Revista Linhas 11

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ua em mudança Maria Helena Nazaré

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maiores de 23 públicos adultos não-tradicionais na ua Lucília Santos

labs.sapo.ua o regresso do sapo à ua Benjamin Junior, Carlos Santos, Celso Martinho, Fernando Ramos

amigos d’avenida envolvimento dos cidadãos na reflexão sobre o futuro da cidade José Carlos Mota

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percursos antigos alunos antigos alunos da ua falam das suas carreiras bem sucedidas

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prémios docentes, investigadores e alunos da ua continuam a dar que falar

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estudo do CIPES aponta ua como uma das instituições do país que mais satisfaz os seus alunos

parceria com o CERN ua colabora com duas investigações na área da detecção da radiação e imagiologia médica

projecto daidalos antecipa futuro das tecnologias móveis

centro de estudos de jazz pioneiro na investigação em jazz em portugal

entrevista com… comissão de gestão da Fábrica – centro ciência viva de aveiro

departamentos em revista… departamento de ambiente e ordenamento

publicações da comunidade académica

aconteceu na ua… alguns momentos que marcaram a vida académica da ua


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ua maio ‘09

em mudança

Maria Helena Nazaré Reitora da UA

2009 é um ano de mudança para a Universidade de Aveiro. Em Abril foi publicado o Decreto-Lei que institui a UA como fundação pública com regime de direito privado, alterando, desta forma, o seu enquadramento jurídico. Em Maio foram publicados os estatutos da UA, que consagram a nova estrutura de governação e de organização. Estes dois momentos são apenas a face mais visível de um profundo processo de discussão interna, despoletado há cerca de um ano e meio na sequência da publicação do RJIES Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (Lei n.º 67/2007, de 10 de Setembro). O RJIES impunha, desde logo, uma mudança na estrutura e tipologia dos órgãos de governo das instituições de ensino superior, seguindo algumas das tendências internacionais em matéria de organização das instituições de Ensino Superior: crescente abertura à sociedade através do envolvimento de elementos externos às instituições nos órgãos de direcção estratégica, como forma de obter ganhos em termos da adequação das respostas das instituições às

necessidades de curto e médio; reforço dos cargos uninominais de direcção, aumentando desta forma a responsabilização individual dos dirigentes; aumento da transparência e da prestação de contas às diversas partes e financiadores é um terceiro vector. Estas respostas decorrem dos fenómenos de globalização, da aposta no conhecimento e na inovação como bases da competitividade e do desenvolvimento social no conhecimento e da massificação dos sistemas de ensino superior, entre outras factores, que pressionam governos e instituições de ensino a promover mudanças significativas. A designada agenda de modernização das universidades, delineada pela Comissão Europeia, é disto um exemplo. A Universidade de Aveiro entendeu aproveitar este contexto para criar as condições, internas e de relacionamento com o exterior, necessárias ao melhor cumprimento da sua missão, de modo a responder mais


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eficazmente aos desafios nacionais e internacionais, numa óptica de médio prazo. Fá-lo preservando a sua identidade e características específicas, que a tornam uma instituição singular no panorama nacional: uma universidade em rede, integrando valências universitárias e politécnicas; um modelo matricial que fomenta a interdisciplinaridade; investigação de reconhecida qualidade; forte articulação entre ensino e investigação; clara aposta na cooperação com a sociedade, nas suas múltiplas vertentes; particular atenção à cooperação com os países de língua oficial portuguesa. Assim, mais do que uma simples conformação dos órgãos aos requisitos legais, a UA fez, como sempre tem feito, escolhas próprias, instrumentais para a melhor prossecução do seu projecto de serviço público. Ao longo dos próximos anos a UA pretende continuar a sua afirmação como centro de excelência, nacional e internacionalmente reconhecido, consolidar a sua actuação nos diferentes domínios e reforçar as parcerias com instituições terceiras. Neste sentido, decidiu a UA, a par com mais duas instituições – a U. Porto e o ISCTE – requerer a passagem ao regime fundacional. Fê-lo, pesando vantagens e inconvenientes, e encarando este passo como instrumental para o projecto de serviço público da UA. Tal decisão permite uma maior clarificação da relação com o Estado, através da definição de um contrato-programa plurianual, com objectivos a atingir pela instituição e com a especificação de recursos, próprios e do Estado, a afectar para o cumprimento destes objectivos. Permite também uma maior flexibilidade em termos de gestão, de que é exemplo a possibilidade de criação de carreiras próprias.

O modelo de governo e organização traduzido nos novos estatutos, reflecte a evolução que a UA tem vindo a fazer, quer corporizando formas que já vinham a ser testadas, quer procurando responder às necessidades presentes, desafios e oportunidades. O Conselho Geral, órgão de topo do modelo de governo, terá, por opção da UA, uma reduzida dimensão mas contará com a participação de docentes e investigadores, não docentes, alunos e membros externos. Deste modo permitirá integrar contributos de todas as faces da comunidade universitária, e da sua envolvência externa. A estreita colaboração com membros externos para o apoio à definição das estratégias da UA, vinha já a ser praticada, ainda que sob forma diferente – a de um Conselho Consultivo, o que constituiu uma valiosa experiência para o passo agora dado. Os estatutos consagram a criação de uma escola doutoral, elemento fundamental para potenciar a qualidade da formação avançada, domínio em que o País continua a necessitar de apostar fortemente. Esta escola permitirá criar condições para um importante salto qualitativo e quantitativo neste domínio, através de uma abordagem integrada e da promoção da qualidade, o que permitirá atrair mais e melhores estudantes nacionais e estrangeiros, e conferir, em simultâneo, maior visibilidade ao papel desempenhado pela UA neste particular. A cooperação com a sociedade, nos seus múltiplos níveis, é uma área que a UA sempre considerou prioritária que, em tempos recentes, tem sofrido ainda uma atenção acrescida. A UA, com recurso a fundos próprios e aos programas de financiamento existentes, encontra-se a participar em múltiplas parcerias com empresas, casos dos Pólos de Competitividade

ua em mudança

e clusters criados no âmbito do QREN, e com os municípios da região, designadamente no âmbito de parcerias para a regeneração urbana. São apenas dois exemplos entre muitos outros. A criação de um Parque de Ciência e Tecnologia, nas imediações do Campus da UA, projecto em desenvolvimento, terá um efeito estruturante nas relações com as empresas. A criação de um Conselho para a Cooperação, no novo modelo de organização, permitirá o reforço da abordagem estratégica desta importante valência e marca da UA. Não queria deixar de salientar a atenção conferida pela UA aos valores e atitudes de todos que nela trabalham e estudam. Neste âmbito, a Assembleia Estatutária, órgão responsável pela elaboração dos novos estatutos, decidiu criar um Conselho de Ética e Deontologia, com competências para definir códigos de conduta e promover, de forma activa e em permanência, a salvaguarda de adequados princípios de actuação dos membros desta comunidade. Todas estas mudanças em curso exigem, naturalmente, adaptação, aprendizagem, e um processo de transição. Ao longo dos próximos decorrerão os processos eleitorais para os diferentes órgãos, concretizando assim a mudança formal de estrutura da UA. É fundamental que a UA se continue a afirmar como uma fonte de reflexão independente e consciência crítica da sociedade, garantindo que o seu contributo não se confina ao imediato, mas permite expandir continuamente a base de conhecimento, projectar futuros e estimular o debate na sociedade, bases necessárias para o desenvolvimento de uma verdadeira sociedade do conhecimento. É minha convicção que a UA continuará a saber escolher o seu próprio caminho, através do contributo de todos, docentes, investigadores, trabalhadores não-docentes e alunos!


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maiores de 23 públicos adultos não-tradicionais na ua Lucília Santos Presidente da Comissão de Gestão do CIFOP

A Aprendizagem ao Longo da Vida é uma das áreas de intervenção da Universidade de Aveiro, potenciada com a diversidade de vias de acesso ao Ensino Superior (ES) e pelos novos regimes de frequência de aulas por exemplo, que concretizam o aumento de novas oportunidades de formação continuada. A presença na Universidade de Estudantes Adultos Não-Tradicionais, EANT, será uma realidade cada vez mais presente e que envolve uma evolução em diversas vertentes, nomeadamente na formação docente e nas práticas administrativas. Uma dessas oportunidades surgiu da alteração da via Ad-hoc de acesso ao Ensino Superior, reformulada e actualizada em 2006, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, dando origem ao actual Processo de Acesso ao Ensino Superior para Públicos Maiores de 23 Anos, por nós designado de M23.

Caracterização dos M23 Efectuando uma caracterização sócio-demográfica dos M23 que se candidataram à Universidade de Aveiro desde 2006/2007, verifica-se que a maioria dos candidatos tem menos de 29 anos, havendo um acréscimo significativo nesta faixa etária, relativamente às restantes, na actual candidatura – 19,5% – , só ultrapassada pela das idades superiores a 59 anos, que aumentaram mais 400%. Idades dos candidatos


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No que diz respeito às habilitações literárias, verificou-se este ano um decréscimo na categoria de “Outros”, mantendo-se a ênfase no Ensino Secundário incompleto ou sem provas específicas efectuadas. Estas categorias indicam que o candidato frequentou uma delas, mas não necessariamente que as tenha concluído. Esse é um dos factores a ter em conta pelo júri na apreciação e valorização do Curriculum Vitae, com um peso de 20% na classificação final, e na entrevista, através da motivação, com um peso de 20%. Os restantes 60% são obtidos em provas de conhecimento. Habilitações literárias dos candidatos

A maioria dos candidatos são do género masculino, havendo tendência para que a diferença diminua, tal como a relação entre a profissão que desempenham e o curso escolhido, que tendem a convergir. Numa perspectiva global, verifica-se que, após a 1ª edição, em que o número de candidatos já foi superior ao registado na modalidade Ad-hoc, houve um boom no número de candidaturas (277%) que se traduziu num acréscimo de 219% no número de admitidos e um aumento de 172% no número de inscrições concretizadas. Na 3ª edição continuou a registar-se ainda um aumento substancial nestes valores, e, na edição de 2009, a decorrer, estabilizou.

públicos adultos não-tradicionais na ua

O Balcão Único dos M23 Estes valores foram recolhidos e processados no Balcão Único para os M23, em que a Universidade de Aveiro é pioneira, e que funciona no CIFOP, em articulação directa com os Serviços Académicos e Administrativos, os Departamentos e as Escolas Politécnicas da UA. É assim operacionalizada a coordenação administrativa, logística e pedagógica, permitindo aos candidatos, que com frequência manifestam iliteracia funcional, um atendimento personalizado e o apoio para preenchimento dos formulários on-line. Também para os docentes se torna mais interessante a existência de um ponto central de contacto e de acesso a toda a informação do processo.

Evolução estatística

Candidatos / género

O número limitado de vagas condiciona o número de inscrições, e as entrevistas, em conjunto com as provas de conhecimento, colocam um filtro entre o número de candidatos e o de admitidos. Relacionamento entre curso escolhido pelo candidato e profissão desempenhada

Os estudantes adultos não tradicionais na Universidade de Aveiro – M23 Estes alunos procuram a Universidade por motivos diversos que, tal como as suas características gerais, os diferenciam substancialmente dos seus colegas tradicionais. Inovando na área de investigação, foi recentemente apresentado um trabalho por Ana Vitória Baptista que efectua a análise de dados contidos nos dossiês pessoais de alunos que o são via M23, tendo entrado na 1ª edição do concurso. Aí se apresentam as conclusões da análise de conteúdo de entrevistas realizadas a 10 dos 85 estudantes M23 que entraram na edição 2006/2007 - os que se disponibilizaram para participarem no estudo. Assim: › Têm idades compreendidas entre os 24 e os 60 anos (média=33,95) › Residência e local de trabalho perto da UA › Compromissos familiares frequentemente fortes


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Dos 85 alunos que entraram em 2006/2007, cerca de 50% anularam a matrícula ao fim do primeiro ano. Há 36% que mantêm a matrícula activa e têm classificações de, em média, 12,5 valores. Da edição de 2007/2008, mantêm matrícula activa 81% dos alunos, e de 2008/2009, 84%. As médias situam-se, nos vários cursos, entre os 12,5 e os 13,5 valores.

Compromissos profissionais (a tempo inteiro) › Estatuto trabalhador-estudante › Experiência profissional, por vezes diversificada Levantam questões muito pertinentes: · Os alunos entrevistados manifestam-se descrentes em relação à existência de um sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências no ES. · Sobre as competências que já adquiriram, as que são promovidas no ES e as que são actualizadas no mundo laboral, consideram que no ES são aprendidos aspectos muito teóricos, nem todos sendo actualizados no mundo do trabalho. Sentem necessidade de se estar a par das novidades, de se manterem actualizados, de reciclarem as suas competências e conhecimentos. · Na relação estabelecida entre as instituições de ES e o mundo do trabalho, sentem falta de flexibilidade de horários tanto no “seu” mundo do trabalho, como por parte das instituições de ES e necessidade de as instituições de ES promoverem competências transversais: grande importância da flexibilidade, reconhecendo o bom trabalho que a UA realiza com as empresas locais.

Futuro A percentagem de alunos M23 que se mantém a frequentar o curso que escolheu, em situações de muito sucesso, e em situações de grande dificuldade, impõe que se saiba porquê. A atenção que os docentes dispensam, não só nas sessões de apoio para preparação das provas de conhecimento e no decorrer das dezenas de entrevistas efectuadas pelos júris, como durante as aulas, quando os reencontram no seu percurso académico, é sinal de que esse apoio é necessário e deve tornar-se efectivo. Há trabalho de investigação inovador e único nesta área a ser desenvolvido na Universidade. Os telefonemas e visitas ao Balcão Único que os alunos efectuam, durante todo o ano, a colocarem questões e dúvidas, levam-nos de regresso a um local onde se sentiram à vontade para as colocarem. Em breve vão começar a solicitar informações sobre o 2º ciclo que podem/querem/devem seguir. Estão congregadas as sinergias para corporizar uma unidade interdepartamental e de interface com as Escolas que, trabalhando e investigando sobre o perfil e características dos alunos que já conhece, facilmente se torne uma mais-valia para a Universidade, enquanto Fundação, coordenando informação e procedimentos relativos aos M23 e, por extensão, a outros públicos adultos, especializando-se no seu acolhimento e apoio. A construção de uma base de trabalho para a caracterização deste público, contribuindo para a possibilidade de constituição de um grupo de intervenção que amplie o acolhimento e apoio de públicos não

tradicionais, e desenvolva ferramentas para fundamentar novas investigações na área da educação, de ensino e da formação em geral, está feita. No imediato, há que recolher e tratar os pontos de vista dos alunos M23 que continuam na Universidade, analisando as suas preocupações e expectativas, de maneira a acompanhá-los e apoiá-los da melhor forma possível, e conseguir para estes alunos o sucesso a que têm direito.


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labs.sapo.pt/ua

o regresso do sapo à ua Há quase 14 anos quando o SAPO dava os seus primeiros passos ninguém imaginava que se iria tornar no maior projecto de Internet em Portugal. Hoje, com mais de 1 milhão de visitantes diários, o Portal com todos os seus canais temáticos e serviços é uma passagem obrigatória para a maior parte dos Portugueses que navegam na Internet. As condições de excelência que a Universidade de Aveiro proporcionou à equipa há quase uma década e meia, quer do ponto de vista tecnológico quer do ponto de vista humano e académico, foram decisivas para a afirmação do SAPO como projecto, vindo a marcar profundamente a sua evolução, a sua cultura e as características de inovação nacional que estiveram sempre presentes. Actualmente, o SAPO regressa à academia com o objectivo de identificar, apoiar e potenciar o “talento” através de projectos com visibilidade nas Tecnologias de Informação em Portugal. Inicia esta aventura com a Universidade de Aveiro, não só porque foi o berço do projecto mas porque se quis retribuir às novas gerações as mesmas oportunidades que foram dadas à equipa original quando começava. O SAPO acredita que, se por um lado o potencial existente na academia é evidente, a sua dimensão em Portugal e além fronteiras poderá ser a fórmula de sucesso para esta aventura conjunta da academia, das ideias, do talento e inovação e da concretização.

Receber o SAPO no Campus A Universidade de Aveiro tem desde sempre consagrada na sua missão, e na sua prática, uma vocação e interesses especiais na articulação com o tecido empresarial, como forma de contribuir activamente para o desenvolvimento da economia nacional e, também, como parte da sua responsabilidade social perante a Sociedade que a legitima e, em boa parte, a financia. Na área da formação e da investigação em Tecnologias da Comunicação, o Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) tem procurado desenvolver uma política de envolvimento com entidades externas à Universidade. Esta preocupação está patente, sob diversas formas, na organização e funcionamento da oferta formativa (nomeadamente no âmbito do Mestrado em Comunicação Multimédia e no programa doutoral em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais), mas em especial nas parcerias que têm vindo a ser exploradas com múltiplas entidades públicas e privadas em projectos de investigação e de desenvolvimento. O desafio para o estabelecimento de uma parceria com o SAPO foi, assim, respondido com entusiasmo, dado se enquadrar de forma perfeita na estratégia de desenvolvimento do DeCA e da UA. O labs.sapo/ ua tem um grande potencial para permitir criar na UA novas dinâmicas de investigação na área

Benjamin Junior Carlos Santos Celso Martinho Fernando Ramos Equipa de coordenação do Labs.sapo/ua


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de Tecnologias da Comunicação e de criar oportunidades de formação, contextualizada na realidade de uma organização líder de mercado em Portugal, para os alunos de pós-graduação.

