Manuel António Assunção Reitor da Universidade de Aveiro
editorial
A “Linhas – revista da Universidade de Aveiro” foi criada em 2003, no âmbito das comemorações dos trinta anos da UA, com o objetivo de promover a aproximação entre a universidade e os seus antigos estudantes. Porque a Comunidade UA é feita com todos: com os que cá estão mas, de igual modo, com aqueles que para sempre partilham o universo de afeto e a essência do que somos e do que queremos continuar a construir. E esta nossa revista foi-se tornando, ao longo das suas edições, ao longo dos anos, um elo de ligação que, gradualmente, se foi estendendo aos nossos parceiros e ao entorno alargado em que nos inserimos. Hoje, apraz-me registar, é a “Linhas” uma das boas montras do que fazemos, em todos os domínios de intervenção, e, fiel à ideia original, do que faz quem aqui estudou. Essa aproximação, que tem vindo a ser constantemente reinventada, é ainda mais relevante e necessária neste momento, em que se esbate a fronteira entre a condição de estudante e de antigo estudante. Desde logo através da continuada aprendizagem ao longo da vida, que pressupõe o reencontro com a universidade. Mas o regresso a esta casa assume formas cada vez mais diversas: parceria na investigação e na transferência do conhecimento; participação em ações de ensino e de fomento do empreendedorismo; colaboração no desenho e na avaliação das ofertas formativas; e também em ações de reflexão estratégica sobre a UA do futuro e sobre a forma como os antigos alunos podem contribuir, mais e melhor, para essa UA que necessariamente todos queremos ainda melhor. Apresentamos recentemente mais duas iniciativas que reforçarão esta dinâmica: a Rede Alumni e o portefólio de competências e serviços da Universidade de Aveiro. A propósitos destes percursos, da UA e dos seus membros, que ora se acompanham, ora se afastam, para mais tarde, desejavelmente sempre, se voltarem a cruzar, nada melhor do que dar as primeiras páginas deste número a um dos mais insignes representantes da nossa comunidade – professor, investigador, comunicador, escritor, nosso doutor honoris causa – para nos levar, também, em viagem: deixemo-nos então seduzir pela escrita do Professor Eugénio Lisboa.
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EDITORIAL manuel antónio assunção reitor da ua
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PERCURSO SINGULAR a nossa vida é uma viagem – eugénio lisboa
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OPINIÃO croché molecular – coisa fina joão rocha
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censos 2011 – um olhar demográfico maria luís rocha pinto e cristinha sousa gomes
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PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS antigos alunos da ua falam das suas carreiras de sucesso
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DISTINÇÕES recebidas pela comunidade académica
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INVESTIGAÇÃO biofluidos ajudam a detetar doenças investigadores da ua analisam saúde das grávidas e dos recém-nascidos
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a ua no cluster habitat sustentável
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RIA repositório institucional da ua
SWORD uma espada pela batalha da recuperação
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ANIVERSÁRIO DA UA alcino soutinho, álvaro siza vieira e eduardo souto de moura homenageados com o grau de doutor honoris causa
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ENTREVISTA COM… jorge alves
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ENSINO internacionalização da ua
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DEPARTAMENTOS EM REVISTA… diretores dos departamentos dão a conhecer prioridades de ação
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COOPERAÇÃO portefólio de competências e serviços da ua
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incubadora de empresas – uma estrutura para gerar o futuro
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ESCAPARATE publicações da comunidade académica
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ACONTECEU NA UA… alguns momentos que marcaram a vida académica
CAMPUS EXEMPLAR campus de aveiro quer ser exemplo de sustentabilidade
percurso singular
a nossa vida é uma viagem LINHAS
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eugénio lisboa Eugénio Lisboa, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro e professor desta Universidade, entre 1996 e 2002, foi homenageado com a edição de um livro lançado a 22 de outubro, na Universidade de Aveiro, por ocasião do seu 80º aniversário. “Leitor omnívoro e possuidor de vastíssima cultura, Eugénio lê furiosamente. Lê de tudo porque tudo se dispõe a aprender. E, se privilegia a literatura, é porque acreditou sempre nela como meio especialmente capaz de penetrar na realidade poliédrica do mundo, feita não apenas de números e ideias, mas também das emoções que a arte permite fundir num todo”, escrevem, na introdução ao livro, Otília Martins, professora da Universidade de Aveiro, e Onésimo Teotónio de Almeida, professor da Brown University, responsáveis pela organização do volume que reúne 70 contributos de outras tantas personalidades. Eis o singular – e inspirador – percurso deste intrépido visitante das duas culturas, num texto escrito pela sua própria mão e lido no final da apresentação do livro “Eugénio Lisboa: vário, intrépido e fecundo – Uma Homenagem”, editado pela Opera Omnia.
A nossa vida é uma viagem – Eugénio Lisboa
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A NOSSA VIDA É UMA VIAGEM. Mas é uma viagem com muitas viagens dentro. Não é por isso uma viagem arrumada, limpidamente euclideana, com um guião rectilíneo impecável. É uma viagem aos trambolhões, cheia de sobressaltos e de objectivos não realizados, cheia de fracassos e, até, de alguns acertos. A primeira vez que sonhei com este conceito de viagem foi na minha adolescência, em Lourenço Marques (Moçambique): como era bom aluno, sabia que meu pai tudo faria para me mandar para Portugal, para aqui tirar um curso, uma vez concluído o liceu, naquela cidade do Índico. Nessa altura (anos quarenta, do século passado), não havia viagens de avião entre Lourenço Marques e Lisboa. Por isso, teria que viajar de barco, durante cerca de um mês. Ia fazer grande parte do percurso que fizera Vasco da Gama, contado nos Lusíadas, que os bons professores do liceu laurentino não me tinham feito odiar. A eles – a estes notáveis professores, a quem rendo homenagem de gratidão – devo não ter preferido as ciências às letras nem o seu inverso. Gostei de tudo e o único problema, ao longo da minha vida, foi o embaraço da escolha ou, antes, a estúpida impossibilidade da escolha. Se me perguntassem: “De qual gostava mais: da álgebra, da geometria de Euclides ou das letras?”, teria respondido com a inocência lúcida das crianças: “Gosto mais das três”.
A viagem, começada em 10 de Setembro de 1947 e terminada, com a chegada a Lisboa, em 5 de Outubro (25 dias), deu-me o gosto deslumbrado das viagens e a suspeita de que esta era apenas um antegosto de uma viagem maior e mais turbulenta, que está agora muito perto de terminar. Nessa outra e mais pequena viagem – com muita gente diversa concentrada na pequena superfície de um navio – comecei a perder alguma inocência e adquiri, com espanto e sofrimento, temperados de ironia e cepticismo, alguma incipiente sabedoria. Aprendi até o amargo desencanto da chegada, ao verificar que Lisboa me pareceu quase repulsiva por ter o enorme e irredimível defeito de não ser Lourenço Marques. Quando se sai de um ninho, o lugar que se encontra a seguir não resiste nunca à comparação. Depois, habituei-me a Lisboa, resignei-me e, com o tempo, acabei mesmo por me render aos seus encantos, aos seus recursos e à sua beleza. Mas não perdi nunca o amor fundo pela terra onde nasci e onde voltei, concluído o curso, para ali ficar mais vinte e um anos inesquecíveis: de convívios estimulantes, de aventuras profissionais e culturais, de emoções aquecidas ao rubro, de leituras, que o tempo, dilatado pelo calor, permitia com abundância. E havia o Índico que inculcava a olhos vistos, grandeza e viagem. O Instituto Superior Técnico, onde fizera o curso de engenharia electrotécnica, era uma escola de grande prestígio, mas nem tudo era ouro, na altura em que o frequentei. Se havia ainda professores
como Mira Fernandes, António da Silveira, Ferreira Dias, Moncada, gente de grande gabarito, abundava também um verdadeiro enxame de mediocridades confrangedoras que nos davam vergonha de lhes frequentar as aulas. Tive dali momentos bons e até invulgares, alguns inesquecíveis, mas na generalidade, a frequentação das aulas era deprimente e, em não poucos casos, a solução era não ir lá e estudar em casa ou, em vez disso, ler Proust e Stendhal, de bem melhor alimento... Saído definitivamente de Moçambique em Março de 1976, e após um total de 38 anos lá vividos, devido a mudanças que eram inevitáveis e desejadas, mas que não trouxeram, inevitavelmente de começo, as soluções mais apropriadas, a viagem continuou por Joanesburgo, Paris, Estocolmo, Londres (17 anos) e, finalmente, Lisboa e Aveiro. Deixar o Índico não foi fácil: terra de estudo, trabalho, amores e amizades, ali sentira – e isso, nada mo tira – “embalado no berço das profundidades” marítimas, para citar uma senhora que provavelmente nunca lá esteve. Joanesburgo significou o deliberado mergulho na técnica nua e crua, alheado de vez dos problemas e dramas da gestão a quente dos humanos, em tempos de mutação política, social e profissional, como fora o último ano e meio, em Moçambique: sem tempo para reflectir e muito menos para dormir. Estocolmo foi o sanatório, a utopia, o ter tempo para tudo, para pensar, para escrever (dois livros, no ano que ali passei, com dias de um sol prolongado quase até à meia-noite), para pensar no que diria ser a minha vida, no
percurso singular
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regresso a um Portugal desarrumado, empobrecido, mal fichu, cheio de utopias e de cofres vazios. Caiu-me inesperadamente no colo uma oferta feita por esse príncipe da cultura, que foi David Mourão-Ferreira: ir para Londres, como Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal, solução quase miraculosa para o buraco negro que se me abria à frente. Fui – e foram dezassete anos fabulosos de Inglaterra. Mas, de que Inglaterra? Eis a grande questão! É que a Inglaterra é, no espírito das pessoas, muito mais do que aquilo que é realmente a Inglaterra. Esse estrangeiro George Mikes, um dos grandes escritores cómicos do século XX, que se tornou inglês, para ser capaz de os caracterizar e deles troçar como poucos, nessa obra-prima de humor britânico que é o livro How to be an Alien (1946), observa, a certa altura, com muita justeza: “Quando as pessoas dizem Inglaterra, querem, às vezes, dizer Grã-Bretanha, às vezes Reino Unido e, às vezes, Ilhas Britânicas – mas nunca querem dizer Inglaterra.” Se observar os suecos, me intrigava e, às vezes, me deprimia, observar os ingleses, os seus hábitos e costumes, deixava-me perplexo e divertia-me. Em primeiro lugar, os ingleses não cessam de se maravilhar com a grandíssima sorte que é ter-se nascido inglês! Enquanto o
português só pensa em ser outra coisa, o inglês não concebe que se possa não ser inglês. A gabarolice não começou mas atingiu as proporções de medalha, com esse construtor de impérios, que se chamou Cecil Rhodes: “Lembra-te”, advertia ele, “que és um inglês e que, por conseguinte, te saiu o primeiro prémio na lotaria da vida.” E o impagável juiz Lord Denning, que ainda mexia, quando eu por ali andei, não fazia a coisa por menos, quando afirmava: “Há muitas coisas, na vida, mais meritórias que o dinheiro. Uma delas é ser criado e educado nesta nossa Inglaterra que é ainda a inveja de terras menos felizes.” Ser inglês é tão bom, que se sobrevive a todos os malefícios, incluindo o de uma culinária próximo de intragável: alguém dizia que a Inglaterra é o único país do mundo em que a culinária é francamente mais perigosa do que o sexo. Há ali, na terra de Dickens, de tudo e para todos os gostos. Há, eminentemente, o prazer indiscutível, para eles, de se manter a diferença de classes: “Sem a diferença de classes, a Inglaterra deixaria de ser o teatro vivo que ainda é,” observava Anthony Burgess, o celebrado autor de A Laranja Mecânica. Os ditos e dichotes, sobre os ingleses, abundam – e são, quase todos, ferinamente certeiros (e os ingleses adoram, masoquistamente, ver-se assim caricaturados). A culinária
inglesa é o alvo predilecto de povos para os quais a comida é importante para o paladar, para o estômago e para a conversa. Assim, Domenico Caracciolo, governador da Sicília, observava, com não escondido desprezo: “Na Inglaterra, há sessenta religiões diferentes e um só molho.” A grande capacidade organizadora dos ingleses, que chega à mania, mas funciona admiravelmente – imaginem que uma coisa marcada para as quatro horas começa mesmo às quatro horas! – não se furta à caricatura: o impagável e já citado George Mikes, no seu clássico How to be an allien, observa: “Um inglês, mesmo quando está sozinho, forma logo uma bem ordenada fila de um.” Há várias maneiras de se pronunciar o inglês, as quais se desprezam mutuamente com alguma convicção. Por isso, Alan Jay Lerner, o co-autor de My Fair Lady, observava com humor certeiro: “O modo de um inglês falar classifica-o irremediavelmente. No momento em que fala leva logo outro inglês a desprezá-lo.” Mas ainda a melhor maneira de um estrangeiro ali viver é seguir a recomendação do escritor americano Henry James, que aconselhava: “É bom ter um pé na Inglaterra, ou, pelo menos tão bom, ter o outro fora dela.” Uma coisa que irrita ou, pelo menos, desassossega os estrangeiros que, como eu, ali foram abundantemente felizes, durante dezassete anos, é a chamada sobriedade inglesa. Reagem pouco e seco, mesmo aos maiores deslumbramentos cósmicos. O conhecido romancista E.M. Forster (A Passage to India), observava, a este respeito: “Um inglês não deve nunca expressar grande alegria ou tristeza, ou mesmo abrir demasiado a sua boca, enquanto fala – corre o risco de o seu cachimbo cair, se o fizer.” Também inquieta o meridional mais sanguíneo, notar a já aludida e não muito oculta tendência para um certo masoquismo cristão. Todos os anos, um ou mais britânicos de monta vão aos Estados Unidos, a convite, celebrar com humildade supostamente louvável, a coça que os americanos deram aos britânicos, na luta pela independência. E faz parte do protocolo serem submetidos ao mais acutilante ridículo e achincalhamento. É quase tão mau como as praxes nas universidades portuguesas. Mas os filhos
A nossa vida é uma viagem – Eugénio Lisboa
alguns exemplos. Para isso, não vai ser preciso dizer mal de ninguém e vai ser um privilégio e um prazer dizer bem de muita gente. Dei e recebi, com júbilo e sem cansaço, porque, como dizia o sábio Samuel Johnson, “quem está farto de Londres, está farto da vida”. De ali, em 1995, com a alma a sangrar, saí, de regresso a Lisboa. Não sangrava por vir para Lisboa, mas tão só por deixar Londres – onde havia o melhor teatro do mundo e o mais que aqui não vou dizer.
de Albion sofrem tudo com um sorriso estóico e, se calhar, gostam. Como dizia o já citado E.M. Foster, “o inglês é incapaz de gostar de alguém que o não ponha K. O.” Seja como for, gosto dos ingleses, com todas as suas manias e tics, mesmo do seu formalismo um bocadinho hirto, que levou o impagável Bob Hope a dizer de um certo lugar: “O sítio é tão inglês, que eu não ficaria surpreendido se visse os ratinhos todos de monóculo.” Foi numa Inglaterra mais ou menos assim (e não dei, da missa, metade...), que fui abundantemente feliz, durante dezassete anos, tentando mostrar aos ingleses, sempre desconfiados, que em Portugal havia alguma cultura não totalmente desprezível e, de caminho, abastecendo-me com a deles, que é muita, mesmo quando sabe a pouco. Fi-lo com a ajuda de muita gente, alguma na Embaixada, como, por exemplo, o meu amigo e excepcional diplomata Francisco Seixas da Costa, outra, fora da embaixada, como o meu amigo Kim Taylor, director da Gulbenkian, em Londres, e grande amigo e conhecedor das coisas lusas. Não vou maçar-vos com pormenores – direi, apenas, com sobriedade pilhada aos britânicos, que procurei não dormir em serviço. Um dia, nas minhas memórias – se os deuses deixarem – darei
Depois foi a UNESCO e, ao fim de um ano, em acumulação que me atirou a tensão arterial para 19, a Universidade de Aveiro, entre 1996 e 2002. Aqui, nesta Universidade agora classificada internacionalmente como a melhor universidade portuguesa e uma das 400 melhores do mundo, conheci e fiz amizade com colegas, conheci e fiz amizade com alunos, conheci e fiz amizade com pessoas que não eram nem colegas nem alunos e fiz amizade com Aveiro, que é uma cidade lindíssima e o que, de Veneza, se pode aqui arranjar... Ensinei alguma coisa, aprendi muito e fui, como em Londres, extraordinariamente feliz. Dizia um bispo inglês, o bispo de Creighton, que “o único e verdadeiro objecto da educação é deixar uma pessoa em condições de fazer perguntas.” Também o penso e assim procurei fazer: como professor, como escritor, como conviva, busquei sempre incitar os meus alunos, os meus leitores, os meus amigos e convivas a não irem nisso, a pensarem por si, a exercerem o espírito crítico, a não aceitarem a tirania dos ventos que sopram (mesmo quando soprados por senhores de grande aparato e de alegado génio incontornável), a verificarem por si se, por acaso, o rei não vai nu. Infelizmente, nem as universidades (algumas, pelo menos), – esse terreno, por excelência, do debate e do exercício do espírito crítico – se têm revelado constantemente imunes à tirania da moda, do nome sonante (que é importante citar, para não parecer que se perdeu o comboio). Era talvez neste sentido que esse espírito arguto e intemerato, que foi Bertrand Russell, observava, com mais do que alguma justiça: “Deparamos [hoje] com o paradoxo de que a educação se tornou
o principal obstáculo à inteligência e à liberdade de pensamento.” Contra tudo isto procurei lutar e precaver os meus alunos, porque eram meus alunos e porque viriam a ser cidadãos que eu gostaria de ver de espírito livre, galhardamente autónomo e corajoso: marimbando-se, regiamente, para os génios de serviço, os quais também debitam, no dia-a-dia, o seu par de egrégios disparates. Esta longa viagem – a vida – é uma viagem em que se parte do não-ser e a ele se regressa. Faz lembrar o dito: “Ele viajava apenas para poder regressar a casa.” Neste caso, a casa de onde se parte e a que se regressa – é o nada. A ele me acolherei, num dia não muito longínquo, com a serenidade e a filosofia que me for dado municiar. Confesso-vos que não tenho pressa: como dizia o célebre actor e cançonetista francês, Maurice Chevalier, “prefiro uma idade avançada à outra alternativa”. Levo comigo alguns contentamentos e alguns remorsos. Entre estes, o que mais me aflige é o de alguma desatenção com que possa ter ferido quem de mim esperava atenção. Nunca foi por mal, mas tão só porque não se dispõe nunca de recursos ilimitados. Seja como for, creio que a atenção que se não dá é sempre uma ferida funda que se inflige. Poder tê-lo feito punge-me, nesta hora de balanços. E tanto mais, quanto sou eu próprio, hoje e aqui, alvo de uma carinhosa e imerecida atenção de colegas e amigos, que quiseram, caridosamente, vir dizer-me que talvez não tenha feito apenas coisas erradas. Mesmo que não seja tão verdade como dizem, faço de conta que acredito e agradeço-lhes do coração com um singelo “Muito obrigado!” Eugénio Lisboa
Nota: Por preferência do autor, este texto não segue as normas do novo Acordo Ortográfico.
