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Guilherme Giublin

Guilherme Giublin

Curitiba/PR

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A decisão de Luciana

Luciana, virgem casta até na boca, via a cena que transcorria sob as primeiras horas dos raios ainda tímidos do sol, numa praia de areia barrenta e mar lodoso. Em meio a areia, parecendo desnudos de qualquer tipo de vergonha, um casal tão jovem e bonito quanto a vouyer inocente, estava a ponto de começar o sexo. Ele, com seu membro ereto, percorria toda a virilha e o pubs da moça, que por sua vez se retorcia e gemia. Pensamentos confusos vinham a mente da virgem, o que era natural, já que nunca nem sequer havia visto algo parecido, apenas tinha ouvido falar, mas sem muito interesse. Ela sentia surpresa: como poderia duas pessoas, fazerem isso fora de sua cama em seu quarto? Sentia raiva: eles não tinham o direito de estragar a sua pureza com atos desmedidos e ofensivos. Sentia asco: como a jovem poderia deixar o rapaz passar o seu pênis nela? Sentia calor: um formigamento quente invadia todo o seu interior. Sentia-se mal: estava ofegante e com uma leve taquicardia. Sentia desconforto: sua calcinha estava úmida. Luciana fez menção de ir separar os tarados, mas parou, pois não sabia como abordá-los. Deveria dizer simplesmente que fossem para suas casas? Quem sabe chamar alguma autoridade, talvez o salva-vidas? Será que conseguira fazer isto sem ficar vermelha de vergonha? A resposta era não e ela sabia, já que mal podia se mexer, imagine tornar pública a sua vergonha. Sim, sua vergonha e não deles. Eles não teriam nada a perder, ela, porém, teria tudo: sua dignidade. Definitivamente era melhor não tentar impedir o casal. Então resolveu ir embora, mas novamente não passou de intenção. Talvez uma criança ou uma senhora fossem para lá depois dela e vissem aquilo tudo. Uma senhora morta de vergonha ou uma criança para sempre traumatizada com sua pureza maculada como a dela já tinha sido, só que uma coisa é ter a pureza maculada com vinte e dois anos, outra com oito, nove, dez... Definitivamente tinha que permanecer onde estava e impedir isso. Mas como? A medida que seus sopros de calor, sua taquicardia e humidade vaginal aumentava, na mesma proporção aumentava o asco e raiva. Sentimentos opostos andavam lado a lado no corpo da jovem que, entretanto, achava que eram semelhantes. O calor e a taquicardia eram pela vergonha certamente, o mais difícil de explicar era a calcinha, mas ela achou um jeito: de nervosismo tinha deixado alguma urina sair sem controle, o que também explicaria a sensação de calor na região. Assim que achou essa desculpa, parou de

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pensar na calcinha e nos outros sintomas e se voltou novamente para os jovens. Subitamente uma menção de ir até eles quase se concretizou: ela chegou a dar dois passos em direção ao casal. Anteriormente todas as menções não passavam de movimentos da cintura para cima, sem parecer que iria se completar, mas o de agora foi diferente. Estes passos foram tão súbitos que ela não soube explicá-lo, Tudo o que tinha feito antes deles foi ajeitar o sutiã que estava ficando incômodo para seus mamilos túmidos, certamente pelo frio. Só que assim que o tecido roçou-os, o desejo de se juntar ao casal foi tremendo e demorou dois passos para ser controlado. Para Luciana este fato provava sua coragem de agir por impulso sem nem sequer se preocupar com sua reputação e ir separar o casal a todo custo, mas o seu próximo ato ela não conseguiu entender: sua mão esquerda desceu para a sua vagina e começou a esfrega-la por sob a calça. Foi necessário um instante e um leve gemido seu para que ela tirasse rapidamente a mão daquele lugar tão impróprio. O que estava acontecendo com ela? O movimento repetiu-se, mas dessa vez sem que ela quisesse tirar a mão. Sentiu o sopro de calor virar fogo ardente que se embrenhava em suas entranhas e saía pela pele como arrepios. Algum tempo depois, tirou novamente a mão, mas fez mais uma menção involuntária: a de ir até os jovens, agora consciente de que não era para separá-los, mas para juntar-se a eles. Ocorreu então um dilema com Luciana que durou décadas: ir até o jovem casal e fazer um menage a troi ou sair e não mais os ver. O problema é que durante essas décadas a bela jovem tornou-se velha e enrugada, suas curvas carnudas se tornaram raiadas, seus seios firmes, agora eram caídos e murchos. A volúpia contínua do vigoroso casal, parecia fazer com que eles não envelhecessem nunca, permanecendo esbeltos, sem precisarem comer, beber ou descansar. A indecisão de Luciana parecia ter tido o efeito contrário. Exatamente cinco décadas depois, com setenta e dois anos, Luciana decidiuse: iria participar do sexo com o casal. Foi até eles em passo decidido tirando a roupa no caminho, porém não pode sentir o prazer. Estivemos esperando você por cinquenta anos, Luciana. Agora você não nos interessa mais, disse a jovem.

Conformada, Luciana pegou humildemente a sua roupa caída no chão, vestiu-se com vagar e voltou para o seu posto eterno: a de voyeur de sua própria vida.

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