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Vagner Pereira

Vagner Pereira Barra Mansa/RJ

Primeira Vez!?

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Fotomontagem

A república veio abaixo, quando o calouro Fricássio Canela, vulgo Mineirão, declarou que estava louco pela primeira vez dele no Rio de Janeiro. Os republicanos sob o efeito do álcool não acreditaram naquele soneto ingênuo. Mineirão tinha 37 anos, o aluno mais velho do curso de Engenharia de Agrimensura. Tinha idade para ser pai de seus veteranos que começavam a descobrir a vida na faculdade. Então, disse pausadamente: ─ Estou louco pela minha primeira vez no Rio. Acreditaram.

Determinou-se que realizariam tal desejo. Criou-se um grupo de zap compartilhando o drama do moço de boa família, frequentador de missas e devoto de São Judas Tadeu. A intenção era arranjar uma jeitosa de alma caridosa.

O grupo bombou. Mineirão ganhou notoriedade no campus. Ficou constrangido a princípio, mas foi convencido que a exposição de sua figura seria benéfica. Também bolaram o esquema da vaquinha virtual para

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financiar a empreitada amorosa em grande estilo na cidade maravilhosa. Em sete dias arrecadaram um salário-mínimo para a defloração do caipira.

Dentre as candidatas, escolheram a dedo o top dez, para um possível encontro casual. De cara excluíram três periguetes, pois não queriam que a minhoca fugisse do anzol. Quatro santinhas do pau oco que tinham históricos quilométricos em safadeza. Duas gatas CDFs que queriam um relacionamento sério. Por fim optaram pela surpresa da lista, a única docente entre as candidatas: Erondina Paschoal.

Erondina era Mestre em Direito Constitucional, uma das coordenadoras do Departamento de Direito, lecionando em várias turmas. Tinha um currículo acadêmico invejável e profissional altamente gabaritada.

Mas foram as palavras dela que chamaram sua atenção, parecia esses anúncios apelativos de perfis em site de pegação. Mineirão e companhia julgaram ter tirado a sorte grande. O anúncio dizia:

“Divorciada, livre, leve e solta, cinquentona enxuta com muita lenha para queimar, dois filhos maiores de idade que não se importavam com ela. E o principal; não quero compromisso, apenas diversão”.

Mineirão estabeleceu contato, pegandoa de surpresa entre o intervalo das aulas dela. A conversa foi acompanhada pela galera, pelo viva voz, torcendo a cada lance como se estivesse num estádio de futebol. Torciam pela vitória de Mineirão, para aquele zero a zero incômodo deixasse de figurar o placar dele.

Erondina preferia ser chamada de Dina. Estremecia cada vez que a voz potente dele chegava ao seu ouvido. A conversa tornou-se picante, onde ambas ambições pareciam se completar. Acertaram o encontro para sábado no apartamento dela no Leblon.

No dia D, Mineirão tomou um banho de Cleópatra assim como as musas de Nélson Rodrigues. Depois para finalizar, caprichou na dupla camada com fragrâncias de camelô sobre a pele. Vestiu o melhor traje. Munindo-se de um buquê de rosas vermelhas que indica paixão. Nem parecia um ogro desajeitado tamanha a perfeição de sua aparência cavalheiresca.

Dina abriu a porta, ficando extasiada com sua vítima. Admirou cada pedaço daquele homenzarrão que seria somente seu. Logo recebeu o buquê, aspirou o aroma de luxúria. Abriram uma champagne, brindando aquele momento especial. Cruzaram seus olhares de amantes, ela jogou a taça de lado. Partiu para cima dele sem medo de ser feliz. Entregaram-se aos beijos e as carícias que prometiam abalar os pilares do edifício.

Por um instante, pensou, estar sendo lograda. Afinal de contas, um virgem tremeria nas bases, cometeria erros inocentes devido ao afobamento, e, por fim se deixaria ser conduzido por uma professora nas artes do amor. Desvencilhou-se dele, dando-lhe um tapa na cara. Com o dedo em riste, a baixinha exigiu a verdade. ─ Essa é a minha primeira vez no Rio ─ defendeu-se ele.

Convencida, entregou-se de corpo e alma, entrelaçando os desejos. Desejou

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jamais ser esquecida por ele. Foi uma noite muito louca, aquela brincadeira de adultos a dois.

Na manhã seguinte, como recompensa, preparou uma bandeja de café especial, que seria levado na cama para o ex-donzelo. Ainda na cozinha, iludiu-se como nunca antes havia feito com outros amantes, pois estava sacudida de certeza diante a boa impressão causada por Mineirão. Cogitou, intimamente, a possibilidade de querer encontrá-lo de novo. Julgou ter encontrado uma joia rara, em estado bruto, que em suas mãos seria lapidada ao seu bel prazer.

Na cama, entre uma fatia com geleia de pêssego, biscoitinhos amanteigados, gemada cremosa e beijos. Ela indagou ao amante: ─ Você foi maravilhoso! ─ Eu!? Maravilhosa foi você.

─ Não seja tão modesto. Nunca pensei que me divertiria tanto com um virgem.

Mineirão gargalhou. ─ Qual é o motivo da risada? ─ Você achou que eu era virgem? ─ Sim. ─ Sério!? ─ Você disse que era. ─ Desculpas, mas nunca disse que era.

─ Como não? ─ gritou ela, furiosa. ─ Deixei de ser desde 14 anos, com a prima Shirley atrás da igreja, na festa de São João. Achei que estava bem claro para você e os outros, que gostaria de fazer sexo no Rio pela primeira vez.

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