RMB #07

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// Editorial O bom nunca pode ser inimigo do melhor. Nesta edição superamos nosso próprio recorde: Agora são 80 páginas (sem contar as já tradicionais piteiras) de conteúdo altamente tendencioso sobre maconha e política de drogas. Não aliviamos nem passamos a mão na cabeça de ninguém na hora de considerar sobre a tragédia que a grande farsa chamada “guerra às drogas” submete o usuário e a sociedade em que ele está inserido. É um caso típico onde o remédio faz mais mal que a doença. Esta edição inicia nosso terceiro ano de atividade no ramo editorial impresso e junto com ela veio o pulo do gato: as sedas MACONHA Brasil tomaram de assalto as headshops e bancas por todo o Brasil promovendo o que os “marqueteiros” chamam de uma dilatação de marca. Um passo que só os mais inteligentes, capacitados (e humildes rss) conseguem dar em tão pouco tempo de estrada. A nossa linha de sedas que incialmente saiu em dois sabores (brown e branca) logo menos estará disponível no Brasil na versão “de arroz” ao mesmo tempo que, em toda a Europa e EUA chegam as sedas MACONHA exportação nas série Gold e Diamond. Estamos fazendo o nosso papel. Por aqui esperamos que curtam e se divirtam com nosso conteúdo. Foi criado com todo carinho ao lado de nomes bastante significativos na luta antiproibicionista do Brasil. Estamos na área... se derrubar foi teto preto. A gente se encontra nas marchas da maconha da vida. Abraço marofado!

FRANCESCO RIBEIRO // editor e fogueteiro FOTO: Bárbara Lopes / O Globo

EDIÇÃO E REDAÇÃO: Francesco Ribeiro DIAGRAMAÇÃO E DIREÇÃO DE ARTE: Luiz Jordão FOTOGRAFIA: Maria dos Solos JURÍDICO: 420 advogados associados. FUME CONOSCO: 21. 9640 37179 - Nextel

contato@revistamaconhabrasil.com.br

FOTO DE CAPA:

Renato Cabs @cabs_vers MODELO:

Jarrão - Squadafum @jahrros

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Kiutiano // Mister Hydro // Dep. Tec. Tropikali // Rafael Moska

// Dr. Erik Torquato // Sid Cerveja // Fernando Beserra // João Gabriel Henriques // Marco Gracie // Wally Herman // Gabriela Sá Earp // Dave Coutinho // PH Stelzer e Ganja Films // Gustavo Grossi //João Pedro Canabista // Tommy Sweets.

A MACONHA é uma publicação trimestral da RMB Publicidade e Propaganda com circulação fechada em lojas, shows e eventos do Brasil, Chile e Argentina. O conteúdo das publicidades é de responsabilidade dos anunciantes. Tiragem: 8000 unidades.


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// Índice 07 MACONHA: LER É LEGAL // Flagrantes de boa informação 08 KILLER KUSH AUTO // Sweet Seeds 15 TROPIKALI SYSTEMS! 21 TOP CROP NO BRASIL // Mr Hydro

MACONHA PELO MUNDO

As notícias que mais bombaram no site #SmokeBuddies + Moda: Hatters Gonna Hate! Recuse imitações.

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24 A VINGANÇA DO MACONHEIRO É O ESTUDO // Dicas de livros do Joãzinho 30 OS CAÇADORES DE ONDA EM AÇÃO! 32 POR DENTRO DA INDÚSTRIA DA MACONHA // Raphael Moska 36

DEPOIMENTO: A MACONHA CUROU MEU CÂNCER // João Pedro Cannabista

42 MDMA: A BALA DO AMOR E O ÓDIO DA PROIBIÇÃO // Fernando Beserra

CANTERINHO DO KIUTIANO

Pelas barbas dos camarões da Jamaica! Ele voltou com seu GUIA RÁPIDO DE AUTOS!

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45 O PODER NATURAL // Mr Hydro 48 Ó... NÃO TOSSE NÃO HEIN! A HISTÓRIA DAS SEDAS 50 O USO RELIGIOSO DA MACONHA 59 LIMPEZA DE BONGS // Squadafum 60 LANÇAMENTO: JARDIM EM CHAMAS DE GUSTAVO GROSSI 64 A IMPORTÂNCIA DOS SUBSTRATOS // Mr Hydro 67 LEGAL X ILEGAL // Smoke Shop 68 ESTREIA! GRAPHIC POT NOVEL // Ganja Filmes

O DIABO VESTE FARDA? DOSSIÊ AZUL! Demos uma dura na PM do Rio e de São Paulo! // Erik Torquato e Sid Cerveja

72 POTZILA! PINTE E GANHE COM O JACARÉ AZUL DESTRUINDO A LAPA!

NÃO FIQUE SEM A MACONHA! Assine e receba em casa a revista mais explanada do planeta! assinatura@revistamaconhabrasil.com.br

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KILLER KUSH AUTO

A KUSH MAIS DOCE Tommy G ,/ / Swe e t Se eds

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a Sweet Seeds sempre procuramos enriquecer a nossa coleção com genéticas top. Esta vez utilizámos a nossa excepcional fotodependente OG Kush que conservamos em forma de clone e que conseguimos transformar numa das mais doces, resinosas, produtivas e aromáticas autflorescentes de todos os tempos. Esta beleza foi lançada no mercado muito recentemente (em junho de 2015), mas já passou tempo suficiente para que eu a cultivasse no meu armário de 60 x 60 x 120cm com HPS de 400w. Depois de cultivar estirpes autoflorescentes durante os últimos 5 anos, posso dizer que foi entusiasmante para mim acompanhar os avanços alcançados pelo departamento de I+D da Sweet Seeds com as evoluções genéticas efetuadas na nossa coleção de autoflorescentes. Quando utilizei plantas autoflorescentes de 2ª e de 3ª geração, já era muito claro que perto de 99% das caraterísticas genéticas encontradas nas plantas eram totalmente referentes ao lado parental da estirpe fotodependente utilizada no cruzamento e que apenas cerca de 1% estavam ligadas ao parental autoflorescente: precisamente o gene que determina a caraterística que as leva a florescer independentemente do fotoperíodo. Mas, quando saltamos destes modernos híbridos autoflorescentes de 2ª e 3ª geração, para uma 4ª geração baseada num trabalho muito árduo de seleção e criação, procurando sempre encontrar as melhores linhas genéticas autoflorescentes selecionadas da geração anterior para hibridar com os nossos clones de elite, então é nesse momento que sabemos sem qualquer margem para dúvida que estamos a germinar as sementes do sucesso. Como estirpe autoflorescente de 4ª geração, a nossa KILLER KUSH AUTO (variedade Sweet Seeds SWS56) não me poderia surpreender mais que o esperado. Ou poderia? Desta vez decidi utilizar quatro plantas, cada uma delas num vaso de 18 litros com substrato Allmix da BioBizz. Como se sabe, este tipo de substrato é mais indicado para a fase de floração. Então, para o tornar

mais leve e menos forte eu encho os vasos com Allmix apenas até um certo ponto e daí para cima, quase até à borda do vaso, encho com uma camada de 8cm de Allmix misturado com 15% de perlita e 15% de vermiculita. Isto permite reduzir a quantidade de nutrientes presentes na camada de solo do qual as plantas se vão alimentar nas primeiras semanas. As minhas quatro sementes de KILLER KUSH AUTO germinaram entre a 24ª e as 48ª hora após as ter colocado num papel umedecido. Em seguida foram colocadas cuidadosamente no solo, cerca de 1cm abaixo da superfície e depois tapadas com terra. 24 horas depois elas alcançaram a superfície e se desprenderam de suas suas cascas para mostras seus cotilédones. A partir desse momento mostraram um impressionante vigor híbrido e uma coloração foliar verde escura que em certo ponto parecia ameaçar se tornar num sinal de overfert (por causa do substrato rico em nutrientes). Mas elas lidaram com isso como verdadeiras campeãs e pouco tempo depois já tinham um tamanho e estrutura radicular suficientemente desenvolvida para lidar com todos os nutrientes presentes no solo sem mostrar qualquer problema. Por volta do dia 20 as plantas alcançaram o seu quarto conjunto de ramos e estavam com cerca de 25cm de altura. Neste ponto continuei a dar apenas água e nenhum fertilizante liquido. Elas continuavam a conseguir encontrar tudo o que necessitavam no solo. Por volta do dia 25 todas as plantas começaram a mostrar pistilos que cerca de 5 dias depois passaram a acumular em grupos formando aquilo a que chamamos o início das formações florais. Neste ponto, entre o dia 30 e o dia 35, comecei a utilizar Topmax também da BioBizz. Mesmo quando o solo é rico em nutrientes, utilizar um estimulador de floração é sempre uma boa ideia porque dificilmente contribui para eventuais sobre fertilizações, ainda que seja aconselhável manter a dose abaixo dos números mostrados na garrafa. No dia 38 após a germinação, utilizei a primeira dose de fertilizante de floração. Foi o BioBloom mas


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10 apenas metade da dose recomendada pela BioBizz, simplesmente porque senti que o substrato ainda tinha alguns nutrientes mas também porque sabia que faltavam apenas cerca de 20 dias para a colheita. As plantas continuaram a crescer até ao dia 42, dobrando o tamanho que apresentavam no inicio da floração. Elas normalmente crescem um pouco mais mas como eu tinha espaço vertical limitado neste armário, fiz os possíveis por manter a lâmpada HPS o mais próximo possível das plantas. Isto faz com que as plantas se enfoquem mais no desenvolvimento das suas ramas laterais que em esticar o bud central em busca de mais luz. Quando elas recebem toda a luz que desejam, elas não se esticam tanto e assim as energias podem ser dispendidas noutras partes da planta. A Killer Kush Auto desenvolve ramas fortes que são capazes de sustentar as flores pesadas produzidas por esta autoflorescente deliciosa da coleção genética da Sweet Seeds. No dia 45 após a germinação elas receberam a sua segunda e última dose de fertilizante de floração. No entanto não quero induzir ninguém em erro, porque cada cultivo tem as suas próprias particularidades e mesmo que você utilize os mesmos produtos citados por mim, as suas plantas podem se comportar de maneira diferente. Por isso, se você observar que as folhas começam a amarelar antes do momento que eu mencionei, então você deve dar a elas fertilização liquida antes do momento em que eu dei. E talvez você também precise de fertilizar mais de 2 vezes durante todo o ciclo de vida das plantas. Mas, para mim, com um substrato rico em nutrientes, fertilizar 2 vezes foi suficiente. Neste momento as flores de Killer Kush Auto estavam totalmente formadas em buds muito compactos, com um calibre impressionante e cores muito belas. Esta linha produz flores grandes e aromáticas, totalmente cobertas por uma grossa camada de tricomas. Os aromas fabulosos já estavam presentes e é possível sentir no ar todo o seu esplendor ao esfregar os nossos dedos nas flores para quebrar alguns tricomas e soltar os terpenos. O aroma é doce, cítrico e ácido, com tonalidades exóticas que fazem lembrar aromas da família Chem Dawg – Diesel. Com 54 dias desde a germinação os primeiros tricomas âmbar começam a aparecer. Era possível fazer a colheita já nesse dia, mas pessoalmente prefiro colher um pouco depois do tempo ideal para conseguir um efeito mais relaxante. Então colhi elas com 58 dias e cerca de 15% dos tricomas mostrando coloração âmbar, 75% leitosos e 10% ainda transparentes mas com tonalidades douradas. O efeito de Killer Kush Auto é muito forte e terapêutico, permitindo uma sensação de relaxamento mental. Pode ser sentido em nível corporal imediatamente após a fumada ou da vaporização das suas flores resinosas. Quando se cultiva numa área tão pequena, é mais adequado avaliar a produção final com base em gramas

DIFERENTEMENTE DAS SEMENTES AUTOMÁTICAS (VIDE PÁGINA X) AS FOTODEPENDENTES SÃO AQUELAS QUE TEM SEU FLORESCIMENTO DETERMINADO PELO REGIME DE HORASxLUZxDIA por metro quadrado. Estas 4 plantas foram cultivas numa área com apenas 0,36m2 e produziram 214gr, o que equivale a um total de 594gr por metro quadrado. Mas na minha opinião o que mais impressiona nesta variedade são os fantásticos aromas libertados por todas as plantas, tão agradavelmente doces e especiais. Possivelmente a melhor autoflorescente no mercado, com os padrões de qualidade da Sweet Seeds, numa versão autoflorescente de 4ª geração.



