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Maria Carolina Fernandes Oliveira

Maria Carolina Fernandes Oliveira Belo Horizonte/MG

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Prece Inacabada

Devolva-me as minhas tardes alaranjadas sobre as paredes sem cor. Já não são meus os olhos que lacrimejavam líricos, tampouco reconheço a maciez das minhas mãos. Como eram lúdicas as pegadas na areia levadas pelo mar. Eu sonho em sentir saudade das bebidas adoçadas, antes, porém, é preciso lembrar o gosto. Dê-me um relógio, uma ampulheta, devolva-me a ilusão do tempo pois já não aguento mirar os ponteiros sabendo que são inúteis. O café sujou todos os meus versos. Amargo. Amarelo. Agarro-me. Cubro o rosto, mas os sinos de alguma igreja badalam. É a segunda-feira outra vez, indiferente a qualquer protesto, mata mais um artista.

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