Revista HMC Edição 8 - Agosto 2015

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HMC Edição 8 – agosto 2015

AS TÉCNICAS MAIS MODERNAS DE CIRURGIA BARIÁTRICA

O PRONTO ATENDIMENTO É EXCLUSIVO PARA EMERGÊNCIAS

ATCHIM! Chegada da primavera alerta para as alergias


Editorial

Novos direcionamentos, o mesmo foco em qualidade e excelência Aproveito esta edição da Revista HMC, primeiramente, para me apresentar. Há alguns meses assumi a direção do Hospital Marcelino Champagnat e quero destacar que, apesar dos novos direcionamentos de gestão, a qualidade e a excelência continuam sendo o foco principal de toda a nossa equipe. E por falar em busca pela qualidade e excelência, na editoria Em Dia abordamos o funcionamento do serviço de Pronto Atendimento e trazemos orientações aos usuários. É importante que todos conheçam as situações em que o PA realmente deve ser procurado, garantindo mais agilidade nos atendimentos. Entre os meses de agosto e setembro, temos a transição do inverno para a primavera, duas estações do ano temidas por quem sofre com alergias e problemas respiratórios. A matéria de capa desta edição aborda justamente quais são os problemas de saúde mais comuns nesta época do ano e as dicas dos nossos especialistas para garantir o bem-estar. Em Por Dentro da Técnica, o assunto é cirurgia bariátrica. Saiba mais sobre as técnicas atuais de redução de estômago, além de informações sobre quem deve ou não se submeter à cirurgia. E na editoria Perfil, a entrevistada é Elizabeth Bettega Castor, viúva do professor Belmiro Valverde, que batalha para dar continuidade às atividades do Centro de Educação João Paulo II. A escola, que atende crianças carentes da região de Piraquara, foi um sonho idealizado por Belmiro, mas que depende da contribuição de empresas e empresários para ter continuidade, pois não conta com recursos públicos. Boa leitura!

José Octávio Leme Diretor geral do Hospital Marcelino Champagnat

expediente A revista hmc é uma publicação do Hospital Marcelino Champagnat, produzida pela Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista. Tiragem: 40 mil exemplares GRUPO MARISTA DIRETOR DA ÁREA DE SAÚDE Álvaro Luis Lopes Quintas

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HOSPITAL MARCELINO CHAMPAGNAT

GERENTE ADMINISTRATIVO Adriano Carvalho

DIRETOR GERAL José Octávio Leme

GERENTE FINANCEIRA Elaine Costa

CHEFE DO CORPO CLÍNICO Ademir Antonio Schuroff

COORDENADORA COMERCIAL Andressa Cunha de Albuquerque

GERENTE MÉDICO Marco Antônio Pedroni GERENTE DE QUALIDADE Bianca Piasecki

Av. Pres. Affonso Camargo, 1399, Cristo Rei, Curitiba – PR

GERENTE DE ENFERMAGEM Jhosy Gomes Lopes

Telefone: (41) 3087-7600

Email: contato@hospitalmarcelino. com.br Site: www.hospitalmarcelino. com.br Diretoria de Marketing e Comunicação Stephan Younes COORDENAÇÃO EDITORIAL Eduardo Correa EDIÇÃO Michelle Thomé

PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO O2 Design Ilustração de capa Daniel Cabral IMAGENS Shutterstock Comentários, sugestões e críticas conteudo@grupomarista. org.br


Índice

10 Capa A rinite alérgica é a campeã de atendimento nos consultórios nesta época do ano

4 Você sabia? 6 Em dia

16 Por dentro da técnica

20 Perfil

23 Curtas Revista HMC

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Você sabia?

Sal do bem

O ferro é o nutriente que garante a oxigenação do sangue e o entusiasmo necessário para as atividades do dia a dia. Adultos precisam de 40 mg por dia desse nutriente para repor o que o organismo gasta nos processos fisiológicos e o consumo de carnes, feijões, lentilhas e folhas verde-escuras nas refeições costuma suprir esta necessidade. Para melhorar a absorção do ferro, os nutricionistas indicam a inclusão nas refeições de alimentos ricos em vitamina C, como limão, laranja, cranberry, acerola e goji berry. Por outro lado, alertam que o cálcio tem a propriedade de minimizar a absorção do ferro pelo organismo. Portanto, é recomendável distanciar o consumo do ferro em ao menos uma hora da degustação de queijo ou sobremesa láctea.

© Marcia Stefani/Flickr

Uma pequena planta encontrada no Litoral de Santa Catarina pode ser a alternativa saudável para o sal de cozinha. O produto, que está sendo chamado de sal verde, é um pó extraído da espécie Sarcocornia ambigua e tem três vezes menos cloreto de sódio do que o sal que costumeiramente consumimos com alimentos. Pesquisadores da Epagri e da Universidade Federal de Santa Catarina estudam a viabilidade econômica do produto e como produzir em escala. A planta foi descoberta há cerca de dez anos em Palhoça, na Grande Florianópolis, porém encontra-se quase em extinção. Há registros da espécie em São Francisco do Sul e Rio Grande do Sul, o que será verificado em pesquisa futura da Epagri.

Ferro funcional

Falta de rotina

Cerca de metade dos homens brasileiros nunca foi ao urologista. Este é o resultado de uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia em parceria com um laboratório e divulgada recentemente. Dos 3.200 homens a partir de 35 anos entrevistados em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife, 51% nunca procuraram o especialista. As principais justificativas foram medo do toque retal e falta de tempo. Segundo o levantamento, para 64% dos homens entrevistados, o principal incômodo na relação com a parceira é ‘falhar na hora H’. No entanto, apenas 25% consideram a possibilidade de procurar um médico quando isso acontece. A idade geralmente indicada para que os homens busquem especialistas para verificar o risco de câncer de próstata é aos 50 anos. O ideal, entretanto, é que o homem passe a frequentar o especialista perto dos 20 anos para acompanhamento da fertilidade.

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Alerta detox

Shakes e bebidas anunciados como “detox” estão na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Recentemente, o órgão suspendeu campanhas publicitárias de 21 produtos que afirmavam nos rótulos proporcionar efeitos terapêuticos ou que tinham propriedades funcionais, mas que, segundo a agência reguladora, não condiziam com a realidade. Nos produtos reprovados pela Anvisa estavam as seguintes informações: "reduz inchaço; promove perda de peso saudável com o efeito termogênico; disposição para atividades físicas; fibras que eliminam gorduras; aumenta a saciedade por mais tempo; reduz flacidez, rugas, celulites, estrias; regulação intestinal". A Anvisa recomenda aos consumidores que avaliem as propriedades nutricionais nos rótulos antes de comprar os produtos.


Proteção no pedal

Pouco a pouco as grandes capitais brasileiras estão investindo em ciclovias e dando mais espaço aos ciclistas. Como esporte, lazer ou meio de transporte, o ciclismo é uma atividade física popular e traz muitos benefícios para a saúde, como queima calórica, melhoria do sistema cardiorrespiratório e fortalecimento da musculatura dos membros inferiores. Para ter o máximo de benefícios da atividade e não se machucar, a postura deve ser ereta, com as mãos apoiadas no guidão. O ciclista deve sentir-se confortável e ao mesmo tempo ter controle da postura sobre duas rodas, prestando atenção nos músculos que protegem a coluna na região lombar. Quem usa a bike com frequência, deve recorrer a exercícios complementares, como musculação, que vai ajudar no fortalecimento da musculatura abdominal e lombar.

Por dentro dos planos de saúde

Os consumidores interessados em obter informações para adquirir um plano de saúde têm a partir de agora uma cartilha orientativa feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O material explica quais são os tipos de planos e as especificidades de cada um, podendo ajudar na escolha do serviço mais adequado. São abordados aspectos relativos à abrangência geográfica, segmentação e cobertura e rede de prestadores. A cartilha explica que tipo de plano o consumidor pode escolher; onde ele pode ser atendido e por quais profissionais (área de abrangência e rede de prestadores); que tipo de atendimento é ofertado (segmentação assistencial e cobertura); quais os tipos de acomodação em caso de internação; e regras de reajuste. A cartilha está disponível no portal da ANS na área de publicações (www.ans.gov.br).

Pai pesado

Ao analisar cerca de 10 mil adolescentes e jovens adultos americanos, pesquisadores da Universidade de Northwestern mostraram em um estudo como a chegada de um filho altera – para mais – o peso de um homem. Na maioria dos casos analisados, os homens engordaram ao se ser pai. Durante os 20 anos em que foi realizada a pesquisa, todos os 10.253 participantes tiveram seu Índice de Massa Corporal (IMC) medido em quatro diferentes momentos: no início da adolescência, no final dela, quando tinha cerca de 25 anos e no início da faixa dos 30 anos. Os participantes foram divididos em três grupos: os que não eram pais, os pais que moravam com o filho e aqueles que não residiam com a criança. De acordo com os resultados da pesquisa, um homem de 1,82m ganha, em média, 1,98 kg ao ter o primeiro filho. Mesmo quando ele não mora com a criança, a balança mostra 1,48 kg a mais. Isso significa um aumento de 2,6% no IMC para os pais que vivem com o filho, e 2% para quem não divide o teto com ele. O ganho médio de peso ficou entre 1,57 e 2 kg. A pesquisa controlou outros fatores que poderiam contribuir para o ganho de peso, como idade, raça, educação, renda, atividades diárias e o estado civil. Sim, o casamento também “engorda” o homem e a paternidade dá uns quilos a mais àqueles que subiram antes ao altar. O ganho de peso pode ser relacionado também às mudanças no estilo de vida e na alimentação.

Avanço contra a malária

Pela primeira vez, uma vacina contra a malária, de eficácia limitada, recebeu o aval das autoridades europeias. A vacina Mosquirix ou RTSS, desenvolvida pela indústria farmacêutica, é destinada às crianças e recebeu apoio da Agência Europeia de Medicamentos, que aprovou a qualidade, segurança e eficácia da droga, assim como sua relação entre benefício e risco. A imunização, porém, não será distribuída até que obtenha a autorização da Organização Mundial da Saúde, o que deve acontecer em novembro. A malária é uma doença infecciosa transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles infectada pelo Plasmodium. Os principais sintomas são febre alta, calafrios, tremores, suor e dor de cabeça. A doença mata cerca de 600 mil pessoas por ano no mundo, principalmente na África, sendo a maioria crianças.

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EM DIA

Pronto Atendimento é para emergências

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Pronto Atendimento (PA) é a porta de entrada para a comunidade no hospital e tem estrutura e profissionais qualificados disponíveis para o atendimento de casos emergenciais, que são aqueles graves que não podem esperar pelo agendamento de uma consulta médica.

• infarto agudo do miocárdio • traumatismos agudos, fraturas, sangramento ativo • insuficiência respiratória aguda, asfixia • acidente vascular cerebral • rebaixamento do nível de consciência, coma • crise convulsiva • intoxicações

Quando ir ao Pronto Atendimento O Pronto Atendimento se propõe a receber e estabilizar pacientes em situação de risco e emergência: • parada cardiorrespiratória

Prioridades • gravidade do caso • idosos • adolescentes entre 14 e 18 anos • pessoas com necessidades especiais


Como é a ordem de prioridade de atendimento O Pronto Atendimento do HMC segue padrões internacionais de prioridade de atendimento com base no Protocolo de Manchester.

O que é?

O protocolo de Manchester é um modelo de atendimento baseado em prioridades, onde o paciente é avaliado pelo enfermeiro e é classificado em cinco cores, de acordo com grau crescente de urgência: azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Esse sistema é empregado em alguns serviços de saúde pública e privada no Brasil e também nos melhores hospitais do mundo.

O que cada cor significa?

Vermelho (emergência): o paciente necessita de atendimento imediato. Laranja (muito urgente): o paciente necessita de atendimento o mais rápido possível. Amarelo (urgente): o paciente necessita de avaliação, o caso não é considerado emergência e o paciente tem condições de aguardar o atendimento. Verde (pouco urgente): casos agudos, porém de menor gravidade, com indicação de avaliação e tratamento sintomático, porém sem investigação profunda. Azul (não urgente): casos sem complexidade, em que o melhor a fazer é agendar consulta eletiva.

Como funciona?

A avaliação com classificação do nível de urgência analisa diversas variáveis que implicam na gravidade do paciente: • intensidade das dores • sinais vitais • sintomas • glicemia • quadro clínico • outros indicadores Emergência

Urgência

Prioridade

Consulta simples

Consulta eletiva

Pode levar até

Pode levar até

Pode levar até

Pode levar até

Qual o tempo de espera para atendimento? Atendimento

IMEDIATO

30 min

1h

3h

5h

Equipe presencial

Clínica médica Cirurgia geral Ortopedia Neurologia Cardiologia Enfermagem

Equipe de suporte

Subespecialidades ortopédicas (ombro, cotovelo, cirurgia da mão, pé e tornozelo, quadril, joelho, coluna, trauma) Neurocirurgia Cirurgia cardíaca Cirurgia vascular Cirurgia plástica Infectologia Nefrologia Cirurgia torácica Hemodinâmica Urologia Oncologia/cirurgia oncológica

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• No Pronto Atendimento, emergência é prioridade em relação à urgência. • Para situações agudas não emergenciais e queixas crônicas, agende uma consulta médica com clínico geral, geriatra ou especialista relacionado à queixa. • Para garantir sua saúde e bem-estar, escolha um médico de sua confiança que conheça o seu histórico de saúde e que, portanto, seja capaz de tomar as melhores decisões em situações específicas. • Evite trazer muitos acompanhantes ao PA, pois não há lugar confortável para todos. E avalie cuidadosamente a necessidade de trazer crianças, pois o ambiente hospitalar não é lugar apropriado para elas. • Embora não seja este o propósito de um Pronto Atendimento, as queixas simples e/ ou crônicas também são atendidas. Entretanto, você corre o risco de esperar bastante e, ainda assim, não ter seu quadro investigado de maneira completa, pois neste ambiente a abordagem das situações não emergenciais visa o alívio dos sintomas agudos, cabendo ao clínico ou especialista a investigação das causas no consultório com agendamento. • Pacientes não emergenciais podem procurar os consultórios que atendem com hora marcada no 7º, 8º e 9º andares. Se seu caso não for emergência, procure nossa central de agendamento para consultas médicas no hospital ou pelo telefone (41) 3207 3225 ou e-mail contato@hospitalmarcelino.com.br. O horário para agendamento de consultas e exames é de segunda a sábado, das 7h às 19h. Não atendemos: • gestante • crianças abaixo de 14 anos Quando não se deve ir ao PA: • para pegar atestado médico de ausência ao trabalho • em dificuldade em agendar consulta com médico especialista • com vontade de consultar o médico e fazer exames no mesmo local • para fazer exame médico para clubes e academias

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Dicas práticas

Eficiência constante “Mais da metade do nosso atendimento no PA é classificado entre azul e verde e isso é preocupante, pois são casos que não precisariam estar no PA e poderiam aguardar a consulta eletiva. Para sermos mais eficientes, em 2015 adotamos em nosso serviço a função do médico emergencista, que cuida dos casos que vão direto para a emergência, otimizando o trabalho e liberando os especialistas para o atendimento após a triagem dos casos específicos. Nosso apelo é para que a comunidade seja nossa parceira no uso consciente dos serviços do PA e assim seremos ainda mais eficientes”. Maria Betânia Beppler, coordenadora médica do Pronto Atendimento “A demanda no PA tem sido superior à capacidade projetada. Construímos estrutura e contratamos profissionais para atender 3.500 pacientes por mês e estamos atendendo 5.200. Nossa preocupação está em deixarmos de atender uma emergência por estarmos ocupados com casos que poderiam ser analisados nos consultórios com hora marcada. Oferecemos para a comunidade 72 consultórios com 250 médicos especialistas nas mais variadas especialidades médicas. E o PA também propicia um suporte emergencial para os pacientes que vêm consultar com os médicos. Nosso hospital tem três anos e meio de funcionamento e conta com a melhor estrutura de Pronto Atendimento no Paraná, portanto, precisamos estar disponíveis para os reais casos de emergência”. José Octávio Leme, diretor geral do HMC

Atenção Deixe o PA livre para sua real emergência


A UCN do Hospital Marcelino Champagnat possui 10 boxes individuais com os melhores equipamentos e a mais moderna arquitetura hospitalar. Tudo para oferecer o tratamento mais eficiente em Cardiologia e Neurologia, além de proporcionar conforto para os pacientes e seus familiares.