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HIGHLIGHTS NAS NOTÍCAS SOBRE

Por Dave Cout i nho #SMOKEBUDD I ES

[ Ciência e Saúde ]

Fumar maconha ajuda no tratamento de dependentes de heroína, diz estudo

Em mais uma prova que a maconha é, na realidade, a porta de saída para outras drogas, a Universidade de Columbia (EUA) mostra que o uso do THC ajuda na recuperação de dependentes químicos. Aspectos como ansiedade, sono e propensão a concluir o tratamento receberam esta mãozinha da erva.

[ Curiosidades ]

Família recebe 3kg de maconha por engano após mudança

Já imaginou mudar de casa e ao invés de receber as boas vindas dos vizinhos, que no bom estilo americano seria com as deliciosas ‘apple pie’, sua família recebesse 3 kilos de maconha? É, foi bem isso que aconteceu com os novos moradores de uma casa em Arlington, no Texas.

[ Tecnologia ]

Já imaginou ter uma pausa para a maconha em seu trabalho?

Grandes empresas do Colorado já apostam no uso da maconha durante reuniões e ao fim de seus expedientes para impulsionar criatividade, união e diminuir o estresse de seus funcionários. Ao que parece, a iniciativa dá muito certo – mesmo em companhias que se recusam a admitir que seus funcionários fumam a erva durante o trabalho.

[ Ciência e Saúde ]

Seria a maconha um substituto natural do viagra? De acordo com terapeuta sexual, inserir a erva antes das atividades sexuais dá BEM certo!


13 [ Economia ]

Primeiro shopping center da maconha será inaugurado no Colorado

Um grupo de investidores escolheu Trinidad (Colorado) como o local para seu sonho verde: o primeiro mini shopping center da maconha de todo o mundo. Sean Sheridan e Chris Elkins dizem que as leis e o turismo locais transformam a cidade no local perfeito para o novo investimento.

[ Mundo ]

Igreja Católica do México se diz a favor da maconha medicinal

O arcebispo da Igreja Católica no México, Cardeal Norberto Ribera, diz em entrevista coletiva que a instituição sempre recomendou elementos da natureza sirvam para ajudar a saúde dos cidadãos. Cardeal também assume que usou muito o chamado “álcool de maconha” para tratar dores e cansaço. [ Ciência e Saúde]

Quantas pessoas morreram por overdose de maconha após a legalização nos EUA? A taxa de mortalidade pelo o consumo da maconha, até que se atinja o ponto de uma overdose, permanece estável no país. Ou seja, ZERO casos foram registrados de acordo com dados divulgados este mês pelo Centro de Controle de Doenças, nos EUA.

[ Tecnologia ]

Mais da metade dos brasileiros apoiam o uso medicinal da maconha Seis em cada dez brasileiros aprovam totalmente ou com ressalvas o uso medicinal e científico do THC (TetraHidroCannabinol), princípio ativo da maconha. É o que revela pesquisa da consultoria Hello Research realizada com 1,2 mil pessoas em outubro

NOTÍCIAS DIÁRIAS SOBRE MACONHA www.smokebuddies.com.br



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TROPIKALI SYSTEMS

“Nem melhor nem pior. Apenas diferente…”

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stive vivendo em Barcelona por 6 anos e pude conhecer alguns cultivos profissionais e amadores destinados a suprir necessidades pessoais ou comerciais, as associações Canábicas. Neste período, pude constatar que um cultivo adequado é aquele que atende as expectativas, necessidades e possibilidades do cultivador que o realiza. Um cultivo profissional que visa alta produção demandara altos investimentos, muitíssimo trabalho, conhecimento e o controle constante e diário das variáveis envolvidas no processo (pH, Ec, CO2, temperatura e umidade) para que não ocorram erros fatais às plantas. Por outro lado, um cultivo amador que busca o auto sustento e a qualidade acima de tudo, deveria ser simples, fácil e produzir o suficiente em pouca área, isto é claro, sem que o cultivador tenha que perder horas todos os dias, para manter as suas plantas saudáveis. Afinal ele deve trabalhar, viajar e passar dias sem cuidar de suas plantas. Porem, isto não acontece em muitos casos. Tenho observado cultivos em pequenas áreas que eram destinados a duas ou três pessoas de uma residência, que davam mais trabalho que alguns cultivos profissionais que tive o prazer de conhecer. Nestes anos que vivi na Espanha, conheci um grupo de brasileiros residentes em Barcelona que realizam um cultivo legalizado e coletivo já faz 12 anos, destinado a suprir as necessidades de seus cinco organizadores. Este cultivo gera de 750-850 gramas a cada

três meses de uma erva de qualidade muito superior, com características organolépticas (gosto e potência) incríveis em um espaço de 2,5 m² e com um consumo total de 2000 Watts por mês. Isto incluindo luzes, ventilação e controle de humidade. Esta produção, em termos gerais, pode ser considerada pouca, mas supria com folga as necessidades dos sócios. Apesar de ter acompanhado alguns cultivos nestes anos, mais produtivos, que chegavam a quase 1g/ Watt, quando se analisa o maior trabalho envolvido e a qualidade organoléptica na grande maioria das vezes, inferior da colheita, entendi porque eles não adotavam as praticas tradicionais de cultivo que teoricamente “renderiam” mais. Como eu sou “Sibarita”, um “Tikismikis” como dizem eles, e quando posso eu me preocupo com a procedência e qualidade do que eu consumo, ou seja, prefiro consumir alimentos mais saborosos e orgânicos, ainda que custem um pouco mais. Intrigado com o êxito deste grupo estive acompanhando e aprendendo como eles desenvolvem o cultivo. O cultivo realizado na praia, era visitado a cada dois dias quando eram realizados os trabalhos de poda, colheita, clonagem e regas, assim como, o ajuste da altura das luminárias, coisa importante de se fazer já que plantavam exclusivamente com lâmpadas fluorescentes de alto desempenho e substratos orgânicos que eram regados com água de chuva e alguns aditivos e abonos orgânicos de uma marca reconhecida no setor.


16 Achei incrível que realmente eles não tinham todo o trabalho e nem usavam tantos fertilizantes como em outros cultivos que visitei. Ainda assim, tinham plantas fortes, compactas e bem verdes, nada queimadas.

Aprendi que substratos orgânicos e adubos orgânicos são mais fáceis de controlar e que, se usados em doses realmente mínimas durante as regas, produzem ótimos resultados. Outra diferença é

que não tinham nenhum aparato de ar condicionado e mesmo assim plantavam no verão sem problemas com altas temperaturas, somente utilizavam extratores e ventiladores oscilantes, gerando uma grande economia de energia. Perguntei a eles se não mediam e o Ec e o pH da rega, mas me disseram que usavam água da chuva e pouco ou nada de fertilizantes e por isso não tinham problema com as flutuações desses fatores, já que o substrato a base de húmus de minhoca é um ótimo estabilizador de pH e não acumula muitos sais , transformando a rega e alimentação das plantas em uma tarefa simples e fácil. Em minha ultima visita a este coletivo no ano passado, pude tirar fotos dos projetos em andamento e de cortesia, me regalaram umas fotos de segmentos com automática se com plantas normais. Fomos surpreendidos novamente! Como melhoraram as autos! Nestes últimos 12 anos visitei e participei de vários cultivos e, apesar das preferências pessoais,

nenhuma vez encontrei estilos de cultivo melhores ou piores, somente cultivos adequados ou não, as possibilidades, expectativas, tempo, investimento e espaço de quem os realizavam. Nem sempre

se necessita de um Formula1 para ir à padaria e não se aprende a voar em aviões a jato. Avaliar as suas intenções e possibi-

lidades deve ser o primeiro passo, cada sistema tem as suas vantagens e desvantagens, como pude constatar neste cultivo nada profissional, mas que gera quantidade e qualidade de acordos com as expectativas e possibilidades de seus cultivadores. Seis anos atrás ao retornar para o Brasil, criamos a Tropikali Systems baseados nesta experiência simples e eficaz de cultivo amador. Passamos a pesquisar, desenvolver e produzir no Brasil, toda uma linha especializada de iluminação de alto desempenho a base de fluorescentes e de substratos orgânicos avançados a base de húmus de minhoca, que foram e são testados com sucesso por muitos anos. Desenvolvemos também as unidades modulares de cultivo e planos de utilização de todos os nossos produtos, de modo a tornar realmente prazerosa e leve a tarefa de produzir com sucesso e sem falhas, seus mais apreciados vegetais aromáticos. Venha conhecer mais nossa proposta no site tropikali.com.br ou através de nossos revendedores, estamos dispostos a te explicar e atender no que for necessário para simplificar e realizar seu jardim interior.


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AGORA SE LIGA NESSE PROMO ESPECIAL PARA O LEITOR DA RMB: Apareça com o número #07 da Revista MACONHA Brasil em um dos nossos revendedores e receba amostra grátis de nossos substratos. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CULTIVOS COM LÂMPADAS FLUORESCENTES

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Existem lâmpadas fluorescentes de alto desempenho e cores adequadas para se cultivar, estas têm ótimos espectros de cor com um alto índice de aproveitamento pela planta (luz PAR) e chegam a produzir de 65 a 100 lúmens por Watt utilizado. Não é qualquer lâmpada fluorescente que gerará boas colheitas.

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Cada metro quadrado plantado em plena floração demandará uns 60.000 lumens para que se tenham bons resultados. Em crescimento bastam uns 40.000 lumens. Serão necessários, portanto de 600 a 900 watts por metro quadrado de cultivo.

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Cultive plantas sujeitas por redes ou podadas para que não ultrapassem 100cm de altura, as flúor geram plantas compactas e robustas. Sua melhor ação ocorre nos primeiros 40 cm abaixo das lâmpadas, onde ocorre o milagre da multiplicação dos lúmens.

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Elas geram calor suficiente para aquecer de modo benéfico o cultivo, mas sem queimar

as plantas. As lâmpadas devem estar de 5 a 10 cm distantes dos topos das plantas, de modo que os lúmens a esta distância serão muito maiores que os descritos pelos fabricantes. Os lúmens se perdem em grande quantidade à medida em que se afasta da fonte luminosa.

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Plantas maiores necessitam de apoio luminoso nas laterais, assim produzirão bem nos níveis inferiores. Fluorescentes são perfeitas para completar os espectros das lâmpadas de sódio e iluminar, sem quase gerar calor, as laterais do cultivo.

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As flúor são super seguras, não ressecam seu cultivo, duram de 8.000 a 20.000 horas, não explodem em contato com as mãos ou respingos quando ligadas, resistem a muita oscilação energética, liga-desliga constantes e quedas e retornos energéticos, sem queimar. (coisa normal no Brasil). A produção é de ótima qualidade devido à baixa oscilação de temperatura noite/dia, e o amplo espectro de cores que ativam os fitocromos responsáveis por diversos processos metabólicos.





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TOP CROP AS CHAVES DO SUCESSO MR .HYDRO

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mercado espanhol é um dos mais exigentes no ramo dos fertilizantes para cultivo na atualidade e é nele que há cinco anos a Top Crop vem estabelecendo sua trajetória como um dos top 10 nesse segmento. Os fertilizantes Top Crop são mais concentrados que a maioria dos encontrados no mercado o que dá um bom “respiro” ao bolso do cultivador, já que a durabilidade destes é superior à maioria das outras marcas. Neste momento a Top Crop atravessa um momento de expansão e seus produtos estão tendo muito sucesso na América latina e em alguns países da Europa como França e Itália. Na América do Sul estão liderando o setor em países como Chile e Argentina e um dos motivos da sua aceitação é a efetividade no cultivo outdoor, mas também os grandes resultados no indoor. Até pouco tempo o setor Grow de fertilizantes estava encabeçado por produtos importados de países como Holanda ou Canadá com linhas de fertilizantes focadas exclusivamente ao cultivo indoor devido à climatologia desses países. Isto é algo que os fabricantes espanhóis não têm ignorado e por isto seus fertilizantes têm sido fabricados e testados tanto em cultivos indoor como outdoor para garantir os melhores resultados nas duas situações. São varias as razões que explicam a grande aceitação que tem estes fertilizantes desde seu lançamento, este sucesso pode ser resumido nos seguintes pontos:

CONCENTRAÇÃO E PREÇO

Os fertilizantes Top Crop tem como característica uma elevada concentração que garante a efetividade e qualidade, porém, permitem poupar no frete já que não precisaremos tanto volume de produto para nosso cultivo e isso num pais continental como o Brasil é uma grande vantagem. O Top Veg (base de crescimento), Top Bloom (base de floração) e Top Candy (potenciador) contem na sua formulação uma relação de macronutrientes essenciais quatro vezes superior às principais marcas do mercado.

