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Check-up para se exercitar!
Fazer exercícios é fundamental para uma vida mais saudável, mas fazer um check-up especializado, antes de iniciar, pode salvar a sua vida
por Emanuele Pereira • fotos Fábio Peixoto
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A atleta de alta performance, Giovana Santos Pereira, de 47 anos, começou a correr em maratonas aos 16, assim que teve a sua única filha. O treino é pesado e, no mínimo, são 20 quilômetros corridos quase todos os dias. Por não ter patrocínio nesses 30 anos, o que mantém são as faxinas que faz e o amor ao esporte. A esportista faz parte do pelotão da elite das corredoras baianas e, apesar das dificuldades financeiras, junta as economias para fazer o check-up médico a cada dois anos, além de buscar ajuda médica quando precisa de orientação ou para realizar exames complementares. “Minha saúde é ótima, dá até para dividir com quem quer”, conta a atleta aos risos. Giovana afirma que, para ter um bom rendimento, é preciso estar com a saúde em dia e a alimentação saudável e adequada para cada atleta, porém faz um alerta: “Toda pessoa que deseja praticar esporte, o certo é passar pelo médico por causa dos riscos, inclusive das doenças do coração”.
Não precisa ser esportista de alto rendimento como a Giovana para estar com a saúde em dia. Porém, antes da prática de qualquer atividade física, é preciso fazer o check-up médico. A cardiologista, Isabela Pilar, explica que o check-up esportivo tem como proposta identificar doenças cardiovasculares que sejam incompatíveis com a realização de determinados tipos de exercício. O objetivo principal da avaliação, realizada previamente no início do exercício e periodicamente com a sua manutenção, é a prevenção do desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular e a detecção precoce de doenças causadoras de morte súbita cardíaca. “Tudo começa por uma consulta especializada, onde é visto o histórico médico familiar e pessoal de problemas médicos, como desmaios, tonturas, dores no peito, falta de ar etc. No exame físico, o médico fica atento na busca de alterações, como pressão alta, anemia, alterações na ausculta pulmonar e cardíaca e alterações posturais. Em seguida, o exame que mostra se houve algum problema cardíaco ou se está tendo naquele momento é o eletrocardiograma. A depender da idade, da intensidade do exercício que se pretende praticar e da história de doença pessoal ou familiar, poderão ser solicitados Ecocardiograma, Teste Ergométrico ou Ergoespirometria (Teste Cardiopulmonar de Exercício)”, informa a cardiologista. Ela ainda alerta para a avaliação periódica com um especialista, um cardiologista do exercício que entenda as alterações que possam aparecer. “O coração muda de tamanho e forma em atletas, então o exame vem diferente. Um médico que não entenda dessas alterações pode confundí-las com doença.”
Doenças do coração
Dados do Ministério da Saúde apontam que 34 pessoas morrem por hora de doenças cardiovasculares e a pressão alta é o principal fator de risco. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, e os mais importantes fatores de risco comportamentais, tanto para doenças cardíacas quanto para AVCs, são dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco, uso nocivo do álcool e estresse emocional. Ainda de acordo com o relatório, os efeitos dos fatores comportamentais de risco podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial elevada, diabetes, colesterol alto e obesidade. Por isso a cardiologista aponta a necessidade de um programa de exercício regular que inclui treinamento cardiorrespiratório de resistência, flexibilidade e equilíbrio para melhorar e manter a aptidão física e a saúde para a maioria dos adultos.
Esportistas de final de semana
A recomendação do Colégio Americano de Medicina do Esporte é de 150 a 300 minutos de exercício aeróbico moderado ou 75 a 150 minutos se intenso por semana. Além disso o exercício de fortalecimento muscular precisa ser praticado de duas a três vezes. A cardiologista afirma que, para quem não segue essa recomendação, praticar pouca atividade física apenas no final de semana é melhor do que nada, pois já é capaz de promover algum benefício cardiovascular. “As atividades físicas intensas podem complicar quem já tem histórico prévio de doenças cardiovasculares mal ou nunca controladas. E aí o exercício vira um gatilho de problemas. Caso o esportista iniciante de exercícios tiver um acompanhamento médico com exames periódicos, o exercício não será prejudicial, mesmo se praticado apenas no final de semana.”, pontua a médica.
Superação
A palavra é bastante citada pelos atletas, pois a cada dia uma barreira é superada. E na vida de Yuri Ribeiro Menezes o esporte surgiu aos 5 anos. A superação maior foi da fobia que teve na infância após um afogamento. O que era para ser trauma transformou-se em impulso para encarar a natação e fazer com que se tornasse atleta de alto rendimento. “Meu pai com receio que eu tivesse traumas por causa do afogamento me matriculou em aulas de natação. Desenvolvi amor pelo esporte e passei a treinar pesado na adolescência. Tinha todo acompanhamento nutricional e o check-up anual era obrigatório”,explica. O nadador ficou sem competir durante onze anos por causa das dificuldades em conciliar trabalho e faculdade, mas nunca deixou de fazer musculação e corridas. Há cinco meses, Yuri participa de competições e, antes do retorno aos treinos, realizou o check-up esportivo. “Para quem deseja ser atleta até mesmo de final de semana é preciso ser cauteloso e conhecer o próprio corpo e os limites para diminuir os riscos de lesão. Também é importante saber que é preciso não ter pressa, pois o mais importante é o resultado com saúde e segurança.”