No HMC, tudo foi pensado para atender às mais diferentes necessidades dos nossos pacientes. São, ao todo, mais de 30 mil m2 com modernos equipamentos, que garantem a segurança dos procedimentos e a agilidade no atendimento. • 116 leitos

• 72 consultórios médicos

• 7 salas cirúrgicas

• Centro de Diagnóstico completo com 2 andares

• Pronto Atendimento para emergências

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CAPA

Primavera. Alerta para as

alergias A florada da primavera enche os olhos de cores e formas. O que não se vê é a liberação de grande quantidade de pólen no ar, que em minutos pode causar coceira e espirros em quem é alérgico a esta substância. Aliado aos ácaros, que se intensificam na mudança de estação, ao clima seco, ao calor e à poluição, o pólen pode causar sensibilização alérgica ou aumentar os sintomas em quem costuma ter alergia. “Percebo no consultório, na época da primavera, aumento do número de casos de rinite e de conjuntivite alérgicas. São alergias sazonais, todo ano neste período aparecem”, conta Sergio Penteado, infectologista e clínico geral.

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As alergias mais comuns são as das vias respiratórias, as cutâneas e as digestivas

A

alergia é uma hipersensibilidade do organismo a algum tipo de agente estranho, que pode ser um micro-organismo, uma substância química, uma exposição à mudança de temperatura, um alimento, uma picada de inseto, um animal de estimação, um cosmético ou medicamento. A alergia pode ser considerada uma resposta exagerada, fora do padrão normal da maioria das pessoas, a um determinado fator desencadeante. Ao contrário de uma imensidão de pessoas, algumas espirram ao cheirar uma flor, outras tantas ficam com a pele extremamente irritada ao tomar sol, algumas tomam leite e apresentam reações (como má digestão e diarreia) e outras comem camarão ou outros frutos do mar e passam mal. Há também gente com alergia a um tipo específico de amendoim, que pode levar ao inchaço das vias respiratórias e até mesmo à morte. Portanto, dentro dos quadros alérgicos há uma infinidade de manifestações clínicas, sendo que as mais comuns são as das vias respiratórias, as cutâneas e as digestivas.

O processo Acontece assim: nosso organismo produz anticorpos e estes anticorpos, que deveriam nos proteger, acabam ativando células de defesa que liberam uma grande quantidade de uma substância chamada histamina e isso causa o processo inflamatório conhecido como alergia. Há alergias agudas (com resposta imunológica imediata, como a rinite alérgica, anafilaxia a medicamentos e alergia a proteínas) e crônicas (que levam um certo tempo para aparecer, como dermatites de contato).

Veja aqui como acontece o processo alérgico

Mais comuns A rinite alérgica é uma das queixas mais comuns nos consultórios nesta época do ano. Obstrução nasal, coriza, espirros e coceira nos olhos e nariz são os principais sintomas. Um alerta importante para quem tem episódios seguidos de rinite alérgica ou sinusite, segundo Penteado, é que há uma disposição para infecções bacterianas. “Nestes casos será preciso tratar a inflamação causada pela alergia e também prescrever antibiótico para a infecção bacteriana, pois resfriados ou infecções que nunca curam podem ser processos alérgicos”.

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CAPA

Outra patologia comum é a urticária, que pode aparecer em todas as idades. Surgem placas vermelhas em qualquer área do corpo, apresentando prurido (coceira) e inchaço e sua causa é muito variada – de alimentos a remédios. “É muito importante, ao perceber os primeiros sintomas, procurar assistência especializada, pois a manifestação aguda pode se tornar crônica, se não for feito o tratamento adequado. É sempre mais fácil tratar no início do que com o quadro já evoluído”, informa o dermatologista e especialista em alergia, Maurício Martins, que foi integrante da Câmara Técnica de Alergia do Conselho Regional de Medicina do Paraná. Muita gente tem alergia há anos e demora para perceber. “Diariamente, ao usar detergente para lavar a louça, o paciente pode não ver a irritação, mas aí a mão resseca, surgem fissuras e depois vermelhidão”, relata Martins. A dermatite de contato costuma aparecer em forma de erupção, vermelhidão e coceira a partir de algumas substâncias, que podem ser luvas de látex, brinco, perfume, cosmético, entre outras. A dermatite atópica é uma alergia que surge com mais frequência na infância. É uma lesão avermelhada na pele, com secreção, que coça bastante, interferindo inclusive no sono. “Tenho mais de 40 anos de consultório e todo dia atendo a um caso assim. Os pais chegam contando que a criança se coça dormindo”, conta Martins. Sem o tratamento adequado, pode coexistir com asma alérgica e, com o crescimento, a criança pode vir a apresentar rinite alérgica. Quem é alérgico a glúten desenvolve a doença celíaca, uma alergia crônica do tubo digestivo. “Este quadro alérgico é mediado por anticorpo e quanto mais se consome o alimento derivado do trigo, há mais inflamação do intestino delgado, levando à atrofia e à má absorção de nutrientes”, enfatiza Penteado.