PRONTOS PARA AGRICULTURA ECOLÓGICA

Os fertilizantes Top Crop estão registrados e regulados pelo Sohiscert, um órgão espanhol independente de controle e certificação agro alimentaria ecológica e outras normativas de qualidade. Isto garante que os

produtos estão formulados com matérias-primas orgânicas da mais alta qualidade que, por sua vez respeitam o meio ambiente. Na gama de elementos presentes nos fertilizantes Top Crop constam os “indutores de floração” aptos para a agricultura ecológica já que a maioria de seus produtos são 100% orgânicos. As bases de crescimento e floração são adubos organo-minerais necessários para fortalecer o crescimento e aumentar, durante a floração o tamanho das flores e frutos.

FRESCOR

A Top Crop, diferentemente de outras marcas não conta com um grande estoque nos seus galpões na matriz de Valência (Espanha) porque fabrica seus produtos segundo pedido do distribuidor o que garante que estes são fabricados na hora, ou seja, os fertilizantes da Top Crop são elaborados em pequenos lotes, evitando um armazenamento massivo por longo tempo o que altera o resultado final do fertilizante. Isto é um dos pontos que diferencia a Top Crop doutras marcas “Produto fresco e de qualidade”.

SIMPLES DE USAR

Tal como nós explicam alguns clientes da marca, outra das chaves do crescimento destes fertilizantes é o desenvolvimento de uma gama reduzida e acessível para o cultivador. Estes produtos tem uma disponibilidade ótima de todos os nutrientes em cada fase do plantio, maximizando o resultado mediante um uso simples da tabela de adubação. Ainda assim a marca adverte aos cultivadores principiantes que tenham cuidado com uma possível “overfert” já que como dissemos, estes fertilizantes são muito concentrados. Nossa recomendação é abrir o pensamento às novas marcas e tecnologias que o mercado Grow hoje em dia esta nos apresentando e não ficar preso ao passado. Muita coisa nova esta por acontecer, por isto, teste produtos novos com certeza não vai se arrepender. Grande abraço e boa colheita.



CANT E R I NHO DO K I UT I ANO 2

CULTIVO DE AUTOFLORESCENTES

BOTA FORÇA NAS PLANTINHAS!

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Não se deve realizar or muitas razões plantas autofloPor essas características estransplantes! O rescentes (ou automáticas) ganhapeciais essas plantas necessitam ciclo de crescimento ram muitos fãs nos últimos anos. de cuidados diferentes das outras das autoflorescentes As autoflorescentes são fáceis de variedades. Para explorar melhor as é extremamente curto cultivar, rápidas e são excelentes para qualidades de plantas autoflorese um transplante só cultivadores inexperientes. Por outro centes é recomendável cultivá-las servirá para causar lado, requerem algumas condições e dentro de casa (indoor) com luz arum atraso substancial, cuidados diferentes das não autoflorestificial. No seu interior, com o uso de causando uma produção centes (ou fotodependentes). 20 horas de luz/dia, o metabolismo insuficiente de flores A germinação de autoflorescenda planta recebe o dobro da potêntes é semelhante a qualquer outra cia. Ao ar livre, com fotoperíodo alto As autoflorescentes variedade. Toda a vida de plantas funciona bem e, se for possível comnão devem sofrer autoflorescentes está entre 75 e 110 plementar o tempo de iluminação, podas pois não terão dias dependendo da variedade e conserá melhor pois o ciclo de vida destempo para se recupedições de crescimento escolhidas. tas plantas é sempre o mesmo (com rar, diminuindo assim Para colhê-las segue-se o padrão ligeiras variações de uma cultura a produção. Com um habitual. O fim do pré-florescimento para outra, ou em diferentes conperíodo vegetativo tão (quando começam a aparecer as pridições, é claro). Se plantada muito curto elas não têm tempo meiras flores) demora cerca de 15 a cedo ou até mesmo em um tempo para recuperar os ramos 18 dias e daí levará cerca de dois mefrio, a planta cresce menos pois se perdidos na poda ses até que estejam em sua maturadesenvolve apenas durante o períoção ideal. É melhor verificar os tricodo vegetativo que dura entre 15 e 18 Além disso, mas para definir o melhor momento dias. Portanto com clima bom temos autoflorescentes não da colheita. A sua altura pode variar mudas de tamanho mais adequado a podem ser clonadas! de entre 45 a 120 centímetros. uma produção maior. PosteriormenO fotoperíodo de 20/04 é muito te vem o pré florescimento, período importante. Para um bom resultado a planta deve em que a planta estica (estiola) para gerar ramos para receber (20h luz X4 horas de escuridão por dia) du- abrigar seus botões (camarões ou buds). rante todo ciclo de vida da planta. Isso não quer diCom alguns exemplares de automáticas ocorre tamzer que 18h de luz por dia não vai bem, mas 20 horas bém o pré florescimento com o frio e as mudas resultande luz por dia acelera o metabolismo de maturação e tes serão muito pequenas com apenas 20 centímetros. leva ao mesmo tempo a uma maior produção. O que Na realidade, existem algumas diferenças específinão é adequado é utilizar abaixo de 12 horas de luz/ cas entre as “autos” e “não autos”. De resto, as caracdia no florescimento, pois seu metabolismo desace- terísticas, que não têm nada a ver com o ciclo, são as lera e diminui o ritmo da produção. mesmas das outras plantas de canábis. Tal como aconMIDIA: Você pode usar o substrato habitual. tece com outras variantes, as autoflorescentes, tendo Quanto melhor for o solo melhor para a planta! A os cuidados e o carinho, responderão muito bem! partir de seis litros de solo, as plantas terão espaço Valeu maconheirada. Até a próxima edição da MACOsuficiente para se desenvolver bem. NHA Brasil!

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PARA AMPLIAR A BIBLIOTECA CANÁBICA Por João Gabr i e l Henr i ques

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o enfrentamento a guerra às drogas nossa arma é a informação. Uma munição de bons livros pode ser capaz de derrubar preconceitos, mitos e fazer gaguejar qualquer proibicionista leitor da Veja. Nesta edição, a revista Maconha Brasil apresenta novas dicas literárias para ativar ainda mais os neurônios.

A primeira é do livro “O FIM DA GUERRA”, do jornalista Denis Russo Burgierman, que viajou pelo mundo para conhecer experiências de descriminalização e legalização. Nessa trip de deixar qualquer maconheiro com inveja ela passou pela Holanda, Espanha, Portugal, Marrocos e Califórnia. Conversou com usuários recreativos e medicinais, ativistas da causa canábica, pesquisadores e políticos. São 288 páginas de uma larica informativa de alto nível.

A segunda dica é uma arma perfeita para derrubar os mitos mais famosos sobre o uso da erva. “MACONHA: MITOS E FATOS”, de Lynn Zimmer e John P. Morgan, apresenta os mitos que sustentam a proibição desqualificados por uma ampla literatura científica. É informação para deixar envergonhado o careta que ainda argumenta com pérolas como “a maconha é porta de entrada para outras drogas”, destrói neurônios” ou “estimula a prática de crimes”.


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O verão de 1987/88, conhecido como Verão da Lata, faz parte do imaginário do maconheiro que viveu esta época e de quem nem sonhava em nascer. A história de como o navio Solana Star despejou no litoral brasileiro 22 toneladas de maconha (distribuídas em 15 mil latas) é contada no livro “VERÃO DA LATA”, do jornalista Wilson Aquino. Nas praias do Sudeste é fácil encontrar algum marofeiro de meia-idade com uma boa história de como resgatou pelo menos uma lata com uma erva que dizem ser de “qualidade rara”, que não sobrou um fino para ser guardado no museu.

JOÃO HENRIQUES é jornalista, colaborador do blog Hempadão e militante da Marcha da Maconha Rio de janeiro desde 2009.

FOTO: NATASHA MONTIER


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D O S S I Ê

A Z U L

O DIABO VESTE FARDA?

A partir desta edição o nosso Dossiê Azul. Vamos entender porque cada vez mais pessoas pedem o #FIMDAPM com as considerações de ativistas e especialistas de diversos segmentos de todo o movimento antiproibicionista do Brasil. Porque o nosso dossiê é azul, mas existe farda cinza, farda preta, farda marrom...Se prepara pro enquadro!

ERIK TORQUATO

RIO DE JANEIRO

DR. ERIK TORQUATO é

dvogado criminalista. Consultor da Marcha da Maconha RJ e Assessor Parlamentar do Dep. Estadual Carlos Minc. E-mail: eriktorquato. adv@gmail.com Facebook: Torquato Advogados. Tel: 2197234-1865

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ierarquia e disciplina. Esses são os dois princípios norteadores da Polícia Militar, mas fica a pergunta, o que isso representa para nós, civis? Para responder essa pergunta é preciso retornar às origens dessa instituição. E no Brasil remonta ao século XIX com a chegada da família real. D João e sua corte criaram a guarda real, com a finalidade de proteção da ordem e da nobreza. Mas foi na primeira república que essa guarda tornou-se uma espécie de garantidora do povo, com função de protetora dos mais vulneráveis, e não por acaso em seu escudo esses vulneráveis estavam representados, no RJ por exemplo, o símbolo estampa a cana e o café, além é claro da coroa real. E desde então estava estampada sua função, a proteção da propriedade privada e dos meios de produção de bens e capitais, além é claro, da chamada ordem pública, que nada mais é que a vontade daqueles que detém o poder. E o regime militar, o que afinal tem que ver com tudo isso? Ora, basta lembrar que o regime que legitimara a criação de reis e súditos era o tal absolutismo, aquele ensinado nas aulas de história no secundário. Assim, é importante ter em mente que a guarda criada por tal


27 regime deveria atender às exigências de quem não gostava de ser questionado. Onde a obediência cega deveria ser a regra. Eis a grande e herança deixada até os dias atuais, uma guarda militar nos moldes de uma guarda real, que obedece sem questionar e que é ensinada a obedecer sem pensar. Mas os anos se passaram, e da república velha até os dias atuais a mais recente evidência de poder totalitário está no episódio histórico conhecido como ditadura militar. Que coincidência! Olha o tal militarismo aí. Não por acaso protagonistas de uma absurda manifestação de poder pautado no medo e na opressão. Típico do modo de pensar hierárquico. Onde o soberano manda e os súditos obedecem. Torturas, sequestros de bens e pessoas, direitos de reunião, liberdade de expressão diminuída, eram algumas das formas de controle utilizadas pelos militares para conter em suas mãos a chamada ordem pública. Mesmo hoje aqueles que desejam ser militares ainda são vítimas dessas práticas de controle. O militar é treinado para combater o inimigo, e para tanto deve estar preparado para sofrer e suportar o sofrimento, algo que aos jovens pode parecer bem sedutor. Ele não pode falar o que pensa, não pode se vestir ou ter o comportamento que desejar, seus cabelos devem obedecer a padrões, se barbear, estar com roupas alinhadas e botas engraxadas são requisitos para não serem punidos. Há quem goste! Contudo, quando estamos falando de segurança nacional pode até parecer necessário que tenhamos soldados ao estilo Rambo, bem preparados para defender a nação. Mas não é desses militares que estamos falando, mas sim daqueles que encontramos nas ruas, nas blitz, nas esquinas, esses que reprimem passeatas de estudantes, que batem em professores, que humilham usuários, e que tiram selfies em protesto de coxinha na paulista. A missão desses militares está bem definida na constituição da república, mas que apesar de prevista na constituição entendo ser totalmente desalinhada com os princípios constitucionais. Está lá no artigo 144 parágrafo 5°, o seu papel de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública, olha aí a tal “vontade dos poderosos” presente. E aí que começa a crítica ao regime militar das polícias, pois como vimos até agora, tal regime privilegia o poder hierárquico, o totalitarismo, a falta de diálogo, o que de longe passa de uma noção mínima de democracia. Como falamos, o princípio da PM é hierarquia e disciplina, ora, como explicar para um soldado que ele diante de um cidadão é um servidor? Afinal o cidadão não tem patente. Como dizer para um soldado que um cidadão pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, se ele, soldado, aprendeu que só pode fazer o que a lei permite? Sacou a sutileza da diferença?... É que disciplina para eles é fazer só o que a lei manda, e para nós, podemos tudo! Desde que não seja proibido. Basta lembrar da barba, ele não pode nós podemos. Para ele a lei manda se barbear para nós ela não proíbe ter