WeOnTV um serviço de integração de redes sociais e de promoção da comunicação em torno do conteúdo televisivo para a plataforma de IPTV; Carne p’ra Canhão “uma série de ficção que não passa na televisão”; Scratch’ando com o SAPO – uma equipa que desenvolve actividades de formação e promoção da programação para públicos jovens em várias escolas do país, utilizando a ferramenta Scratch desenvolvida pelo MIT, e disponível em versão portuguesa no Portal SAPO Kids; Usabilidade/eye tracking – realização de estudos de usabilidade no Portal SAPO com suporte em tecnologia de eye tracking; SAPO broker – desenvolvimento de sistemas de visualização em tempo real para grandes volumes de informação gerados pelos visitantes dos serviços de pesquisa e notícias do SAPO; vt4u – um conjunto de vídeo tutoriais para apoiar a criação de conteúdos AV gerados pelo utilizador; SAPO Hey! – uma aplicação para dispositivos móveis que explora o geoposicionamento cruzado com serviços sociais, nomeadamente o twitter.

O labs.sapo/ua O laboratório foi inaugurado em Maio de 2008 e, após um ano de actividade, os trabalhos em curso envolvem mais de 35 alunos/bolseiros, orientados por uma equipa que, actualmente, envolve 12 docentes e acompanhados por diversas equipas de desenvolvimento do SAPO. As actividades do laboratório decorrem em duas salas cedidas pelo DeCA, com um total aproximado de 120m2, equipadas pelo SAPO e com acesso privilegiado aos serviços internos do SAPO. O que temos andado a fazer? Para divulgação das actividades do labs.sapo/ua foi desenvolvida uma plataforma online de acesso livre, acessível em http://labs.sapo.pt/ua. Neste local é possível conhecer as pessoas envolvida nas actividades do laboratório e descobrir os projectos (http://labs.sapo.pt/ua/projectos/) que se encontram em desenvolvimento, e dos quais destacamos: SAPO Campus uma plataforma integrada de serviços Web 2.0 para o Ensino Superior suportada por um Personal Learning Environment com suporte institucional;

Contactos O labs.sapo/ua está disponível para receber desafios da comunidade académica (a partir de qualquer departamento/serviço e provenientes de professores, investigadores, alunos ou funcionários) para apoiar o desenvolvimento de novos projectos que sejam do interesse de ambas as instituições: Carlos Santos (UA) – carlossantos@ua.pt Benjamin Júnior (SAPO) – junior@co.sapo.pt


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o envolvimento dos cidadãos na reflexão sobre o futuro da sua cidade

o envolvimento dos cidadãos na reflexão sobre o futuro da sua

cidade A “participação dos cidadãos na reflexão sobre o futuro das suas comunidades” tem sido uma questão com crescente interesse na agenda política e mediática e, igualmente, matéria de significativo interesse científico. O conceito de participação está relacionado com “o envolvimento, a informação e a consulta do cidadão em actividades de um processo de tomada de decisão” (Clark, 1994) e acredita-se que decisões participadas reforçam a legitimidade da actuação pública, co-responsabilizam os vários actores em presença e tornam-se, por isso, melhores decisões. Em Portugal, não existem práticas regulares e organizadas de reflexão sobre o futuro das comunidades e existe alguma evidência de dificuldades acrescidas em organizá-la de forma colectiva e participada. Paralelamente, assiste-se a um progressivo afastamento entre o cidadão, a comunidade onde se insere e os seus representantes legítimos que se tem vindo a manifestar de forma preocupante e persistente. Face ao reconhecimento deste problema, tem havido algum esforço (discursivo e operativo) que aponta para a necessidade de inverter a situação. Contudo, existe uma diferença significativa entre a pretensão ou o desejo e a acção pelo que esta dificuldade deveria justificar uma maior atenção por parte dos responsáveis e cidadãos.

Aveiro tem sido, ao longo da sua história, uma cidade propícia ao surgimento de movimentos de reflexão cívica. São famosas as Tertúlias que se realizavam nos Cafés Trianon e Avenida, nos anos 50 e 60, lideradas por personalidades de referência como Mário Sacramento e Costa e Melo, com “motivações cívicas de carácter revolucionário, reivindicativo dos direitos de liberdade e justiça” (Oliveira, R., 20001). Entretanto, por razões de vária ordem, essa tradição foi-se perdendo. A natureza predominantemente conservadora da cidade, o surgimento do regime democrático, o desenvolvimento do poder local com forte protagonismo, a reduzida ‘dimensão’ da cidade e a massa crítica existente ajudam a explicar essa situação. Mais recentemente, a questão tem ganho um interesse renovado com o surgimento de grupos de reflexão, mais ou menos organizados, com uma preocupação comum centrada na reflexão sobre o futuro da cidade de Aveiro.

1 O discurso da cidade – Leituras da Avenida Lourenço Peixinho Aveiro, Rosa Maria Silva Lopes Oliveira, Tese de Mestrado em Estudos Portugueses, Universidade de Aveiro, 2000

José Carlos Mota Docente da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA


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A Plataforma Cidades, criada em 2003 e dinamizada por Pompílio Souto, assume-se como “um fórum de debate e reflexão sobre a cidade de Aveiro”. Trata-se de um grupo constituído por diversas personalidades do meio académico, científico, cultural e empresarial aveirense e tem dirigido a sua atenção a um conjunto alargado de temas (educação, saúde, cultura, economia, poder local, urbanismo) assumindo como preocupação central pensar “para onde vai a cidade” e “em que cidade se gostaria de viver”, procurando encontrar, de forma colectiva, os caminhos para se construir a “Cidade Querida” (Pedrosa, J., 2008). Um dos temas a que este grupo tem dedicado particular atenção é a educação, motivado pelo desígnio de se promoverem “comunidades de gente bem-educada” e pela necessidade de se responder aos crescentes desafios que o tema coloca.

Um dos temas que ganhou particular relevo no debate e reflexão foi a oportunidade das comemorações dos 250 anos de Aveiro para “afirmar a cultura como um factor de desenvolvimento e de competitividade” da cidade. A necessidade de qualificar o debate motivou a criação de grupos de trabalho sobre duas questões centrais: a questão da “animação e qualificação do espaço público” e o “papel das actividades artísticas, culturais e de criatividade”.

Mais recentemente, num registo menos eclético e mais informal, e no seguimento de um debate público lançado pela autarquia aveirense sobre o futuro da Avenida Lourenço Peixinho, foi criado um blogue (http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/) que tem funcionado como espaço de encontro de um grupo de cidadãos que apreciam partilhar a reflexão sobre a sua cidade. O blogue, de edição colectiva, tem tido a preocupação de assegurar a pluralidade e o confronto de ideias, de trazer conhecimento (técnico e científico) para o debate, de apresentar exemplos de boas práticas a nível nacional e internacional, mostrando como noutras realidades se desenvolvem políticas públicas locais de mobilidade, cultura, de economia e urbanismo. Para além disso, foi criada uma mailing-list que tem funcionado, ainda que de uma forma embrionária, como espaço de interacção entre cidadãos, contando, neste momento, com cerca de 150 membros.

A leitura de experiências internacionais inspiradoras, nomeadamente a estratégia assumida por Vilnius2, Capital Europeia da Cultura 2009 (http://www.culturelive.lt/en/main/), que defendia a ideia de “levar a arte para a rua e transformar a face da cidade” e que “investia na participação das pessoas e na vivência da cidade” e a constatação da importância, relevância, dimensão e número de agentes artísticos, culturais e do sector criativo/tecnológico existente em Aveiro (ver link Google Maps3) motivou o lançamento de um desafio à comunidade aveirense – aproveitar as comemorações como oportunidade para estimular a produção artística, cultural e tecnológica, para intervir na qualificação do espaço público da cidade e para criar uma relação mais próxima dos Aveirenses com a sua cidade. Para apoiar essa reflexão foram organizados vários debates públicos (abertos à participação de todos os interessados), que sistematizaram preocupações/problemas,

2 Link http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/39720.html 3 Link http://maps.google.com.br/maps/ms?hl=pt-PT&ie= UTF8&msa=0&msid=113634242761796665110.00 0467291653d18a2f79a&t=h&z=11

identificaram princípios de actuação e sugeriram algumas pistas de acção (tendo em conta os escassos meios disponíveis e o curto espaço de tempo para as desenvolver). O “caderno de encargos” obtido neste processo colaborativo foi enviado a todas as instituições da cidade, tendo sido solicitado contributos e avaliado disponibilidades para poderem apoiar e concretizar algumas das ideias presentes. Das várias propostas sugeridas, o grupo entendeu desenvolver um projecto-piloto “Se esta praça tivesse 250 anos” (http://programadasfestas. blogs.sapo.pt/), inspirado na estratégia de Vilnius2009, e que surge com o objectivo de motivar a organização de um programa de actividades ‘artísticas’ numa das praças centrais da cidade (Praça Melo Freitas), aos sábados à tarde, mobilizando para a sua concretização os vários agentes culturais da cidade (música, teatro, pintura, dança, poesia, entre outras). A necessidade de articular e coordenar as actividades dos vários agentes artísticos, culturais e criativos da cidade, motivou a proposta de criação de uma plataforma institucional que se pretende venha a assumir a função de programação e divulgação cultural, de gestão dos espaços e equipamentos culturais, de estímulo de desenvolvimento de acções conjuntas, de apoio à inserção em redes nacionais e internacionais, de pesquisa e candidatura a programas de financiamento. Para finalizar, importa referir que os Amigosd’Avenida estão a promover o desenvolvimento de um manifesto pela “qualificação e animação do espaço público” o qual pretende contribuir para a qualificação das opções de política cultural e urbanística para a cidade de Aveiro.


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percursos antigos alunos

Administrador da APA, Luís Marques é um dos licenciados em Contabilidade e Administração, pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro, que está a desenvolver uma carreira profissional brilhante. Recém-licenciada em Técnico Superior de Justiça, Carla Martins está a exercer funções no Tribunal do Trabalho de Aveiro, e Pedro Saraiva, recém-formado em Tecnologia e Design do Produto, saltou da Escola Superior Aveiro Norte para o Gabinete de Design de um grupo empresarial do Norte do concelho. Conheça o percurso que cada um destes antigos alunos da UA está a trilhar no mercado de trabalho.


luís marques

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contabilidade e administração do sonho da auditoria à aliciante administração da APA

Luís Manuel Dionísio Marques, 37 anos, licenciou-se em Contabilidade e Administração, em 1997, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA). Ainda durante o curso começou a trabalhar em auditoria. Chegou a estar inscrito como Revisor Oficial de Contas e colaborou com várias empresas. Em 2005, assumiu as funções de Administrador na Administração do Porto de Aveiro, S.A., função que, desde 2008, acumula com a de vogal do Conselho de Administração da Administração do Porto da Figueira da Foz e com a de docente no ISCA-UA. Pelo meio, concluiu Mestrado em Ciências Empresarias, pós-graduou-se e iniciou doutoramento.


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Filho de contabilista, desde muito novo ambicionou vir a ser Revisor Oficial de Contas. Aos 14 anos já tinha por hábito ajudar o pai e ouvia-o frequentemente enaltecer a qualidade destes profissionais. “Olhando para trás percebo agora que a minha ambição de seguir esta profissão estava muito relacionada com a questão da sua reputação”, admite. Chegado o momento de se candidatar ao ensino superior, Luís Marques informou-se sobre os vários cursos de Auditoria e não teve dúvidas de que a licenciatura em Contabilidade e Administração, ministrada pelo ISCA-UA, seria uma das melhores opções do país. De Soure (Coimbra) rumou a Aveiro e encontrou um curso e um Instituto que, para além de lhe ter permitido solidificar a sua formação prática e os conhecimentos teóricos, o marcou não só pela qualidade dos professores mas, também, pelo excelente ambiente académico. “No ISCA-UA fiz grandes amigos, que ainda hoje conservo, e uma amiga especial: hoje minha mulher.” É com algum saudosismo que recorda as noitadas de festa, “sempre calorosas”, e as de estudo, “sempre em esforço”. Luís Marques conta que foi ainda durante o curso, no final do 3º ano, que começou a trabalhar. “Disseram-me que havia empresas em processo de recrutamento. Comecei por trabalhar numa sociedade de revisores oficiais de contas e, no final do 4º ano, fui recrutado por uma empresa internacional de auditoria. Todas as minhas expectativas de encontrar emprego foram, deste modo, antecipadas. Tive sorte, mas é certo que queria muito ser auditor e tal transpirava nas minhas acções e no empenho com que participei em todas as provas de selecção. Em qualquer profissão é determinante estarmos motivados com o que fazemos e fazê-lo bem depende muito deste estado de motivação.”

Já tinha realizado com aproveitamento as provas para Revisor Oficial de Contas e exercia funções como Fiscal Único nesta qualidade quando, em 2005, já Director Administrativo e Financeiro da Administração do Porto de Aveiro (APA), pediu o cancelamento da sua inscrição para assumir as funções de Administrador da APA. É nesta empresa que, desde então, é responsável pelas áreas de Estratégia, Planeamento, Controlo de Gestão, Financeira, Aprovisionamento, Recursos Humanos, Auditoria e Informática. “Para além destas áreas que coordeno, participo em projectos especiais, como é o caso de grupos de trabalho governamentais, processos de contratação de investimentos e montagem de negócios.” Como coordenador da reestruturação e arranque da Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF) - empresa participada a 100% pela APA, S.A. - Luís Marques assume também aqui, desde Dezembro de 2008, idênticas responsabilidades. Actualmente, o seu dia-a-dia divide-se entre Aveiro, onde também dá aulas no ISCA-UA, a Figueira da Foz e o Porto, onde reside e frequentou uma pós-graduação na área de Estratégia, na Escola de Gestão do Porto, a par de uma outra na Harvard Business School e, ainda, frequenta um Doutoramento em Ciências Empresariais. Excelente exemplo de dedicação ao trabalho, Luís Marques não tem dúvidas de que, exceptuando o contexto actual, o mercado de trabalho tem reagido muito bem aos alunos formados pelo ISCA-UA. “As opiniões de empresários e colegas que escuto são bastante favoráveis. Os alunos têm um perfil de dedicação muito apreciado pelo mercado de trabalho e estão aptos a exercer tarefas em áreas de finanças, marketing, contabilidade, auditoria e controlo de gestão, entre outras”.

percursos antigos alunos

Na sua opinião, o segredo para o arranque de uma carreira de sucesso passa por uma sólida preparação técnica e capacidade pró-activa para a resolução de problemas e apresentação de propostas. “A par da motivação e perfeita consciência do que se quer fazer, o perfil ideal de quem inicia uma carreira deve incluir disciplina e empenho no trabalho. Os primeiros cinco anos de actividade profissional são importantes. É preciso fazer-se um esforço de dedicação extraordinário nesse período. Depois, a formação permanente é fundamental por permitir desenvolver os nossos skills e recordar-nos que temos muito a aprender no mundo da gestão”. Hoje, as inúmeras actividades e projectos aliciantes em que Luís Marques está envolvido compensam a opção de dedicar o seu tempo à gestão, área afim mas distinta da, desde cedo sonhada, auditoria. Pai há apenas dois anos, sente-se um homem realizado a todos os níveis e faz questão de salientar o muito que deve ao equilibrio familiar. Ler os mais de 20 livros que aguardam a sua disponibilidade na mesinha de cabeceira; voltar à Nova Zelândia, em turismo e, desta vez, com o filho; e desfrutar do Doutoramento como um processo de aprendizagem pessoal, são três das suas actuais prioridades.


carla martins

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técnica oficial de justiça “na ua aprendi a desempenhar a profissão de oficial de justiça com a qualidade que lhe é exigida”

A necessidade de reforçar os conhecimentos necessários ao exercício da actividade de oficial de justiça que desempenhava no Tribunal Judicial de Estarreja levaram-na a candidatar-se à única licenciatura em Técnico Superior de Justiça existente em Portugal. Carla Maria Afonso Martins, 33 anos, concluiu o curso em 2006, está a trabalhar no Tribunal do Trabalho de Aveiro e a frequentar o Mestrado em Administração e Gestão Pública na Universidade de Aveiro.


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O ingresso na Licenciatura em Técnico Superior de Justiça, ministrada pela Universidade de Aveiro, foi a única opção de Carla Martins quando decidiu candidatar-se ao ensino superior. “Já estava a trabalhar como oficial de justiça e a falta de bases teóricas que sentia no dia-a-dia, levaram-me a avançar com a candidatura. A UA era a única a ministrar o curso, é uma universidade reconhecida a nível nacional e internacional e eu vivo em Aveiro. Se não entrasse neste curso, não estava interessada em mais nenhum”. Desta decisão nada se arrepende. “A Universidade de Aveiro é um estabelecimento de ensino que recomendo a todos os alunos que pretendam entrar no ensino superior. Proporciona as ferramentas necessárias para os estudantes se autonomizarem e seguirem o seu percurso profissional com êxito”, afirma, acrescentando que não esquece o exemplo da Prof. Maria João Machado “pela forma como ensina e transmite o que sabe, pelo modo como consegue cativar a atenção, até nas matérias mais “enfadonhas”, e pelos ensinamentos a todos os níveis que é possível retirar-se das suas aulas”. Reconhecendo que o curso lhe forneceu conhecimentos técnicos muito importantes ao desempenho da sua actividade profissional, Carla Martins diz que a licenciatura em Técnico Superior de Justiça fornece as bases teóricas necessárias para o ingresso nos quadros do pessoal oficial de justiça. “Estes licenciados, para além de estarem amplamente qualificados para exercer esta profissão, poderão também exercer actividades correlacionadas em Cartórios Notariais, escritórios de advogados e solicitadores, Conservatórias, gabinetes jurídicos de empresas, entre outras”. E acrescenta: “Embora o meu caso tenha sido um pouco diferente, por já estar a trabalhar no Tribunal Judicial de Estarreja quando entrei na UA, estou convencida de que é relativamente

percursos antigos alunos

fácil ingressar no mercado de trabalho com esta formação, contrariamente ao que se passa noutras áreas.”

e enriquecimento pessoal, espero conseguir, também, progredir a nível profissional.

