Revista Linhas 04

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os jovens, a universidade e a cidade D. António Marcelino

sucesso académico no ensino superior estratégias de promoção Prof. José Tavares

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porque foi einstein importante? 2005: ano internacional da física Prof. José F. F. Mendes

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biologia na noite divulgando ciência saindo à noite Prof. Amadeu Soares

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casos de sucesso antigos alunos da ua com carreiras bem sucedidas

projecto infogenmed ua uniformiza informação sobre doenças genéticas raras

prevenção das cheias em estudo na ua departamento de ambiente e ordenamento define estratégias

projecto fame ua adere a projecto europeu que faz convergir estratégias científicas para materiais híbridos e cerâmicos

numa parceria entre a ua e a siemens siemens instala laboratório

instituto de investigação da ua Câmara Municipal de Aveiro atribui medalha municipal de mérito científico

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rede SUDcom ua acolhe sede de rede de cidadania activa transnacional dos países do mediterrâneo sul

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novos mestrados na área do ambiente arranque neste ano lectivo

comissão directiva relança associação dos antigos alunos da ua eleições previstas para o início deste ano lectivo

antigos alunos engenharia electrónica e telecomunicações

saídas revitalizadas engenharia mecânica reconhecida pela ordem dos engenheiros

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publicações da comunidade académica

presidente da república na ua parceiras para a inovação em debate

fórum 3e empresas e candidatos ao mercado de trabalho concentraram-se na ua

ua comemorou dia da universidade emoção, orgulho e alegria marcaram cerimónia de entrega de diplomas

escola superior de saúde da ua finalistas proclamaram compromisso

fábrica reabre com novidades Mariano Gago marcou presença nas comemorações do primeiro aniversário

aauav comemora 27º aniversário gabinete de apoio à direcção neste ano lectivo

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D. António Marcelino Bispo de Aveiro

os jovens,

a universidade

e a cidade

A reflexão sobre os jovens, com a complexidade que lhes é própria, dadas as mudanças culturais que se vão operando de modo generalizado e constante, poderá fazer-se com alguma objectividade quando se estabelecem algumas referências concretas. Neste caso, a Universidade e a Cidade servem de horizonte ao que se pode dizer, sem pruridos de exaustão, sobre jovens concretos que por aqui passam. Não creio que seja fácil, ou mesmo possível, uma visão alargada do fenómeno juvenil actual e local, tantos são os aspectos e a fugacidade dos mesmos a entrecruzarem-se e a empurrarem-se mutuamente. O ontem da gente nova fica cada vez mais longe e o seu hoje mal se pode apreciar, tão depressa ele se esfuma do nosso horizonte.

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Os jovens estão marcados pela fluidez dos seus traços, pelas interrogações do seu presente e do seu futuro, pelo difícil enquadramento social das suas pessoas e vidas, pela dificuldades que têm de enfrentar, pela incompreensão que respiram, por vezes, à sua volta e, em muitos casos, pelos nós interiores que os tolhem a eles próprios. Muitos “andam no vento”, como disse Fernando Namora de seus netos e das novas gerações. As opções vitais têm de as fazer tantas vezes em horizontes reduzidos e em espaços de incerteza. Quando a falta de esperança ou a indiferença os não feriu, lá vão rompendo, corajosamente, o nevoeiro do tempo e os obstáculos do caminho, fazendo a afirmação de quem não desiste de ser protagonista e de procurar rumo para a vida.

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Milhares de jovens travam, entre nós, as suas batalhas no dia a dia, na Universidade e no meio ambiente que a Cidade lhes proporciona. Por um lado, a exigência normal de um trabalho sério e com regras, que nunca se pode dispensar, mormente quando há consciência de que a vida só vale a pena se se vive de modo responsável e tem horizontes de esperança. Por outro lado, necessita de um clima social indispensável, que tanto pode ser equilibrante, como convidativo a alguma alienação. A ligação Universidade – Cidade deve ser estruturante para os jovens que aqui estudam e vivem. Não se trata de justaposição de realidades concretas ou de simples alternativa, marcada pelo ritmo “trabalho – lazer”, mas de espaços e realidades complementares e interdependentes.

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os jovens, a universidade e a cidade

Insiste-se hoje em considerar nos meios urbanos a necessidade, a importância e o valor humanizante das “cidades” no seio da “cidade”, sem o que a massa come a pessoa. Creio que pode ser esta uma perspectiva válida para o problema em causa, se se têm em conta a autonomia, as exigências e as regras próprias da Universidade e sua indispensabilidade, em confronto com o fluido próprio da Cidade, com as suas propostas e apetências, dificuldades e oportunidades. Por um lado, a ocasião de personalização, mediante a estruturação do pensamento, o rigor do método, o horizonte do necessário, a descoberta do valor da equipa ou do grupo em trabalho, a experiência do progresso pessoal e intelectual. Por outro lado, o calor do acolhimento pessoal, a interrelação conseguida, a convivialidade enriquecedora, o espaço do lazer necessário, o contacto

com a história que permanece viva, em seus aspectos culturais, geográficos e humanos. É curioso verificar, na hora da despedida, os laços afectivos que tanto a Universidade como a Cidade geraram e reforçaram nos jovens que por aqui passaram e viveram, ainda que só por um tempo. Alguns laços tão fortes que já nem deixam partir. O prestígio da Universidade e o calor humano da Cidade casam bem entre si, a favor dos jovens que vieram a Aveiro qualificar-se para a vida. Muitos deles o dizem de muitos modos. Ainda bem. Há que manter sempre viva esta ligação mútua.

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José Tavares Professor do Departamento de Ciências da Educação da UA

estratégias de promoção do

sucesso académico no ensino superior uma opção livre A intenção de aplicar o conhecimento que vinha sendo adquirido através de investigações em curso na formação surgiu durante o ano lectivo de 2002/2003. A disciplina de Estratégias de Promoção do Sucesso Académico no Ensino Superior (EPSAES) foi criada como uma opção livre, com o objectivo de levar os alunos a reflectir sobre as suas próprias estratégias de estudo, de trabalho, de aprendizagem, de lazer e de bem-estar físico, biológico, social, cultural e humano, no sentido de mobilizar as suas capacidades para um maior sucesso académico.

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Implementação da disciplina de EPSAES No ano lectivo 2004/2005 (1º ano de leccionação) inscreveram-se 35 alunos que frequentaram a EPSAES. Os objectivos que se estabeleceram como meta a alcançar com esta disciplina foram os seguintes: (1) Identificar estratégias que possibilitem aos alunos, professores e instituições um maior sucesso académico; (2) Repensar os processos de ensino, organização e gestão, realização e avaliação da formação, da investigação e inovação; (3) Desenvolver sessões com a participação de alunos, docentes e investigadores sobre o conjunto de temas propostos (abaixo enumerados e descritos); (4) Fomentar o debate entre todos os interventores de um modo interactivo e inovador, com o apoio das TIC; (5) Transpor as capacidades e competências desenvolvidas e adquiridas para outras situações semelhantes da vida académica dos estudantes.

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sucesso académico no ensino superior

A avaliação proposta e aceite pelos alunos dividiu-se em duas partes e desenvolveu-se nos seguintes moldes: · Avaliação contínua. Durante os seminários dedicados aos cinco temas, os alunos, em grupo, realizaram reflexões críticas sobre aquilo que aprenderam nos seminários e de que forma puderam ou poderão utilizar esse conhecimento para fomentar o seu sucesso académico. Estas reflexões foram apresentadas e discutidas nas cinco últimas sessões da disciplina. Cada grupo apresentou a sua reflexão sobre cada tema (5 minutos) seguida de uma discussão conjunta. O valor desta componente foi de 40% da avaliação final. · Avaliação periódica. Teste em-linha (recorrendo à plataforma Blackboard) com 10 perguntas (escolha múltipla). Foram também dadas, em papel, quatro perguntas de desenvolvimento e destas escolhidas duas. O peso desta componente foi de 60% da avaliação final. Os materiais de apoio foram sendo disponibilizados na plataforma de e-learning Blackboard. As funcionalidades da plataforma de comunicação à distância, os fora ou salas de discussão

e os Chat, não foram muito utilizados visto se ter privilegiado a interacção presencial entre os alunos, a equipa docente e de investigação. As áreas mais consultadas no Blackboard foram a “Área de conteúdo” com 74% do total de acessos e os “Avisos” com 14%. Os acessos deram-se sobretudo nos fins-de-semana e dias seguintes às aulas, sendo as horas de maior afluência as 10h00 e as 16h00. Temáticas As temáticas que agora se apresentam foram desenvolvidas durante o 1º semestre do ano lectivo 2004/2005. Tratam-se de temáticas em construção, na medida em que serão adaptadas às necessidades dos alunos e moldadas de acordo com as suas sugestões, observações críticas e re-análise da equipa de investigação-formação, e que se descrevem sucintamente a seguir:

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0. Contextualização da investigação Nestas sessões discutiram-se e fixaram-se os aspectos relativos ao funcionamento da disciplina EPSAES, como a metodologia e a avaliação. Explanou-se o contexto teórico que envolvia as temáticas a desenvolver por cada docente em cada uma das sessões dos módulos de formação. Foram ainda fomentadas a discussão e a reflexão acerca de alguns conceitos básicos que integram o próprio nome da disciplina, como: (1) estratégias e outros conceitos afins; (2) sucesso académico; (3) ensino superior.

higiene de sono; (4) tivessem oportunidade de conhecer os seus padrões de sono-vigília e algumas características individuais associadas aos ritmos circadianos; (5) detectassem aspectos menos adequados aos seus hábitos de sono; (6) reflectissem sobre a selecção, tendo em conta o seu caso pessoal, as medidas mais ajustadas para melhorar a sua higiene de sono; (7) delineassem uma estratégia para aplicar tais medidas. Para além dos conhecimentos teóricos, os participantes tiveram exercícios práticos para poderem avaliar os seus padrões de sono e tipo diurno, através de questionários de auto-resposta, e de preencher um “Diário de sono” durante sete dias que serviu depois para discussão. Propôs-se ainda aos estudantes que, com base nos conhecimentos adquiridos, identificassem aspectos positivos vs. “problemáticos” dos seus hábitos de sono, para poderem reflectir sobre as medidas mais apropriadas a pôr em prática, com o objectivo de melhorar os seus hábitos de sono. Foi ainda proposto aos alunos que quisessem avaliar mais objectivamente o seu sono a utilização de actígrafos.

1. Ritmo de sono e vigília em estudantes universitários e sucesso académico Com este módulo pretendeu-se que os estudantes: (1) adquirissem conhecimentos básicos acerca do sono e do ritmo sono-vigília; (2) reconhecessem a importância de uma boa noite de sono para a optimização do funcionamento diurno (não só em termos de desempenho académico mas também de bem-estar pessoal); (3) conhecessem as regras básicas para uma adequada

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2. Literacias e sucesso académico Com este módulo pretendeu-se realizar o diagnóstico e a análise da competência dos alunos relativamente ao desenvolvimento de estratégias específicas de leitura, compreensão e escrita e reflectir sobre a associação entre o desenvolvimento destas estratégias e o desempenho e sucesso académicos. As actividades realizadas visavam, sobretudo, a análise de aspectos relacionados com a variedade de estratégias, definição de conteúdos e objectivos a atingir, aspectos a ter em conta aquando da utilização de cada estratégia específica, etapas a seguir, cuidados a ter antes, durante e depois de cada actividade, regras, implicações e utilidade para o dia-a-dia do estudante do ensino superior. Com base nas noções de ensino estratégico e de monitorização, procurou seguir-se uma abordagem combinada de leitura e escrita partindo da noção de que as actividades de formação se deverão basear no desenvolvimento de situações de resolução de problemas e sua transposição para o contexto de formação de situações de aprendizagem que os alunos enfrentam no seu dia-a-dia.

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3. Técnicas de discurso e apresentação de trabalhos Este módulo teve como objectivo desenvolver e melhorar a capacidade dos alunos discursarem em público. As competências adquiridas poderão ser utilizadas nas várias disciplinas curriculares, permitindo ao aluno uma maior dinâmica na apresentação de trabalhos orais. Foi dada aos alunos a oportunidade de estudar estratégias para superar o medo de falar, assim como de adquirir algumas pistas para melhor estruturar o discurso com o recurso a meios audiovisuais. Aplicar técnicas discursivas na preparação de um discurso informativo/ou persuasivo (por exemplo, como adequar o discurso à audiência, como envolver o público, como recorrer a fontes dos dados para uma maior credibilidade do discurso, como preparar previamente um outline); aplicar eficazmente materiais audiovisuais num discurso; levar o aluno a observar e a observar-se, para uma melhoria real da comunicação perante o grupo; promover, através de vivências práticas, a autoconfiança e a segurança de forma a falar diante de um grupo de pessoas com persuasão, convicção e satisfação; dominar regras,

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sucesso académico no ensino superior

códigos e técnicas que permitam formular mensagens claras, com impacto na audiência, foram algumas das competências que se pretendeu desenvolver nos estudantes. 4. Experiências de aprendizagem e auto-regulação académicas Este módulo foi construído sobre as conclusões de algumas das mais recentes investigações sobre o processo da aprendizagem auto-regulada. Durante as sessões, reflectiu-se acerca de situações quotidianas da vida académica dos estudantes, tentando encontrar possíveis respostas às questões do “que fazer?” (analisar as tarefas, fixar objectivos e planear); “como fazer?” (seleccionar e usar as estratégias mais apropriadas); “porquê fazer?” (seleccionar e usar as estratégias motivacionais mais adequadas); e, “com que resultados?” (monitorização e auto-avaliação dos desempenhos). As questões, “quando?”, “com quem?” e “onde?” foram também importantes ao nível da gestão estrutural dos tempos, ambiente, espaços e outros recursos (ajudas) disponíveis. Aproveitou-se para discutir e analisar a aprendizagem

estratégica no contexto de ensino superior contrastando a hetero e a auto-regulação e apontando quais as condições e opções que permitem ao estudante optar entre uma ou mais hipóteses. 5. Promoção da saúde e bem-estar no ensino superior Este módulo teve como base um conjunto de investigações e módulos de formação realizados na Universidade de Aveiro ao longo dos anos lectivos de 2002/2003 e 2003/2004, com vista à promoção do desenvolvimento pessoal e educação para a saúde, avaliados pelos alunos como sendo de grande actualidade e utilidade. Abordaram-se como estratégias de promoção do sucesso académico, a apresentação e explicação do Modelo Cognitivo-Comportamental do Stresse e da Ansiedade aos Exames (para a socialização do estudante com o mesmo e a compreensão dos processos que contribuem para a manutenção das dificuldades referidas), a Identificação e Reestruturação dos Pensamentos Automáticos Negativos (para ensinar o estudante a pensar melhor, através da identificação dos PAN e das suas

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implicações no comportamento, através da identificação e correcção de erros no processamento de informação) e o Relaxamento Muscular com Imaginação Mental (para que o estudante aprendesse a minimizar os níveis de stresse que sente).

contribuíram claramente para a promoção do sucesso académico (item 4: Média=5.1, DP=1.0) e que os temas e a organização modular da disciplina foram ao encontro das suas reais necessidades enquanto estudantes (item 3: Média=5.0, DP=1.0; item 8: Média=5.0, DP=1.0). Consideraram também que as abordagens utilizadas pela equipa de docência e investigação foram interessantes e motivadoras (item 2: Média=4.8, DP=0.8). A discussão e interacção desencadeadas nas sessões da disciplina foram consideradas como factores positivos da disciplina e que efectivamente contribuíram para a sua aprendizagem e desenvolvimento (item 5: Média=4.6, DP=1.1; item 6: Média=4.8, DP=0.9). A organização da disciplina de EPSAES permitiu aos alunos pensarem em novas formas de organização e gestão curricular, aliás 93.4% dos alunos responderam acima do nível 3 no item 7. Os aspectos menos positivos estiveram relacionados com o acesso ao Blackboard (item 12: Média=4.5, DP=1.6;). O facto dos alunos não terem um acesso fácil à Internet pode estar directamente relacionado com o Departamento de origem dos alunos. Outro dos pontos menos positivos prendeuse com os processos de avaliação da disciplina (item 9: Média=4.0, DP=1.0), aliás, muito referido pelos alunos nas respostas à pergunta aberta. Relativamente aos Comentários/Sugestões escritos pelos alunos, de forma anónima, no questionário “Diagnóstico – Intervenção – Observação”, a sua apresentação e análise será dividida em 3 tópicos que ressaltaram da maioria de comentários: 1. Pertinência da disciplina nos primeiros anos do ensino universitário; 2. Sistema de Avaliação; e 3. Apreciação Global. Relativamente à primeira questão, encontrámos um quase consenso no que concerne à necessidade/utilidade de uma disciplina desta natureza em anos iniciais do plano curricular de todas as licenciaturas. Vários foram os alunos que defenderam que “se estes

Resultados e suas implicações – Avaliação da disciplina O trabalho desenvolvido nas aulas sobre os diferentes módulos e a participação dos alunos permitiram que a disciplina fosse encarada como um todo que promove o desenvolvimento académico e pessoal, tendo-se obtido níveis de assiduidade elevados ao longo de todo o semestre. A avaliação contínua esteve directamente relacionada com o trabalho realizado durante o período de aulas. A média da avaliação contínua (Média=16.0; DP=0.7) afigurou-se como ligeiramente mais elevada do que a média referente à avaliação do exame (Média=15.6; DP= 1.6). A média da avaliação final foi de 15.8 valores (DP=1.0). Opiniões dos alunos Uma das preocupações constantes da equipa docente envolvida na leccionação da disciplina EPSAES era saber qual a opinião dos alunos acerca da metodologia adoptada. Já na recta final do semestre, foi pedido a todos os discentes da disciplina que respondessem a um questionário em linha (alojado na Blackboard), intitulado de “Diagnóstico – Intervenção – Observação”. O questionário foi constituído por 12 questões de resposta fechada, a que os alunos deviam responder recorrendo a uma escala tipo likert em seis pontos (1 – “Não se aplica nada a mim” a 6 – “Aplica-se completamente a mim”), e uma pergunta de resposta aberta, para Comentários/Sugestões sem limitação de espaço para resposta. Na tabela 1 são apresentados os resultados da análise do questionário em linha. Os alunos consideraram que as estratégias apresentadas pela equipa docente

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conhecimentos tivessem sido transmitidos no primeiro ou segundo ano de licenciatura, teria sido um contributo importante para o percurso académico e talvez factor motivador para a licenciatura (…)”*, que “esta cadeira seria mais benéfica se fosse leccionada no primeiro ano da universidade”*, que “seria mais útil aos alunos que quando entram para a universidade, por vezes, não encontram os métodos de estudo adequados e mudam certamente a sua rotina diária”*, ou mesmo que “deveria ser do 1º ano, uma vez que vários dos módulos, apesar de úteis, teriam sido fundamentais aquando do ingresso no ensino superior.”* Sobre esta questão existem alguns factores a ponderar. Um dos mais importantes, dada a sua dependência da organização institucional, prende-se com a (im)possibilidade de os alunos de licenciaturas da Universidade de Aveiro poderem frequentar disciplinas de opção livre. Esta possibilidade é definida pelos coordenadores das licenciaturas bem como a altura em que se poderão/deverão inscrever nas mesmas. Grande parte das licenciaturas da Universidade de Aveiro só permite a frequência de opções livres em anos mais avançados da formação dos alunos. No plano curricular das licenciaturas existem espaços prédefinidos para este tipo de disciplinas, o que significa que antes os discentes não poderão cursar as mesmas, não obstante o facto de, em anos anteriores, considerarem importante para a sua formação, a frequência de disciplinas de opção livre. Outra ideia salientada por uma boa parte dos estudantes da disciplina relacionou-se com o sistema de avaliação estabelecido. Alguns alunos consideraram que o peso das suas componentes deveria ser diferente, por exemplo, “40% para o exame e 60% para o trabalho, uma vez que este último é elaborado ao longo do semestre e requer um maior empenho do aluno”* Outros criticaram o facto de “os trabalhos realizados ao longo

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sucesso académico no ensino superior

Item Estou motivado para a disciplina de EPSAES As abordagens adoptadas são interessantes e motivadoras Os temas vão ao encontro das minhas necessidades enquanto estudante do ensino superior Considero as estratégias apresentadas importantes para a promoção do sucesso académico A discussão nas sessões contribuiu para a minha aprendizagem e desenvolvimento A interacção desencadeada foi um factor positivo nesta disciplina A estrutura modular desta disciplina fez-me pensar em novas formas de organização e gestão curricular A organização da disciplina em módulos foi adequada Os processos de avaliação são adequados A utilização do Blackboard facilita a minha aprendizagem Sinto facilidade na utilização desta plataforma Tenho acesso fácil ao Blackboard

Média 4.7 4.8 5.0 5.1 4.6 4.8 4.6 5.0 4.0 4.9 4.9 4.5

DP 0.9 0.8 1.0 1.0 1.1 0.9 1.1 1.0 1.4 1.2 1.2 1.6

Tabela 1. Médias e desvios-padrão das respostas a cada um dos itens do questionário (n=32)

do semestre valerem tão pouco em relação ao exame (…)”*, considerando que “foi, sem dúvida alguma, com eles que aprendemos e desenvolvemos as nossas capacidades de que tanto se falou nestas aulas (…)”*. Apesar de ter havido a percepção dos alunos do seu enriquecimento pessoal, no decurso das aulas, não deixaram de lembrar “um único senão: o método de avaliação (…)”*. Segundo a sua opinião “muitas horas foram despendidas na elaboração de trabalhos escritos, reflexões, apresentações orais para que no final estes sejam apenas 40% da nota final (…) ”*. A equipa envolvida na docência da disciplina considera que o exame permite uma noção mais concreta do trabalho individual de cada aluno. O aluno que se aplicou durante o semestre, e foi realizando as reflexões ao longo deste, conhecerá bem a matéria e estará melhor preparado para responder às questões que lhe são apresentadas no exame. Apesar destas opiniões/sugestões dos alunos, a equipa docente concluiu que a sua apreciação global foi bastante positiva. “(…) Esta disciplina foi muito interessante e muito além das minhas expectativas. A ideia que fazia desta disciplina não correspondia em nada ao que aconteceu, ou seja foi uma surpresa muito agradável para mim. O corpo docente conseguiu em poucas sessões dar aos estudantes o mais importante de cada módulo.”* Todos

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os alunos que manifestaram a sua opinião, não obstante alguns pontos específicos cuja modificação sugeriram, demonstraram uma elevada satisfação final decorrente da sua frequência. Frases como “adorei a disciplina, aliás nunca pensei que fosse tão interessante. Os meus parabéns! Os professores foram excelentes e os temas desenvolvidos também!”*, ou “aprendi muitas coisas importantes para um bom desempenho académico e, futuramente, profissional”*, ou ainda “considero esta disciplina uma das mais interessantes e proveitosas comparativamente às que fazem parte do meu currículo” *, foram referidas por bastantes alunos nas suas apreciações. Considerando a interactividade e a fomentação do debate com os alunos, objectivos desta disciplina, poder-se-á afirmar que o saldo foi muito positivo, a avaliar por frases como: “senti que aprendi muito com esta cadeira, uma vez que os módulos apresentados eram bastante interessantes e até certo ponto inovadores para mim. As aulas foram interactivas e dinâmicas”* e “Espero que a disciplina prossiga e continue a ajudar os alunos a reflectirem nas estratégias para o seu sucesso.”*. Conclusões Uma das conclusões que emerge destas experiências científico-pedagógicas, aliás, em consonância com a opinião de outras equipas de formação e investigação que se preocupam com problemas desta natureza, é que elas só

são possíveis se dispuserem de equipas de investigação e de formação que sejam capazes de se organizar e trabalhar em conjunto e que disponham de meios adequados. Caso estes pressupostos não sejam garantidos tudo se torna extremamente trabalhoso e complicado, ficando, desde logo, o seu possível sucesso comprometido. Outra reflexão desta abordagem liga-se com as estratégias de promoção que visam o sucesso académico. A integração nos curricula de disciplinas que vão ao encontro das necessidades dos alunos e que os capacitem para agir e lidar de forma mais adequada e eficaz com situações da vida de todos os dias, torna-se indispensável, considerando o crescente preenchimento do tempo extra-curricular com outras actividades. A concluir acresce dizer que a criação desta disciplina e a sua implementação nos moldes que foram apresentados só foi possível em virtude do esforço de uma equipa de investigadores do projecto Estratégias de Promoção do Sucesso Académico no Ensino Superior/Strategies for Promoting Success in Higher Education (EPSAES/SPASHE), financiado no âmbito do Programa Sapiens da Fundação para a Ciência e para a Tecnologia. *

As frases assinaladas são de discentes de EPSAES

retiradas da parte de Comentários/Sugestões do questionário “diagnóstico – intervenção – observação”.

