1 minute read

Daniel Cardoso Alves

Daniel Cardoso Alves Belo Horizonte/MG

Um Preto doutor

Advertisement

Preto, nordestino, pobre e favelado... Sou filho de doméstica... De pai não declarado Aos olhos do opressor... Fui tachado: Sujeito sem futuro... Determinado Retirante no sudeste... Criminalizado Forasteiro invasor... Desprezado Sotaque arrastado... Ridicularizado Culturalmente inferior... Hostilizado Paraíba, baianada... Violentado Cabeça chata, preguiçoso... Discriminado Sem requinte, atrevido... Subjugado Analfabeto, ignorante... Incapacitado Palhaço, sem noção... Rotulado Superado, eliminado... Ultrapassado Bitolado, aloprado... Defasado Estigmatizado, renegado... Injustiçado Desacreditado, pormenorizado... No máximo, um sujeito esforçado Guerreado, marginalizado... Invejado Odiado, ameaçado... Atacado Multi e ado, preto, nordestino... Maltratado Multi adjetivado... Um pobre Excomungado? Não! Contrariando os olhos que petrificam, me firmei: Preto obstinado... Não adestrado

40

Avesso ao Ser paralisado... Encorajado Sangue de insubordinado... Politizado Subversor da opressão... Determinismo e Preconceito aniquilados Cultura de poder... Privilegiado Cidadão de batalha... Pelejado Ser aquilombado... Jamais alienado Prova do provável... Doutor renomado Destino transformado... Inusitado Preto, nordestino, pobre e favelado... Nunca estagnado Fazedor de minha história... Admirado Vida de luta... Proletariado Sujeito de labuta... Exaltado Em suma: sou sim Preto, nordestino, favelado, doutor e arretado!

@danielcalves_

This article is from: