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Paulo Luís Ferreira

Paulo Luís Ferreira São Bernardo do Campo/SP

Exame de Próstata

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Os médicos alardeiam que todo homem deve fazer o exame da próstata a partir dos 45 anos. As chances de se contrair um câncer são muito grandes após esta idade. No entanto, o que acontece é que os homens são por demais machistas, – desta faixa etária, chiiii! – Eles não aceitam fazer o exame do toque. O mais que toleram é um exame de sangue, ou no máximo, com certo desdém, por achar coisa de mulher, um ultrassom. Mas esses tipos de exames não são eficazes como os de toque.

Acredito que haja uma solução para esse dilema: que tal, se ao contrário de um médico, uma médica urologista? Ah!, seria uma correria geral aos consultórios, quem sabe não houvesse homem querendo entrar duas, três vezes na fila de espera?

Recentemente procurei um médico, amigo meu, o Sálvio. Essas coisas ficam mais bem resolvidas entre amigos. Ele disse que seria preciso fazer a famosa massagem, o fatídico e infalível toque na próstata.

Marcado dia e hora lá estava eu, de quatro sobre a maca. E ele na maior tranquilidade, vestindo a luva cirúrgica, com seu enorme dedo grosso e comprido, contando uma história mais do que imprópria para aquele momento, recém-casado, veja

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só!... Falava sobre sua recente lua-demel em Caldas Novas... Passou uma vaselina no dedão sobre a luva, concentrou-se e se aproximou. Antes colocou uma toalha de papel embaixo do meu pênis. — O que é isso, doutor?!... –perguntei intrigado. — Oh! Marcão, qualé a tua... Sou o Sálvio, tá me estranhando!... E não me chama de doutor. Somos amigos, esqueceu? —Tá, Sálvio... Mas pra que isso? — Caso você goze.

Num pulo me sentei na cama e encarei-o — Quer dizer que isso aqui é uma foda? — Não cara! Fica calmo isso é normal. Não é com todos que acontece. — Sálvio, se você me enfiar esse dedo e eu gozar, como é que eu fico?... Qual é a probabilidade dos que gozam? — 50% a 60% por cento. — Tá, mas pega leve, hem!

Sálvio espalmou a mão contra a fulgurante luz hospitalar, como a examinar se estava na espessura certa para aquele orifício, – o meu orifício, no caso – ajustou a luva, esticou o famigerado dedo “fura-bolo” e, sereno,

denotando muita paz de espírito deu início ao trabalho. Silêncio no consultório. Ele auscultava com muita atenção como se de lá de dentro viesse algum som. Toca seu celular. “Que absurdo!, celular ligado em hora de consulta!” Era sua recém esposa, perdida no trânsito, pedindo informação sobre como se achar. — Oi, amor!... Aquele “oi amor” tão expressivo e com o dedo no que era meu já me deu um calafrio que me arrepiou dos pés à cabeça. – começa a explicação: — Onde você está querida?... Sei, sei... Você desce a Voluntário da Pátria, quando chegar à altura da estação do Metrô, vira à esquerda... Não benzinho, volta um pouco, em seguida à direita... Isso!... Na Cruzeiro do Sul... Segue em frente... Isso, em frente... E continuou dando as referências, usando o dedo que estava dentro de mim, como indicador de direção. Não deu outra. Ejaculei. É por essa e por outras piores que os machões têm razões que a própria razão desconhece. Desculpem-me a frase feita, mas por via das dúvidas é melhor ficar mesmo no exame de sangue, no máximo, um ultrassom. Se bem que o toque não é mau de todo.

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