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José F. F. Mendes Professor do Departamento de Física

2005: ano internacional da física

porque foi Einstein importante?

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porque foi einstein importante?

A palavra “progresso’’ não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes. A. Einstein

Foi a 16 de Outubro de 2003 que a UNESCO, na 58.ª Assembleia-Geral da ONU, declarou o ano de 2005 como sendo o Ano Internacional da Física. Mas o que é o ano internacional da Física e porquê? Trata-se de uma celebração a nível mundial da Física e da sua importância nas nossas vidas. A Física contribuiu, ao longo do século passado, tanto para o progresso da Ciência em geral, como para a tecnologia. Mas não só. O seu impacto teve, tem e continuará a ter consequências incríveis ao nível da sociedade no seu todo. Albert Einstein (1879-1955), físico alemão, foi um dos que mais contribuiu nesse sentido. Em 1905, Albert Einstein, com apenas 26 anos, publicou cinco artigos que revolucionaram a Física. É este feito considerado o annus mirabilis da Física que levou a que seja comemorado em 2005 e a nível mundial o Ano Internacional da Física. Como disse, foi em 1905 que Einstein publicou cinco dos mais importantes trabalhos de todas as suas contribuições para a Ciência, com os quais abalou alguns dos pilares da Física até então bem estabelecida – pensava-se! Um simples

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funcionário do serviço de patentes Suíço revolucionou o mundo. Estes trabalhos foram de tal modo revolucionários que a Física e a sociedade em geral nunca mais foram os mesmos… As suas contribuições foram de tal modo importantes que foram as precursoras de grande parte das teorias que atravessaram o século passado, Física Estatística, Mecânica Quântica e Teoria da Relatividade (restrita e geral) e as suas ideias unificadoras ainda hoje são um problema em aberto. Comparável somente com os anos de 1665 e 1666, quando Isaac Newton apresentou contribuições importantíssimas como a lei da gravitação e a óptica. Os famosos artigos… O primeiro artigo deste ano miraculoso foi publicado a 17 de Março com o título Über einen die Erzeugung und Umwandlung des Lichtes betreffenden heuristischen Standpunkt (“Sobre um ponto de vista heurístico sobre a geração e transformação da luz”). Entre os cinco, este foi o único considerado revolucionário pelo próprio Einstein. É neste artigo que Einstein formula a lei do efeito fotoeléctrico, fazendo uso da constante de Planck

para definir o quantum de energia do fotão, uma partícula associada à luz. Este trabalho retoma a interpretação corpuscular da luz, uma ideia defendida por Isaac Newton e que fora abandonada depois dos efeitos de interferência observados por Thomas Young (1801). Foi Heinrich Rudolf Hertz, cientista alemão, que observou, em 1887, que a incidência de luz sobre um objecto metálico provocava uma corrente eléctrica; mais tarde, em 1900, Philipp Lenard, também alemão, ao estudar as cargas libertadas por metais quando iluminados com radiação, descobriu que estas eram electrões… Estes foram passos cruciais para a teoria do efeito fotoeléctrico (1905). Fica assim percebido o processo de interacção matéria/radiação. Foi devido a este estudo que Einstein recebeu o prémio Nobel da Física em 1921. Sem que nos apercebamos, são inúmeras as aplicações deste efeito (em células fotoeléctricas) no nosso dia-a-dia: sistemas de segurança, controlo de dispositivos, câmaras de televisão, vídeo e fotografia, etc… O segundo artigo é de 11 de Maio, Über die von der molekulartheoretischen Theorie der Wärme geforderte

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Bewegung von in ruhenden Flüssigkeiten suspendierten Teilchen (“Sobre o movimento de partículas suspensas em fluidos em repouso, como postulado pela teoria molecular do calor”), hoje conhecido por movimento browniano, descrito pela primeira vez em 1828, pelo botânico Robert Brown que observou que o pólen de diversas plantas se movimentavam na água com um movimento errático. O terceiro artigo, 30 de Junho, Zur Elektrodynamik bewegter Körper (“Sobre a electrodinâmica dos corpos em movimento”) é o primeiro trabalho sobre a teoria da relatividade restrita. Outros cientistas estiveram também perto de ser os criadores desta teoria, como Poincaré e Lorentz, mas foi Einstein que deu o passo vital, ao terse desprendido da ideia do éter. A teoria de Eisntein veio reformular ideias antigas de espaço e tempo, tornando-as entidades ligadas: o espaço-tempo. Seguem-se as ideias associadas ao conceito de simultaneidade, de dilatação dos tempos e contracção dos espaços, etc. A utilização hoje do Global Position System (GPS) seria ineficiente sem o uso dos conceitos de relatividade (os relógios nos satéli-

tes andam alguns micro-segundos mais lentos do que os da Terra; como a luz se desloca a uma velocidade enorme, isto pode significar umas boas centenas de metros de imprecisão).

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No quarto artigo, 27 de Setembro, Ist die Trägheit eines Körpers von seinem Energieinhalt abhängig? (“A inércia de um corpo depende da sua energia?”) Einstein propõe a sua famosa equação E=mc2. Este artigo é importante por muitas razões, boas e más. E tudo porque esta simples equação, talvez a mais famosa de todas as equações da Física, teve consequências medonhas. Estou a pensar na bomba atómica. Mas as boas razões foram também muito importantes. Senão veja-se: os princípios de conservação da massa (Lavoisier) e da energia (Leibnitz), estavam na base de toda a Física (e Química) Clássica, mas ao mesmo tempo desligados. Lavoisier “verificou” que a massa de um sistema, durante uma transformação química, permanece constante, isto é, a massa dos reagentes é igual à massa dos produtos da reacção. A equação de Einstein veio mostrar que existe uma equivalência entre massa e energia e portanto que

estes princípios até então fundamentais (conservação da massa e energia) estavam errados. Einstein mostrou que, quando um corpo emite luz, este torna-se mais leve, ou seja, o equivalente a esta energia foi perdido sob a forma de massa do corpo. Note-se que Einstein, quando escreve originalmente esta equação, escreve m = E/c2, ou seja, tentou explicar o conceito de massa em termos de energia. Aliás, o título do artigo era uma questão – “depende a inércia de um corpo do seu conteúdo energético?” Esta visão joga em seu favor, pois sempre se assumiu um homem pacifista e as consequências menos pacifistas desta equação não foram intrinsecamente da sua vontade. E o quinto, de 19 de Dezembro, é novamente sobre o movimento browniano. Ainda em 1905, conclui a sua tese de doutoramento (Eine neue Bestimmung der Moleküldimensionen: Sobre uma nova determinação das dimensões moleculares) que foi entregue à Universidade de Zurique, e que dedicou ao seu grande amigo Marcel Grossmann. Estes e outros trabalhos que se seguiram rapidamente colocaram Einstein num

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porque foi einstein importante?

…esta simples equação, talvez a mais famosa de todas as equações da Física, teve consequências medonhas. lugar de destaque no panorama mundial da Ciência, e não é por acaso que começa a ser nomeado pelos seus pares em 1910, para o Prémio Nobel. Foi, à excepção de 1915, sempre nomeado, até que finalmente a 9 de Dezembro de 1922 é outorgado a Einstein o prémio Nobel de 1921 (que tinha sido adiado) e a N. Bohr o de 1922. Mas as suas contribuições não terminaram em 1905. Em 1916 propôs a Teoria da Relatividade Geral – a generalização da teoria da gravitação de Newton. Por exemplo, também o aparecimento do LASER se deve a ele, ao ter proposto a teoria da emissão de radiação estimulada. E já agora em Aveiro, o que está acontecer e até que ponto pode isto ser importante? A Sociedade Portuguesa de Física (SPF) tem levado a cabo um conjunto de iniciativas no sentido de promover, a nível nacional, actividades que despertem os jovens para a Ciência, em particular para a Física. O Departamento de Física da Universidade de Aveiro não quis deixar de se associar a esta manifestação pública e promoveu um conjunto de actividades, algumas delas ainda a decorrer.

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As mais marcantes foram o lançamento de 2005 balões no centro de Aveiro por jovens a 18 de Março, data de nascimento de Albert Einstein. Decorreu ainda um primeiro ciclo de dez palestras dedicadas a Einstein. O Departamento tem estado aberto em permanência para ser visitado por grupos de estudantes do Ensino Básico e Secundário, e, em simultâneo, tem vindo a realizar palestras em várias Escolas. Foi também desenvolvido pelo FISUA (grupo de jovens estudantes de Física) um conjunto de quatro palestras para o grande público, que decorreu no Centro de Congressos, designadas “Horizontes da Física”.

José Fernando Ferreira Mendes é Professor Associado com Agregação no Departamento de Física da Universidade de Aveiro onde também exerce actualmente as funções de Presidente do Conselho Directivo. É licenciado em Física pela Universidade do Porto e Doutorado pela mesma Universidade em 1995. Teve oportunidade de realizar trabalho científico em várias Universidades (Oxford, Genebra, S. Paulo, Boston, Nancy entre outras). Fez um pós-doutoramento na Universidade de Boston e foi Professor Convidado na Universidade Henry Poincaré, França. De entre várias bolsas e prémios destaca-se o Prémio Gulbenkian Ciência 2004. É autor de mais de 50 artigos em revistas internacionais, vários capítulos de livros e um livro na prestigiada editora, Oxford University Press, Evolution of Networks: from biological nets to the Internet and WWW, em co-autoria com Serguei Dorogovtsev

O Departamento de Física foi um dos parceiros na produção da exposição itinerante – FÍSICA VIVA, que teve como objectivo principal levar a Física junto do público em centros comerciais. Em Julho inaugurou-se ainda uma exposição bibliográfica, na biblioteca da UA, por um período de três meses, também dedicada a Einstein, e que pode ser visitada até 2 de Outubro.

(investigador da Universidade de Aveiro e Instituto Ioffe, St. Petersburgo, Rússia). Recentemente foi convidado pela Comissão Europeia para fazer parte de um livro onde aparecerão 40 investigadores europeus no sentido de promover a ciência.

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biologia na noite divulgando ciência saindo à noite

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biologia na noite

Amadeu Soares Presidente do Conselho Directivo do Departamento de Biologia e Coordenador da “Biologia na Noite”

No sossego de uma noite de Primavera, já lá vão uns anos, a Biologia saltou os muros da Universidade e do seu Departamento e rumou à cidade. Passeou, bebeu uns copos, ouviu música acabando a noite, como muitos outros (as) no Olaria Bar. De facto, desde há quatro anos a esta parte que o Ciclo de Conferências Biologia na Noite entrou no hábito dos universitários de Aveiro bem como no público em geral. Investigadores, músicos, estudantes, professores ou qualquer cidadão curioso têm a possibilidade de viver noites verdadeiramente alternativas na cidade de Aveiro, onde o convívio num bar, as noites temáticas de música de jazz, blues e ritmos latinos são bons pretextos para conversas noite dentro sobre a Biologia e a Sociedade. Este ciclo de conferência abertas Biologia na Noite, que este ano teve a sua quarta edição, consiste em conferências seguidas de debate, com duração total máxima de 120 minutos (até 60 minutos para a conferência, seguido de um período de perguntas e respostas, de modo a não ultrapassar o tempo máximo total de 120 minutos). No final das conferências é efectuada uma pequena sessão de música, no bar/ restaurante anexo ao Centro Cultural e de Congressos. De realçar que este ano o ciclo contou, para além do já habitual apoio da Câmara Municipal de Aveiro e do Olaria Bar, com o prestimoso apoio da Fábrica de Ciência Viva de Aveiro, tendo sido englobado no programa de actividades do 1º ano da Fábrica, que teve bastantes actividades com a Biologia como tema global como foram, por exemplo, a exposição “Os Genes e a Alimentação”, aberta entre Setembro de 2004 e 30 de Junho de 2005, a exposição fotográfica “Fotógrafos da Vida Selvagem ‘05”, um exclusivo nacional, aberta em Maio e Junho deste ano, para além de várias palestras e saídas de campo. Os nossos objectivos com a realização deste Ciclo de Conferências, utilizando

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este formato, na altura original, foram a divulgação da ciência, particularmente das Ciências Biológicas, e o desafio de abrir horizontes. O conjunto de oradores que temos apresentado ao longo dos anos tem sido uma garantia de qualidade científica e comunicacional. Pensamos que o objectivo da divulgação da Ciência foi largamente ultrapassado, dada a adesão do público, para nós surpreendentemente elevada. De facto, desde uma audiência média de 420 (sim, quatrocentos e vinte!) participantes na 1ª edição do Ciclo até a uma audiência média de 600 (exacto, seiscentos!) participantes na edição deste ano, a participação do público tem sido uma crescente e enorme surpresa, ultrapassando as nossas melhores expectativas. Nesta quarta edição da Biologia na Noite foi nossa intenção continuar a dar a conhecer mais um pouco do que se faz no mundo da Biologia, quais as suas implicações no nosso dia-a-dia e, também, abrir um pouco o véu do muito, e bom, que se vai fazendo cá por casa, aspecto muitas vezes por nós descurado e por muitos ignorado. A primeira conferência foi-nos apresentada por uma equipa de Biólogos da Universidade de Aveiro, uma estreia como oradores do ciclo, acompanhados por um nosso colaborador e amigo de longa data, o Dr. Jorge Paiva. Nela falou-se de um projecto que o Departamento de Biologia tem a decorrer numa zona geográfica do Mundo que muito nos tem tocado: Timor-Leste. Sendo este o Ano Internacional da Física, quisemos mostrar o que a Física pode ganhar dos ensinamentos da Biologia e vice-versa. Assim, convidámos um reputado físico da Universidade de Coimbra, a todos os títulos excelente divulgador de Ciência, o Doutor Carlos Fiolhais, para nos falar, na nossa segunda conferência, das estreitas conexões entre a Biologia e a Física ao longo do tempo e no interessante futuro que se antevê. A terceira conferência abordou um

aspecto que a todos muito interessa: as questões da Biologia da Reprodução Humana, com particular incidência nos porquês da infertilidade masculina e feminina. Foi nosso orador o Doutor Mário Sousa, da Universidade do Porto, reconhecido cientista e pioneiro nesta área. Esta Biologia na Noite 4 terminou com uma conferência exemplificativa de como os conhecimentos podem facilmente saltar de um ambiente eminentemente científico, como o das revistas científicas de grande nível e prestígio (Nature, Science, …), para um outro nitidamente mais popular e fotográfico. Nesta palestra, proferida por um professor da casa, o Doutor António Correia, foram focados e exemplificados como a investigação em microbiologia tem sido rápida e, por vezes, surpreendentemente, transposta para aspectos que têm a ver com a saúde ou a estética das pessoas. O Ciclo deste ano terminou com a promessa de voltar para o ano, já com um programa provisório definido, apresentado com todos os riscos de um programa definido com mais de um ano de antecedência, que inclui a participação dos Doutores Henrique Queiroga (Universidade de Aveiro), Sobrinho Simões (Universidade do Porto), Mia Couto (escritor, biólogo, moçambicano) e Amadeu Soares (Universidade de Aveiro), com palestras como “Ventos, Marés e Caranguejos”, “Genes e Ambiente: do Super-Homem ao Popeye”, “Mitos e Lendas na Conservação da Natureza” e “Os Gargalos da Biodiversidade”. Terminou, ainda, com a promessa de uma surpresa que o deixou de ser: a mais que provável edição de um livro contendo uma súmula, por vezes adaptada, pois as palestras não foram gravadas, do que foram as palestras das primeiras cinco edições da Biologia na Noite.

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Carlos Balsas

Ana Paula Canha

Isabel LeitĂŁo

carreiras

bem sucedidas

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Maria da Graça Vicente

carreiras bem sucedidas

Helena Lencastre

Ana Paula Canha, Maria da Graça Vicente, Isabel Leitão, Carlos Balsas e Helena Lencastre são cinco antigos alunos da Universidade de Aveiro com percursos profissionais de referência. Licenciada em Biologia, Ana Paula Canha está a dar aulas na Escola Secundária de Odemira, onde, como coordenadora do Clube de Ciências da Escola, já fez os seus alunos investigadores ganhar vários prémios. Graça Vicente formou-se em Química e, nos EUA, centra a sua investigação na descoberta de novos compostos para o tratamento do cancro da cabeça. Isabel Leitão foi uma das primeiras licenciadas em Engenharia do Ambiente mas descobriu que, afinal, a sua verdadeira vocação era o teatro. Nesta arte, já completou 23 anos de carreira. Mais novos são Carlos Balsas e Helena Lencastre. O primeiro licenciou-se em Planeamento Regional e Urbano e é hoje especialista em transportes sustentáveis nos Estados Unidos da América. A segunda faz parte da primeira fornalha de licenciados em Matemática Aplicada e Computação. Enveredou pelo empreendedorismo e criou a MultiDados.

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Ana Paula Canha em odemira há jovens investigadores graças a bióloga formada pela ua O entusiasmo e dedicação que Ana Paula Canha, 40 anos, imprime às mil e uma actividades em que se envolve é impossível de descrever em apenas duas páginas. Licenciou-se em Biologia pela Universidade de Aveiro, em 1986. Logo depois aceitou o desafio do pai e partiu para Vila Nova de Milfontes, onde começou por converter salinas de pequena dimensão em pisciculturas. A determinada altura, o gosto pelo ensino falou mais alto e hoje dedica a maior parte do tempo à Escola Secundária de Odemira, onde para além de professora é coordenadora do Clube BIGEO. Foi sob a sua orientação que este Clube de Ciências da Escola desenvolveu um projecto de investigação várias vezes premiado, que já teve honras de publicação na National Geographic Magazine – Portugal.

