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AVÔ, PAI E FILHO: como é a rotina de um pescador?

Crianças aproveitam o Dia do Pescador para conhecer aqueles que fazem parte da história de Navegantes, descobrindo como é a rotina no mar

POR ANA CAROLINE ARJONAS

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Tempo de leitura: 6 minutos

O que você vai encontrar por aqui: crianças visitam os pescadores e escutam histórias vividas em alto-mar.

Para conhecer a trajetória daqueles que fizeram parte da história de um bairro ou cidade, é preciso ir em busca das tradições e culturas que englobam diferentes grupos. Em Navegantes, por exemplo, é difícil pensar no município sem levar em consideração o papel e a importância dos pescadores, trabalhadores que contribuíram com a economia e o crescimento do local.

Aquilo que é cantado no hino — “eu vejo pescadores voltando para o lar, trazendo o pescado para nos sustentar” — foi e ainda é a realidade de diversas famílias, que por anos buscaram nas águas o alimento para filhos e netos. Diante dessa história que se mistura com a própria construção dos espaços, Ivone Teresinha dos Passos Ortiz, Silvana Letícia Dumke e Cíntia Renata Cabral, diretora e professoras do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Alciréia da Conceição Couto, tiveram uma ideia para homenagear os trabalhadores: promover um encontro entre os pequenos e os pescadores.

O momento marcou a entrega de cartazes e cartões, agradecendo o trabalho de cada um. “Aqui nesse bairro, São Pedro, tem muitos pescadores e, como estava se aproximando o Dia do Pescador, tivemos a ideia de ir até uma pracinha que eles frequentam, ali do lado do Rio Itajaí, que é a Praça do Pescador, ali tem pescadores ativos e inativos. Tivemos essa ideia de levar eles até lá para conversar com os pescadores, fazer uma homenagem, dar um abraço neles”, conta Silvana.

Entre as entregas e conversas, os profissionais enalteceram a importância da educação e incentivaram a busca pelo conhecimento, além de aproveitar os minutos para contar as histórias que viveram em alto-mar. “A maioria tem a noção que o pai, às vezes, não pode ficar em casa porque está chovendo muito forte, ou porque está muito difícil de conseguir os peixes. Alguns me relataram isso na sala, mas depois que eles voltaram, começaram: ‘Professora, eu nunca tinha pensado nisso’, então eles começaram a pensar de uma outra forma”, diz Cíntia.

Para a diretora Ivone, a experiência foi uma chance de aproximar os pequenos daquilo que faz parte da família e da própria rotina. “Faz reviver o que eles têm dentro de casa. Até então, ‘meu pai é pescador’, mas nunca passou pela cabeça deles que nós fôssemos trabalhar esse tema, e agora não, agora estão vendo de uma outra forma”, completa a educadora, que faz questão de ressaltar que a praia é a extensão do quintal de cada um.

Francisco Manoel, o patriarca da pesca

No encontro, as crianças tiveram a chance de conhecer Francisco Manoel Patrício, conhecido como Chiquinho, referência da pesca no município. Com décadas de experiência no mar, o momento foi de recordar as madrugadas em busca dos peixes e camarões, estilo de pesca que foi mudando de acordo com as preferências de mercado. Lembrando da família e dos desafios, o pescador fez questão de ressaltar: “Era o mais novo de todos, agora sou o patriarca da pesca e o patriarca da família”, conta Francisco, que também é reconhecido pela proximidade com o boi de mamão e o terno de reis, práticas que antes faziam parte da rotina no bairro.

Longe do mar, a mesma admiração foi passada para o filho, Jucelmo Patrício, que atua no porto, mas já foi a companhia do pai em diversas pescarias. Agora, fazendo o próprio barquinho, as buscas por peixes são compartilhadas com o filho caçula — tradição passada de geração em geração.

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