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Roque Aloisio Weschenfelder

Roque Aloisio Weschenfelder Santa Rosa/RS

Meu Dinheiro Não Meu

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Eu me pago todos os dias para o governo: sou o próprio imposto, palavra imposta para suprir o poder público de recursos a fim de me prestar serviços de saúde, de educação dos filhos, netos e todos que não nascem sabendo, de segurança em casa e fora dela, de infraestrutura para o transporte sempre quando preciso e sei lá quantos serviços públicos mais.

Comprei algo e paguei pelo produto, mas também paguei o imposto embutido no preço final. Sei lá se o governo recebeu o imposto, mas o paguei. Vou ao supermercado de uma cooperativa, que sempre encaminha os impostos ao governo, uso o carro e a gasolina é altamente tributada. O notebook, em que escrevo, gerou impostos, a internet e a energia elétrica também os têm acrescidos na conta.

O que fazem com meus impostos? Vejo gente nas filas do SUS, pessoas doentes não atendidas na hora da dor. Vejo escolas precárias, professores mal pagos, estatísticas de qualificação dos alunos brasileiros com péssimos índices. Vejo assaltos, roubos, violência em geral, aliás, ouço notícias demais na rádio e assisto isso o tempo todo na televisão. Vejo estradas não asfaltadas, outras com buracos, pontes caindo, engarrafamentos gigantescos por falta de duplicação das rodovias, muito pouco investimento em transportes ferroviário, más condições de aeroportos e a inexistência dos mesmos em muitas regiões que deles necessitam.

Fico pensando: como é fácil pagar os impostos! Como é difícil o prefeito receber as verbas para manter a administração municipal, para investir em melhorias! São projetos complicados, licenças de toda ordem, só para construir uma ponte, uma nova creche ou escola,

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um hospital então, até para instalar um cemitério ele cria cabelos brancos.

Para onde vão nossos impostos? Eles são simplesmente engolidos por uma máquina burocrática gigantesca, por salários altos demais de poucos que trabalham quase nada, enquanto policiais e professores – os PPs numerosos necessários – recebem misérias e são desestimulados. Os impostos são sonegados, os impostos são desviados nos meandros burocráticos, são absorvidos pela máquina de papéis e de sistemas complexos para fiscalizar e para se prevenir contra a não prevenção. Nossos impostos são enterrados nos superfaturamentos das obras públicas –até muitas nunca chegam a ser inauguradas, virando prédios malassombrados ou elefantes brancos.

O que mais engole o dinheiro dos impostos é a ganância e a desonestidade. A isso, soma-se a impunidade, causada por uma justiça lenta, também mantida com os impostos e taxas que pagamos a cada dia, a cada compra e até dos descontos em nossas rendas advindas de salários e outras fontes de remuneração. Ah! se, por escrever esta crônica, eu receber prêmio em dinheiro, parte dele irá para os cofres do governo.

Um dia morrerei e se deixar alguma herança, na hora do inventário, boa parte vira imposto. Enterrarão meu corpo num caixão altamente tributado. Nunca saberei onde este imposto vai parar!

https://www.facebook.com/roquealoisio.weschenfelder/

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