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Dois dos alunos de Ana Paula Canha estavam envolvidos num projecto que visava comparar a alimentação da coruja das torres em diferentes locais do concelho de Odemira, quando descobriram que uma das corujas estudadas comia mais Microtus cabrerae (ratos de campo) que qualquer outro rato que encontrasse. Este estranho resultado foi suficiente para logo os entusiasmar a estudar esta espécie rara de ratos de campo. Ao fim de três anos de investigação em campo, as descobertas que fizeram sobre este micromamífero, que apenas existe na Península Ibérica, mereceram a atenção do país, a publicação do artigo “Microtus cabrerae em Odemira” na National Geographic Magazine – Portugal e a atribuição de vários prémios em Portugal e no estrangeiro. Orgulhosa pelo feito, Ana Paula Canha diz, contudo, ter de admitir não ter sido este, o projecto profissional que gostaria de destacar quando questionada sobre o que mais gozo lhe dá realizar. “O desafio que considero mais interessante, ninguém vê nem avalia, só vale mesmo para meu gozo pessoal. É transformar o bolo intragável que todos estamos habituados a ouvir falar (programas muito extensos, pouco tempo para os dar, alunos com falta de bases, salas de aula desajustadas, falta de meios…) e conseguir, simultaneamente, que os alunos: (1) aprendam sem fazer aquele ar de “quando é que toca para isto acabar”; (2) o façam num ambiente animado e bem-disposto; (3) sempre com uma componente prática indispensável. Isto é mais difícil que desenvolver os projectos com que temos ganho prémios, mas dá-me um gozo enorme sair de casa mais cedo para ir à Ribeira do Torgal apanhar umas planarias ou umas hidras para as aulas ou chegar à sala com umas flores fantásticas para dissecarmos…”

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carreiras bem sucedidas

Um desafio diferente cada dia Depois de ter estado sete anos no Colégio de Milfontes e um na EB 2/3 Damião de Odemira, Ana Paula Canha está há 10 a dar aulas de diferentes disciplinas da área de Biologia, na Escola Secundária de Odemira, uma escola que diz estimular e apoiar quem trabalha. Ao mesmo tempo, coordena o Clube de Ciências da Escola e dirige as instalações dos laboratórios de Biologia. Passa, por isso, os dias inteiros na escola, não deixa de ir frequentemente com os alunos para o campo para acompanhar as actividades do BIGEO, e ainda tem tempo para outras quantas actividades e, claro, para a família. Seja como for, Ana Paula não se arrepende da opção que tomou quando abandonou o trabalho nas pisciculturas para se dedicar ao ensino. Logo que se licenciou na UA foi viver para Vila Nova de Milfontes, onde o pai tinha umas salinas. Na altura tinham surgido apoios comunitários e incentivos à conversão de salinas de pequena área (pouco rentáveis) em pisciculturas. Entretanto casou com um Químico, também formado pela UA, e ao mesmo tempo que desenvolviam e tentavam aprovar os projectos para a piscicultura, ela dava umas aulas e ele estagiava na Petrogal. “Na época, a piscicultura em água salgada, ao contrário da de água doce, dava os primeiros passos em Portugal. Em 1992 já tínhamos dois projectos de estações de crescimento executados e na manga uma maternidade (estação de reprodução de peixes). O trabalho começou a apertar e contratámos mais uma bióloga. Não tinha sentido continuar a dar aulas com tanto trabalho nas pisciculturas e na estação de reprodução. Com o nascimento do primeiro dos meus três filhos repensei a minha vida. O trabalho na empresa era demasiado absorvente e implicava saídas frequentes para o estrangeiro. Por outro lado, estava completamente apaixonada pelas aulas… De repente, não conseguia admitir a ideia de deixar a escola. Foi uma opção que me

custou tomar mas da qual nunca me arrependi: deixei a empresa e dediqueime só à Escola.” Ana Paula Canha confessa que nunca tinha pensado seguir uma carreira ligada ao ensino. “Sempre gostei de três coisas: literatura, desenho e biologia. A literatura é a minha companheira indispensável em férias, viagens e tempo livre; o desenho o meu hobby, embora ilustrações minhas já tenham sido publicadas. Restou a Biologia que acabei por tirar na UA porque vivia em Aveiro. Até hoje acho que foi a escolha mais acertada. A UA deu-me uma excelente preparação, a nível de conhecimentos e competências práticas, e as amizades que fiz na Universidade revelaram-se importantes também a nível profissional. Não tenho dúvida que a minha turma foi a mais fantástica que já passou pela Universidade de Aveiro. Éramos meia dúzia de gatos-pingados, mas muito unidos, muito interessados no curso e cheios de energia. Também os professores me marcaram pela positiva e o modelo de ensino, muito prático, experimental, inovador e exigente, deu-me uma excelente preparação. A UA é hoje uma universidade muito aberta para o exterior (empresas, instituições), inovadora, sempre na linha da frente em novas tecnologias. Está instalada num campus lindíssimo, sem paralelo em Portugal, tem um corpo docente fantástico e excelentes condições de trabalho. Não me canso de a aconselhar aos meus alunos.”

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Os feitos do BIGEO – Clube de Ciências da

Um resultado surpreendente

feito importante. Entre Outubro de 2001 e Agosto

Escola Secundária de Odemira

Conta Ana Paula que em 2001 teve um grupo de

de 2002 iniciámos ciclos regulares de armadilhagem

O BIGEO promove uma série de actividades

alunos que estava a estudar regurgitações de

(quatro dias e noites consecutivos de dois em dois

regulares. Entre elas estão as saídas de campo

coruja das torres. “Eram apaixonados por aves mas

meses). Usámos dois tipos de armadilhas. Os ratos

orientadas por Ana Paula Canha, sobre temáticas

acabaram a estudar mamíferos… É que entretanto

capturados foram anestesiados, medidos e

tão variadas como a fauna, a flora, a conservação

descobriram que uma das corujas que estavam a

pesados. Foram registadas as características

da natureza…. Com base no que aprendem nestas

estudar comia mais Microtus cabrerae que

relativas ao sexo e estado de actividade sexual.

saídas de campo, os alunos de Ana Paula orientam

qualquer outro rato, o que era no mínimo estranho,

Depois foram libertados no mesmo local”. Terminada

depois saídas de campo com crianças, desde o

uma vez que este micromamífero é raro.

esta primeira fase do projecto, premiada com o 1º

Infantário até ao 6º ano, para transmitirem o que

Contactámos a Universidade de Évora, onde eu

lugar em dois concursos (Concurso Europeu para

aprenderam. Outra das actividades em que o

sabia que se estudava este rato. O Doutor António

Jovens Cientistas e Concurso Europeu para Jovens

Clube se envolve regularmente é o jornal de parede

Mira veio cá verificar estes dados estranhos e

Investigadores na Área do Ambiente) e com um

e o Museu de História Natural “nome pomposo que

animou-nos a estudar o local à volta do poiso da

prémio de Melhor Defesa e Apresentação do

damos a um conjunto de vitrinas com alguns dos

coruja, porque devia haver colónias abundantes

Projecto na Feira de Ciência em Viena de Áustria),

tesouros que encontramos nas nossas saídas:

deste rato. O local era um palheiro num monte, no

os alunos entusiasmaram-se para continuar com

plumadas, ninhos, esqueletos montados…”,

meio de uma herdade plantada com montado de

um novo método: telemetria. Isto implicava

esclarece Ana Paula.

sobro e pastagens para gado ovino. Armámo-nos

comprar transmissores para aplicar aos ratos e um

Mas o Clube tem também uma outra vocação:

de tendas de campismo e pedimos autorização

receptor para os podermos seguir. Pedimos apoios

apoiar os alunos (todos com mais de 15 anos, a

aos rendeiros da herdade para montarmos

a mais de dez entidades e empresas porque se

maioria pré-universitários) que queiram desenvolver

acampamento por ali. A Universidade de Évora

tratava de material muito caro. Graças a algumas

um projecto mais sério de investigação.

emprestou-nos armadilhas e ensinou-nos os

empresas, mas sobretudo à Fundação Calouste

Foi um destes trabalhos que saiu na National

procedimentos a fazer com os ratos.

Gulbenkian, foi possível realizar mais um ano de

Geographic Magazine.

Logo no primeiro acampamento descobrimos dez

estudo com telemetria.

colónias e capturámos seis ratos, o que parece pouco para quem não sabe que esta espécie é tão rara e difícil de capturar, mas na realidade foi um

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carreiras bem sucedidas

Os resultados comprovaram que o Microtus

Feita a descoberta e apresentados os resultados,

Ana Paula adianta ainda que no momento estão a

cabrerae, ao contrário do que se pensava antes,

Ana Paula Canha lembra os momentos que passou

dar início a dois projectos novos, um de campo

pode percorrer grandes distâncias (pelo menos

nas investigações que duraram cerca de dois anos.

(sobre sobreiros) e outro mais de laboratório

3Km) à procura de locais com erva verde e alta,

“As condições de vida no campo eram mínimas,

(microbiologia). “Não posso deixar de dizer que

condição indispensável à instalação de uma

tomávamos banho turco dentro das tendas, à noite

tenho recorrido várias vezes a antigos colegas

colónia. Comparando com outra espécies de

uma fogueira dava luz e aquecia,… mas depois,

meus que estão a trabalhar no Departamento de

micromamíferos, Microtus cabrerae mostra

com o tempo, fomos melhorando a logística dos

Biologia da UA, para tirar dúvidas, etc. A Rosinha

marcados hábitos diurnos, com predominância

acampamentos. De qualquer maneira o ânimo do

Pinho, do Herbário, tem sido uma ajuda preciosa

para o amanhecer. Algumas condições descritas na

grupo de alunos foi sempre excepcional. Como

na Botânica. A todos eles agradeço o apoio e

bibliografia como essenciais para a sobrevivência

fazíamos acampamentos regulares, calhava ir para

amizade.”

desta espécie não existem na zona estudada,

o campo com temperaturas abrasadoras mas

como é o caso de zonas de elevada humidade

também com um frio terrível. Uma vez, em Abril de

edáfica durante todo o ano. Descobriram que os

2002, havia uma chuva imparável, os campos

ratos encontram soluções alternativas: por

estavam todos alagados e montar tendas era

exemplo, migração para o leito da ribeira durante o

impossível. Telefonei ao grupo de alunos e tentei

Verão. Comprovaram ainda que, ao contrário do

adiar o acampamento. Resposta intransigente:

que acontece em Espanha, em Portugal esta

“vamos, vamos e vamos, a professora arranja

espécie permanece sexualmente activa entre

sempre solução para tudo, não é desta que nos vai

Outubro e Junho.

falhar. Nós temos de ver o que fazem os ratinhos nestas circunstâncias…” Bem, lá tive que arranjar uma solução: pedi emprestada a escola primária de um lugar ali perto (Bicos) e foi lá que pernoitámos. Fizemos o trabalho de campo durante três dias debaixo de chuva; foi dos acampamentos mais animados que tivemos!”

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Carlos Balsas no país dos automóveis vive um especialista em transportes sustentáveis Carlos José Lopes Balsas, 33 anos, licenciou-se em Planeamento Regional e Urbano na UA, em 1995. Antes de terminar o curso passou pela experiência Erasmus, na Holanda, e nunca mais pôs de parte a ideia de viver no estrangeiro, tendo já trabalhado e/ou vivido em cerca de 12 países. Durante o Verão de 96 realizou um estágio de Verão em Planeamento de Transportes na cidade de Cambridge – Massachusetts. Pouco depois, concluiu mestrado e doutoramento em Planeamento Regional pela Universidade de Massachusetts em Amherst – EUA – e actualmente é professor assistente na Escola de Planeamento da Universidade Estadual do Arizona; faz investigação no Phoenix Urban Research Laboratory, colabora em projectos de consultadoria e tem pesquisas a decorrer no Japão, Alemanha e Brasil. Com dois livros publicados pelo Ministério da Economia português, o regresso a Portugal ainda não está anunciado.

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Da Figueira da Foz, Carlos Balsas chegou à Universidade de Aveiro para frequentar a única licenciatura do país exclusivamente dedicada ao Planeamento Regional e Urbano. “Foi uma escolha natural, sendo eu da Figueira. A beleza e qualidade de vida de Aveiro atraiu-me e a qualidade dos professores da UA também. Aliás, tenho que salientar dois deles: o Prof. Pompílio Souto, que me incutiu os métodos de trabalho que distinguem o planeamento das profissões afins, e a Prof. Teresa Andresen que me influenciou a vir estudar para os Estados Unidos. Hoje sou da opinião de que a UA é uma instituição com um potencial tremendo. É com muito gosto que digo pelo mundo fora que tenho uma licenciatura em Planeamento Regional e Urbano pela Universidade de Aveiro”. Carlos Balsas terminou o curso na UA em Dezembro de 1995 e em Janeiro começou o seu mestrado. Um estágio de Verão em Massachustts, onde trabalhou em projectos de planeamento cicloviário na cidade (plano de gestão de transportes, inclusão de pistas de bicicletas em arruamentos principais, projectos de acalmia de tráfego) foi o seu primeiro emprego. Desde então não

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parou mais. Foi investigador visitante na Universidade de Macau; planeador de transportes na cidade de Stockton (Califórnia), onde desenvolveu um plano estratégico de transportes públicos, baseado num sistema de transportes inteligentes; consultor do observatório do comércio do Ministério da Economia. “Fiz o primeiro de três exames de doutoramento, no dia 11 de Setembro de 2001. Quando às 9h00 entrei para a sala, pensava que um helicóptero de turismo tinha chocado com uma das torres gémeas. Três horas depois disseram-me que os EUA estavam a ser atacados por terroristas e que a universidade ia fechar”. Durante o programa de doutoramento, escreveu uma série de artigos sobre urbanismo comercial, transportes sustentáveis, planeamento urbano em Macau, preservação do património históricocultural, revitalização de frentes de água. A sua tese mostrou que as parcerias público-privadas são necessárias para a gestão de centros urbanos de sucesso. “Estudei uma série de parcerias estrangeiras e analisei o desenrolar da revitalização da baixa do Porto no âmbito da Capital Europeia da Cultura em 2001”. Terminado o Doutoramento, Carlos Balsas passou ainda pela Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil, onde foi professor convidado e deu palestras em universidades tão prestigiadas como Harvard, Bauhaus (Alemanha), Tóquio (Japão), etc. “Antes de aceitar ficar a dar aulas aqui na Universidade Estadual do Arizona, fui convidado para entrevistas de emprego em Portugal, Canadá, Inglaterra e Austrália e recusei um pós-doutoramento na prestigiada universidade do Massachusetts Institute of Technology”. Na verdade, Carlos Balsas diz que nunca lhe tinha passado pela cabeça ir para o Estados Unidos. Sempre pensou em Inglaterra mas a influência da Prof. Teresa Andresen, o gosto que tem pela descoberta de novas culturas, e a oportunidade de estudar numas das melhores universidades americanas falaram mais alto. “Cheguei aos

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carreiras bem sucedidas

Estados Unidos em Janeiro de 1996 com uma bolsa de estudo da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e uma vontade enorme de aprender tudo sobre planeamento urbano nos EUA. A bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia foi fundamental para poder pesquisar as minhas áreas de interesse, escrever uma série de artigos, participar em conferências internacionais e terminar o meu programa de doutoramento.” Toda a área de investigação de Carlos Balsas se centra na regeneração/revitalização urbana, transportes sustentáveis (transportes públicos, bicicletas e andar a pé) e planeamento internacional. “Ao chegar aos EUA apercebi-me das consequências nefastas que um desenvolvimento suburbano excessivo pode ter sobre o centro das cidades. Os EUA com os seus emblemáticos Shopping Malls, Mc’Donnalds, auto-estradas e automóveis por todo o lado, oferecem quase tantas lições do que não se deve fazer em termos urbanísticos como ensinamentos positivos. Constatei, com reflexões e estudos de caso em Portugal e noutras partes do mundo, que este tipo de desenvolvimento/estilos de planear cidades e modos de vida estão a ser importados por outros países com consequências menos positivas em muitos dos casos. Estas reflexões influenciaram a escolha dos tópicos para as minhas teses de pós-graduação”. Experiências fabulosas Desde que saiu de Portugal, há 10 anos, Carlos Balsas já trabalhou e/ou viveu em cerca de 12 países. As aulas na área de planeamento que dá aos seus alunos de licenciatura e mestrado na Arizona State University e os seus restantes projectos preenchem ao máximo o seu dia-a-dia mas fazem-no sentir extremamente realizado. “Dar aulas e ajudar os alunos a aprender por eles mesmos são experiências fabulosas. Adoro a liberdade académica para poder investigar aquilo que mais gosto e a existência de recursos financeiros, humanos e de equipamento para levar a bom porto as minhas pesquisas”.

Carlos Balsas não hesita quando revela que 95% dos projectos em que se envolveu até hoje lhe deram um enorme gozo. “A minha vivência na Holanda mostrou-me que é possível infraestruturar cidades que respeitam e dão prioridade a quem se desloca a pé, de bicicleta e de transportes públicos. Em 1995 defendi um projecto de fim de licenciatura que mostrou que era possível planear uma rede de pistas cicláveis na cidade de Aveiro e montar um programa de promoção deste modo de deslocação sustentável. Anos mais tarde, a Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro (BUGA) viria mostrar a todos que isso era possível. Em 2000, foi com muito prazer que me voluntariei para ensinar uma das primeiras disciplinas de planeamento cicloviário e de transportes sustentáveis a alunos de mestrado em urbanismo e arquitectura paisagista nos EUA – o país dos automóveis. Mais recentemente, adorei coordenar uma disciplina de projecto de planeamento urbano em que os alunos tiveram que preparar um plano de revitalização do centro administrativogovernamental da cidade de Phoenix – Arizona. As recomendações dos meus alunos para o “governamental mall district”, em Phoenix, estão a ser estudadas pela governadora do estado para possível implementação aquando da celebração do centenário do estado do Arizona, em 2012. Quanto a projectos para o futuro, Carlos Balsas pretende fazer uma análise das consequências nefastas da suburbanização excessiva e da elevada dependência automóvel para a saúde pública, assim como da relevância da actividade de planeamento na criação de cidades mais saudáveis. Regressar a Portugal não está agora nos seus horizontes, tanto mais que acabou de casar com uma Japonesa que está a fazer um MBA na Universidade onde lecciona. Contudo, admite estar muito interessado em acompanhar o desenvolvimento urbano em Portugal e promover o trabalho dos profissionais portugueses.

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Maria da Graça Vicente à descoberta de novos compostos para o tratamento do cancro da cabeça Em 1986 concluiu, na Universidade de Aveiro, a licenciatura em Química. De então para cá, Maria da Graça Henriques Vicente, 40 anos, tem vindo a desenvolver uma carreira na área da docência universitária e investigação de novos compostos para o tratamento do cancro e outras doenças. Nos últimos 19 anos viveu em Davis, na Califórnia, em Dijon (França), em Geneve (Suiça), em Oeiras e em Aveiro. Voltou a Davis e, mais recentemente, fixou-se em Baton Rouge, Louisiana, nos EUA. Agora, como Charles H. Barré Distinguished Professor of Chemistry, dá aulas de Química Orgânica e dedica

De Aveiro, a escolha pela UA parecia óbvia mas não foi assim. Graça Vicente, que, no secundário, sempre preferiu as disciplinas de matemática, química, física, geologia e biologia, decidiu seguir um curso de química, mas antes de se candidatar ao ensino superior visitou os departamentos de química da Universidade de Aveiro e da Universidade do Porto. “Naquela altura, a minha irmã estudava psicologia na Universidade do Porto. Eu optei pela UA porque era uma universidade mais nova e com melhores laboratórios. Hoje considero-a uma das melhores universidades do país e como antiga aluna da Universidade de Aveiro reconheço que me deu as bases suficientes para fazer o doutoramento nos Estados Unidos”.

grande parte do tempo ao seu grupo de investigação na Louisiana State University.

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Foi, de resto, o projecto de Doutoramento que desenvolveu na University of California Davis, nos EUA, que Graça Vicente diz ter sido o que mais gozo lhe deu realizar até hoje. “O meu trabalho de doutoramento em Química Orgânica resultou em dez artigos científicos publicados, para além da minha tese de doutoramento. Tenho

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que admitir que os EUA é um dos países com mais equipamento e financiamento para a investigação.”. Já Doutorada foi, em 91, para a Université de Bourgogne, em Dijon (França), como Maître de Conférence Invité, onde deu aulas práticas e fez investigação na síntese de pirrois e porficenos. Pouco depois realizou pós-doutoramento na síntese e estudos de trioxanonas, no Departamento de Química da Universidade de Genéve, na Suiça. Entre Janeiro de 1993 e Fevereiro de 1998 fixou-se em Portugal. Primeiro, esteve uns meses no Instituto de Tecnologia Química e Biológica, em Oeiras, a fazer outro pós-doutoramento na síntese enzimática de produtos naturais; depois, regressou à Universidade de Aveiro, como professora auxiliar. “No Departamento de Química da UA dei aulas, fiz investigação na área de síntese de pirrois, porfirinas e outros compostos, e orientei alunos de licenciatura (projecto), de mestrado e de doutoramento. Durante este período publiquei oito artigos científicos, incluindo um artigo de revisão para a Revista Portuguesa de Química, e obtive da JNICT/PBIC, da PRAXIS e da NATO/CRG, financiamento para investigação.” O percurso profissional de Graça Vicente passou ainda mais uma vez pela University of California Davis, onde como Lecturer deu aulas de química orgânica e fez investigação na síntese de porfirinas, até que lhe foi oferecido o cargo de Assistant Adjunct Professor, simultaneamente no Department of Chemistry da University of California Davis e no Department of Neurological Surgery da University of California Davis Medical School. “Desempenhei este cargo até Julho de 2001 e durante este período obtive financiamento para investigação do United States Department of Energy, publiquei 12 artigos científicos e um capítulo de um livro. Fiz investigação na síntese de compostos de boro para aplicação na terapia de captura de neutrões pelo boro, para o tratamento do cancro da cabeça”.

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Depois de ter aceitado a posição de Associate Professor, no Department of Chemistry da Louisiana State University, em Agosto de 2004, obteve o Tenure – uma espécie de agregação – e sete meses mais tarde ganhou o título de Charles H. Barré Distinguished Professor of Chemistry. “Desde 2001 que o meu trabalho na Louisiana State University, se divide entre a docência e a investigação. Consegui financiamento para investigação dos National Institutes of Health (NIH) e National Science Foundation (NSF), e nos últimos quatro anos publiquei 30 artigos científicos e dois capítulos de livros. Resultados da investigação Muito realizada e feliz, Graça Vicente pretende continuar na Louisiana State University a dar aulas e a realizar trabalho de investigação na área de novos compostos para a cura do cancro da cabeça e de várias doenças. “A minha investigação resultou na descoberta de vários novos compostos que se têm mostrado activos no tratamento do cancro da cabeça, através de duas terapias binárias: a terapia fotodinâmica (PDT – photodynamic therapy) e a terapia de captura de neutrões pelo boro (BNCT – boron neutron capture therapy). A PDT usa luz (geralmente luz vermelha, de comprimento de onda entre 600-800 nm) para activar um composto que é retido selectivamente nos tumores, enquanto que a BNCT usa neutrões de baixa energia (chamados thermal ou epithemal) para a activação do composto.”.

A PDT está actualmente a ser usada, nos EUA, Canadá e vários países da Europa, para o tratamento do cancro dos pulmões e esófago, mas por si só não é usada para o cancro da cabeça, devido à pouca penetração da luz através do crânio/cérebro. A BNCT usa neutrões de baixa energia que conseguem penetrar aproximadamente 10 vezes mais do que a luz, através do crânio/cérebro, e assim permitem activar os compostos que se encontram acumulados no tumor maligno dentro da cabeça.”. A investigação de Graça Vicente consiste na síntese de compostos ricos em boro e activos em BNCT ou em BNCT + PDT para o tratamento do cancro da cabeça. “Nós não só sintetizamos os compostos, como também os testamos/comparamos em estudos, usando células vivas (células humanas de cancro da cabeça) e animais (ratos) com tumores intracraneanos (gliomas) que simulam glioblastomas humanos. Estes nossos estudos em células e animais permitem distinguir os compostos mais activos, assim como relacionar a estrutura química dos compostos com a actividade biológica e compreender/estudar os mecanismos de acção biológica. Estes conhecimentos levam à descoberta de compostos cada vez mais activos para o tratamento do cancro da cabeça.”.