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croché molecular coisa fina LINHAS
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João Rocha Docente e investigador da UA
“A Balbina tinha as mãos tão mimosas que eram mesmo dedos de fidalga. Não trabalhava senão em coisas finas; até sabia fazer croché. O senhor há de saber o que é croché?...” Camilo, Noites de Lamego
O meu avô José era militar e aposentou-se cedo. Sabia pouco das lides marciais, os seus interesses eram a literatura e, sobretudo, a matemática. A minha avó Balbina era guerreira exímia no croché. O meu matemático avô dava aulas, para além das aulas do liceu, a alunos pouco dotados, preguiçosos ou com pais demasiado preocupados, em uma pequena sala no fim do pátio, antes do quintal, enquanto a avó Balbina na sua cadeira à porta da cozinha ia esgrimindo as agulhas e os fios. Nesse tempo eu ficava sentado nos degraus de pedra, a meio caminho entre os avós, vendo crescer a geometria no quadro negro e nos naperãos, o ar a cheirar a dióspiros ou figos1 . Em finais de 1990, em Cambridge, comecei a estudar certos materiais de grande interesse académico e industrial, denominados zeólitos. Mas foi só após regressar a Aveiro que o meu grupo de investigação preparou um novo zeólito, apelidado ETS-10 e obtido pouco tempo antes na companhia americana Engelhard Corporation, cuja estrutura cristalina era, então, desconhecida. A estrutura de um material é a forma ordenada como os atómos se organizam no espaço interior dos cristais. Como os cristais do ETS-10 tinham uma ou 1 Não podia saber que alguns anos mais tarde a matemática Daina Taimioa e o marido, do Departamento de Matemática da Universidade de Cornell, na América [1], haveriam de escrever o artigo Crocheting the hyperbolic plane [2]. Dizem, os matemáticos, que as laranjas têm curvatura positiva, as mesas curvatura zero e as folhas de alface franzidas, curvatura negativa. Um espaço hiperbólico é uma forma geométrica com curvatura negativa constante, que os modelos de croché de Daina ajudam a visualizar.
duas centésimas de milímetro, um amigo japonês examinou-os ao microscópio eletrónico, tendo obtido fotografias como a da figura 1. Quando as vi pela primeira vez, fiquei deslumbrado com a beleza do padrão geométrico e com o detalhe da estrutura íntima dos cristais. Como todos os zeólitos, o ETS-10 é um material microporoso, ou seja, há na sua estrutura canais muito finos apenas um pouco mais largos do que as moléculas pequenas, por exemplo as moléculas de água. É uma espécie de peneiro molecular que pode ensopar-se de água e secar-se completamente quando “espremido” (melhor dizendo, neste caso, “aquecido”). As zonas claras, elípticas, na figura 1 são a entrada para os canais do ETS-10. A argamassa da parede dos canais, as zonas mais escuras naquela figura, é feita de átomos de silício, titânio e oxigénio. Ao olhar, mesmerizado, por longas horas, a figura 1, relembrei o prenúncio de Camilo “o senhor há de saber o que é croché?...” e voltei a sentar-me nos degraus onde espiava as mão mimosas da Balbina e o giz geométrico do velho coronel. Não havia dúvidas: os átomos de silício eram malhas que se entrelaçavam com quatro outras malhas, os átomos de oxigénio, enquanto que as malhas de titânio se entrelaçavam com seis malhas de oxigénio, todos formando em conjunto um cordão ou um pauzinho. No croché, quatro pauzinhos encostados fazem um tapado. Os tapados juntam-se uns aos outros, construindo a peça; da mesma maneira se tricotava a estrutura do ETS-10. Imaginem, então, uma dezena de naperãos de croché, todos tricotados, por dedos de fidalga, com os mesmos pontos e padrões geométricos. Coloquem estes naperãos uns sobre os outros, bem alinhados, e eis a estrutura do ETS-10, com os seus canais direitos, vazios por não terem pontos baixos, as moléculas de água (figura 2). Se o croché se faz com uma só agulha, ao ombro ou ao dedo, isto é, passando a linha num gancho preso no ombro, ou somente nas mãos, os zeólitos fazem-se em autoclaves, pequenas panelas de pressão de aço revestido a Teflon, que se levam ao forno a uns 150-200 ºC, durante alguns dias.
croché molecular, coisa fina
Figura 1 Esquerda: croché molecular (fotografia de microscópio eletrónico de transmissão do zeólito ETS-10; as zonas claras elípticas são a entrada para os canais com largura um milhão de vezes mais pequena que o milímetro). Direita: naperão de croché vulgar (os orifícios escuros têm cerca de 3 milímetros).
Figura 2 Estrutura do zeólito ETS-10 tricotada usando croché molecular mas que poderia ser obtida empilhando uma dezena ou mais de naperãos de croché vulgar.
Os elementos geométricos mais simples que constroem os zeólitos (átomos de silício ou, como no ETS-10, de titânio enlaçados com quatro ou seis átomos de oxigénio) são tão simples como os pontos e as malhas do croché vulgar. No croché artístico, porém, os pontos agrupam-se de forma tal, que o conjunto dá ideia de um bordado. Às vezes, fazem-se à parte folhas, flores, animais, etc., que se ligam por malhas ou por pontos. Inspirado nestes princípios, concebemos em Aveiro o croché artístico molecular. Para tal, fizemos à parte flores moleculares, cuja corola é um ião de um metal lantanídeo. Apesar de muitas pessoas nunca terem ouvido falar nestes metais, eles estão presentes em numerosos dispositivos modernos, desde os monitores de televisão até às marcas de segurança que autenticam as notas de euro. Este último caso vem a propósito porque ilustra uma propriedade notável dos lantanídeos: quando iluminados com luz ultravioleta brilham com cor visível, que depende do metal em causa, vermelha para o európio, verde para o térbio, por exemplo. A ligar as flores-lantanídeo, usam-se moléculas orgânicas apropriadas funcionando como malhas e que, quais pétalas rutilantes, lhes dão mais brilho, formando toalhas e naperãos moleculares chamados MOF que, tal como os zeólitos, possuem canais magros (figura 3). Quando estes estão cheios de água ou de certas moléculas, como as moléculas de álcool, as corolas-lantanídeo das flores brilham menos do que quando os canais estão enxutos. Nós aproveitámos este facto para fabricar um sensor de álcool, ou seja um dispositivo contendo um pouco de MOF e que, quando etilizado, brilha menos. Ou seja, o nosso croché artístico é um naperão
molecular em que as brilhantes flores e os finos canais se combinam para detetar moléculas, neste caso de álcool.
Para que serve este croché molecular, em que mesas se estendem estas toalhas de átomos? Serve em primeiro lugar, para separar (peneirar) moléculas maiores, que não entram nos canais ou os atravessam com dificuldade, de moléculas mais pequenas e velozes. Quando, por aquecimento, se “evaporam” as moléculas de água dos zeólitos estes ficam sedentos, tornando-se ótimos adsorventes de outras moléculas. Não disse ainda, mas no interior dos canais zeolíticos as moléculas de água entrelaçam-se com átomos carregados positivamente (catiões) de metais como o sódio ou o potássio. Quando o zeólito é molhado por água rica em outros catiões, por exemplo de cálcio ou magnésio, presentes nas chamadas águas duras, as moléculas de água laçam estes, libertando simultaneamente os catiões de sódio ou potássio. Este processo, conhecido como troca iónica, encontra aplicação em aditivos de detergentes para máquinas de lavar a louça, assegurando uma boa lavagem mesmo em regiões de águas duras. Mas talvez o papel mais importante dos zeólitos seja enquanto catalisadores (substâncias que aumentam a velocidade das reações químicas) na indústria petroquímica. As gotas de gasolina passam uma parte das suas vidas derramadas sobre um leito de zeólitos.
Herdei da minha avó Balbina o gosto de trabalhar em coisas finas, e até aprendi croché molecular. O giz, o giz de riscar, saiu da algibeira do meu avô José. “O senhor há de saber o que é croché?...” Referências [1] http://www.nytimes.com/2005/07/11/ nyregion/11cornell.html [2] http://www.math.cornell.edu/~dwh/papers/ crochet/crochet.html
Figura 3 Círculo grande: croché artístico molecular de um MOF; as manchas laranja representam átomos do metal európio, que são como corolas de flores ligadas entre si por malhas moleculares (a cinza e verde). Círculo pequeno: os cristais do MOF, dez vezes mais estreitos que um milímetro, brilham com cor vermelha quando iluminados por luz ultravioleta.
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censos 2011 um olhar demográfico LINHAS
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Maria Luís Rocha Pinto e Cristina Sousa Gomes Docentes no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA
Os dados preliminares do Recenseamento de 2011 (os únicos de que dispomos até agora) apenas nos facultam totais globais relativamente à população, às famílias, aos alojamentos e aos edifícios, disponíveis até ao nível da freguesia. Falta-nos, assim, quase tudo para uma leitura rigorosa sob o ponto de vista demográfico, o que acontecerá quando dispusermos dos dados definitivos, dentro de um ano, e de que nos aproximaremos com os dados provisórios do Censos 2011, que deverão estar disponíveis em breve. Neste pequeno texto iremos abordar as duas variáveis que, sob a ótica da população, conjugadas com os dados das estatísticas demográficas, nos permitem tirar algumas conclusões, ou seja, a população residente e as famílias. Quanto à população, como já foi amplamente divulgado, o seu crescimento desde 2001 cifrou-se em cerca de 200 mil residentes (199 736), que corresponde a uma variação de 1,9%. Ou seja, crescemos em média a uma taxa de 0,19% ao ano. É um crescimento reduzido, mas expressa, contudo, um crescimento. Como o saldo natural (nascimentos menos óbitos) desta década se situa em cerca de 17 600 indivíduos, podemos concluir que o saldo migratório do mesmo período terá sido de cerca de 182 100 pessoas, significando que a população portuguesa só não estagnou devido ao fenómeno migratório. No entanto, importa ressaltar que este crescimento é profundamente desigual. Enquanto o Algarve cresce neste período 14%, o Centro e o Alentejo perdem
população, respetivamente -0,9 % e -2,3%. Conforme formos descendo na escala geográfica, maiores se revelam as disparidades, de que o cartograma é imagem ao nível concelhio. Para o tornar rapidamente legível apenas criámos quatro categorias – acréscimos ou decréscimos menores do que 10% e iguais ou superiores a 10%. Torna-se óbvio que são muitos mais os concelhos que revelam crescimento negativo superior a 10% do que os que revelam crescimento positivo superior a este valor. Os maiores crescimentos positivos correspondem a Santa Cruz na Madeira e a Mafra, com valores que excedem 40%, enquanto os dois únicos concelhos com valores pouco acima de 20% de decréscimo correspondem a Alcoutim e Armamar. Ou seja, existem concelhos com um enorme potencial de atração, não existindo concelhos com níveis de repulsão tão acentuados, embora globalmente seja o fenómeno da repulsão que sobressai. Por outro lado, importa ainda referir que as áreas designadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) como Predominantemente Rurais perdem população em todo o país. Das grandes regiões (ver quadro) apenas o Norte e os Açores revelam saldos migratórios negativos, sendo que neste último caso o valor é negligenciável. No caso do Norte podemos dizer que quase todo o saldo natural é escoado através de um saldo migratório negativo. Inversamente, no caso do Centro e do Alentejo são os saldos naturais que impedem que as perdas populacionais sejam ainda mais intensas. Ainda no caso do Norte existem, no entanto, três sub-regiões (Nuts III) que revelam saldos naturais negativos nesta década (Minho-Lima, Douro e Alto Trás-os-Montes). No caso da região Centro vale a pena referir que apenas o Baixo-Vouga e o Pinhal Litoral ainda tiveram saldos naturais positivos nesta década, sendo que no Alentejo em nenhuma sub-região Nuts III se verificou um saldo natural positivo. O número de famílias em 2011 (4 079 577) aumentou (11,6%) relativamente a 2001, ou seja, cerca de seis vezes mais do que a população, revelando, inevitavelmente, uma diminuição do
censos 2011: um olhar demográfico
número médio de pessoas por família que baixa de 2,8 em 2001 para 2,6 em 2011. Diminuição que corresponde ao prosseguimento de uma tendência muito anterior ao século XXI. Esta realidade revela disparidades no território, dado que mesmo em Nuts III com perdas populacionais superiores a 5%, existe aumento do número de famílias, o que ocorre no Douro, em Trás-os-Montes, na Cova da Beira e no Alto Alentejo. Nas Nuts III em que ambas as variáveis registaram diminuição (Pinhal Interior Sul, Serra da Estrela, Beira Interior Norte e Alto Alentejo) esta é percentualmente muito menor no caso das famílias. A diminuição da fecundidade ao longo da década e a constituição de novas famílias nucleares deverão estar na origem deste facto, que nos faz entrever também um aumento significativo de famílias de idosos com uma ou duas pessoas. Mas sobre estas hipóteses teremos de esperar por dados mais completos, que nos permitam uma verdadeira análise da realidade. O que podemos assim concluir dos dados que possuímos? Em primeiro lugar que as migrações são importantes para o crescimento da população. Que, tal como o cartograma mostra, existe um fracionamento e diversidade das dinâmicas demográficas, mas também inegáveis continuidades territoriais. Concluímos ainda, a partir da interação entre a população e o território, que as redes viárias e os pólos urbanos potenciam a manutenção e mesmo o crescimento da população. Desta diversidade sobressai a necessidade da conjugação de uma análise que contemple o todo nacional e, simultaneamente, as dinâmicas locais e regionais a fim de percebermos os impactos das dinâmicas económicas e sociais e das políticas nacionais nas diferentes escalas territoriais, assim como os impactos das dinâmicas e políticas visando determinadas regiões. Será na dualidade deste olhar informado que se poderão estabelecer verdadeiras políticas que favoreçam as populações e o seu dinamismo, sem que isso implique necessariamente o crescimento da população nacional.
Variação percentual da população residente 2001 – 2011
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Grupo
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Censos 2001 e Resultados Preliminares 2011
Dinâmica de crescimento 2001 – 2011 (preliminares)
percursos antigos alunos
alexandre kumagai LINHAS
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a braços com a criatividade e a técnica
Alexandre Kumagai sempre demonstrou a sua aptidão para criar através de coisas simples. Hoje, o licenciado em Design, pela Universidade de Aveiro, afirma-se como designer industrial e é perentório quando refuta a ideia generalizada que um profissional desta área é um artista, que cria conceitos inspirados em flores e pássaros. Na sua opinião,”o apogeu de um designer é a total harmonia na aplicação de um pensamento lateral, sem nunca perder um objetivo pragmático”.
Alexandre Kumagai
Alexandre Kumagai nasceu em 1981 no seio de uma família de origem japonesa em São Paulo, no Brasil, e por lá viveu os seus primeiros nove anos de vida, radicando-se depois em Portugal. Com um percurso de vida marcado pela fusão de culturas e influências, de que tanto se orgulha, fala da sua infância relembrando grandes momentos de alegria e da liberdade que o guiou e se revelou fundamental para a sua formação como designer. “Quando era criança sonhava ser piloto de carros. Nas minhas brincadeiras virava a casa da minha avó ao contrário. Juntava as almofadas do sofá para fazer o ‘cockpit’, uma lata de biscoitos era o volante, sapatos eram os pedais e a minha avó e os meus tios alinhavam, divertíamo-nos imenso e tinha total liberdade.” Olhando para esta fase com alguma distância, salienta que o que realmente gostava era “do processo de imaginar e de criar, mais do que pilotar o ‘carro’, este processo é algo que nunca me foi reprimido, pelo contrário, sempre me foi incentivado.” Pela Universidade de Aveiro (UA), nutre um sentimento forte. Foram quatro anos marcados pelas amizades para toda a vida, pelo crescimento pessoal e pelo contacto desenvolvido com os professores. O fato de passar a viver numa cidade desconhecida e a quilómetros de casa ajudou a criar laços muito fortes.”Nesta época, não éramos só amigos, assumíamos o papel de pais e irmãos uns dos outros. Nós cuidávamos uns dos outros de forma incondicional.” Do curso em Design, faz alusão aos bons docentes com quem teve a oportunidade de aprender e apreender bastante, recordando alguns nomes com quem ainda se identifica, pela visão clara e pragmática que tinham perante os projetos. Evidencia ainda “as aulas que tive no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, por nos confrontarem perante problemas concretos, questões técnicas e até cálculos.” Já com alguma experiência na bagagem, faz uma avaliação da sua formação com um olhar mais crítico realçando a importância da manutenção
do carácter industrial que o curso de design já assumiu e a sua relevância tendo em conta o tecido empresarial que envolve a UA e a região.
a capacidade de se surpreender e a disposição para apreender são vetores fundamentais que nunca quer perder.
Mesmo antes de concluir a licenciatura, reuniu uma série de trabalhos académicos seus e bateu à porta do ateliê do Arquiteto Nuno Lacerda. Uma conversa informal bastou para impressionar o arquiteto. Passado pouco tempo, já tinha nas mãos um contrato de trabalho e adivinhava-se um período criativo e frenético. Aqui desenvolveu variadíssimos trabalhos de espaços, sobretudo comerciais, como as Lojas Vivo (operadora de telemóveis brasileira), um mega projeto de customização de todas as lojas da marca que ainda hoje é aplicado. Exigente nas suas escolhas, Alexandre Kumagai mudou entretanto o rumo do seu percurso profissional. “Em 2006, conheci uma pequena carpintaria e decidi que queria aprender a trabalhar com madeiras. Por isso, despedi-me e voluntariei-me para trabalhar de graça como aprendiz de carpinteiro. Foi uma decisão que pode parecer estranha, mas passados três meses fui aceite para trabalhar na empresa De La Espada, como designer industrial.”
Através dos olhos do talentoso designer, esta é uma profissão em constante mudança. Por este facto, aconselha os recém-licenciados na área a não se limitarem a acompanhar a mudança mas, sim, assumirem-se como agentes ativos. Passa também a mensagem que, quando se sai da universidade, o importante é adquirir essencialmente ritmo, conhecimento técnico e”killer instinct” para ser um profissional de excelência.
Nesta empresa, fundada há 18 anos e referência no panorama do design a uma escala mundial, o antigo aluno da UA acumula a função da gestão de desenvolvimento de produto. Com apenas 30 anos, Alexandre Kumagai não conhece o termo rotina pois todos os projetos são distintos, constituindo um desafio a cada dia. Participa em imensas reuniões ou sessões de prototipagem em diversos pontos do país. É parte integrante de todas as etapas do processo, pois nenhum detalhe pode escapar-lhe. E dedica dois meses do ano a viajar pelas feiras de mobiliário que acontecem nos quatro cantos do mundo.”É uma vida aparentemente desregrada, não tenho horários e organizo-me conforme as circunstâncias. Creio que ser designer é mesmo assim, não é só um trabalho, é um estilo de vida, algo entranhado.” Para além da paixão e do prazer que o motiva diariamente, a curiosidade,
Finaliza dizendo “a sensação que eu tenho quando estou a projetar é muito semelhante à das minhas brincadeiras de criança. No fundo, o que eu quero dizer, é que é esta pureza que faz algumas das competências essenciais de um designer.”
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percursos antigos alunos
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sérgio leandro o biólogo e o mar Sérgio Miguel Franco Martins Leandro tem 36 anos e é natural de Peniche. Ser biólogo nunca fez parte dos seus sonhos enquanto criança. Tinha ambicionado ser médico, mas foi na Biologia que encontrou a realização profissional e descobriu uma grande paixão por algo tão característico da sua terra, o mar.
Sérgio Leandro
Em 1993, entrou na Universidade de Aveiro (UA), na licenciatura em Biologia, a conselho de um docente do ensino secundário, e todo o seu percurso se revelou numa agradável surpresa. Há quem diga que não escolhemos uma profissão mas que é ela que nos escolhe. Foi o que aconteceu a Sérgio Leandro. “Encontrei em Aveiro e no curso as condições ideais para obter uma formação sólida na área das ciências biológicas e criar uma rede de amigos e de contactos extremamente importantes para a minha vida profissional e pessoal”, afirma. Recordando a época em que ingressou no ensino superior, o biólogo relembra que “o curso era considerado como sendo de banda larga, o que permitiu obter competências em diversos domínios da biologia, desde a biologia celular à ecologia, passando da genética à bioestatística, temáticas que foram extremamente importantes para o meu sucesso ao nível do mestrado, do doutoramento e, atualmente, na minha vida profissional.” Mais tarde, em 2001, frequentou o mestrado em Ciências das Zonas Costeiras e, em 2008, o doutoramento em Biologia, também na UA. Hoje, fazendo uma retrospetiva e uma avaliação do seu percurso profissional e dos seus pares, Sérgio Leandro pensa que alguém formado em Biologia” é um profissional bastante versátil na área das ciências e que se adapta muito facilmente a um leque diversificado de áreas de intervenção: da saúde à administração pública, da investigação científica à área ambiental, assumindo também o papel de empresários, empreendedores ou de profissionais liberais.” Quando em 2006 integrou o Gabinete de Apoio ao Presidente da Câmara Municipal de Peniche, como assessor para a área do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o biólogo teve a oportunidade de desenvolver projetos direcionados para a sua vocação, o mar. Deu o seu contributo na elaboração do dossier de candidatura das Berlengas a Reserva da Biosfera da UNESCO e
ao projecto ”7 Maravilhas Naturais de Portugal”, na promoção e dinamização do “Mês do Mar”, em projetos de educação e sensibilização ambiental e no desenvolvimento em projetos de inovação e tecnologia como o caso da energia das ondas. No mesmo ano assumiu, ainda, as funções de Professor Adjunto e Coordenador do curso de Licenciatura em Biologia Marinha e Biotecnologia, na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, do Instituto Politécnico de Leiria. É, acima de tudo, neste papel de docente que aconselha os seus alunos. E estende este apelo a todos os que seguem esta área científica, a investir na formação: “dou muitas vezes o meu exemplo. Entrei na vida profissional aos 30 anos após vários períodos de bolsas de investigação e hoje sinto-me perfeitamente realizado e apto para as mais diversas solicitações para as quais sou desafiado em termos profissionais.” Acrescenta, também, a importância de se explorar outras vertentes da vida de estudante, muito valorizadas na UA. “Procurar, na medida das possibilidades de cada um, interesses pessoais e formações complementares e envolverem-se desde cedo em projetos de investigação. Investir parte do tempo em ações de voluntariado e associativismo. Descobrir a vocação e exercê-la com paixão”. Estas são algumas recomendações, na voz do docente, que contribuirão decisivamente para desenvolver com sucesso a vida profissional. Numa narrativa muito positiva, Sérgio Leandro relembra os tempos de estudante universitário na UA. Fala do Prof. Jorge Rino e do modo único com que lecionava as suas aulas, a subtileza com que espicaçava os alunos e os conselhos que nunca foram esquecidos. Um outro docente que o marcou foi o Prof. Henrique Queiroga, que acentuou a sua propensão para o mar levando-o a frequentar o doutoramento e a fazer alguns trabalhos na Suécia neste âmbito. Um outro aspeto que guarda na memória é o facto de ter feito parte do crescimento e consolidação do projeto
educativo da academia aveirense, atualmente considerada referência a nível nacional e internacional. O futuro é aliciante e motivador. Insuficiente é o tempo para concretizar desejos e projetos. No entanto, tem em mente “trabalhos que passam por contribuir para o desenvolvimento da minha terra natal e para a afirmação do meu Instituto, enquanto referência na área do mar nos mais diversos domínios do saber e das atividades económicas.”
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distinções UA nos rankings: melhor portuguesa no THE World Ranking e a melhor em Ciência dos Materiais no de Taiwan
Módulo criado na UA obtém Selo Europeu para as Iniciativas Inovadoras na Área do Ensino/ Aprendizagem das Línguas
A Universidade de Aveiro é a melhor portuguesa no ranking das 400 melhores universidades do mundo, de acordo com o ranking do Times Higher Education (THE). A UA surge entre as posições 301 e 350.
O módulo de Português Língua Estrangeira, integrado no programa europeu de ensino à distância “Hook Up!” foi premiado com o Selo Europeu para as Iniciativas Inovadoras na Área do Ensino/Aprendizagem das Línguas. Os conteúdos foram criados pela investigadora e docente no Departamento de Línguas e Culturas, Filomena Barbosa Amorim.
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A avaliação do ranking do Times Higher Education é feita com base em 13 critérios que se resumem a cinco tópicos: ensino (o “ambiente de aprendizagem”, nos termos usados pelo ranking, que vale 30 por cento); investigação (“volume”, “receitas de investigação” e “reputação”, com peso de 30 por cento); citações (o “impacto da investigação”, valendo 30 por cento); o impacto no tecido produtivo (“Inovação”, com peso de 2,5 por cento) e a visibilidade internacional (“recursos humanos” e “estudantes e investigação”, que correspondem a 7,5 por cento da avaliação final). O patamar, entre as posições 301 e 350 é partilhado com a Universidade do Porto. No entanto, o somatório da pontuação atribuída à Universidade de Aveiro nos cinco tópicos de avaliação, coloca a UA acima da sua congénere portuguesa. Nas posições de 351 a 400, surgem a Universidade de Coimbra e a Universidade Nova de Lisboa. O ranking é liderado, pela primeira vez, pelo California Institute of Technology (CalTech), com a Universidade de Harvard na segunda posição e Stanford na terceira. Nas dez primeiras posições surgem apenas três universidades inglesas (Oxford, na quarta posição), Cambridge (na 6ª posição) e o Imperial College London (em 8º), sendo as restantes universidades norte-americanas. Mais recentemente, foi conhecida a edição de 2011 do Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities, conhecido por Taiwan Ranking, que coloca a UA como a melhor universidade nacional na área “Ciência dos Materiais”, ocupando a 32ª posição a nível europeu e 120ª no mundo. Este ranking publicado pela Universidade Nacional de Taiwan e que reflete a qualidade e quantidade da investigação produzida numa universidade, coloca ainda a UA na segunda ou terceira posição nacional em quase todas as outras áreas de investigação científica. É o caso da segunda posição na área do Ambiente, 66 a nível europeu e 193 a nível mundial – neste caso, o primeiro lugar nacional cabe à Universidade do Porto – e na Matemática, em que ocupa a 213 no mundo – neste caso, a primeira posição nacional é ocupada pela Universidade Técnica de Lisboa. No campo Agricultura e Ciências do Ambiente, a UA ocupa também a segunda posição nacional a seguir à Universidade do Porto, sendo a posição 252 a nível mundial. A UA surge no terceiro lugar nacional nas áreas científicas de Química, de Engenharia Mecânica, de Engenharia Química, de Engenharia Civil e Agricultura.
O “Hook Up!” constitui um exemplo de projetos que visam o desenvolvimento do ensino online das línguas como resposta às necessidades dos alunos, nomeadamente daqueles que se encontram em regime de mobilidade. Financiado pela European University Foundation – Campus Europae (EUFCE) e pelo Lifelong Learning Programme (LLP), o projeto integra uma plataforma constituída por 12 línguas europeias, disponível a todos os estudantes que pretendam frequentar um período de estudos fora do seu país de origem, para que possam ter uma base sólida que lhes permita aprofundar a aprendizagem e acompanhar as aulas na língua do país de destino.
Projeto SARDANA recebe “óscar” internacional de inovação
Prof. João Rocha nomeado editor da Royal Society of Chemistry
Investigador do GEOBIOTEC é representante português na Federação Europeia de Geólogos 17
O SARDANA, um projeto da responsabilidade de sete parceiros europeus, entre os quais uma equipa liderada pelo Prof. António Luís Teixeira, do Departamento de Eletrónica, Informática e Telecomunicações / Instituto de Telecomunicações, recebeu em junho o Global Telecom Business Innovation Award 2011. Com enfoque na tecnologia e distribuição de serviços por fibra ótica, os investigadores apresentaram uma proposta com uma solução técnica para uma infraestrutura eficiente, multioperadora e compartilhada de banda larga. Os Global Telecoms Business Innovation Awards 2011, são os “óscars” da inovação internacional, distinguindo feitos de grande porte que possam ter grande impacto na área das telecomunicações pelo volume de inovação introduzido e impacto causado nos diversos vetores de comunicação e disseminação do conhecimento e da inovação, como revistas, media e outros.
O Prof. João Rocha, docente no Departamento de Química e coordenador da unidade de investigação Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) foi nomeado editor da série de livros da Royal Society of Chemistry, “Nanoscience and Nanotechnology”. O investigador partilhará esta tarefa com um grupo de outros cientistas de topo, constituído pelos professores Harold Walter Kroto, da Universidade do Estado da Flórida (EUA), um dos três laureados com o Prémio Nobel da Química em 1996 e Doutor Honoris Causa pela UA, Paul O’Brien, da Universidade de Manchester (Inglaterra), e Ralph Nuzzo, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA). Cobrindo as amplas áreas da Nanociência e Nanotecnologia, esta série literária em particular constitui uma abrangente fonte de informação sobre a investigação referente a materiais nanoestruturados e a tecnologias miniaturizadas conhecidas como lab on a chip.
O Investigador do GEOBIOTEC, Prof. Dr. José Martins de Carvalho, foi selecionado pela Associação Portuguesa de Geólogos para integrar o painel de peritos em Hidrogeologia, da Federação Europeia de Geólogos (FEG). Martins de Carvalho, eurogeólogo com relevante experiência profissional, considera que “será uma honra representar os geólogos portugueses nesta atividade”. Investigador no GEOBIOTEC, unidade de investigação sediada no Departamento de Geociências, doutorado em Geociências pela UA e professor coordenador do Departamento de Engenharia Geotécnica do ISEP, José Martins Carvalho é, a partir de agora, o representante português num painel que atua nas áreas de Proteção de Aquíferos e da Iniciativa Comunitária Água; revisão e síntese da documentação europeia sobre a “Water Initiative”, movimento sem fins lucrativos para resolver problemas da água à escala local, mas numa perspetiva global, dando uma imagem da capacidade tecnológica europeia neste domínio.
distinções
Docente da UA integra grupo de especialistas europeus em eficiência hídrica de edifícios
Prémio internacional por crítica literária para “a melhor obra sobre a literatura australiana dos últimos dois anos”
Arménio Rego agraciado com o Prémio “Agostinho Roseta”
O Prof. Armando Silva Afonso, docente do Departamento de Engenharia Civil, é o único português a integrar o primeiro grupo de especialistas internacionais para a eficiência hídrica em edifícios, criado pela Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia. Este grupo de trabalho foi constituído com o objetivo de proceder à identificação de medidas e mecanismos necessários para assegurar em toda a União Europeia uma utilização sustentável, a longo prazo, do uso de recursos hídricos em edifícios, para implementação no final de 2012, pelos países membros.
O Prof. David Callahan, do Departamento de Línguas e Culturas, foi galardoado com o prémio McRae Russell da Association for the Study of Australian Literature para “a melhor obra sobre a literatura australiana dos últimos dois anos”. O prémio refere-se à monografia “Rainforest Narratives: The Work of Janette Turner Hospital”, publicada em 2009 pela University of Queensland Press.
O trabalho de investigação “Mais virtuosidade, mais líderes autênticos: Organizações mais saudáveis, um mundo melhor” desenvolvido pelo Prof. Arménio Rego, investigador e docente no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, foi distinguido com o Prémio “Agostinho Roseta”.
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As propostas em análise pela Comissão envolvem o estabelecimento de requisitos mínimos de eficiência hídrica para os dispositivos prediais e para os edifícios, a criação de medidas visando a realização de auditorias e a classificação dos edifícios em termos de eficiência hídrica. O grupo de especialistas internacionais que o docente da UA integra terá ainda como missão, no âmbito da política relacionada com a crescente escassez de recursos hídricos, a criação de sistemas de certificação para a reutilização de águas cinzentas e para o aproveitamento de águas pluviais, a criação de incentivos financeiros nestes domínios e a realização de ações de formação e informação para os cidadãos.
“O estudo da obra de Janette Turner Hospital de David Callahan é um excelente exemplo de hábil crítica literária”, considera o júri do prémio McRae Russell da Association for the Study of Australian Literature, anunciado na State Library of Victoria. Na edição do prémio em 2011, David Callahan partilha a distinção, ex aequo, com John McLaren.
Globalmente, o estudo pretende mostrar como as virtudes e as forças de caráter dos líderes, assim como virtuosidade organizacional, promovem o bem-estar individual, o bom funcionamento das equipas, o desempenho organizacional e, direta ou indiretamente, a melhoria social.
Associação Portuguesa de Mecânica Teórica, Aplicada e Computacional distingue docente da UA
Docente do ISCA-UA ganha prémio “Young Researcher Prize”
Estudo sobre Manuel Rodrigues Coelho da autoria de investigadora da UA distinguido 19
O Prof. Robertt Valente, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) e investigador do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA), foi galardoado com o “Prémio Jovem Investigador Prof. João Martins em Mecânica Aplicada e Computacional 2010”. O prémio, atribuído por unanimidade pela Associação Portuguesa de Mecânica Teórica, Aplicada e Computacional, visa reconhecer os melhores contributos (por parte de jovens investigadores) para a área da Mecânica Aplicada e Computacional. Para o Prof. Robertt Valente, esta distinção constitui “uma grande honra, e representa o resultado de todo um trabalho continuado desenvolvido no grupo de investigação GRIDS (DEM-TEMA), num ambiente de constante superação e troca de ideias”. O investigador conclui: “Não posso também deixar de realçar que o prémio é, em grande parte, fruto do trabalho de cooperação com os meus alunos de mestrado e de doutoramento, bem como da estratégia do DEM-TEMA na área da Mecânica Aplicada e Computacional e suas aplicações em engenharia, área na qual o GRIDS tem assumido um indiscutível papel de destaque a nível nacional e internacional, com o consequente reconhecimento pelos seus pares”.
A Prof. Cláudia Amaral Santos, do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro, recebeu, no mês de junho, o prémio “Young Researcher Prize”, na conferência internacional “TOTh 2011” com o artigo “Terminological Contributions in Ontology Building: The Informal Specification stage”, em Annecy, em França. O artigo resultou do trabalho de investigação que culminou na tese de doutoramento em Linguística da Prof. Cláudia Amaral Santos, onde se discutem as metodologias de representação do conhecimento que podem ser utilizadas em terminologia na construção de ontologias.
Edite Rocha, investigadora na UA, venceu o Prémio de Investigação Histórica de Elvas “D. Manuel I” com o trabalho “Flores de Música de Manuel Rodrigues Coelho”, realizado no âmbito do seu doutoramento concluído em 2010, em Aveiro, sob orientação dos Professores João Pedro de Oliveira e Rui Vieira Nery e com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
distinções
Prof. Artur Silva condecorado Prémio Nacional Multimédia com medalha de mérito cultural e para filme produzido por científico pela Câmara Municipal docente da UA do Marco de Canaveses
Trabalho na área da Qualidade distinguido pela APQ
A Câmara Municipal do Marco de Canaveses atribuiu, em Julho a medalha de ouro de mérito cultural e científico ao Prof. Artur Silva, Professor Catedrático no Departamento de Química da UA, pelo “brilhante trabalho de investigação e incontornável referência no meio científico, que muito honra o concelho”.
A Prof. Elisabeth Brito, docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, foi a vencedora do prémio de melhor trabalho de dissertação na área da qualidade, atribuído pela Associação Portuguesa da Qualidade. A distinção premeia a sua tese de doutoramento sobre “Gestão do Conhecimento e Qualidade como vetores de competitividade na Administração Pública Local”.
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“Conto do Vento”, filme de animação 3D, produzido por António Valente, docente do Departamento de Comunicação e Arte, foi distinguido com o Prémio Nacional Multimédia na categoria Entretenimento, na 6ª edição do Prémio Nacional Multimédia, promovido pela Associação para a Promoção do Multimédia e da Sociedade Digital (APMP). A curta-metragem de animação, “Conto do Vento”, produzida em 3D e realizada por Cláudio Jordão e Nelson Martins - estreou no Festival de Cinema AVANCA’10, onde foi distinguido. Exibido na competição oficial do Festival de Annecy (o mais importante festival da animação no mundo), esta obra foi Prémio Revelação no “Caminhos do Cinema Português” e Prémio Animação no “Festival Porto 7”.
A investigação, na área de especialização de Psicologia das Organizações, pretendeu contribuir para clarificar a relação existente entre a gestão do conhecimento, a qualidade e a satisfação dos “clientes” no setor autárquico português.
Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas premeia investigação da UA
Ilustração científica de Fernando Correia no New York State Museum
Robôs da UA continuam a arrecadar galardões 21
A Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas atribuiu às investigadoras Maria de Fátima Macedo e Cátia Sofia Pereira, cientistas da Secção Autónoma de Ciências da Saúde, a “Bolsa Genzyme de Investigação”. O projeto vencedor da dupla de investigadoras da UA enquadra-se na investigação sobre o sistema imunitário da doença de Fabry e, mais especificamente, tem como objetivo estudar a produção de citocinas pelas células Natural Killer T invariantes presentes no modelo animal daquela doença. O estudo das duas investigadoras arranca em dezembro.
Fernando Correia, docente do Departamento de Biologia e coordenador do Curso de Formação em Ilustração Científica, foi um dos quatro portugueses selecionados este ano para integrar a competição e exposição bianual Focus on Nature XII com a obra European Honey Bee (Apis mellifera), criada em 2011 para a empresa SkyGarden, Lda. Fernando Correia é, desde que o FON foi criado em 1990, o único português agraciado com um deste prémios (FON VIII, 2004; Purchase Award) e cujas obras integram por isso a Coleção Permanente do New York State Museum (com cerca de 18.000 ilustrações). O reconhecimento internacional de que o Focus on Nature (FON) é merecedor fez com que este ano participassem 220 ilustradores científicos, oriundos de 19 países diferentes e totalizando o extraordinário número de 493 obras a concurso. Após a seleção do Júri, somente 72 participantes de 14 países e agregando 93 trabalhos, irão participar na grande exposição FON XII que irá ficar patente na Galeria do New York State Museum (Albany, NY, USA; com um milhão de visitantes/ano), entre abril a dezembro de 2012.
A equipa de futebol robótico CAMBADA classificou-se em 3.º lugar na Liga de Tamanho Médio (Middle Size League) do RoboCup 2011, o Campeonato Mundial de Futebol Robótico, que decorreu em Istambul (Turquia), de 5 a 11 de julho. A equipa da Universidade de Aveiro volta assim a obter um lugar no pódio, depois de um 1.º lugar em 2008 e de dois 3.º lugares em 2009 e 2010. O Clube de Robótica da UA, fundado pelo Prof. Paulo Lopes e sediado no Departamento de Física, conseguiu mais uma vez lugares de pódio no Concurso “O Robô Bombeiro”, que se realiza todos os anos, em julho, no Instituto Politécnico da Guarda. O 1º lugar, na classe “standard”, foi conseguido pela equipa composta pelo Prof. André Zúquete do IEETA e Mafalda Zúquete, numa disputa que envolveu um total de 16 equipas concorrentes. A equipa composta pelo Prof. Paulo Lopes e pelos alunos António Lourenço, André e Ricardo Santos, Fernando e André Ferreira subiu ao 2º lugar do pódio na classe “robô com pernas”, tendo defrontado sete equipas concorrentes.
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Prof. João Pedro Oliveira vence prestigiado concurso internacional
Alunos reconhecidos nacional e internacionalmente
O compositor e docente da UA, João Pedro Oliveira, ganhou, em maio, o 1º prémio do concurso internacional Counterpoint Competition 2011. “Entre o Ar e a Perfeição” para flauta, piano e sons eletrónicos foi a obra com a qual o compositor conquistou este troféu.
Sucesso, potencial e saber. Estas são algumas das características que os alunos da UA carregam consigo quando dão a conhecer o seu trabalho em Portugal e além-fronteiras. São o espelho da qualidade de ensino ministrado e da investigação desenvolvida na UA.
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João Pedro Oliveira estudou composição, órgão e arquitetura em Lisboa. A sua carreira como compositor conta com mais de 20 galardões nacionais e internacionais, 15 dos quais, primeiros prémios conquistados nos mais prestigiados concursos de composição internacionais onde se destacam, entre outros, o prémio Magisterium, instituído pelo Concours International de Musique et d’Art Sonore Electroacoustique de Bourges (França), atribuído anualmente a um compositor que tenha desenvolvido uma carreira de prestígio na música eletroacústica ou mista (instrumentos e eletrónica), sendo este o mais importante prémio mundial na área.
Em maio passado, uma equipa de alunos da UA, constituída por Rodrigo Mourão, Andreia Caçoilo, Ricardo Carvalhais e Ricardo Jorge, venceu a Competição de Engenharia Nacional, promovida pela Faculdade de Engenharia do Porto. O evento recebeu as melhores equipas de estudantes de engenharia que estiveram frente a frente durante um fim de semana com o objetivo de carimbar o passaporte para a grande final europeia, que decorreu na Turquia. Ainda, neste mês, José Bronze, Maria Branco e Margarida Basto, alunos do curso de Design da UA, ganharam o 1º prémio de Design do Grupo Sardinha & Leite. Foi com a peça de mobiliário “EDGES”, que consegue aliar uma funcionalidade evidente e polivalente para todos os espaços vazios da casa, que impressionaram o júri do evento. O prémio recebido consistiu numa visita ao líder mundial de ferragens “BLUM” (patrocinador do evento), na Áustria. A doutoranda Raquel Camarinha cantou e encantou no Concurso Luísa Todi, um dos mais importantes concursos nacionais na área de canto, realizado este ano em Setúbal, no final do mês de junho. A aluna foi galardoada, na mesma ocasião, com o Prémio Ana Lagoa, atribuído à melhor
interpretação de Ária de Ópera, com a sua interpretação de “Aux Langueurs d´Apollon”, da ópera Platée de J.P. Rameau. No mês seguinte, a UA brilhou no Fraunhofer Portugal Challenge 2011, um concurso nos domínios das Tecnologias da Informação e Comunicação e Multimédia organizado pelo Instituto Fraunhofer e AICOS. Daniel Polónia (Engenharia Eletrotécnica) e Ricardo Fernandes (Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações), alunos do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI), foram os primeiros classificados do Fraunhofer Portugal Challenge 2011, respetivamente nas categorias de Doutoramento e Mestrado enquanto que o segundo lugar na categoria de Doutoramento foi para Navin Kumar, também ele aluno da UA e investigador no Instituto de Telecomunicações – Pólo de Aveiro. O projeto Portal para Familiares e Cuidadores de Doentes de Alzheimer venceu a segunda edição do prémio Angelini University Award 2010/2011 que decorreu dia 13 de outubro. Este projeto inovador em Portugal, concebido e realizado por cinco alunos do Mestrado em Biomedicina Molecular da Secção Autónoma de Ciências da Saúde, teve em especial atenção as dificuldades com que se deparam os cuidadores das pessoas afetadas com Alzheimer. Filipa Martins, Edgar Coelho, Joana Oliveira, Joana Rocha e João Terrível, sob a orientação da Prof. Odete Cruz e Silva, construíram uma plataforma online em Português
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que surgiu como resposta à falta de informação no nosso país direcionada para o cuidador informal. Os estudantes da academia aveirense, no mês de novembro, destacaram-se nas temáticas relacionadas com o setor energético e tecnologias de informação; a área da estratégia, comunicação e marketing e domínios das ciências da radioeletricidade, das telecomunicações e da eletrónica. No Innovation Challenge 2011, um concurso organizado pela GALP Energia e pela Portugal Telecom para o desenvolvimento de aplicações mobile (Android e iOS) no âmbito da eficiência energética e mobilidade, os alunos do Mestrado em Comunicação Multimédia, lecionado pelo Departamento de Comunicação e Arte, conseguiram o primeiro, terceiro e sexto lugares, com os projetos “FuelDrop”, “Ecoescolha” e “mFast”, respetivamente. Num outro concurso, EDP University Challenge 2011, a equipa composta pelas alunas Catarina Henriques, Cláudia Pereira, Filipa Carneiro e Vera Silva, que terminaram este ano a sua licenciatura em Gestão no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI), e pelo Prof. Manuel Au-Yong Oliveira, classificou-se entre as cinco melhores, no conjunto das 26 equipas de universidades e politécnicos nacionais. Neste concurso anual, que pretende estimular a população universitária a aplicar os seus conhecimentos académicos no desenvolvimento de um tema/projeto
no âmbito da estratégia, comunicação e marketing, as alunas apresentaram um trabalho que consistiu num “Plano de Comunicação e Marketing” para promover o conceito de eficiência energética junto do público infantojuvenil. No decorrer do Congresso do Comité Português da União Radiocientífica Internacional (URSI), Alírio Boaventura, aluno de doutoramento do DEGEI, venceu o prémio ANACOM-URSI, que foi entregue a 11 de novembro. O prémio, destinado a galardoar o melhor trabalho de investigação na área da radioeletricidade, com o objetivo de estimular a criatividade e o rigor no trabalho de investigação científica em Portugal, foi entregue ex-aequo a Alírio Boaventura, orientado por Nuno Borges de Carvalho, com o trabalho “Novel Excitation Signals for Efficient Microwave Power Transmission: From theory to system integration in commercial RFID reader”, e a uma colega do Instituto Superior Técnico. “Com amor se paga”, “Cor” e “Raízes” são três dos cinco projetos submetidos pela UA que estão entre os vencedores do concurso “Action for Age”; uma iniciativa que visa explorar o papel do design face aos complexos desafios e possibilidades que nos coloca o fenómeno do envelhecimento generalizado da população. Estes três projetos, desenvolvidos na licenciatura em design, no âmbito da disciplina de Projeto em Design IV, foram implementados, testados e apresentados no âmbito do ExperimentaDesign 2011.
Os três projetos da UA, visando o incremento das relações intergeracionais, propõem sistemas que, podendo ser descritos como pertencendo à área do design de serviços, dependem de outros suportes do âmbito do design de comunicação e do design industrial – sistemas desenhados de forma integrada e onde o design desempenha um papel central.
investigação
LINHAS
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biofluidos ajudam a detetar doenças investigadores da ua analisam saúde das grávidas e dos recém-nascidos Diabetes gestacional, parto pré-termo, rutura prematura de membranas ou pré-eclampsia são exemplos de complicações que se podem manifestar a partir do segundo trimestre da gravidez e que não são facilmente previstas nos exames de rotina. Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA), coordenado pela Prof. Ana Gil do Departamento de Química, está, por isso, empenhado em fazer o rastreio destas desordens, utilizando técnicas que identificam e analisam compostos presentes nos biofluídos. A mesma metodologia está a ser usada para estudar e melhorar o diagnóstico de outras condições, como vários tipos de malformações fetais e de cromossomopatias.
A breve prazo, e apenas com uma amostra de sangue ou urina (ou, embora de forma mais invasiva, de líquido amniótico ou tecido de placenta), poderá vir a ser possível relacionar o percurso clínico da grávida com a saúde do recém-nascido, desde os primeiros dias e durante os primeiros anos de vida. Com recurso à metabonómica, uma estratégia que analisa os conjuntos de pequenas moléculas (metabolitos) presentes nos biofluídos, e que espelham o funcionamento do organismo, os investigadores da UA esperam conseguir fazer o rastreio de várias patologias, da grávida/feto e do recém-nascido, ainda antes de aparecerem os primeiros sintomas. A estratégia está a ser desenvolvida com base no acompanhamento da saúde de grávidas e recém-nascidos da Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra. “Há vários problemas que não se conseguem prever, e que põem em risco o feto e a grávida, como a pré-eclampsia, a diabetes gestacional (muitas vezes em pessoas que não têm qualquer precedente da doença) ou o parto pré-termo. A nossa ideia é, através de um rastreio simples, não invasivo e rápido no segundo trimestre da gravidez, quando não há indícios clínicos dessas desordens, ver se há qualquer desvio nos biofluídos que depois possamos, estatisticamente, correlacionar com doenças que se revelam mais tarde”, explica a investigadora Ana Gil. Depois de recolhidas, as amostras são analisadas através de espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN), uma técnica que tem a vantagem de conseguir detetar e medir, com precisão e em cerca de 15 minutos, muitas moléculas em simultâneo. Em complemento, e em colaboração com o Imperial College de Londres, tem sido também usada a espectrometria de massa. As alterações de metabolitos assim detetadas nas amostras são, numa fase seguinte, validadas com recurso a métodos estatísticos que, segundo a docente “permitem comparar um perfil normal de uma grávida com um desviante.
biofluidos ajudam a detetar doenças
Essa variação tem de ser validada estatisticamente, para podermos analisar a consistência dos desvios da composição normal do biofluido”. Com as centenas de amostras recolhidas nos últimos cinco anos, desde o início do estudo, e o recurso às duas técnicas analíticas indicadas, foi possível criar uma mostra de compostos, associada ao estado saudável da grávida/feto e ao perfil de alguns desvios. “Os fetos mal formados têm um impacto enorme na composição do líquido amniótico, no sangue e na urina das mães e conseguimos formar agora uma imagem metabólica do que está a acontecer. Vimos também alterações, embora mais ténues, nas grávidas que acabam por desenvolver diabetes gestacional, e isso é bastante útil, porque não há forma de a prever. Temos também alterações medidas para parto pré-termo muito interessantes. Para a pré-eclampsia não temos dados porque a incidência tem sido muito baixa (e temos, por isso, um baixo número de amostras), mas foi também já possível identificar diferenças nas variações do perfil metabólico para fetos com malformações do sistema nervoso central e para a Trissomia 21”, adianta Ana Gil. O próximo passo dos investigadores é analisar a urina dos recém-nascidos. “Estamos também a recolher, mais recentemente e numa fase já extra a este projeto, a urina dos bebés, logo no primeiro ou segundo dia de vida, com o objetivo de poder dizer alguma coisa sobre o desenvolvimento do recém-nascido e, muito importante também, relacionar a sua saúde com o que se passou durante a gravidez. Numa fase futura, gostaríamos de implementar um processo de seguimento dos bebés depois de saírem da maternidade”. Embora as técnicas que permitem fazer estas análises sejam dispendiosas e não existam nos hospitais na forma em que necessitam ser usadas para este efeito, um objetivo futuro é levar este projeto para o ambiente clínico como meio de rastreio e alargar a rede de colaboração no país. Para
além da Maternidade Bissaya Barreto, já manifestaram interesse o Centro Hospitalar de Gaia, o Hospital de Santa Maria da Feira assim como algumas instituições de Lisboa e do Porto. A solução poderá passar, por isso, por ter um centro que forneça este serviço, a nível nacional. O caráter inovador do projeto tem sido evidenciado também pelo prestígio das publicações já efetivadas. Resultaram, deste estudo, quatro artigos em revistas de referência, na área da química e bioquímica, e com elevado fator de impacto (>5). No prelo estão ainda três e os investigadores preveem que, até ao final do ano, sejam submetidos outros dois artigos.
Novas tecnologias ao serviço do ensino de canto É a única professora de canto em Portugal a usar novas tecnologias na sala de aula. A Prof. Filipa Lã, docente no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, utiliza software próprio que permite, por exemplo, que os seus alunos observem no monitor a nota em que estão a cantar. O registo visual permite-lhes perceberem se estão a cantar no tom que lhes pede a docente. Mas as inovações que trouxe para Portugal, frutos dos seis anos que passou em Inglaterra a tirar o mestrado em Performance no Guildhall Scholl e o doutoramento em canto na Universidade de Sheffield, não se ficam por aqui. A electrolaringografia, dois elétrodos que se colocam externamente na cartilagem tiróidea dos alunos, permite à docente acompanhar a vibração das pregas vocais. Outra inovação nas suas aulas de canto é a medição da pressão subglótica pela qual otimiza o uso das cordas vocais dos alunos. “Quando muitas vezes vejo que o aluno não consegue perceber aquilo que lhe estou a transmitir verbalmente, mostro-lhe no computador o espectro daquilo que ele está a fazer e o que deveria fazer”, explica a docente. “As novas tecnologias permitem perceber melhor a voz, como funciona, o que tem o aluno de fazer para atingir determinado objetivo e assim contribuir para a otimização da performance vocal”, descreve a Prof. Filipa Lã. A docente esclarece, no entanto, que “não se pretende que as novas tecnologias se tornem na ferramenta principal numa aula de canto, mas sim numa ferramenta adicional”.
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investigação
a ua no cluster habitat sustentável
a sustentabilidade da construção como força motriz para a inovação e competitividade LINHAS
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A Universidade de Aveiro é associada da Plataforma para a Construção Sustentável, que é a entidade gestora do Cluster Habitat Sustentável em Portugal. Numa fase de evidente crise no setor da construção, as atenções viram-se para a inovação com base na sustentabilidade, em todas as vertentes desta mega fileira do Habitat. Daí, a importância da cooperação em rede entre empresas e demais entidades com as universidades e outras infraestruturas tecnológicas.
A um ritmo de 120 mil novos fogos por ano, até ao final da década de 1990, o sector da construção chegou à atual situação de 1 milhão e 800 mil fogos devolutos, por habitar ou a precisar de reabilitação. Uma crise de proporções consideráveis que se reflete num número significativo de insolvências e de aumento de desemprego no setor. Muitos veem na reabilitação do património edificado uma possível solução interna para a crise e para um conjunto alargado de empresas de diferentes subsectores associados à fileira das atividades de construção. Victor Ferreira, Professor do Departamento de Engenharia Civil da UA, que preside à Plataforma para a Construção Sustentável, entidade gestora do Cluster Habitat Sustentável, salienta a importância, neste momento, da inovação apoiada em critérios de sustentabilidade para o reforço da competitividade das entidades do cluster. Envolvendo a fileira da construção, o cluster integra empresas e associações ligadas à extração de matérias-primas, produtoras ou transformadoras de materiais de construção, empresas de construção, fornecedores de serviços e equipamentos para o habitat (domótica, energia e ambiente) e ainda entidades do sistema cientifico-tecnológicos e municípios, entre outros. O cluster, reconhecido pelo QREN-POFC no âmbito das Estratégias de Eficiência Coletiva, procura criar “sinergias no sentido do desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e sistemas de construção sustentável e de uma nova prática na conceção de espaços envolventes, induzindo uma atitude de inovação através da sustentabilidade do ambiente construído que se pretende geradora de fatores de competitividade acrescida”. Esta missão consta da apresentação do cluster em http://www.centrohabitat.net. Para perceber a importância desta fileira na economia portuguesa, refira-se que mais de metade das 27 mil empresas exportadoras portuguesas (que também importam matérias primas) insere-se na fileira Habitat quando se considera o balanço exportações-importações. Desde 2007, que a Plataforma para a Construção Sustentável tem desenvolvido um trabalho
a ua no cluster habitat sustentável
de crescimento e consolidação da rede de cooperação que é o Cluster Habitat Sustentável. A Plataforma detém hoje mais de 100 associados, maioritariamente empresas, mas envolvendo também associações, universidades, municípios, entre outras entidades. A partir do seu reconhecimento, em 2009, como Estratégia de Eficiência Colectiva, viu aprovados e financiados 35 projetos num total correspondente a 48 milhões de euros. Três deles são os chamados projetos âncora: o Centro de Competências e Materiais de Construção Sustentável, o Centro de Conhecimento em Tecnologias de Construção Sustentável e o Centro de Competências em Sustentabilidade do Habitat, este último promovido pela própria Plataforma e onde a UA também participa como membro dos grupos piloto em curso. Para além destes, decorre um conjunto de projetos complementares, promovidos por empresas e outras entidades individualmente e em consórcio.
Contributos da UA Este cluster está especialmente representado na região Norte e Centro, onde a UA se destaca pelos projetos que desenvolve nesta área da sustentabilidade do ambiente construído. A UA tem vindo a desenvolver o projeto “Campus Exemplar”, precisamente com o objetivo de aplicar ao campus universitário os princípios da sustentabilidade (ver página 50 nesta edição da Linhas). Por outro lado, a sua participação na InovaDomus – associação promotora do projeto “Casa do Futuro” – que também é associada da Plataforma reforça esta ligação. A InovaDomus promoveu também o projeto “Futuro do Habitat”, concluído em 2011, com a apresentação de um manual de reabilitação de edifícios – cuja ideia chave se pode traduzir em “dar futuro às casas do passado” – e ultimou agora o projeto “INNOV”, com apresentação de um manual de boas práticas de gestão para a inovação nas empresas desta fileira. A Universidade tem vários dos seus departamentos envolvidos em projetos neste domínio da sustentabilidade do ambiente construído. No Departamento de Engenharia Civil, docentes e alunos de pós-graduação (mestrado e
doutoramento) realizam trabalhos de investigação em áreas como a análise de riscos, a sustentabilidade da construção e a reabilitação do património. A UA participa num projeto pioneiro, liderado pela comunidade intermunicipal da região de Aveiro, ligado ao desenvolvimento da eficiência hídrica em edifícios e espaços públicos e financiado pelo Plano Operacional de Valorização do Território (POVT) e onde a Plataforma participa na comissão de acompanhamento do projeto. A eficiência energética nos edifícios é uma área para a qual tem também contribuído o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM). No Grupo de Investigação em Sistemas Energéticos Sustentáveis (GISES) participam também investigadores de outros departamentos da UA. Para além do DEM, também o Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial e o Departamento de Ambiente e Ordenamento participam na formação e investigação em sistemas energéticos e sustentabilidade.
Rede potencia I&D e ligação à sociedade A UA aderiu, recentemente, à rede internacional de investigação CarbonInspired que se dedica ao estudo de novos materiais com nanopartículas baseadas em carbono e suas aplicações aos sectores automóvel e da construção. Uma das possíveis aplicações que está a ser estudada é a obtenção de uma espuma com um isolamento térmico muito eficiente. Por outro lado, a Universidade possui o único Laboratório Associado em Materiais em Portugal, o Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), que atua na área da ciência e engenharia dos materiais, incluindo a área de “Reciclagem, Desperdícios e Produtos Verdes”. Para além dos casos referidos, várias outras iniciativas da Universidade poderão ser inseridas na estratégia coletiva representada pelo Cluster Habitat Sustentável. Na área da domótica, tanto o Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática como o Departamento de Engenharia Mecânica
têm desenvolvido atividade. Os trabalhos de investigação na área do ordenamento do território e planeamento urbano do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, ou nas áreas de resíduos, ambiente e sustentabilidade desenvolvido no Departamento de Ambiente e Ordenamento, ou ainda a experiência em avaliação de impacte ambiental do Instituto de Ambiente e Desenvolvimento são outros exemplos. Neste domínio é também de realçar, pela afinidade dos temas investigados, o trabalho desenvolvido por um outro Laboratório Associado presente na UA, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Por todos estes factos, torna-se imprescindível, salienta o Prof. Vítor Ferreira, às equipas de investigação da UA que se deem a conhecer através da rede que o cluster Habitat Sustentável representa para ser possível potenciar os seus trabalhos de I&D e de cooperação com a sociedade. A Plataforma para a Construção Sustentável, entidade gestora do cluster Habitat Sustentável, tem sede no Curia Tecnoparque e uma delegação na UA (Departamento de Engenharia Civil). É de destacar que esta associação é membro da Plataforma Europeia Tecnológica da Construção e da Energy to Building Association bem como da Europe Intercluster, redes internacionais onde é possível promover o networking em benefício dos seus associados. Está assim disponível para ser contactada por todos aqueles que têm a sustentabilidade como foco de inovação. contactos centrohabitat@centrohabitat.net www.centrohabitat.net
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investigação
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SWORD
uma espada na batalha pela recuperação Um acidente vascular cerebral (AVC) é um momento dramático na vida de uma pessoa. Tal como noutras ocorrências, o socorro e o recobro são condicionados por “mil e uma” questões e há períodos cientificamente comprovados para melhorar a qualidade de vida de quem teve um AVC. Investigadores do IEETA, em conjunto com uma equipa do Hospital de São Sebastião, estão a conseguir resultados significativos numa das, porventura mais esquecidas, porém importantes, fases para a melhoria do paciente: a fase da reabilitação. Com o SWORD, terá um auxiliar de fisioterapia ao seu lado, sempre a ajudá-lo.
Estudos médicos comprovam que a recuperação de um paciente vítima de um AVC é tanto maior quanto mais intenso e correto for o processo de reabilitação no período de seis meses após o acidente, altura em que é importante reeducar a área cerebral para os movimentos afetados, proporcionando ao doente uma melhor qualidade de vida. O ideal é, nessa fase, dispor-se de equipamento e de profissionais habilitados para prestar a melhor intervenção de forma a obter os maiores rendimentos físicos e de recuperação. No entanto, nem sempre todos os meios estão acessíveis. Ciente desta realidade, uma equipa multidisciplinar do Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA) lançou-se no desafio de facilitar ao paciente um sistema de suporte a um programa de exercícios de reabilitação em sistema ambulatório, coordenados por profissionais especializados, e que lhe permitam o maior ganho possível de mobilidade no período em que os tecidos cerebrais estão mais propícios para reaprender aquilo que era o movimento natural. A equipa de trabalho é composta pelo neurologista Vítor Tedim Cruz, coordenador da equipa clínica do Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, e pelos investigadores do IEETA, João Paulo Cunha (coordenador), David Ribeiro, Márcio Colunas e Virgílio Bento. O projeto surgiu com base na tese de doutoramento de Virgílio Bento e pretende resolver a dificuldade em aceder à fisioterapia em regime
SWORD: uma espada na batalha pela recuperação
presencial, facultando ao paciente um sistema de apoio que verifica os exercícios, controlando a execução do movimento e prestando informação sobre as corretas posturas. Baseado em sensores MARG (Magnetic, Angular Rate and Gravity), o sistema emite dados referentes ao movimento e rotação de cada segmento do corpo para um modelo cinemático. A consola biomecânica reflete assim, em tempo real, os movimentos do paciente informando-o da postura mais indicada e, se estiver a realizar o exercício de forma incorreta, em que parte do corpo/ movimento está o erro. A investigação conta com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e do COMPETE-FEDER e o objetivo final é obter um sensor que se utilize facilmente no dia a dia e que permita uma reabilitação em modo ambulatório. As capacidades do sistema SWORD permitem ao responsável pela fisioterapia a prescrição de um conjunto de exercícios e a sua avaliação não estando em contacto físico com o doente. Os resultados são enviados remotamente, ao mesmo tempo que o paciente realiza o exercício, ou a um momento pré-fixado, de forma a auxiliar o profissional de saúde a prescrever novos exercícios, o que permite uma redução dos custos clínicos, dada a possibilidade do doente estar comodamente em casa. Esta solução
também é importante para situações de grande distância do doente em relação aos centros de reabilitação. O SWORD, uma verdadeira “espada” na luta pela melhoria da qualidade de vida do paciente, está neste momento em fase de teste clínico mas já vence batalhas. Na maior conferência do mundo no setor da engenharia biomédica e tecnologia, a EMBS (ligada à IEEE, a maior organização mundial de engenharia), o protótipo SWORD venceu o primeiro prémio entre as mais extraordinárias propostas de equipamentos “wearable” para o setor da saúde e bem-estar em concorrência com universidades de todo o mundo. Se a próxima fase provar o sucesso do protótipo e do modelo, a equipa conta ver o projeto entrar na fase comercial dentro de um ano e meio, ultrapassadas as fases de patente e licenciamento da tecnologia. A equipa entende que haverá outras possibilidades clínicas e comerciais para o conceito mas pretende agora atingir, com o SWORD, não uma lança mas sim uma espada para ajudar os que sofreram com um AVC e precisam recuperar a sua mobilidade.
UA mostrou avanços científicos em iniciativa inédita dedicada à investigação Perto de 850 professores, investigadores e doutorandos dos quatro laboratórios associados e das 12 unidades de investigação da Universidade de Aveiro mostraram os avanços científicos, obtidos nos últimos anos, e os protótipos de algumas inovações desenvolvidas na academia. A iniciativa, batizada de “Research Day”, promoveu, a 8 de junho, a interação entre diversas áreas de investigação e, simultaneamente, realçou a importância do contacto entre os investigadores e o tecido empresarial. No dia em que se celebrou a investigação made in UA decorreram várias apresentações e uma exposição com 126 posters e protótipos que resultaram do trabalho de alto nível obtido nas diferentes unidades de investigação e laboratórios associados nas áreas das ciências, engenharias e ciências sociais, artes e humanidades. Servindo de estímulo para os mais jovens, foram premiados os dois melhores trabalhos apresentados em cada uma das áreas representadas em poster. Para além do lançamento do primeiro número da revista Research Highlights, o programa deste dia integrou ainda uma palestra proferida pelo Prof. Ian Leslie, da Universidade de Cambridge, um destacado cientista com uma vasta experiência na interação universidade-empresa.
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RIA – Repositório Institucional da UA
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Produção intelectual de livre acesso Acaba de ser disponibilizado o Repositório Institucional da Universidade de Aveiro (RIA), um sistema de informação que armazena, preserva, divulga e dá acesso à produção intelectual da Universidade de Aveiro em formato digital, através da web e de forma gratuita, em regime de acesso livre. O RIA conta já com um conjunto de depositantes registados de várias comunidades da UA e com mais de 4200 documentos diversos, entre artigos científicos, dissertações de mestrado, teses de doutoramento, livros e capítulos de livros, working papers, recensões (livro/ artigo), comunicações em conferências e relatórios (científicos e técnicos). Este sistema de informação tem como principais objetivos promover o conhecimento e o aumento do impacto da investigação produzida na UA, reforçando a sua visibilidade, partilhar o conhecimento científico e técnico, contribuindo para a geração de novos conhecimentos e ajudar a preservar a memória intelectual desta instituição universitária. A estrutura do RIA reflete a lógica organizacional da UA, de forma a permitir um melhor conhecimento da produção científica por áreas, unidades de investigação e departamentos, resultando numa gestão de informação mais eficiente. O Repositório está organizado em coleções, que correspondem
à tipologia dos documentos que aí podem ser depositados, adotada pelo Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
O auto arquivo e depósito de documentos no RIA Pretende-se que o RIA se constitua no seio da rede de informação de toda a Universidade como um sistema de informação que inclua os documentos de carácter científico. Por essa razão, para que os documentos possam ser arquivados, deverão ser produzidos por membros da UA, em autoria ou coautoria, refletir o resultado de atividades de investigação ou ensino, estar em formato digital, não serem efémeros e terem sido previamente publicados. O processo de auto arquivo e depósito de documentos (em formato digital) é realizado pelos próprios docentes e investigadores. O depositante deverá ser um utilizador registado ao qual foram previamente atribuídas permissões de depósito, numa ou em várias comunidades da UA. Alguns documentos são exclusivamente depositados pela equipa dos Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia (SBIDM). Nesta modalidade de arquivo incluem-se todas as teses de doutoramento e as dissertações de mestrado defendidas na UA, que obrigatoriamente são entregues na Biblioteca.