barba. Ele é acostumado a obedecer sem questionar, nós podemos e devemos questionar, aliás faz parte da cidadania o direito de questionar. Mas como exercer a tal cidadania diante de um policial acostumado e doutrinado à obedecer? Tudo fica sem sentido, somos obrigados a respeitar ordens de quem acreditar ser superior e ter autoridade sobre o povo, quando na verdade são funcionários públicos cuja função é obedecer e não mandar. Jogando fora tudo que sabemos sobre democracia, basta analisar o cotidiano, o tal servir e proteger, lema da Polícia, fica claro, servir a quem. E proteger de que? Ora, quem tem poder é servido, afinal a hierarquia é a característica do regime, proteger é a missão, o que desde o início estava ameaçado, desde a guarda real? Claro que o próprio poder, logo, a PM obedece os poderosos e protege a manutenção do poder, essa é sua missão genuína. Por isso ela é militar, por isso ela é hierarquizada, por isso o soldado não pode pensar ou ter idéias. E com isso, séculos se passaram e nada mudou, é o povo servindo de servos da polícia, que é formada por pessoas do povo, servindo de chicote para aqueles que ameaçam as estruturas de poder. Que ameaçam a tal ordem pública. Que de pública nada tem, mas obedece ao mais vil dos interesses privados. Privativos dos poderosos. Detentores dos meios de produção de bens

E desde então estava estampada sua função, a proteção da propriedade privada e dos meios de produção de bens e capitais, além é claro, da chamada ordem pública, que nada mais é que a vontade daqueles que detém o poder e valores. Pedir o fim da Polícia Militar é luta pelo fim do resquícios do absolutismo, do regime ditatorial, da opressão do povo pelos nobres e dos poderosos. Mas sobretudo, lutar pela liberdade de milhares de trabalhadores que são retirados da sociedade para engrossar as fileiras dos capitães do mato da sociedade atual. O policial é sempre um negro, pobre, morador de comunidade, que deseja apenas um emprego, ser visto como trabalhador e honesto, mas é obrigado a se submeter às ordens dos poderosos, que obedecem aos latifundiários, banqueiros e políticos que estão no poder. Saber quem são nossos verdadeiros inimigos é fundamental para fazer um bom combate.


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Não basta desmilitarizar é preciso começar do zero a construção de uma nova instituição que tenha os vícios oligárquicos que a PM tem. Não basta desmilitarizar, mas isso já seria um começo.


29 SID ROBERTO NOBRE JR (SID CERVEJA) Fundador da ASMA – Associação Secreta dos Maconheiros Assumidos.

SID CERVEJA

SÃO PAULO

Q

ue a polícia Militar de São Paulo é externamente violenta e mata mais gente que conflitos e guerras mundo afora não é novidade pra ninguém; a PM espancando manifestantes, seja da Marcha da Maconha, dos movimentos de moradia, do MPL ou de qualquer um grupo que se levante contra o status quo também não é novidade nenhuma, também não é novidade os movimentos populares acusarem a PM paulista de fascista. Agora algo que talvez você não saiba é que a PM de São Paulo tem um brasão – não é aquele símbolo que estampa as viaturas e fardas – que além de feio, mal desenhado e escroto – representa em sua simbologia o que a PM paulista é hoje e desde sempre foi, uma gigantesca organização antipopular responsável por assassinar, destruir sonhos, defender os poderosos e massacrar os levantes populares pelo continente sulamericano. Entenda, o dito brasão da corporação consiste em um escudo português perfilado em ouro, tendo uma bordadura vermelha carregada de dezoito estrelas de cinco pontas em prata representando os grandes marcos históricos da corporação, essa é a descrição que a própria PM dá, vamos adiante destrinchando o que isso representa, as tais estrelas de prata representa, cada uma, um grande motivo de orgulho para os coxinhas, alguns deles: 10ª estrela: repressão à greve operária de 1917; 5ª estrela: Guerra do Paraguai; 8ª estrela: Massacre de Canudos; 16º estrela: repressão à intentona comunista; 9ª estrela: repressão à revolta da chibata; 18ª estrela: Golpe militar de 1964; 1ª estrela: Criação da milícia bandeirante. Pode parecer estranho a principio haver repressões e massacres ocorridos fora do estado de São Paulo ou mesmo fora do Brasil, mas isso se justifica pelo fato das tropas paulistas terem sido enviadas para estes locais para dar cabo aos massacres e repressões, caso da Revolta da Chibata no Rio de Janeiro ou do Massacre de Canudos no nordeste. É simbólico que a PM se orgulhe de ter combatido a greve operária de 1917, é fato verificável em qualquer livro de história que a ação violenta da polícia deu gás ao movimento jogando uma tocha acesa em uma barril de pólvora que era Sampa nos primórdios de sua industrialização, o estopim da greve foi o assassinato de uma liderança operária pelas tropas estaduais, os trabalhadores lutavam contra a exploração de mão de obra infantil, contra os baixíssimos salários e extensas jornadas de

trabalho que facilmente extrapolavam doze horas diárias, é simbólico e representativo que a PM paulista se orgulhe do assassinato de Conselheiro e da destruição de Canudos, prova cabal de que o racismo e o ódio étnico estão na gênese e na essência da corporação, pra completar, o Golpe Militar de 1964 que mergulhou o Brasil em duas décadas de uma sangrenta ditadura militar colocando os recursos nacionais à serviço de uma minoria nacional e de empresas e governos estrangeiros, esta estrela foi incluída por decreto do então governador Paulo Maluf e recebida com festa pela corporação. Quando ver cenas grotescas de PMs armados até os dentes espancando estudantes que estão lutando por melhorias ou contra o fechamento de escolas, professores em greve; mulheres, homens e crianças lutando pelo direito fundamental de moradia ou manifestantes da Marcha da Maconha lutando contra os absurdos da guerra às drogas, não se engane, isso não é fato isolado ou um surto de um pequeno grupo, mas sim a corporação militar paulista agindo no que sabe fazer melhor, assassinado sonhos, quer seja reprimindo a resistência popular, assassinado jovens na periferia seja de farda seja de touca ninja. Não basta desmilitarizar é preciso começar do zero a construção de uma nova instituição que tenha os vícios oligárquicos que a PM tem. Não basta desmilitarizar, mas isso já seria um começo.

ORIGEM DA GÍRIA “COXINHA””

É realmente difícil, por vezes impossível identificar com precisão a origem das gírias, elas surgem, pegam, ganham vida própria e pronto, mas isso não quer dizer que não possamos buscar na história e na memória prováveis origens, no caso da gíria coxinha, minha experiência pessoal – em um exercício de história oral – faz me recordar de minha infância, quando pelas primeiras vezes ouvi o termo na periferia de São Paulo. Sempre que alguém queria encontrar uma viatura policial, não deveria procurar em uma delegacia ou quartel, certeza mesmo era procurar na padaria mais próxima onde alguns PMs barrigudos estavam insaciáveis à devorar coxinhas. Diziam à época que os donos de padaria, para atrair a presença policial e garantir que a padaria não fosse assaltada oferiam coxinhas e outros agrados aos PMs, estes a despeito de patrulhar o bairro, passavam horas se empanturrando da iguaria nas padocas paulistanas, essa é a origem confiável na humilde opinião deste maconheiro que vos escreve, em 2012 e 2013 a gíria recebeu um upgrade, com a crescente onda de defensores das ações violentas da PM, fosse nas periferias, fosse na repressão às manifestações populares, por extensão passaram a ser incluídos como tal, logo, o termo Coxinha que originalmente representava Polícia, passou a servir pra escrachar a burguesia que defendia os ataques da polícia as reinvindicações populares. Com isso todo engomadinho, mauricinho, fascistinha e policiais servem dentro da gíria. Bora lá gente, você pode até curtir e saborear a iguaria de massa e frango servida em padarias, botecos e similares Brasil afora, mas SER um coxinha, pelamor, isso não dá pra aceitar e corta a brisa de qualquer um.


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Os três irmãos, Facundo Arreyes, Giuliano Arreyes e Mariano Arreyes estarão disputando diversos campeonatos pelo mundo esse ano com o patrocínio da GreenHouse/StrainHunters e agora também da Cones, que está vem seguindo o modelo em patrocinar atletas sobre as ondas. São as maiores empresas do setor canábico mundial apoiando o esporte no Brasil. Que momento!


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24 de março rolou o Rip Curl Pro Mundial nível

1,500 pontos e com 55 mil dólares de premiação. A competição conta com atletas de nível do Havaí, Austrália e do resto do mundo. Junto ao mundial acontece o Nacional RipCurl Open Pro Argentino – Logo a seguir rola o Billabong Pro Miramar, na primeira semana de Abril. Seguindo para Patagônia, quinta etapa do Circuito Profissional Argentino.Depois voltam ao Brasil competir o Carioca Profissional em Geribá (foto) válidow como o circuito Brasileiro de Surf. Em maio teremos outra etapa do Brasileiro. Sem a confirmação apenas da Praia até o momento. Em Agosto tem Europa na mira dos surfistas assim como foi feito ano passado!

trabalho de equipe em família trazendo bons frutos nos campeonatos pelo mundo


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MACONHA INDUSTRIAL MACONHA MEDICINAL Tudo que você queria saber sobre a Indústria da Maconha, bem triturado RAPHAE L MOSKA

O

s interesses econômicos e políticos no Brasil, como em diversos países, estão atualmente focados em cima das propriedades medicinais e terapêuticas da maconha. Os compostos ativos da planta se encontram, em sua maioria, na resina produzida pelas flores fêmeas. Lembrando que a Maconha é uma planta dióica, possui duas flores masculinas e femininas, completamente separadas. Caso não seja polinizada a flor feminina irá produzir grande quantidade de “tricomas”: aqueles cristais em forma de cogumelo que aparecem na área das flores e folhas. Os compostos ativos mais utilizados hoje são o THC e o CBD, ambos concentrados nos tricomas. O objetivo do cultivo da maconha medicinal é produzir flores fêmeas não polinizadas, AKA sinsemilla, palavra de origem espanhola que identifica a fêmea nesta condição. Como o objetivo do cultivo medicinal é um produto final livre de qualquer tipo de contaminação, todo o processo (do cultivo até a colheita) exige um ambiente controlado e livre de pesticidas ou qualquer agente contaminante. Exige uma mão de obra especializada e um produto final (buds, extrações, óleos, comestíveis) com controle de qualidade muito preciso.