Explica Graça Vicente que, para o cancro da cabeça, os melhores resultados têm sido obtidos usando “ou só BNCT (com um composto rico em boro, e com a propriedade de se acumular selectivamente no tumor) ou então uma combinação de BNCT e PDT, usando apenas um composto, com as propriedades de poder ser activado pela luz ou por neutrões de baixa energia, rico em boro e com acumulação selectiva no tumor.

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Isabel Maria Leitão de Pinho vinte e três anos de carreira ligada ao teatro A conhecida actriz Isabel Leitão, 47 anos, foi uma das primeiras licenciadas em Engenharia do Ambiente pela Universidade de Aveiro. A verdadeira vocação, descobriu-a no final do curso, quando se tornou membro fundador do Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GRETUA). Desde então, a arte de representar nunca mais lhe saiu da cabeça. Acabou o curso em 1981 e partiu imediatamente para Lisboa para estudar teatro.

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A escolha por Engenharia do Ambiente não teve para Isabel Leitão um motivo especial. Na altura em que entrou na UA, o curso nem sequer existia e, por isso, começou por frequentar o bacharelato em Ciências do Ambiente. “Gostava de estudar tudo, e ainda gosto. E nessa altura, gostava de tudo e de nada em especial. Talvez devesse ter sido médica, pela perspectiva de uma carreira profissional científica e humanista. Mas os valores da ecologia e da conservação do ambiente também me seduziram. Sempre me senti responsável pelo futuro”. Com a remodelação do curso em Engenharia do Ambiente e a existência de um ano de transição, Isabel Leitão acabou por andar na UA durante seis anos, sem ter chumbado nenhum. E foi precisamente no penúltimo ano que surgiu a oportunidade, através da Associação Académica, de frequentar um workshop de iniciação teatral “Foi assim que foi criado o GRETUA, que descobri a minha vocação, e que nunca mais hesitei quanto ao que queria fazer na vida. Acabei o curso para ter uma ferramenta de trabalho e vim para Lisboa estudar teatro. Nessa altura, tal como hoje, tudo se conjugava. O meu amor pelos livros e pela poesia, pela música e pelas partituras vocais, pela filosofia e pela matemática, pela biologia e pela cosmologia, pelas artes da pintura e da escultura e pela natureza…” Da UA, dos colegas da altura, dos professores e das suas qualidades técnicas, científicas e humanas guarda as melhores recordações. “Gostei da formação que adquiri, apesar de estar a trabalhar numa área um tanto diferente. Mas o que mais me marcou talvez tenha sido esse tempo tão especial de responsabilidade irresponsável, de convívio intenso e despertares emocionados. Na altura cheguei a pensar: se pudesse ser assim para sempre…”

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Mas, obviamente, não podia. Isabel Leitão ainda trabalhou cerca de um ano na Direcção Geral da Qualidade do Ambiente (o Ministério do Ambiente ainda não existia) e até diz lamentar ter decepcionado a pessoa que a contratou, e que tinha sido seu professor na UA, mas só pensava no teatro. Em 1982 foi convidada para substituir no espectáculo “A Excepção e a Regra” de B. Brecht, da Companhia de Teatro de Almada/Grupo de Campolide, uma actriz que estava já no final do seu tempo de gravidez e não podia actuar. Acabou por aceitar o convite para integrar o elenco da companhia como actriz. “Trabalhei nesta companhia quatro anos, depois fui para o Teatro da Rainha e depois… por aí fora. Já são 23 anos de carreira. Como o tempo passa!” São assim as verdadeiras paixões! Diz Isabel Leitão que o que sempre a seduziu no teatro foram as capacidades interpretativas. “Levei muito tempo até me considerar uma actriz, ou seja, capaz de disponibilizar e utilizar os meus recursos pessoais (corpo, aparelho vocal, memória afectiva, controlo de emoções, referências culturais, intelecto), com o objectivo de produzir um objecto de natureza artística. O percurso que tenho feito é pessoal e significa a procura de um estilo.”.

temos realizado seminários e tertúlias onde abordamos o tema Arte, Educação e Sociedade – a Educação pela Arte. Do quão gratificante que têm sido estas oficinas, para quem as frequenta e para quem as organiza, são testemunho as relações artísticas que se criam, tão intensas e pessoais. É um trabalho muito envolvente que exige dedicação mas que muito me realiza. Tenho o imenso privilégio de fazer o que gosto.” Isabel Leitão não destaca um dos projectos em que esteve envolvida. Houve, obviamente, espectáculos que lhe correram muito bem e em que obteve muito sucesso mas, refere, “a arte que eu pratico tem uma natureza tão efémera, que faz do próprio êxito um acontecimento banal e transitório. Ocorre-me dizer que o que me deu mais gozo realizar é aquilo que ainda não fiz e pretendo fazer. Tenho saudades do futuro!” Seja como for, projectos não lhe faltam. Para além da criação de uma nova companhia de teatro vocacionada para um trabalho de qualidade para a infância, Isabel Leitão não esconde também a vontade de vir a abordar as relações Arte/Política/Ciência/Religião, em espectáculos teatrais.

Agora a trabalhar no Teatro Extremo, o seu dia-a-dia nunca é igual. “Temos um calendário de espectáculos que cumprimos. Os ensaios estão sempre sujeitos a alterações devido à natureza dos processos envolvidos. Depois, há as digressões nacionais e no estrangeiro… As dramaturgias e os processos de construção de textos, que são feitos pela noite dentro. As residências artísticas, as reuniões com o poder local e o poder central. As acções reivindicativas e de solidariedade. As tarefas burocráticas e de elaboração de projectos e candidaturas. O trabalho nunca está feito. Não nos regemos por um número de horas de trabalho por dia. Actualmente, no Teatro Extremo,

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Helena Lencastre “o segredo está em fazer do sucesso dos nossos clientes o nosso próprio sucesso” Helena Lencastre Oliveira, 34 anos, faz parte do primeiro grupo de alunos licenciados em Matemática Aplicada e Computação pela Universidade de Aveiro. Formou-se em 1997 e logo depois lançou uma empresa na área da estatística e consultadoria de Marketing, com três colegas de curso e uma colega de Marketing. A MultiDados está sedeada em Aveiro e a sua carteira de clientes inclui já empresas de diferentes ramos e variados pontos do país e Angola. A Optimus, a Segafredo e o Banco Espírito Santo de Angola, são apenas alguns exemplos.

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Foi logo no 6º ano de escolaridade que Helena Lencastre se encantou pela Matemática e decidiu que a sua carreira teria de incluir esta área. Na escola que frequentou em Aveiro, teve um excelente professor de matemática a quem ainda hoje reconhece uma quota-parte de responsabilidade pela área de estudos que veio a seguir. Chegado o momento de se candidatar ao ensino superior, todas as suas opções foram para cursos de Matemática. “O ensino nunca me cativou. Por isso, porque era de Aveiro e porque, em 92, a licenciatura em Matemática Aplicada e Computação (MAC) ainda não existia na UA, a minha primeira opção acabou por ser Matemática”. Por ironia do destino ou não, nesse mesmo ano lectivo, o curso sofreu uma remodelação e Helena Lencastre acabou por fazer parte do primeiro grupo de licenciados em Matemática Aplicada e Computação da Universidade de Aveiro. Daí à criação da MultiDados foram dois passos. Com três colegas do mesmo curso e uma de Marketing arriscaram lançar uma empresa na área da estatística e da consultoria de marketing. “Hoje somos apenas duas sócias, eu de Estatística, e a Florbela Borges, de Marketing. Especializámo-nos nestas duas grandes áreas de actuação e actualmente, para além de termos a sede da empresa em Aveiro, por trás da Loja do Cidadão, possuímos delegações em Lisboa e em Viseu. A MultiDados é uma das únicas empresas do país que faz toda a parte estatística. Quer isto dizer que “desde a colocação de uma equipa para trabalho de campo em Portugal e nas Ilhas, ao tratamento de dados e elaboração de relatórios, fazemos tudo. Desde 1998 que temos vindo a consolidar os nossos conhecimentos e a aumentar o nosso leque de produtos e serviços, sendo a nossa carteira de clientes actualmente constituída por empresas

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das mais diversas áreas de todo o país e de Angola, como por exemplo, Banco Espírito Santo de Angola, Optimus, MyBrand, Segafredo, Cibal, Cerages, entre muitas outras”. Diz Helena Lencastre que a MultiDados apostou também no serviço de consultoria de marketing. “Damos apoio às empresas no seu crescimento, na divulgação de novos produtos e/ou serviços, na gestão das marcas, da imagem, no incremento das vendas, na angariação de novos clientes e na sua fidelização. No fundo, estamos continuamente a fazer do sucesso dos nossos clientes, o nosso próprio sucesso!”. Como Chief Executive Officer da empresa, esta antiga aluna de Matemática Aplicada e Computação não tem mãos a medir. “Para além da parte de gestão (administrativa e financeira), efectuo e/ou supervisiono todos os serviços relacionados com estatística, telemarketing, avaliação de eventos, estudos de mercado, etc.”. Sem olhar ao número de horas que diariamente dedica à empresa, diz que o importante é cumprir todos os prazos assumidos com os clientes, de modo a que a sua satisfação esteja sempre assegurada. “Toda a equipa da MultiDados, constituída por cerca de trinta pessoas, entre fixos e colaboradores, é unida e bem formada, incluindo todos os comerciais e inquiridores que efectuam o trabalho de campo. Trabalhamos para que os nossos clientes fiquem satisfeitos e damos um toque pessoal a todos os serviços que prestamos, por isso a qualidade do nosso trabalho tem vindo a ser cada vez mais reconhecido”. A UA é a melhor Universidade do país Assumindo-se bastante realizada pelo trabalho que há sete anos vem desenvolvendo na MultiDados com empenho e dedicação, não esconde que entre os seus objectivos está a constante evolução pessoal e o crescimento da empresa. “Estou a trabalhar na área que mais gosto e, por isso, todos os projectos em que me envolvo me dão

prazer e motivação. Cada caso é um caso e com cada um aprendemos a ver mais além. Este constante ultrapassar de fronteiras leva-nos a querer ser uma empresa cada vez mais completa e profissional. Passo a passo, estamos a tornar o nome da MultiDados mais conhecido e reconhecido, tanto em Portugal como no estrangeiro. Prestes a divulgar novos produtos e serviços, começamos recentemente a estabelecer contactos com empresas da América do Sul. Abrir uma filial no Norte do país, também não está fora de questão. Queremos crescer, mas de forma correcta e devidamente sustentada. É para isso que trabalhamos todos os dias com empenho e qualidade” Helena Lencastre não esquece também os anos que passou na UA e especialmente o decisivo papel que assumiu, na orientação profissional da sua carreira, o seu então Prof. Carlos Ferreira, agora docente no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial. “Se não fosse o Prof. Carlos Ferreira, não tinha tido a possibilidade de frequentar um estágio pelo PRODEP, nem teria tanto gosto por estatística. A ele devo também o facto de ter participado num congresso da CLAD, com a apresentação de um trabalho, e todas as boas indicações no arranque da MultiDados. Para além disso, tive também a sorte de ter tido uns companheiros de curso extraordinários. Foi na Universidade de Aveiro, com todo o seu bom ambiente e condições, que fiquei motivada para aplicar os conhecimentos que adquiri no curso. E recomendo a todos que tirem um curso na Universidade de Aveiro, porque, para mim, enquanto Aveirense e ex-aluna, é a melhor universidade do país!”

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projecto infogenmed ua uniformiza informação sobre doenças genéticas raras

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Embora classificadas de “raras”, estão já diagnosticadas mais de duas mil doenças genéticas deste tipo. Porque são invulgares, a informação sobre elas é

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Não era a falta de informação a principal preocupação dos profissionais de saúde que normalmente lidam com as doenças genéticas raras. Uma das principais dificuldades era a ausência de um sistema que uniformizasse todo o conhecimento genético e médico até agora obtido.

escassa e encontra-se muitas vezes dispersa. Com o objectivo de uniformizar toda a informação genética e clínica existente até este momento sobre este tipo de doenças, a Universidade de Aveiro coordenou uma equipa de investigação que desenvolveu um conjunto de ferramentas de unificação de informação biomédica. Uma das soluções

Neste sentido, a Universidade de Aveiro, através do Grupo de Bioinformática do Laboratório de Sistemas de Informação e Telemática do IEETA, e de uma parceria que envolveu o Instituto de Saúde Carlos III, de Madrid, a Universidade Politécnica de Madrid, a Universidade de Linkoping e o parceiro industrial Stab, desenvolveu um portal virtual que integra toda a informação genética e médica existente em múltiplas bases de dados públicas. Recorrendo a este ambiente integrado, os clínicos podem alcançar e relacionar os dados disponíveis na Internet sobre as quase duas mil doenças genéticas raras já existentes.

desenvolvidas na Universidade de Aveiro foi o portal diseasecard.org, que permite integrar num cartão virtual por cada doença rara, toda a informação existente sobre os sintomas, os genes associados e as causas que as podem originar.

“A informação genética está disseminada por um conjunto de bases de dados de utilização gratuita e pesquisável na internet, com interesse sobretudo para biólogos e bioinformáticos, mas muitas vezes eles não sabem como procurar esta informação, que é altamente dinâmica e está sempre em evolução”, explicou o Prof. António Sousa Pereira, coordenador do projecto. “Com a descodificação do genoma humano, a informação genética do cidadão tem cada vez mais relevância no estudo do seu estado de saúde e predisposição para determinadas doenças. Neste contexto, propusemo-nos desenvolver uma ferramenta que permitisse integrar essa informação, com ênfase na área das doenças genéticas raras”, acrescentou.

doenças genéticas raras, contribuindo para o progresso da medicina molecular e das outras disciplinas da saúde. “Em muito menos tempo a informação genética pode ser adicionada aos registos médicos, transformando-se em fontes mais fiáveis para estudos da população em termos genéticos, que auxiliarão os médicos na procura de tratamentos e prescrições mais personalizadas para os seus pacientes”, realçou o investigador. Diagnóstico neonatal Para criar esta ferramenta e este ambiente que permita aos médicos extrair a informação da web de uma forma dirigida, a equipa de investigação, coordenada pela UA, envolveu especialistas nas áreas da genética e da bioinformática. A partir das sinergias criadas foi desenvolvida, também, no contexto deste projecto, a aplicação Neoscreen. Este software, como explicou o Prof. José Luís Oliveira, da equipa de investigação, “é um produto que surgiu como um spin-off do projecto e que permite fazer um rastreio de doenças neo-natais. O Neoscreen analisa de forma automática os níveis de determinadas moléculas indiciadoras de doença e determina imediatamente, com base em regras previamente estabelecidas pelos investigadores e técnicos do Instituto de Genética Médica, quais são as crianças que potencialmente poderão sofrer de determinada doença”. Ficha técnica Coordenação António Sousa Pereira, IEETA/Departamento de Electrónica e Telecomunicações da UA

Entidades parceiras Universidade de Aveiro, Portugal Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII), Madrid, Espanha Universidade Politécnica de Madrid, Espanha

Para além de facilitar a identificação, o acesso, a integração e a recuperação da informação genética e médica dispersa na Internet através de fontes heterogéneas, este novo sistema facilita a troca e a unificação das terminologias médicas e genéticas no domínio de

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Linkoepings Universitet, Suécia STAB Vida, Portugal

Equipa da UA envolvida José Luís Oliveira, Manuel Santos, Gaspar Dias, Miguel Pinheiro, Ilídio Oliveira, Patrícia Rocha, Daniel Polónia, Carlos Costa

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prevenção das cheias em estudo na ua departamento de ambiente e ordenamento define estratégias As cheias extremas são o tipo de catástrofe natural mais comum na Europa. Os cenários apontam para que as alterações climáticas, incluindo a crescente intensidade das chuvadas fortes, venham a tornar ainda mais frequente a ocorrência de cheias fluviais extremas em certas regiões. É, por isso, urgente adoptar medidas que permitam prever as cheias e a mitigação dos seus efeitos. A estudar o fenómeno há quase vinte anos, o Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA apresenta algumas estratégias fundamentais para o combater.

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Quase 20 anos de estudos e vários projectos de investigação que analisaram os efeitos da mudança do clima e do uso do solo sobre a disponibilidade da água, em várias áreas de Portugal, mais concretamente Mação e a Serra do Caramulo, de Espanha, de Marrocos e da Tunísia permitem já ao Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA apresentar um conjunto de medidas essenciais para a prevenção das cheias. A frequência, a localização e a intensidade das cheias variam em função das diferenças sazonais e regionais da precipitação e de outras condições atmosféricas, bem como de alterações climáticas a longo prazo. No entanto, a acção humana também desempenha um papel importante. Os incêndios, a desflorestação das regiões serranas e as técnicas utilizadas na preparação dos terrenos para as novas plantações, fazem desaparecer a vegetação, tornam o solo árido, repelindo e evitando que a água se infiltre, acelerando assim o escorrimento superficial. O resultado é o aumento da probabilidade de ocorrência de uma cheia.

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Segundo a Professora Celeste Coelho, investigadora e docente no Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, esta situação só se resolve com uma gestão integrada dos recursos hídricos. “Em termos da gestão da água há duas coisas a ressalvar. Por um lado, as alterações climáticas, e por outro, as alterações no uso do solo. A gestão da água tem que ser uma gestão integrada. Deve integrar o ordenamento do território com a gestão dos recursos hídricos, envolvendo todas as entidades ligadas à água e articulando os vários instrumentos e as várias medidas de política”. Mas, as estratégias não devem ficar por aí. As conclusões dos estudos levados a cabo apontam também para a necessidade de se continuar a recolher informação sobre esta temática, partilhá-la entre as várias entidades e transmiti-la a quem dela precisa. É urgente a criação de regulamentos e condicionantes ao uso do solo na bacia hidrográfica, em geral, e em particular na área urbana de forma a minimizar os impactos negativos. “Durante as nossas investigações, analisámos os instrumentos de gestão dos recursos hídricos, nomeadamente o plano nacional da água, os planos de bacia hidrográfica e os planos directores municipais, para avaliar se havia alguma articulação entre os planos da bacia hidrográfica e o ordenamento do território. A conclusão a que chegámos foi a de que, embora a legislação vigente já o recomende, na prática não há articulação de espécie nenhuma. Isso é grave. Qualquer medida que venha a ser tomada para a resolução do problema das cheias pressupõe obrigatoriamente uma articulação entre as entidades competentes”, ressalvou a investigadora.

prevenção das cheias em estudo na ua

Uso do solo e alterações climáticas: variáveis decisivas MEDchange e CLIMED foram os projectos de investigação mais recentes levados a cabo pelo Departamento de Ambiente e Ordenamento na área das cheias. O primeiro relacionou-as com as alterações do uso do solo e o segundo debruçou-se sobre as mudanças do clima. Financiados pela Comissão Europeia, ambos os projectos envolveram parceiros das zonas mais secas do Mediterrâneo, como é o caso de Espanha, Tunísia e Marrocos. Em Portugal, para além de Mação e Portel, foi estudo de caso a Serra do Caramulo, mais concretamente Águeda, uma das cidades portuguesas mais afectadas pelas cheias. Os resultados vieram confirmar a importância das alterações climáticas e do uso do solo para colmatar o problema e auxiliar na definição de algumas estratégias e procedimentos a adoptar num futuro próximo. “Desde 1986, após o grande incêndio da Serra do Caramulo, temos mantido quase em contínuo o registo de dados meteorológicos, hidrológicos e de perdas de solo em bacias hidrográficas experimentais. Verificamos que quando há as chuvadas fortes e concentradas, imediatamente após a ocorrência de incêndios, há uma subida muito rápida da altura da água nos ribeiros da Serra e nos Rios Águeda e Alfusqueiro. Não é por acaso que para jusante o perigo de cheias em Águeda aumenta de uma forma exponencial. O mesmo acontece a seguir àqueles anos muito secos, como este, em que os solos repelem a água e a própria fauna aquática e terrestre, primordial para a recuperação dos ecossistemas do solo, desaparece. Todos estes factores conjugados fazem diminuir a percentagem de infiltração da água das chuvas no solo e favorecem o escorrimento superficial”.

aumentando a erosão e diminuindo a capacidade de resposta dos rios. “Aquilo que se espera é que se as tendências das alterações climáticas se mantiverem, e atendendo a que o clima de Portugal se caracteriza por ter grande variabilidade interanual da chuva (anos secos e anos chuvosos) e uma tendência generalizada para uma precipitação abaixo da média, o risco de haver cheias e inundações contínuas é muito maior”, alertou a investigadora, acrescentando que “é urgente por isso definir um conjunto de estratégias, instrumentos e técnicas de boas práticas para que se encontrem medidas adequadas à gestão da água em relação ao uso e gestão do território”. Neste sentido, o Departamento de Ambiente e Ordenamento iniciou um novo projecto, o INUNDA – Actions-Pilote de Prevention des Risques d’Inondation dans les Zones Fortement Urbanisées , no âmbito do programa INTERREG-3C, com o intuito de propor um conjunto de regulamentos e condicionantes ao uso do solo nas áreas urbanas, inundáveis, de forma a minimizar os seus impactos negativos. Ficha técnica Coordenação Celeste Coelho, Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA

Entidades parceiras Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro Faculté des Lettres et Sciences Humaines da Université Mohammed V Soil & Land Use Department da ALTERRA Green World Research Institute National Agronomique de Tunisie

Equipa da UA envolvida Carlos Borrego, Alfredo Rocha, Ana Isabel Miranda, António Dinis Ferreira, Jan Jacob Keiser, Anne Karine Boulet, Anabela Carvalho, Sandra Valente, Teresa Carvalho, Isabel Alves, Ana Cristina Carvalho, Luísa Pinho e Helena Martins

Este cenário agrava-se quando as chuvas são mais concentradas e mais raras. O impacto sobre os solos é mais forte,

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uniformidade de

procedimentos e teorias na é a base do fame

ua adere a projecto europeu que faz convergir estratégias científicas para materiais híbridos e cerâmicos As Ciências Biológicas e o domínio de investigação em materiais avançados são duas das áreas com mais importância em termos de progresso científico e tecnológico do séc. XXI. Contribuirão, com certeza, para uma melhoria da qualidade de vida, aumentando o bem-estar dos cidadãos. Para uma participação activa neste domínio, a Universidade de Aveiro, através do seu Laboratório Associado CICECO, junta-se ao FAME, uma rede de excelência europeia na matéria, tendo sempre em vista a vanguarda tecnológica.

