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Gardel Dias da Assunção

Gardel Dias da Assunção Fortaleza/CE

Interior

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Eu me lembro da serração do interior que vejo tão rápida quando ali passo na estrada lisa e azulada. É o pé da serra feito uma espessa listra esverdeada que passa suspensa bem em cima de minha cabeça. É a reta longa, é na curva perigosa das cidades do interior e que não é tão interior assim. Uma boa lembrança – o sino da igreja, da cantiga na radiadora pela manhã cedo. Era pela manhã que ouvia, como despertador, a música da igreja, religiosamente todas as manhãs. É morada antiga, são lembranças da década passada nessas cidades do Maciço de Baturité, da linha de ferro, do trem que demorava, do tempo quente num sol de meio dia e do banho no rio. Ficávamos à toa no meio do dia, o sol fervendo nossas cabeças, ali víamos o trem cargueiro passar, caminhávamos na trilha em busca do trem. Era o pé da Serra e o vento frio, são boas as memórias da infância quando ainda nem sabia pensar. Era o verde da serra em período curto de neblina, era uma curva perigosa que fazia vítima alguém descuidado. Era o ônibus que passava, a gente o notava vindo à curva da Casa Branca – que não existi mais, era o horário e a partida. Era uma leitura musical e instrumentos, caminhada da igreja, depois os dobrados e depois o lanche. Era a biblioteca pouco visitada – os livros pouco lidos e que um dia tomei um pra mim, era o horário da escola numa carona qualquer. Era de tudo um pouco, a tv na praça e com notícias de mortes, era o futebol na praça, era uma conversa na praça, quase tudo sabíamos na praça: coisa de cidade pequena.

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