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Bruno Oggione

Bruno Oggione Rio de Janeiro/RJ

Traçados

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quem vibra na borda da linha? de lado, declinando o traçado de porcelana, vi-me, solitário e lento, distante de tudo. algumas esmeraldas, vidros, nuvens. na carne das águas, céus, arranhões no azul.

eu me movo pelos juncos verdes, entrelaçados, entro no lago entre quedas e avanço pelo traçado, imaginando o traçado dos cílios que escorrega mas não flui. estou longe de tudo. fico parado à margem desses tipos, caminho ao longo desse traçado, entre semicírculos de porcelanas entrelaçados. o traçado sente.

caminho, espero, vou ao encontro: traçado dos cílios enroscando e desenroscando um instante de palidez entre duas colunas. parte e rasura a escrita polida, continua o traçado abaixo e se encontra.

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quando eu partir o infinito desaparecerá com as ironias desta sala quando os olhos se apagarem a guerra de esterilidades, as dores e os areais, a fuga de milhões de seres e o azul morrerão comigo – aqui

o azul marcará este lugar onde meus poetas se encontram novamente. nesta sala alguém ouvirá da rua a confusão das indolências e uma nova poesia surgirá do deserto, como um abalo em um abalo – dentro

Mas ninguém lerá o mesmo poema comovo-me com o desgaste dessas flores

As chaminés serão transformadas em nuvens negras, e a fumaça densa se extinguirá com a auréola escura do sol, que amarela e desaparece nos olhos. As palavras saem do pântano

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esquecido, conectando o limo com os juncos, cobrindo de azul os buracos profundos feitos no ar pelos pássaros com seus dedos flexíveis. Lanço a névoa do sono no céu escuro, nos trapos da noite, afogando a lama pálida do outono e construindo um telhado de almas. A noite estreita e as roupas esfarrapadas se opõem em fuga ao desprezo feroz da poesia. Enquanto corro, fecho os olhos e sinto à espreita todos os pecados acesos na alma vazia. Sob o azul infinito, a ironia amaldiçoada pelo poeta incompetente balança como uma flor nas areias infecundas do deserto.

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