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O CICECO, Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos, foi criado na Universidade de Aveiro no início de 2002. Este Centro de Investigação não só pretende contribuir activamente para o desenvolvimento da economia regional como assume o papel de centro de excelência, a nível nacional e internacional, na área dos materiais cerâmicos e compósitos. Recentemente, juntou-se, no âmbito da evolução e da internacionalização de procedimentos, a uma rede de excelência europeia, a FAME (Functionalised Advanced Materials and Engineering of Hybrids and Ceramics), contribuindo para a planificação de um mestrado europeu, a catalogação de materiais físicos disponíveis para utilização na rede e o know-how resultante da investigação desenvolvida nos projectos que tem em mãos. Esta rede de excelência consiste num instrumento que vem integrar competências de alguns dos melhores cientistas a nível mundial no domínio dos materiais funcionais avançados, híbridos (orgânicos – inorgânicos) e cerâmicos. Vem portanto suprir uma fragmentação que se vinha observando na comunidade europeia, constituindo de raiz equipas multidisciplinares, capazes de questionar as metodologias de investigação convencionais. Os novos materiais funcionais a desenvolver oferecem, potencialmente, muitas vantagens: funções inteligentes, portabilidade melhorada (através da miniaturização e do maior número de funções por unidade de massa), economia de matérias-primas e de energia, menor peso e menor impacto ambiental. O contexto deste projecto europeu insere-se no enorme incremento da investigação em materiais híbridos nos últimos 10 anos, beneficiando da integração do melhor de três mundos: o inorgânico, o orgânico e o biológico (estratégia dita bottom up). Por outro lado, a investigação em materiais cerâmicos está bem estabelecida, concentrando hoje esforços no scaling

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down de dispositivos funcionais (estratégia top down). A capacidade de desenhar moléculas e materiais, para desempenhar funções desejadas que permitam substituir estruturas e componentes tradicionais mais complexos e volumosos, terá um profundo impacto no desenvolvimento e na distribuição de produtos. FAME contará com três grandes conjuntos de actividades, como o Programa visando a integração e articulação dos vários grupos, o Programa de investigação (consistindo na concepção e no desenvolvimento de projectos de investigação multidisciplinares, promovendo a interacção entre químicos, físicos, biólogos, teóricos, cientistas de materiais e engenheiros) e, por fim, o Programa de formação e disseminação do conhecimento que compreende um novo Mestrado Europeu conjunto (incluindo acções de e-learning à distância), e acções junto do cidadão. Esta rede permitirá criar, no final do contrato e através destas actividades, o “Instituto Europeu de Materiais Funcionais”, o qual deverá liderar a investigação desenvolvida neste campo, que é de uma enorme importância estratégica para as tecnologias de ponta emergentes. Tem como metas principais, a curto, médio e longo prazo: propor novos métodos e processos de investigação inovadores; criar grupos de trabalho interdisciplinares e multiculturais e, finalmente, conceber programas de formação e de divulgação de Ciência. Fazem parte da equipa de trabalho cerca de 190 investigadores e 60 alunos de doutoramento de sete países europeus: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Israel, Portugal e Reino Unido. Trinta companhias manifestaram já o seu interesse em participar nas acções de investigação e formação a promover. O financiamento para este Projecto vem do Sexto Programa Quadro, prioridade 3, da Comissão Europeia.

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numa parceria entre a

ua e a siemens Em Abril deste ano foi inaugurado o novo Laboratório de Imagiologia da Universidade de Aveiro. Graças a um protocolo assinado em Julho de 2003, entre a UA e a Siemens S.A. – Siemens Medical Solutions, Health Services, com vista ao estabelecimento de uma colaboração concreta no domínio da Formação e Investigação em PósProcessamento Digital de Imagem Clínica, a Escola Superior de Saúde passou a dispor de mais uma infra-estrutura tecnológica de topo na área da Imagiologia Médica.

Laboratório de Imagiologia/Siemens dota ua de tecnologias de topo na área da imagiologia médica A instalação, na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), do Laboratório de Imagiologia/Siemens resulta de um protocolo assinado em Julho de 2003, entre a UA e a Siemens S.A. – Siemens Medical Solutions, Health Services – com vista ao estabelecimento de uma colaboração concreta no domínio da Formação e Investigação em Pós-Processamento Digital de Imagem Clínica. Este novo laboratório de investigação, ensino e formação, equipado com 10 estações de trabalho dotadas das mais avançadas ferramentas de software para pós-processamento digital de imagem clínica, vai permitir assegurar uma preparação adequada dos profissionais de saúde chamados a utilizar as novas tecnologias digitais no apoio ao diagnóstico médico. Para a Reitora da Universidade de Aveiro, Prof. Helena Nazaré, esta infra-estrutura representa “mais um importante passo na intervenção da instituição no domínio das Ciências e

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Tecnologias da Saúde, prosseguindo o modelo adoptado de forte interligação entre as actividades de formação, investigação e cooperação empresarial, e permitindo a incorporação das mais recentes tecnologias no percurso formativo dos futuros profissionais de saúde”. Uma infra-estrutura que vem reforçar as competências da UA na área da saúde e reafirmar a vontade de ver concretizada a sua pretensão de formar e criar licenciaturas nas áreas da biomedicina e na área da medicina propriamente dita, a par das parcerias de sucesso que a UA tem conseguido estabelecer com hospitais, centros de saúde, e a direcção regional de saúde de Aveiro, como referiu a Reitora da UA. “Nunca é demais reforçar o interesse que representa, para uma Universidade, poder colaborar de uma forma muito estreita com centros de aplicação do conhecimento criado. Actualmente a Siemens, quiçá, fará mais do que isso, criará ela própria conhecimento em muitas áreas”. O Administrador da Siemens, S.A., Eng. Rui Brandão, aproveitou a ocasião para reafirmar o empenho da Siemens na formação de futuros profissionais e no desafio que tal representa, e salientar o compromisso com a inovação através das oportunidades de investigação e desenvolvimento que este laboratório oferece. “Desta parceria resulta, pela primeira vez em Portugal, o facto de no quadro formativo, os técnicos da saúde terem à sua disposição em laboratório a mais inovadora tecnologia de processamento de imagem, que, associada a um currículo teórico-prático moderno, terá como resultado profissionais altamente qualificados, para um cada vez mais complexo mundo da saúde e excelentes condições para a prática de investigação e pós-graduação”. Este laboratório permitirá preparar os futuros profissionais e reeducar os existentes para os desafios que se

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laboratório de imagiologia

colocam ao país em tempos próximos, uma estratégica na qual a Siemens vai continuar a insistir, numa parceria com a universidade e centros de investigação. “Estamos rapidamente a passar da Evidence based medicine para a era da Information Based Medicine. Não só teremos grandes desenvolvimentos em áreas como a genética, mas também na biotecnologia e sistemas de informação, que modificarão a prática clínica dos nossos dias, originando uma opção sobre sistemas de saúde e uma pratica clínica que terá necessariamente de ser centrada no doente, mas que vai obrigar a mais diagnósticos, mais rápidos, mais fiáveis, sem erros, não evasivos, que terão, implicações sistémicas óbvias. Para garantir resultados clínicos operacionais e financeiros, de qualidade e de excelência, tal só será possível através da automatização de processos e tecnologia médica inovadora, que integrem informação clínica, administrativa e financeira, com sistemas de informação de elevadas performances. Este laboratório vem de encontro a esta nova realidade”, acrescentou o Eng. Rui Brandão. Para além do Presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, Dr. Fernando Andrade, que esteve presente em representação do Ministro da Saúde, Prof. Correia de Campos, marcaram também presença os Presidentes da Administração dos Hospitais de Santo António (Porto), Hospital Universitário de Coimbra, Infante D. Pedro (Aveiro), Hospital S. Teotónio (Viseu) e o Hospital S. Sebastião (Santa Maria da Feira), bem como o Director do Centro de Saúde de Aveiro, entre outras entidades ligadas à saúde. A encerrar a cerimónia de inauguração, os convidados tiveram a oportunidade de efectuar uma visita ao Laboratório e assistir a uma aula de imagiologia.

Siemens instala núcleo de investigação e desenvolvimento na área das telecomunicações na UA Para além do Laboratório de Imagiologia, instalado na Escola Superior de Saúde da UA, a Siemens tem instalado também no campus de Santiago, desde o iníco do ano, um núcleo de Investigação e Desenvolvimento na área das telecomunicações, que integra cerca de 10 investigadores. A decisão surgiu na sequência de uma visita da empresa à UA e de um protocolo de colaboração estabelecido entre as duas entidades. Durante a visita, o Director da Siemens SA, Eng. João Picoito, referiu-se ao privilégio que representa para a empresa o desenvolvimento de projectos com a Universidade de Aveiro, salientando que a UA se tem mostrado sempre aberta e disponível, assumindo frequentemente um papel pro-activo nesta relação de cooperação, “o que reflecte a sua posição progressista no que respeita à ligação com o tecido empresarial”. Apesar da Siemens SA ter em curso projectos de cooperação com diversas universidades portuguesas, ficou claro que a Universidade de Aveiro e a Siemens SA têm todas as condições de virem a participar em conjunto em projectos internacionais, no âmbito de programas europeus. Assente ficou, também, que a UA representa para a Siemens SA um importante pólo de recrutamento de pessoal altamente especializado e que a empresa está disposta a fornecer o seu know-how e estrutura relativamente ao processo de registo de patentes. Recorde-se que o protocolo assinado entre a UA e a Siemens SA visa a instalação de um laboratório de I&D na área de telecomunicações, particularmente na área das comunicações ópticas e móveis. Neste sentido, os primeiros membros deste laboratório estão já na UA desde o início do ano, prevendo a Siemens SA, a expansão deste número de colaboradores para algumas dezenas, no decorrer dos próximos dois anos, logo que sejam encontradas as soluções para a sua instalação no Campus da UA.

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O Instituto de Investigação da Universidade de Aveiro foi distinguido, no passado dia 12 de Maio – Dia do Município – com a Medalha Municipal de Mérito Científico. Atribuída durante a sessão solene de entrega de distinções honoríficas a personalidades e entidades do Município, este galardão foi entregue ao Vice-Reitor, Prof. Francisco Vaz. O Instituto de Investigação da Universidade de Aveiro, criado em 1994, tem desempenhado um papel fundamental na promoção da pluridisciplinaridade e no desenvolvimento da investigação, respondendo às necessidades específicas da sociedade.

instituto de investigação da ua recebeu 12 de maio paços do concelho medalha municipal de mérito científico A excelência da investigação realizada na Universidade de Aveiro é constantemente confirmada pelos resultados das sucessivas avaliações externas efectuadas às 15 unidades de investigação e três Laboratórios Associados desta Universidade, bem como pelos numerosos prémios, nacionais e internacionais, atribuídos a investigadores da Universidade de Aveiro. Este Instituto contribui para desenvolver uma maior articulação entre o sistema de ensino e o sistema de investigação, numa perspectiva de renovação do ensino pós-graduado, nas mais diversas áreas: Electrónica, Telecomunicações e Telemática; Materiais; Ambiente e Mar; Tecnologia Mecânica e Automação; Formação de Formadores; Física; Química; Matemática; Biologia; Línguas e Culturas; Comunicação e Arte e, mais recentemente, nas áreas da Competitividade Empresarial e da Governança e Políticas Públicas. Neste sentido, e considerando também o papel desempenhado pelo Instituto de Investigação da UA na formação avançada de recursos humanos, designadamente através da concessão de bolsas de doutoramento, no recruta-

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mento de investigadores de elevado mérito científico e no apoio à realização de projectos de investigação e à dotação das equipas com equipamento científico, componentes imprescindíveis a uma investigação de qualidade, a Câmara Municipal de Aveiro deliberou atribuir-lhe a Medalha Municipal de Mérito Científico em 2005. Para o Prof. Francisco Vaz, a criação deste galardão municipal de mérito científico revela a importância que a edilidade aveirense tem vindo a atribuir à Ciência e ao impacto que o seu incremento pode ter no desenvolvimento, bem-estar e competitividade da região. Assumindo que a distinção é atribuída às 18 Unidades que constituem o Instituto de Investigação e aos 1200 investigadores, técnicos e bolseiros que nelas trabalham, o Vice-Reitor para a Investigação Científica refere que é propósito da UA afirmar-se internacionalmente, contribuindo para a promoção da região. “Não serão pois estranhas as ligações a muitas entidades públicas e privadas de Aveiro. Não podemos deixar de distinguir a Câmara Municipal de Aveiro e empresas como a PT Inovação. Um

bom exemplo está no abrangente projecto Aveiro Digital. No futuro, estamos certos que continuaremos a contar com a Câmara Municipal de Aveiro e esta Câmara com a Universidade, para novos projectos e iniciativas que permitam que a investigação desenvolvida contribua alargadamente para o progresso da cidade e da Região”.

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A Universidade de Aveiro acolhe, desde o início deste ano, a sede da Rede SUDcom, uma rede de cidadania transnacional de países e comunidades do Mediterrâneo Sul, presidida pela Doutora Maria Barroso Soares e dinamizada pela Universidade de Aveiro, que visa investigar e reflectir sobre as relações e interacções entre a comunicação e a violência.

rede sudcomlaboratório de imagiologia

do Mediterrâneo Sul. São também seus objectivos cooperar na transacção de experiências e de conhecimento científico sobre os media, as crianças e os jovens, difundindo e co-produzindo estratégias de actuação e de experiência, fomentar a cooperação na análise da informação difundida e transaccionada e investigar sobre os discursos dos media e dos seus efeitos nos diferentes públicos, contribuindo como instrumento e médium simbólico de actuação na comunicação nos media e com os media. Com o slogan “Pensar é Agir a Solução é Interagir”, a Rede SUDcom permitirá criar, através da dinamização da Univer-

orquestrado pela co-operação de cidadãos, que irão construir vínculos que dão sentido à necessidade e realização de actuações sobre a problemática dos Média, particularmente dos seus efeitos nas crianças”. Como salientou a coordenadora do projecto, Prof. Doutora Conceição Lopes, “a rede orienta-se simbolicamente pela metáfora dos três A’s da manifestação da comunicação in-equipa: Afeição, Argumentação e Actuação. São três A’s de manifestação da racionalidade e do fundamento da reflexão crítica e activa para a problemática de comunicar violência. A rede

rede SUDcom

ua acolhe sede de rede de cidadania activa transnacional dos países do mediterrâneo sul

A ousadia de integrar na sua missão a formação Cívica e Cultural dos alunos e a existência de uma unidade de investigação relacionada com a temática, foram dois aspectos determinantes na escolha da Universidade de Aveiro para acolher a sede da SUDcom, uma rede transnacional de mobilização de cidadãos activos do mediterrâneo Sul.

sidade de Aveiro, um Centro Informativo de Investigação, de Intervenção e Formação sobre os Media e Comunicação, procurando estabelecer e fortalecer os laços entre os diferentes países e consolidar a ligação com o Centro Internacional UNESCO e o Centro da Rede NORDICOM para a investigação sobre os Media, as Crianças e o Jovens, com especial atenção para a violência nos media. A estratégia a seguir baseia-se na co-produção e mobilização humana e social.

O convite para que Portugal e Espanha formassem um movimento paralelo a um já existente no Norte da Europa – o Nordicom, destinado a combater o impacto negativo dos Media na cultura e valores morais da sociedade, partiu do Presidente do Governo Espanhol. A Universidade de Aveiro aceitou o desafio e já deu os primeiros passos para a criação deste laboratório de pesquisa, que à semelhança da rede análoga no norte da Europa, pretende criar inter-relações e interacções que co-produzam a organização de actuações de promoção e de defesa de valores do Humano, subjacentes à Convenção dos Direitos da Criança e da Declaração Universal dos Direitos do Homem, incrementando, através da comunicação, a inter-compreensão entre culturas e sociedades dos países

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A sessão de apresentação ocorreu no passado dia 18 de Abril, na Universidade de Aveiro. Para além da coordenadora do projecto, Prof. Conceição Lopes, do Administrador dos Serviços de Acção Social da UA, Mestre Hélder Castanheira, esteve presente a Doutora Maria Barroso, Presidente da SUDcom, que referiu tratar-se de “uma rede pouco formal que actua em contextos racionais livres, desenvolvendo espontânea e socialmente entendimentos que aprofundem os laços afectivos, para além dos já existentes, nas comunidades reais e virtuais de referência. O sistema da rede pretende ser um serviço público de comunicação e informação,

visa contribuir para a afirmação de valores éticos e apela para os contextos de recepção e para as práticas culturais e sociais em que os media se orientam, devendo assumir como finalidade a convivialidade para a intercompreensão e não para a violência”. Para a Prof. Conceição Lopes “a SUDcom é uma diferença comum. Não é ainda um projecto bem definido, nem uma visão a ser adoptada por qualquer pessoa, mas sim, uma malha de projectos a adoptar de forma diferente, orientando-se pelos 3 A’s. Mais do que dever ser, é preferível estar na rede. E esta preferência implica-nos a todos”. De acordo com Hélder Castanheira, administrador para a área social da UA, “o trabalho científico desenvolvido pela NORDICOM tem vindo a ser aproveitado a nível estadual, por ONG´s e universidades. Pretende-se que a SUDcom faça agora o mesmo e que os governos dos países que a integram utilizem o seu trabalho em decisões formais”. De acordo com a mesma fonte, está previsto que no início do próximo ano lectivo as actividades da Rede estejam já perfeitamente delineadas e que em breve estejam disponível em http://www.sudcom-ua.pt

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problemas de saúde, estimando-se que nos países industrializados 20% das doenças registadas sejam imputáveis a factores ambientais.

arranque neste ano lectivo

novos mestrados na área do ambiente criados na ua Quatro novos cursos de mestrado – Energia e Gestão do Ambiente; Gestão e Tratamento de Resíduos; Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes; e Saúde e Risco Ambiental – assim como os cursos de formação especializada a estes mestrados associados começam a funcionar já neste ano lectivo.

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O Programa de Formação Pós-Graduada em Ciências e Engenharia do Ambiente que engloba a criação dos cursos de mestrado em Energia e Gestão do Ambiente; Gestão e Tratamento de Resíduos; Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes e respectivos Cursos de Formação Especializada de Curta, Média e Longa Duração reflecte, por um lado, a aposta do Departamento de Ambiente e Ordenamento na área das tecnologias para resolver os problemas ambientais e, por outro, contempla as alterações do enquadramento profissional tradicional e a desejável aproximação entre a Universidade e a sociedade. Por sua vez, o Programa de Formação Pós-Graduada em Saúde e Risco Ambiental, que engloba o Mestrado em Saúde e Risco Ambiental, respectivos Cursos de Formação Especializada e ainda vários outros tipos de Cursos de Formação Especializada de Curta, Média e Longa Duração, justifica-se desde logo pela relação entre a qualidade do ambiente e a saúde. A deterioração do ambiente e os acidentes ambientais de origem humana estão frequentemente associados a

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Mestrado em Energia e Gestão do Ambiente O Curso de Mestrado em Energia e Gestão do Ambiente tem como objectivo fundamental fornecer uma visão integrada do binómio ambiente-energia, numa perspectiva eminentemente prática. Pretende-se, deste modo, que a frequência deste mestrado permita aos alunos abordar problemas que os profissionais de engenharia são normalmente solicitados a resolver. O curso pretende, especificamente, proporcionar aos alunos conhecimentos teóricos e práticos sobre termodinâmica aplicada e transmissão de calor; conhecimentos sobre sistemas de gestão ambiental, designadamente as normas internacionais necessárias à obtenção da certificação ambiental; capacidade para modelar sistemas dinâmicos, em particular nas áreas da produção/distribuição/consumo de energia e dos ecossistemas, e, em geral, uma visão integrada dos problemas de energia e ambiente. São assim destinatários deste curso, os licenciados em Engenharia do Ambiente, Engenharia Química, Engenharia Mecânica, e Engenharia Física. O mestrado terá a duração de quatro semestres e é composto por um curso de especialização e pela elaboração e discussão de uma dissertação. O Grau de Mestre em Energia e Gestão do Ambiente será conferido pela UA aos alunos que, tendo sido aprovados no curso de especialização, sejam aprovados também nas provas públicas da discussão da dissertação. Refira-se que a aprovação na parte curricular do curso de mestrado (12 unidades de crédito) dará lugar à atribuição de um diploma de curso de formação especializada de longa duração. Os interessados podem ainda optar por frequentar o Curso de Formação Especializada de Curta Duração (duas das disciplinas obrigatórias do curso/ quatro Unidades de crédito); ou o

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novos mestrados na área do ambiente