Recentemente transferida para o Tribubal do Trabalho de Aveiro, Carla Martins divide o seu dia de trabalho entre o apoio a diligências processuais (audiências de julgamento) e elaboração das respectivas actas, e o cumprimento do expediente de secretaria, isto é, o cumprimento de despachos, junção ao respectivo processo do expediente que chega diariamente ao Tribunal e atendimento dos utentes que se dirigem aos serviços, prestando a assistência necessária a cada caso concreto. “É uma profissão que me realiza mas que exige muito de nós devido às constantes alterações legislativas. Temos de nos auto-preparar para lidar com elas, pois raramente existem acções de formação e a falta de funcionários faz com que se exija cada vez mais de cada um dos já existentes. Para além disso, tenho que reconhecer, é uma profissão em que a progressão ainda é muito difícil”.

Carla Martins, defende que o sucesso desta profissão passa por muito esforço e muito empenho. “Não podemos desistir. Os licenciados em Técnico Superior de Justiça têm que demonstrar sempre as competências que adquiriram. Este curso dá-nos muitas e com o nosso esforço e dedicação ao trabalho, todos podemos contribuir para a dignificação desta área”.

Carla Martins não tem dúvidas de que é o imprevisto o que mais a fascina na profissão. “Nunca sei ao certo o que vou encontrar pela frente no próximo dia de trabalho. Apesar de as pessoas, provavelmente terem a ideia de que se trata de uma profissão rotineira, isso não corresponde à realidade. Todos os dias nos deparamos com novas situações, com novos factos, há sempre algo para aprender a cada dia que passa. É fascinante!” É, de resto, a sua constante vontade de continuar a aprender e de se valorizar que está na origem do seu regresso à Universidade de Aveiro para frequentar o Mestrado em Administração e Gestão Pública. “Foi na UA que aprendi como desempenhar a profissão de oficial de justiça com a qualidade que lhe é exigida. Agora com o mestrado, para além de mais conhecimentos


pedro saraiva

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maio ‘09

tecnologia e design do produto “é importantíssimo que as pessoas conheçam melhor as competências dos licenciados em tecnologia e design do produto”

O estágio curricular, realizado no segundo semestre do 3º ano do curso, numa empresa do grupo Cifial, abriu-lhe as portas do mercado de trabalho. Pedro Filipe Coutinho Saraiva, 22 anos, está a trabalhar no Gabinete de Design desta empresa que se dedica à produção de louça sanitária, torneiras e ferragens. É um dos primeiros licenciados em Tecnologia e Design de Produto, um dos mais recentes cursos da Universidade de Aveiro, leccionado, desde o ano lectivo 2005/2006, pela Escola Superior Aveiro Norte da Universidade de Aveiro, instalada em Oliveira de Azeméis.


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Desenha novas ideias para novos produtos, tais como mobiliário de casa de banho, stands de exposição ou showrooms para apresentação de produtos aos visitantes que se deslocam à empresa localizada de Riomeão (Santa Maria da Feira) mas, como designer industrial, presta, também, auxílio na parte gráfica e desenvolve as ilustrações necessárias as instruções de torneiras, móveis e louças, aplicando a nova imagem da empresa nas embalagens dos seus produtos e desenhando ideias para ambientes de fotografia que vêm posteriormente a integrar os catálogos dos produtos. “Sinto-me bastante satisfeito por estar a trabalhar numa empresa, cuja dimensão faz com que o dia-a-dia seja diferente, permitindo-me estar permanentemente a aprender. É esta agora a minha principal preocupação”, confessa Pedro Saraiva considerando prematuro falar de realização profissional e admitindo ter o sonho de um dia vir a lançar a sua própria marca. “Já tenho algumas ideias mas, por agora, não passam de estudos em 3D.” Na verdade, a área do design sempre o interessou. Quando concluiu o ensino secundário no agrupamento de artes, a sua preferência pela disciplina levou-o a procurar um curso da área do design. “A Universidade de Aveiro era uma opção natural porque residia na cidade. Soube da abertura de um novo curso relacionado com design, mas confesso que a ideia de que não iria funcionar na universidade mas sim no pólo de Oliveira de Azeméis não me agradou muito. Queria mesmo ficar na Universidade de Aveiro, mas o curso de Tecnologia e Design de Produto interessou-me mesmo e acabei por o escolher como 1ª opção.” Pedro Saraiva não esconde a surpresa que sentiu quando entrou pela primeira vez na ESAN. “A Escola está instalada no edifício Rainha, que é uma espécie de centro comercial. A primeira impressão

não foi das melhores. Não tínhamos bar ou cantina nem um espaço de convívio, o que nos obrigava a sair da Escola se pretendíamos lanchar, mas, em contrapartida, as salas de aula e os respectivos equipamentos estavam prontos a ser estreados. Todas as salas estavam equipadas com projectores, havia computadores para praticamente todos os alunos e pequenos laboratórios preenchidos com bons equipamentos para as aulas práticas. Sempre tivemos máquinas de prototipagem rápida, inúmeros instrumentos de medição, máquinas de teste mecânico dos materiais, entre outros materiais e equipamentos de estudo e trabalho, que provavelmente poucos outros alunos puderam experimentar. Só no ano a seguir a ter terminado o curso, com a remodelação do 3º piso do edifício, o problema da cantina foi resolvido e, também, o ambiente, a princípio pouco académico, da pacata Oliveira de Azeméis foi-se alterando nos anos seguintes.”. Na ESAN, Pedro Saraiva adquiriu muitos dos conhecimentos que lhe permitem ultrapassar os problemas com que se cruza diariamente na empresa. De facto, para este antigo aluno, os licenciados em Tecnologia e Design de Produto pela Universidade de Aveiro estão aptos a acompanhar todo o processo de desenvolvimento de um novo produto, desde a fase de análise de mercado (encontrar o que o mercado precisa ou quer), passando pelo desenho do novo produto em função das necessidades encontradas e pelo estudo da melhor forma de o produzir (escolhendo os materiais mais adequados e os respectivos processos de fabrico), até à própria promoção do produto. E Pedro Saraiva não tem dúvidas: “Estamos realmente preparados para trabalhar nas diversas áreas do design (produto e gráfico) e aplicar alguns dos conhecimentos de engenharia que nos foram dados, como modelação 3D, propriedades dos materiais, processos de fabrico, etc.”

percursos antigos alunos

Na sua perspectiva, é a criatividade, dedicação e empenho que qualquer recém-licenciado emprega diariamente no exercício das suas funções que muito contribui para a construção de uma carreira de sucesso mas, dada a actual conjuntura, o ingresso no mercado de trabalho está cada vez mais difícil. “É importantíssimo que as empresas conheçam melhor as potencialidades e competências dos licenciados em Tecnologia e Design do Produto”, defende, acrescentando que seria fundamental a Universidade aumentar esse trabalho de esclarecimento junto das empresas da área de desenvolvimento de novos produtos.


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prémios

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CEBT arrecada prémio europeu de iniciativa empresarial

O Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica (CEBT), desenvolvido pelas Universidades de Aveiro, Coimbra e Beira Interior e pelo Conselho Empresarial do Centro, foi distinguido com o 2º lugar na categoria “Promoção do Empreendedorismo” da fase portuguesa dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial. A distinção foi anunciada pelo IAPMEI, em cerimónia pública que se realizou em Fevereiro. A UA participou ainda em duas outras categorias deste prémio com os projectos “CRER – Criação de Empresas em Espaço Rural”, em parceria com a ADRIMAG; e “If you learned well, this is a piece of cake for you”, em parceria com a Revigrés. Com o intuito de contribuir para a criação de novas empresas de base tecnológica, o CEBT que conta já com três edições, assenta numa metodologia própria onde se destaca o desenvolvimento de planos de negócio com base em tecnologias disponibilizadas pelas três universidades numa lógica de trabalho em equipas multidisciplinares, envolvendo alunos finalistas, de pós-graduação, docentes, investigadores e empresários. A possibilidade que as equipas têm de contactar com mentores financeiros (business angels e capitais de risco) e com mentores empresariais permite promover a troca de experiências, fundamental para se alcançar o objectivo pretendido que é transformar tecnologias em empresas de base tecnológica.

Ao longo destes últimos três anos, o CEBT contribuiu para a formação de 394 formandos de diversas áreas de actividade – alunos finalistas, alunos de pós-graduação, docentes, investigadores, quadros de empresas e empresários, 58 conceitos de empresas de base tecnológica e cinco projectos candidatos ao Neotec (programa de apoio e financiamento à constituição efectiva de empresas de base tecnológica promovido pela Agência de Inovação). Os Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial (European Enterprise Awards) são promovidos pela Comissão Europeia e visam distinguir e premiar as iniciativas de destaque que apoiam o empreendedorismo a nível regional.


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selos de qualidade ECTS e DS atribuídos à Universidade de Aveiro

GALP Energia premeia alunos da UA

A Universidade de Aveiro foi uma das 22 instituições do ensino superior europeias e uma das quatro portuguesas a receber o ECTS Label – um selo que atesta a qualidade da informação sobre a oferta formativa e a gestão da mobilidade de estudantes no âmbito do Espaço Europeu de Ensino Superior. Para além de ter renovado o ECTS Label, atribuído pela primeira vez em 2004, a Universidade de Aveiro passa também agora a poder anexar o DS Label aos diplomas que emite. “A atribuição do DS Label comprova a qualidade dos procedimentos e das práticas seguidas na Universidade de Aveiro visando garantir a transparência e legibilidade dos cursos que ministra e dos graus que confere em todo o espaço europeu”, afirma o Vice-Reitor da UA, Prof. António Ferrari, acrescentando ainda que a renovação do ECTS Label, que a UA detém desde 2004, “premeia o modo como é utilizado esse instrumento central na mobilidade de estudantes, quando a recente Conferência Ministerial de Leuven elegeu a mobilidade dos estudantes como eixo central do desenvolvimento do Processo de Bolonha.” Estas distinções são o resultado de “um esforço colectivo em que participaram estudantes, docentes, peritos e técnicos. A UA congratula-se com elas e vê-as como um importante estímulo para perseverar no rumo traçado”, conclui o Vice-Reitor.

Em 2007, a Universidade de Aveiro e a Galp Energia assinaram um protocolo de cooperação com vista à atribuição de dez bolsas anuais no valor de 3 mil euros cada uma a estudantes deste estabelecimento de ensino, até 2010, para elaborar estudos e trabalhos em empresas parceiras da GALP Energia. Os projectos desenvolvidos baseiam-se essencialmente em auditorias energéticas com o objectivo de optimizar o modo de funcionamento dos vários sistemas, racionalizar o seu mix energético e identificar e recomendar oportunidades de melhoria. Durante o período em que decorre a parceria, a Galp Energia reconhece os três melhores trabalhos, entregando um prémio no valor total anual de 10 mil euros. Em Janeiro, foram entregues os prémios da segunda fase de atribuição de bolsas. Ângela Bernardes, vencedora do primeiro prémio foi contemplada com um prémio de seis mil euros, Luís Sousa com três mil e Catarina Matos com mil. Ângela Bernardes, 24 anos, de Alcobaça, encontra-se a frequentar o Mestrado em Sistemas Energéticos Sustentáveis. O projecto que lhe valeu o primeiro prémio foi desenvolvido na empresa Nutriquim, pertencente ao grupo CUF – Químicos, e permitiu simular uma solução energética para o aproveitamento do fluxo de calor libertado pelas superfícies dos equipamentos. Além disso, foi também desenvolvida uma ferramenta de cálculo que estima a quantidade de calor passível de ser aproveitado, calcula a poupança expectável em combustível e o tempo de payback do investimento associado à poupança energética.

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Luís Sousa, 26 anos, natural do Funchal, está a finalizar o Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, ramo da energia. Distinguido com o 2º Prémio, o estagiário desenvolveu um simulador de consumos de energia para a empresa Matceramica – Fabrico de Louça, SA., que permite analisar o consumo referenciado nas facturas de energia de um consumidor industrial. Esta prática ferramenta permite uma Gestão de Energia da empresa, a partir dos dados que reúne num mesmo documento (quantidade, custo, emissões de CO2) referentes a cada tipo de energia/combustível utilizada na produção de um determinado produto ou serviço. Catarina Matos, 24 anos, natural de Avanca, encontra-se a frequentar o Mestrado “Sistemas Energéticos Sustentáveis”. Desenvolveu estágio na empresa BLB – Indústrias metalúrgicas S.A., com a missão de aumentar globalmente a eficiência energética e ambiental da empresa. Neste sentido, a estagiária implementou um sistema de aproveitamento e transporte dos gases de combustão do Forno de Esmaltagem para o aquecimento da água de reposição do Túnel de Desengorduramento, proveniente da ETAR, que permitiu reduzir o consumo de gás natural e as emissões de CO2 e reutilização de água.


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maio ‘09

jovem investigador recebe estímulo à investigação para analisar sinais de alteração climática

O investigador de Pós-doutoramento da UA Juan A. Añel foi um dos oito jovens cientistas distinguidos, em 2008, pela Fundação Calouste Gulbenkian, com um prémio de estímulo à investigação no valor de 12.500 euros. A desenvolver investigação na área da Qualidade da Atmosfera, o incentivo agora recebido vai permitir-lhe aprofundar os seus estudos relacionados com os “Sinais de alteração climática na largura da região tropical e na intensidade da Circulação de Brewer-Dobso”. Estudos publicados recentemente sugerem evidência observacional da expansão dos trópicos. A expansão diagnosticada nas observações é mesmo maior do que a prevista pelos actuais modelos de alterações climáticas. O alargamento dos trópicos terá implicações sobre o sistema climático global, conduzindo a variações nos sistemas de circulação atmosférica de larga escala tais como as correntes de jacto, as trajectórias mais frequentes das depressões e, consequentemente, nos padrões de precipitação. Estas alterações afectarão os ecossistemas naturais, a agricultura e os recursos hídricos. A tropopausa é uma camada de transição entre a troposfera e a estratosfera, situada a uma altitude variável, que em média diminui do equador para os pólos. As suas características variam de forma mais ou menos suave nas regiões tropicais e nas regiões extratropicais, apresentado, no entanto, variações muito acentuadas, por vezes mesmo

descontínuas, na zona de transição entre a região tropical e as regiões extra-tropicais. É portanto de extrema importância determinar com precisão a verdadeira extensão da região tropical, a fim de avaliar possíveis tendências e as mudanças na circulação atmosférica geral. A desenvolver investigação no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA (Laboratório Associado CESAM), com uma bolsa de Pós-Doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Juan A. Añel pretende aproveitar este apoio na determinação objectiva da extensão da região tropical e da sua evolução, baseada nas características da tropopausa. A compreensão das variações das características da tropopausa requer o estudo dos processos que levam à existência da própria tropopausa, e que determinam a diferenciação entre tropopausa tropical e a tropopausa extra-tropical. Entre estes mecanismos está a circulação de Brewer-Dobson, uma circulação meridional do equador para os pólos, que é muito importante para a distribuição de ozono na estratosfera e, consequentemente, para a variabilidade do ozono nas regiões polares.


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pintura de doutorando conquista primeiro lugar em prémio internacional

Com a obra “#4003”, uma tela técnica mista sobre mdf que evidencia a redução cromática, o doutorando da UA Nuno Miguel Chuva Vasco arrecadou o primeiro lugar do Prémio Internacional de Pintura que a Fundação Rotária Portuguesa (FRP) promoveu, no âmbito das comemorações do seu 50º aniversário. A desenvolver investigação no âmbito do seu Doutoramento em Estudos da Arte, como bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Chuva Vasco apresentou-se ao I Prémio Internacional de Pintura FRP com “um trabalho realizado em técnica mista sobre mdf, com as dimensões de 100 x 100 centímetros, tendo como materiais a plombagina, pó de esmeril e acrílico. A originalidade da obra conseguiu convencer o júri, conquistando o primeiro lugar de entre perto de duas centenas de concorrentes. De acordo com o artista, “este trabalho vem na sequência da criação de um conjunto de obras em que a redução cromática se evidencia, longe portanto da banalidade publicitária que nos invade. O dramatismo cromático acaba portanto por se afastar de qualquer convenção estética, constituindo em mim um paradigma essencial, longe de qualquer ortodoxia abstracta. É uma fase onde o conteúdo se sobrepõe ao aspecto formal”.

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aluno de música brilha no Festival de Música de Benidorm

“Para Tatlin as formas “económicas” são as mais estéticas e é seguindo essa premissa que tenho desenvolvido o meu trabalho. As minhas obras pretendem ser acima de tudo um activador de contemplação, isto é, um instrumento para perturbar os hábitos preceptivos do espectador, fazendo-o participar numa realidade alternativa, oculta sob a rotina e a alienação”, acrescentou ainda o premiado.