A maconha industrial, também conhecida como cânhamo, não possui um composto psicoativo relevante (THC normalmente abaixo de 0,3%). Não é cultivada pelas flores da fêmea, exigindo um processo de cultivo agrícola em grande escala, são plantadas preferencialmente no outdoor, normalmente em grandes áreas de cultivo (hectares). Assim como o milho, o café ou a cana, a maconha é a matéria prima de muitos subprodutos. Os machos são permitidos polinizar as fêmeas e são cultivados no mesmo terreno. Crescem até 5 metros de altura (foto) com uma formação maior de folhas em sua copa e são colhidos por maquinários agrícolas, como tratores. Do cânhamo retiramos uma fibra de grande qualidade para fiar e desenvolver tecidos das mais variadas qualidades, da lona ao linho (muitos imaginam o tecido de cânhamo como um material como a lona ou a estopa, no entanto, as fibras do cânhamo se fiadas adequadamente produzem tecido finos e leves). Comparado ao algodão, o tecido de cânhamo é mais resistente. Seu cultivo não exige pesticidas ou fertilizantes químicos. Em contraponto o algodão é um dos cultivos que mais poluem o meio ambiente, enquanto o cânhamo limpa e aera o solo para o cultivo de outras culturas e também


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As fibras da maconha podem ser usadas de diversas formas como biodiesel, cordas, vestuário, plástico e óleos, de forma sustentável e socialmente responsável

previne a erosão. Outro problema do cultivo do algodão: para cada tonelada de material produzido, duas toneladas de refugo (lixo industrial) são descartadas. Enquanto o material de refugo da maconha pode ser utilizado para fazer papel, biomassa (combustível), compensados de MDF(fibra de densidade média) para construção civil entre outros produtos. Para evitar a confusões semânticas vamos diferenciar a Indústria da Maconha Medicinal que existe hoje nos Estados Unidos, a Indústria da Maconha recreacional de Amsterdã e a Indústria informal do mercado negro. Deveria incluir a Indústria emergente do Uruguai e as novas políticas dos países vizinhos na América do Sul, mas esta merece um artigo à parte que pode ficar para um artigo em uma próxima edição da MACONHA Brasil. Todas são indústrias, ao ponto em que geram empregos, possuem acúmulo de capital, influenciam decisões políticas, participam da bolsa de valores e apresentam produtos comercializáveis pelo mundo todo. Brasileiros estão viajando para a Califórnia para trabalhar colhendo as plantas ou limpando os buds (atividade conhecida como trimmer), empresas brasileiras de cosméticos estão levando seus negócios para o Uru-

guai...enfim: existe uma Macro Indústria da Maconha no mundo atual. A verdade é que esta planta sempre teve importância, valor e lugar na nossa história. Como compromisso social e ambiental é importante que o cidadão, principalmente aquele que têm contato com a maconha, conheça o uso industrial do cânhamo e seus subprodutos. Quando plantamos o cânhamo para uso industrial, o interesse está NÃO em suas propriedades terapêuticas, mas na diversidade de seus subprodutos. A semente pode ser utilizada como alimento (prensada a frio) como retiramos azeite da azeitona, produzindo seu óleo, que pode ser utilizado na culinária. Também ser transformado em combustível (biodiesel) ou ser usado para calafetar e pintar. Suas fibras podem ser fiadas em tecidos e cordas, sua celulose em papel e em plástico biodegradável, seus “hurds” fornecem um material de construção com isolamento térmica (Hempcrete). O material orgânico ainda pode ser fermentado ou destilado para a produção de bebidas alcoólicas. Existe vodka de maconha, cerveja de maconha, sapato de maconha, lingerie de seda, jeans de maconha, cremes, detergentes, cereal, xampu, sabonete, tem até carro de


34 maconha fabricado em 1941 pela Ford. O cânhamo industrial diverge da maconha medicinal em variedade de espécie: ambas são da família das Cannabáceas, ambas são Cannabis Sativa, mas as semelhanças param por ai. Possuem a germinação, cultivo e colheita, muito diferentes. É um produto agrícola, a terra é arada com maquinário adequado e com produção em larga escala. Como já dissemos cresce normalmente outdoor e são colhidas pouco antes da floração, para maior apreciação do material. A maconha medicinal é plantada para produzir um remédio. É selecionada por variedades com características relacionadas aos seus componentes ativos, que em grande parte se encontram nas flores da fêmea, por isso ela deve ser colhida manualmente, por mão de obra especializada, evitado desgaste pelo manuseio e contaminação. O ambiente de cultivo, indoor ou outdoor, deve ser muito controlado, a alimentação e a prevenção de doenças e pestes devem ser feitas preferencialmente com materiais orgânicos. A maconha medicinal é também diferente do uso terapêutico do cânhamo. O cânhamo foi amplamente cultivado por suas propriedades medicinais ao longo da história humana, no entanto a Maconha Medicinal é aquela que tem seus compostos ativos e funções terapêuticas prescritos por leis vigentes no país e de conhecimento público. O cidadão só pode comprar ou cultivar seu medicamento caso o mesmo seja prescrito por um Médico

Fisiologista ou um Psiquiatra registrado. Características medicinais da planta já haviam sido descritas por toda Eurásia e Oriente Médio, os Árabes a levaram para África e junto com ela o conhecimento de suas propriedades medicinais e nutricionais. Até o início do século XIX a semente de cânhamo foi a principal fonte de alimentos para que povos como os chineses e os russos, pudessem sobreviver os períodos de escassez. No passado governos criaram incentivos econômicos para que o agricultor cultivasse o cânhamo. Quando Bonaparte resolveu invadir a Rússia, seu principal objetivo era destruir os cultivos de cânhamo russos, que forneciam todas as velas e cordas dos navios ingleses. Os navios também eram calafetados com o óleo da semente. Sem o cânhamo Russo a Imbatível Potência Naval Inglesa ficaria não apenas sem navios para se defender, mas também para sustentar e manter suas rotas de comércio. Foi uma decisão fatal para Bonaparte que já havia sofrido diversas derrotas no mar. O inverno russo acabou com o exército francês e até hoje o cânhamo é plantado nas terras russas. A Maconha teve sua origem na Ásia Central, os primeiros registros do uso do Cânhamo pelo homem data 12 mil anos atrás, no período Neolítico. Foi levado pelos assírios para a Europa e Oriente Médio. Era utilizado como alimento (sua semente é nutritiva, possui proteínas e gorduras não saturadas), de suas fibras, eram feitas cordas, tecidos, e o refugo do ma-


35 terial fibroso, conhecido como hurds é composto com 70% de celulose, que o torna um material excelente para a fabricação de papel de qualidade. O cânhamo é uma planta anual, mas em seis meses fica pronta para a colheita. Estamos matando árvores de 30 anos de idade para fazer papel. O reflorestamento de pinheiros não traz de volta a biodiversidade nativa. A maconha é adequada para a permacultura, pois fornece sombra e as folhas que caem nutrem o solo para outros cultivos. Ela deveria ser uma commodite, com valor de safra no mercado. Seu custo de produção x valor de mercado ainda não o tornaria um substituto completo para o petróleo porque outros subprodutos ainda têm um valor de mercado melhor. Eu sei que entusiastas clamam a erva como a cura da nação, como dizem os jamaicanos. A verdade é que o Aquecimento Global, a diferença entre o rico e o pobre e a fome mundial são problemas complexos, que exigem mudanças mais abrangentes. Entretanto uma coisa é certa, sem a Maconha nesta equação, o planeta não tem solução. Ela já foi responsável por nossa sobrevivência no nosso passado e ainda será em nosso futuro. O homem traça a sua história em conjunto com a Maconha. Nossas aulas de história não apresentam o devido reconhecimento ou respeito com o lugar da Maconha. Fruto do proibicionismo, o cânhamo e seus produtos derivados ficaram escondidos de nosso conhecimento. Essa planta por tantas vezes tão mal

interpretada, trouxe Colombo e depois Cabral para a América. Impulsionados por navios com velas de cânhamo, amarradas com cordas e cordames de cânhamo. Mil anos antes disso, os Vikings já haviam trazido sementes de cânhamo para a América do Norte. No Brasil não temos registros da planta sendo utilizada pelos índios antes do descobrimento. Quem teria trazido as sementes ainda é motivo para debate. Alguns afirmam que as resistentes sementes foram trazidas pelos os escravos, pois o cânhamo já era um conhecido mais antigo do continente Africano. O tabaco por sua vez, é um produto do novo mundo que foi levado para a Europa, lá seu uso tornou-se rapidamente difundido. Pito de pango, diamba e outros nomes dado para a maconha no começo de sua história aqui no Brasil, são também indicativos da origem da planta. Outros preferem creditar aos portugueses colonizadores, pois também conheciam suas diversas propriedades agrícolas e sua habilidade em se adaptar a climas adversos. A grande parte da maconha vendida na Indústria informal teoricamente tem seu destino para uso recreacional, não serve como medicamento, pois sempre tem origem, embalagem, manuseio e transporte duvidosos. Não serve para o uso industrial, pois seu preço como substancia ilícita é muito mais atraente. Mesmo assim a Indústria informal é, em números, ainda maior que todas as outras juntas. Esperamos que um dia este quadro possa mudar.

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DEPOIMENTO

MACONHA MEDICINAL

“Dentre as pessoas que faziam quimio comigo no hospital, eu era o único que conseguia dormir, e o único que não perdeu todo cabelo. Os dreads da resistência!” João Pedro “ Cannab i s t a ”

S

alve salve a geral que está portando a MACONHA Brasil em mãos! Nesta sétima edição eu vou compartilhar um pouco da minha história com vocês, queridas e queridos leitores! Meu nome é João Pedro, vulgo Cannabista e minha história de luta começa logo no inicio de 2015 quando fui diagnosticado com Linfoma de Hodgkin no estagio 2 (um tipo de câncer do sistema linfático). Todos conseguem imaginar o quanto é difícil receber um diagnóstico desse, mas só quem vive na pele mesmo sabe o quanto é tenso. Diante de uma noticia dessa, comecei a pesquisar, pesquisar e pesquisar, cada vez mais e, numa dessas me deparei com o vídeo do Rick Simpson “Run From The Cure” no qual ele explana tudo sobre seu caso -ele curou um câncer de pele com o óleo- e diversos outros casos que ele ajudou a curar, lá eu aprendi como extrair o óleo medicinal das plantinhas, e como usá-lo. O problema é que as extrações de canábis consistem em retirar os princípios ativos que estão nos tricomas da planta, aquela resina externa brilhante, e por isso o rendimento do óleo é mínimo: você precisa de muitas plantas pra tirar pouco óleo. Foi quando percebi que não conseguiria produzir tudo o que eu precisava, e contei com a ajuda de grandes irmãos que me doaram plantas, inclusive a rede do Rio que também me ajudou demais com doação do óleo deles (um salve pra todos eles, salve Vira Lata’s Garden!). Ainda assim, infelizmente eu não estava seguro pra seguir só nesse tratamento com a quantidade que eu tinha, e decidi fazer o tratamento convencional junto. No hospital, os médicos vendo meu caso decidiram que eu teria que fazer seis meses de quimio, e 20 sessões de radioterapia. Eu falei com os médicos sobre o

óleo, mas nunca nenhum chegou a dar uma opinião, nem contra, nem a favor, só pediam que eu tomasse todo cuidado possível com a higiene da seringa e do processo todo de produção, já que eu não podia tomar nem água filtrada sem ferver por riscos de contaminação, por conta de como a quimio derruba as defesas do nosso corpo. Eu fazia uso do óleo 3 vezes por dia, de manhã e de tarde eu tirava da seringa uma “cobrinha” do comprimento de um grão de arroz, e na dose noturna antes de dormir consumia um pouco mais. No começo tem um efeito meio forte, ainda mais se a pessoa nunca teve experiências nem com um baseado, por isso é bom começar com doses pequenas, e ir subindo enquanto o corpo vai criando resistência, a cabeça fica leve, mas pensamentos a mil, a larica está presente o dia inteiro, o corpo fica pesado no inicio, e isso é ótimo nessa situação, pra descansar bastante, e dormir mais tranquilo. Dentre as pessoas que faziam quimio comigo no hospital, eu era o único que conseguia dormir, e o único que não perdeu todo cabelo - os dreads da resistência! Toda vez antes de uma sessão, a cada 15 dias eu tinha que tirar sangue pra ver se meu sistema imunológico ia aguentar a pancada da quimio, e sempre as enfermeiras se impressionavam com o resultado, um dia uma até me falou “nossa, mas seus leucócitos tão mais altos do que quem nem faz quimio...” não sei se foi o óleo da ganja ou o gengibre que minha mãe fazia questão de me dar diariamente, creio que os dois juntos são uma ótima combinação, muita força dos meus pais inclusive, isso faz toda a diferença, tenho muita gratidão a eles e todos meus companheiros de caminhada! Só o efeito do óleo em si, não era suficiente para me fazer comer depois de uma quimio, mas fumando


