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Saul Cabral Gomes Júnior
Saul Cabral Gomes Júnior
São Paulo/SP
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É a Matinta que vem assombrar meus diass
É a Matinta que vem assombrar meus dias... Quem és tu, Matinta? De onde vens? É a Matinta que vem assombrar meus dias... Vai-te embora, Matinta! Vai-te embora, árvore das trevas! Leva daqui teu silvo estridente, a quem teme a serpente. É a Matinta que vem assombrar meus dias... Deixa-me em paz, bruxa mimética! Deixa-me só com meus medos, Rainha de todos os medos. É a Matinta que vem assombrar meus dias... O que tu queres de mim, Matinta? Que eu me prostre a um temor ainda superior aos temores que transitam em meu rosto cotidiano? Que eu fique aprisionado no grito de Munch? Sai-te daqui, demônio arraigado no solo fértil da visão engenhosa. É a Matinta que vem assombrar meus dias... Vai-te embora, fonte de pavores inesgotáveis: os passos de Jack, os pássaros de Hitchcock;
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o voo augusto do morcego; o riso do palhaço psicótico; a sombra inicial da catástrofe. É a Matinta que vem assombrar meus dias, envolta na casca seca e lúgubre, tecida em resquícios de epidermes calcinadas, vem ela, ao som da marcha nazista, vem ela, com o cor vo de Poe no ombro e com o Horror adornando seus cabelos, vem ela, verduga esparsa na atmosfera pálida, vem ela, lenta e pesadamente, vem a Matintaperera, sóbrio monumento à coragem falecida, cravado na alma descampada. É a Matinta que vem assombrar meus dias...
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