Guitarra e trompa foram, este ano, as categorias a concurso no Festival de Música de Benidorm, realizado no final do mês de Fevereiro. André Madeira, aluno de Música no Departamento de Comunicação e Arte da UA (DeCA), brilhou em Espanha e trouxe para Portugal o segundo lugar da competição, na categoria de guitarra clássica. Foi com as obras “O Preludio da Suite BWV1006ª”, de J. S. Bach, “Otoño Porteño e Inverno Porteño”, de A. Piazzolla, e de Leo Brouwer “La Espiral Eterna”, que André Madeira disputou, com 12 concorrentes de várias nacionalidades, um lugar na final do reputado concurso espanhol. Com a conquista deste segundo lugar André Madeira arrecadou, além de uma bolsa para prosseguir os seus estudos de guitarra, “um reconhecimento do trabalho realizado e um alento para lhe dar continuidade”. O aluno do DeCA tem-se apresentado a solo em vários concertos não só no país, mas também em França, Itália, Alemanha e Bélgica. André Madeira iniciou os seus estudos musicais com Américo Fernandes e o estudo da guitarra clássica com Ragner Tovar. Frequentou o Conservatório Calouste Gulbenkian de Aveiro, tendo como professor, Miguel Lelis. Ingressou depois no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde foi acompanhado até ao quinto ano da Licenciatura em Ensino da Música, pelo Professor Paulo Vaz de Carvalho.


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maio ‘09

de novo no topo estudo do CIPES aponta ua como uma das instituições do país que mais satisfaz os seus alunos A Universidade de Aveiro está acima da média das universidades portuguesas nos vários indicadores que medem o grau de satisfação dos estudantes do ensino superior. Os resultados de um estudo realizado pelo Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) sobre “O que é importante para a satisfação dos estudantes da Universidade de Aveiro” foram, apresentados na UA, em Abril passado. No final, a Reitora, Prof. Maria Helena Nazaré, manifestou-se bastante satisfeita com os bons resultados da instituição. A Avaliação Nacional da Satisfação dos Estudantes do Ensino Superior foi um estudo desenvolvido a nível nacional, entre 2005 e 2008, pelo Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) com o objectivo geral de analisar a satisfação dos estudantes nas instituições de ensino superior portuguesas e fornecer informação capaz de aumentar a educação superior da população.

Na UA foram inquiridos 479 estudantes do 1º e último ano dos seus vários cursos e os resultados colocaram a academia aveirense no topo da satisfação, atingindo valores acima do conjunto das universidades públicas. A qualidade do ensino, a interacção com os docentes, o apoio académico e os bons serviços de alimentação (cantinas e bares) estão entre os aspectos que mais satisfazem os estudantes da UA. Em contrapartida, é a oferta das disciplinas de opção e o acompanhamento académico que menos vai ao encontro das expectativas dos estudantes da Universidade de Aveiro.

“São resultados globais muito bons. Comparados com as restantes universidades públicas são mesmo os melhores”, salientou o Professor do ISCTE, Rui Brites que, como membro da equipa de investigação e responsável pela metodologia e análise dos resultados, se deslocou a Aveiro para apresentar as conclusões do estudo. O Prof. Rui Brites foi mesmo mais longe e afirmou aos presentes que os resultados, que em termos de satisfação dos estudantes colocam a UA na melhor posição do país, não o surpreendem. “Sempre que converso com antigos alunos da Universidade de Aveiro, o resultado é o mesmo. Até os olhos lhes brilham!”.

A título de exemplo, à questão “Se voltasse atrás, voltaria a candidatar-se à instituição que frequenta?” 87,8% dos alunos da UA responderam que sim, percentagem que sobe para 93% quando a questão diz respeito à recomendação da instituição a outras pessoas. Importa ainda referir que 74% dos alunos da UA estão satisfeitos com o curso e 62% com a empregabilidade.

Satisfeita com os resultados, a Reitora da UA não deixou de salientar a importância dos dados revelados, até porque “nos permitem trabalhar sobre o que está menos bem. Estou contente por saber onde actuar e vou reflectir sobre a importância de relançar a figura dos tutores”.


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ua colabora com o cern na área da detecção da radiação e imagiologia médica

dois projectos em desenvolvimento

ua colabora com o cern na área da detecção da radiação e imagiologia médica A UA foi uma das 58 universidades/Centros de investigação de excelência convidadas pelo CERN para desenvolver investigação em torno dos detectores gasosos baseados em sistemas amplificadores micro-estruturados (MPGDs) e tecnologias associadas, tendo em vista futuros upgrades nos vários detectores do acelerador de partículas Large Hadron Collider (LHC) e em aplicações, quer na área da física fundamental quer na física mais directamente relacionada com a sociedade. Os resultados do trabalho desenvolvido em Aveiro, através da área de “Detecção da Radiação e Imagiologia Médica” (DRIM) do pólo de Aveiro do Laboratório Associado I3N, terão aplicações directas no campo da imagiologia e física médica.

O acentuado desenvolvimento que a tecnologia dos detectores de radiação tem vindo a sofrer tem permitido avanços significativos no campo da física das partículas. Para além do seu uso generalizado na física de partículas e na física nuclear, os detectores gasosos de avalanche na detecção da radiação têm sido utilizados em muitas outras áreas, nomeadamente na investigação em astro-partículas e em aplicações nas áreas da imagiologia médica, ciências dos materiais e segurança. No entanto, estes detectores apresentam, ainda, algumas limitações que podem comprometer o seu uso em importantes experiências futuras, uma vez que não permitem conjugar os elevados fluxos de radiação esperados e a necessária resolução espacial. Estas dificuldades podem ser ultrapassadas com os detectores gasosos recentemente desenvolvidos, baseados em sistemas amplificadores micro-estruturados (MPGD–Micro Patterned Gaseous Detectors), os quais têm permitido o aparecimento de novos conceitos de detectores e aplicações. No sentido de conjugar esforços numa coordenação eficiente para o avanço no desenvolvimento dos MPGDs e das tecnologias associadas, foi criada, por iniciativa do CERN, uma colaboração internacional


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que envolve cerca de 300 pessoas de 58 universidades e centros de investigação de excelência, pertencentes a 21 países. Esta colaboração, denominada “CERN – RD51– Development of Micro-Pattern Gas Detectors Technologies”, visa o desenvolvimento de investigação nessa área, tendo em vista futuros upgrades nos vários detectores do LHC e em aplicações directamente relacionada com a física fundamental, (e.g., busca da matéria negra, determinação precisa da energia do neutrino) e com a sociedade no geral (e.g., Imagiologia e física médica, inspecção e segurança). Nesse âmbito, a área de “Detecção da Radiação e Imagiologia Médica” do Laboratório Associado I3N do pólo de Aveiro tem vindo a integrar diferentes grupos de trabalho. A invenção da estrutura MHSP (Microhole and Strip Plate) pelo responsável desta área de investigação permitiu recentes e importantes conquistas, como explica o Prof. João Veloso, investigador da UA e spokesperson da participação da Universidade de Aveiro na colaboração do CERN RD51. “O trabalho que temos vindo a desenvolver já se materializou num detector para imagiologia de raios X com contagem de fotão único, o qual permite aumentar o contraste das imagens radiológicas. O seu carácter inovador reside no facto de, para além de determinar a posição de interacção dos raios X incidentes, determinar, ao mesmo tempo, a energia associada a esse fotão, uma característica inexistente nos sistemas convencionais de radiografia digital. Esta informação adicional permite aumentar o contraste das imagens médicas com enorme benefício tanto na qualidade do diagnóstico como na redução da dose para o paciente”. Em colaboração com o Weizmann Institut of Science (Israel) e a Universidade de Coimbra”, o DRIM implementou, também, o primeiro

maio ‘09

“Muito Bom” e “Excelente” em 82% das unidades de investigação da UA A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) divulgou, no início deste ano, os primeiros resultados do processo de avaliação de todas as unidades de investigação & desenvolvimento do País, respeitante ao período 2003-06. A Universidade de Aveiro passa a ter classificação de “Excelente” e “Muito Bom” em cerca de 82% das suas unidades de investigação (incluindo os Laboratórios Associados), um valor claramente acima dos últimos resultados obtidos pela UA (75%) e da actual média nacional, que se fica pelos 58%. A publicação de resultados do exercício de avaliação das unidades de investigação & desenvolvimento tem por base os relatórios de 23 painéis de peritos internacionais, de mais de 15 países, que visitaram as Unidades em 2007 e 2008 e avaliaram os dossiers previamente submetidos à FCT, pelas próprias Unidades, em Julho de 2007. Os resultados obtidos pela Universidade de Aveiro traduzem o empenho que esta tem levado a cabo para desenvolver uma investigação de excelência, em áreas de mérito reconhecido, nomeadamente Ciências de Materiais, através do trabalho realizado pelo Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), Telecomunicações, através do trabalho desenvolvido no Instituto de Telecomunicações – pólo de Aveiro, Nanociências, aprofundada pelo Instituto I3N, e Ciências do Mar e do Ambiente, sob responsabilidade do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), unidades reconhecidas como Laboratórios Associados. O investimento da UA na investigação, designadamente através da utilização de verbas próprias para o financiamento de bolsas de estudo a doutorandos e pós-doutorados, o reforço dos seus recursos humanos com a contratação de investigadores de “elevado mérito” reconhecidos no estrangeiro e o re-equipamento científico concretizado no âmbito do respectivo Programa Nacional, espelha-se também nos resultados obtidos em outros domínios. É o caso da Química Orgânica, com a unidade de Química Orgânica e de Produtos Naturais e Agro-alimentares a ser cotada com um “Excelente” face ao “Muito Bom” da avaliação anterior. Exemplos que se enquadram neste contexto são também a área multidisciplinar da Saúde, com o Centro de Biologia Celular a evoluir de um “Bom” para um “Muito Bom”, e o Centro de Investigação em Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores a conseguir a melhor classificação a nível nacional em Educação, na área de Ciências e Políticas da Educação. O mesmo se passou em domínios de investigação emergentes, das quais se destaca o “Muito Bom” da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas, uma unidade que, apesar de recente, já granjeou reconhecimento em países como a Finlândia, o Brasil e outros países de expressão portuguesa. No quadro das boas classificações importa destacar ainda a prestação das Artes, com os recentemente criados Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura, unidade composta por membros da Universidade de Aveiro e da Universidade do Porto, e Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança, que integra investigadores das Universidades de Aveiro, Nova e Técnica de Lisboa; ambos a merecer um “Muito Bom”, com elogios para o facto de serem já bons exemplos de parcerias de excelência.


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foto-sensor gasoso sensível ao visível, que apresenta características únicas e permite vastas aplicações que podem ir desde a imagiologia em medicina nuclear (e.g., PET – Positron Emission Tomography) à física de partículas. Como refere o investigador, “o foto-sensor gasoso em desenvolvimento apresenta excelentes características para futuras aplicações na detecção de fotões, uma vez que tem a capacidade de contar fotão a fotão, apresentando-se como uma forte alternativa aos tubos fotomultiplicadores convencionais e aos photomultiplicadores semicondutores, nomeadamente quando áreas de detecção elevadas são necessárias, como no caso dos sistemas de cintigrafia (SPECT) e PET. Também a sua insensibilidade a campos magnéticos elevados tais como os existentes em sistemas de Imagiologia por ressonância Magnética (IRM) poderá considerá-lo como uma forte opção na utilização em sistemas combinados (PET/IRM)”. A Detecção da Radiação e Imagiologia Médica (DRIM) é uma área criada recentemente na UA, que conta já com um laboratório com as infraestruturas necessárias para o estudo e desenvolvimento de detectores de radiação γ, X, UVV, visível e neutrões, baseados em microestruturas a operarem em ambientes gasosos. A investigação que o grupo presentemente desenvolve está fortemente ligada à Imagiologia Médica, nomeadamente ao desenvolvimento de Câmaras Gama para Cintigrafia para a detecção de pequenos tumores, mamografia e imagiologia de pequenos animais; ao desenvolvimento de um pequeno Sistema CT com Resolução em Energia para pequenos animais single-slice e multi-slice; e ao desenvolvimento de um foto-sensor com capacidade de leitura a 2D e sensível ao visível e respectivo acoplamento a cristais cintiladores para aplicações à cintigrafia e para

desenvolvimento de sistemas PET, entre outros. Uma outra forte componente de investigação está relacionada com as actividades no âmbito das colaborações internacionais que tem vindo a estabelecer para o desenvolvimento e estudo de detectores de radiação e dos processos físicos associados nas mais variadas aplicações. Neste momento, o DRIM, contando com uma equipa de 15 investigadores, encontra-se a desenvolver investigação ao mais alto nível com o CERN, o Weizmann Institute of Science (Israel), o Rutherford Appleton Laboratory (Inglaterra), o Paul Scherrer Institute (Suíça), o INFN- Instituto Nazionale di Fisica Nucleare (Itália), o Institut de Fisica d’Altes Energies (IFAE) da Universtitat Autònoma de Barcelona e o GIAN – Departamento de Física da Universidade de Coimbra, entre outros.

ua colabora com o cern na área da detecção da radiação e imagiologia médica


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maio ‘09

em 2012 a 4ª geração será uma realidade daidalos antecipa futuro das tecnologias móveis Em finais de 2008, o projecto europeu IST-Daidalos II, do qual o Instituto de Telecomunicações – pólo de Aveiro é parceiro, apresentou os seus primeiros resultados. Envolvendo um consórcio com 46 entidades, a investigação desenvolvida ao longo dos últimos cinco anos explorou o futuro das tecnologias móveis. Tecnologias de redes heterogéneas integradas que permitam aos fornecedores de serviços e operadores de redes oferecer novos serviços pessoais de voz, dados e multimédia vão ser uma realidade já em 2012.

Quando os sistemas 3G fazem cada vez mais parte do passado, coloca-se um novo desafio: o desenvolvimento de infraestruturas avançadas de redes e de acesso às comunicações para múltiplos serviços de localização personalizadas. Antecipando o futuro, o Daidalos, um projecto financiado pela União Europeia com um orçamento de 73 milhões de euros, e que envolveu 46 parceiros, entre os quais o Instituto de Telecomunicações – pólo de Aveiro, dedicou cinco anos ao desenvolvimento de uma arquitectura aberta para integração de redes de comunicações. A tecnologia desenvolvida baseia-se num protocolo comum de redes IPV6, através da qual operadores de redes e prestadores de serviços poderão proporcionar um acesso inteligente combinado com um fornecimento dinâmico de serviços. Como explica o Prof. Rui Aguiar, coordenador do projecto no IT, “as novas redes de comunicações desenvolvidas pelo Daidalos vão permitir que cada usuário possa beneficiar de serviços de comunicações personalizadas, tais como serviços de informação. Há um conjunto de novas possibilidades que se estão a abrir e no qual as comunicações móveis poderão fornecer respostas muito interessantes. Este projecto fez-nos pensar como seriam as próximas gerações de dispositivos móveis que podem surgir em vários suportes e as potencialidades são imensas”.

Os resultados obtidos ao fim dos cinco anos são promissores, como se pode verificar nos cenários da vida real que Rui Aguiar utiliza para exemplificar o seu carácter inovador. “Usando o comando de uma TV integrada no PDA, por exemplo, um telefonema pode ser transformado em videoconferência no ecrã da TV sem interromper a chamada enquanto que o programa de TV personalizado está automaticamente ajustado à duração desta chamada. Durante a videoconferência, os parceiros podem inclusive trocar informações de dados. Se o utilizador necessitar de se deslocar, os serviços acompanham-no. Ao aproximar-se do veículo equipado com o sistema Daidalos, o veículo detecta o chip do usuário que está integrado num equipamento pessoal. O sistema “onboard” é automaticamente activado e o “setup” pessoal é descarregado”. A nova tecnologia garante uma interacção simultânea entre a base e os sistemas móveis, por isso, todos os serviços são automaticamente transmitidos para o computador do carro prontos a serem utilizados a partir do momento em que o condutor se senta ao volante. A chamada é transferida para o kit de mãos livres do carro e o computador recebe também informações acerca do destino desejado pelo condutor e activa automaticamente o sistema de navegação por GPS, requisitando dados da rota a seguir e calculando a mesma, ao mesmo


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tempo que providencia um lugar de estacionamento no destino. Com o arranque do veículo, o sistema passa automaticamente do sistema de videoconferência para o modo de voz. “Os serviços de informação podem também ser recebidos dentro do carro enquanto este estiver em movimento, ao mesmo tempo que o sistema de navegação guia o condutor para um eventual lugar de estacionamento reservado, debitando automaticamente o seu custo à companhia que gere o parque. Quando o carro é desligado, o sistema activa automaticamente o modo de transmissão áudio/vídeo”, acrescentou Rui Aguiar. Mas as potencialidades não se esgotam aqui. Como explica o investigador “ao fechar o carro, o sistema encerra automaticamente e todas as actividades são transferidas para um dispositivo móvel. As unidades individuais de comunicação permitem trocar informações acerca da localização que os usuários devem seguir até um ponto de encontro com outros usuários. Para além disso, utilizando a rede e os serviços de tecnologia da Daidalos, pode pensar-se, também, em novas aplicações tais como comunicação carro-a-carro. Os veículos equipados com esta tecnologia são capazes de comunicar entre si e de trocar informações de tráfego, as quais podem ser transmitidas a centros de emergência regionais via receptores e transmissores externos”. Tudo isto só é possível devido a cinco aspectos inovadores característicos das redes de 4ª geração que o Daidalos integra: o VID, a identidade virtual de um usuário que vai definir a rede que processará as suas comunicações; o MARQS, mobilidade, qualidade de serviços e a segurança; a USP, a capacidade da rede a receber um conjunto de estímulos num contexto de múltiplas fontes e de ser capaz de os processar de modo a dar

daidalos antecipa futuro das tecnologias móveis

a melhor solução de comunicações; a federação, o aspecto que devolve o estabelecimento de relações entre múltiplos aparelhos e diferentes operadores de comunicações; e o SIB ou Broadcast, o sistema de comunicações de entretenimento universais. Se tudo correr como previsto, em 2012 todas as funcionalidades anunciadas para a 4ª geração de tecnologias móveis poderão tornar-se uma realidade. As novidades deste projecto são divulgadas em http://www.ist-daidalos.org.

