Revista LEVA - Edição 5 | Ano 1 | Julho

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Editorial

E quem nos condenará por viver? Viver, esta é a grande missão. Apesar de parecer fácil, não é. A vida é frágil, delicada, num piscar de olhos ela passa, basta um tropeço e isso pode lhe custa-la; e aí daremos conta de todos os nossos feitos positivos e negativos. E que interessante, no final os “bons feitos” sobressaem os maus. Deveria ser assim o tempo todo, olharmos e buscarmos o lado bom das coisas, mas não agimos assim. Vivemos olhando o que deu errado, o lado ruim; e com o dedo, olhar ou palavras apontados, nos tornamos juízes. Somos constantemente criados para sermos negativos, já percebeu? A primeira resposta a se esperar sempre é um “Não”. Porque não um “Sim” ou um “Talvez”? Se alguém te oferece algo somos educados a dizer primeiramente “não” e só aceitar se ele insistir, pois quem aceita sempre de cara é criticado. Para ser humildes somos treinados a não reconhecer nossos dons, talentos e nossas habilidades, porque se dissermos “eu sou muito bom nisso”, passamos a ser taxados de “convencidos” ou algo do gênero. As pessoas nos dizem: “nossa a humildade passou longe”. E pouco a pouco vamos deixando de assumir, sem pretensão de soberba alguma, aquilo em que somos bons realmente. É por isso que muita gente não consegue decidir sua vocação, e ficam longos anos sofrendo por não fazer o que gosta, trocando trabalho por emprego. Elas foram treinadas a achar que não são boas em nada, e se achar algo em que se acham boas, devem dizer que apenas “domina um pouco ou o suficiente”, porque isso é ser humilde para o mundo: não reconhecer que somos realmente bons, para as pessoas. A vida é curta de mais para vivermos negando e julgando tudo e todos. “Com bondade se atrai as pessoas” (Padre Pio), então sejamos bons! Mas sem medo, porque viver é arriscar, é entregar-se sem medo de ganhar ou perder, de sorrir ou de chorar. E se cair, perder ou errar... ter coragem para se erguer e se desculpar, e mais ainda, lutar para ser melhor a cada dia; porque somos humanos e estamos em constante construção. A empatia não deveria ser exceção em nossas vidas. Já dizia Léa Mendonça em uma de suas canções: “Não me rendo, não me entrego, não me quebro, não desisto, continuo a serviço do Rei. Não é chorando pelos cantos, mas é de cabeça erguida que aguardo a providencia de Deus”. Mesmo você que não crê em Deus, pode tirar uma lição dessas palavras: Nunca desanimar ou desistir, a esperança é âncora da alma! Basta confiar, saber esperar, e no tempo certo tudo dará certo. Somos eternos semeadores e sempre colheremos o que plantarmos; seja algo bom ou ruim. Viva um dia de cada vez, viva as vitórias e as derrotas, e aprenda com ambas. Porque se deixar de aprender com alguma destas, você deixou de viver um tempo, uma lição. E quem te condenará por viver? “Só quem esqueceu que é ser humano” (Nelsinho Correa). Vejamos por exemplo a Copa do Mundo, perdemos somente o 1º lugar. Mas vejam o lado bom, somos os 4 últimos finalistas de muitos outros que ficaram para traz. Pode não ser a maior, mas há honra e gloria nisto. Perder e ganhar são riscos que todos correm em uma competição. É entendível a decepção das pessoas; afinal, nunca vimos algo acontecer da forma que aconteceu. Não podemos tirar delas a liberdade de sentir essa perda. O que agrava mais nossa frustração é que começamos criticando a seleção, mas ao decorrer dos jogos a seleção conquistou a todos, e passamos a torcer como verdadeiros brasileiros apaixonados por futebol. E torcer faz bem, e assim nos entregamos de coração, vestimos a camisa e até tiramos fotos com ela; e ter um resultado deste, que pra muitos era possível, mas que pra outros não era aceitável, decepciona com certeza. Eles erram sim, todos. Mas devemos também ser justos, eles estavam visivelmente abalados, seja pela falta de craques como Neymar, seja por outro motivo qualquer; bastava olhar para os olhos deles para ver, eles estavam triplamente perdidos e pressionados: pelos torcedores que ora os criticavam e depois os impuseram a vitória, pelos patrocinadores e treinador, e por eles mesmo que exigiam de si mesmos “fazer bonito pro seu povo e familiares”. Acha mesmo que eles não queriam ganhar? Sabe nada! Na vida quando alguém vem e dispara uma metralhadora de ofensas, ou outra coisa da qual não esperamos, sobre nós repentinamente, e isso se junta com um emocional abalado, não há outra reação além de “não ter reação”. Pare e pense, você já deve ter vivido situações assim. Quando se viram goleados, foram metralhados, se perderam em campo. Demos o nome de “apagão”. Sem reação, e o que é pior, sem uma direção. Direção esta que talvez se abalou também. Não deveria, eu sei, mas acontece. Grandes empresários já se abalaram da mesma forma e tiveram consequências em suas empresas. É fácil criticar, mas e nós? Se estivéssemos lá, faríamos melhor ou pior? É complicado, infelizmente não há respostas claras. Só eles sabem o que aconteceu e o que cada um viveu, porque eram eles lá, e nós aqui. Somos meros espectadores, críticos e juízes. Certamente a única coisa que podemos fazer é critica-los de forma construtiva, mas jamais condenar. Como diria Nelson Rodrigues: “A derrota dói na alma, mas é tão importante quanto à vitória”. Porque a vitória traz gloria, mas a derrota nos fortalece para a próxima batalha. Que possamos crescer e amadurecer com isso. Espero que esta Copa sirva para todos nós de alguma lição, cada qual com a sua. Porque cada vivencia é única, assim como cada um de nós é único. Temos sim, que ter orgulho de ser brasileiros, porque não devemos ser brasileiros só na COPA; chegamos a final, mesmo que sem o Hexa, mas chegamos e ainda podemos vencer algo. Porque na vida a maior vitória está em vencer nossos próprios preconceitos. Que podemos fazer a diferença sendo o que somos, sem medo de viver, sem copiar ninguém. Porque o que nos faz diferente dos demais, é não ter medo de viver com autenticidade. De possuir nossas próprias características e assim nos definir diferente, porque ser diferente não é errado! Boa leitura e bom fim de Copa a todos. E Viva a vida, porque só se vive uma vez! Paulo Casella I Diretor Executivo LEVA


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