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Daiane Barros
Daiane Barros Teresina/PI
Qem sou eu?
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Aí está uma pergunta difícil demais para ser respondida. Quem sou eu? Quem sou eu? Quem sou eu? Esse questionamento fica martelando na minha mente doentia dia e noite, noite e dia. Quem sou eu? Não consigo responder. Simplesmente, não sei a resposta e talvez, só talvez, nunca saberei. Na maioria das vezes, eu atuo. Finjo ser uma pessoa positiva, de bem com a vida, aquela que nada abala. Mas, no fim do dia, não passo de uma garotinha assustada. Eu tenho um milhão de coisas a dizer, mas meus pensamentos caóticos não se alinham. Não fazem sentido. Sou um mar de confusões e inseguranças.
Devoro livros, notícias e todas as formas de arte possível. Mas nada, nada disso me preenche. Continuo vazia, me perguntando: Quem sou eu? Fico imaginando quando e como finalmente alcançarei a paz. Se é que ela existe. Até me imagino, bem-sucedida, na minha poltrona preferida, bebendo meu vinho favorito e relendo um clássico da literatura da minha biblioteca particular. Mas, a realidade é que os livros, o vinho e os bens materiais são meios de fuga da realidade. Seguindo essa perspectiva, eu vivo fugindo da realidade. Viver é isso? Uma eterna e vã tentativa de fuga?
Seria muito melhor ser um alienado. Eles não sofrem essas dores. Eles não questionam a si mesmo nem o mundo que vivem. Eles simplesmente existem e isso basta. Gostaria de ter essa sorte. Mas minha mente incrédula, irrefreável e inquieta não para. Não me deixa descansar um só minuto. Está sempre questionando a realidade, isso que chamamos de realidade. Lógica? Vejo só na matemática. O resto é dúvida e incerteza. E como dói viver num mundo tão efêmero. Onde nada dura, nada é eterno e tudo se desfaz em questão de milésimos de segundos.
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Há dias que acredito saber quem sou. Há dias que me pergunto o que diabos estou fazendo aqui. Qual a minha missão? Eu tenho missão? Ou é só meu complexo de Deus me fazendo pensar que tenho significância, que fui mandada para este mundo com um propósito. Alguém me perguntou se eu queria vir ? Quem em sã consciência gostaria de viver num mar de dúvidas. Onde um dia, as pessoas te juram amor eterno e no outro, fingem não te conhecer? Onde está o livre arbítrio? Me sinto jogada num mar de circunstâncias. Onde as ondas me levam para lá e para cá e nunca consigo alcançar as margens. Não consigo contemplar a imensidão do mar pois estou ocupada demais tentando não me afogar.
Cadê aquele que acalma o mar? Senhor, porque me abandonaste? A frase de Jesus Cristo na cruz. É a frase que todos nós cristãos fazemos quando estamos num mar de tormentas. Procuramos entender, compreender e até nos convencer de que tudo tem um propósito. Mas, qual o propósito de sofrer? Qual o propósito de um inocente sofrer? Qual o propósito de pessoas serem escravizadas por causa da cor de sua pele? Qual o propósito de pessoas morrerem por serem quem são. Quando na verdade nenhum de nós sabe quem é. Talvez o problema esteja justamente nessas pessoas, essas pessoas aterrorizantes que dizem saber quem são. Elas são capazes de tudo. Qualquer coisa. Talvez eu não queira ser quem sou. Talvez o problema seja eu, não o mundo. Porque o mundo segue, eu que estou aqui às 00:20 da madrugada me perguntando quem diabos sou eu.
Talvez, talvez, talvez... Eu quero certezas. Meu Eu tem ânsia pelas certezas. Mas, tudo que vejo é o fundo do mar, cheio de mistérios. O homem explorou mais o universo do que o fundo do mar, assim somos nós, fazemos de tudo para evoluirmos externamente, mas por dentro, estamos quebrados, estraçalhados, não conhecemos nossa essência e apenas seguimos os outros numa busca incessante pelo que os outros consideram a chave para a felicidade. Mas, depois da meia-noite, aquela vozinha surge das profundezas do inconsciente gritando aos quatro ventos: QUEM SOU EU?