Universidade de Aveiro associa-se à criação do “laboratório vivo” em iluminação Com base numa parceria estabelecida entre o município de Águeda, empresas da região, ligadas ao sector da iluminação e das tecnologias da informação e electrónica, e a Universidade de Aveiro, através da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), foi criado um “Lighting Living Lab” (laboratório vivo) com o objectivo de promover e apoiar a inovação aberta, assente na participação activa do utilizador final, no domínio da iluminação. O “Lighting Living Lab”, para além de contribuir para a implementação das políticas europeias de energias sustentáveis/eficiência energética, constitui, também, uma grande oportunidade para o desenvolvimento de novos produtos, serviços e aplicações na área da iluminação, ao mesmo tempo que potencia a criação de novos negócios e oportunidades de mercado. Este novo laboratório integra também, desde Novembro último, o Novo Sistema de Inovação Europeu, já que é um dos oito laboratórios portugueses acreditado pela Rede Europeia de Living Labs (ENoLL).A criação de um “Living Lab” no sector da iluminação, área com forte representação no concelho de Águeda, é um dos resultados do Projecto RIC Águeda – Rede de Cooperação para a Inovação e Competitividade de Águeda, dinamizado pela autarquia local, e que teve a UA e a ESTGA como membros do seu Núcleo Estratégico e Prospectivo. A escritura pública de constituição formal deste laboratório realizou-se no início do mês de Maio, em Águeda. Na cerimónia estiveram, além de individualidades locais, o responsável máximo pelos “Living Labs” na Comissão Europeia e o representante do Gabinete de Coordenação da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico.


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centro de estudos de jazz

universidade de aveiro pioneira na investigação do jazz em portugal Com a criação do Centro de Estudos de Jazz (CEJ-UA), a Universidade de Aveiro foi a primeira universidade portuguesa a enquadrar o jazz como uma área de investigação e a criar o primeiro centro de documentação especializado na área. Actualmente, a UA está perfeitamente integrada nas tendências internacionais.

Depois de ter sido pioneira na criação, em 1989, da primeira Licenciatura em Ensino de Música, a UA volta a destacar-se pelo seu pioneirismo nesta área com a criação em Portugal do primeiro centro de investigação dedicado ao jazz. O CEJ-UA deu os primeiros passos em 2004, com o intuito de se constituir como o primeiro centro de documentação especializado na área do jazz em Portugal. O mote do desenvolvimento desta área foi a doação à UA do acervo de Jazz de José Duarte, o crítico e animador de Jazz, que depois de mais de 50 anos dedicados ao Jazz ainda mantém na Antena 2 o seu programa “Jazz com Brancas’ e o clássico “Cinco Minutos de Jazz”, o mais antigo programa diário da rádio portuguesa. A sua colecção é composta por um vasto conjunto de espécies documentais associadas ao jazz, entre as quais se incluem, para além de inúmeros manuscritos, material fonográfico, videográfico, filmográfico, fotográfico, bibliográfico, e ainda um conjunto disperso de documentos tais como manuscritos de programas de rádio, imprensa e televisão, autógrafos de importantes figuras do jazz, recortes de jornais e revistas, posters e cartazes desde o primeiro festival de jazz de Cascais (1971), e objectos

associados a eventos importantes, como por exemplo aparelhos de rádio. O arranque das actividades do Centro, deu-se, assim, com o tratamento, classificação, preservação e disponibilização da documentação que integra os acervos das colecções doadas à UA sobre esta temática, nomeadamente, a de José Duarte, a que se vieram a juntar as de David Ferreira e de Carlos Martins. Parte do acervo de Jazz da UA já pode ser visto e ouvido on-line em http://jazz.sinbad.ua.pt/, o repositório que sustentará a sala do futuro Museu Virtual da UA. Uma característica essencial de um centro documental é a garantia de uma permanente actualização dos seus fundos, preocupação e acção que a UA tem mantido ao longo dos anos, através da aquisição sistemática de livros e discos e da assinatura de revistas da especialidade. Para além da componente documental, o CEJ-UA surgiu com a missão de desenvolver projectos de investigação no domínio do jazz e em áreas temáticas associáveis ao acervo, em consonância com o Departamento de Comunicação e Arte e as suas estruturas de investigação, instituindo-se como um pólo atractivo privilegiado de acolhimento de investigadores nacionais e estrangeiros.

O balanço do trabalho desenvolvido pelo CEJ, na sua breve existência, é bastante positivo também em termos de organização de encontros científicos centrados nos Estudos de Jazz, bem como no que respeita a promoção e divulgação do jazz na sua vertente performativa. Em 2008 foram realizadas duas “masterclasses” com o pianista Mário Laginha e um fórum de discussão denominado “Sons & Saberes Jazz”, que proporcionou uma discussão acerca dos Estudos em Jazz, inscrevendo-se na perspectiva dialógica da Etnomusicologia tentando pôr em diálogo investigadores e elementos que sejam insiders no universo estudado. Para comemorar os seus 50 anos de dedicação ao jazz e 70 de idade, o CEJ-UA lançou, também em 2008, o DVD “José Duarte a solo”, da autoria de Susana Sardo e que faz a ponte entre o percurso de José Duarte pelo Jazz e o acervo documental que reuniu. Para além desta publicação, este acervo deu azo a várias comunicações em actas de eventos científicos. Como explica Susana Sardo, Directora do Centro, “a configuração da colecção, assim como os pressupostos que garantem a sua manutenção, confundem-se de algum modo com o seu colector. Correspondem às suas escolhas e adopções, contam a história do seu percurso pessoal e profissional,


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da sua aproximação ao jazz, das suas empatias e antipatias, das suas amizades, do seu entendimento sobre o próprio conceito de música, de jazz e de colecção, a qual é, ela própria, um conjunto performativo permanentemente inacabado. (…) É justamente neste ponto que a Colecção José Duarte adquire um valor singular porque reproduz, pela sua concepção, provavelmente circunstancial, os princípios que norteiam a concepção jazzística da música”. Em 2009, outras iniciativas estão em perspectiva e virão a público resultados de outras vertentes investigativas mais abrangentes. Hélder Bruno Martins e Luís Figueiredo estão a desenvolver duas teses que focam “Os Jazzes” – a ingénua irreverência. Estudo etnomusicológico sobre a emergência do Jazz no meio rural em Portugal entre 1920 e 1960”, e as “Coisas da Terra – O Piano e os Pianistas no Jazz em Portugal”, respectivamente. O primeiro estudo vai permitir conhecer e compreender a génese dos “Jazzes”, os condicionalismos da sua emergência, as motivações e as formações musicais dos seus elementos e o papel que desempenharam nas comunidades a que pertenciam. O segundo analisa a música dos primeiros representantes do piano num género virgem no país (António Pinho Vargas, João Paulo Esteves da Silva, Mário Laginha e Bernardo Sassetti), o seu lugar no panorama do Jazz, e a sua portugalidade, oferecendo, desta forma, um importante contributo para a compreensão do Jazz Português. A investigação que dará origem às suas teses está a ser desenvolvida no seio do Centro, actualmente integrado no pólo de Aveiro do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança.

Esperando atrair mais investigadores, o futuro mais imediato do CEJ-UA passa por concretizar projectos colectivos e parcerias com instituições

universidade de aveiro pioneira na investigação do jazz em portugal

de relevo na área do jazz e da investigação, bem como albergar eventos nacionais e internacionais nesta área.

“Wildlife Biology in Practice” é editada em parceria com a UA Primeira revista portuguesa open-acess com mais de 100 mil artigos descarregados em quatro anos Publicada pela primeira vez em Junho de 2005, a “Wildlife Biology in Practice” (WBP) é a primeira revista portuguesa em formato Open-Acess. Editada pelo Laboratório Associado CESAM e pelo Departamento de Biologia da UA, pela Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem e pelo Departamento de Biologia da UM, esta publicação conta já com 112 173 artigos descarregados até Janeiro deste ano e está indexada em 12 bases de dados internacionais. Actualmente, está em avaliação pelo ISI Thompson para atribuição de um “Impact Factor”, métrica que reflecte o impacto que os artigos publicados numa revista têm na Comunidade Científica internacional. Já com quatro números publicados em oito volumes, a WBP foi criada com um conceito editorial em forte expansão, apostando nas novas tecnologias digitais que permitem o acesso a um maior número de potenciais leitores possível. O balanço destes primeiros quatro anos de existência não podia ser melhor, segundo o Prof. Amadeu Soares, do CESAM/Departamento de Biologia da UA. “Os números falam por si. Em apenas quatro anos, a WBP já publicou 49 artigos, provenientes de 17 países (EUA com 13 artigos, seguido de Portugal com nove e Espanha com oito, tendo em 2008 sido visitada por cerca de 13 mil investigadores, uma média de 30 visitas por dia, num total de 60 517 páginas visualizadas. Os visitantes são provenientes de 52 países com especial destaque para Portugal, EUA, Brasil, Reino Unido e Canadá”. Integrando artigos que abordam as temáticas relacionadas com técnicas, gestão, conservação, educação, censos populacionais, fisiologia e doenças em vida selvagem, interacção Homem – vida selvagem e ordenamento e gestão de recursos faunísticos e dos seus habitats, a publicação está indexada em 12 bases de dados – “Scopus”, “PkP – Public Knowledge Project”, “EBSCO A-to-Z”, “MedBioWorld”, “Ulrich’s Periodicals Directory”, “Td–Net – Swiss Academy of sciences”, “Open J-Gate”, “New Jour – Electronic Journals and Newsletters”, “DOAJ – Directory of Open Access Journals”, “OAIster”, “Scholar Google” e “Zoological Records”. A WBP surge, ainda, nas buscas dos principais motores de busca, encontrando-se referenciada e incluída nos catálogos online de dezenas de bibliotecas universitárias internacionais, no ISI Master Journal List e na capa da brochura do Public Knowledge Project (PKP). A revista pode ser consultada em http://socpvs.org/journals/index.php/wbp


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Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro a ciência ao serviço do público Situada no edifício da antiga fábrica de moagens da cidade, a Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro é assumidamente um importante veículo de divulgação da cultura científica e tecnológica da Universidade de Aveiro. Em laboração contínua desde 2004, a Fábrica conheceu, em Fevereiro último, uma nova Comissão de Gestão, constituída pelos professores Ivonne Delgadillo, Presidente, António Batel Anjo, vogal com atribuições específicas de ligação com a Fundação João Jacinto de Magalhães, e Pedro Pombo, Director e vogal com responsabilidades na articulação com a Agência Nacional Ciência Viva. Os objectivos estratégicos, os desafios e os novos programas do centro foram traçados na entrevista que se segue.

Revista Linhas (RL) – Como surgiu o convite para dirigir a Fábrica – Centro Ciência Viva? Pedro Pombo (PP) – O convite surgiu de uma forma natural devido à colaboração que já existia com a Fábrica – Centro Ciência Viva (FCCV). Eu trabalho na área da divulgação da ciência, já há muitos anos, quer com projectos da Ciência Viva quer com escolas e já vinha colaborando e apoiando um conjunto de actividades, com este centro, desde o início. Fazia também parte do Conselho Científico da FCCV. Quando o Prof. Paulo Trincão [antigo Director] resolveu sair, houve, por parte da Reitoria da Universidade de Aveiro (UA), um repensar da questão da direcção, da gestão, do conceito de Fábrica e da divulgação da ciência em geral. Nesse sentido, a Reitoria resolveu nomear não uma pessoa, mas uma Comissão, constituída por três elementos: a Prof. Ivonne Delgadillo, na qualidade de Presidente, com ligação à Reitoria, o Prof. António Batel Anjo, na qualidade de vogal, com ligação à Fundação João Jacinto de Magalhães e eu, como Director, com funções de articulação com a Agência Nacional Ciência Viva.


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RL – Como é que a nova Comissão encarou este desafio? PP – Considero este convite / nomeação um desafio interessante. Acho que esta é uma oportunidade para darmos seguimento ao bom trabalho que foi feito e de tentarmos levar a FCCV mais além. O nosso Centro de Ciência Viva é um centro especial, no sentido em que tem uma ligação muito próxima à universidade, há uma espécie de “casamento”. Temos uma resposta muito positiva por parte da UA, em termos da equipa docente, dos investigadores, alunos, bolseiros, e todos se sentem muito motivados para colaborar, interagir e dar ideias. É necessário que a comunidade universitária veja a Fábrica como algo mais do que o Centro de Ciência Viva da cidade. A FCCV, no fundo, é também a divulgação da Universidade. RL – No Despacho Reitoral de nomeação da nova Comissão pode ler-se que “ a Fábrica será a responsável pela missão de divulgação científica que a UA assume (…) devendo existir uma articulação do Centro com o resto da actividade homóloga da UA”. O que é que esta direcção tem previsto para dar resposta a este pressuposto? António Batel Anjo (BA) – A ideia é promover mais iniciativas nos vários Departamentos da UA e organizá-las de maneira a terem “um chapéu” onde se possam enquadrar. É este o projecto de

Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro

FCCV que defendemos. Esta ideia de deslocação dos conceitos de “Fábrica” e “ciência viva” é importante para se criarem as sinergias necessárias, dentro da UA, para que a FCCV possa ser uma montra daquilo que se faz na divulgação, na investigação e nos diversos domínios da Universidade. Pretendemos constituir um grande Centro de Ciência Viva, em Aveiro, que se quer compor, não só com a UA, mas também com a região, transformando-a num pólo de desenvolvimento.

programas de divulgação – e trabalho de divulgação em projectos com escolas. Há muitas actividades que nascem como resultado do know how e dos projectos desenvolvidos nos Departamentos da UA e que depois são transpostas para o ambiente não-formal. BA – Convém salientar também que este Centro de Ciência está aberto a vários públicos, logo, tem de haver um cuidado para que todas as actividades que a Fábrica oferece, sejam entendidas por todos.

RL – No sítio da Fábrica (http://www.ua.pt/fabrica) pode ler-se que “a experimentação surge das formas mais inesperadas”. Como é que é pensada e implementada a estratégia do “hands-on” tão característica dos centros de ciência e deste em particular? PP – A equipa reúne e pensa em linhas de acção e objectivos associados a essas linhas de acção. A FCCV é um espaço de aprendizagem não formal. Mas, quando elaboramos um programa, temos em atenção os programas curriculares das escolas para que a actividade esteja relacionada e funcione como um complemento, porque também estamos atentos ao tipo de experimentação que se faz nas escolas, ou devia fazer. Depois junta-se um conjunto de peritos científicos – e a Comissão Científica dá um apoio muito forte, porque tem experiência a desenvolver

RL – A actual Direcção foi conhecida a 23 de Fevereiro, no decurso do primeiro trimestre, e portanto, já com um plano de actividades em marcha. O plano para 2010 já se encontra definido? O que podem encontrar os visitantes da FCCV, no próximo ano? PP – Quando esta transição decorreu havia um conjunto enorme de actividades que já estavam formalizadas, com convites, com programas fechados, com convidados quer da UA quer de fora, não havendo muito espaço para começar, de imediato, com uma grande quantidade de inovação e de novas actividades. Além disso, a FCCV tem um conjunto bastante variado de actividades que foram implementadas há bastante tempo, mas que decorrem muito bem e que têm muita qualidade e, portanto, o que está bem feito não se muda. Fomos, no entanto, “críticos criativos” em relação a outros aspectos e temos vontade de trazer um outro programa


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de actividades e de pôr em prática um conjunto de ideias que nos surgiram. Uma dessas novas actividades foi inaugurada no início deste mês de Maio, na Ovibeja. Intitula-se “Ciência do Azeite” e é um exemplo de uma actividade que integra um conjunto de workshops que, brevemente, iremos começar a organizar aqui, para que os jovens possam depois reproduzir em casa e na escola. Outra novidade prende-se com a realização de uma exposição que se chama “Física no dia-a-dia”, baseada no “Livro Vivo de Rómulo de Carvalho”. Esta é uma exposição criada pelo Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, foi cedida à FCCV e nós estamos a melhorá-la e em fase de montagem. Neste contexto da exposição temos já várias ideias para integrarem um programa de oferta para escolas. BA – Rómulo de Carvalho/António Gedeão faz 103 anos a 24 de Novembro (Dia da Cultura Científica) e nós estamos a tentar criar um programa conjunto de actividades, para assinalar a data, que envolva os Departamentos de Física, Química, Matemática e Línguas e Culturas da UA. Ivonne Delgadillo (ID) – Parte da exposição baseada na obra do Rómulo de Carvalho que a FCCV terá patente, em breve, pode já ser vista no Instituto de Educação e Cidadania (IEC), na Mamarrosa, fruto de uma parceria da Fábrica e da UA com o Instituto.

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PP – Dividimos a exposição: no IEC estão 20 perguntas do livro e 25 por cento da exposição. Há hipótese de os módulos expositivos do IEC virem, depois, para a FCCV e outros seguirem para lá, reformulando-se assim a exposição. RL – Esta parceria com o IEC é apenas um exemplo de colaborações que são estabelecidas entre a Fábrica e as entidades/empresas da região. Prevê-se que estas parcerias, também ao nível do mecenato, venham a repetir-se? PP – A FCCV tem todo o interesse em estabelecer colaborações e protocolos com empresas e entidades que possam ajudar a fazer a actividade da Fábrica não só como mecenas, mas também como parceiros. BA – Julgo que quando começar a parceria com a região e as actividades se desconcentrarem, vão aparecer mais empresas interessadas na Fábrica. Quase todos os municípios à volta de Aveiro têm excelentes condições para acolher actividades de divulgação de ciência: têm anfiteatros de qualidade, têm excelentes espaços e, ao criar um programa de aproximação às autarquias, as próprias empresas também vão começar a responder de outra forma e será mais fácil que elas se envolvam e que cumpram o chamado “programa de responsabilidade social”.

