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Clarice de Assis Rosa
Clarice de Assis Rosa Ituiutaba/MG
Dualidade
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Amo-te, de forma branda e voraz, não conheço outra forma de amar. Amo-te, nas minhas incertezas e nos meus momentos de júbilo. Amo-te, às vezes de forma suave, outras vezes, arrebatadora. Amo-te, às vezes compreendendo sua indiferença, outras vezes, angustiada por não conseguir lhe despertar sentimento. Amo-te, quando, de esgueira, observo seu sorriso e me lembro que ele foi a porta da minha perdição. Amo-te, ora carinhosamente, ora desajeitadamente. Amo-te e, às vezes, dói-me o seu desprezo, então me lembro de que amar é doar-se, sem esperar reciprocidade. Amo-te, em meus devaneios e oscilações. Amo-te, mesmo quando, confusa, sem enxergar um caminho a seguir, afasto-me, acreditando que a saudade incomoda menos que o seu descaso. Movimento-me, irracionalmente, num pulsar de avanço e recuo, tentando encaixar-me em uma emoção que possa doer menos. Amo-te, nos meus delírios e inconstâncias, até mesmo quando tento provar a mim mesma o contrário, revolvendo-me entre certezas e dúvidas. E por te amar, às vezes, fere-me a sua indiferença – recuo, outras vezes, arrebata-me a intensidade do que sinto – avanço. Amo-te, mesmo incompreendida, dominada por emoções que o fazem questionar o que sinto ou a minha personalidade. Amo-te e, levada por esse amor sobejo – avanço; deparo-me com a sua algidez- recuo. Tomada por sensações desconhecidas, movimento-me, buscando a razão. Não a encontro; perco-me. Desarmo-me fácil, quando menos se espera, com um mínimo de atenção. Rapidamente, já estou a te amar, e a sorrir, unicamente por amor. Amor que segue inexplicável, sem peso, nem espera, apenas amor, ainda que mergulhado em oscilações, diante da sua inflexibilidade. Em minha inquietação, na tentativa de entender as emoções que me assolam, desisto de entender e de lutar, apenas me permito sentir. Amor, às vezes, a minha perdição – recuo, às vezes, a minha salvação- avanço.