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Ariel Von Ocker, nome social de Gabriel Felipe Montes Lima

Ariel Von Ocker, nome social de Gabriel Felipe Montes Lima Cuiabá/MT

A torre de marfim ou o mais sábio dos homens

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Houve certa vez, num tempo esquecido, um homem chamado Teócrato, que amava a Verdade com a alma e o coração. E seu amor era sincero e dedicado.

E Teócrato buscou a Verdade nas páginas amareladas pelo tempo dos alfarrábios dos velhos sábios. E ele encontrou versos de ouro e palavras de prata que falavam sobre o céu, as estrelas, os deuses e os astros. E Teócrato amou essas palavras, pois seu coração saltava grandes alturas conforme as lia e sua alma se aquecia em ternos cuidados ao perceber que elas lhe falavam ao mais elevado de si.

Ora, Teócrato amou essa Verdade e quis compartilha-la com os homens de sua terra e as mulheres de sua terra. E Teócrato falou: – Olhai para o céu! O azul que resplandece é o brilho nos olhos de nosso Criador. E o verde das árvores é o regaço tranquilo de Deus...E o brilho dos astros na noite escura é a lembrança perene de que somos os filhos do Homem e herdeiros da Terra.-

Porém, quando ao ouvi-la, os homens riam-se dele e diziam:

- Falas de estrelas e de céus ignorados, mas dizei-nos, ó homem do Céu, quem é que nos dará de comer se largamos da enxada e da foice para contemplar o céu azul e o brilho dos astros? Acaso Deus descerá e trabalhará entre os homens?-

Teócrato ouviu suas palavras e sentiu sua alma doer, como se a rasgassem de ponta a ponta.

Então, Teócrato se retirou de sua terra e foi-se para junto dos doutores de seu tempo. E, por sete anos, ele viveu junto deles e aprendeu de sua filosofia.

E, pois, o homem amou o que diziam os doutores de seu tempo e quis partilhar o que sabia com os filhos de seu país. E Teócrato faloulhes e disse: - Olhai para o céu: o brilho que ilumina o espelho do mar é a luz do sol que se difrata no ilimitado. O que somos é flor de um dia, que nasce e murcha no tempo de uma vida.

Há muitos saberes e muitos valores, mas de que vale tudo o que é externo, se não conhecemos de nós mesmos a nossa identidade?-

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Contudo, o coração dos homens da terra era duro e ressecado, como o chão onde seus arados batiam sob o sol ardente. E eles disseram-lhe: - De que nos vale, ó homem de um dia, saber quem somos ou porquê brilha o céu de azul se o sol que nos queima a face é o mesmo todos os dias? Em verdade, vos dissemos que de nada vale o teu saber se não te vai encher a barriga ao fim do dia.-

Teócrato, mais uma vez, sentiu sua alma entristecer-se e doer seu coração.

O homem, então, partiu mais uma vez daquela terra e foi-se para além dos alfarrábios dos mestres do passado e além da filosofia dos sábios de seu tempo. O homem andou e andou sem rumos e conheceu muitas gentes do Oriente e do Ocidente até que, enfim, chegou a uma torre que se erguia no centro de uma floresta perdida.

Aquela torre era alta e branca, como as nuvens do céu. Teócrato entrou na torre e viu que estava só ali e que mil livros o rodeavam por todos os lados na construção. E ele viu que dali podia mirar o mundo e a beleza do mundo...Belos crepúsculos assistiu e suaves arrebóis contemplou enquanto lia a Eneida, O Banquete, Os Vínculos e a inolvidável Odisseia.

Ora, Teócrato amou aquela torre e por lá ficou por muitos anos aprendendo. Todos os dias leu até findar sua vasta biblioteca, que contemplava os melhores livros de todos os que o precederam.

Teócrato leu tudo o que havia para ser lido e aprendera tanto que se fizera o mais sábio dos homens de seu tempo. E, quando assim se tornou, lamentou-se e sentiu seu coração chorar porque estava só e a idade já o atingira impedindo que pudesse viajar. E ninguém havia que desejasse ouvir seus ensinamentos.

Assim pereceu sozinho e incógnito o mais sábio dos homens no alto de sua torre de marfim.

Instagram: @ariel_von_ocker

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