RL – O Dr. Pedro Pombo (à semelhança do que o Prof. Batel faz há já duas décadas com o PmatE e a Prof. Ivonne, mais pontualmente), tem desenvolvido intensa actividade de divulgação científica junto das escolas e dos professores do ensino secundário. A FCCV tem prevista alguma acção particular para o público escolar? ID – Os propósitos da Reitoria, nesta interacção das Universidades com as Escolas, assentam na tentativa de articular, de certa forma, as actividades dos Departamentos, e de tentar fazer uma programação atempada de modo a informar as escolas do que podem encontrar. Pretende-se que haja um pouco mais de organização para que os programas funcionem melhor. A Comissão Científica do Centro – formada pelos professores Ana Maria Rodrigues, Ana Valente Rodrigues, Maria Helena Mendes, Artur Pereira e Vítor Santos – está muito motivada para participar activamente na programação e na definição do que serão as actividades futuras, em estreita colaboração com os Departamentos. PP – A FCCV está muito bem ao nível do 1º e 2º ciclo, mas poderá estar melhor ao nível do 3º ciclo ou secundário. Claro que são públicos mais difíceis – e ainda bem que a Fábrica começou a trabalhar com o 1º ciclo porque é a melhor maneira de se começar – mas temos toda a obrigação e vontade de tentar apostar em programas e actividades um pouco mais arrojadas. Temos de ter em atenção que existe, actualmente, uma motivação (ou obrigação) por parte dos professores, por causa de questões de avaliação e da dinâmica que se cria em torno de disciplinas como a “Área-Projecto”. E, nesse sentido, podemos trazer para a FCCV, já no próximo ano lectivo, muitos estudantes da faixa etária do secundário, num contexto mais escolar, com professores e com as escolas. Por essa razão, estamos a pensar num programa educativo


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com uma ligação mais forte às escolas da região. Queremos que os jovens e os professores sintam que têm na FCCV um complemento não formal, obviamente, e útil para a sua formação, do ponto de vista científico. E nesse sentido é importante que exista um plano educativo que, como verificámos, a Fábrica não tinha. RL – E relativamente aos públicos não escolares? Como se posiciona a Fábrica? PP – Estamos a delinear um conjunto de actividades que se projectem na comunidade, ou seja, um programa educativo com itinerâncias. RL –Estarreja foi um dos últimos destinos que acolheu a “laboração” da Fábrica, com a actividade “Espaço Ciência”. Presume-se, com a resposta anterior, que a actividade da Fábrica vai continuar a apresentar-se “fora de portas”? PP – Estarreja é um exemplo pioneiro mas o nosso objectivo é colaborar objectivamente com todas as autarquias da Comunidade Intermunicipal da Ria de Aveiro (CIRA) para podermos levar a ciência e a Universidade à nossa região. RL – A estratégia da Fábrica, em termos de intervenção geográfica, passa também por Espanha? PP – A Fábrica tem vindo a participar em projectos ibéricos. Um desses exemplos é o concurso “Ciencia en Acción”, um evento onde há partilha de experiências de divulgação da ciência e que tem criado oportunidades. Na edição do ano passado houve a possibilidade de a FCCV e a UA colaborarem com a Universidade de Múrcia, através do projecto “Química por Tabela”. Existem, ainda, muitos contactos com Centros de Ciência Viva de Espanha, e outros, que surgem através de participações e colaborações em conferências.

RL – Prevê-se que a Fábrica labore noutras áreas – e fazendo o paralelismo com a Fundação João Jacinto de Magalhães – como por exemplo, nas artes e cultura? BA – Há algumas ideias de tornar o acervo da UA visível – as colecções de discos de jazz, de cartazes, de vidros, etc. – integrá-lo no conceito do “chapéu” e criar uma “Fábrica de Cultura”, em conjugação com os Serviços de Relações Externas da UA. ID – Isso não significa que as colecções tenham de passar integralmente para a Fábrica. O que se pretende é criar um programa que chame a atenção para esse património. RL – Existe um projecto de recuperação e requalificação do edifício de Moagens, que alberga a Fábrica? Quais são as prioridades? PP – Há um projecto UA – Câmara Municipal de Aveiro, no âmbito das parcerias para a regeneração urbana, que prevê a recuperação de toda a zona do Alboi (onde se situa a FCCV), incluindo o edifício das Moagens, e consequentemente, a Fábrica.

ano de criação 2004 nº visitantes 30 mil/ano contactos Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro (antiga Companhia Aveirense de Moagens) Rua dos Santos Mártires 3810-171 Aveiro tlf. 234 427 053 / 234 427 859 fax 234 426 077 fabrica.cienciaviva@gabs.ua.pt horário 3ª a 6ª feira · 10h00 › 18h00 sábados, domingos e feriados · 11h00 › 19h00 Encerra à segunda-feira

Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro


departamentos em revista…

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departamento de ambiente e ordenamento escola de referência há 30 anos Criado em 1979, o então designado Departamento de Ambiente, albergou o primeiro curso de Engenharia do Ambiente do país. Hoje, o Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO), que acolheu também, entre 1983 e 2005, a primeira licenciatura em Planeamento Regional e Urbano ministrada em Portugal, é frequentado por 394 estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento e conta com um corpo docente constituído por 19 professores, todos doutorados e em dedicação exclusiva, 12 colaboradores não docentes e 39 bolseiros. A par do ensino, as acções de cooperação com a sociedade e a qualidade da investigação que produz são aspectos cruciais na vida deste Departamento com 30 anos de história.


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Projecto SAL, ESGIRA-MARIA, SaudAr, CARBOSOL, ou INTERFACE. (ver descrição nas pág 38 e 39). Estes são apenas alguns exemplos de estudos em que o Departamento de Ambiente e Ordenamento esteve recentemente envolvido para, grosso modo, avaliar os efeitos da qualidade do ar e relacioná-los com a saúde humana, revalorizar as salinas do Atlântico ou, ainda, definir uma estrutura de gestão integrada para a Ria de Aveiro. Reconhecida nacional e internacionalmente, a investigação é uma área fundamental na estratégia de desenvolvimento deste Departamento da Universidade de Aveiro, que há 30 anos iniciou uma relação de cooperação com a sociedade, inovadora à época. Com o laboratório natural da Ria de Aveiro em pano de fundo, a criação do primeiro curso do país em Engenharia do Ambiente foi uma aposta pioneira na Europa que a UA assumiu em 1976, apenas três anos após a criação da própria Universidade, em 1973. “Foi uma aposta difícil mas que se revelou totalmente adequada. Na época entendia-se que a formação em ambiente deveria ser ministrada ao nível da pós-graduação, mas a nossa visão apontava para a necessidade de uma formação, de base, interdisciplinar nas ciências básicas de ambiente. Assim se construiu o que é hoje uma escola reconhecida em Ciências e Engenharia do Ambiente”, lembra o Prof. Carlos Borrego, um dos primeiros professores do curso e actual presidente do Conselho Directivo do Departamento de Ambiente e Ordenamento. Conta o Professor Borrego que, em 1975, os departamentos de Física, Química, Biologia e Geociências começaram a admitir docentes, com um amplo leque de formação, para a chamada área das Ciências do Ambiente, vindos de escolas de referência, como a Faculdade de

Engenharia da Universidade do Porto e o Instituto Superior Técnico. Ele próprio, colega de António Guterres, no Técnico, foi disso exemplo e um dos docentes a quem foram dadas condições para se doutorarem em escolas europeias de reconhecida qualidade nos domínios ambientais relevantes na altura: poluição atmosférica, águas e tratamentos de esgotos, tratamento de resíduos e ordenamento do território. Em 1979, três anos depois da aprovação do curso de Engenharia do Ambiente, foi criado o Departamento de Ambiente, que começou por se instalar no actual edifício do IDAD, concluído em 81. Nesse ano lectivo, para além do Prof. Carlos Borrego, estavam afectos ao Departamento dois outros docentes doutorados e dois em doutoramento. O curso de Engenharia do Ambiente era frequentado por 15 alunos. Nos primeiros anos, o mercado não estava muito receptivo a esta nova formação, mas a colocação das questões ambientais na ordem do dia, a par da entrada na Comunidade Europeia e subsequente legislação, vieram impor a sua necessidade. Ao mesmo tempo, as actividades de investigação e as prestação de serviços foram-se mostrando decisivas para a projecção de uma imagem de qualidade e capacidade do Departamento na resolução dos problemas que se punham de modo cada vez mais premente à sociedade e aos decisores políticos. Neste contexto, “os primeiros licenciados foram completamente absorvidos pelas empresas da região. Mesmo hoje, os Engenheiros do Ambiente têm uma taxa de empregabilidade muito elevada”, afirma o Prof. Borrego, nomeando uma série de antigos alunos do Departamento que ocupam altos cargos em organismos estatais e empresas privadas. Por outro lado, acrescenta ainda: “em 30 anos,

departamento de ambiente e ordenamento

O DAO em números... 30 são os anos que o Departamento completa em 2009 222 é o número de alunos que frequentam, este ano lectivo, a Licenciatura em Engenharia do Ambiente 45 foram as vagas abertas no ano lectivo 2008/2009 para a licenciatura em Engenharia do Ambiente e totalmente preenchidas na 1ª fase 169,9 foi a nota do 1º colocado, este ano lectivo, em Engenharia do Ambiente 133,0 a nota do último colocado, este ano lectivo, em Engenharia do Ambiente 24% foi a percentagem de alunos que escolheu o curso em 1ª opção, 34% em 2ª e 32% em 3ª opção. 29% foi a percentagem de alunos que, este ano, ingressaram em Engenharia do Ambiente oriundos de Aveiro. Do Porto entraram igualmente 29%, de Braga 20% e de Leiria 7%. Em menor percentagem chegaram de Faro, Castelo Branco e outras zonas do país. 26 é o número de estudantes que frequentam, este ano lectivo, os mestrados pré-Bolonha 202 é o número de alunos que frequentam, este ano lectivo, os mestrados Bolonha 20 é o número de alunos em doutoramento 3 é o número de estudantes do Programa Doutoral 19 é o número de professores do Departamento, todos doutorados e em dedicação exclusiva 12 é o número de colaboradores não docentes 39 é o número de bolseiros de pós-doutoramento, doutoramento, mestrado e investigação 23 é o número de projectos de investigação em que os docentes do DAO se envolveram em 2007, sete dos quais foram financiados pela Comissão Europeia, 14 pela FCT, um pelo Ministério da Agricultura e um pelo Fundo Florestal Permanente 250.000 euros é a receita anual do DAO por via das suas colaborações externas


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foram muitos os projectos, quer de investigação quer de relação com a sociedade, que contribuíram para a afirmação do Departamento de Ambiente e Ordenamento, assim designado a partir de 1983, data em que entrou em funcionamento a primeira Licenciatura do país em Planeamento Regional e Urbano. “A área dos incêndios florestais, iniciada em 91 com o projecto CE MISTRAL, é um exemplo da investigação que desenvolvemos. Seguiram-se vários outros projectos, em várias áreas. Recordo o primeiro, iniciado em 81: um estudo feito para a EDP para a instalação da Central Térmica que acabou por ficar localizada no Pego (Abrantes)”.

... e em factos O Departamento de Ambiente e Ordenamento é membro de vários organismos exteriores à Universidade (CNADS, PACOPAR), participa em painéis de peritagem, avaliação, júris e como Delegado Nacional em Comités Internacionais (Comité Ambiente do Programa Quadro de Investigação da UE, European Association for the Science of Air Pollution – EURASAP). Tem protocolos de colaboração com diferentes instituições, de que são exemplo: Associação de Municípios da Ria, INAG, CCDR-Centro; CCDR-Norte; Associação Centro de Ciência Viva de Proença-a-Nova; Instituto de Conservação da Natureza; Gabinete Estudos e Planeamento; APA, Fundação Calouste Gulbenkian; Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. A investigação que produz é divulgada através da participação dos membros do DAO em conferências nacionais e internacionais e da publicação em revistas internacionais.

A relação com a sociedade e o mercado foi, de resto, reforçada com a criação do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, há 16 anos. “O IDAD é mais uma peça relevante na estratégia que o Departamento assumiu de passar para as empresas o que se faz bem na investigação e pode dar frutos no meio empresarial”, esclarece o Prof. Carlos Borrego. Para além das várias empresas na área do Ambiente que fez nascer em Aveiro (Eco 14, Sondar, Enviroria, Recurso, etc.), o IDAD - que conta com 19 funcionários e factura anualmente em média 1,6 milhões de euros - foi responsável, só em 2008, por cerca de 90 projectos para quase outros tantos clientes. Um dos mais emblemáticos foi o Estudo de Incidências Ambientais de duas localizações do novo Aeroporto de Lisboa (que levou à mudança da localização da OTA para Alcochete), realizado para a CIP, em 2007. (ver, na caixa da página 37, exemplos de projectos adjudicados ao IDAD, em 2008)

segurança ambiental e prosperidade: lema já em marcha Instalado, desde 1990, num edifício projectado pelo arquitecto Firmino Alberto Trabulo, o DAO ministra actualmente a licenciatura em Engenharia do Ambiente (3 anos), os mestrados em Engenharia do Ambiente, em Ciências do Mar e Zonas Costeiras, em Sistemas Energéticos Sustentáveis e o Joint European Master in Environmental Studies, a par dos doutoramentos em Ciências Aplicadas ao Ambiente, e em Ciências e Engenharia do Ambiente. Em finalização estão ainda sete cursos de mestrado pré-Bolonha. É frequentado por um total de 394 estudantes e a maioria do seu corpo docente e bolseiros integram a Unidade de Investigação “Centro de Estudos do Ambiente e do Mar” – CESAM, que desde 2004 assumiu o estatuto de Laboratório Associado, atribuído pelo Ministério da Ciência Inovação e Ensino Superior.

A actual estratégia do Departamento de Ambiente e Ordenamento reflecte-se no desenvolvimento de projectos de formação inicial, mestrados, programas doutorais e investigação. De acordo com o Prof. Carlos Borrego pretende-se dar resposta a um duplo objectivo: fazer face à necessidade de resolução de problemas ambientais, apostando na área dos sistemas e tecnologias; e ter em atenção as alterações do enquadramento profissional tradicional, contemplando a desejável aproximação entre a Universidade e a Sociedade. Neste sentido, o Presidente do Conselho Directivo do DAO defende que para promover o desenvolvimento sustentável do ambiente natural e humano e dos próprios recursos, torna-se indispensável conhecer mais e melhor as interacções entre biosfera, ecossistemas e actividades humanas, desenvolver novas tecnologias, instrumentos e serviços, no sentido de se abordarem os problemas ambientais de um modo integrado. “Parece, assim, evidente que devemos dar especial atenção às alterações climáticas, mudanças dos sistemas ecológicos, da terra e dos oceanos. E para atingir este desiderato terá que se fazer uso de ferramentas e tecnologias para a monitorização, a prevenção e a mitigação das pressões ambientais e dos riscos, incluindo a saúde e a sustentabilidade do ambiente natural e antropogénico”, esclarece. Considerando o actual contexto de insegurança económica, de emergente e crescente competição pelos recursos naturais e pelos serviços ambientais, o Prof. Borrego não tem dúvidas: “o objectivo da nossa estratégia de médio prazo traduz-se em: ‘segurança ambiental e prosperidade’, tema transversal a todas as actividades do Departamento”. No seu entender, reconhecendo-se que “a prosperidade, a democracia e a participação da sociedade civil


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activa e bem informada são factores determinantes para o sucesso das políticas ambientais, é possível almejar resultados ao nível da melhoria da qualidade do ar e da qualidade das águas, da gestão de resíduos sólidos e da implementação de sistemas energéticos sustentáveis, só viáveis com a adesão das populações envolvidas”. A internacionalização também não está esquecida nas prioridades que o Departamento definiu para um futuro próximo. Tendo por base a importância da internacionalização na União Europeia e a relação privilegiada de Portugal com África e o Brasil, o Prof. Borrego não só lembra as redes de excelência em que o DAO tem participado e os mestrados desenvolvidos em conjunto com outros países europeus e o Brasil, como assegura que os novos cursos serão sempre pensados tendo como trave mestra o processo de Bolonha e as características do espaço Europeu e da CPLP. “Os nossos objectivos específicos estão, assim, identificados nas vertentes pedagógica, de investigação e relação com a sociedade, numa lógica complementar e dirigidos para públicos diversos, procurando não apenas atrair alunos mas dar resposta a estes problemas emergentes em Portugal e na Europa”.

