º João 3: 8), que disse em Apocalipse 21: 7: Quem vencer, herdará to-

das as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.

Sua vida pode estar totalmente destruída, você pode ter usado sua liberdade para fazer escolhas erradas... Mas AGORA você pode inverter este quadro... Use-a agora para escolher Jesus. Esse Jesus que liberta o homem dos vícios, das drogas, da morte... Vença em nome de Jesus Cristo e seja filho de Deus. Jesus Cristo é o único que pode conceder verdadeira liberdade. y Thiago Rodrigues Teixeira

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Decoração

encanta o MS Ambientes premiados da Casa Cor MS reúnem os melhores conceitos em arquitetura, design e paisagismo da mostra que encantou o Estado

U

ma mostra que reuniu 125 arquitetos, decoradores e paisagistas, encantando o público pela criatividade, beleza e luxo. Assim é a Casa Cor, a maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas e que chegou ao Mato Grosso do Sul para ficar. A primeira edição da Casa Cor MS está acontecendo em Campo Grande, mas Dourados também marca presença com os arquitetos Gledson José Marques de Castro e Ricardo Oshiro, que assinam o projeto do Loft. O casal Liliana Lima dos Santos Matos e Armando de Lima Matos são os responsáveis pelo ambiente Espaço Drumont e Elisabete Endo se destacou no ambiente Studio de Maquiagem. Cinco dos 62 ambientes da Casa Cor MS foram planejados e assinados por profissionais da região sul do Estado, como o Banho do Hóspede, assinado por Wilson Siqueira, de Ponta Porã e o Jardim Interno, da arquiteta Andréia Maitan, de Naviraí. “Eu participei da Casa Cor São Paulo em 2006 quando ainda era estagiária e sei a grandiosidade do evento e a importância da marca para o profissional de arquitetura e decoração. Por isso não tive dúvidas em participar da Casa Cor MS, é a realização de um sonho assinar um ambiente neste evento aqui no meu Estado”, enfatiza Elisabete. A Casa Cor elegeu 2009 para abordar o tema sustentabilidade, com o desafio de suprir as necessidades da geração pre-

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sente, sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as delas. Criar, portanto, nas mãos dos arquitetos, decoradores, paisagistas do Estado, soluções modernas para a composição do espaço sem agredir a natureza. A Casa Cor MS celebra também os 100 anos do paisagista Burle Marx, eternizado por suas obras, entre elas o calçadão de Copacabana. O fato é que os seis mil metros quadrados de espaço conduzem o visitante a uma viagem por sensações e inspirações de cores, formas e tendências. “Casa Cor não é mais uma mostra de arte, é uma experiência de vida. É uma oportunidade de mudar o jeito de ver as coisas. É um aprendizado sinestésico e agora mais perto dos moradores de Mato Grosso do Sul, o que é um privilégio”, comenta Emili Giglio, organizadora da mostra. Até que o projeto ficasse pronto, foram mais de 90 dias de obras na casa de 6 mil m², gerando 1,8 mil empregos e mais de R$ 5 milhões investidos. Os arquitetos, designers e paisagistas que participam da primeira edição da Casa Cor MS tiveram o desafio de implantar o conceito de sustentabilidade nos projetos e homenagear o paisagista Roberto Burle Marx com temas apresentados em todas as edições da Casa Cor em 2009.


Ambiente Lounge da Casa Cor MS, assinado pela designer de Interiores Cida Zandavalli

