4 minute read
Willian Fontana
Willian Fontana Rio de Janeiro/RJ
Vo cê E s t á co n de n a do ?
Advertisement
Sempre soube que conhecimento é poder, mas não imaginava o quanto. Fora assim que aquele meu amigo que tanto incomodava a vocação e prosperar que me ocorreu ao visitar uma vidente que após seguir todo os práxis (tido por este amigo como pseudocientíficos) que soube da derradeira notícia. Da quiromancia a vidente falava que apenas teria sucesso quando esse meu amigo morresse e após nos jogos de cartas logo sobreveio a cartada da morte que prenunciava o fim de meu amigo Anderson Fontenelle, pois era um negro que parecia não saber seu lugar de submissão no mundo. — Vejo o mesmo destino tanto nos búzios quanto nas cartas. A vocação dele cessando com sua morte para que finalmente você brilhe. As vezes o que é o mal para uma pessoa é o bem para outra, assim como a morte libera espaço para que novas vidas brotem e frutifiquem. Até o dia 1 de abril ele deve ter morrido, prepare-se.
— Acredito em você! — Comentei empolgado pois ela havia falado tudo que queria ouvir.
Ainda que estranhamente não tenha ficado pesaroso ao saber a iminente morte de Anderson agora tinha a missão de prepará-lo para a morte que ao libertar-se de seu corpo daria a vaga de seu sucesso para mim. A morte era boa, sabia disso e algumas pessoas como Anderson haviam apenas nascido para sofrer e morrer como sua sina definida pelas circunstâncias que se impunham com severidade a defini-lo. — Temos que aceitar o destino. Você está condenado! — Falei eu ao contar as premonições daquela velha cigana que aos padrões de Hollywood assim soava ao ter verrugas no nariz acompanhando maldições veladas. Mas ante isso Anderson parecia demonstrar piedade da agourenta mulher como sendo uma almaperdida entre superstições, o que me deixou furioso.
212
— Tais pessoas são dignas de piedade em suas maldições pois desse conhecimento desfeito torna-se o próprio engano dela como o seu. — Comentou Anderson em seu ímpeto acadêmico que tanto me irritava por não admitir minha superioridade intelectual por meus desejos.
Logo, passei a mandar mensagens diárias para ele ao poetizar que a vida era um deletério corredor até a morte. Que a não aceitação dele ante o inevitável era um negacionismo tanto quando alegava do meu sobre suas obras.
Apenas da morte há de germinar a semente da nova vida. Pois a transitoriedade da vida expõe que apenas a morte é permanente. Do leito disso sabemos que não é a abiose a morte, mas o que sucede a biótico da putrefação que nos transforma em algo novo. Liberte sua mente como seu corpo.
Aquela prosa destilava toda minha maneira de pensar, era a verdade mais absoluta e ele tinha a obrigação de aceitar! A parca ciência humana hesitante ao se relutar contra a inevitável torrente dos espíritos que seguem em eternos ciclos para o além. Das pessoas que torturadas morriam, mentes pequenas não entendiam que os perpetradores como criminosos ante a falsa lei prestava-lhes serviço de renovação ao libertar seus espíritos a evolução!
Ao escrever aquela carta fui direto a casa dele sabendo ele ser já um morto em vida mas que como os fantasmas recusavam-se a aceitar, seria melhor ele ter praticado suicídio!
Correndo com a carta sabendo do limite postulado pela vidente (que apenas para ele era agourenta) atravessei a rua correndo quando repentinamente um sedan veio sem ser visto e me atropelou.
Do outro lado da rua passava Anderson que ao ver a situação correu para me acudir, mas em vão. Não fosse aquela carta não estaria agora em meus derradeiros momentos.
Ele parou sobre mim ao lado de outras pessoas me fitando ao tentar me confortar ante a situação. A piedade dele era horrível e irritante! Mas fora naquele momento que abrir
213
a carta que havia escrito pra ele e percebi ser na verdade para mim. O que havia profetizado senão meu próprio fim?
Na verdade ao se concretizar percebi se tornar o próprio, como desejava sê-lo. As vezes o não saber da ignorância condena e saber implica mudá-lo. Ao contrário da ilusão de saber promove o caos do imprevisível, o que sabe da vinda de uma tormenta prepara-se para ela, mas não como os dinossauros sendo dominantes como predadores no mundo. Em sua préhistória conheciam apenas o próprio poder até que crendo nele foram destruídos sem saber de sua possibilidade, logo preparar-se para ela.
A ignorância é ambiente propício a maldade e erro pelo mesmo motivo que a poluição e sujeira é para doenças, pois o que se ignora veementemente saber apenas reproduz o erro que nele está oculto. As maiores doenças não são vistas, mas apenas os sintomas percebidos por condições de risco até se tomar conhecimento dos micróbios que infestam como no escuro insalubre do esgoto das águas cinzentas onde debulham ratos, baratas e doenças como única raiz de poluição e doenças.
As vezes os que desenganam à doença do próprio desejo sobre alheio e contra a fé, a verdade e certo, não devem ser creditados para que tornese verdade, antes liberto de compromissos com estes ante a verdade, pois se com estes a maldade é certeza, com Deus é apenas um risco!
Ao pensar naquilo que me arrependi de meu derradeiro ato, pois a vidência era apenas a visão de meu próprio desejo concretizado sobre mim mesmo. Assim então me esvaia como exemplo do que eu mesmo pregava e pelo qual agora morri.