37 um, comer era uma missão um tanto mais simples. O tratamento é tão pesado que eu não sei se eu aguentaria passar por tudo aquilo sem poder fumar um baseado. O óleo é magnifico, ajuda muito contra diversos efeitos colaterais, mas nada joga tão na cara a força de atuação imediata da ganja como fumar um “beque” depois de uma sessão de quimio, é incrível como a ganja atua! Chegando em casa depois de uma sessão as reações eram basicamente muito vômito, indisposição (tinha vezes que não conseguia me levantar e dar mais do que 3 passos), dores de cabeça, dores no corpo, não conseguia nem falar direito, mas, era só conseguir bolar um bom baseado que depois de 4 ou 5 tragadas eu já sentia meu corpo mudando, como se o veneno da quimio fosse dando lugar aos canabinoides dentro do meu corpo, então eu conseguia me sentir vivo de novo, o enjoo passava, as dores cessavam, era literalmente ter a dignidade de viver novamente, e não ficar num estado semi vegetativo na cama, levantando apenas pra vomitar. Isso é essencial pro psicológico, porque os remédios destroem seu corpo e sua mente junto, sempre passando mal e por isso sempre pensando na doença, mas é no momento de acender a vela que a mente tranquiliza, e fica possível pensar sobre outras coisas, literalmente tirar uma brisa positiva no meio de tanta coisa pesada. Segui minha luta, passei por algumas quimios, e lá o funcionamento era o seguinte: a cada 2 meses de

quimio, se faz um exame para ver como o tumor está respondendo. E foi no meu primeiro exame, decorrido um terço do tratamento que veio a noticia: o câncer sumiu! Simplesmente nenhum sinal dele, dois meses de quimio e um pouco mais de tempo no óleo que o danado não aguentou e caiu fora rapidinho. Depois disso, encerramos a quimio, e neguei a continuação do tratamento radioterápico, que é apenas para prevenção de um retorno do tumor, pois pro meu corpo já bastava de intoxicação, e resolvi partir para uma fase de desintoxicação, continuando com uma dose bem menor do óleo uma vez ao dia do tamanho de pouco mais de meio grão de arroz, só dose preventiva. Não pretendo parar com essa dose nunca, porque onde eu fazia quimio, conheci muitas pessoas com o mesmo tipo de câncer que o meu, que estavam se tratando pela segunda, ou até pela terceira vez. É complicado, não da pra afirmar que o câncer tem uma cura, porque os médicos consideram a cura se o câncer não voltar durante cinco anos, mas acontece muito de voltar após esse tempo, então a questão talvez não seja curar, mas sim controlar, por isso mantenho os canabinóides no organismo sempre! É inacreditável pensar que essa planta, que me ajudou tanto, e poderia ajudar inúmeras outras pessoas, segue na ilegalidade. Eu preciso ter medo de ser preso, por cultivar uma planta no meu quintal, que me ajuda a seguir vivo. A lei do homem não faz sentido,legaliza o que mata, e o que cura é proibido!






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A BALA DO AMOR E O ÓDIO DA PROIBIÇÃO Fernando Beserra

M

uita gente não sabe, mas parte das substâncias psicodélicas semissintéticas e sintéticas consumidas não são aquilo que imaginamos ser. Em um estudo da perícia da polícia federal do Estado de São Paulo, foi identificado que menos de 50% do ecstasy apreendido continha, de fato, MDMA. O metilenodioximetanfetamina (MDMA), substância semissintética derivada do safrole, é a substância que deveria estar presente no MD e nas balas, isto é, no ecstasy. Embora seja uma substância do grupo das anfetaminas, suas qualidades são melhor traduzidas como empatogênicas (produtoras de empatia) e psicodélicas. Em 1912, na farmacêutica Merck, foi realizada uma pesquisa na qual procurava-se uma medicação para hemorragia quando foi descoberto o Metilenodioximetanfetamina (MDMA) em um dos passos da pesquisa. O MDMA foi patenteado em 1914 e sua patente já expirou. O MDMA não foi comercializado, mas o seu análogo, o Metilenodioxianfetamina (MDA), foi testado como supressor do apetite em 1958, no entanto, foi abandonado pelas suas propriedades psicoativas. O primeiro estudo clínico do MDMA veio do químico Alexander Shulgin e do farmacologista David Nichols em 1978. Shulgin apresentou a substância a alguns terapeutas como sua esposa Ann e o psicólogo Léo Zeff. Este último, em conjunto com vários outros psicólogos e psiquiatras, espalharam a fama e conduziram um grande número de sessões de psicoterapia com MDMA. Apesar disso, estes terapeutas eram muito precavidos, pois, no final da década de 70, o LSD e outros psicodélicos haviam sido proibidos. Portanto, o objetivo destes profissionais era chamar o mínimo de atenção possível.

“A nossa bala não vem do caveirão, a nossa bala cura trauma e depressão”

Infelizmente, mesmo com os cuidados tomados, o MDMA foi proibido no final da década de 1980, após sua popularização. A história do MDMA é marcada pelos usos psicoterapêuticos e medicinais. Um grande número de psicólogos e psiquiatras que conduziam a terapia com o uso de MDMA relatavam grandes benefícios para seus pacientes, com uma aceleração dos processos terapêuticos. O aspecto empatógeno e a redução do medo facilitavam a transferência e permitiam que experiências traumáticas fossem revividas e tratadas em poucas sessões. Nesta mesma linha, as pesquisas atuais com MDMA têm demonstrado sua eficácia nos casos de tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Um estudo de Mithoefer apresentou respostas clínicas de 83,3% do grupo que recebeu psicoterapia com MDMA contra apenas 25% que recebeu a psicoterapia com placebo. Além de estudos clínicos completos nos EUA e Suíça, atualmente são realizadas pesquisas com MDMA em Israel, Canadá, três estudos nos EUA e em 2016 ocorrerá um estudo no Brasil, coordenado pelo neurocientista Eduardo Schenberg. A perspectiva do psicólogo Rick Doblin, fundador do Multidisciplinary Association for


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Psychedelic Studies (MAPS), ONG que tem estimulado e realizado parte destes estudos, é que, em 2021, o MDMA esteja regulado para uso terapêutico. Do ponto de vista psicofisiológico, o MDMA envolve três neurotransmissores. Sua ação, prioritariamente, aumenta a concentração de serotonina no sistema nervoso e, em menor medida, da dopamina e da noradrenalina. Além disso, o MDMA pode agir como um inibidor de monoaminoxidase A (IMAO). Observa-se no uso de MDMA a redução da atividade da amigdala, uma re-

gião no cérebro localizada no sistema límbico responsável pelo medo e seu condicionamento. A redução da atividade da amigdala reduz o medo e permite encarar antigos traumas, além de promover o bem-estar. Nas ruas, infelizmente, a situação é bem diferente das pesquisas e os usuários acabam utilizando substâncias adulteradas e colocando-se em grandes riscos. Em uma lista do ecstasedata.org foram identificados no “ecstasy” de rua, além da cafeína, as substâncias MDA, MDE, Metilona, MDVP, 2CI, DOB, DOI, PMA, Ketamina, PCP, Naproxen, DXM, etc. Sabe-se que entre as substâncias encontradas, algumas elevam radicalmente o risco do usuário, como é o caso do PMA e do PMMA. Pessoas estão morrendo ou sendo hospitalizadas! Mas a culpa não é do MDMA! Uma série de ações poderia e deveria ser tomada, da redução de danos até à regulamentação do MDMA. Hoje existem kits de testagem para os usuários saibam o que contém em sua bala, ecstasy ou MD. Exemplos são os testes Marquis e Mandelin, que identifica possíveis adulterantes. Infelizmente ainda não é regra o uso destes testes, que precisam ser regulamentados; tampouco o é o debate e prática da redução de danos para o uso de psicodélicos. Felizmente existem bravos e pioneiros grupos no Brasil. O cenário político brasileiro ainda é de Guerra às Drogas, de produção de violência e estigma para os usuários, comerciantes e produtores de substâncias ilícitas. Este cenário produz a violência e o trauma que o MDMA poderia ajudar a superar. Esta sociedade organizada em torno do ódio à diferença e cerceamento da liberdade individual persegue os usuários da bala que promove a empatia. Se a bala é do amor, o ódio é da proibição. Cabe lembrar a música cantada na Ala Psicodélica na Marcha da Maconha do RJ: “A nossa bala não vem do caveirão, a nossa bala cura trauma e depressão”.

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NATURAL CLONE PODER NATURAL MR .HYDRO

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Natural Clone é um dos produtos estrela da empresa Tratamentos Bioecológicos S.A (TRABE) que é a empresa pioneira dentro do setor Grow e da agricultura ecológica na Espanha. Desde sua fundação é referência em todas as feiras e eventos destes setores. Atualmente os produtos TRABE estão sendo utilizados em todos os Grows da Espanha e na agricultura ecológica em numerosos cultivos com resultados muito satisfatórios. A experiência acumulada em cultivos de todo tipo dentro do setor Grow e da agricultura ecológica tem permitido desenvolver uma linha de produtos certificados bastante específicos. TRABE é um fabricante especializado em produtos formulados sempre dentro do respeito ao meio ambiente e produzindo produtos 100% orgânicos de ultima geração. Natural Clone é um preparado enraizador em forma de gel capaz de recobrir todo o caule, selando o tecido cortado e aproximando os nutrientes da área de ação. Este enraizador é formulado a base de extratos de algas ricas em Citoquininas, betainas, vitaminas e aminoácidos específicos indutores de hormônios (L-triptofano) para que os clones ou estacas gerem os precursores necessários para o mais completo desenvolvimento das raízes. Com o enraizador Natural Clone podemos estar tranquilos e ter certeza que estamos começando com segurança nosso cultivo, além de estar trabalhando com um produto 100% orgânico e que respeita o meio ambiente: coisa não podemos afirmar sobre outros produtos. Temos que destacar que os mais famosos géis que circulam pelo país (principalmente os importados) são produtos que contém agrotóxicos, sim! o amigo leu corretamente! A maioria destes géis possuem o acid 4-indol-3-yl butyric ou acido indolbutírico classificado pela Anvisa e outros órgãos internacionais como agrotóxico, por isso é importante que os amigos fiquem ligados no material que estejam utilizando para fazer seus clones ou estacas. Para um cultivo ser considerado 100% orgânico devemos começar desde o início trabalhando com produtos deste tipo, não adianta usar substratos e fertilizantes orgânicos se estamos começando errado o processo. Natural Clone é um produto fresco que vem diretamente do fabricante, igual que as melhores marcas do setor de fertilizantes orgânicos a TRABE não mantém estoques massivos, ou seja, eles fabricam segundo encomenda do distribuidor. Isto garante que o produ-

to é fabricado na hora, ou seja, é um produto fresco, esta é outra das grandes diferenças que distingue o Natural Clone dos demais enraizadores. A maioria dos géis minerais ou sintéticos são fabricados escala industrial em grandes volumes, desta forma fica quase impossível garantir o frescor destes produtos. Como sempre nossa recomendação é se “jogar” e testar novos produtos. Temos certeza absoluta que o Natural Clone vai surpreender. Ele respeita a natureza e foi fabricado para proteger sua cultura e o meio ambiente. Grande abraço e boa colheita. Até a próxima com dicas de produtos de qualidade!

“Para um cultivo ser considerado 100% orgânico devemos começar desde o início trabalhando com produtos deste tipo, não adianta usar substratos e fertilizantes orgânicos se estamos começando errado o processo”




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A HISTÓRIA DAS SEDAS...

SEMFILTRO! O

papel foi inventado pelos chineses, mas a primeira fábrica de “papéis para enrolar” foi a PAY-PAY, fundada na Espanha em 1703. Porém a histórias das “sedas” (ou mortalhas em Portugal) remonta a figura de Alexandro RizLette Lacroix, progenitor da família Lacroix que criou e controlou por séculos a Rizla Rolling Papers Company. Reza a lenda que em 1532 o francês Lacroix trocou uma garrafa de champanhe por “papel para rolar” trazidos por soldados franceses da Espanha e então começou a copiar esse papel. Em 1660 a família Lacroix começou a produzir os papéis e em 1736 obtiveram um moinho fundarando a Lacroix Rolling Company. Seu primeiro grande contrato foi com Napoleão, que lhes concedeu licença para produzir pois para fumar, seus soldados usavam páginas de livros. Em 1865 a empresa mudou a fórmula e incluiu no papel o arroz e o nome mudou para Rizla (Riz – arroz em francês+La de Lacroix). Os empreendimentos dos Lacroix trouxeram lucros substanciais e seus negócios foram rolando por toda a Europa e EUA até 1942 quando patentearam o método de aplicação de goma na borda dos papeis o que os fez claros líderes de mercado. Em 1978 a família Lacroix vendeu a empresa para Fernand Painblanc. A composição das sedas manteve-se a mesma por muitos séculos e algumas empresas usavam o esparto ou “grama agulha” que cresce no noroeste da Espanha, mas o material não tem boa qualidade e pode ser mais cancerígeno do que suas alternativas tais como as diferentes combinações de polpa de madeira, cânhamo, arroz e linho. A marca JOB possui relevância na história. Cria-

da em 1838 e patenteada em 1939 a empresa do francês Jean Bardou durante muitos anos usou um diamante intercalando as iniciais P e B. Em 2008 a JOB encomendou a Paul Harvey que pintasse as fotos de campanha da marca de uma forma que lembra o estilo art nouveau popular de Alphonse Mucha. Por volta de 1885 as sedas ganharam mais popularidade e foi então que as máquinas de enrolar foram inventadas - outra inovação da família Lacroix. Esee projeto básico ainda é o mesmo em uso até hoje. Pouco tempo depois, a marca Zig-Zag introduziu o que é agora um método muito popular de embalagem o método de “intercalação” - cada papel em um pacote é dobrado de forma a vinculá-lo para o próximo papel.