Curso de Formação Especializada de Media Duração (quatro disciplinas/8 Unidades de crédito). Mestrado em Gestão e Tratamento de Resíduos O Mestrado em Gestão e Tratamento de Resíduos tem por objectivo geral a actualização e formação especializada tendo em vista credenciar técnicos para a realização de operações de gestão de resíduos relacionadas com a implementação da regulamentação nacional e europeia. Sendo reconhecido que a gestão e tratamento de resíduos consome importantes recursos económicos e ambientais que urge minimizar, o entendimento deste assunto deverá ter em conta a necessidade do desenvolvimento sustentável e também a necessidade de melhorar a competitividade nacional. Neste sentido, são objectivos específicos desta formação, o enquadramento normativo e legal aplicável à gestão dos resíduos; o conhecimento de processos e técnicas que permitam a selecção dos procedimentos mais adequados para gerir os diferentes tipos de resíduos; o conhecimento do uso de materiais, tecnologias de fabrico ou procedimentos de rotina ambientalmente adequados numa perspectiva de prevenção e controlo integrados da poluição; o conhecimento sobre processos e técnicas de tratamento e valorização aplicadas aos diferentes tipos de resíduos (urbanos, industriais, hospitalares, agrícolas), bem como das respectivas características operacionais que permitam a selecção da tecnologia mais apropriada a cada caso; as noções sobre o enquadramento da gestão de resíduos no âmbito da sustentabilidade económica, ambiental e social. O público-alvo deste curso inclui os técnicos possuidores de grau de licenciatura em diferentes áreas ou actividades profissionais de Engenharia do Ambiente, Engenharia Química, Engenharia Mecânica, e Engenharia de Materiais e licenciaturas afins. O curso apresenta também particular interesse para os profissionais licencia-

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dos que operam nas áreas de projecto de sistemas e de operação de sistemas de gestão de resíduos (urbanos, industriais, hospitalares, agrícolas), nomeadamente, quadros de empresas que realizam a recolha, o transporte, a armazenagem, o tratamento, a valorização e a eliminação de resíduos; técnicos de serviços públicos na área do ambiente; técnicos ligados aos serviços de higiene e salubridade das autarquias, às comissões de coordenação e desenvolvimento regional e aos serviços centrais de tutela do Ambiente com responsabilidade no que respeita aos procedimentos de gestão de resíduos urbanos ao nível municipal e intermunicipal e, ainda, aos técnicos ligados è concepção de novos produtos e de produtos de embalagem (arquitectos, engenheiros, designers). O mestrado terá a duração de quatro semestres e é composto por um curso de especialização e pela elaboração e discussão de uma dissertação. O Grau de Mestre em Gestão e Tratamento de Resíduos será conferido pela UA aos alunos que, tendo sido aprovados no curso de especialização, sejam aprovados também nas provas públicas da discussão da dissertação. Refira-se que a aprovação na parte curricular do curso de mestrado (16 unidades de crédito) dará lugar à atribuição de um diploma de curso de formação especializada de longa duração. Os interessados podem ainda optar por frequentar o Curso de Formação Especializada de Curta Duração (seis Unidades de crédito); ou o Curso de Formação Especializada de Media Duração (10 Unidades de crédito). Mestrado em Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes O curso de Mestrado em Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes visa formar profissionais e investigadores com intervenção no domínio das ciências e da engenharia do ambiente, bem como desenvolver competências nas metodologias e práticas de investigação, no âmbito da poluição da água e dos recursos hídricos, no que

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diz respeito às tecnologias de tratamento de efluentes, na gestão dos recursos hídricos, na interpretação interdiscipli– nar das áreas de formação envolvidas, na intervenção em ambiente industrial, na interpretação de dados da qualidade da água e na avaliação de impactes ambientais. São, assim, destinatários deste curso com uma forte componente de formação técnica, os licenciados em Engenharia do Ambiente, Engenharia Química, Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais, Engenharia Civil, Engenharia Cerâmica e Vidro e cursos de engenharia afins; os profissionais em áreas de gestão de recursos hídricos, avaliação de impactos sobre os recursos hídricos, tratamentos de águas e efluentes; os técnicos de superiores da Administração pública e autárquica, e os responsáveis e quadros de empresas públicas e privadas. O mestrado terá a duração de quatro semestres e é composto por um curso de especialização e pela elaboração e discussão de uma dissertação. O Grau de Mestre em Gestão e Tratamento de Resíduos será conferido pela UA aos alunos que, tendo sido aprovados no curso de especialização, sejam aprovados também nas provas públicas da discussão da dissertação. Este curso de Mestrado compreende uma componente escolar à qual corresponde, no todo ou em parte, Cursos de Formação Especializada (CFE’s). Os CEF’s sustentados no mestrado em Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes organizam-se em curta, média ou longa duração e pretendem possibilitar uma formação técnica por perfis de formação nas áreas de Tratamento de Águas e Efluentes; Poluição e Qualidade da Água; Operação e Controlo de ETA/ETAR; Operação e Gestão de ETA/ETAR; Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes

que concerne à participação responsável na construção do conhecimento e tomada de decisão em Saúde Ambiental, através da formação, do treino e da investigação neste domínio de actividade. A finalidade deste curso de mestrado é promover o desenvolvimento de competências que permitam: · definir prioridades na área da saúde ambiental, baseadas nas inter-relações fundamentais entre o ambiente natural e humanizado e a saúde; · discutir criticamente os princípios de análise inerentes à tomada de decisão e a sua aplicação à avaliação de risco ambiental; · consubstanciar conhecimentos e experiência em gestão ambiental e prevenção em saúde ambiental; · mobilizar conhecimentos que possibilitem a integração em projectos de investigação e desenvolvimento nas áreas científicas afins. Deste modo, são destinatários deste mestrado os licenciados com formação e/ou experiência profissional na área da saúde, engenharia e áreas afins, provenientes da indústria, instituições académicas, de investigação, serviços públicos governamentais, ou com interesse técnico-científico pelas actividades em Saúde Ambiental. O mestrado terá a duração de quatro semestres e é composto por um curso de especialização (16 unidades de crédito) e pela elaboração e discussão de uma dissertação. O Grau de Mestre em Saúde e Risco Ambiental será conferido pela UA aos alunos que, tendo sido aprovados no curso de especialização, sejam aprovados também nas provas públicas da discussão da dissertação. A componente escolar deste curso de mestrado corresponde em todo ou em parte a Cursos de Formação Especializada. Os CFE em Saúde e Risco Ambiental organizam-se segundo o sistema de unidades de crédito por área científica (Ciências e Tecnologias da Saúde; Ciências Aplicadas ao Ambiente; Biologia; Ciências Sociais; Química), correspondendo o CFE de curta duração a quatro disciplinas do

Mestrado em Saúde e Risco Ambiental O Mestrado em Saúde e Risco Ambiental será interdisciplinar e interinstitucional, visando contribuir para a redução do défice da sociedade portuguesa no

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Mestrado em Saúde e Risco Ambiental, totalizando no mínimo quatro unidades de crédito; o CFE de média duração a sete disciplinas deste mestrado totalizando no mínimo oito unidades de crédito; e o CFE de longa duração a 14 disciplinas, totalizando no mínimo 16 unidades de crédito. Última fase termina a 19 de Novembro Pós-graduação com candidaturas abertas Até 19 de Novembro, está aberta a última fase de candidaturas para os Mestrados em Geoquímica, Análise Social e Administração da Educação e Criação Artística Contemporânea (biénio 2005/ 2007) e para os Cursos de Formação Especializada em Criação Artística Contemporânea, Comunicação e Multimédia (Média duração), Comunicações Móveis (Média duração) e Sistemas de Informação (Média duração) (2005/2006). As informações sobre os prazos de candidatura para os vários Mestrados e CFE´s poderão ser obtidas por consulta do site do Instituto de Formação Pós-Graduada em www.posgrad.ua.pt. Os procedimentos para a formalização de candidaturas estão definidos nos Editais de Abertura dos respectivos Cursos, os quais podem ser consultados em www.sac.ua.pt/pg_editais.asp As candidaturas aos Cursos de Mestrado e CFE´s deverão ser efectuadas via Internet, através do seguinte endereço: http://paco.ua.pt

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antigos alunos da ua

Uma Comissão Directiva, presidida pela antiga aluna de Planeamento Regional e Urbano, Cláudia Luz, foi eleita na Assembleia-Geral da Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro, em Outubro passado. À nova Comissão cabe, nesta fase, relançar a actividade da associação e criar as condições operacionais que permitam a realização de eleições no prazo de um ano.

eleita por unanimidade

comissão directiva relança associação dos antigos alunos da ua Em funções desde o passado ano lectivo, a nova Comissão Directiva da Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro tem como Presidente Cláudia Luz e como Vice-presidente António José Ribeiro. Ana Raquel Xambre, Ana Patrícia Ângelo e Nuno Dias são os 1º, 2º e 3º vogais desta nova Comissão. A Comissão Directiva foi eleita em Assembleia Geral, por um período de 18 meses, com o principal objectivo de relançar a actividade da AAAUA e de preparar o terreno para a realização de eleições, como explicou o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, “existe hoje uma coincidência de factores que constitui uma oportunidade única para relançar a actividade da nossa associação; existe a disponibilidade de alguns antigos alunos para integrar cargos directivos; existe interesse da UA em retomar a antiga colaboração entre as duas instituições, agora no âmbito da promoção de estágios profissionais; e, não menos importante, subsiste a vontade de muitos sócios em contribuir, ainda que não em cargos directivos, para a manutenção e desenvolvimento da AAAUA. Não existindo uma Direcção em efectividade de funções e não

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estando garantidas as condições mínimas para a realização de eleições, são concedidos a esta Comissão tanto os poderes como os deveres previstos estatutariamente para a Direcção da AAAUA”. Actualizar a base de dados com os contactos dos antigos alunos da UA, cerca de 1 390 sócios, e alargar o seu universo, de forma a mobilizar os alunos que se graduaram nos últimos anos e aqueles que virão a graduar-se nos próximos, e revitalizar a página de Internet da Associação são algumas das prioridades desta Comissão, para além dos aspectos previstos nos estatutos, nomeadamente a realização de um encontro anual. Os novos órgãos já entraram em acção, começando por reorganizar a sede da AAAUA e reactivando a conta de e-mail da AAAUA (aaaua@ua.pt). Foi, ainda, verificada a situação do pagamento das quotas por parte dos associados e foram estabelecidos alguns contactos preliminares com algumas organizações (AAUAv, SASUA, CICUA) para transmitir os objectivos e estabelecer futuras relações de parceria. Para além destas medidas, a Comissão iniciou já o trabalho de reestruturação da página web,

e acordou, ainda, com a Directora da Biblioteca da UA a possibilidade dos sócios (que apresentem o cartão de sócio com a indicação das quotas regularizadas) poderem usufruir gratuitamente dos seus serviços. Em Dezembro, procedeu-se à assinatura de um Protocolo entre a UA e a Associação de Antigos Alunos, durante a Cerimónia Comemorativa do 31º Aniversário da UA, para a manutenção e reforço dos laços existentes entre a Universidade e os seus antigos alunos mediante múltiplas actividades de cooperação. Um passo importante para a actividade da AAAUA, já que “os Antigos Alunos da UA formam um universo bastante alargado, estes constituem os melhores embaixadores da Universidade e podem ter um papel activo nesta área. Neste sentido, a AAAUA deve funcionar como elo de ligação entre a UA e esses antigos alunos”, conforme referiu Cláudia Luz. A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro (AAAUA) está contactável pelo e-mail: aaaua@ua.pt e aguarda o contacto de todos os antigos estudantes da UA.

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Em Julho deste ano, os antigos alunos da UA, caloiros de 1990, do curso de Engenharia Electrónica e Telecomunicações, reencontraram-se. Recordar as vivências académicas e conhecer os percursos profissionais dos colegas, num ambiente de confraternização e de troca de experiências, foi o principal intuito deste encontro, que incluiu um almoço e uma visita a algumas infra-estruturas da UA. Um regresso ao passado muito salutar, como nos conta Raquel Madureira, um dos elementos organizadores deste primeiro encontro.

antigos alunos de engenharia electrónica e telecomunicações de regresso à ua “Cerca de 15 anos depois daquele mítico primeiro dia, no Sábado, 9 de Julho de 2005, reuniram-se na Universidade de Aveiro 25 ex-alunos do Curso de Electrónica e Telecomunicações, caloiros no ano de 1990 e respectivas famílias. Este encontro surgiu no seguimento de contactos via e-mail (et90@nocturno.org), onde se criou pelo efeito de rede uma lista de colegas. Actualmente existe uma lista de distribuição de e-mail com perto de 60 ex-alunos inscritos em http://nocturno. org/cgi-bin/mailman/listinfo/et90. O encontro começou com um belo almoço de confraternização no restaurante da UA, contando com a presença da Presidente da Comissão Directiva da Associação de Antigos Alunos, Cláudia Luz. Nesta reunião foi interessante constatar que grande parte ou mesmo a globalidade dos alunos que terminaram o curso estão empregados, cobrindo uma grande área da Engenharia, desde o Ensino Universitário e Politécnico, passando pelos operadores de Telecomunicações (engenharia e contacto com clientes) até à indústria aeronáutica.

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Vários colegas já constituíram famílias, cujos rebentos revelam o bem-estar, a estabilidade e florescimento de uma geração que nesta escola nasceu. Durante a visita, foi ainda realizada uma breve apresentação da associação de alunos de ETT, na qual foi, mais uma vez, salutar a troca de experiências. Aí os antigos alunos, na sua maioria, defenderam a continuação do ensino da engenharia em Portugal com componentes básicas fortes em matemática e física e alguma componente de gestão de recursos humanos e de projectos. A forte e profunda componente técnica com que os alunos de ET se habituaram a trabalhar, ofereceu uma base de raciocínio e abstracção mental que permite, tal como convém a qualquer engenheiro, o poder da versatilidade, capacidade de integração e abrangência de novas tarefas, desafios e projectos. Deste modo, será altamente positivo e motivador para as gerações futuras, o sentimento transmitido por estes exalunos, aos quais a Universidade de Aveiro forneceu os inputs necessários para os exigentes desafios do mercado, altamente competitivo, das Telecomunicações.

Finalmente, e com o gentil apoio de Cristina Simões, dos Serviços de Relações Externas da UA, foram realizadas visitas ao edifício da nova reitoria e ao complexo pedagógico... Contamos não esperar mais 15 anos para novo encontro, ou então corremos o risco de aproveitar esse mesmo dia para matricular os nossos filhos como caloiros! Pois é… é que passa tão depressa… e não há tempo como o de estudante!!!” Raquel Madureira

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saída revitalizada

A licenciatura em Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro foi oficialmente reconhecida pela Ordem dos Engenheiros. Uma nova mais-valia para os alunos de um dos cursos da UA mais procurados pelo mercado de trabalho.

saídas revitalizadas engenharia mecânica reconhecida pela ordem dos engenheiros O curso de Engenharia Mecânica teve o seu início de actividades no ano lectivo de 1994/95. Com cinco anos lectivos de frequência obrigatória e com um regime de funcionamento diurno, o curso é ministrado pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UA. Proporciona uma formação marcadamente prática e experimental em áreas como a mecânica de precisão, concepção e fabrico assistido por computador e robótica, que são, sem dúvida, áreas promissoras e com possibilidade de maior impacto internacional. O núcleo central da formação ministrada assenta em quatro grandes áreas da Engenharia Mecânica: Tecnologia Mecânica, Automação, Mecânica Aplicada e Projecto Mecânico, Térmica e Fluidos.

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Quanto às saídas profissionais, os Licenciados em Engenharia Mecânica encontram possibilidade de integração em todos os ramos da indústria portuguesa, sobretudo na qualidade de responsáveis pelos sectores de fabrico, manutenção, gestão e projecto. A maioria destes profissionais tem encontrado colocação em empresas dos mais diversos sectores. Aliás, são cada vez mais as próprias empresas a contactar a Universidade para contratar novos profissionais, muitas vezes mesmo antes da conclusão do curso.

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Publicações

Ensino Médio e Ensino Técnico no Brasil e em Portugal: raízes históricas e panorama actual

Arte Maior: os Contos de Branquinho da Fonseca

Este livro, publicado no Brasil em Novembro de 2004, resulta de um trabalho conjunto de uma investigadora brasileira – Maria Laura P. Barbosa Franco, Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – e de investigadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro – Luís Pardal, Alexandre Ventura e Carlos Dias. Os autores conduziram a sua investigação no sentido de aprofundarem a discussão sobre os trajectos do ensino técnico e profissional no Brasil e em Portugal, respeitando a especificidade e a dimensão dos problemas de cada um dos países. Procurou-se assim, num trabalho com características marcadamente teóricas e históricas, identificar os condicionamentos, os sentidos e as lógicas que influenciaram os modos como ambas as sociedades desenvolveram a formação profissional da sua juventude. Esta publicação teve o apoio do Programa de Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação, daquela Universidade brasileira, e da Unidade de Investigação “Construção do Conhecimento Pedagógico nos Sistemas de Formação”, da UA.

O lugar de relevo que Branquinho da Fonseca (1905-1974) ocupa na cultura portuguesa do século XX foi o impulso necessário para que António Manuel Ferreira, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UA, lhe dedicasse uma das suas mais recentes obras “ArteMaior: Os Contos de Branquinho da Fonseca”. Escritor polifacetado, Branquinho da Fonseca deixou uma obra literária composta por textos líricos, dramáticos e narrativos. É, porém, no conto que o escritor atinge o mais elevado mérito. A vocação contística de Branquinho manifesta-se não só na sua obra narrativa como também na poesia – nomeadamente nos poemas em prosa publicados em revistas literárias -, nos textos dramáticos, e mesmo no romance. A estética do conto insinua-se, assim, em toda a obra do autor, funcionando como um princípio de coesão discursiva, indiciador de uma similar confluência no domínio dos temas e dos meios de representação. António Manuel Ferreira é professor na Universidade de Aveiro. Dirige a revista Forma Breve, uma publicação do Departamento de Línguas e Culturas da UA que privilegia os estudos sobre o conto.

Autores Luís Pardal, Alexandre Ventura e Carlos Dias, docentes no Departamento de Ciências da Educação da UA, e Maria Laura P. Barbosa Franco, Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Edição Autores Associados, Campinas – São Paulo. ISBN 8574960977

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Autor António Manuel Ferreira, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UA Edição Imprensa Nacional – Casa da Moeda ISBN 9722712322

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As Cordas

Dez Réis de Gente… e de Livros

Leitura e Compreensão Escrita no 1º Ciclo do Ensino Básico: Algumas Sugestões Didácticas

Saiu em Março o mais recente livro da docente do Departamento de Comunicação e Arte, Fátima Pombo. Tem por título “As cordas” e é o segundo romance de uma trilogia que a autora iniciou com “O Desenhador”, em 2003. Ao longo das 240 páginas de “As Cordas”, Fátima Pombo reúne um conjunto de personagens que mostram grandes dificuldades em sair das tocas pessoais. Fátima Pombo é natural de Aveiro, onde nasceu em 1964. Actualmente reside no Porto, onde se licenciou em Filosofia e frequentou o Conservatório de Música, executando o violoncelo. Passou também por Coimbra, onde concluiu o mestrado em Filosofia Contemporânea, e na Alemanha preparou a tese de doutoramento subordinada ao tema “A fenomenologia e a experiência estética”. Hoje, é docente de Estética e Estética Musical no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. Tem vários artigos publicados em antologias e revistas da especialidade, nacionais e estrangeiras e é autora, entre outros títulos de âmbito ensaístico e biográfico, de “Guilhermina Suggia ou o Violoncelo Luxuriante”, editado em português e inglês em 1993, e do livro de ensaios “Traços de Música”, de 2001, também traduzido em espanhol. “O Desenhador” é, no entanto, a sua primeira obra de ficção, tendo merecido, entre mais de uma centena de obras a concurso, o Prémio Fnac / Teorema de 2002.

A desenvolver actualmente a sua docência e a sua investigação na área dos estudos literários e em particular da literatura de potencial recepção infantil, a antiga aluna da Licenciatura em Ensino de Português e Inglês e, posteriormente, do Mestrado em Estudos Portugueses da Universidade de Aveiro, Sara Reis da Silva, acaba de publicar o livro “Dez Réis de Gente… e de Livros”. A obra reúne um conjunto de textos críticos acerca de livros infanto-juvenis, originalmente destinados a um público de ouvintes e leitores de uma rádio e de um jornal regionais, a quem Sara Reis da Silva pretendeu despertar o gosto pelos livros e pela leitura literária Estes breves “ensaios” surgem, por isso, num registo intencionalmente coloquial e próximo do seu destinatário. Sara Reis da Silva está a preparar actualmente uma dissertação de doutoramento acerca da Literatura Portuguesa para a Infância, designadamente sobre a obra de Manuel António Pina, e participa também no projecto de investigação “Literatura Infantil e Educação para a Literacia” do Centro de Investigação em Literacia e Bem-Estar da Criança (LIBEC), no âmbito do qual tem proferido diversas comunicações em encontros científicos nacionais e internacionais e publicado vários artigos. Em 2002 editou o ensaio “A Identidade Ibérica em Miguel Torga”.

“Leitura e Compreensão Escrita no 1º Ciclo do Ensino Básico: Algumas Sugestões Didácticas” pretende levar professores e futuros professores do 1º Ciclo do Ensino Básico a reflectir sobre a importância da compreensão na leitura e a tomar contacto com algumas sugestões para uma abordagem em sala de aula mais conforme com as actuais directrizes do sistema educativo português. Com este intuito, são apresentados alguns dados teóricos actualizados e resultados de estudos de pequena dimensão levados a cabo com futuros professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, em contexto de sala de aula, contando com o apoio de professores em exercício, esperando-se que a sua consulta venha a ser igualmente útil para professores de línguas, em geral, e de Língua Portuguesa, em particular, noutros níveis de ensino, sendo também aconselhável para professores de outras disciplinas.

Autora Fátima Pombo, docente no Departamento de Comunicação e Arte da UA Edição Editorial Teorema ISBN 9726956064

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Autora Cristina Manuela Sá, docente no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA Edição Universidade de Aveiro ISBN 9737891411

Edição Editorial Caminho Autora Sara Reis da Silva, antiga aluna da UA ISBN 9722116800

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Transportes Sustentáveis para a Cidade do Futuro Inserido no contexto do projecto SUTRA – Sustainable Urban Transportation for the City of Tomorrow (EVK4-CT-1999-00013), que contribuiu para a definição de estratégias e metodologias de planeamento urbano, especialmente no que diz respeito ao transporte urbano sustentável, “Transportes Sustentáveis para a Cidade do Futuro” apresenta como principais objectivos o desenvolvimento de uma abordagem consistentes para análise da mobilidade em áreas urbanas, o apoio ao desenvolvimento urbano e a definição de estratégias para a construção da cidade sustentável do futuro. O estudo baseia-se na integração de conceitos sócio-económicos, ambientais e tecnológicos, no desenvolvimento e aplicação de metodologias para melhoria da previsão e gestão dos transportes e suporte à decisão política. Neste livro são, igualmente, apresentadas possíveis linhas orientadoras para o desenvolvimento futuro da cidade de Lisboa e de um sistema de transportes urbano sustentável. SUTRA – Sustainable Urban Transportation for the City of Tomorrow (EVK4-CT-199900013) foi a designação encontrada para um projecto financiado pela Comissão Europeia no âmbito do 5º Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento da UE e integrado na Key Action City of Tomorrow and Cultural Heritage, para representar Portugal foi convidado o Grupo de Emissões, Modelação e Alterações Climáticas (GEMAC),

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Educação em Línguas em Contexto Escolar: da Intervenção à Reflexão do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, coordenado pelo Prof. Doutor Carlos Borrego e pela Profª Doutora Ana Isabel Miranda. Autoras Ana Isabel Miranda e Carlos Borrego, docentes no Departamento de Ambiente e Ordenamento, e Ana Margarida Costa, bolseira de doutoramento no Departamento de Ambiente e Ordenamento Edição Universidade de Aveiro ISBN 9727891489

O livro “Educação em Línguas em Contexto Escolar: da intervenção à reflexão” é o resultado de trabalhos desenvolvidos no âmbito do Laboratório Aberto para a Aprendizagem de Línguas (LALE), estrutura do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, cuja grande finalidade tem sido construir conhecimento sobre as questões que se colocam à educação em línguas no quadro europeu, em geral, e no português, em particular. Apresenta-se este primeiro número da série Reflexões dos Cadernos do LALE como espaço de divulgação de percursos de educação em línguas em contexto escolar português, constituídos como forças mobilizadoras de uma reflexão que importa fazer sobre o papel e os modos de ensino e de aprendizagem de línguas nas sociedades actuais. Para além de uma breve apresentação do LALE, suas finalidades e projectos, existem, neste caderno, cinco trabalhos de investigadoras em Didáctica de Línguas, percorrendo diferentes níveis de ensino (do Ensino Básico ao Ensino Superior, incluindo a formação inicial de professores) e temáticas que se articulam em torno da necessidade de desenvolvermos uma competência de comunicação verbal em várias línguas. Coordenadoras Ana Isabel Andrade e Maria Helena de Araújo e Sá, docentes no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA Edição Aveiro, Universidade de Aveiro ISBN 9727891462

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Políticas e Gestão Local da Educação Elaborado por Jorge Adelino Costa, António Neto-Mendes e Alexandre Ventura, docentes do Departamento de Ciências da Educação, “Políticas e Gestão Local da Educação” tem como tema central a emergência do local como locus de tomada de decisão em educação. Aqui se encontra informação actual, pertinente e aprofundada sobre a participação das autarquias na administração da educação, as questões que a descentralização suscita em matéria de alteração dos quadros tradicionais de regulação da educação, a complexidade da relação das escolas com os contextos locais e com as famílias e os desafios contraditórios que se colocam aos professores como profissionais da educação. Quem procurar informação com um cariz mais aplicado não verá defraudadas as suas expectativas, encontrando ao longo das suas 400 páginas um conjunto de relatos de estudos sobre a reorganização da rede escolar, o processo de criação e desenvolvimento dos agrupamentos de escolas, o papel do concelho municipal de educação, a educação de adultos, a liderança nas escolas, a formação de professores, o stresse dos professores, a participação dos pais no desenvolvimento do currículo dos seus filhos, a escola e o desenvolvimento local, a gestão estratégica e as avaliações do desempenho, a intervenção precoce e outras temáticas de grande oportunidade. Trata-se de uma publicação que interessa a uma audiência vasta e diversificada, nomeadamente estudantes e professores que realizam

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Transversalidades em Didáctica das Línguas. Estudos Temáticos 2 o seu percurso académico (graduação e pós-graduação), mas igualmente a todos aqueles que ocupam cargos de direcção e gestão, seja na administração pública (escolas, autarquias) seja em instituições privadas, de solidariedade social e outras. Autores Jorge Adelino Costa, António Neto-Mendes e Alexandre Ventura, docentes no Departamento de Ciências da Educação da UA Edição Universidade de Aveiro ISBN 9727891454

O livro Transversalidades em Didáctica de Línguas, que agora se apresenta para um diálogo com os leitores, advém da vontade de divulgar e tornar acessíveis os resultados das investigações efectuadas no âmbito do 1º Mestrado em Didáctica de Línguas realizado na Universidade de Aveiro (Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa, em colaboração com o Departamento de Línguas e Culturas), em 1998-2000. O título do livro pretende evidenciar uma ideia que esteve presente na concepção do Mestrado, e que traduz a convicção relativa ao potencial de transferabilidade na aprendizagem de elementos linguísticos e culturais. Estudos como o que o Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores agora disponibiliza revestem-se da originalidade de darem voz conjunta a investigadores e a professores em contexto académico no sentido de, no âmbito da 1ª edição do Mestrado em Didáctica de Línguas da UA, produzirem uma reflexão mais rica e mais fundamentada sobre estas temáticas e sobre o seu impacto no ensino de Línguas e na formação dos professores e supervisores que nele intervêm. Com esta obra, os autores pretendem que venha a ser ela própria objecto de uma utilização crítica e reflexiva. Tal é a lógica editorial que subjaz à publicação da Colecção Estudos Temáticos, da qual se apresenta agora o segundo número. Coordenadores Maria Helena Araújo e Sá, Maria Helena Ançã e António Moreira, Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA Edição Universidade de Aveiro ISBN 9727891276

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Horizontes Sociais

Ensaios Anticlericais

Viver@matemática

O Boletim “Horizontes Sociais”, cujo primeiro número foi publicado em 2001, constitui o meio normal e regular de divulgação da informação processada pelo Observatório Permanente de Desenvolvimento Social de Aveiro, pretendendo ser um barómetro da conjuntura social da cidade e concelho. O 5º volume conta com artigos em cinco áreas: painel de família, protecção social, saúde, imigrantes e educação. Com uma periodicidade anual, esta revista destina-se, em geral, à comunidade aveirense e, em particular, aos profissionais de saúde e acção social que exercem a sua actividade junto da população socialmente mais vulnerável do concelho. Apresenta informação semi-elaborada e sem grande tratamento analítico, embora rigorosa, pretendendo-se que seja acessível a toda a população e útil para quem tem a responsabilidade de intervir no âmbito do desenvolvimento social no concelho de Aveiro. Foi concebida como um instrumento para o conhecimento das mudanças sociais, facilitador da implementação de estratégias de intervenção ajustadas a essas transformações. De facto, no âmbito do desenvolvimento social, a observação continuada das condições de vida dos indivíduos e das famílias, dos problemas que enfrentam e das medidas destinadas a combatê-los revela-se uma estratégia decisiva e fecunda, dada a extrema variabilidade dos fenómenos sociais.

“Os textos aqui reunidos tentam aproximar-se da experiência anticlerical portuguesa, sondando-a sem obsessão de nenhuma ortodoxia, com liberdade de ânimo e vontade de compreender. Utilizam instrumentos e processos habitualmente organizados pela instituição disciplinar como saber histórico, sociológico, linguístico, retórico e filosófico. Situam claramente a temática anticlerical na esfera das complexas instâncias em que se jogam as relações de poder. No pressuposto de que o anticlericalismo dá que pensar, a proposta de Ensaios Anticlericais é, simplesmente, a de contribuir para tal com um pequeno exercício de reflexão.” O autor desta obra é doutorado em Filosofia e Professor Catedrático da Universidade de Aveiro. Coordena, no Centro de Línguas e Culturas desta universidade, a linha de investigação que estuda o anticlericalismo português. É autor de Spinoza – A Utopia da Razão (Lisboa, Vega, 1993); Percursos do 0itocentismo Português (Aveiro, Universidade de Aveiro, 1998); e coordenador de O Anticlericalismo Português: História e Discurso (Aveiro, Centro de Línguas e Culturas, 2), e de Variações sobre Tema Anticlerical (Aveiro, Centro de Línguas e Culturas, 2004).

Viver@matemática é o título do novo manual escolar para o 6º ano de escolaridade, editado numa parceria entre o Projecto Matemática Ensino da Universidade de Aveiro (UA) e a editora “Folha Cultural”. Assumindo-se como inovador, este livro poderá ser adoptado pelas escolas nacionais já a partir deste ano lectivo. Aos autores docentes de vários graus do ensino básico, juntou-se a supervisão científica dos Professores da UA, Maria Paula Oliveira, João David Vieira e António Batel Anjo. De acordo com o Prof. Batel Anjo, coordenador do Projecto Matemática Ensino, este manual introduz, com exemplos motivadores, os diferentes tópicos do programa do 6º ano, levando os alunos a aprender conceitos de uma forma prática. “As várias propostas de trabalho apresentadas no manual apelam a uma compreensão pela discussão entre alunos e professores, combatendo, assim, a mecanização dos processos de resolução.” A resolução de problemas está bem patente em todo o manual, apelando a alunos e professores que discutam cada pormenor das situações propostas. Para além de integrar os conhecimentos que os alunos adquiriram nos anos anteriores, este manual tem ainda um outro atractivo – a Internet.

Autor Luís Machado Abreu, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UA Edição Roma Editora ISSN 9728490607

Autores Ana Maria Carneiro, António Carneiro, Maria José Albergaria e Ofélia Sá, com supervisão de Maria Paula Oliveira, João David Vieira e António Batel Anjo, docentes no Departamento de Matemática da UA Edição Editora Folha Cultural ISSN 9728101619

Coordenadores Liliana Sousa e Pedro Hespanha, Observatório Permanente de Desenvolvimento Social da UA Edição Universidade de Aveiro ISSN 16450906

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ao mercado de trabalho concentraram-se na ua A primeira edição do Fórum 3E – Emprego, Empresas e Empreendedorismo (5ª edição da Feira de Emprego) realizou-se em Maio, na Universidade de Aveiro. Ao todo estiveram representadas em stand, nas apresentações, workshops ou conferências, 19 empresas, o IEFP, o Programa EURES e a ANJE. Ao mesmo tempo, outras tantas empresas visitaram as actividades preparadas pelos departamentos e travaram conhecimento com as vantagens da transferência de inovação e conhecimento para o mundo empresarial. Entre recém-licenciados e alunos finalistas à procura de emprego, o Fórum recebeu cerca de três mil visitantes.

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“Foi uma iniciativa extraordinária, com uma taxa de sucesso para a empresa que nunca tinha calculado”, afirmou Marina Meneses, responsável pela delegação comercial e recursos humanos da Industrial Laborum. A ideia é partilhada pela maioria das empresas presentes no Fórum 3E que receberam em média, sem contar com as candidaturas preenchidas online, 90 currículos de alunos finalistas e recém-licenciados da Universidade de Aveiro e de outras instituições de ensino superior. Por outro lado, a maioria das apresentações levadas a cabo pelas empresas juntou os alunos cuja formação estava directamente relacionada com o ramo de actividade das empresas e os workshops tiveram lotação esgotada. De acordo com os representantes do IEFP, tanto os alunos que passaram pelo stand como aqueles que participaram no workshop que promoveram estavam manifestamente interessados. Para além do formato da anterior Feira de Emprego, o Fórum 3E incluiu ainda um programa específico para os empresários. O Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, por exemplo, promoveu sessões de divulgação para mostrar as mais-valias que a microscopia electrónica pode dar às indústrias e recebeu a visita de dezenas de empresários, enquanto o Departamento de Comunicação e Arte montou uma exposição onde mostrou, por intermédio do design, o aproveitamento que poderá ser feito de produtos e marcas portuguesas extintas ou em vias de o ser. Durante os três dias do Fórum 3E, os responsáveis pelas empresas presentes em stand, bem como os alunos e recém-licenciados que por ali passaram deram a sua opinião sobre uma iniciativa que visa proporcionar oportunidades de estágios e emprego aos estudantes finalistas da UA e promover o contacto directo entre estes candidatos e o mercado de trabalho. A opinião dos participantes Marina Meneses, responsável pela delegação comercial e recursos

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forum 3e

humanos da Industrial Laborum, uma empresa fabricante de equipamento de laboratório, com sede em Albergariaa-Velha, classifica o Fórum 3E como uma iniciativa extraordinária, com uma taxa de sucesso para empresa que nunca tinha calculado. “Sabia que a nossa presença na UA ia correr muito bem mas não tão bem quanto correu. Encontrei pessoas fabulosas que estão a apresentar as suas candidaturas, cheias de fôlego e paixão para iniciar uma carreira e fazerem parte do grupo da empresa, agora em fase de reestruturação e inovação. Acabei por, neste Fórum, conseguir recrutar dois licenciados, um para a área da qualidade, outro para desenvolver um novo projecto da empresa: a criação dos pólos de formação que vamos instalar para promovermos formação em parceria com outras entidades.”. Aos vários candidatos que passaram no Fórum 3E e que não conseguiram imediatamente emprego, Marina Meneses deixa um conselho: “Não procurem emprego mas sim uma carreira. A Industrial Laborum permite fazer essa carreira, mas procurem o que exactamente gostam e sabem fazer. Às vezes é preciso paciência para se conseguir. O desânimo não leva a lado nenhum!” Ana Pinguinha, Técnica de Recrutamento e Selecção da Siemens, diz que o Fórum 3E foi bastante bem organizado, lamentando apenas que tenha havido menor adesão dos recém-licenciados à iniciativa do que aquela com que contava. “Seja como for, os visitantes da área de engenharia electrónica – os que mais procuraram informações sobre a Siemens – ficaram a conhecer melhor a empresa, o trabalho que desenvolve e as necessidades de recursos humanos.” Sara Melo, Técnica operacional da Norgarante, uma empresa situada no Porto que presta garantias para o bom cumprimento de obrigações assumidas pelas Empresas perante terceiros, justifica a presença no Fórum 3E pela abertura em breve de uma delegação em Aveiro e consequente necessidade

de se dar a conhecer. “Vamos precisar de um licenciado na área de economia e gestão para trabalhar com um analista financeiro e no futuro assumir este cargo aqui na delegação. Neste sentido, nada melhor do que vir à UA conhecer de perto eventuais candidatos. O interesse dos finalistas pela empresa aumentou substancialmente depois da apresentação que tivemos oportunidade de fazer aqui na Universidade e posso adiantar que recebemos um conjunto de currículos que agora vamos analisar atentamente”. Cláudia Ferreira, Técnica de Recursos Humanos no Departamento de Recrutamento e Selecção da Infineon Technologies, explica a presença no Fórum 3E. “Decidimos participar para melhor divulgarmos a empresa junto dos alunos finalistas da UA e identificar potenciais candidatos nas áreas de engenharias, contabilidade, gestão e economia. São estas as nossas necessidades actuais”. O elevado número de currículos recolhidos nos três dias que estiveram na UA, leva a empresa a considerar a sua presença como positiva. A Multilabor é uma empresa nova, que faz parte do grupo Select/Vedior. Cristiana Matos, Técnica de Recrutamento da Multilabor, não hesitou em considerar a participação no evento como positiva. “A divulgação da empresa e a recolha de candidaturas na zona de Aveiro foi o motivo essencial da participação neste Fórum, pois tínhamos interesses um pouco em todas as áreas. Tivemos uma boa adesão ao stand e, portanto, o balanço da participação no Fórum 3E é positivo”. Por seu lado, Dora Silva, responsável pelo stand da Rede Eures (EURopean Employment Services), diz que a presença na UA foi uma oportunidade para prestar informações aos alunos sobre a Rede Eures. “Aproveitámos para demonstrar a grande carteira de ofertas de emprego (cerca de 240 mil em toda a Europa) que a Rede disponibiliza. Consideramos que houve

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interesse qualitativo de muitos alunos e gostaríamos de colaborar de forma mais estreita com a UA.”

A terminar a sua licenciatura em Engenharia Industrial na Universidade Católica da Figueira das Foz, Andrea Figueiredo está a realizar um estágio curricular numa empresa de Águeda. Foi a conselho do seu orientador de estágio, antigo aluno de Engenharia e Gestão Industrial da UA, que veio visitar o Fórum 3E. “Estou a contactar as empresas presentes para conhecer as que desconhecia e para saber que perspectivas de emprego têm para a minha área. É uma iniciativa muito positiva para quem quer entrar no mercado de trabalho, até porque nos permite saber exactamente o trabalho que cada potencial empregador desenvolve. Embora o mercado de trabalho esteja um pouco saturado em todas as áreas, achei que as empresas presentes no Fórum estavam receptivas a receber jovens competentes e dinâmicos.

A opinião dos visitantes Carlos Aires, 27 anos, licenciado em Engenharia Geológica, visitou o Fórum 3E com a ideia de procurar emprego e, quem sabe, encontrar uma oportunidade para mostrar o seu valor num mercado cada vez mais competitivo. “Já tenho experiência profissional e considero que eventos como este são importantes para quem procura um lugar no mercado de trabalho. É uma forma de os finalistas e recém-licenciados conhecerem melhor as empresas e ficarem a saber o perfil de colaboradores efectivamente necessários. Ainda bem que actualmente há mais iniciativas deste género.”

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Tiago Rodrigues, 23 anos, aluno do 5º ano de Engenharia e Gestão Industrial da UA, acabou recentemente um estágio curricular e está já a começar a dar tudo por tudo para entrar no mercado de trabalho. “Considero esta iniciativa excelente para os alunos que estão a terminar o curso ou já se formaram. É uma enorme ajuda para nos lançarmos no mercado de trabalho e o fazermos de uma forma mais positiva, pois são as próprias empresas que estão disponíveis para nos procurar, o que nos facilita em muito a vida. Infelizmente, acabei por visitar o Fórum um pouco à pressa. Lamento que as empresas presentes não abranjam todas as áreas de formação da Universidade mas reconheço que a presença das que não têm de facto necessidades de recrutamento só levantariam falsas expectativas.”

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emoção, orgulho e alegria marcaram cerimónia de entrega de diplomas O Dia da Universidade foi assinalado a 28 de Maio, com a entrega de 1360 diplomas e 22 bolsas de mérito. A cerimónia contou com as intervenções da Reitora e da Presidente da Associação Académica, e ainda com a animação da Magna Tuna Cartola. As comemorações de um dos mais importantes dias da vida académica terminaram à noite com o Concerto UniVersus.

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Pouco passava das 09h00 da manhã e já o movimento junto ao local onde se iria realizar a cerimónia de entrega de diplomas fazia antever que a enorme tenda montada na alameda universitária especialmente para o efeito era perfeita para acolher diplomados, familiares, amigos, comunidade académica e convidados. A sessão de entrega de diplomas começou pouco depois das 10h30, com a intervenção da Reitora, Prof. Helena Nazaré, a dirigir-se aos novos diplomados para lhes dizer que são eles os melhores embaixadores da Universidade de Aveiro e que poderão contar sempre com a instituição para ultrapassar os desafios e continuar a aprender ao longo da vida. “Nunca é demais enfatizar a nossa preocupação com a qualidade do percurso formativo do aluno, proporcionando-lhe competências transversais e transdisciplinaridade em adição ao conhecimento especializado”, afirmou, adiantando que só desta forma será possível promover a empregabilidade e a mobilidade consentâneas com o Espaço Europeu do Ensino Europeu, inerente ao Processo de Bolonha. No seu discurso, a Reitora referiu-se também à necessidade de qualificação da população activa e consequente criação de um “sistema de vasos comunicantes entre os vários tipos de formação: politécnica, universitária e outros programas de formação pós-secundária” e, como habitualmente, prestou contas do caminho percorrido durante o ano lectivo 2004/2005 que chegava ao fim. Neste sentido, lembrou a contínua dinâmica e qualidade da investigação que coloca a UA em primeiro lugar no ranking nacional, tendo levado a Universidade a apostar no recrutamento de investigadores de elevado mérito em áreas estratégicas; o início da reorganização da oferta formativa associada ao Processo de Bolonha, que motivou a criação de um grupo de trabalho cuja missão passa pelo aconselhamento para a correcta implementação deste Processo na

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ua comemorou dia da universidade

UA; e deu a conhecer as várias medidas tomadas com vista à constante promoção do sucesso escolar, atracção de alunos de qualidade e inserção profissional dos diplomados. Por fim, a Reitora fez saber que a UA atribuiu, este ano, especial relevo a uma das suas missões: a cooperação com a sociedade, salientando a importância das parcerias com outras entidades e os esforços desenvolvidos no alargamento do leque de oferta de formação no norte do distrito. “Está previsto para Setembro o início do primeiro curso da Escola Superior Aveiro Norte em Oliveira de Azeméis, o Bacharelato em Tecnologia de Produção e Design do Produto. Nesta nova Escola e à semelhança do que acontece na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, implementaremos um novo modelo de aprendizagem baseado em projectos”, adiantou. Quem também felicitou os novos diplomados pela Universidade de Aveiro foi a Presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro. “A entrega de diplomas significa, em concordância, a acreditação de qualidade, a recompensa do esforço dispendido e, sobretudo, o passe para uma nova etapa”.

tura, bacharelato e complemento de formação, o almoço oferecido aos novos graduados foi pretexto para rever histórias antigas e combinar novos encontros. O dia ficou completo com a actuação de Mário Lúcio (um dos mais prestigiados músicos de Cabo Verde) que, em palco com Luís Represas, Tamango, Mano Preto e um grupo de batucadeiras estrearam mundialmente o concerto Uni/Versus. Emoções ao rubro Jacinta Oliveira não cabia em si de contente. Foi uma das 22 alunas premiadas com uma bolsa de mérito por ter sido a melhor aluna da licenciatura em Biologia. Já Pedro Fonseca, de Português Inglês, Nuno Gomes, de Engenharia Electrónica e Telecomunicações, Rita Bastião, de Economia, e Pedro Nunes, de Engenharia do Ambiente estavam de regresso à UA para receberem os seus diplomas de licenciatura, rever colegas e lembrar os bons momentos da vida estudantil. Orgulho e felicidade por receber Bolsa de Mérito Jacinta Oliveira, 22 anos, acabou de se licenciar em Biologia. Para o ano recebe o diploma mas na cerimónia deste ano foi uma das 22 estudantes premiadas com bolsas de mérito por ter sido a melhor aluna de Biologia. Teve média de 16, no 4º ano da sua licenciatura. “Sinto-me muito orgulhosa e extremamente feliz

Na sua intervenção, Rosa Nogueira lembrou que à dedicação intrínseca dos estudantes, os esforços da frequência de um curso no ensino superior são cada vez mais complexos, excessivos e desproporcionados. “Face à desresponsabilização do Estado, os estudantes são confrontados com a desmesurada desobrigação da tutela e a sobrecarga do seu esforço e das suas famílias” alertou, acrescentando: “Os esforços e a qualidade, ao invés de serem premiados pelos órgãos do Governo, têm-se traduzido na penalização e na redução do financiamento”.

pelo meu esforço, pelo esforço que os meus pais fizeram para me manter a estudar, e reconhecida pelos meus amigos que muito me ajudaram ao longo do curso. Posso mesmo dizer que para além do meu esforço pessoal, tanto a minha família como os meus amigos e os óptimos profissionais da UA, designadamente o meu orientador de estágio, foram decisivos em tudo o que consegui até hoje”. Foram as excelentes referências a nível nacional que a Universidade tinha que a levou a optar por estudar em Aveiro. “Sempre ouvi dizer que a UA e o curso de Biologia aqui ministrado era um dos melhores do país, por isso não hesitei e posso afirmar que estou muito satisfeita com a Universidade e com o curso”. Jacinta realizou um estágio de

Terminados os discursos e entregues as 22 bolsas de mérito, os 12 diplomas de agregação, 53 de doutoramento, 149 de mestrado, e 1146 de licencia-

investigação no Departamento de Biologia e admite o regresso à investigação para realização de Doutoramento. “Quero vir a desenvolver investigação com aplicação na sociedade”.