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Tratamentos “As enfermidades alérgicas são conhecidas há muito tempo. Há registro de um Faraó que morreu por picada de abelha. Mas seus mecanismos foram melhor esclarecidos apenas nas últimas décadas, o que proporcionou tratamento mais efetivo”, afirma Martins. Não há como curar uma alergia de forma definitiva sem saber qual o agente causador. Por isso, é valioso identificar quando o incômodo começa e em que situação se encontra. É quando come algo? Ou frequenta determinado lugar? Ou quando vai ao parque e senta na grama? “A cura é não se expor ao antígeno. O celíaco está curado se nunca mais ingerir glúten”, exemplifica Penteado. A investigação da doença depende da história clínica detalhada. Em termos de hereditariedade, é importante saber se um parente próximo teve ou tem algum tipo de alergia. Além disso, é possível fazer uma investigação laboratorial, que incluem os testes alérgicos, se o paciente tem dificuldade de identificar qual o agente causador. O tratamento medicamentoso básico é com antialérgicos e anti-histamínicos (há vários tipos e a ação do remédio costuma ser rápida). “Mas se o paciente não suspender a causa da alergia, toda vez que parar de tomar o medicamento, a doença retornará”, alerta Penteado. Os anti-histamínicos são vendidos sem receita médica. Para casos mais sérios indica-se o tratamento com glicocorticoides, mas, de acordo com Penteado, “são medicamentos com efeitos colaterais sérios e somente devem ser utilizados sob supervisão médica”. As vacinas têm indicações restritas e bem específicas e também devem ter utilizadas sob prescrição de um médico imunologista. “Enfatizo que o mais importante é encontrar a causa e se afastar dela, o que implica algumas vezes em mudança de hábitos. Na dermatite de contato, por exemplo, se for alergia ao couro do calçado, deve procurar usar sapatos de outros materiais. Se for o botão da calça jeans (de níquel), vai precisar trocar o botão”, conta Martins. Foi o que fez a pedagoga Enir Warmling, de 50 anos, que tem rinite alérgica desde a década de 80, quando morava em Foz do Iguaçu. “Consultei um médico, tomei comprimidos e vacinas, mas na época não consegui eliminar as causas”, relembra. Ao se mu-


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dar para Curitiba, em 1991, as crises continuaram. Com auto-observação e ajuda médica especializada, Enir identificou os fatores que provocavam as manifestações: “locais com mofo e poeira não são bons para mim. E parece que quando estou cansada e durmo pouco, a rinite é mais agressiva”. Então, Enir passou a incluir estes cuidados com sua casa: “Abro as janelas todos os dias. Quando saio de casa, deixo portas e gavetas do guarda-roupa abertas. Além disso, coloco um pouco de vinagre no enxágue das roupas na máquina de lavar”. O benefício desta dedicação tem sido a quase total eliminação dos episódios de rinite. “Hoje em dia só tenho crise por causa do clima de Curitiba, mas são bem poucas”.

Os tipos de alergias e os sintomas mais comuns Tipo

Sintomas

Asma

Falta de ar Chio no peito Opressão no peito Tosse

Rinite alérgica

Coriza Espirro Coceira no nariz e nos olhos

Doença celíaca

Diarreia crônica Alterações de imunidade

Urticária

Vermelhidão na pele Coceira Erupção na pele

Dermatite de contato

Vermelhidão na pele Pele seca Fissuras na pele

Conjuntivite

Irritação Vermelhidão Coceira Lacrimejamento dos olhos

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CAPA

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Faça o controle ambiental do seu quarto O quarto costuma ser o local onde passamos a maior quantidade de horas seguidas em um dia. Por isso, é um ambiente que merece avaliação criteriosa dos agentes causadores de alergias. Veja as sugestões dos especialistas para o controle ambiental: • Entre uma estação e outra, lave as roupas sem uso que estavam guardadas há meses antes de usá-las. • Passe pano com água e vinagre dentro dos armários, nas cortinas, tapetes, carpetes e colchões. • Livre-se de bichos de pelúcia, cortinas, colchas, tapetes e tudo o que acumular pó e sujeira em demasia. • Coloque os travesseiros no sol com frequência. • Não armazene jornais, livros e revistas no quarto. • Casa fechada no inverno gera bolor e mofo, um prato cheio para as manifestações alérgicas respiratórias. Então, areje os cômodos sempre que possível. • Se o ambiente estiver constantemente úmido, instale um desumidificador elétrico ou em forma de gel.

