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Reinaldo Fernandes
Reinaldo Fernandes Brumadinho/MG
O Preço do cafezinho
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Os preços andam pela hora da morte. É a crise! Bom, deve ser, né?
Me disseram que chá quente com limão é uma delícia. A gente pega o limão, corta em rodelas, põe o xá na chícara, ops, o chá na xícara, põe uma rodela dentro e bebe aos poucos, aos goles, degostando cada trago. Sabendo disso, fui ao supermercado. Comprei uma caixa por R$ 3,67.
Para o final de semana, deixei o chá, e decidi fazer uma macarronada: macarrão talharim: R$ 5,60; massa de tomate: R$ 4,26.
Como apareceram dois casais amigos, mais eu e minha esposa, adicionados todos os gastos, a macarronada saiu por R$ 6,20 para cada boca.
E olha que comi tudo que eu tinha direito! Tanto que assim que meus amigos se foram, espojei-me na poltrona e fiquei olhando para o teto. Na mesinha do centro, uma conta do supermercado olhava para mim. Peguei-a para dar uma olhada. Fiquei correndo os olhos: açúcar, pacote de 5 quilos, R$ 11,98; arroz, pacote de 5 quilos, R$ 16,98, feijão R$ 5,98; filet mignon, R$ 39,90.
Larguei a lista, meu pensamento saiu do supermercado, foi para a oficina mecânica.
Eu mesmo não reparara, porém um dos faroletes do meu carro estava com uma lâmpada queimada. Comprei a lâmpada em uma loja e o moço do balcão recomendou: – Passa ali na Oficina do Toninho e pede ao Fernando para trocar para você.
Assim fiz. O eletricista me atendeu prontamente.
Em poucos minutinhos ele fez a troca da lâmpada. Sou freguês da Oficina do Toninho há anos. Sabe aquele cara que, qualquer problema no carro, vai sempre à mesma oficina? Então, esse cara sou eu. Balanceamento, alinhamento, troca de
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óleo, troca da correia dentada e do virabrequim, e até problema na rebimboca da parafuseta, era tudo lá. – Né nada, não, Reinaldo!, esperei o Fernando me dizer quanto lhe perguntei quanto era o serviço, ao final de dois minutos, no máximo três.
Mas quebrei a cara, ou o para-choque, como queira o leitor. – Me dá aí alguma coisa pro cafezinho, falou Fernando, com aquela cara de santo que enganaria qualquer beata.
Abri a porta do carro, peguei uma nota de dez reais, e lhe entreguei. O cara fez uma cara de descontentamento que poucas vezes vi na vida. Por pouco não derrama lágrimas ao pegar o dinheiro na minha mão. Ao que parece, não gostou de receber apenas dez reais. Êta cafezinho caro!
Ou vai ver ele se referia a um Cappuccino da Kopenhagen. Grande.
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