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Joaquim Cesário de Mello
Joaquim Cesário de Mello Recife/PE
A Imortalidade Repentina dos Minutos
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Cadê o minuto que aqui estava que a pouco me absorvia e eu inteiro nele existia?
Para onde vão os minutos essas minguadas partículas das horas quando se soltam dos relógios deixando-me sozinho com suas ausências no exato instante em que aqui respiro?
O que leva dos meus pretéritos presentes os fugidios minutos de mim furtados pelas garras incorpóreas do tempo? Para onde se foram o cheiro do café coado o toar estridulante dos grilos e o resfriado sereno das madrugadas?
Nos minutos vindouros ainda lembrarei da mudez distante das estrelas do assoviar da vizinha ao lado e do ocaso do Sol de soslaio flagrando?
Dos milhões dos minutos passados quantos até lá me restarão no interior das retinas no caducar exaustado das miopias?
Na fogueira incandescente do presente os minutos que me antes eram brasas tornam-se farelos espalhados de cinzas no amontoar sobrante das memórias
Queria nem que fosse por um átomo segurar este meu agora minuto e nele para sempre poder me fincar