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POR DENTRO DA TÉCNICA

A leveza do

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"Tenho uma qualidade de vida muito Técnicas boa, sinto disposição, pratico atividades Todas as cirurgias bariátricas e metaesportivas três vezes por semana e durmo bólicas reconhecidas pelo Conselho Febem”. Este é o relato do consultor Fabrideral de Medicina e pela Sociedade Bracio Belli Custódio, de 48 anos, sobre a sileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica vida saudável que passou a construir a são realizadas no HMC: a Gastrectomia partir de setembro de 2010, quando fez a Vertical, a Gastroplastia Redutora com cirurgia bariátrica. Ao olhar para o passareconstrução em Y de Roux (conhecida do, pesando 98 quilos, relembra: “Nunca como Bypass Gástrico ou cirurgia de Fobi fui uma pessoa magra, pois era encorpaCapella) e a derivação Biliopancreátrica do. Mas, por volta dos 32 anos, o excescom desvio duodenal (conhecida como so de peso começou a incomodar e Duodenal Switch). mais tarde trouxe efeitos ruins, O Bypass Gástrico consiste como colesterol alto e presna diminuição do estômago são alta. Eu percebia que associada a um desvio ina alimentação era inaO Bypass testinal moderado e tem dequada e que era seGástrico é a cirurgia efeito positivo sobre a dentário. Tentei dietas, bariátrica e metabólica diabetes tipo 2, pressão reeducação alimentar, alta e colesterol alto. tive bons resultados, mais antiga A Gastrectomia Vermas sem a constância no mundo e, portanto, tical é a modalidade necessária, pois eu cirúrgica que mais está não tinha disciplina”, a mais estudada e crescendo no mundo e complementa. mais conhecida. possui como característiO consultor curitibaca principal a redução do no é um dos pacientes que estômago sem se mexer no inorgulham o cirurgião bariátritestino. “A grande vantagem é que co e metabólico Alcides Branco, há necessidade menor de tomar vitaminas membro titular da Sociedade Brasileira depois da cirurgia e a desvantagem é que, de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e da em pacientes que têm azia, este sintoma Federação Internacional de Cirurgia para piora”, explica Marchesini. “Além disso, Obesidade. Com 17 anos de experiência tem risco maior de voltar a ganhar peso e, e mais de sete mil casos em mesas cirúrem pacientes com colesterol ou triglicerígicas no Brasil, Europa, América Latina deos alterados, não vemos melhora nestes e nos países árabes, Branco comemora o aspectos”, complementa o cirurgião, que novo estilo de vida dos pacientes operaprevê que muito em breve esta irá se tornar dos, o avanço das técnicas e a estrutura a cirurgia mais realizada no mundo. hospitalar disponível. “É gratificante faA Derivação Biliopancreática com Duozer parte de uma excelente equipe médenal Switch é uma cirurgia pouco readica em Curitiba em um dos hospitais lizada devido aos efeitos colaterais e sua com tecnologia de referência no País, indicação é restrita a um grupo pequeno comparável com os melhores hospitais de pacientes. “É caracterizada por se fazer europeus”, relata. uma ressecção vertical do estômago asO colega Caetano Marchesini, memsociada a um desvio grande do intestino, bro da Sociedade Brasileira de Cirurgia que pode trazer efeitos colaterais indesejáBariátrica e Metabólica, da Sociedade veis”, conta Marchesini. Norte-americana de Cirurgia Bariátrica e Para indicar a melhor técnica, são analiMetabólica e da Federação Internacional sadas três dimensões do paciente: a clínica, de Cirurgia para Obesidade concorda: a nutricional e a psicológica. “Conversa“Nosso hospital possui material cirúrgico mos bastante com o paciente e fazemos exade ponta e oferece centro cirúrgico altames para compreender como ele funciona mente equipado com mesas cirúrgicas, e qual cirurgia lhe trará mais benefícios”, iluminação e equipamento anestésico de explica Branco. última geração”.

“Hoje o risco de uma cirurgia bariátrica feita em hospitais de excelência, como o HMC, e realizada por equipes experientes é de 0,02%, semelhante ao risco de uma cirurgia de vesícula ou uma cesariana.” Caetano Marchesini

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A equipe de Alcides Branco durante uma cirurgia bariĂĄtrica no HMC

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Ao estudar se o paciente é candidato a algum tipo de cirurgia metabólica ou bariátrica, a equipe médica leva em consideração o Índice de Massa Corpórea (IMC) maior ou igual a 35 aliado a um ou mais destes cinco problemas de saúde: • ortopédico – dores articulares • respiratório – como apneia do sono • metabólico – diabetes tipo 2 • cardiocirculatório – hipertensão arterial • psicológico – exclusão social ou bulling

Custódio recuperou-se rapidamente da cirurgia: “Segui rigorosamente todas as recomendações de dieta e limitações de esforço e em quatro meses eu estava fazendo atividades físicas entusiasmado com a leveza do corpo. Tenho a limitação nas refeições, mas isso não me afeta, pois saboreio melhor a comida”. Ele calcula que sua mudança de estilo de vida inspirou outros quatro amigos a optarem pela cirurgia. “Minha autoestima aumentou, uso roupas adequadas ao meu corpo e gosto da minha forma física”.

O IMC é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como a principal referência para classificação das diferentes faixas de peso. Para fazer o cálculo do IMC, divide-se o peso em quilogramas pela altura ao quadrado (em metros).

arquivo pessoal

Influência positiva

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Avaliação prévia

Experiência Marchesini faz parte do segundo grupo do Brasil a iniciar a cirurgia bariátrica, há pouco mais de 20 anos. “Na época não existia uma padronização nos procedimentos cirúrgicos e meu pai (João Batista Marchesini) teve que desenvolver equipamentos especializados, como afastadores cirúrgicos e pinças mais longas e solicitar para os hospitais criarem instalações que pudessem suportar pacientes obesos mórbidos”, relembra. Atualmente todos os procedimentos são feitos por laparoscopia, o que leva os pacientes a terem uma recuperação mais rápida e com menores índices de complicações. “Hoje o risco de uma cirurgia bariátrica feita em hospitais de excelência, como o HMC, e realizada por equipes experientes é de 0,02%, semelhante ao risco de uma cirurgia de vesícula ou uma cesariana”, afirma Marchesini, que recentemente esteve no México conversando com os especialistas que auxiliaram na elaboração da política mexicana contra a obesidade. Sua ideia é solicitar um Projeto de Lei semelhante ao feito lá para combater a obesidade aqui no Brasil.

Custódio antes e depois da cirurgia bariátrica: “Minha autoestima aumentou”

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Elizabeth Bettega Castor

Correndo contra o tempo

> Como uma colecionadora de relógios antigos, qual a sua relação com o tempo? Sempre tive preocupação em não desperdiçar o tempo. Quando menina eu pensava “a vida é tão curta e a gente não deixa nada.... tenho que fazer alguma coisa mais ampla para deixar para as outras pessoas”. Com 18 anos eu estava noiva do Belmo, aos 19 casada e com 20 tive a primeira filha. A Adriana nasceu em 1969 e a Carolina em 1973. Enquanto as meninas eram crianças e adolescentes eu ocupava o tempo com as organizações familiares. Com elas tendo mais autonomia, comecei a ter disponibilidade de tempo e passei a me dedicar ao plano de fazer algo que não fosse somente privado ou do meu núcleo familiar. Pensei em deixar alguma marca. > E como foi este processo? Entre ter a vontade de construir algo que poderia se tornar um legado para a comunidade e efetivamente começar a erguer a escola, passaram-se alguns anos de amadurecimento da ideia. Por quase três anos moramos nos Estados Unidos para o Belmo fazer o Mestrado e o Doutorado dele. Foi muito útil para conhecer o sistema educacional americano. E falando em relação com o tempo, naquela época, os professores da universidade nos contaram que meu marido foi o único estudante que participou dos dois programas (Mestrado e Doutorado) em tempo tão curto: dois anos e meio. Ele tinha uma pressa tremenda! Eu pedia para

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Perfil

O casal Elizabeth e Belmiro Valverde Castor liderou um grupo de idealizadores que decidiu mudar a cara da educação na área rural de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Com o envolvimento e doações de várias empresas parceiras e mais de 130 voluntários, eles criaram, em 2010, o Centro de Educação João Paulo II (CEJPII), uma escola privada e sem fins lucrativos, com o objetivo de propiciar ensino de qualidade e gratuito para crianças e jovens carentes. Hoje a escola atende a 300 estudantes. Com a morte do marido (que ela chama carinhosamente de Belmo), há cerca de um ano, Elizabeth dedica-se à busca de recursos financeiros e ao gerenciamento da qualidade do serviço oferecido às crianças. Aos 67 anos, esta curitibana é mãe de Adriana e Carolina e avó de Leonardo, de 17 anos, e Anna Clara, de 4. Foi entre as badaladas da coleção de relógios antigos – parte herdada da mãe, parte adquirida com o marido – que Elizabeth concedeu esta entrevista.

ficarmos mais tempo nos EUA, mas ele tinha uma preocupação constante em querer ficar perto dos pais no Brasil. > De onde surgiu a relação da sua família com a comunidade do bairro Laranjeiras, em Piraquara? Quando o Belmo trabalhava no Bamerindus, alguns colegas dele tinham chácaras na região rural de Piraquara. Um deles colocou um terreno para vender e nos ofereceu. Fomos até o local, achamos perto de Curitiba e foi um bom negócio. Além disso, nos encantamos com a natureza. Frequentamos esta chácara todo final de semana por cinco anos. Depois, vendemos esta e compramos outra bem perto. Ultimamente, enquanto o Belmiro estava vivo, passávamos férias inteiras no mato. Em 2014 fomos no início de janeiro e ficamos até o dia em que ele morreu, 29 de março. Chegamos da chácara após o almoço, ele foi descansar e não acordou mais. > Entre tantas possibilidades de deixar um legado público, como aconteceu a escolha de construir uma escola privada em uma área rural na Região Metropolitana de Curitiba? Bem antes de o Belmo ser Secretário de Educação do Paraná, ele tinha esse amor pela Educação. Ele dizia que amava dar aula e que se sentia realizado como professor. E eu tinha vontade de fazer algo relacionado a crianças. Então, juntamos nossas ideias e bolamos a escola. Como andávamos

bastante pela redondeza, encontramos o terreno ideal para construir a escola. O Belmo saiu à procura de parcerias e teve o apoio de muitos amigos que passaram a acreditar no mesmo sonho, como o Antônio Luiz de Freitas, o Aroldo Murá, o Flavio Prestes, o Herbert Antônio Age José e o Ricardo Pasquini. Em menos de três anos erguemos a escola, projetada por outro amigo, o Manoel Coelho. A parte da obra meu marido viveu intensamente e eu dei alguns palpites. Quando inauguramos a escola, eu entrei ativamente, contratando funcionários e professores, organizando a cozinha, a limpeza e o funcionamento em geral. E passei a ser a diretora da escola, minha primeira ocupação profissional na vida. E, desde então, vou todos os dias de Curitiba a Piraquara com muita alegria. > Na sua percepção, qual a importância do CEJPII para a comunidade de Laranjeiras? Vou contar algo específico e que pode te dar ideia do nosso valor para quem vive nesta região. Estamos em uma área com pouca estrutura urbana. Nossa rua é de chão batido e sabemos de notícias frequentes de furtos. Mas olha só: a escola tem seis anos e até hoje não tivemos nenhum vidro quebrado. Então, tenho certeza que a comunidade protege a escola. Além disso, desde a inauguração tivemos lista de espera e procura de crianças fora da idade de atendimento, o que fez com que passássemos a ofertar novas turmas.

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Perfil

Em 2010 o Centro atendeu 120 crianças, em 2011 foram 160, em 2012 este número subiu para 210, em 2013 para 260 alunos e agora estamos em 300, sempre superando as metas estabelecidas de cada ano.