Projetos Idealizado pela arquiteta Dânia Nascimento, o jardim Solarium busca trabalhar a sustentabilidade unida à elegância. Neste, que apresenta a cobertura feita com bambu, o ponto principal é mostrar a reutilização da água cinza, nome dado à água da máquina de lavar e das pias dos banheiros, realizada pelo filtro de raízes. A água caminha até o tanque composto por pedras brita de três tamanhos, misturada com areia, a filtragem termina com a participação de raízes de vegetações presentes no tanque. Já filtrada, a água é armazenada em uma cisterna para ser usada quando necessária. Projetado pelos arquitetos Luís Pedro Scalise e Eliane Nogueira, o ambiente foi construído sobre a piscina da casa com 380m². Inspirado na Polinésia Francesa, o Oasis reproduz os característicos bangalôs sobre as águas, evocando a brisa e o sol em todos os espaços. Futons, almofadas e bancos espalhados pelo bar e o spa convidam o visitante a um momento de relaxamento e reflexão. Esculturas de gatos, mandalas e Buda talhados em madeira Teka trazidos da Indonésia compõem um ambiente místico, remetendo à cultura e à espiritualidade daquela região. Um jardim suspenso formado por cipós e samambaias exalta a superioridade da natureza, na homenagem dos arquitetos a Roberto Burle Marx, brasileiro reconhecido como maior paisagista do mundo. No ambiente foram utilizados 25 metros cúbicos de madeira de reflorestamento, o equivalente a uma carreta fechada, que mostram a preocupação com a sustentabilidade. A arquiteta Alessandra Ribeiro Fernandes projetou o living da Casa Cor MS 2009 sob uma proposta ousada, priorizando o design dos móveis. Como uma galeria de artes, o living

reúne as cadeiras La Marie, Philippe Starck e Three-legged, criadas em 1963 pelo designer Hans J Wegner, coroando o ambiente com conforto, beleza e requinte. O living é contemplado com dois painéis estilo arte informal, inspirados na natureza. A cortina em veludo vermelho, por ser uma mostra, ressalta a nobreza e a imponência do espaço. O piso original em madeira ipê foi mantido e o aspecto fosco transmite ainda mais aconchego. Rodeada por aconchego, a lareira tecnológica abriga um telão e traz a elegância e o glamour do mármore para o ambiente. O ambiente Banho e Closet do Quarentão foi idealizado pela arquiteta Silvia Lotfi, para um homem de 40 anos que optou por viver só. Esse comportamento social tem levado a arquitetura a criar novos projetos que atendam as necessidades específicas de pessoas que investem mais na individualidade. Quem entra no banheiro logo percebe que este homem é vaidoso, bem resolvido e apegado à cultura e ao bom gosto. A vaidade do ambiente fica por conta do teto todo forrado com espelhos que multiplicam os 14m² do ambiente. Um monitor de LCD suspenso e automatizado denota o apreço à tecnologia de um homem high tech e antenado com as novidades. Os tons escuros das louças e paredes garantem a sofisticação do ambiente, contrastado com o colorido de um quadro em madeira naval pintado em tinta óleo que invade o espaço do Box. O Jardim das Fontes é um ambiente concebido para ser um lugar de contemplação e descanso. A paisagista e designer Marise Helena Noronha Anzoategui foi buscar inspiração nas curvas de Roberto Burle Marx, maior paisagista brasileiro, homenageado pela Casa Cor MS neste ano de come-

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moração de seu centenário. Assim nasceu um ambiente tropical onde o destaque é a harmonização das cores e o uso adequado da extensão e da inclinação da área. A paisagista procurou ainda contemplar o uso dos cinco elementos da natureza. A Terra está representada nas plantas espalhadas por todo o ambiente, a Madeira aparece no deck usado como piso, a Água oferece sua energia e seu som relaxante escorrendo de fontes de bambus. Uma lareira dá ao espaço mais requinte e aconchego e traz o Fogo para o ambiente que é ateado com combustível ecológico, resguardando a sustentabilidade. O Metal é representado em esculturas de ferro de autoria da profissional. Um ambiente requintado e contemporâneo, que busca trazer conforto e surpresa aos seus frequentadores, assim é o Restaurante desenvolvido pelos arquitetos Anne Thiemy Suzuki Shinzato, Merielle Valente Vargas da Silva, Renê Hoffmann Boretti e Thiago de Matos Iorio. Com 230m² e apto a atender 70 pessoas, os arquitetos idealizaram um novo conceito de restaurante. Para quem sempre teve a curiosidade de saber como é a área de

