1 minute read

Rosa Maria Soares Bugarin

Rosa Maria Soares Bugarin Brasília/DF

Sonhando Árvores

Advertisement

Árvore florida, nas cantigas de verão, que põe calores de sol e ardências de desejos, em negras noites quentes...

Árvore que se branqueia na neve do inverno, no grande adormecer da natureza... No hiato do tempo, buscando o renovar...

Árvore que canta com os amorosos, no verão das ações, das praias, das queimadas de florestas e de corpos...

Árvore sensual que se desnuda no outono e se oferece ao sol que a encandeia...

Árvore fecunda que se cobre de frutos, coloridos, tropicais, suculentos, que saciam a sede, a fome, a saudade dos sabores de outrora...

Árvore generosa que dá sombra e abrigo

173

e faz a trégua e o afago, no gelado suor do viandante...

Árvore secular que perpetua a vida e finca no solo as raízes da eternidade, no estável de ser sempre, o ponto firme, seguro porto, farol de referência, chave do abraço e da energia...

Árvore verdejante, que apazigua o olhar, que torna a alma esperançosa, no espelho glauco da natureza em flor...

Árvore sonora, onde pássaros cantadores volteiam, repousam, criam filhotes, em ninhos suspensos, na folhagem cúmplice e discreta e entoam harmonia de sons que adormecem o sofrer e fazem pensar na criação de Deus, perfeita e majestosa...

Árvore mulher, adornada de cores, rebrilhando ao luar, nas rendas que lhe põe no seu vestido verde, recamado de estrelas, suave resplendor, na certeza da vida...

Árvore poderosa, que irrompe nos espaços brancos, lançando aos céus,

174

braços longos a dançar ao vento...

Árvore... Ontem, semente pequenina, frágil, germinando a vida em silenciosa gestação, contendo a força do desabrochar, para contar a magia da vitória de florescer e cantar o crescer e viver seu destino... Destino de árvore...

Árvore de tronco sólido, rugoso, que vira berço a acalentar os sonhos... Que vira mesa a recolher risadas... Que vira cama a proteger amantes... Que vira barco a desbravar os mares... Que vira O carro que o boi conduz... Que vira fogo a afastar o frio... Que vira brasa de recomeçar... Que vira esquife em condução final... Versátil! Nobre! Altaneira! Vida pura! Transcendência! No imortal ciclo de seu destino imortal, De ser sempre inteira, em cada pedaço. De escrever estórias, nas noites dos tempos. Testemunha real, eterna, compassiva, maternal, da intensa fragilidade humana...

This article is from: