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Regina Alonso

Regina Alonso Santos/SP

Ondas do tempo

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Difícil reprimir o sentimento de pura inveja, quando a filha da vizinha colocava a pequena cadeira de balanço na calçada. Todo dia, à tardinha, acontecia para me enlouquecer de desejo. A menina punha em mim olhos brilhantes de soberba e via os meus implorando... Nunca me ofereceu seu lugar, nem por um instante. Ao escurecer retirava o troféu bem devagar, com um sorriso de escárnio.

Quando o tio comprou uma cadeira inglesa toda de palhinha, fartei-me. Tantos anos haviam se passado, mas o balanço teve o sabor do vaivém das ondas do mar. E naveguei até a calçada de outrora.

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