Mais Influente Business ED.06

Page 50

FOTO: DIVULGAÇÃO

O caos está instalado

MAISINFLUENTE/BUSINESS

morreram em todo o mundo) e, na última segunda, 9 de março, o governo decretou quarentena em todo o país, restringindo a entrada e saída de pessoas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são 930 casos suspeitos (até 9 de março) e 30 confirmados. O que mais assusta com relação ao novo coronavírus é a velocidade de contágio, que deixou ‘no chinelo’ as epidemias recentes, como SARS e H1N1.

50

E o turismo? O turismo, obviamente, tem sido o setor mais afetado com a epidemia do coronavírus. Além dos destinos de férias, festas populares e viagens de negócios também são fortemente prejudicadas. Os cancelamentos de viagens aéreas e cruzeiros marítimos crescem diariamente, em um ritmo assustador. Ninguém quer estar perto do surto ou correr o risco de viajar saudável e voltar doente. Algumas companhias aéreas, redes hoteleiras e armadoras marítimas estão remarcando viagens, alterando destinos ou cancelando, sem prejuízo para os clientes – talvez assumindo possíveis danos, outras cobram multa e não ressarcem os viaVeneza-Itália jantes. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV), cada agência está tratando individualmente os casos. Mas, ainda segundo a associação, as políticas de remarcação não são das agências de viagens e, sim, das companhias aéreas, hotéis, locadoras de automóveis etc, e que tem pedido aos fornecedores que não estabeleçam multas para os casos de remarcação de viagem. O turismo corporativo também tem sofrido as consequências. Na Europa, eventos que atraem milhares de pessoas todos os anos foram cancelados ou adiados. O Salão do Automóvel de Genebra, por exemplo, que celebraria sua 90a edição, foi cancelado às pressas, já com a feira praticamente montada. A ProWein, maior feira de vinhos do mundo, na Alemanha, que aconteceria entre

15 e 17 de março e esperava receber mais de 60 mil visitantes, foi adiada, sem previsão de acontecer. Congressos, feiras e convenções representam os maiores orçamentos do turismo de negócios, já que reúnem milhares de participantes. Portanto, os impactos com os cancelamentos são ainda maiores que aqueles causados pelo turismo de lazer. A realidade, no entanto, é que os dois tipos de turistas estão desistindo de viajar (lazer e negócios). A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), que representa as 290 maiores companhias do setor, estima, com isso, um prejuízo de cerca de U$ 29,3 bilhões em 2020. De acordo com a IATA, quase 50% dos clientes deixaram de voar e a maioria exige o ressarcimento pelo cancelamento. Desde o início do ano, a rede de hotéis Marriott fechou 90 unidades na China e, em fevereiro, a receita por quarto, da rede, caiu 90% em relação ao mesmo mês de 2019. A estimativa de especialistas é que a crise provocada pelo surto traga efeitos a longo prazo e se prorrogue até 2021. Só na Itália, os prejuízos no turismo devem chegar em 5 bilhões de euros no primeiro semestre deste ano. No Brasil... O governador de São Paulo, João Dória, em entrevista na última segunda-feira, 9 de março, afirmou que o Brasil ainda não foi afetado pela epidemia e que, por isso, não há motivo para pânico. Segundo ele, as autoridades sanitárias têm feito um forte trabalho de controle nos portos. No entanto, ainda que o coronavírus não tenha se alastrado pelo país, como no resto no mundo, sobretudo na China e na Itália, o impacto na indústria do turismo nacional já pode ser sentido, sem previsão de que um novo horizonte se descortine. @dibrigido


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.