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Não tenho dúvidas em aconselhar a UA aos

Reputação da UA facilita a nossa integração

meus amigos

no mercado de trabalho

Pedro Fonseca, 26 anos, veio da Covilhã para

Rita Bastião, 22 anos, licenciou-se em Economia.

Aveiro onde se licenciou em Português Inglês. Ao

Está a terminar um estágio profissional numa das

contrário da maioria dos seus colegas, não está

empresas do grupo Salvador Caetano, e já foi

totalmente inactivo. Começou a dar formação num

convidada a integrar a holding do grupo. A escolha

Centro de Formação da Covilhã e promete não

por Economia na UA foi simples: proximidade de

desistir de se candidatar para leccionar numa

casa (é de Aveiro), o facto de ser um curso novo e

qualquer escola do país.

de ter boas referências.

Sem colocar de lado a hipótese de vir a tirar uma

“Um reconhecimento por todo o esforço que

pós-graduação, reconhece que o dia de entrega de

fizemos”. É assim que Rita encara a entrega do seu

diplomas marcou já o fim de uma etapa de vida

diploma de licenciatura. “Já tenho imensas

muito importante. “Pelo conhecimento que tenho

saudades da Universidade. Julgo que acontece o

de outras universidades, considero a UA uma

mesmo a todos. Quando andamos a estudar

universidade bastante dinâmica, desenvolvida e

temos pressa em terminar o curso mas quando

integrada num contexto regional muito acolhedor e

começamos a trabalhar, só sentimos saudades de

com grandes perspectivas de desenvolvimento.

tudo o que fazíamos quando estudávamos”. Talvez

Por isso não tenho dúvidas em aconselhar os meus

por isso não hesita em afirmar que está nos seus

amigos a vir estudar para a Universidade de Aveiro”.

horizontes vir a fazer doutoramento na área de finanças ou economia da empresa. Para Rita, “a

Engenheiros Electrónicos da UA são bem

UA é uma universidade excelente em todos os

vistos no mercado de trabalho

aspectos e a sua reputação facilita-nos o acesso

Nuno Gomes, 24 anos, é de Espinho e licenciou-se

ao mercado de trabalho.”.

em Engenharia Electrónica e Telecomunicações. A

Cerimónia de entrega de medalhas aos funcionários da UA Na véspera do Dia da Universidade, a Reitora da Universidade de Aveiro, Prof. Maria Helena Nazaré, foi umas das 74 medalhadas, na tradicional cerimónia de entrega de medalhas aos funcionários que completaram 10, 20, 25 e 30 anos de serviço na instituição. Na ocasião foi também entregue o Prémio Rui Galiano, ao funcionário Fernando Coutinho Machado, da Divisão dos Recursos Humanos. Antes de receber a medalha dos seus 30 anos de serviço na UA, a Prof. Helena Nazaré usou da palavra para, como Reitora, realçar quão é necessário o esforço dos 1141 funcionários docentes e não docentes da Universidade de Aveiro para ultrapassar os desafios inerentes ao alargamento da missão da Universidade e abertura a novos públicos.

proximidade do seu local de residência aliado a

A UA é a melhor universidade do país

tudo de positivo que ouvia sobre a Universidade de

Pedro Nunes, 29 anos, licenciou-se em Engenharia

Aveiro levou-o a não hesitar quando chegou à

do Ambiente. Abrunhosa, como é conhecido na

altura de se candidatar ao ensino superior.

Tuna Universitária de Aveiro, está a trabalhar como

A desenvolver software de telecomunicações numa

Director Comercial numa empresa de Cacia.

empresa em Lisboa, diz que bastou candidatar-se

A UA não foi a sua primeira escolha, mas passado

para quatro meses depois de ter concluído o curso

uma semana de aqui ter chegado já estava

ser chamado a integrar a empresa onde agora

totalmente integrado. “Foi uma grande surpresa.

trabalha. “É mais ou menos o tempo de espera que

Quando vim de Lisboa para Aveiro não conhecia

um licenciado em Engenharia Electrónica e

ninguém mas aqui encontrei amigos para toda a

Telecomunicações pela Universidade de Aveiro

vida. Além disso, a UA tem excelentes condições.

demora a entrar no mercado de trabalho. São

Com a Tuna Universitária de Aveiro tive

licenciados bem vistos pelo mercado”.

oportunidade de conhecer muitas universidades e

Com um misto de alegria e nostalgia, diz que o

posso garantir que a nossa está muito acima de

Discursos na íntegra da Reitora no Dia da

regresso à UA para receber o diploma o faz

qualquer outra universidade do país. Creio que o

Universidade disponível em: http://www.adm.ua.pt/

recordar bons momentos. “Da UA guardo a

mesmo se passa relativamente ao curso. A formação

sre/textos/pdf/diplomas28_05_2005.pdf e da

camaradagem, o bom ambiente, a qualidade do

que os engenheiros do ambiente adquirem na UA é

Presidente da AAUAv em: http://www.adm.ua.pt/

curso de electrónica… Considero a UA uma das

mais abrangente e versátil, permitindo-nos trabalhar

sre/textos/pdf/discurso_pres_aaua.pdf

melhores universidades do país”.

na área das águas, resíduos, ar, economia,

Discurso na íntegra da Reitora no Dia de Entrega

matemáticas. Julgo mesmo que nos prepara para

de Medalhas disponível em http://www.adm.ua.pt/

trabalhar em qualquer ramo. É, aliás, o meu caso já

sre/textos/pdf/medalhas_2005.pdf

Durante o seu discurso, a Reitora anunciou também que foram já despachados os processos de reclassificação pendentes e abertos alguns concursos para promoção na carreira, mas adiantou: “A Universidade de Aveiro não é imune às dificuldades que se vivem actualmente no nosso país. Assim, não se prevê para breve o alargamento do quadro, que já se encontra preenchido quase totalmente”.

que não estou a exercer engenharia do ambiente pura, mas na empresa trabalho com a área de produção, produtividade, questões ambientais…” Pedro Nunes confessa que é a música que mais o realiza. “Descobri-o aqui na Universidade. Foi aqui que aprendi a tocar e a cantar” Para além de continuar na Tuna, integra a banda “Rapinas do Bairro” que tem vindo a actuar em bares da cidade de Aveiro.

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aauav comemorou 27º aniversário

aauav comemora 27º aniversário e cria gabinete de apoio à direcção Até ao final do ano, a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) vai criar um

A direcção da AAUAv prepara para este ano, ainda, um conjunto de alterações ao seu modelo de funcionamento, concebido depois de conhecido um relatório elaborado pela empresa que realizou uma auditoria à Associação.

Gabinete de Apoio à Direcção, que irá funcionar com dois profissionais remunerados. Esta é uma das novidades reveladas por Rosa Nogueira, a presidente daquele organismo, nas celebrações de mais um aniversário da AAUAv.

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Vai ser criado o Gabinete de Apoio à Direcção, que será constituído por dois funcionários profissionais, cuja remuneração deverá ser assegurada em parceria com a Reitoria da Universidade de Aveiro. A nova estrutura encarregar-se-á do trabalho de contabilidade da AAUAv, que actualmente é realizado pelos próprios alunos que compõem os órgãos sociais da Associação Académica. Como explicou Rosa Nogueira, durante a cerimónia, “no início do próximo ano lectivo, haverá condições de, internamente, assegurar um trabalho administrativo e financeiro contínuo e rigoroso que traduzirá uma imagem credível e fiável da direcção e dos núcleos da AAUAv junto de todas as instituições que se relacionam directa ou indirectamente com esta instituição”. Uma mudança que advém do relatório feito pela empresa que realizou a auditoria, o qual recomenda à instituição

que proceda a uma “redefinição dos seus procedimentos administrativos e financeiros”. Rever o regulamento da AAUAv e assegurar formação aos dirigentes dos núcleos associativos são outras propostas que a direcção chefiada por Rosa Nogueira quer pôr em prática ainda durante o actual mandato. A AAUAv assinalou também o seu aniversário com a celebração de protocolos de cooperação com a Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro, Associação de Estudantes do ISCAA e Associação de Estudantes de Gestão e Engenharia Industrial. Foram ainda entregues prémios aos melhores núcleos e dirigentes, nomeadamente Bionúcleo (Melhor Núcleo Cultural), Basquetebol (Melhor Núcleo Desportivo), Ambiente (Melhor Núcleo de Curso), Tiago Castro (Melhor Dirigente Cultural), Ricardo Carvalho (Melhor Dirigente Desportivo), Bruno Marques (Melhor Dirigente de Curso), “Salta” (Melhor Actividade, GRETUA) e Abel de Carvalho Coutinho (Prémio Dedicação). Fernando Mostardinha, António Maio e o Padre Alexandre, do Centro Universitário Fé e Cultura receberam menções honrosas.

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em junho, na ua

presidente da república promoveu debate sobre parcerias para a inovação No âmbito da iniciativa presidencial sobre Inovação e Competitividade que levou, em finais de Junho, o Presidente da República a visitar unidades empresariais e instituições ligadas à inovação tecnológica nas regiões Norte e Centro do país, a Universidade de Aveiro foi a instituição escolhida para acolher o debate sobre “Parcerias para a inovação” e encerrar um programa de três dias.

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presidente da república na ua

“é já hoje em Portugal uma realidade incontornável, a que, entretanto, importa dar o necessário apoio e relevo, tendo em vista a efectiva disseminação dos resultados alcançados no conjunto da economia e sociedade portuguesas”. O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, terminou a sua intervenção alertando para o facto de que continuará a assumir como uma das suas prioridades “conhecer e dar a conhecer empresas e centros de promoção da inovação”, já que as encara como um estímulo para o desenvolvimento do país.

O debate reuniu na UA um conjunto alargado de empresários, gestores, técnicos e universitários com intervenção prática na área da inovação, procurou sistematizar questões e propor vias de resolução satisfatória da equação “Inovação/Competitividade”.

mobilização criteriosa e inteligente de recursos, competências e sentido de risco, de criar riqueza, produzir com qualidade e participar activamente num processo de desenvolvimento tecnológico que é cada vez mais globalizado.

Moderado pela Reitora, Prof. Maria Helena Nazaré, o debate contou com as intervenções do Vice-Reitor, Prof. Francisco Vaz, do Dr. Carlos da Silva Costa, membro do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos e Vice-Presidente do High Level Group Manufuture, e do Professor Mário Rui Silva, docente da Faculdade de Economia do Porto e investigador do CEDRES.

Na sua reflexão final, o Presidente da República deu a conhecer as conclusões que tirou durante os três dias em que visitou a região e começou por salientar o facto de estar particularmente contente por ter encontrado tantos licenciados pela Universidade de Aveiro nas fábricas que visitou, considerando este facto “um contributo muito importante para o futuro das indústrias”.

No momento em que são conhecidas as dificuldades que a economia portuguesa tem de enfrentar num quadro internacional fortemente competitivo e muito exigente em termos de modernização tecnológica, esta iniciativa presidencial teve por objectivo chamar a atenção dos portugueses para alguns exemplos reveladores da capacidade colectiva nacional, através de uma

Na UA, o Presidente disse que “no tecido empresarial português, há exemplos de iniciativas empresariais reveladoras de uma elevada capacidade de afirmação dos nossos empreendedores no mercado internacional (…)”, salientando, entre outros aspectos, “a participação das unidades de investigação e desenvolvimento e dos centros de ensino de excelência no processo de inovação empresarial e no aperfeiçoamento da qualidade dos serviços públicos” que, sublinha,

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Por seu turno, chamado a intervir no debate “Parcerias para a Inovação”, o Vice-Reitor da UA para a Investigação, Inovação e Assuntos Científicos, Prof. Francisco Vaz, deu a conhecer ao Presidente da República, bem como a todos os empresários e restantes entidades presentes no auditório da Reitoria, as diversas acções de cooperação que a UA tem estabelecido com o exterior e deu alguns exemplos de parcerias de sucesso, na área das Telecomunicações, Industria Cerâmica, ensino. Ao concluir, o Prof. Francisco Vaz admitiu: “Embora tenhamos alguma experiência positiva na formação de parcerias com as empresas, não me posso considerar satisfeito. Muito mais pode e deve ser feito. A formação de uma parceria entre a Universidade de Aveiro, as autarquias e empresas da região poderá permitir o lançamento de iniciativas que levem a uma afirmação da cidade e região a nível internacional, criando condições para atrair empresas nacionais e estrangeiras que possam criar emprego qualificado com as consequentes vantagens no desenvolvimento.”

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setembro setembro ‘05 ‘05

sessão de encerramento dos cursos da

escola superior de saúde finalistas proclamaram “compromisso” Os primeiros finalistas da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) proclamaram o seu Compromisso como profissionais de saúde, numa cerimónia que decorreu a 23 de Junho, no auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro, e marcou o arranque de mais uma comemoração de grande significado para toda a Universidade.

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Reitora, Director da ESSUA, representante dos docentes da Escola e os cinco alunos representantes dos cinco cursos que já lançaram os primeiros graduados para o mercado de trabalho ressaltaram o valor de uma cerimónia que assinalou o percurso dos primeiros graduados por uma escola que, apesar de nova, tem vindo a granjear prestígio. Na verdade, a mais-valia da formação na ESSUA tem sido traduzida pela imagem que os seus estudantes têm deixado nos centros de estágio onde efectuaram a sua prática profissional, bem como pela elevada aceitação que estão a ter no mercado profissional de saúde, onde a maioria tem já trabalho assegurado. Na abertura da sessão, a Reitora, Prof. Maria Helena Nazaré, lembrou que a concretização do programa das Ciências da Saúde se iniciou com a criação, em 2001, da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, onde é ministrada formação em Enfermagem, Fisioterapia, Gerontologia, Radiologia, Radioterapia e Terapia da Fala. “A construção deste projecto tem sido das coisas mais complexas e aliciantes a que temos consagrado esforços na UA. A Escola é uma realidade, evidencia grande dinamismo aliada a enorme exigência pela qualidade da formação. É um orgulho para a UA contar com ela”.

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finalistas proclamam compromisso

A Reitora dirigiu-se também aos estudantes para lhes dizer que possuem competências científicas e técnicas que constituem a melhor referência da e à Universidade. “A vossa capacidade como cidadãos, só o vosso percurso e vida o poderá atestar. Creio que levais convosco os instrumentos necessários para prosseguir com êxito. Esperamos que voltem sempre a esta Escola para reforço do vosso caminho de aprendizagem ao longo da vida, demandados pelo ritmo e exigências da actual sociedade. O compromisso que irão de seguida assumir é um momento de expressão pública de uma atitude que, estou certa, já interiorizaram e que estará presente ao longo de todo o vosso percurso profissional. Contem sempre com esta vossa Universidade”. Como Director da ESSUA, o Prof. Nelson Rocha salientou a qualidade dos alunos da Escola, cuja prova assenta na facilidade com que grande número de alunos conseguiu emprego logo que terminou o curso. No entanto, não deixou de alertar para a necessidade da ESSUA manter o elevado grau de exigência e qualidade para, face à concorrência, garantir a empregabilidade de todos os profissionais de saúde que nela se formam. Em representação do corpo docente

da Escola, o Dr. Rui Costa agradeceu à UA ter iniciado a formação na área da saúde. “O trabalho de equipa que a Escola tem desenvolvido resultou num modelo de formação que deu os seus frutos e hoje temos o primeiro conjunto de profissionais qualificados, que levam a imagem da Escola para o exterior. Neste momento podemos dizer que muitos dos nossos alunos terminaram o curso no dia 17 de Junho e no dia 20 já estavam a trabalhar. Este pode ser um bom indicador da qualidade dos nossos cursos”. Pedro Sardo, representante dos alunos de Enfermagem, Andreia Rocha, em nome dos alunos de Fisioterapia, Bruno Figueiredo, em representação dos alunos de Radiologia, Marta Domingues, representante dos estudantes de Terapia da Fala e Vera Vieira, em representação dos estudantes de Radioterapia lembraram, para além da formação técnica, a importância dos valores humanos que aprenderam nos seus respectivos cursos e não esqueceram a responsabilidade de serem agora, para o exterior, a cara da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Todos foram unânimes em afirmar que os anos que passaram na UA se traduziram em crescimento pessoal, intelectual e social. Agora a sua missão passa por capitalizar todo o potencial que adquiriram e servir, como excelentes profissionais de saúde, todos os cidadãos sem excepção. No ano lectivo de 2004/2005, terminam a sua licenciatura 122 estudantes, dos quais 38 alunos do curso de Enfermagem, 31 de Fisioterapia, 31 de Radiologia e 22 de Radioterapia. Ao nível dos bacharelatos, finalizaram o seu curso 61 estudantes, sendo 21 de Fisioterapia, 21 de Radiologia, dois de Radioterapia e 17 de Terapia da Fala. A Escola Superior de Saúde lecciona o Curso de Licenciatura em Enfermagem, os Cursos de Licenciaturas Bi-etápicas em Fisioterapia, Radiologia, Radioterapia, Terapia da Fala e Gerontologia e o Curso de Complemento de Formação em Enfermagem.

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fábrica reabre com novidades mariano gago marcou presença nas comemorações do primeiro aniversário da fábrica – centro ciência viva O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Mariano Gago, esteve a 1 de Julho na Fábrica de Ciência Viva para participar nas comemorações do primeiro aniversário deste Centro de Ciência Viva. Depois de em Julho e Agosto ter estado encerrada para a realização de pequenas obras de reparação, a Fábrica já está preparada para oferecer ao público mais actividades, novas exposições e algumas novidades.

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fábrica reabriu com novidades

que são os centros de Ciência Viva no país. A impressão com que se fica quando se está neste espaço é fortíssima, por isso peço que este espaço nunca se banalize”.

Aproximar tanto o meio académico como a ciência da sociedade em geral é um dos grandes objectivos da Fábrica – um Centro de Ciência Viva que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal, Fundação João Jacinto de Magalhães e Universidade de Aveiro. Por isso, e depois do sucesso alcançado no primeiro ano com o conjunto de actividades que preencheram as salas da antiga fábrica de moagens de Aveiro, melhorar todos os dias é um lema sempre presente na Fábrica. No seu primeiro ano de funcionamento, a Fábrica de Ciência Viva foi visitada por mais de 30 mil pessoas. O Prof. Paulo Trincão, docente da UA e director deste Centro de Ciência Viva, não tem dúvidas de que as expectativas de todos foram superadas. “Foi um ano muito rico, que nos fez aprender imenso e que nos permite estar ainda mais preparados para fazer parte da rede de Centros de

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Ciência Viva e, sobretudo, para termos a aspiração de ajudar a que essa rede seja cada vez mais rica, inovadora e diferente. O público e os nossos parceiros ajudaram-nos a acreditar que este projecto era possível. Hoje sentimo-nos com mais força para encarar o próximo ano, com novidades e outras formas de comunicar ciência. Estamos a fazer parcerias com outros centros, com as Universidades do Porto e Lisboa, o que prova que o que fazemos tem um interesse mais amplo do que a nossa própria pretensão tinha de início”.

Acompanhado pelo Prof. Paulo Trincão, pela Directora da Agência Ciência Viva, Dra. Rosália Vargas, pela Reitora da Universidade, Prof. Helena Nazaré, e pelos Governador Civil e Presidente da Câmara, o Ministro percorreu todas as actividades e exposições que a Fábrica oferece ao público com o objectivo de aproximar a Ciência da Sociedade. Um excerto da divertida peça de teatro “Reunião de Professores que Interpretam Planetas” antecedeu um momento mais sério: o pedido à Reitora da UA para que faça a UA e os responsáveis pelas restantes universidades e institutos públicos, perceber que devem apostar na cultura científica. “Na esmagadora maioria dos casos, a cultura científica não está no centro das preocupações das universidades. É preciso que a organização universitária queira a cultura científica, seja generosa para ela, tenha consciência que é trabalho universitário e que os recursos das universidades são também para a cultura científica”, advertiu o Ministro.

Quem fez questão de se associar às comemorações do primeiro aniversário da Fábrica de Ciência Viva, foi o Ministro Mariano Gago que visitou pela primeira vez a Fábrica e conheceu de perto um projecto que não hesitou em classificar de extremamente interessante. “Fiquei muito impressionado com o projecto, que envolve uma recuperação, com sentido de humor e simplicidade, de um edifício fabril e que constitui uma contribuição muito interessante à lista de edifícios

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