trabalho dos grandes mestres da culinária, uma grande cozinha show foi planejada para que os frequentadores possam assistir à preparação dos pratos. Dividido em dois ambientes, a parte interna é composta de um design ecológico através da parede umidificada que faz o resfriamento evaporativo. Na parte externa, uma grande pérgula de madeira de reflorestamento cobre toda área. Para compor os móveis do ambiente externo, como mesas, bancos e objetos decorativos, os profissionais utilizaram materiais descartados destacando toda a sustentabilidade presente no ambiente. Durante os 40 dias da Casa Cor MS, o Yotedy será o responsável pelo funcionamento do Restaurante. O prêmio maior da Casa Cor MS ficou com a Bilheteria e Lounge, assinado pela designer de Interiores Cida Zandavalli,

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que agrega ainda os espaços: Sala de Música; o Jardim das Palmeiras e o Hall Externo. A criação do projeto foi baseada no conceito Viver Bem, valorizando edificação, tecnologia, iluminação e produtos de design e sustentáveis. Toda a madeira utilizada é da Amazônia certificada pelo FSC. O ambiente apresenta revestimento em palha natural nas paredes, obras de arte de Romero Brito e paisagismo com palmeiras vermelhas, conferindo uma atmosfera tropical ao ambiente. A cobertura transparente permite a entrada de luz natural e a integração com a paisagem externa. Pensando em uma iluminação original, arandelas que projetam diferentes desenhos de luz, lâmpadas treme-treme nos nichos, LEDs que geram economia de energia. Painéis em linho na cor cru formam tendas na cobertura, proporcionando um clima mais aconcheOasis, projetado pelos arquitetos Luís Pedro Scalise e Eliane Nogueira, foi construído sobre a piscina da casa com 380m²

gante e sofisticado, como também têm a função de filtrar a luz e dar sombreamento. Cortinas de algodão natural macramê, tramadas como redes de pesca arrematam as imensas janelas de vidro pisoteto e completam o clima leve e de alto astral do ambiente. Espelhos d´água integram os ambientes, conduzindo a uma suave queda d água e oferecem o barulhinho relaxante. Bromélias, bambu mossô, palmeiras, orquídeas brancas, bambus verdes, entre outros, deixam os ambientes repletos de vida e estilo.


Serviço Situada na Rua Antônio Oliveira Lima, nº 280, no Bairro Itanhangá Park, a primeira mostra da Casa Cor MS conta com projetos assinados por 124 profissionais de arquitetura e urbanismo, paisagismo, decoração em 62 ambientes espalhados por seis mil metros quadrados de terreno e mais de 2,5 mil metros quadrados de área construída. A mostra fica aberta ao público até o dia 27 de outubro, de terça a domingo, das 16h às 22h, reservando os dois últimos dias para o Special Sale, onde colocará à venda todos os móveis, objetos de decoração e obras de arte expostos no evento. A Casa Cor MS é organizada pelo casal Vagner e Emili Giglio, e Marcelo Ayoub Giglio.

O Jardim das Fontes é um ambiente concebido pela paisagista e designer Marise Helena Noronha

Sobre a

Fundada há 22 anos pela brasileira Yolanda Figueiredo, juntamente com os argentinos Javier Campos Malbrán, Angélica Rueda e Ernesto Del Castillo, a Casa Cor é consagrada como maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas. Em 2008, a Casa Cor passou a ser administrada pelo Grupo Abril S/A, e Doria Associados. Hoje a mostra é realizada em 14 cidades e quatro países, Brasil, Panamá, Peru e Suécia. y

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Estilo

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A moda infantil está se aperfeiçoando a cada coleção e ganhando mais espaço. São milhares de modelos de roupinhas, cada uma mais tentadora que a outra. Tarefa difícil para pais, avós, padrinhos e amigos resistirem e escolherem apenas um modelito. No mês das crianças, deixe os pequenos na moda, independentemente da idade! haley| 2009 • outubro |95


96 | outubro • 2009 | haley Locação: Studio A / Fotos: A.Frota

Roupas: Maricota


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Modelos - Aline, Ane, Augusto, Gabriel, Gustavo, Júlia, Lalá, Paulo Henrique


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