Acesso livre e direitos de autor No contexto da produção científica, o criador intelectual da obra detém todos os direitos sobre a mesma, no entanto, os direitos podem ser cedidos a terceiros, como é o caso da publicação em revistas científicas. As condições inerentes à transmissão dos direitos do autor para terceiros variam consoante a política praticada pela editora da publicação. Na maioria dos casos, as editoras permitem o depósito dos documentos em repositórios institucionais, sendo variável a especificação relativamente à versão que permitem depositar. Os documentos depositados no RIA podem estar disponíveis via web, em acesso livre, ou sujeitos a um embargo, ou seja, uma restrição de acesso por tempo determinado, que pode ir de seis meses, a um ou dois anos. É ainda possível o depósito em acesso restrito, situação que se deverá aplicar nos casos em que as editoras tenham políticas mais restritivas. Disponível no endereço: http://ria.ua.pt, o Repositório é fruto do trabalho conjunto de um grupo de técnicos dos SBIDM e dos Serviços de Tecnologias da Informação e Comunicação (STIC), coordenado pelo Pró-reitor, Prof. Osvaldo Rocha Pacheco, que exploraram e adaptaram às necessidades institucionais o software DSpace, uma aplicação open source para a criação e gestão de repositórios institucionais.
aniversário da ua
alcino soutinho, álvaro siza vieira e eduardo souto de moura homenageados com o grau de doutor honoris causa LINHAS
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Não se escreve a história da cultura em Portugal, muito menos da arquitetura nacional, sem dar um lugar de relevo a três enormes personalidades: Alcino Soutinho, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura. Os arquitetos que misturam a excelência ao exercício do desenho e do projeto com a prática pedagógica, temperados por um pensamento crítico sobre a intervenção contemporânea da arquitetura e do design, já carimbaram para sempre os traços da “Escola do Porto” e a direção da arquitetura portuguesa que transbordou com eles para o mundo inteiro. O Grau de Doutor Honoris Causa, atribuído pela UA a 15 de dezembro de 2011 a cada uma destas três figuras ímpares, homenageia as impressões digitais que cada um deles deixou no Campus Universitário e, com elas, um contributo inigualável na construção da própria identidade da academia.
38 anos de distinções A Universidade de Aveiro distinguiu, ao longo dos últimos 38 anos de história, várias personalidades nacionais e estrangeiras, com o grau de Doutor Honoris Causa. 2010 Dr. Eduardo Barroso 2008 Dr. Jorge Sampaio 2006 Gilberto Gil Eng. João Picoito 2004 Prof. Doutor João Pedroso de Lima 2003 Prof. Doutor Daciano da Costa Prof. Doutor António Damásio 2002 Prof. Doutor Eugénio Lisboa 2000 Prof. Doutor Umberto Cordani 1999 Prof. Doutor Lee S. Shulman Prof. Doutor João de Sousa Lopes Prof. Doutor Harold Kroto 1998 Prof. Doutor Fernando Gil Sofia de Mello Breyner Andresen Prof. Doutor Nuno Portas 1997 Drª Maria de Jesus Barroso 1995 Prof. Doutor Richard John Brook 1992 Drª Gro Harlem Brundtland 1988 Maestro Fernando Lopes Graça D. Manuel de Almeida Trindade Prof. Doutor Mário Corino de Andrade Prof. Doutor José Veiga Simão Prof. Doutor António Ferrer Correia Prof. Doutor Manuel Rodrigues Lapa
alcino soutinho, álvaro siza vieira e eduardo souto de moura
Alcino Soutinho o escultor
Os departamentos de Química e de Engenharia Cerâmica e do Vidro inaugurados em 1992 e 1993, depois de esculpidos a riscos de luz no ateliê do arquiteto Alcino Soutinho, davam ao Campus da Universidade de Aveiro (UA) um enorme impulso para se tornar o espelho da arquitetura contemporânea portuguesa. Hoje, a UA é pontuada por 65 edifícios imaginados por mais de 30 dos grandes arquitetos portugueses. O lápis, o génio e a preocupação da entrega do espaço a quem o habita com que o arquiteto Alcino Soutinho projeta os seus edifícios não poderiam nunca faltar num Campus Universitário que quer os melhores entre os melhores a desenhá-lo. Nasceu em Vila Nova de Gaia em 1930. Aos 18 anos ingressou no curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. Em 1957 Alcino Soutinho abraça a arte que o viria a consagrar dentro e fora do país. De lá para cá, projeta um diversificado conjunto de obras: habitações unifamiliares (como são exemplos as casas Pinto Sousa e Pina Vaz, em Ofir), equipamentos (casos dos edifícios matosinhenses da Biblioteca Florbela Espanca, da Câmara Municipal e da Torre Sinhá), projetos para museus
(onde constam, entre outros, o Museu do Neorrealismo de Vila Franca de Xira, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, o Centro Cultural de Alfândega da Fé e o Museu de Aveiro) e universidades (para além de dois departamentos na UA, projetou o atual edifício da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto). A lista atesta a versatilidade dos lápis do arquiteto Alcino Soutinho. O projeto da Pousada de S. Diniz de Vila Nova de Cerveira (1982) valeu a Alcino Soutinho o prémio Europa Nostra, da International Federation of the Protection of Europe’s Cultural and Natural Heritage. O prémio Associação Internacional de Críticos de Arte (1984), da Secção Portuguesa dos Críticos de Arte, foi-lhe atribuído pela obra que concebeu para o edifício dos Paços do Concelho de Amarante e, na mesma cidade, para a Biblioteca-Museu Amadeo de Souza Cardoso. Alcino Soutinho foi condecorado com as Medalhas de Mérito e de Honra das câmaras municipais de Matosinhos e de Vila Nova de Gaia, com a Comenda da Ordem Militar de Santiago de Espada (1993) e com o título de Cidadão Honorário da Câmara Municipal de Matosinhos (2007).
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Álvaro Siza o mestre
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O quadro levou a pincelada final em 1995. Os dedos inovadores assinavam na tela um nome inultrapassável da arquitetura mundial: Álvaro Siza Vieira. Nascia a Biblioteca da Universidade de Aveiro (UA) que, na sua ondulada cortina enquadrada no horizonte lagunar, marcava indelevelmente o portefólio da arquitetura do Campus Universitário. A modelação da luz, que sublinha o espaço intimista do edifício, acaricia os sentidos para os traços arrojados característicos do mestre que conquistou uma posição de destaque na história da cultura universal. Nasceu em 1933 em Matosinhos. Quarenta anos depois de iniciar a carreira, as obras de Álvaro Siza Vieira continuam a ser desenhadas pela mão da contemporaneidade e alvo de um interesse mundial crescente, principalmente depois de ter recebido o Prémio Pritzker, em 1992, considerado o Nobel da Arquitetura. A Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira), o Museu de Arte Contemporânea da Galiza (Santiago de Compostela), a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o Centro Meteorológico da Vila Olímpica de Barcelona, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto), a Igreja de Marco de Canaveses ou o Pavilhão de Portugal na Expo 98, a par da Biblioteca da UA, para cujo Campus também desenhou o Depósito de Água, construído em 1991, trouxeram-lhe prémios de todo o Mundo. Para além do Pritzker, destacam-se a Medalha de Ouro de Arquitetura do Colégio de Arquitetos de Madrid (1980), a Medalha da Fundação Alvar Aalto
(1980), o Prémio Europeu de Arquitetura da Comissão das Comunidades Europeias/Fundação Mies van der Rohe (1980), o Prémio de Arquitetura do Ano (1982) atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte e o Prémio de Arquitetura da Associação de Arquitetos Portugueses (1987). No ano de 1993, Álvaro Siza Vieira recebeu o Prémio Nacional de Arquitetura e em 1996 e 2000, o Prémio Secil de Arquitetura. Em 2001 foi premiado pela Wolf Foundation e recebeu o Prémio Nacional da Arquitetura Alexandre Herculano. A Medalha de Ouro do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos, entregue em 2009, é mais uma distinção a constar na imensa lista de prémios nacionais e internacionais que coroam a obra de Siza Vieira. O arquiteto é doutor “Honoris Causa” por várias universidades espalhadas pelo mundo.
alcino soutinho, álvaro siza vieira e eduardo souto de moura
Eduardo Souto de Moura o harmonizador
Projetado pelo punho de Eduardo Souto de Moura, o edifício do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (UA) revela as características únicas com que o arquiteto vinca a sua obra, as mesmas que lhe valeram o Prémio Pritzker em março de 2011. Os edifícios de Souto de Moura “têm a capacidade única de harmonizar características aparentemente em conflito: poder e modéstia, arrojo e subtileza, afirmação clara e sentido de intimidade”. Os adjetivos da Fundação Hyatt, entidade responsável pela atribuição daquele prémio, o maior que um arquiteto pode almejar, justificam uma carreira enorme. Nascido em 1952, no Porto, Eduardo Souto de Moura deu os primeiros passos profissionais ao lado dos arquitetos Noé Dinis, com quem colaborou em 1974, e Álvaro Siza Vieira, ao lado de quem esteve até 1979, altura em que se licenciou pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Logo nesse ano ganhou o seu primeiro prémio, atribuído pela Fundação Engenheiro António de Almeida. De 1981 a 1991 trabalhou como professor assistente do curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Desde então projetou uma vasta obra distribuída pelo mundo. Entre os seus projetos mais emblemáticos destacam-se a Casa das Histórias Paula Rego (Cascais), o Estádio Municipal de Braga, a Casa das Artes no Porto, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança, o Hotel do Bom Sucesso (Óbidos), o Mercado da Cidade de Braga, a Marginal de Matosinhos-Sul,
o Crematório de Kortrijk (Bélgica) ou o Pavilhão de Portugal na 11ª Bienal de Arquitetura de Veneza (Itália). Foi distinguido por três vezes com o Prémio Secil de Arquitetura (1992, 2004 e 2011). Na lista de galardões de Souto de Moura figuram ainda o Prémio Anual da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (1992), o Prémio Internacional da Pedra na Arquitetura (1995), o 1º Prémio na I Bienal Ibero-Americana (1998) e o Prémio Pessoa (1998). Recebeu ainda a Medalha de Ouro Heinrich Tessenown (2001). Em julho de 2011, Souto de Moura foi distinguido pela Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada do Porto com o doutoramento Honoris Causa. Eduardo Souto de Moura é professor convidado em Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurich e Lausanne.
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entrevista
jorge alves ex-docente, antigo vice-reitor da ua e consultor nas áreas de empreendedorismo e inovação
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“Fazem-nos falta empresários empreendedores
“
Inovação, mudança de paradigmas, empreendedorismo… O Prof. Jorge Alves defende há muito tempo as palavras que apontam o futuro auspicioso que quer para o país. Sem medo dos adjetivos, o especialista na área da consultadoria de empresas desvenda o quando, como e o porquê dessas palavras se terem tornado lugares comuns que boa parte do país se habituou a desentender.
entrevista jorge alves
Atualmente fala-se tanto de “inovação” que a palavra se tornou comum. Mas afinal o que é inovação? A palavra inovação está completamente gasta não pelo uso, o que até seria bom, mas pelo abuso. Toda a gente, desde os empresários, aos políticos, passando pelos jornalistas, fala de inovação mas não sabe do que está a falar. Criou-se com isso uma confusão nefasta que é uma coisa péssima: a associação espontânea da inovação à tecnologia. Essa associação é um disparate completo porque a inovação mais importante não tem um cariz tecnológico. Mas concorda que está muito vincada a imagem da inovação ligada às novas tecnologias? Sim, na cabeça das pessoas, quase espontaneamente, aparecem coisas da microeletrónica, dos aviões, da química, da farmacêutica, etc., sobretudo por causa dessa associação nefasta entre o fazer novo e o fazer tecnológico. E o grande prejuízo disso é que muita gente não faz inovação a sério porque acha que é caro. É precisamente o contrário. Se a empresa não tem dinheiro precisa de ser mais inovadora, de mudar o paradigma. Qual é então a diferença entre inovação e inovação tecnológica? A inovação é mudança de paradigma. É eu fazer as coisas de um dado modo e passar a fazê-las de outro totalmente diferente. Não se trata apenas de melhorar aquilo que eu faço. Há duas palavras muito parecidas uma com a outra, mas que têm significados muito diferentes: eficiência e eficácia. A inovação está do lado da eficácia, está do lado de eu fazer as coisas mais certas para as quais devo encaminhar a atenção de um modo adequado. A eficiência é fazer aquilo que sempre fiz mas com menos esforço, usando menos recursos. E portanto, inovação corresponde a mudanças bruscas na eficácia do meu funcionamento. Mas atenção, inovação e mudança não são a mesma coisa. A inovação é um tipo de mudança, mas os dois conceitos são diferentes. A grande diferença é que a mudança é sofrida e a inovação é desejada.
E essa mudança brusca na eficácia pode ocorrer numa empresa, numa universidade… … na própria pessoa. E nas empresas, a maior parte das oportunidades para serem mais eficazes não estão ligadas à tecnologia. Podem estar ligadas se a empresa for de base tecnológica, mas na empresa corrente não estão. Por exemplo, os modelos de negócio são muito mais promissores em termos de mudanças de paradigma do que com a adoção de novas tecnologias.
“Uma das inovações mais bem-sucedidas foi a invenção da abertura fácil das latas de bebidas” Quer dar um exemplo de uma inovação sem recurso à tecnologia? Uma das inovações mais bem-sucedidas foi a invenção da abertura fácil das latas de bebidas. Houve tecnologia naquilo? Não, foi só fazer um rasgo no alumínio para o fragilizar na tampa e colocar uma pega para abrir a lata. Mas em termos de inovação foi uma coisa espantosa. Até ali, para se abrir uma lata tínhamos de ter uma chave de fendas ou um gancho para se chegar ao conteúdo e bebê-lo através da ferida feita no alumínio. Foi uma mudança de paradigma que ocorreu através de uma coisa simplicíssima que nada tem de tecnológica nem de glamorosa. A associação entre inovação e mudança de paradigma surge quando? O economista Joseph Schumpeter encontrou uma explicação para os ciclos das economias que passava pela intervenção do empreendedor. O herói da história dele era o empreendedor que tinha uma espada de eleição chamada inovação. E o que era a inovação? Era uma coisa que o empreendedor fazia quando o mercado estava cheio de incumbentes. Se há mercearias por todos os lados e eu fizer mais uma, não tenho hipótese de singrar. O empreendedor que causa os tais ciclos e que usa a inovação faz uma mercearia com entrega domiciliária de produtos pedidos pela internet – o exemplo está demodé mas serve. Nunca ninguém tinha feito esse modelo de negócio, o empreendedor perturbava o mercado com isso e durante uns tempos teve sucesso porque o modo como operava não era o das mercearias
tradicionais, era outro. O Schumpeter criou esta imagem e chamou a isso criação destrutiva onde se destrói um modelo de negócio e se cria um outro com aquilo que se traz de inovador ao mercado. Ou seja, inovar é mudar as regras do jogo ou mesmo o próprio jogo competitivo? Exatamente. Em consequência dos pensamentos de Schumpeter, outros economistas perceberam que a maneira mais eficaz e sustentável de ganhar o jogo competitivo é estar sempre a mudá-lo, sempre a trazer inovação, não aceitando o jogo como ele era. É dar um salto de paradigma e perturbar o jogo entrando no meu próprio jogo e não naquele que os outros estão a jogar. E os outros, se quiserem, que venham atrás de mim. Como explica que se tenha perdido parte do rasto do significado original de inovação? A determinada altura começou-se a simplificar o processo. Há uma espécie de anátema quando se diz que as empresas, os países e as pessoas não são competitivas, não são ágeis, não se mexem bem. E não mexem. As empresas são anquilosadas à nascença e a maneira de quebrar esse anquilosamento é a inovação, a eficácia e o fazer diferente. E o que acontece? Perante este discurso, as empresas, os países e as regiões dizem que também vão inovar. E sem se aperceberem, começam a imaginar que inovar é fazer alguma coisa de diferente. E não é. Inovar é mudar de paradigma. Para as empresas, inovação é ter um negócio cujas outras, de início, nem percebem o que é. E por isso é que eu acho que a palavra está a ser abusada. O que mais têm as empresas nos seus folhetos de apresentação é a palavra inovação. E vai-se a ver e elas fazem exatamente o que fazem as outras. Podem até fazer melhor, mais sistemático, mas fazem a mesma coisa. Isso não é inovar. Eu não estou a desprimorar a eficiência, que é indispensável. A eficiência é uma coisa boa, a melhoria competitiva é uma coisa boa, mas isso não é inovação. Onde é que as grandes mudanças entroncam com a tecnologia? A tecnologia não é toda ela inovadora mas é na tecnologia que encontramos os
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entrevista
paradigmas mais bruscos de mudança e portanto, sob o ponto de vista da inovação, mais notórios. Por exemplo, a invenção da máquina a vapor revolucionou o mundo.
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Quer dar exemplos mais recentes de mudanças de paradigma ligados à tecnologia? Não tenho hesitações: a Internet. Nunca se assistiu a uma mudança de paradigmas tão profunda como a que está a ser proporcionada pela internet. É uma inovação cujo paradigma é ser uma avalanche de inovações encavalitadas umas nas outras.
“O meu problema nos dias de hoje é aumentar a eficácia dos meus comportamentos como pessoa, como empresa, como país” Como define tecnologia? Toda a tecnologia tem como propósito transcender a limitação humana e é usada desde que o hominídeo pegou num pau para chegar à maçã da árvore. Para estarmos aqui a discutir sobre inovação, houve uma série de tecnologias que nos permitiram criar um quadro de vivência onde não temos de estar preocupados constantemente em apanhar as nossas maçãs e a defendê-las de quem as quer roubar. Temos assim tempo para pensar. E quando digo que inovação não está necessariamente ligada à tecnologia não estou a menosprezar a importância da tecnologia ou das inovações tecnológicas. Só estou a dizer que, nos dias de hoje, o meu problema já não é o de apanhar maçãs. O meu problema nos dias de hoje é aumentar a eficácia dos meus comportamentos como pessoa, como empresa, como país. E para aumentar essa eficácia, as inovações que preciso já não são exclusivamente nem principalmente tecnológicas. Que alternativas paradigmáticas podem hoje aparecer sem recurso às tecnologias? Andamos todos à procura de inovações para remediar esta crise financeira, económica e política. Não acredito que alguma tecnologia permita curar esta crise. Porque a mudança de paradigma requer
uma inovação que não seja tecnológica mas sim social. A obsessão com a inovação tecnológica leva-nos a esquecer por vezes que as pessoas mais criativas do nosso planeta deviam estar agora a pensar como resolver estes problemas de natureza social, organizacional e económica. Outra palavra também muito na moda: empreendedorismo. O que é um empreendedor? Um empreendedor é uma pessoa capaz de agir com insuficiente informação. Ao contrário, um gestor faz um esforço enorme para antever todas as possibilidades maléficas ou benéficas do custo da ação. Ele planeia o que vai acontecer e antevê vários cenários. O êxito da ação de um gestor é conseguido à custa de um trabalho feito antes da ação. Um empreendedor atua exatamente ao contrário. O empreendedor decide de maneira emocional e depois todo o esforço dele serve para transformar a sua decisão espontânea numa boa decisão. Um empreendedor pode não fazer uso de um avanço tecnológico para singrar. Exatamente. Um empreendedor, como toma decisões a priori, tão rapidamente encontra e usa soluções tecnológicas como pode simplesmente desprezá-las. A visão dele é de muito curto prazo, é de navegação constante à vista. Portanto, para ele a tecnologia é instrumental. Se não desempenhar essa função o empreendedor não quer saber dela para coisa nenhuma. Um empreendedor é um inovador? Tem uma grande inclinação para o ser embora nem todos o sejam. Mas é importante para se vencer ter um espírito empreendedor. São os empreendedores que fazem o mundo. Uma pessoa pode ter uma ideia de mudança de paradigma, pode ter uma boa tecnologia que o ajude nessa mudança, mas se não tiver um espírito empreendedor… … de nada lhe serve. E um país sem empreendedores é um país pobre em todos os pontos de vista. Já agora,
tenho uma aversão figadal à confusão entre empreendedor e empresário. O empreendedor é a pessoa que faz acontecer coisas - e não necessariamente empresas - tomando decisões com pouca informação. O empresário faz empresas e muitas vezes não é nada empreendedor.