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DA DEMONIZAçÃO A

DIVINIZAÇÃO

Marco Grac i eI mper i al e Wal l y Herman Jun i or Eu vou contar uma bela história Da plantinha que mais tem amor Ela era bem pequenina Padrinho viu e abençoou; Ele disse preste atenção Aqui tem uma força divina Quem souber dar consagração Tem uma Mãe que nos ensina; Ela cura e alimenta O amor em nosso coração O seu perfume nos acalenta E nos conforta em nossa missão; Um anjo veio e foi dizendo No sonho de nosso Padrinho Com esta planta também se cura E tem mais Luz no seu caminho; Com o galho verde em sua mão O anjo veio e fez a profecia Agora vamos ter união E mais respeito à Santa Maria; UMA BELA HISTÓRIA Hino 30 de Lúcio Mortimer, Mazurca

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uando queremos saber de algo devemos estudar a história. E a história conta que a maconha é uma planta de uso benéfico. Uma planta que relaxa a musculatura lisa das mulheres no parto deveria teria ter um tratamento bem melhor da nossa parte. Demonizada como “erva do capeta”, a chamada maconha começou a se aproximar da doutrina do Santo Daime e da comunidade, pois é uma doutrina vivida de forma coletiva na sua matriz amazônica no final dos anos 70, com a chegada à comunidade daimista “Colônia Cinco Mil”, liderada pelo Padrinho Sebastião Mota de Mello , dos 'mochileiros/ “ripes” também chamados na época de “cabeludos”, como nos relata Lúcio Mortimer em seu livro “Bença, Padrinho”. Lúcio e outros “cabeludos” eram “ripes vindos do sul” e recém-chegados de suas andanças. Segue o trecho do livro que fala da chegada erva ao rito ayahuasqueiro do Santo Daime no Acre: “ ...Porém, tinha um ponto de nossa característica hippie que mantínhamos em silêncio. Era o fato de fazermos uso da cannabis, aquela erva proibida. Nisto estava a manifestação mais profunda de nossa rebeldia social. De vez em quando vinha a turma da cidade ... Eles traziam o produto e fazíamos aquela roda de gente passando de mão em mão. O domingo era ótimo, principalmente quando chegavam nossos amigos da cidade que traziam os pitos. Daniel gostava muito de ir a cida-


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de e numa dessas andanças trouxe o Cabo Moraes, do exército, que além de tomar Daime, gostava muito de fazer aquela fumaça e estava chegando de sua terra com uma pacoteira da melhor maconha nordestina. O Cabo Moraes foi ao trabalho...fiquei sabendo de suas características especiais e convidado para uma rodada de pito. Em seguida fui tomar o Santo Daime. A miração pegou forte, me vi em apuros, apertado por uma força que não conhecia. Ordenava que eu declarasse toda verdade sobre o uso da maconha e das plantinhas que estavam trepadas lá no salão como se fossem verduras. No outro dia é que fui falar com Dom Sebastião e apresentar o caixote de maçãs com as tenras plantinhas. Abri o jogo. Disse tudo pra ele. Tinha aprendido a fumar antes de ser hippie, quando era universitário... fez um pequeno silêncio ao fim do relato. Dom Sebastião olhava curioso as plantinhas e me contou o seguinte: “Há algum tempo atrás tive um sonho que está bem vivo em minha memória. Eu ia por uma estrada quando avistei um homem a cavalo se aproximando. Antes de passar por mim ele parou e pude apreciar de perto a elegância do cavaleiro que me anunciou: ‘você vai entrar em outra linha’. Perguntei: que linha? Ele respondeu: ‘Você vai aprender às suas custas’. Continuei caminhando, logo cheguei num roçadinho, onde era cultivada uma espécie de planta que eu não conhecia.

No meio delas apareceu um homem moreno, todo vestido de branco, que quando me viu , quebrou um galho da planta e me entregou dizendo que era para curar. Quando recebi a oferta, eu acordei. Agora vendo essas plantinhas, me lembrei do sonho. Estou com vontade de cultivá-las para fazer a comparação.” Continua Lucio: “ fiquei muito feliz com o desfecho do relato. O Cabo Moraes pernoitou na colônia e Dom Sebastião aceitou o convite para pitar, para logo conhecer o mistério da erva, ele gostou muito.” Assim começam os estudos do uso da cannabis no rito do Santo Daime , depois chamada pelo Padrinho Sebastião de Santa Maria, Mãe de Deus. Lúcio também relata que o Padrinho ouviu falar da maconha pela primeira vez ainda quando vivia no Juruá, sua terra natal. E falou da forma enganosa como lhe chegou a informação sobre esta planta:” Dizem que o maconheiro só fuma para fazer o mal....e disse ainda que duvidava dessa história. Continua Lúcio seu relato sobre a chegada, ou melhor dizendo, sobre a Aliança da Santa Maria a com o Santo Daime: “O Cabo Moraes nos contou que um dia foi tirar jagube para um feitio numa localidade perto da casa do Mestre Irineu. Tendo se encontrado com o Mestre fora da vista dos outros, convidou-o para dar umas fumaçadas. O convite foi aceito, mas não consta que o Mestre tenha sido usuário...falando desse possível envolvimento do Mestre Irineu, o padrinho recordou que uma ocasião estava no Alto Santo (primeira igreja do Santo Daime, fundada pelo Mestre Irineu em 1930) conversando numa roda de gente e o assunto era sobre a notícia do rádio sobre a apreensão, feita pela polícia, de uns quilos de maconha...foi quando alguém perguntou ao mestre o que ele achava da maconha, e ele assim respondeu: ”Quem souber usar esta planta vai muito além”. Disse o Padrinho que ele ainda estalou o dedo para reforçar a ideia e continuou: “Quem não souber o que está fazendo vai é entrar no pau...” Se o Mestre Irineu fez uso, ninguém pode afirmar. Somente o Cabo Moraes deu aquele testemunho. Assim termina o relato de Lúcio Mortimer que conta de seu livro “Bença, Padrinho!” lançado em 2000. Esse relato evidencia que quando a demonizada e criminalizada Maconha encontrou com a cultura enteógena milenar cabocla da Amazônia, ou seja, com o Povo da Floresta, a coisa mudou de figura. O Padrinho Sebastião com sua reconhecida autoridade espiritual e política no Santo Daime, teve a sábia intuição e a revelação em sonhos da chegada e da divindade dessa planta e de suas virtudes medicinais e espirituais e, por assim dizer, a divinizou. Resgatou a Santa Cannabis da seara do crime e da loucura. Chamou-a de, nada mais nada menos, Santa Maria, Mãe de Deus! Essa planta tão demonizada por ser, entre outras aspectos, uma herança cultural africana trazida pelos primeiros escravos africanos que chegaram ao Brasil que trouxeram as primeiras sementes ainda no ano de 1549. Estigmatizada como coisa má e criminosa, foi recebida pelo povo da floresta, imune à falácia da mídia e do Estado sobre o tema, como uma Dádiva de Deus, identificada com ninguém menos do que a Virgem Soberana Mãe. Assim, se


52 estabelece uma verdadeira aliança enteógena entre a Cannabis e a Ayahuasca, configurando uma “nova” linha de trabalho espiritual dentro do rito do Santo Daime, liderada pelo Padrinho Sebastião. É conhecido da pesquisa histórica e antropológica sobre a maconha seu uso milenar para fins espirituais e medicinais nas mais diversas culturas que de alguma maneira tiveram acesso à planta. Nos candomblés de Angola, por exemplo, a maconha, cuja denominação em Yorubá é “Ewé Igbó” corresponde ao Orixá Exú e foi muito utilizada no passado. Atualmente, devido às proibições legais, seu uso é restrito aos trabalhos com Exú, especialmente na sacralização de seus objetos rituais. (Ewé Òrisá: uso litúrgico e terapêutico dos vegetais nas casas de candomblé jêje-nagô) Barros&Napoleão, Bertrand Brasil, 1999). O uso ritualístico da maconha foi revigorado com os estudos na 5 Mil com o Padrinho Sebastião. O rito se pratica em busca de um benefício, em silêncio e voltado para atender os que precisam. O uso da maconha como alterador da percepção e de entrar no mundo espiritual já é conhecido a mais de mil anos. Alguns ritos são altamente fortes e usados para curar enfermidades, o uso medicinal pela igreja do Santo Daime da linha do Padrinho Sebastião sempre usou a maconha como uma erva curadora. Trabalhos de Concentração onde se usa a maconha para aumentar a capacidade de percepção, são muito poderosos. Unindo aos cantos, são fios condutores de uma percepção mais abrangente. Muitos acham que é uma novidade, mas a maconha vem sendo parte de grandes momentos das várias nações e doutrinas. Por exemplo: Budha usa o jejum e a ingestão de sementes da maconha para vencer Maya: a ilusão. No mundo Judeu o cânhamo era usado como sacramento. Como oráculo, onde vemos Os Anciões foram se

reunir no alto das montanhas e lá colunas de fumaças subam aos céus. No mundo mulçumano já vemos o uso do narguilé, do haxixe como uso social e ligado à espiritualidade. Na África então temos usos relacionados ao mundo espiritual. Onde vamos no mundo, vamos encontrar a maconha ligada a alguma linha espiritual. Sua demonização veio com tantas e tantas investidas econômicas e de domínio de um pensamento hostil ao ser humano, um pensamento miserável onde não se supõe ser possível todos ganharem. No pensamento errôneo, para alguém ganhar é preciso que alguém perca. Com a maconha não existe perda é uma planta sagrada, pois ela é de benéfico importante ao ser humano.






@hilmacapparroz



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COMO LIMPAR SEU

BONG

A Squadafum é a maior referência em bongs e acessórios da cultura da fumaça do Brasil. Além de fornecer bongs para as melhores headshops e tabacarias modernas são nossos parceiros fiéis desde o início da MACONHA Brasil. Sua trajetória pelo mundo em busca dos melhores produtos já foi contada na nossa edição #3 quando chegaram literalmente até a China para trazer o que tem de mais seguro e bonito para o mercado brasileiro. Uma aventura que é uma mistura de Cheech e Chong com Operação dragão que merece até um replay em uma edição futura. Agora, além da nossa capa da vez, os mestres da fumaça trazem pra você dicas de como deixar seus bongs sempre em ponto de bala. Confira! USANDO SEU BONG Sempre, sempre use agua gelada. Ela resfria o calor da fumaça. Coloque água dentro do bong na parte inferior, até que o downstep (cano) fique com a medida de um dedo (mais ou menos) submerso. Isso ja é o suficiente. Caso seu bong tenha o suporte de gelo (ice-catcher), na parte superior do cano, coloque alguns cubos de gelo e se tiver percolator, preencha com um terço de água. O suficiente pra cobrir os corte finos que tem no cano de vidro do percolator. No bowl, coloque a tela de metal encurvada ou o filtro de vidro, conforme for seu bong. Preencha com a planta já dichavada, não muita. Com a boca na parte superior do bong, leve o fogo até o bowl no mesmo instante que vc faz a inalação da

fumaça. Cuidado, muito cuidado! É nessa hora que dá o teto preto rsrsrsrs . Recomendamos fumar flores no bongs. A maconha prensada pode dar um gosto não muito atraente. MODO DE LIMPEZA

Acrilico

Nunca, nunca se deve lavar seu bong de acrílico com álcool. O melhor modo que sugerimos é água morna com sal grosso. Coloque água morna até a metade do bong com sal grosso e sacuda por 5-7 minutos. Após isso, troque a água e repita o processo até que o acrílico esteja limpo. Para aju-

dar, você pode deixar a água morna descansar dentro do bong antes do processo de limpeza.