© Julio Covello

> Qual o foco da escola? O plano educacional foi desenvolvido em conjunto com o Grupo Bom Jesus, que além de disponibilizar gratuitamente todo o material didático, fornece orientação pedagógica constante ao corpo docente. O programa social foi criado pelo Sesi do Paraná, responsável pelas atividades e oficinas de teatro, música, arte, dança, Karatê e educação física. Inicialmente oferecemos apenas Educação Infantil. Mas aí as crianças foram crescendo, os pais queriam levar os irmãos mais velhos, e passamos a criar uma nova série por ano, abrindo o Ensino Fundamental em contraturno para alunos de 10 a 14 anos em parceria com o Instituto João Ferraz de Campos. Voltamos agora pouco das férias com 60 alunos na Educação Infantil e 240 no período de contraturno, provenientes de outras quatro escolas da região rural de Pira-

Quer apoiar? O suporte ao Centro de Educação João Paulo II pode ser concretizado de diferentes maneiras: • Doações financeiras: por parte de pessoas físicas e jurídicas, periódicas ou especiais em valores de sua escolha. • Conta de luz: o consumidor autoriza o débito mensal e seleciona o valor de repasse, que pode ser a partir de R$ 20,00. A doação será cobrada junto com a fatura. • Doações ao Fundo de Defesa da Criança e do Adolescente de Piraquara (FIA-Piraquara ) para financiamento de projetos aprovados pelo Fundo. Doações de pessoas jurídicas podem ser realizadas até o limite de 1% do Imposto de Renda, dedutível no momento do pagamento do tributo. Doações de pessoas físicas podem ser realizadas com dedução de até 3% do Imposto de Renda devido pelo doador, no momento do ajuste anual do tributo. • Patrocínios diversos das atividades esportivas e artísticas do CEJPII, como a equipe de Karatê, do Coral e de Rádio e TV. • Doações de produtos: alimentos, materiais de higiene e limpeza, materiais escolares, artigos esportivos, materiais artísticos, etc. O Escritório Administrativo do CEJPII (41 3079 7810) e a Secretaria do Centro em Piraquara (41 3399 5409) estão à disposição para orientar e assessorar os interessados em apoiar a entidade.

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quara. Um dos nossos maiores êxitos foi a obtenção da nota 4,9 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica em 2012 pelos alunos da Escola Municipal Júlia Wanderlei, que fazem o contraturno no CEJPII. É o segundo maior escore das escolas públicas do município e o 1º de Piraquara que, até então, nem aparecia no índice. > Como conseguem manter-se financeiramente sendo uma escola privada e gratuita? Está difícil. Inauguramos no dia 26 de abril de 2010, no aniversário do Belmiro, com a cara e a coragem. Estamos no sexto ano de funcionamento com uma despesa de 140 mil reais mensais. Em janeiro de 2015 tínhamos 12 mil reais de doação de pessoa física por mês e passamos a 40 mil em julho. Isso é prova da boa vontade de muita gente, o que me deixa feliz. Mas nossa sociedade ainda não tem o espírito de doação, como nos EUA. Há hospitais e escolas mantidos por famílias que têm riquezas e querem contribuir com a comunidade. Cerca de 60% da nossa despesa é com salários e encargos de professores e funcionários. Estamos estudando possibilidades para conseguir manter a escola com a atual oferta de vagas para 2016. Mas tem dias que não consigo ficar otimista e temo precisar reduzir as vagas. Me acho “pé no chão” e trabalho com números realistas. > Que criança a senhora foi? Muito tímida! A mais velha de quatro irmãs. Fui muito cobrada para servir de exemplo para as outras. Fui estudiosa, minha mãe sempre dizia que nem na adolescência eu dei trabalho. Meu pai, neto de italianos, era presente e rígido e eu aprendi a respeitar as regras deles. Na filosofia dele, filha era para ser criada dentro de casa fazendo bordado e preparando-se para o casamento. Esta proteção que recebi me fez refletir muito quando chegou a hora de educar minhas filhas e tomei a decisão de formar pessoas que tenham o poder de escolher o próprio destino e também o da comunidade. É assim que dirijo minha vida agora e me dedico a manter o sonho da escola vivo.


Setor de diagnósticos é ampliado

A clínica Viva Imagem, localizada no HMC, atualizou o tomógrafo utilizado no setor. Com o novo aparelho, dois novos tipos de exames começam a fazer parte das possibilidades oferecidas: a angiotomografia de coronárias (tomografia cardíaca) e a tomografia computadorizada de corpo inteiro no trauma. O aparelho, que possui 64 canais, tem como diferencial a velocidade ao realizar em apenas seis segundos as tomografias. Com o novo aparelho, o setor de diagnósticos proporcionará imagens médicas com mais resolução em menos tempo, ampliando o rol de exames disponíveis e melhorando a qualidade no atendimento oferecido aos pacientes. Com a velocidade oferecida pelo tomógrafo, o setor prevê um crescimento de 50% na quantidade de exames realizados diariamente.

© Divulgação

© Divulgação

CURTAS

Novo diretor do HMC

José Octávio da Silva Leme Neto é o novo diretor do HMC. Nascido em São Paulo, onde se formou como administrador de empresas e se especializou em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas, José Octávio atua há 24 anos na área da saúde. Há sete anos em Curitiba, o administrador fez parte da equipe de grandes instituições da área de Saúde. “O Hospital Marcelino tem tudo o que os maiores hospitais do País possuem e uma estrutura que nenhum outro hospital de Curitiba tem”, disse o diretor, cujo maior desafio é a busca pelo desenvolvimento de ações de ensino e pesquisa na instituição. Na foto, José Octávio com o diretor geral da área de saúde do Grupo Marista, Dr. Álvaro Quintas, e o gerente médico, Dr. Marco Pedroni.

IV Semana da Enfermagem

© Divulgação

“Consciência profissional e a Enfermagem no cuidado de si” foi o tema da IV Semana da Enfermagem, que aconteceu em maio. A programação teve momentos de espiritualização, descontração, reflexões, palestras informativas, auriculoterapia, sorteios de brindes e sessão cinema. De acordo com a gerente de Enfermagem do hospital, Jhosy Gomes Lopes, esta semana temática é uma forma da instituição “reconhecer todas as equipes que fazem do cuidado sua principal ferramenta de trabalho, fortalecendo o amor ao trabalho, o espírito de família e a presença significativa”.

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