Principais projectos adjudicados ao IDAD, em 2008 Para a ANA – Aeroportos de Portugal › Monitorização da qualidade do ar nos aeroportos do Continente e Açores Para a Administração do Porto de Aveiro › Acompanhamento da elaboração do estudo de Impacte Ambiental da ampliação do Molhe Norte da Barra do Porto de Aveiro Para a Câmara Municipal de Peniche › Protocolo de preparação do dossier de candidatura do Arquipélago das Berlengas a Reserva da Biosfera da UNESCO Para a CONSULTEC › Avaliação de Impactes na Qualidade do Ar de uma Central Termoeléctrica de Ciclo Combinado em Moçambique

Para a CUF – Químicos Industriais › Monitorização Ambiental Para a Dow Portugal – Produtos Químicos › Caracterização do Efluente Líquido e Efluentes Gasosos Para a LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto › Programa de Monitorização Externa da LIPOR II Para a RAVE – Rede Ferroviária de Alta Velocidade ›Avaliação de impactes na qualidade do ar da 3ª travessia do Tejo em Lisboa Para os Serviços Técnicos da Universidade de Aveiro › Realização de análises no Campus Universitário e caracterização do Efluente Líquido Para o SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais › Caracterização de Efluentes Gasosos Para a Valor Ambiente - Gestão e Administração de Resíduos da Madeira › Monitorização Ambiental da ETRS da Meia Serra – Lote 1

Os grandes marcos do Departamento 1977 Criação do 1º curso de Engenharia do Ambiente do país 1983 Criação do 1º curso de Planeamento Regional e Urbano do país. 1988 Criação e coordenação do Gabinete da Ria de Aveiro 1990 Estabilização do corpo docente e entrada em funcionamento do novo edifício, composto por dois blocos (bloco 1 com 2.185m2 e bloco 2 com 1.685m2) num total de 3.870m2, com salas de aulas, um anfiteatro de 250 lugares, laboratórios de ensino e investigação (túnel de vento para ensaios de dispersão de poluentes atmosféricos, poluição e química da atmosfera, acústica, efluentes gasosos, processos termoquímicos, hidrologia e qualidade da água, tecnologia de tratamento de águas residuais, cluster computacional para modelos de qualidade do ar) 1993 Criação e direcção do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento (IDAD) – associação sem fins lucrativos e com utilidade pública para a cooperação Universidade-Sociedade no domínio do Ambiente e Ordenamento. 1986 Criação do Doutoramento em

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Ciências Aplicadas ao Ambiente 1994 Entrada em funcionamento do primeiro Mestrado do DAO – Mestrado em Poluição Atmosférica 1998 Início do Mestrado luso-brasileiro em Gestão e Políticas Ambientais – parceria entre as universidades portuguesas de Aveiro, Açores, Évora, Nova de Lisboa e as brasileiras Brasília, Federal de Amazonas, Federal de Pernambuco e Federal de Santa Catarina 2004 Atribuição do estatuto de Laboratório Associado à Unidade de Investigação Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), pelo Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior 2006 Início do Joint European Master in Environmental Studies (JEMES) – parceria entre as universidades de Aveiro, Hamburg University of Technology (Alemanha), University of Aalborg (Dinamarca) e Autonomous University of Barcelona (Espanha); início dos mestrados em Materiais e Valorização dos Resíduos; Saúde e Risco Ambiental; Energia e Ambiente; e Qualidade e Tratamento de Águas e Efluentes 2007 Início dos mestrados em Sistemas Energéticos Sustentáveis; e Ciências do Mar e Zonas Costeiras.


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made in dao

exemplos de investigação

ESGIRA-MARIA Desenvolvido entre 1999 e 2001, o projecto ESGIRA – Estrutura de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro, financiado pelo Programa LIFE98, ENV/P/000673, envolveu 22 parceiros coordenados pela Universidade de Aveiro. Antes, no período entre 1997 e 1999, o Departamento de Ambiente e Ordenamento estabeleceu com a administração local, regional e central e associações locais uma parceria no âmbito do projecto MARIA – Programa de Gestão Integrada para a “Ria de Aveiro”, financiado pelo programa LIFE96, LIFE96ENV/P/601 e integrado nos programas de demonstração sobre gestão integrada da zona costeira. Este projecto tinha como objectivo encontrar formas de gestão do litoral, que permitissem uma gestão orientada para o desenvolvimento integrado e para a participação e a concertação não só na área da Ria de Aveiro como em outras com características similares. Na sequência do problema identificado no projecto anterior, os parceiros do projecto ESGIRA pretenderam contribuir para a definição de uma Estrutura de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro considerando a necessidade de testar essa estrutura, no sentido da sua capacidade de gestão de uma multiplicidade de vectores determinantes do actual estado ambiental desta região lagunar. Neste contexto foram escolhidos quatro projectos-piloto: recuperação e valorização dos cais de embarque existentes nos vários canais da “Ria”; recuperação das marinhas para produção de sal – “Salgado de Aveiro”; gestão dos campos agrícolas do BaixoVouga, de forma a compatibilizar as actividades agrícolas com os habitats naturais; implementação de medidas que promovam a classificação e a gestão integrada da Área de Paisagem Protegida da Foz do Cáster. Os resultados específicos dos vários projectos-piloto sustentaram propostas de trabalho posteriores (desenvolvidos a diferentes escalas territoriais) que integraram, detalharam

ou deram continuidade aos trabalhos desenvolvidos no âmbito do ESGIRA, quer pela Universidade de Aveiro, quer pelos restantes parceiros do projecto.

SAL O Projecto SAL –“Sal do Atlântico” Revalorização da identidade das salinas do Atlântico. Recuperação e promoção do potencial biológico, económico e cultural das zonas húmidas costeiras, foi financiado pelo Programa de Iniciativa Comunitária INTERREG III B “ ESPACIO ATLANTICO “, 159, no âmbito da Prioridade D - Reforço e Promoção da Identidade Atlântica na Globalização. Envolveu 34 parceiros (1 Reino Unido, 7 Espanha, 10 Portugal e 16 França) liderados pela Universidade de Cadiz e desenvolveu-se durante o período de 2005 -2007. O objectivo global do projecto era, através do desenvolvimento de iniciativas locais, promover, numa rede europeia, os diferentes aspectos em que se baseia a identidade comum das diferentes zonas, constituída pelo: potencial de biodiversidade, saber-fazer técnico semelhante, paisagem, história, valorização económica do sal artesanal e das salinas como produtoras de um sal de elevada qualidade e como pontos de interesse turístico. O objectivo global foi desagregado num conjunto de eixos de trabalho prioritários de âmbito transnacional: Biodiversidade das salinas (proposta de um modelo de valorização ambiental das salinas); Organização da Profissão/ Reconhecimento do sal artesanal/ Desenvolvimento de alternativas à escala do Espaço Atlântico e da Europa; Formação de uma cultura da actividade salineira tradicional do litoral atlântico / organização da transmissão do saber-fazer – formação de novos salineiros e profissionalização dos produtores; Valorização do potencial turístico das salinas tradicionais do Arco Atlântico – criação e promoção de produtos turísticos e melhoria da qualidade turística das Salinas Atlânticas; Desenvolvimento de uma gestão


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integrada para as salinas (preservação da identidade paisagística, inventariação dos instrumentos de gestão do território existentes que suportem um desenvolvimento sustentável, definição e teste de uma ferramenta centralizadora da informação geográfica aplicada às salinas); Novos produtos associados a novos usos do sal ou das áreas de produção e ao estudo de protótipos para a recuperação de estruturas; Difusão e Comunicação – divulgação do projecto e criação de um fundo documental. A Universidade de Aveiro, através de uma equipa multidisciplinar composta por membros dos seus vários departamentos e unidades, desenvolveu tarefas diversificadas enquadradas nas acções transnacionais acima referidas. Como resultado do trabalho desenvolvido foi produzido um conjunto de relatórios científicos que possibilitam uma melhor identificação das características do Sal e das Salinas de Aveiro, nomeadamente no que diz respeito à qualidade, biodiversidade e condições físicas, de forma a sustentar quer um processo de certificação (trabalho iniciado no âmbito da marinha Santiago da Fonte, propriedade da Universidade), quer um processo de reabilitação do salgado, quer ainda um processo de revitalização da actividade. A expressão deste trabalho de sustentação de intervenções no Salgado de Aveiro foi materializada na recuperação do armazém da Santiago da Fonte e na produção de materiais de apoio à fruição do espaço da marinha e da zona húmida envolvente. Espera-se que este seja o arranque de um processo que permitirá a visibilidade e rentabilização dos resultados conseguidos no projecto SAL, uma vez que estes só serão conseguidos com a continuidade e consolidação de outros trabalhos sequencialmente necessários, sob pena de perda total ou parcial dos investimentos científicos e materiais realizados até ao momento.

INTERFACE – efeito dos incêndios florestais peri-urbanos na qualidade do ar Os incêndios florestais, em particular aqueles que ocorrem na interface urbano florestal, em que o fogo atinge ou mesmo invade o perímetro urbano, têm vindo a afirmar-se como um problema de grande magnitude e importância. Estes fogos de interface, que se prevê venham a aumentar num futuro próximo, apresentam características próprias, afectando quase directamente as populações urbanas. Um dos seus efeitos manifesta-se através da degradação da qualidade do ar e, mesmo, de episódios de poluição atmosférica, com os consequentes impactos na saúde humana. Os incêndios que lavraram em Setembro de 2003 a Norte da cidade de Lisboa, bem como os que chegaram aos limites da cidade de Coimbra, em Agosto de 2005, são um claro exemplo dessa contribuição para a poluição atmosférica em áreas urbanas. Neste contexto, o projecto de investigação INTERFACE teve como principal objectivo a avaliação do efeito dos incêndios florestais na qualidade do ar de áreas urbanas, acompanhando a crescente necessidade de informação relacionada com a gestão do impacto dos episódios de poluição atmosférica. O INTERFACE envolveu o desenvolvimento, aplicação e validação de uma metodologia para a modelação da qualidade do ar numa perspectiva multi-escalar, integrando a escala regional e a local. A sua aplicação aos casos de estudo seleccionados permitiu constatar o forte impacto dos incêndios florestais na qualidade do ar em áreas urbanas, onde a população exposta aos poluentes atmosféricos é maior, sendo, em consequência, também superiores os efeitos nefastos na saúde humana. O carácter inovador do INTERFACE resultou da integração das diferentes etapas envolvidas, nomeadamente a estimativa das emissões dos fogos

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e a simulação dos mecanismos de transporte, dispersão, transformação química e deposição dos poluentes. A abordagem multi-escalar possibilitou ainda a integração do efeito das circulações atmosféricas de mesoscala nas características locais do escoamento e dispersão entre edifícios no interior de uma cidade. Os principais resultados desta investigação são apresentados no livro intitulado “Impacto dos Incêndios Florestais na Qualidade do Ar em Áreas Urbanas”, uma edição da Universidade de Aveiro.

SaudAr – a saúde e o ar que respiramos SaudAr é o primeiro estudo realizado em Portugal sobre a exposição humana individual a poluentes atmosféricos. Desenvolvido entre 2004 e 2008, este projecto consistiu em avaliar o impacto da qualidade do ar (interior e exterior) num grupo de risco da população de Viseu. O grupo, constituído por 54 crianças asmáticas, com idades compreendidas entre os seis e os dez anos, foi seleccionado de dois conjuntos de escolas com localizações distintas: duas escolas de localização urbana e outras duas de localização periurbana. As crianças foram avaliadas ao longo de três anos, durante o Inverno e Primavera. As campanhas experimentais efectuadas foram desenhadas de modo a testar a hipótese de que a exposição à poluição atmosférica, de crianças asmáticas, que habitam em duas zonas com qualidade do ar distinta, é diferente, e que os efeitos na sua saúde respiratória serão igualmente distintos. Estas campanhas experimentais incluíram uma avaliação do estado de saúde assim como a avaliação da qualidade do ar das zonas por eles frequentadas, designadas por microambientes. A avaliação da qualidade do ar, na região de estudo, foi feita com recurso a medições e complementada com ferramentas de modelação, quer no interior das habitações e escolas quer no exterior.


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As principais conclusões do estudo podem sintetizar-se a: Viseu é uma cidade “limpa” do ponto de vista ambiental; a prevalência de sibilância nas crianças de Viseu não difere da que foi encontrada noutras cidades mais poluídas do país, como Porto ou Lisboa; as crianças que frequentam escolas na zona urbana estão expostas a maiores concentrações de poluentes, embora a níveis não preocupantes; as crianças asmáticas expostas a maiores concentrações de poluentes têm os brônquios mais inflamados; as variações nas concentrações de ozono foram mais elevadas na Primavera e, por isso, tiveram um impacto maior sobre as crianças asmáticas alérgicas aos pólenes; a infestação dos colchões por ácaros foi maior nas habitações da região urbana, que eram mais húmidas. Este estudo inovador, que envolveu o Serviço de Pneumologia do Hospital de São Teotónio, em Viseu, foi coordenado pelo Prof. Carlos Borrego e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, incluiu diversos parâmetros de avaliação do impacto da qualidade do ar na saúde da população, desde medidas da inflamação dos brônquios, até às variações na afluência dos doentes asmáticos ao serviço de urgência.

impacto radiativo do aerossol na Europa. Envolvidos no estudo estiveram o Laboratório de Glaciologia e Geofísica, França (coordenação), a Universidade de Heidelberg, Alemanha, a Universidade Técnica de Viena, Áustria, a Universidade de Veszprém, Hungria, o CESAM, o Instituto Max-Planck, Hamburgo, Alemanha e o Instituto de Meteorologia, Oslo, Noruega. As principais conclusões indicam que, no Inverno, a queima de madeira em lareiras e a combustão de resíduos agrícolas e de jardins estão na origem de 50% a 70% dos aerossóis carbonosos emitidos para a atmosfera. Dados que revelam que a queima de biomassa é altamente prejudicial para a atmosfera e um dos principais responsáveis pela poluição na Europa nos dias de Inverno. Estes resultados alertam para o facto das emissões a partir de recursos vegetais poderem ser tão importantes como as emissões a partir dos recursos fósseis.

CARBOSOL (Estudo retrospectivo do aerossol orgânico/inorgânico na Europa: implicações no clima) Realizado na Europa entre 2001 e 2005, este estudo visou avaliar os impactos dos aerossóis atmosféricos no clima desde a era pré-industrial até ao presente; estimar a contribuição de várias fontes (naturais versus antropogénicas, emissões primárias versus produção secundária); reconstituir, para os últimos 150 anos, as alterações sofridas na composição dos aerossóis, estabelecendo relações ar/neve em glaciares alpinos; elaborar inventários de emissões actuais e retrospectivos; e, através de um modelo atmosférico de transporte/química, prever as variações temporais do


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António Cachapuz: registo de um compromisso com a formação e a investigação em educação em ciência

Impacto dos incêncios florestais na qualidade do ar em áreas urbanas

O Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa (DDTE) e o Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da UA organizou, em Dezembro passado, uma sessão para registar a contribuição do Professor António Cachapuz na área da Educação e, deste modo, prestar uma homenagem pública pelo trabalho que desenvolveu nas últimas três décadas. Durante a sessão foi apresentada a brochura “António Cachapuz: registo de um compromisso com a formação e a investigação em educação em ciência”, que apresenta uma perspectiva do percurso de António Cachapuz enquanto Professor, Investigador, Gestor e Coordenador e Consultor. Os autores desta obra assumiram neste texto traçar o registo do compromisso de António Cachapuz naquilo que foi o seu trabalho enquanto Professor, Investigador, Gestor, Coordenador Científico e Consultor. Fizeram-no abordando cada uma dessas dimensões de forma isolada, uma opção com limitações, mas, porventura, aquela que lhes permitiria ser mais concisos, com a consciência, no entanto, de que, para caracterizar o perfil do retratado, não bastará simplesmente adicionar o registo das dimensões assinaladas. Em primeiro lugar, porque as tarefas inerentes a várias dimensões ocorreram em simultâneo e, em segundo lugar, porque se entrecruza a influência que cada uma teve nas outras.

Coordenada pela Prof. Ana Isabel Miranda, do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA (DAO), a publicação sintetiza os principais resultados do projecto “Efeito dos incêndios florestais periurbanos na qualidade do ar - INTERFACE”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do POCI 2010. O projecto de investigação INTERFACE teve como um dos seus principais objectivos a avaliação do efeito dos incêndios florestais na qualidade do ar de áreas urbanas, acompanhando a crescente necessidade de informação relacionada com a gestão do impacto dos episódios de poluição atmosférica. O INTERFACE envolveu o desenvolvimento, aplicação e validação de uma metodologia para a modelação da qualidade do ar numa perspectiva multi-escalar, integrando a escala regional e a local. O carácter inovador deste projecto, e que representou a vários níveis um desafio científico, resultou da integração das diferentes etapas envolvidas, nomeadamente, a estimativa das emissões dos fogos e a simulação dos mecanismos de transporte, dispersão, transformação química e deposição dos poluentes. A abordagem multi-escalar possibilitou ainda a integração do efeito das circulações atmosféricas de mesoscala nas características locais do escoamento e dispersão entre edifícios no interior de uma cidade.

Edição Universidade de Aveiro Autoria Isabel P. Martins, Luís Marques, Nilza Costa, docentes e investigadores no Departamento de Didáctica e Tecnologia da UA, Fátima Paixão e João Praia, Doutorados em Didáctica pela UA ISBN 9789727892785 Ano 2008

Edição Universidade de Aveiro Autoria Equipa de investigação GEMAC do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA ISBN 978-972-789-279-2 Ano 2008

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Perturbações da linguagem na criança. Análise e caracterização.