“É preciso haver alguém que diga que se faz assim sem saber porquê” Faltam mais empreendedores em Portugal? Muito mais. Empresários temos muitos. Fazem-nos falta, sob o ponto de vista económico, empresários empreendedores. Mas precisamos ainda mais de empreendedores sociais cuja motivação não seja o enriquecimento do grupo mas o bem-estar do grupo. Disso precisa o mundo inteiro e Portugal em particular. Temos empresários com pouco espírito empreendedor? São mais seguidistas do que empreendedores. Faz-se uma coisa porque se viu fazer noutro lado. Mas o que se fez noutro lado não serve para o meu lado. É preciso haver alguém que diga que se faz assim sem saber porquê, que seja empreendedor, que tome a decisão de seguir por um caminho diferente e que invista em descobrir como aquela decisão se pode tornar numa decisão virtuosa. Muitas vezes a decisão é péssima. Mas muitas vezes a decisão é o primeiro passo para desbravar caminhos novos e de êxito. Qual considera ser hoje o papel das universidades no incentivo ao empreendedorismo? Têm uma responsabilidade enorme que não cabe só aos departamentos onde há pessoas que estudam o empreendedorismo e a inovação. Em todos os domínios que as universidades abrangem há uma responsabilidade essencial para as comunidades que as sustentam, quer elas sejam públicas, quer sejam privadas: não há mais nenhum organismo com a densidade neuronal de uma universidade, em mais nenhuma organização há tanta gente preparada para perceber, compreender e, sobretudo, pensar como nas universidades. Creio que essa
entrevista jorge alves
responsabilidade, numas universidades mais que noutras, não está a ser respeitada em Portugal e noutros países. Vê alguma razão para isso acontecer? Em parte, o enfraquecimento da responsabilidade social resulta de uma certa inclinação materialista que as universidades têm vindo a ter que servir. Isso começou a acontecer face à abdicação dos governos em financiá-las, quando estes começaram a defender que nas universidades se pode aplicar o princípio do utilizador pagador. A responsabilidade social das universidades tem vindo a ser substituída - e sem querer ser pejorativo - por uma responsabilidade interesseira na aceção de que aquilo que se faz não é ditado pela curiosidade científica e para enriquecer o espólio do conhecimento recebido do passado. É feito também para se poder ganhar recursos suficientes para que a instituição funcione. Assim, as universidades que têm uma responsabilidade grande para pensarem nos desafios enormes que o mundo moderno enfrenta, não estão a resolver os problemas do mundo, estão sim a resolver os problemas de quem lhes paga a utilização dos neurónios. Por isso, o papel das universidades é cada vez menos socialmente relevante e cada vez mais economicamente relevante. Tenho receio que isto não seja a melhor das inovações mas não deixa de ser uma mudança de paradigma.
“Se olharmos para a nossa história acho que tivemos dois períodos de verdadeira mudança de paradigma” Ainda é difícil convencer as empresas portuguesas sobre a importância da inovação? Da inovação real é. Se eu for junto de uma empresa e se lhe falar de inovação, como eu a transmiti nesta conversa, há uma grande probabilidade de não ser entendido. Muitas empresas dizem-se inovadoras quando estão a fazer coisas com nomes exóticos como lean management, kaizen, kaiban. Isso é eficiência, que é indispensável e importantíssima. Mas isso não é inovação.
Que diria a uma empresa que quer inovar? [silêncio] Que deixe de ser o que é. A inovação é uma atitude, um estado de espírito. E como é que se desperta o estado de espírito para a inovação? Treinando os músculos mentais para pensarem diferente, apostarem nessa diferença e a serem os primeiros a fazer uma coisa diferente. As empresas têm imenso receio em serem as primeiras a fazerem uma coisa qualquer porque partem sempre do pressuposto de que se essa coisa fosse boa já outras a teriam feito. Toda a história da inovação demonstra exatamente o oposto. As empresas que mais ganham são as que fizeram o que mais nenhuma fez até então.
seguir sempre pelos mesmos caminhos, que a mudança e que a experiência valem a pena. E têm de ser sonhadores. Isso faz a diferença toda.
Perfil O ritmo acelerado com que enfrenta a vida nunca o perdeu. Nasceu em Leiria, cresceu em Tomar, fez o liceu em Lisboa, licenciou-se em Moçambique e concluiu o mestrado e o doutoramento em Manchester. O ditado diz que ‘quem corre por gosto não cansa’. Na vida do Prof. Jorge Alves é caso para dizer ‘quem busca o conhecimento por gosto não cansa jamais’. De Inglaterra, onde fez o mestrado em “Communications Engineering” e se doutorou
Pode-se concluir que uma das maiores barreiras para se inovar em Portugal… … é o desentendimento disto tudo. Se olharmos para a nossa história acho que tivemos dois períodos de verdadeira mudança de paradigma. A primeira aconteceu quando o Afonso Henriques se tornou num empreendedor ao dizer que ia fazer um reino sem ter informação suficiente sobre a forma como havia de construí-lo. Depois tratou de tornar aquela decisão numa boa decisão ‘batendo’ nos espanhóis e nos mouros. E a segunda foi a viagem por mar à Índia. Havia o paradigma de ganhar dinheiro com as especiarias que chegavam por terra. E aquela gente mudou aquele paradigma e foi ao mesmo sítio buscar a mesma coisa, só que por mar. De resto o que fizemos, o que fizeram outros países? Andámo-nos a copiar uns aos outros. E volta e meia a fazer ganhos de eficiência. Mas nós não somos eficazes, estamos distantes dos outros países europeus sob o ponto de vista social e económico. Não somos eficazes porque não temos sido capazes de mudar paradigmas de modo a que eles nos favoreçam. Andamos sempre a jogar pelos paradigmas dos outros que só favorecem quem os inventou e deles se aproveita.
em “Digital Communications”, regressou a Moçambique. Foi na ex-colónia que a Engenharia Eletrotécnica da Universidade de Lourenço Marques lhe entrou no currículo. Foi para lá que quis voltar e ajudar um país novo a nascer. Corria, literalmente, pelo ano de 1975 fora. Regressou depois a Portugal ainda a tempo de amparar a Universidade de Aveiro (UA) nos primeiros passos. Dedicou-se, em seguida, à carreira académica no então Departamento de Eletrónica e Telecomunicações da nova academia de Aveiro. «Entretanto cheguei a catedrático, altura em que achei que era tempo de mudar radicalmente de vida», lembra o Prof. Jorge Alves. Entre 1988 e 1992 esteve colocado na Comissão Europeia, com responsabilidades nas áreas da proteção da propriedade intelectual, na avaliação e valorização comercial de resultados da i&d financiada pela União Europeia e na conceção e lançamento de um programa comunitário de apoio à inovação, o Programa VALUE. Regressou a Portugal e, entre 1993 e 1996, esteve colocado na Agência de Inovação, da qual foi fundador e primeiro presidente. Voltou depois a Aveiro, tendo desempenhado, entre 1996 e 2001, o cargo de Vice-reitor da UA com responsabilidades nas áreas da ligação ao tecido empresarial e à sociedade em geral. Em seguida esteve ligado ao Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial e foi gestor do projeto InovaDomus cujo propósito mais sonante foi a criação da
O que falta então ao país para inovar? Faltam pessoas. Falo de líderes e da falta deles. Os líderes fazem as organizações, os líderes fazem os países. E eles não precisam de saber de inovação. O que eles precisam de saber é como entusiasmar as pessoas para que elas sintam que o não
Casa do Futuro. Em 2007 reformou-se. E parou? Não. Ajudou logo depois a fundar a Associação Portuguesa de Criatividade e Inovação e faz, desde então, consultadoria para empresas nas áreas da gestão e da inovação. E vai parar? Não, só para clicar de quando em vez numa das suas velhas paixões, a máquina fotográfica.
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ensino
internacionalização da ua multiculturalidade do campus coloca aveiro no mapa mundo LINHAS
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As palavras globalização e multiculturalidade estão na boca do mundo. O tempo é ditado pelo ritmo alucinante do relógio do desenvolvimento científico e das mudanças tecnológicas. A altíssima exigência na formação profissional e na mobilidade internacional ou carimbam o passaporte para o futuro ou, simplesmente, não há amanhã para as instituições que delas se alhearem. A Universidade de Aveiro (UA) sabe que a internacionalização do ensino fomenta a distribuição do conhecimento e das tecnologias mundiais, padroniza padrões de qualidade e promove a transferência de ideias complementares de uns países para os outros promovendo novos projectos científicos, económicos, políticos e sociais. A aposta da UA na sua própria internacionalização é, por isso, uma realidade cada vez mais presente e assumida.
Olha que Universidade mais linda mais cheia de graça…
Em 2007 veio passear a Portugal. De máquina fotográfica a tiracolo, Mykalas Mascani passou por Aveiro e encantou-se com o Campus da Universidade. No regresso ao Brasil a internet fortaleceu o encantamento. “Pesquisei sobre a Universidade de Aveiro e também sobre cursos na minha área noutras universidades”, lembra o estudante. Escolheu Aveiro. Licenciado em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas pela Universidade de Taubaté (São Paulo), Mykalas Mascani optou pelo mestrado em Comunicação Multimédia - Percurso Multimédia Interactivo do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da UA. Aos 31 anos pegou na família e veio estudar para Aveiro com o objectivo de alargar o percurso que profissionalmente já tinha percorrido. “O ensino na UA tem boa qualidade e um nível elevado de exigência”, confirma hoje o estudante. E sublinha que o mestrado que escolheu “está bem contextualizado com a actualidade”. É essa a certeza que lhe fica na retina quando vê “o esforço dos docentes e a posição do Departamento como um todo que, para além de promover bastante a pesquisa e o desenvolvimento dos alunos, tem uma interface e uma preocupação em eventuais colocações no mercado de trabalho”. Mykalas Mascani aponta que “as condições oferecidas e promovidas pelo DeCA são agentes facilitadores para que os estudantes consigam evoluir. Os empenhos são voltados para esse trajecto”. No horizonte, “com este título na bagagem”, Mykalas Mascani diz que tanto pode regressar ao Brasil como ficar deste lado do Atlântico: “estou atento a novas propostas de investigação ou do mercado de trabalho”.
internacionalização da ua
Adiós Cuba! Hola Aveiro!
Da Roménia com um sonho made in UA
E assim se Fez professor de Árabe
Chegou à Universidade de Aveiro em 2008. Na mochila que colocou às costas em Cuba e atravessou com ele o Atlântico, Jorge Camejo, de 29 anos, trouxe a missão e o sonho de concluir o Doutoramento em Informática. Para trás ficou a Universidade de Ciego de Ávila, onde fez a licenciatura e o mestrado. Veio para a UA “um pouco por acaso”. Em Cuba, num encontro internacional de ciência, conheceu aquele que viria a ser o seu orientador do doutoramento. O Prof. Osvaldo Rocha, docente no Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática e Pró-reitor da UA cativou-o a tal ponto para a ciência da academia de Aveiro que Jorge Camejo não hesitou. Arranjou uma bolsa de estudo, um bilhete de avião sem regresso marcado e uma vontade férrea de construir parte do seu futuro em Aveiro. Do ensino da UA garante ser muito bom. “Os professores estão bastante bem preparados. Tenho uma excelente opinião desta Universidade”, afirma o estudante cubano. “Ao nível da investigação considero que os estudantes têm todas as condições para desenvolver um bom trabalho”, conta. Jorge Camejo não tem dúvidas de ter acertado numa academia que na área da sua paixão, a informática, “está ao nível das melhores”. Da sua Universidade de Ciego de Ávila recorda a “dificuldade no acesso à internet e a jornais científicos de relevância”. Hoje, pelo contrário, sublinha que em Aveiro essas barreiras pertencem ao passado. “Isso são factos que me dão vantagem na UA”.
Nunca imaginou que as malas que trouxe da Roménia ficariam em Aveiro tanto tempo. Florentina Maxim, de 37 anos, lembra que veio em 2005 para a Universidade de Aveiro apenas com o objectivo de fazer o Doutoramento na área da engenharia de materiais. Terminou-o em 2010. “Encontrei tudo o que precisava para desenvolver o meu tema de doutoramento. Para a nossa área – as técnicas de caracterização dos materiais – não faltou nada do que necessitei, desde laboratórios a revistas científicas”, lembra. As recordações da licenciatura e do mestrado em Química tirado na Universidade de Bucareste já estavam distantes. E adiou o regresso à universidade que a viu dar os primeiros passos numa carreira académica que viria a tornar-se promissora. Ainda em 2010 agarrou com entusiasmo uma bolsa de Pós-Doutoramento na mesma área dos materiais e apostou em ficar mais uns tempos na UA. “Gosto muito de estudar e trabalhar aqui na Universidade. Um aspecto muito bom que encontrei cá é a possibilidade de conhecer muita gente. Já no doutoramento trabalhei com muitos portugueses mas encontrei também muitos estrangeiros”, diz a investigadora que não se cansa de referir a “capacidade que a UA tem em assimilar os estrangeiros e acolhê-los muito bem”. “A bolsa FCT [Fundação para a Ciência e a Tecnologia] vai durar entre três a seis anos. Por isso ainda vou ficar um pouco mais de tempo em Aveiro”, sublinha Florentina Maxim. Para mais tarde ficará assim o sonho da investigadora em regressar à Roménia. É que, entretanto, já aprendeu o significado da palavra saudade.
O Prof. Abdelilah Suisse nasceu há 43 anos em Fez, Marrocos, cidade milenar que tem a mais antiga universidade do mundo ainda em funcionamento. O docente está ligado à Universidade de Aveiro desde 2004. No Departamento de Línguas e Culturas ensina árabe aos alunos da licenciatura e do mestrado em Línguas e Relações Empresariais. As cadeiras que lecciona habilitam os alunos a comunicarem na língua árabe como também, explica o docente, “permitem-lhes adquirir conhecimentos acerca das relações culturais e económicas entre Portugal e o mundo árabe, nomeadamente com Marrocos, onde o investimento das empresas portuguesas tem crescido nos últimos anos”. Ao nível de investigação, o Prof. Abdelilah Suisse pertence ao Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores do Departamento de Educação da UA. É aí que desenvolve um projeto de doutoramento apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. No mesmo departamento, é também membro do Laboratório Aberto de Línguas Estrangeiras que tem por objetivo a sensibilização para a diversidade linguística e cultural. “Julgo que é muito importante realizar, a nível internacional, intercâmbios de alunos e professores”, salienta o docente. Os benefícios que os estudantes podem retirar dos programas de mobilidade internacional são evidentes para o Prof. Abdelilah Suisse. A nível pessoal “permite-lhes que se enriqueçam” e a nível científico, refere, dão-lhes a possibilidade de, “para além
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ensino
UA quer ser ainda mais internacional
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de poderem conhecer como funciona o ensino nos vários países europeus, de aprenderem a língua do país de acolhimento”. Neste sentido, aponta o responsável, “a UA, ao receber os alunos dos programas de mobilidade, não deve desperdiçar a oportunidade para dar o seu contributo na valorização e divulgação da língua portuguesa”. Colaborador noutras universidades portuguesas, casos da Nova de Lisboa e da Faculdade de Letras do Porto, o Prof. Abdelilah Suisse refere que o intercâmbio internacional de docentes tem vantagens enormes. “Permite, por exemplo, desenvolver novas competências científicas, contactar com novos métodos do ensino, participar em projetos de investigação internacionais e ter ganhos na publicação de artigos”, garante o docente.
No ano lectivo passado a Universidade de Aveiro (UA) recebeu mais de mil alunos estrangeiros. As contas feitas de cabeça pela Pró-Reitora Gillian Owen Moreira, umas das responsáveis pela área da internacionalização da UA, deixam-na satisfeita. “Acho que estamos a fazer um bom trabalho”, diz sem modéstia até porque, reconhece, “há mais para ser feito”. Efetivamente a UA quer mais alunos estrangeiros a habitarem o dia-a-dia do Campus Universitário e, ao mesmo tempo, pretende que cada vez mais os alunos de Aveiro viajem para experiências internacionais. “Temos condições para isso”, antecipa. “Os números têm vindo a crescer e temos aguentado bem a nossa taxa de internacionalização, apesar de existirem alguns fatores de resistência à mobilidade dos estudantes”, realça a Prof. Gillian Owen Moreira. A docente do Departamento de Línguas e Culturas aponta que “os problemas económicos”, fruto da atual crise financeira que afeta não só as universidades como também as famílias, são um dos obstáculos que impedem que mais alunos possam sair dos seus países. Há 30 anos, vinda de Inglaterra, entrou na UA para estudar seis meses. Em terras de Sua Majestade fez a licenciatura em Estudos Latino-Americanos. Já em Aveiro concluiu o Mestrado em Didática de Inglês e fez um doutoramento na área da cultura. Ficou até hoje. Ninguém melhor do que a Prof. Gillian Owen Moreira sabe da importância de uma experiência académica internacional. “É muito enriquecedor viver e trabalhar noutro país. Sem dúvida que sinto isso”,
afirma. “Eu vivo aqui há 30 anos, o que é um pouco diferente de viver cá seis meses e ir embora, mas quando se tem uma experiência, por mais breve que seja, de viver noutro país e de viver a sua interculturalidade, mudamos, ficamos a sentir que somos pessoas mais ricas em termos culturais, linguísticos, académicos, pessoais e humanos”. A responsável garante que, atualmente, e face ao contexto económico europeu, as competências que os estudantes podem adquirir através da mobilidade são cada vez mais necessárias. A Prof. Gillian Owen Moreira descerra apenas alguns dos mil argumentos que usa para aconselhar qualquer estudante universitário ainda com dúvidas: “A mobilidade promove a empregabilidade e traz vantagens enormes para os jovens que ficam com um maior mercado de trabalho à sua disposição e com competências de cidadania que cada vez são mais precisas”. Nesse sentido, a UA tem apostado em novos programas de mobilidade que estão a ser desenvolvidos com os países de expressão portuguesa. “Esse tipo de mobilidade e de internacionalização tem vindo a crescer. Há aqui uma aposta deles e uma aposta nossa. Nós temos muitos conhecimentos para partilhar e eles grande necessidade de formação”, refere a Pró-Reitora. Ao mesmo tempo, revela que “há também da parte da UA uma aposta na Europa em programas internacionais, sobretudo ao nível do 2º e 3º ciclos que depois se articulam com as questões da investigação nos doutoramentos”.
internacionalização da ua
Alunos da UA no estrangeiro, por programas de mobilidade internacional * Seis centenas de estudantes da Universidade de Aveiro (UA) estiveram temporariamente a estudar no estrangeiro. O Erasmus, escolhido por quase quatro centenas e meia de estudantes de Aveiro para terem uma experiência académica internacional, liderou a lista dos programas mais escolhidos pelos jovens. Acordos bilaterais (42 alunos), o Erasmus Mundus (41 alunos) e o Campus Europae (39 alunos) foram os restantes programas que mais vistos de saída passaram aos alunos aveirenses. As Bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidades (19 alunos), a Livre Mobilidade (11 alunos) e o ECIU Exchange Programme (2 alunos) fecham a lista dos ‘passaportes’ utilizados pelos alunos da UA.
Países de destino dos alunos da UA * A Espanha mereceu a preferência de 138 alunos da Universidade de Aveiro (UA) na hora de escolherem uma experiência académica internacional. A Polónia, com 77 escolhas, e a Itália, com 65 viagens de ida, seguem-se na lista dos países recetores de estudantes aveirenses. A República Checa e o Brasil (ambos os países receberem a visita de 59 estudantes da UA) fecham a lista das maiores preferências entre a comunidade académica da UA para experiências de aprendizagem internacional.
Alunos estangeiros na UA, por programa internacional * Quase 700 estudantes estrangeiros vieram estudar para a Universidade de Aveiro (UA) ao abrigo de programas internacionais de mobilidade. O Erasmus foi o programa que mais alunos (426) mobilizou para a UA, neste caso, oriundos de outras universidades europeias. Acordos bilaterais entre a academia de Aveiro e outras universidades foram responsáveis pelo acolhimento de 135 alunos. Na lista dos programas ao abrigo dos quais a UA mais alunos estrangeiros recebeu surge em terceiro lugar o Erasmus Mundus, responsável por 52 viagens. Os programas Campus Europae, o ECIU Exchange e as bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidades completam a lista dos ‘transportes’ rumo a Aveiro utilizados por alunos estrangeiros.
Países de origem dos alunos estrangeiros recebidos na UA * A Espanha, que enviou 145 alunos para Universidade de Aveiro, lidera a lista dos países, logo seguida pelo Brasil que abriu as portas das suas universidades a 122 alunos para aterrarem deste lado do Atlântico. A Polónia, de onde vieram 82 alunos, surge em terceiro lugar seguida de longe pela Noruega com 45 alunos que de lá para cá se deslocaram.
Que cursos da UA são integralmente lecionados em inglês? Os cursos de Erasmus Mundus e também dois Programas Doutorais e um Mestrado que a Universidade leciona em parceria com a Universidade de Carnegie Mellon. Para além destes, existem outros cursos, na sua maioria cursos de 2º Ciclo, onde o inglês é adotado na lecionação parcial das suas aulas, nomeadamente: Biomedicina Farmacêutica, Biomedicina Molecular, Biologia Aplicada, Bioquímica, Meteorologia e Oceanografia Física, Gerontologia, Psicologia Forense, Línguas e Relações Empresariais. É de notar, ainda, que alunos estrangeiros a frequentar aulas que não sejam lecionadas em inglês, podem beneficiar de apoio extra-aula, de material bibliográfico e de estudo, e da possibilidade de realizar provas em inglês.
* dados relativos aos anos letivos de 2007 a 2010
Programas de intercâmbio e mobilidade na Universidade de Aveiro › Programa Erasmus › Programa Comenius › Programa Leonardo da Vinci › Programa LLP › Programa Erasmus Mundus › Programa Almeida Garrett › Programa de Bolsas Luso-Brasileiras Santander › Programa de Mobilidade UA-Brasil › Programa IAESTE › Programa Vulcanus › Ações Integradas Luso Espanholas › Ações Integradas Luso Francesas › Ações Integradas Luso Alemãs › Programa Marie Curie A Universidade de Aveiro participa, atualmente, em 10 cursos/projetos Erasmus Mundus › JEMES Ci_Su – Joint European Master in Environmental Studies – Cities and Sustainability › FAME – Functionalized Advanced Materials and Engineering › IMACS – International Master in Advanced Clay Science › EMMS – European Master in Materials Science › HEEM – Higher Education European Master › Eurasian University Network for International Cooperation in Earthquakes › MARES – Doctoral Programme on Marine Ecosystem Health and Conservation › MACOMA – Joint Erasmus Mundus PhD in Marine and Coastal Management › MOVINTER – Enhancing Virtual Mobility to Foster Institutional Cooperation and Internationalization of Curricula › MFL – Mobility for Life scholarship programme
Mais informações em: http://www.ua.pt/gri
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departamentos em revista…
as prioridades dos novos diretores de departamento degei, dbio e dcspt LINHAS
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A Revista Linhas tem vindo a publicar um resumo das prioridades dos novos diretores de departamento e escolas politécnicas que funcionam no universo da Universidade de Aveiro. A transformação em fundação pública de direito privado e subsequente aprovação dos novos estatutos trouxeram algumas alterações ao funcionamento da Universidade de Aveiro. Uma delas tem a ver com a designação e as competências do responsável máximo dos Departamentos e Escolas Politécnicas que agora se designa diretor. Nesta edição inclui-se Na sequência da transformação da a publicação dos resumos das prioridades dos Universidade de Aveiro em Fundação diretores dos departamentos de Economia, Pública com regime de direito privado e Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI), da consequente revisão dos seus Biologia (DBIO) e do recém-constituído estatutos, os departamentos universitários Departamento de Ciências Sociais, Políticas e e as escolas politécnicas passaram a ter do Território (DCSPT).
como responsável superior um Director, a quem incumbe a direcção e representação destas unidades orgânicas de ensino e investigação.
DEGEI – LER A ENVOLVENTE E RESPONDER CRIANDO VALOR “Permeabilidade” entre a universidade e as empresas é um termo há muito usado por Joaquim Borges Gouveia, diretor do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da Universidade de Aveiro. O novo diretor afirma ter-se candidatado ao cargo por ser o único Catedrático, ser o professor mais velho, mas também por acreditar ser capaz de colocar o DEGEI num patamar mais elevado - junto das empresas, junto da comunidade científica nacional e perante os outros departamentos da UA. Assumindo, como primeira prioridade do mandato que iniciou, a empregabilidade dos alunos e a sua capacidade de criar emprego próprio, sublinha que o DEGEI tem que saber mover-se no mercado, que está fora da Universidade, espalhado pelo país, nas capitais europeias e em países como o Brasil e os Estados Unidos. Ou seja, ler a envolvente e responder, criando valor. Os constrangimentos associados ao reduzido corpo docente levam a nova direção a incluir a abertura de concursos para professores catedráticos e associados entre as suas prioridades. Nesse sentido, Joaquim Borges Gouveia, também investigador nas áreas da inovação, energia e empreendedorismo, afirma estar a preparar um conjunto de projetos para revelar lideranças em várias áreas do conhecimento, para que os docentes em atividade possam ter melhores condições para concorrer aos lugares de professor. Apesar dos constrangimentos do corpo docente, a direção do DEGEI pretende lançar Cursos de Formação Avançada de um mês a mês e meio, à medida que se vão revelando docentes e investigadores de referência em cada área. Também inspirado no conceito de “permeabilidade” entre a universidade, a sociedade e as empresas, o diretor anunciou um conjunto de atividades de ligação ao exterior, como seminários, conferências, projetos, estágios de alunos, o Dia Aberto do
DEGEI – alguns em continuidade com edições anteriores -, sempre em articulação com as organizações de estudantes, assumidas como parceiros fundamentais e promotores de várias daquelas iniciativas. Entre as novidades do mandato está a “Estação do Conhecimento Empreendedor”, projeto que inclui: “Viagens do Conhecimento”, ciclo de quatro conferências, proferidas por jovens empresários conhecidos da nossa praça e os “Apeadeiros da Competência” que é um ciclo de visitas a empresas para analisar modelos de inovação e a evolução.
DBIO – CONFIANÇA NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO E INVESTIGAÇÃO Aos desafios que se avizinham, o diretor do Departamento de Biologia (DBIO) da Universidade de Aveiro contrapõe a confiança na qualidade da formação e da investigação que o departamento foi conquistando ao longo de um percurso que começou há 11 anos. A qualidade nestas duas áreas é comprovada, na opinião de Amadeu Soares, professor e investigador na área da ecotoxicologia, por vários factos. Desde logo, o diretor do Departamento salienta a invejável relação – até segundo parâmetros internacionais – de um para um, entre número de alunos de graduação e de pós graduação, rácio que pretende manter e que assume como uma das prioridades. Por um lado, o diretor refere, entre outros dados comprovativos da qualidade da formação, que o concurso nacional de acesso ao ensino superior nunca correu tão bem para o DBIO, porque metade dos alunos que entraram em Biologia na UA, colocou esta Universidade em primeira opção no boletim de candidatura. Refere ainda que a qualidade da investigação ficou patente no mais recente concurso de projetos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em que muitos dos grupos de investigação do DBIO ficaram com financiamento assegurado para os próximos três anos. O objetivo nesta área é, para além de produzir investigação de qualidade, que essa investigação – pelo menos parte dela – possa ter um impacto, mais ou menos imediato, no tecido económico.
“Pretendemos ser um nó de uma rede de oportunidades” que envolve a UA e a sociedade, desiderato que já começou a ser uma realidade, porque as portas dos melhores centros de investigação, tanto dentro como fora de Portugal, se abrem aos alunos do DBIO. Entre as metas do mandato inclui-se ainda o alargamento do ensino e formação a novos públicos. Neste contexto, insere-se a aposta na ilustração científica. O diretor afirma que o DBIO antecipou a agora tão propalada necessidade de fazer igual, ou melhor, com menos recursos, ao reduzir a carga horária das aulas práticas para ser possível dar ensino prático a menos alunos, evitar repetição de temas entre disciplinas e, assim, melhorar a qualidade do ensino presencial. Este ajustamento foi feito aprofundando a adaptação à Declaração de Bolonha. Quanto à relação com a sociedade, tópico em que há muito o DBIO tem desenvolvido atividade notória e regular, e pretende continuar, a direção fala num conjunto de episódios televisivos sobre biodiversidade nos supermercados.
DCSPT – TODOS DEVEM “SENTIR-SE BEM” NO DEPARTAMENTO O primeiro diretor do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT), unidade recentemente promovida da sua anterior condição de Secção Autónoma, reconhece que o nascimento deste novo departamento, de facto, não acontece no melhor dos momentos devido à grande pressão que existe sobre o ensino superior. No entanto, Rui Santiago, professor e investigador do Centro de Investigação em Política de Ensino Superior (CIPES), sublinha a importância das áreas de formação e investigação do DCSPT para a compreensão dos mecanismos e melhoria da sociedade em que vivemos, por exemplo, enquadrando e estudando a penetração e os efeitos de outras ciências na sociedade. Apesar de poder ser crítica e polémica, é fundamental para a sociedade, salienta.
O professor licenciado e doutorado em Ciências da Educação afirma ter-se candidatado com o objetivo de ajudar a desenvolver a investigação no Departamento, melhorar o ensino e a formação e promover o diálogo entre as áreas, essencialmente, Ciências Sociais, Ciências Políticas, Administração Pública, Planeamento Regional e Urbano, Comunicação e Educação em Ciência, Ensino Superior (mestrado Erasmus Mundus e doutoramento), Estudos Chineses e a formação, em articulação com o ISCA-UA, de Técnicos Superiores de Justiça. Os planos do DCSPT quanto a ensino e formação incluem uma nova licenciatura de banda larga em Ciências Sociais. Apesar da pequena dimensão do corpo docente deste Departamento, o diretor diz dispor de estudos que apontam para a construção deste plano curricular, essencialmente, com base nos recursos atualmente disponíveis. Há um aspeto que o diretor considera ser “politicamente incorreto”, dado o atual contexto político-económico, mas que reputa da maior importância, porque “faz a diferença” quando se pretende melhorar tanto a qualidade da investigação, como da formação, e promover o diálogo dentro do Departamento: as pessoas, sejam elas professores, funcionários ou alunos, devem “sentir-se bem” e “ser felizes” nas atividades que desenvolvem no Departamento. Rui Santiago alinha com a necessidade de reforçar a ligação à sociedade, sendo, no entanto, necessário “mais tempo para refletir sobre como fazê-lo e como o preparar” do que noutras áreas do conhecimento. Mas, falando em termos pessoais, prefere ver o Departamento noutra perspetiva: como dinamizador e parceiro de um conjunto de iniciativas que não tenham estritamente a ver com a angariação de receitas no exterior.
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cooperação
portefólio de competências e serviços da ua uma “via verde” para a cooperação LINHAS
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portefólio de competências e serviços da ua
Dar a conhecer o que a Universidade de Aveiro tem para oferecer às empresas, autarquias ou outras entidades do tecido económico, cultural e social, públicas ou privadas, serviu de mote para a recente apresentação do ”Portefólio de Competências e Serviços da Universidade de Aveiro”. Um portefólio impresso e uma base de dados online são ferramentas para compreender o que a Universidade faz e o que pode colocar ao dispor da sociedade. Com um Campus moderno e integrado e reconhecida como uma das universidades mais inovadoras e cotadas, nomeadamente em diversos rankings internacionais, a Universidade de Aveiro (UA) reúne um vasto leque de competências e serviços, cuja visibilidade e disponibilidade importa realçar. Atendendo a essa realidade, a UA pretende renovar a forma como dá a conhecer aos agentes económicos o que pode oferecer em matéria de serviços e de competências científicas, tecnológicas e culturais. Assim, desenvolveu um levantamento exaustivo da capacidade instalada na UA para a prestação de serviços, bem como se empenhou na estruturação e organização da informação a disponibilizar. A promoção da articulação interna entre os agentes envolvidos foi outra das linhas de atuação, que contou também com a intervenção ativa do novo Gabinete Universidade Empresa, uma estrutura que se apresenta como um agente facilitador para a cooperação empresarial. É neste contexto que surge o “Portefólio de Competências e Serviços da UA”, um catálogo integrado, de fácil acesso e manuseamento, dirigido às empresas, autarquias e entidades públicas e privadas que procuram os serviços da UA e que está disponível em versão impressa e em versão eletrónica, na forma de um portal, lançado publicamente a 21 de outubro, na UA.
A relação com a sociedade e, em particular com a região em que se insere, constituiu, desde sempre, uma marca diferenciadora da instituição. Nos últimos anos, essa relação, traduzida em “parcerias inovadoras com vários dos agentes regionais” foi salientada pelo Reitor da UA na sessão de apresentação do portefólio. Na ocasião, o Prof. Manuel António Assunção vincou ainda que “o pleno aproveitamento das potencialidades existentes na região só poderá ser efetuado com base num maior conhecimento mútuo. As empresas precisam de conhecer o que a Universidade pode fazer e a UA as necessidades das empresas”. No ”Portefólio de Competências e Serviços da UA”, disponível em http://portefolio.ua.pt/, os parceiros da UA obtêm, através de pesquisa rápida, informação acerca de serviços de consultadoria, ensaios, análises, auditoria ou de outras competências ao nível da investigação e desenvolvimento, transferência de tecnologia ou divulgação cultural e científica. A base de dados, dinâmica e em permanente crescimento, engloba toda a capacidade instalada na UA para prestação de serviços às empresas, autarquias e entidades do tecido económico, cultural e social. Como nota o Prof. Carlos Pascoal Neto, Vice-reitor para a cooperação Universidade-Sociedade “pretendemos reforçar a nossa ligação aos agentes
económicos; tal só é possível na medida em que as empresas tenham conhecimento cabal dos nossos serviços e infraestruturas, de peritos e capacidades. Não menos importante neste contexto, é a divulgação dos serviços de apoio à inserção profissional dos diplomados junto destas entidades”. A UA, enquanto rede de formação e inovação, motor de desenvolvimento regional e de criação de riqueza, tem visto o seu papel reconhecido pelos seus parceiros. “A prática da mistura de saberes utilizando as competências de investigação e formação de uma universidade aberta e moderna, como a UA, com as forças vivas da sua região é de capital importância para o país e para a própria universidade, geradora de riquezas e emprego” lembra Ribau Esteves, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e autarca em Ílhavo. Já Valdemar Coutinho, presidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro refere que “não é novidade que a UA é das universidades que mais se aproxima do setor empresarial” e lembrou que a academia “foi criada em íntima ligação com a indústria regional, mantendo um excelente relacionamento, fulcral para ambas as partes”. O impacto nacional da ação da UA não deixou igualmente de ser referido por José António Barros, Presidente da Associação Empresarial de Portugal, também presente na sessão de lançamento do Portefólio de Competências e Serviços. Da missão da UA, em que se inscreve a cooperação com o exterior, é indissociável a investigação de excelência, aferida e reconhecida por parâmetros internacionais. Neste contexto, importa salientar as posições de destaque obtidas recentemente em rankings internacionais que consideram a Universidade como a melhor em termos nacionais e também a elevada classificação das suas 18 unidades de investigação, obtida no último processo de avaliação. A inovação na UA traduz-se também pelas 165 patentes detidas, tendo sido a universidade portuguesa que em 2010 maior número de pedidos de registo de patente apresentou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
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cooperação
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incubadora de empresas uma estrutura para gerar o futuro
incubadora de empresas – uma estrutura para gerar o futuro
A Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) preparase para completar 15 anos com mais espaço físico para as empresas, novas competências e uma grande aposta em prol do empreendedorismo, da criação de valor e de estruturas de apoio aos novos empresários, de modo a prestar o melhor suporte às ideias de negócio geradas na academia. A aposta vai no sentido de “proporcionar respostas e mecanismos que permitam incrementar o empreendedorismo em torno da comunidade académica”, diz o seu diretor-geral, Celso Guedes de Carvalho. O primeiro passo dado foi a adaptação física dos espaços do Edifício I da UA, permitindo o crescimento em 45 por cento dos gabinetes dedicados às empresas, passando de 390 para 560 metros quadrados de área disponível, e consequentemente, de 13 para 19 gabinetes de incubação, para além de um espaço em modelo coworking. A equipa, coordenada desde abril por Celso Guedes de Carvalho, é ambiciosa e pretende atingir os 100 por cento de capacidade instalada no decorrer dos próximos meses, mercê do esforço conjunto que está a ser feito e da alteração do modelo de incubação. A IEUA, de base tecnológica, aceita propostas de incubação depois do parecer favorável dos diretores de departamento e da UATEC – Unidade de transferência de Tecnologia da UA, para projetos empresariais cujos produtos, processos ou serviços sejam gerados a partir de resultados de investigação aplicada, nos quais a tecnologia represente alto valor agregado e que sejam promovidos pela comunidade académica.
ativa e motivada”, o que permite uma adaptação constante às necessidades das empresas instaladas.
O que é e a quem se dirige A IEUA apoia projetos empresariais cujos produtos, processos ou serviços sejam gerados a partir de resultados de investigação aplicada, nos quais a
A Incubadora organiza-se em três áreas de intervenção: a gestão imobiliária de incubadoras de empresas, a gestão de serviços e de profissionais de suporte à incubação de empresas e o apoio à promoção do empreendedorismo e da inovação. Neste último ponto participa na implementação de projetos orientados para a criação de empresas na Região de Aveiro, como o Creative Science Park – Aveiro Region ou o projeto Aveiro Empreendedor. Mas também dinamiza iniciativas de divulgação, como o IEUA Sharing, que traz empresários de todo o país à própria Incubadora, em modelo de tertúlia e troca de experiências.
tecnologia represente alto valor agregado e que
Estas alterações permitem, também, que a IEUA esteja preparada para os desafios dos próximos anos, nomeadamente o trabalho em parceria com o Creative Science Park – Aveiro Region (com instalações para incubação em projecto) e a candidatura, já efetuada, para o projeto “Incubadora em Rede”, um conceito de gestão de espaços de incubação em vários concelhos.
O que oferece
sejam promovidos pela comunidade académica da UA, nomeadamente por alunos, antigos alunos, docentes ou investigadores ou em estreita colaboração com os mesmos. É uma incubadora generalista, mas com critérios de incubação que limitam o acolhimento a empresas enquadradas nas áreas científico-tecnológicas da UA. O processo de candidatura está aberto em permanência devendo os candidatos preencher um formulário disponível em http://www.ua.pt/ ieua/ . A IEUA conta atualmente com 11 empresas incubadas, oito na modalidade de incubação residencial e três em incubação coworking, para além de ter três ideias de negócio em regime de pré-incubação (duas na modalidade residencial e uma na modalidade de coworking).
A IEUA tem espaços individualizados para a instalação de empresas (dispondo atualmente de gabinetes entre os 12 e os 54 metros quadrados) mas também um espaço em regime de coworking; possibilita o acesso a equipamento completo de mobiliário de escritório; ligação telefónica e acesso a Internet; segurança e limpeza e um espaço partilhado para as atividades de suporte: sala de reuniões, secretaria/receção, correio, fax e reprografia. Em complemento da componente física, que tem
Celso Guedes de Carvalho realça uma das mais importantes máximas da IEUA: “Estar numa incubadora é, logo à partida, partilhar espaço físico com um conjunto de empreendedores que podem ser os primeiros a testar os produtos e serviços, funcionando como potenciais parceiros de negócio ou compradores. É a filosofia do networking logo de raiz”.
rendas financeiramente atrativas e progressivas ao longo dos anos de incubação, a IEUA permite o acesso a matérias intangíveis mas valiosas a quem necessite amadurecer ou criar um projeto empresarial. Nomeadamente, dá apoio e acompanhamento na elaboração do Plano de Negócios e preparação na passagem da ideia ou tecnologia a um produto e deste ao mercado. Providencia ainda orientação técnica na fase de constituição e arranque da empresa e tutoria/ aconselhamento nas componentes jurídica,
O segundo passo na concretização do crescimento da IEUA passou pela implementação de um novo modelo de gestão, pela criação de entidade gráfica própria e pela reformulação da presença da incubadora na internet e nos media sociais, bem como na seleção e reforço das parcerias realizadas. A IEUA pretende ser uma incubadora de excelência, em linha com as melhores práticas europeias. Essa tarefa foi facilitada, segundo Celso Guedes de Carvalho, graças a uma “equipa
contabilística, financeira e estratégica, bem como apoio na obtenção de financiamento. Mais informações em: http://www.ua.pt/ieua
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campus exemplar
campus de aveiro quer ser exemplo de
sustentabilidade LINHAS
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campus de aveiro quer ser exemplo de sustentabilidade
Muitos visitam o campus da Universidade de Aveiro para observar alguns dos mais notáveis exemplos da arquitetura nacional, nomeadamente para ver ao vivo os edifícios projetados pelos dois únicos portugueses premiados com o Pritzker de arquitetura: Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura. É também conhecido o pioneirismo da UA na formação e investigação na área do ambiente e da sustentabilidade. A UA quer ir mais longe e assumir a sua responsabilidade, afirma o Pró-reitor Claudino Cardoso, de integrar os saberes e as condições que oferece numa estratégia mais vasta de sustentabilidade, não só numa perspetiva de formação, mas também de exemplo para a sociedade e para o ensino superior. Um edifício público de alta eficiência energética e baixo impacte ambiental – referência em Portugal –, por exemplo, fará parte da UA. Por isso,
O campus da Universidade de Aveiro (UA) está debruçado sobre a Ria de Aveiro, uma das principais zonas húmidas portuguesas que, para as aves migratórias oriundas dos continentes africano e europeu, constitui um lugar de descanso e reprodução, e Zona de Proteção Especial ao abrigo da Diretiva Europeia Aves, para além de estar protegida por outras Diretivas e várias Convenções. A Ria de Aveiro é também Biótopo Corine. O campus é, aliás, frequentado regularmente por várias espécies de aves, algumas protegidas – e também por isso visitado por fotógrafos da natureza –, de tal modo que esta biodiversidade justificou a publicação de um guia sobre a avifauna do campus da autoria de António Luís, professor do Departamento de Biologia da UA. Neste sentido foi constituído, no âmbito do projeto Campus Exemplar, um grupo de trabalho para as áreas do Solo, Ecossistemas Naturais, Paisagem e Património que procura definir ações e acompanhar a evolução do campus em termos ambientais, paisagísticos e de defesa da biodiversidade. Por exemplo, na marinha Santiago da Fonte, propriedade da UA, tem vindo a haver intervenções para melhoria das condições de visitação e de acolhimento da avifauna, no âmbito de projetos de reabilitação e valorização turística do salgado de Aveiro no contexto europeu (o projeto Ecosal Atlantis está em curso). Foi proposto também um passadiço, ao abrigo do programa Pólis, com início na marinha, passando pela ponte pedonal sobre o esteiro de S. Pedro a finalizar no espaço cedido ao HortUA, um projeto de voluntariado para a educação ambiental e promoção da permacultura em meio urbano, coordenado pela organização Engenharia para o Desenvolvimento e Assistência Humanitária (EpDHA).
tem vindo a desenvolver ações rumo ao projeto Campus Exemplar, agora também enquadrado no Grupo de Trabalho para o Campus Sustentável da European Council of Innovative Universities (ECIU).
Certificação energética em curso A vertente mais avançada do Campus Exemplar relaciona-se com o que se poderá designar como eficiência energética, racionalização dos recursos, controlo dos consumos e certificação. O programa de eficiência energética nos edifícios públicos lançado pelo Governo, em 2009, impulsionou a adoção destas medidas pelas universidades.
O Campus Exemplar contempla nove projetos e dois sistemas inovadores. Os sistemas inovadores são: o cartão único, que permite o registo magnético de assiduidade e de entradas e saídas de cada edifício, ao qual se associa outro sistema inovador que permite a gestão do funcionamento dos equipamentos (iluminação, aquecimento e outros) sem intervenção humana e o controlo remoto dos consumos. Na iluminação, tanto no interior, como no exterior, as antigas lâmpadas têm vindo a ser substituídas por lâmpadas de baixo consumo, está a ser feita a correção de fatores de potência (em postos de transformação) e da qualidade energética, assim como a reabilitação de sistemas de ventilação e ar condicionado. Foram instalados painéis de aproveitamento de energia solar térmica nos edifícios com gastos regulares de água quente e painéis fotovoltaicos em vários outros edifícios, o que permite a produção de energia correspondente ao consumo médio de quatro edifícios do campus. Quanto ao consumo de água foi realizada uma auditoria que permitiu constatar consumos exagerados no edifício da Reitoria, seguindo-se a instalação de equipamentos com regulação e temporização nas torneiras e autoclismos. Estas intervenções serão estendidas a todos os outros edifícios do campus durante o ano de 2012. Uma outra intervenção, no âmbito da racionalização dos consumos de água e já realizada, é o aproveitamento das águas pluviais para regas e bocas de incêndio com recurso a uma lagoa artificial que é também frequentada por diversas espécies de aves aquáticas. A este propósito, o Departamento de Engenharia Civil da UA dispõe de um grupo de investigação em eficiência hídrica dos edifícios, coordenado pelo Prof. Silva Afonso. Os novos edifícios constituem uma oportunidade soberana para introduzir critérios de eficiência energética, facilitando o processo de certificação que a UA pretende aplicar a todos os seus edifícios no âmbito do protocolo estabelecido com a Galp e que envolve os departamentos de Engenharia Civil e de Mecânica. Nos edifícios em que se está a atuar, haverá, a breve trecho, planos de intervenção e
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monitorização e o objetivo, assinala o Pró-reitor Claudino Cardoso, é ter um plano para cada edifício do campus, passando a haver noção clara das características e necessidades em cada caso. LINHAS
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Pioneira na alta eficiência energética e baixo impacte O edifício da nova Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro Norte (ESAN), localizado no que se designou Parque do Cercal, em Oliveira de Azeméis, concebido por uma equipa composta pela Estrutura de Projecto de Arquitetura e Desenvolvimento Físico da UA e por um conjunto de técnicos especialistas em eficiência energética, é um caso paradigmático em termos de sustentabilidade. Ainda em fase de concurso, é considerado um exemplo pioneiro de edifício público de alta eficiência energética e baixo impacte ambiental. Desde o início da conceção do projeto que a arquitetura do edifício obedeceu a princípios de sustentabilidade e, em particular, de eficiência energética, buscando um eficaz equilíbrio entre o aproveitamento da luz solar e as aberturas no sentido de manter constante a temperatura do interior. Logo na implantação, procurou preservar, tanto quanto possível, as manchas de folhosas autóctones (carvalhos e sobreiros, por exemplo). Para a climatização do futuro edifício da ESAN, faz-se uso da energia geotérmica, princípio também aplicado, embora de forma diferente, nos edifícios da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) e no Complexo de Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia, no campus da UA. A temperatura do solo ajuda a regular a temperatura do edifício, ou seja, aquece ou arrefece (consoante a temperatura exterior) a água que corre nas tubagens
existentes nas perfurações a 120 metros de profundidade e que estão ligadas ao sistema de climatização do edifício. A metodologia e tecnologia a utilizar são inéditas em Portugal, apesar de sobejamente utilizadas nos países do norte da Europa, e permitirão uma poupança de 70 a 80 por cento de energia na climatização do edifício. As previsões apontam para a conclusão do edifício da nova Escola Superior de Saúde de Aveiro em dezembro e entrega em fevereiro. Neste caso, a aplicação da metodologia de aproveitamento de energia geotérmica incluiu a inserção de 22 estacas termopermutadoras a 150 metros de profundidade, a ligar a bombas de calor, que resultará numa quase autossuficiência em termos de energia para a climatização, dado que a temperatura constante no subsolo, tanto de verão como de inverno, é usada como forma de regulação da temperatura no interior do edifício. No caso do edifício no Complexo de Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia, em que se prevê mais dez meses de obra, a aplicação de metodologias de aproveitamento de energia geotérmica não seria suficiente para um ganho energético e, por isso, será usada a biotermia, neste caso, uma conduta de águas residuais que passa no subsolo do campus como fonte de regularização térmica para a climatização do edifício.
Na formação e investigação da UA pontificam ainda, para além da Licenciatura em Engenharia do Ambiente, um Curso de Formação Avançada (CFA) em Eficiência Energética e Energias Renováveis, um Mestrado em Sistemas Energéticos Sustentáveis, e Doutoramentos em Sistemas Energéticos e Alterações Climáticas e em Ciências e Engenharia do Ambiente. Sem prejuízo de outros projetos que se possam enquadrar direta ou indiretamente no tema da sustentabilidade, da investigação nesta área destacam-se: o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar – laboratório associado – que dispõe dos grupos de investigação em “Química Analítica e Ambiental” e “Qualidade Atmosférica”; o CICECO – com o grupo de investigação “Reciclagem de desperdícios e produtos verdes” na linha de investigação 2; o Laboratório do Departamento de Engenharia Civil da UA (labCIVIL) que contempla a área de “Sustentabilidade na construção” e a ainda a eficiência energética e hídrica nos edifícios associadas ao Departamento de Engenharia Mecânica. A já longa experiência da UA na formação e investigação em ordenamento do território e nas áreas de planeamento regional, urbano, estratégico e ambiental e de avaliação de impacte ambiental estão, evidentemente, relacionadas de forma estreita com as questões de sustentabilidade e, logo, também com o Campus Exemplar.
Formação e investigação para a sustentabilidade Estas experiências da UA, ao nível dos novos edifícios, que envolveram o contacto com especialistas internacionais, impulsionaram a criação de um grupo de investigação na área do aproveitamento de energia geotérmica e biotérmica.
Quanto à mobilidade no campus, para além de medidas a articular com a Câmara Municipal de Aveiro que ainda não estão definidas, as intervenções têm passado pela ligação entre vários parques de estacionamento no campus e pela elaboração de uma proposta de regulamento de mobilidade que se pretende concluir em 2012.
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Formação, conhecimento e supervisão. Contributos nas áreas da formação de professores e de outros profissionais
Nonlinear Effects in Optical Fibers
Da autoria de Idália Sá-Chaves, professora associada aposentada da UA, este livro apresenta um conjunto de textos concebidos a partir da interação entre as funções de docência, investigação e relação com a sociedade que a autora desenvolveu no então Departamento de Didática e Tecnologia Educativa da UA, reportando-se a estudos desenvolvidos nos últimos cinco anos.
Editado com o patrocínio da Optical Society of America, a mais prestigiada sociedade científica a nível mundial no domínio da ótica e da fotónica, o livro da autoria de Mário Ferreira, docente no Departamento de Física da UA, descreve tanto as limitações que os fenómenos não-lineares que ocorrem nas fibras óticas impõem no desempenho dos sistemas de comunicação mais avançados, como as múltiplas possibilidades que também oferecem, nomeadamente para a realização de dispositivos capazes de processar a informação inteiramente no domínio ótico. O livro foi publicado, simultaneamente, nos EUA e no Canadá.
Tratam-se, sobretudo, de textos escritos a partir de trabalhos de investigação-ação desenvolvidos no âmbito da supervisão da formação profissional, quer de forma sistemática, nesta mesma Universidade com alunos futuros professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e com alunos futuros educadores de infância, quer de forma pontual na formação permanente de profissionais da saúde. No seu conjunto, e apesar do caráter específico que cada texto apresenta em face da diversidade dos seus contextos de produção, desenvolvimento e divulgação, os trabalhos procuram definir e sustentar uma coerência que os interliga do ponto de vista epistemológico. Ou seja, admitem um conjunto de pressupostos que os reenviam para a reflexão e questionamento das três grandes áreas assinaladas em título, constituindo um macrotexto, entendido como o resultado da agregação de vários textos, normalmente de definição idêntica em termos de género, numa unidade mais ampla, a que se pretende atribuir uma certa coerência. Autoria Idália Sá-Chaves, professora associada aposentada da UA Edição Universidade de Aveiro ISBN 9789727893430 Ano 2011
Autoria Mário Ferreira, docente no Departamento de Física da UA Edição John Wiley & Sons, Inc. ISBN 9780470464663 Ano 2011
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OUTRAS EDIÇÕES Estruturas de Dados e Algoritmos em Java Autoria António Adrego da Rocha, docente no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da UA Edição FCA – Editora de Informática ISBN 9789727227044 Ano 2011
O processo de inovação
Nanocomposite particles for bio-applications – materials and bio-interfaces
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Da coautoria de António Carrizo Moreira, docente no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA, a publicação é vocacionada para gestores e para estudantes do ensino superior. Na obra são abordadas, de forma prática, as principais etapas do processo de inovação, particularmente nos contextos industrial e de serviços, constituindo-se como uma ferramenta relevante para potenciar a competitividade das organizações, através da adoção de metodologias simples, mas inequivocamente eficazes e eficientes. A publicação tenta apresentar uma abordagem eminentemente prática e didática, estando estruturado em sete capítulos: inovação – conceitos e desafios; a geração de ideias; desenvolvimento e avaliação de projetos de inovação; prototipagem; o papel do marketing no processo de inovação; inovação em serviços e propriedade intelectual. Na perspetiva que a muitos leitores poderá parecer algo futurista mas que para muitas empresas já é uma realidade, os autores abordam o portefólio dos direitos de propriedade intelectual e as funções inerentes ao Diretor de Propriedade Intelectual. Autoria José Dantas, do Instituto Politécnico de Leiria e António Carrizo Moreira, docente no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA Edição Lidel ISBN 9789725577583 Ano 2011
Lançado pela Pan Stanford Publishing, com contributos de diversos especialistas nacionais e estrangeiros, o livro coordenado por Tito Trindade e Ana Luísa da Silva, destina-se especialmente a estudantes de pós-graduação e investigadores com interesses em nanomateriais e potenciais bio-aplicações, nomeadamente ao nível da Nanomedicina. Os autores explicam, no prefácio do livro, que “o objetivo é fornecer uma perspetiva global desta área aos leitores que poderão ter formações diversas, através da abordagem dos mais recentes desenvolvimentos em partículas nanocompósitas. Por isso, os editores favoreceram o tratamento de tópicos de interesse geral em detrimento de outros muito especializados circunscritos por terminologia mais purista”. Mais à frente, afirmam esperar que o “livro contribua não só para apresentar o ´estado da arte` nesta área, mas também para conduzir a um ritmo mais forte da investigação deste fascinante campo científico”. Na opinião de Guido Kickelbick, Professor da Universidade de Saarland, Alemanha, “esta obra fornece uma oportuna e excelente panorâmica sobre as aplicações químicas e biológicas das nanopartículas e seus compósitos. Partindo da ciência fundamental relacionada com a preparação e funcionalização de superfícies, o livro, seguindo uma abordagem clara e didática, abrange os principais temas relacionados com as aplicações das nanopartículas no campo biológico e médico”. Autoria Tito Trindade e Ana Luísa da Silva – investigadores no Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) Edição Pan Stanford Publishing ISBN 9789814267786 Ano 2011
Eugénio Lisboa: Vário, Intrépido e Fecundo – Uma homenagem Organização de Otília Pires Martins, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UA, e Onésimo Teotónio Almeida, professor na Brown University Edição Opera Omnia ISBN 9789898309204 Ano 2011 Exercícios de Estatística com Recurso ao SPSS Autoria António Carrizo Moreira, Victor Moutinho, Pedro Macedo, Maria da Conceição Costa, docentes e investigadores no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial e no Departamento de Matemática da UA Edição Edições Silabo ISBN 9789726186243 Ano 2011 Guerras de Jasmim e Mogarim: Música, Identidade e Emoções em Goa Autoria Susana Sardo, docente no Departamento de Comunicação e Arte da UA Edição Texto Editora ISBN 9789724739557 Ano 2011 Jazzé e Outras Músicas Autoria José Duarte, professor auxiliar convidado da UA Edição Sextante ISBN 9789896760472 Ano 2011 Métodos e Técnicas de Investigação Social Autoria Luís António Pardal, professor associado aposentado e Eugénia Soares Lopes, docente requisitada aposentada, ambos da UA Edição Areal Editores ISBN 9789896472542 Ano 2011 O Rural Plural – olhar o presente, imaginar o futuro Autoria Elisabete Figueiredo, Elisabeth Kastenholz, Maria Celeste Eusébio, Maria Cristina Gomes, Maria João Carneiro, Paulo Batista e Sandra Valente, investigadores da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP) e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da UA Edição 100 Luz ISBN 9789898448064 Ano 2011 Photodynamic Inactivation of Microbial Pathogens – artigo de revisão de autores da UA Autoria Adelaide Almeida e Ângela Cunha, investigadoras do Laboratório Associado CESAM, e Maria do Amparo Faustino, Augusto Tomé e Maria da Graça Neves, investigadores da Unidade Química Orgânica de Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) Edição Royal Society of Chemistry ISBN 9781849731447 Ano 2011
ACONTECEU NA
UA
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Parque de Ciência e Inovação apresentou imagem e nova designação em dia de aniversário
Reitor da UA apelou à união de esforços na cerimónia de Abertura do Ano Letivo
Análise da performance das universidades apresentada na UA
O Parque de Ciência e Inovação assinalou, a 28 de setembro, na sede da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), o primeiro aniversário da sua constituição. A apresentação da nova imagem corporativa e da nova designação, Creative Science Park – Aveiro Region (CSP - AR), marcaram a sessão onde foi ainda debatido o papel daquela estrutura no desenvolvimento do território e a articulação entre o sistema científico e tecnológico e as autarquias locais. O CSP - AR tem os seus processos de aquisição de terrenos e projeto de infraestruturas a decorrer, estando previsto o lançamento de concursos públicos e obras em 2012. Espera-se que os primeiros blocos (três laboratórios de uso comum e edifício central, incluindo Incubadora de Empresas, Design Factory e Serviços) possam estar edificados no ano seguinte. Outro dos objetivos atingidos no primeiro ano, e revelado na cerimónia, foi a negociação entre autarquias e governo da adequação dos fundos comunitários ao projeto. O Parque é gerido por uma sociedade anónima, presidida pela UA e composta municípios da região e empresas. Segundo os acionistas, este projeto vai criar, em dez anos, cerca de 5 mil postos de trabalho direto e 10 mil indiretos, e acolher 250 empresas.
Maior coesão institucional, mais mobilização e empenho, mais esforços. Esta foi uma das premissas defendidas pelo Reitor da UA, Prof. Manuel António Assunção, na cerimónia de abertura do ano letivo 2011/12, realizada a 12 de outubro, que contou também com as intervenções do presidente da Associação Académica, Tiago Alves, do jornalista Carlos Magno, membro do Conselho Geral da UA, e do Vice-reitor, Prof. Carlos Pascoal Neto. Na cerimónia estiveram ainda o Secretário de Estado do Ensino Superior, Prof. João Filipe Queiró, e o presidente do Conselho de Curadores, Dr. Francisco Murteira Nabo. No final da cerimónia, no auditório da Reitoria, que marcou oficialmente o início do novo ano letivo, foi apresentada a Rede Alumni UA, dedicada aos cerca de 35 mil antigos alunos graduados pela Universidade. A sessão prosseguiu, depois, no Campus da Agra do Crasto onde foi inaugurado o Complexo Residencial – Núcleo Poente.
O seminário do projeto U-MAP – Lifelong Learning Program, sobre o desenvolvimento de uma classificação europeia de instituições de ensino superior, decorreu a 10 de outubro na UA. O U-MAP é coordenado pelo Center for Higher Education Policy Studies da Universidade de Twente (Holanda) e assenta no pressuposto de que um processo desta natureza pode criar maior transparência entre as instituições. A intenção do projeto não é produzir rankings, mas elaborar perfis com vários vetores, de acordo com parâmetros internacionais. No perfil da UA, segundo os critérios do U-MAP, o ensino e a investigação surgem como elementos fortes, desempenhando a transferência de tecnologia ligada à inovação um papel muito importante na vida da instituição. A UA qualifica muitos jovens da região Entre Douro e Vouga (de onde provêm 49 por cento dos seus alunos), mas fixa na região mais ainda: 64 por cento (dos diplomados). Segundo estes parâmetros internacionais, a UA têm também um número muito significativo de estudantes com mais de 30 anos, o que demonstra a importância da educação e formação continuada (nomeadamente em cursos mestrado
aconteceu na ua…
e doutoramento) e apresenta uma atividade cultural muito relevante. As primeiras conclusões do projeto foram apresentadas em 2005. Em 2011, após vários anos de desenvolvimento e consolidação do U-MAP – Lifelong Learning Program, algumas instituições de ensino superior portuguesas foram convidadas a incorporar os seus conteúdos numa plataforma criada para o efeito.
Festivais de Outono – Sete anos a cultivar a música
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Músicos como Pedro Burmester, Desidério Lázaro, Olga Prats ou Remix Emsemble estiveram presentes nos Festivais de Outono, iniciativa promovida pela UA, através da Fundação João Jacinto de Magalhães, e que visa aproximar o grande público de estilos e conceitos musicais de quadrantes diversos. Esta 7ª edição dos Festivais, decorrida entre 14 de outubro a 18 de novembro, conheceu projetos especiais de fusão entre as novas tecnologias e a música e revelou múltiplas correntes musicais em espaços multifacetados que atravessaram o Campus Universitário e percorreram a cidade: Estúdio Performas (no antigo Cinema Avenida), Museu de Aveiro, Capela da Vista Alegre, Igreja da Misericórdia e Teatro Aveirense. Para além da multiplicidade de géneros musicais, também o espectro temporal apresentado foi alargado. Revisitou o barroco e o classicismo, mas apostou na divulgação dos grandes nomes da música do séc. XX, dando este ano um relevo especial à obra de Frederico de Freitas cujo espólio, por vontade da família do compositor, reside atualmente na Biblioteca da UA. Seguindo a tradição de edições anteriores, o cartaz dos Festivais de Outono integrou ainda duas conferências - uma relativa à obra de Frederico de Freitas, a outra, conduzida por Rui Vieira Nery, a propósito de “Fado e Tango” – e masterclasses que incidiram sobre repertório barroco ou romântico.
ISCA-UA assinalou 40 anos de história com homenagem aos antigos presidentes
Cursos de Especialização Tecnológica da UA: uma rede de formação com a região
A cerimónia comemorativa do 40º aniversário do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) reuniu, a 22 de outubro, um conjunto alargado de membros ilustres da comunidade. A data serviu para prestar homenagem aos antigos dirigentes e alunos e premiar o mérito escolar dos melhores estudantes do Instituto. Na sessão solene, o Reitor, Prof. Manuel António Assunção, lembrou a importância da aposta feita pela UA na componente politécnica, com a implantação regional, baseada em quatro escolas em três cidades, “caso singular no país”, e enalteceu a “configuração de uma rede de formação, binária na sua essência, em que quer o ensino de natureza politécnica, quer o de natureza universitária têm a sua identidade própria, que deverá ser aprofundada, porém mantendo uma unidade institucional e de atuação”. A cerimónia contou ainda com as intervenções do Presidente da Associação de Estudantes, Fábio dos Santos, e da atual Diretora do Instituto, Prof. Cristina Souto Miranda que, na ocasião, salientou a aposta do ISCA-UA na “sistematização de atividades de investigação aplicada”, através de um programa de apoio integrado à elaboração de dissertações – PIAED”, cujo objetivo passa “por aumentar a taxa de conclusão nos cursos de mestrado e promover a interdisciplinaridade entre as diversas áreas de conhecimento, presentes na formação oferecida no ISCA-UA”.
A sessão de abertura oficial do ano letivo dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) da UA, a 14 de novembro, para além de assinalar o arranque do ano letivo, constituiu também uma homenagem aos participantes nesta “rede de formação com a região”, como a apelidou o Reitor, durante o discurso de abertura. Na edição que este ano se iniciou, a Universidade oferece dez formações distintas de CET em nove localidades. Para além de Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis que são as sedes de três escolas politécnicas da UA, os cursos são ainda lecionados em Albergaria-a-Velha, Espinho, Estarreja, Ovar, São João da Madeira e Sever do Vouga. Estes cursos, salientou o Reitor, assumem-se como “um elemento adicional de fomento de uma relação mais próxima entre o mundo académico e o mundo das indústrias e dos serviços”. Este interface entre academia, agentes económicos e autarquias, traduz-se, nomeadamente, na atribuição dos prémios aos melhores alunos, patrocinados por entidades parceiras. Neste mesmo dia foram ainda entregues diplomas aos alunos que concluíram os CET.