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SE É POSSÍVEL IMPRIMIR MAIS POR QUE NÃO FAZEMOS ISSO SEMPRE?
Você já ouviu falar no Banco Central do Brasil? O BC é responsável, entre outras tarefas, por regular a quantidade de dinheiro em circulação no país. Por isso, quando a demanda por dinheiro físico aumenta, ou cédulas precisam ser substituídas, é possível, sim, imprimir mais dinheiro.
Em fevereiro de 2023, a base monetária brasileira – a quantidade de dinheiro físico e digital em circulação no país – era de R$ 403,6 bilhões. Mas só uma parte disso está disponível em dinheiro físico: notas e moedas.
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O professor de economia Daniel Vasconcelos, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que uma cédula de dinheiro é um título público, um documento válido dentro de uma região específica. “Todas as compras e todos os pagamentos só podem ser realizados nessa moeda, que é a moeda oficial”, destaca o economista. “Quando a economia cresce de um ano para o outro, isso é sinal de que vai ser necessário mais moeda física para dar conta dos diversos tipos de pagamentos na economia.”
Outra possibilidade de impressão de mais dinheiro é a substituição de notas antigas, afinal, elas não duram para sempre. Conforme o BC, cédulas de 50 e 100 reais têm vida útil média de 37 meses. Já as notas de 2, 5, 10 e 20 reais apresentam durabilidade de 14 meses. Mas uma coisa importante é que o número de notas de dinheiro em circulação precisa acompanhar a criação de riqueza dentro de um país, caso contrário, pode causar um desequilíbrio entre a oferta e a demanda e comprometer a estabilidade econômica.
Quando uma crise econômica começa a aparecer, é comum que as pessoas logo pensem: por que não imprimir mais dinheiro e acabar com isso? Mas a impressão de novas notas e moedas não ajuda nesse cenário.
A inflação é o aumento geral e contínuo dos preços dos bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Esse conceito econômico é complexo, mas é consenso que seja reflexo de três fatores principais: o aumento dos custos de produção, da demanda pelos produtos e de políticas monetárias e fiscais inadequadas.
O Banco Central emite moedas com valores nominais (2, 5, 10, 20, 50, 100 e 200) que são impressos na nota, mas o poder de compra desses títulos oscila conforme a inflação. “A inflação faz com que a moeda perca parte de seu poder de compra, embora o valor monetário se mantenha”, afirma o professor Daniel Vasconcelos. “Uma cédula de R$ 100, em julho de 1994, quando o real entrou em circulação no país, comprava muito mais coisas do que é capaz de comprar hoje.” Ao colocar mais notas em circulação, o país acaba contribuindo para o aumento da inflação de duas maneiras: aumentando a demanda por produtos e incentivando políticas monetárias inadequadas. Afinal, mais dinheiro rodando significa ainda mais intenção de compra, em um mercado que não está preparado para oferecer produtos e serviços.
Se você guarda moedas em cofrinhos, não esqueça de periodicamente depositar o valor em um banco. Você pode pedir para alguém da sua família abrir uma conta para você. Assim, o dinheiro rende um pouquinho e evitamos problemas de falta dessas cédulas menores e moedas.