Investigação em ambiente e saúde: desafios e estratégias

“Perturbações da Linguagem na Criança. Análise e Caracterização” apresenta os principais resultados de um projecto de investigação desenvolvido no Centro de Investigação em Educação e Ciências do Comportamento da UA com o objectivo de estudar as perturbações da linguagem na criança, com particular destaque para a análise dos factores que lhe estão associados. Uma obra de indiscutível relevância para a comunidade científica e técnica neste domínio. Versão adaptada da dissertação de Mestrado em Activação do Desenvolvimento Psicológico de Fátima Andrade, realizada na UA sob a orientação do Professor Carlos Fernandes da Silva, esta obra apresenta-se numa escrita cuidada e de fácil compreensão, não obstante a especificidade inerente a qualquer texto de índole técnica e científica. Tendo em conta as dimensões teórica e empírica, o livro estrutura-se em duas partes fundamentais. A primeira é dedicada ao “Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem na Criança” e constitui a dimensão relativa ao enquadramento teórico-conceptual da investigação, desenrolando-se ao longo de três capítulos que focam a “Aquisição e desenvolvimento da linguagem na criança”, os “Factores de risco do desenvolvimento da linguagem na criança” e “As perturbações da linguagem na criança”. A segunda parte aborda as “Perturbações da Linguagem na Criança: caracterização e retrato-tipo em estudo empírico” e corresponde à vertente empírica da investigação. Esta subdivide-se em dois capítulos que tratam da “Metodologia de investigação” e da “Apresentação, análise e discussão dos resultados”.

No passado mês de Abril, foi apresentado, no âmbito da conferência “Ambiente e Saúde: investigação e desenvolvimento para o futuro”, o livro “Investigação em Ambiente e Saúde: desafios e estratégias” que compila os projectos de investigação nacionais, financiados pela Fundação Calouste Gulbenkian, realizados sobre a temática do “Ambiente e Saúde”. Para além do objectivo de divulgação dos resultados dos projectos, pretendeu-se, com esta publicação, identificar linhas estratégicas de investigação futura que apoiem os próximos programas de financiamento, de modo a criar maior eficácia e adequação às actuais necessidades nesta área. Do total dos projectos financiados, quatro focalizaram-se na área da poluição da água e seu impacto na saúde humana, cobrindo áreas de estudo que vão, desde a captação das águas de abastecimento para consumo humano e hospitalar, até ao nível do tratamento de águas residuais. Para além destes, outros quatro incidiram na identificação, caracterização e análise de prevalência de alguns tipos de microrganismos, tais como, a tularémia, o Cryptosporidium spp, a Giardia lamblia, os ixodídeos e o flavivírus, em determinadas regiões de Portugal. A relação entre a qualidade do ar e a saúde humana foi abordada através de mais quatro projectos de investigação, com casos de estudo localizados nas regiões do Porto e de Lisboa. Os projectos desenvolvidos abrangeram a caracterização da qualidade do ar em ambientes interiores, como escolas e piscinas cobertas, e em ambiente exterior.

Edição Universidade de Aveiro Autoria Fátima Andrade, investigadora no Centro de Investigação em Educação e Ciências do Comportamento da UA ISBN 9789727892808 Ano 2008

Edição Universidade de Aveiro Autoria Carlos Borrego; Anabela Carvalho; Ana Isabel Miranda; Ana Margarida Costa; Alexandra Monteiro, Jorge Humberto Amorim; Joana Valente; Myriam Lopes; Nuno Neuparth, investigadores na Universidade de Aveiro ISBN 978-972-789-288-4 Ano 2009


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Leiria e o pinhal litoral: sistema geográfico e contextos de desenvolvimento

Leais, imparciais & liberais

“Leiria e o Pinhal Litoral: Sistema Geográfico e Contextos de Desenvolvimento” é a mais recente obra do Professor Jorge Carvalho Arroteia, Professor Catedrático da Universidade de Aveiro. Ao longo das suas 320 páginas, esta publicação permite compreender o desenvolvimento demográfico desta região, através dos factores responsáveis pelo sistema geográfico e territorial e a evolução do povoamento na Estremadura Setentrional, os processos locais de desenvolvimento que identificam a sociedade aqui residente e os novos contextos relacionados com a acção do ensino superior neste território. O espaço em análise coincide com o NUT III do Pinhal Litoral e apresenta singularidades que resultam do processo histórico da Reconquista e da ocupação humana posterior, aliadas a factores modernos e contemporâneos relacionados com o desenvolvimento local e regional, que ditaram a construção de uma rede de povoamento rural e urbano alicerçada em actividades económicas bastante diferenciadas. A partir deste ensaio será possível ficar a conhecer os factores responsáveis pela construção do sistema geográfico territorial e a evolução do povoamento na Estremadura Setentrional, isoladamente e nas suas relações com o todo nacional. A publicação analisa, ainda, as dinâmicas demográficas, os seus movimentos e a estrutura da população e descreve os processos locais de desenvolvimento que identificam a sociedade aqui residente e os novos contextos relacionados com a acção do ensino superior neste território.

No passado mês de Março, José Manuel Moreira, docente na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA, lançou o seu mais recente livro “Leais, Imparciais & Liberais”. Muitos são os que pensam que o discurso alternativo ao pensamento dominante – o do Centro – está nos extremos. Mas o verdadeiro desafio ao politicamente correcto passa pela escola austríaca de economia (e pela Public Choice), herdeira da tradição ibérica da Escola de Salamanca. Portugal tem vindo a ser ultrapassado por cada vez mais países de Leste que beneficiam do facto de, em outros tempos, a sua juventude ter lido Mises e Hayek, em vez de Marx, Lenine e Mao, descobrindo assim, na senda de “O caminho para a servidão” (1944), que o nazismo e o comunismo eram, afinal, duas modalidades de um mesmo sistema antiliberal. José Manuel Moreira, pioneiro no estudo da “escola austríaca” e com uma formação em filosofia, economia e ciência política pode orgulhar-se de ser o único português membro da The Mont Pelerin Society. Uma influente internacional liberal que conta com cerca de 600 membros (na maioria economistas) unidos na defesa do liberalismo clássico, incluindo muitos Nobel da economia (como Hayek, Friedman, Stigler, Becker, Coase, Buchanan e Vernon Smith) e também o actual Presidente da União Europeia, Vaclav Klaus. É essa sua formação e a originalidade dessa tradição que tornam esta obra, com prefácio de Vítor Bento e reprodução, em edição limitada a 1000 exemplares, de um original de Francisco Laranjo, essencial para quem queira desfrutar de um outro olhar, mais humano e livre, sobre temas actuais e polémicos – da religião à economia, da política aos negócios, da civilização ao multiculturalismo.

Edição Universidade de Aveiro e Imagens&Letras Autoria Jorge Carvalho Arroteia, Professor Catedrático da UA ISBN 9789898153135 Ano 2009

Edição Bnomics Autoria José Manuel Moreira, docente na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA ISBN 9789898184191 Ano 2009

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Despertar para a ciência – actividades dos 3 aos 6

O português que se correspondeu com Darwin

“Despertar para a ciência - Actividades dos 3 aos 6”. É este o título e o objectivo da mais recente publicação da autoria de docentes do Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA e de outras instituições, com a coordenação da Prof. Isabel Martins, docente do mesmo Departamento e Vice-Reitora da Universidade de Aveiro. Editado pela Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, este livro apresenta um conjunto de propostas de actividades para crianças dos 3 aos 6 anos, pretendendo ser um importante recurso de apoio a educadores de infância, na operacionalização das orientação curriculares para a educação préescolar, na área das ciências experimentais. Considerando a importância de promover a literacia científica das crianças, o livro inclui, de forma integrada, enquadramento teórico e exploração didáctica, através de sugestões de actividades de cariz experimental, a realizar no quotidiano da acção educativa em jardim-de-infância. Na nota de apresentação desta brochura, pode ler-se que “os desafios colocados incentivam a experimentação e a pesquisa, sem menosprezar o carácter lúdico de que se revestem as aprendizagens em idade pré-escolar”.

No ano em que se comemora o bicentenário de Charles Darwin, o Professor Paulo Renato Trincão, docente no Departamento de Geociências da UA, publica o livro “O Português que se Correspondeu com Darwin”. De acordo com Amadeu Soares, Professor no Departamento de Biologia da UA, “esta obra, em forma de peça de teatro – que se quer lida e se exige representada em palco –, em boa hora escrita por um divulgador de ciência, não por acaso geólogo e Doutor em Paleobiologia, coloca a cultura científica no palco, o que só pode ser positivo. Através dela podemos ver quem foi Charles Darwin e ter uma ideia sobre o impacto que as sua ideias tiveram no Portugal do século XIX. Na comunidade científica de então, produziu-se uma tese de doutoramento, pelo ilustre biólogo e botânico Júlio Henriques, por muitos e longos anos voz científica quase única, o que convenhamos é muito fraco pecúlio para tanto potencial argumentativo, para tal revolução estruturante do pensamento biológico e, por que não, filosófico. No entanto, anos antes de Júlio Henriques e num contexto informal, houve um português, amanuense de profissão, curioso, observador e estudioso atento de coisas da Natureza, de seu nome Francisco de Arruda Furtado, que se correspondeu com Darwin. Pelo que sabemos dos escritos de Darwin, cujas cartas com Arruda Furtado são aqui traduzidas e apresentadas, foi o único português com que trocou correspondência. Sabendo-se que Darwin fazia questão de sempre responder a cada carta que recebia, esta pode ser uma medida do acolhimento das ideias de Darwin no Portugal do séc. XIX”.

Edição Ministério da Educação e Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular Autoria Isabel Pinheiro Martins, Rui Marques Vieira, Ana Valente Rodrigues, Fernanda Couceiro e Sara Joana Pereira, investigadores no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA, e Maria Luísa Veiga, Filomena Teixeira, Celina Tenreiro-Vieira ISBN 9789727422937 Ano 2009

Edição Gradiva Autoria Paulo Renato Trincão, docente no Departamento de Geociências da UA EAN 9789896163013 Ano 2009


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Capas pretas e guitarras na XIX edição doFITUA

Dia Aberto da ESTGA 2009

Dois dias de concertos, na festa que aproxima a academia e a cidade, preencheram a XIX edição do Festival Internacional de Tunas da Universidade de Aveiro (FITUA). Oito tunas universitárias – Estudantina Universitária de Coimbra (EUC), Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico (TUIST), Tuna Académica Cidade de Viseu (Infantuna), Tuna Académica de Lisboa (TAL), Tuna Universitária do Minho (TUM), Tuna Académica da Guarda (Copituna d’Oppidana), Tuna de Engenharia da Universidade do Porto (TEUP) e a Tuna de La Universidad de Leon (Leon, Espanha), apresentaram-se, nos dias 24 e 25 de Abril, no palco do auditório da Reitoria, num espectáculo transmitido em directo pela seca2.tv. As actuações extra-concurso do terceiro festival de tunas mais antigo do país, estiveram por conta da Tuna Feminina da AAUAv, do Grupo de Fados da Tuna Universitária de Aveiro (TUA) e da tuna da casa, a TUA. Este ano o prémio maior do FITUA foi entregue à TUIST.

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) promoveu, a 15 de Abril, o seu “Dia Aberto”. O vasto programa de animação, especialmente preparado para a ocasião, incluiu um conjunto de actividades de divulgação da oferta formativa daquela escola politécnica da UA (licenciaturas e cursos de especialização tecnológica), a apresentação de projectos desenvolvidos pelos alunos, uma feira do livro técnico e a realização de conferências. Neste mesmo dia, a ESTGA acolheu ainda a final do Torneio Estudantil de Computação MultiLinguagem de Aveiro (TECLA), concurso especialmente vocacionado para as escolas secundárias e profissionais da região. A Escola Secundária João Carlos Celestino Gomes, em Ílhavo, venceu esta primeira edição do TECLA. O programa do Dia Aberto encerrou com a intervenção da Reitora, Prof. Maria Helena Nazaré, a assinatura de protocolos de colaboração com empresas da região e com a entrega de prémios escolares aos melhores alunos da ESTGA.

Acompanhe a TUA pelo endereço: http://www.tua.com.pt/


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Fórum 3E Emprego | Empresas | Empreendedorismo ofereceu oportunidades aos estudantes da UA

A Universidade de Aveiro ofereceu, uma vez mais, a oportunidade aos seus estudantes de contactarem, de uma forma privilegiada, com algumas das melhores empresas e de trocarem os seus currículos por oportunidades de emprego e estágios, em nova edição do Fórum 3E - Emprego | Empresas | Empreendedorismo. Realizado a 21 e 22 de Abril, o certame acolheu, este ano, 24 stands e uma série de apresentações das empresas participantes, onde foram dados a conhecer os programas disponíveis e os modos de recrutamento. O Fórum 3E, que já se realiza desde 2001, é o culminar do conjunto de iniciativas que a UA leva a cabo, ao longo do ano, através do Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais da UA, para a inserção dos seus diplomados na vida activa e, ao mesmo tempo, o estabelecimento de relações de cooperação com as entidades empregadoras, para perceber quais as suas expectativas e necessidades nesta área. A opinião dos participantes… Patrícia Carolino Secil Representada pela primeira vez no Fórum 3E, a Secil suscitou bastante interesse aos alunos da Universidade de Aveiro, tanto na abordagem no stand, como na sessão de

apresentação da empresa. Ofertas de emprego e estágios foram os assuntos mais procurados, uma vez que a Secil está a promover, junto de finalistas e recém-licenciados, o programa “Trainees” que consiste numa formação global e prática, durante um ano, nas várias áreas de acção da empresa. Este programa é direccionado sobretudo para as engenharias, economia e gestão e esperamos encontrar na UA os candidatos ideais para a iniciativa. Sofia Silva antiga aluna da UA Diplomada em Engenharia do Ambiente Estou desempregada e, por isso, resolvi visitar o Fórum 3E, na esperança de aqui encontrar uma oportunidade de emprego. Trouxe 24 currículos – tantos quantas as empresas e entidades presentes – para deixar um em cada stand, mas acabei por entregar apenas sete, porque grande parte das empresas representadas são mais voltadas para a electrónica. Não é a primeira vez que visito o Fórum, já o tinha feito em 2004, e reparo que, nesta edição, houve maior divulgação, os stands estão mais apelativos e as apresentações são uma boa ideia.

Vera Santos PT Inovação Desta edição do Fórum 3E faço um balanço bastante positivo. A PT Inovação já esteve presente aqui na Feira, por diversas vezes, mas nunca tivemos tanta afluência como este ano. Noto que os estudantes estão mais sensibilizados para a questão do emprego, preocupam-se cada vez mais cedo e vêm ter connosco para perguntar por ofertas de emprego, estágios e a quem se dirige o programa “Trainees” que viemos apresentar. Recém-licenciados ou finalistas das áreas de economia, gestão, electrónica e telecomunicações, mas também do marketing e secretariado foram os que mais nos procuraram. Miguel Gonçalves finalista de Engenharia de Computadores e Telemática Visito pela primeira o Fórum 3E. Estou prestes a terminar o curso e resolvi passar pela feira para ter uma ideia das ofertas e necessidades do mercado de trabalho. Aproveitei, também, para assistir a duas apresentações: uma mais na minha área, a da Inovaria, e outra da Deloitte, empresa mais voltada para a consultadoria que é uma vertente que gostaria, futuramente, de explorar.


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Mais de 20 mil alunos estiveram na UA para jogar com os monstros da ciência

Música e diversão na Semana do Enterro de Aveiro

Robótica à prova nas competições do Micro-Rato

Mais de 20 mil alunos, oriundos de 1278 escolas nacionais, e de Moçambique, e de vários ciclos de ensino (ensino básico e secundário) invadiram, nos dias 28, 29 e 30 de Abril, o Campus Universitário para participar nas nove competições promovidas pelo Projecto Matemática Ensino da UA (PmatE), em quatro áreas de saber: Matemática, Biologia, Física e Português. No ano em que o Projecto Matemática Ensino comemora o 20º aniversário, as várias competições nacionais realizaram-se sob o mote “Operação Pega-Monstro”. A título experimental estreou-se, também este ano, uma prova de Geologia. Estas competições, promovidas anualmente, têm por base um software educativo, gratuito e disponível na Internet, que associa os conteúdos leccionados na sala de aula ao factor lúdico do formato jogo/competição, estimulando desse modo o estudo/ aprendizagem das disciplinas. Paralelamente às competições, os alunos puderam participar num programa lúdico e desportivo.

Com o lema “Prova que estás vivo”, a Associação Académica da UA desafiou os estudantes da UA para um Enterro de sete dias de folia, com muita música à mistura. O palco dos estudantes, montado nas imediações do Estádio Municipal, recebeu, entre 24 e 30 de Abril, GNR, David Fonseca, Rita Redshoes, Deolinda, Rui Veloso, a estrela internacional Brandi Carlile, e uma mão cheia de DJ’s. Além dos concertos, o Enterro de Aveiro contou, como habitualmente, com um programa paralelo recheado de actividades culturais e desportivas, onde não faltaram as tradicionais corridas de bateiras, a serenata à Ria, o rally tascas, ou o Desfile do Enterro pelas ruas da cidade, este ano composto por 36 carros alegóricos.

Onze equipas, maioritariamente compostas por alunos de Electrónica, testaram na UA os seus conhecimentos de robótica, em mais uma edição dos Concursos Micro e Ciber Rato. A primeira modalidade da competição, que opôs pequenos robôs móveis e autónomos, foi vencida pelo “Papa Migalhas”, robô criado pela equipa da ESTGA. Em paralelo ao MicroRato, que se realizou pelo 14º ano consecutivo, decorreu também a quinta edição do Ciber-Rato, uma competição que se desenrola em ambiente simulado, o que permitiu às equipas participantes focarem-se essencialmente nas componentes algorítmica e de software, eliminando as complicações associadas ao projecto e montagem de um robô real. Nesta modalidade, o “ElRaton”, que representou a equipa de Vila Praia de Âncora, foi o grande vencedor.

Veja os resultados das provas no endereço http://pmate2.ua.pt/pmate/




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