Vidro

Desmonte seu bong. Tire o bowl, o downsteep e outros acessórios, se tiver. Lave seu bong com álcool isopropilico. Esse álcool tira todas as “croacas” e sujeiras que ficam nas paredes do vidro na hora. Utilize cotonetes ou limpadores de cachimbos, os finamores. Você pode deixar o álcool descansar dentro do bong antes que comece o processo de limpeza. Isso amolece todas as sujeiras que estão dentro do bong. Hits from de Bongs.........fyah!!

WE LOVE BONGS – WE STAY HIGH – WE ARE SQUADAFUM Para vídeos explicativos e mais dicas de cuidados com seus acessórios visite nosso site: www.squadafum.com.br


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LANÇAMENTO

JARDIM eM

CHAMAS O sobrenome Grossi ficou em evidência em 2010 durante uma briga judicial que envolvia a prisão do jornalista e historiador Gustavo Grossi e de seu pai no Rio de Janeiro. No cerne do processo, a prisão de pai e filho e 108 plantas apreendidas que alimentaram por um bom tempo as discussões entre todos os setores envolvidos no redimensionamento da maconha na questão das drogas. “Os Grossi” provaram facilmente no Tribunal de Justiça que aquele cultivar se destinava para uso próprio com fins medicinais e agora, seis anos depois, Gustavo lança seu rebento literário: Jardim em chamas. Um romance sobre a guerra contra a maconha que está sendo lançado pela Editora Chiado. Batemos um papo com o autor desta obra de 523 páginas que, como não poderia deixar de ser, fica de pé. Como foi a ideia de fazer o livro e como se desenrolou essa produção? Literatura sempre foram as minhas paixões. Sempre quis ser escritor e produzir uma obra, só que eu ainda não tinha certeza sobre o que eu escreveria, Só tinha certeza que queria escrever algo sobre esse sistema em que vivemos que leva o mundo a um colapso ambiental. à guerras completamente evitáveis e esse caos econômico. Quando fomos presos, eu percebi que eu tinha a história que tanto procurava. Minha plantação de cannabis foi posta em chamas e nós humanos vivemos em um mundo em chamas. o título da obra veio rápido: Jardim em Chamas. Não só um romance sobre a guerra contra a cannabis, mas uma metáfora para o mundo em que vivemos. Pra mim é a realização de um sonho antigo e mais especial ainda por que junta, como falei antes, duas das minhas grandes paixões. Cannabis e Literatura. Demorei cerca de 2 anos e meio para finalizar a obra. Mais cerca de 8 meses para conseguir uma editora disposta a publicar a obra e mandar para a gráfica, e deixa eu te dizer não foi fácil conseguir uma editora.

“Tive que lançar o livro com uma editora portuguesa, pois as do Brasil ainda são muito fechadas e preconceituosas com o tema. Tenho uma enorme gratidão à Editora Chiado por ter me aberto suas portas.” Como foi a pesquisa e a busca dos elementos que terminaram por compor a publicação? Para que público o livro é direcionado? Viajei para a Holanda e o Uruguai para colher material para o livro.. Dois países que toleram a cannabis em nível federal. Já que nos Estados Unidos alguns estados legalizaram, mas ainda respondem de certa forma a uma lei federal opressiva contra a cannabis. Li muitos livros que serviram de inspiração para o Romance, como O Imperador Está Nu do Jack Herer e livros também não diretamente sobre a cannabis como A Sociedade do Espetáculo do autor francês Guy Debord, entre outros. A Minha experiência na prisão, minha experiência plantando cannabis para uso medicinal, minha estadia nos Estados Unidos onde morei por 5 anos também serviram de inspiração para a obra. O livro é direcionado, claro, para utilizadores da cannabis, mas também para pessoas que nunca utilizaram essa planta e são


61 do pelas ruas, drogados e sem rumo, pelo contrário, são duas sociedades bem mais prósperas e organizadas do que a brasileira. Que não permitem criminalizar jovens e adultos

Gustavo em visita ao Museu da Cannabis Amsterdam

por utilizar uma planta relativamente segura, ainda mais quando comparada ao álcool, ao tabaco e aos remédios de tarja preta. O mundo ocidental em sua maioria , já percebeu que a proibição não funciona, pois o consumo só aumenta e as organizações criminosas ficam mais fortes. A Holanda tem uma das menores taxas de uso da cannabis em toda Europa. Proibir atiça a mente dos jovens e que por sua vez sem informação, ficam bem mais propensos a terem problemas com abuso e uso problemático de substâncias. Mas a obra não busca ser didática, é um romance e através da arte podemos tentar mudar, nem que seja um pouquinho, o imaginário negativo que as massas tem dessa planta. “O Jardim

em chamas é além de tudo é uma história de amor.”

POR DENTRO

DO JARDIM! até contra. Que esse Romance seja capaz de diminuir um pouco esse preconceito gerado por décadas de mentiras e lavagem cerebral contra a cannabis. A Grande maioria dessas´pessoas são contra por que foram indoutrinadas a pensarem assim. Se elas tiverem acesso aos fatos e a uma boa história que desmascare essa ilusão, muitas delas podem passar a serem favoráveis a legalização. já que a proibição afeta negativamente a maioria da população de bem, dando lucros de um mercado que existe e não vai a lugar algum, para organizações criminosas, que por sua vez usam esses lucros para comprarem mais armas e colocarem mais pânico na sociedade. Tudo isso por uma planta medicinal, sem overdoses e mortes em dez mil anos de história. O livro aborda duas sociedades que há mais de 40 anos toleram o consumo de cannabis e são grandes exemplos de democracias bem sucedidas no mundo ocidental: Uruguai e Holanda. Nessas sociedades, as pessoas continuam a trabalhar, estudar, praticar esportes e gerar famílias. A tolerância ao

consumo de cannabis não resultou em legiões de zumbis vagan-

A obra tem 7 capítulos. Os personagens principais são Togz, Frankz e Cami. Que lutam juntos pela liberdade dos dois primeiros por terem plantado cannabis na cidade do Rio de Janeiro. Togz e Frankz descobrem na prisão que são eles que tem que provar suas inocências e não o estado provar que eles são culpados. Uma completa inversão de um suposto direito democrático. Aprendem também como a grande mídia aliena as massas e assistem em primeira mão a aterrorizante invasão do estado na vida privada dos cidadãos, um ato tantas vezes repetido na história. Jardim em chamas é uma obra mordaz, que chega em uma época de maior aceitação da cannabis e de rápidas e bruscas mudanças. Os interessados podem entrar em contato com o autor através do Email :jardimemchamas108@ gmail.com ou adquirir o livro no site da Editora: chiadoeditora.com. A obra também estará disponível em forma de Ebook. Sucesso e vida longa aos Grossi!


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A IMPORTÂNCIA DOS SUBSTRATOS NOS CULTIVOS MR .HYDRO

Salve galera! Nesta edição da RMB vamos falar sobre um dos pontos mais importante no cultivo e que nem sempre é levado em conta com a importância que deveria: “os substratos”. Um bom substrato é fundamental para um bom desenvolvimento em nossa cultura. Ele será o meio de cultivo base para todo o ciclo vital de nossa cultura, aportando os nutrientes essenciais e as propriedades físicas para um crescimento forte e saudável e uma floração abundante

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oje em dia encontramos no mercado uma grande variedade de substratos - orgânicos e inertes - já prontos que alguns que misturam estes dois tipos. Como a maioria dos cultivadores sabem as plantas precisam de uma série de nutrientes essenciais (macro e microelementos) para seu bom desenvolvimento, então é muito importante saber quais são as características físico-químicas dos substratos que iremos. Cada um deles têm suas características próprias e por isso, precisamos conhece-las para saber usá-los e poder criar o melhor solo para nosso cultivo. Os substratos se dividem em dois grandes grupos: inertes e orgânicos. O primeiro grupo faz referencia a substratos que são quase ou totalmente isentos de nutrientes. Neste grupo encontra-se a perlita, vermiculita, lã de rocha, argila expandida, fibra de coco, turfas, casca de arroz carbonizada, brita, areia, etc. Todos estes substratos quando usados individualmente consideram-se

substratos para cultivo hidropônico ou semi-hidropônico. O segundo grupo refere-se aos substratos ricos em nutrientes, tais como: terra vegetal, húmus de minhoca, estercos (guano, etc.) e compostos orgânicos, todos estes substratos quando usados individualmente consideram-se substratos para cultivo orgânico. Estes dois grupos de substratos inertes e orgânicos podem ser misturados entre si, obtendo-se então, substratos mais completos. Cada um destes aportará características físico-químicas diferentes, mas para poder misturar uns substratos com outros precisamos antes conhecer bem as características de cada um para saber exatamente como o que cada substrato irá contribuir para o produto final. É muito importante que o substrato seja equilibrado em todos seus parâmetros e não adianta misturar por misturar porque isto pode ser o começo de um fracasso anunciado. Precisamos esclarecer que dependendo do tipo de


65 substrato que formos usar irá correr uma variação na nutrição que devemos aplicar em nossas plantas. Temos que saber que nos substratos inertes ou mistura destes a dosagem de fertilizante orgânico, mineral ou sintético será maior que nos substratos orgânicos. Além disso, alguns substratos inertes usados individualmente não funcionam com fertilizantes orgânicos devido a suas características e propriedades, por exemplo, a lã de rocha, argila expandida, casca de arroz carbonizada, etc. Porem, estes substratos podem ser misturados com outros inertes ou orgânicos tornando possível seu uso com fertilizantes orgânicos. Temos que ter em mente que os substratos inertes, diferentemente dos orgânicos são insetos de determinados agentes essenciais, tais como, os quelatos, e este tipo carências pode ser determinante no desenvolvimento das plantas, devido ao fato de que estas não poderão absorver os micronutrientes secundários (zinco, ferro, molibdênio, etc.) fundamentais no ciclo vital destas. Com respeito aos substratos orgânicos temos que dizer que é importante que estes estejam em proporções equilibradas já que o risco de “overfert” com este tipo de substratos é muito maior que com os inertes que dificilmente teremos este tipo de problema. Os substratos inertes em sua maioria devem ser lavados (argila expandida, casca de arroz carbonizada, etc.), estabilizados (lã de rocha) antes de serem usados e em alguns casos esterilizados (fibra de coco, turfas, etc.) para evitar contaminação de

pragas. É muito importante tanto com substratos inertes como com orgânicos conhecer a procedência destes ou ter um fornecedor de confiança que nos garante a procedência do material para evitar possíveis problemas com contaminantes ou produto com a composição garantida alterada etc. Para definir que tipo de substrato (ou mistura destes) vamos utilizar é importante analisar o lugar onde será feito o cultivo, tipo de clima da região, estação do ano, tipo de vaso a ser usado ou até a cor do mesmo, etc. Por exemplo, não é o mesmo processo cultivar no sul do país em outdoor ou que no nordeste, por condição de exposição solar, temperatura, umidade ou chuva de uma e outra região. Então, antes de definir a composição do substrato ou mistura com a que formos trabalhar temos que ponderar muito esses fatores. No cultivo indoor fica um pouco mais fácil definir qual tipo de substrato ou mistura vamos usar já que ao criar nosso próprio microclima não estaremos tão expostos aos fatores antes mencionados. Para cultivar em indoor uma das misturas mais usadas no mundo tudo é 50% fibra de coco ou turfa, 30% húmus de minhoca ou guano e 20% perlita ou vermiculita, mas esta é uma de tantas misturas que podemos fazer. Como conclusão final gostaria reforçar que o sucesso de um cultivo está no equilíbrio de todas as partes, não adianta ter um solo com características físico-químicas pobres e usar os fertilizantes mais caros do mercado. Galera: foco no equilíbrio! Do sucesso ao fracasso há só um passo. Grande abraço e boa colheita. Até as próximas!

PARA CULTIVAR EM INDOOR UMA DAS MISTURAS MAIS USADAS NO MUNDO TUDO É 50% FIBRA DE COCO OU TURFA, 30% HÚMUS DE MINHOCA OU GUANO E 20% PERLITA OU VERMICULITA, MAS ESTA É UMA DE TANTAS MISTURAS QUE PODEMOS FAZER




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